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Métodos de Triagem e Avaliação

do Estado Nutricional
e
Níveis de Assistência em
Nutrição
O estado nutricional adequado depende de diversos
fatores

Srinivasan; Lee S; Erickson; Mehta, 2017.


O desequilíbrio do estado nutricional possui
diversas consequências
Eutrófico

Diminuição da Aumento das


Ingestão Alimentar necessidades
Alterações
metabólicas

- Função imune
Alterações
Piora da evolução clínica - Função Muscular
funcionais
- Cicatrização de feridas

Alterações da
composição - Antropometria
corporal
Srinivasan; Lee S; Erickson; Mehta, 2017.
Desnutrição
✓ É comum em pacientes hospitalizados (20 a 50%);
✓ Maior incidência em países subdesenvolvidos;
✓ O IBRANUT (2001): 48,1% dos pacientes internados na rede pública de nosso
País apresentam algum grau de desnutrição (sendo 12,6 % desnutridos graves);
✓ Na América Latina, o ELAN (2003): 50,2% de desnutrição

- Maior instabilidade clínica


- Maior mortalidade
- Pior sobrevida Prevenção:
- Prejuízos na cicatrização Nutricionista é
- Maior tempo de internação fundamental
- Perda de massa magra e
gorda
- Aumento do custo em saúde
Elia, 2017.
Como prevenir a desnutrição?
Portaria nº 343 de 7 de março de 2005 (MS): implantação de protocolos de
triagem e avaliação nutricional, de indicação de terapia nutricional e
acompanhamento dos pacientes.

Esse fluxo de atendimento nutricional deve ser sistematizado


para a melhor gestão e controle do trabalho

Brasil, 2005
6 Srinivasan; Lee S; Erickson; Mehta, 2017.
Triagem de Risco Nutricional
✓ Objetivo: Sinalizar pacientes que necessitam de avaliação
nutricional imediata e/ou podem se beneficiar de terapia
nutricional;
✓ Técnica aplicada em ambiente hospitalar, domiciliar ou
ambulatorial;
✓ Em ambiente hospitalar: aplicação prioritariamente nas
primeiras 24 horas ou, em até 48h da admissão;
✓ Realizada por meio de instrumentos validados, de fácil
compreensão e podem ser aplicados por qualquer profissional da
saúde devidamente treinado, pelos familiares e/ou auto-
aplicado.
Vitolo et al., 2014
Avaliação Nutricional
✓ Objetivo: Obter um diagnóstico nutricional;
✓ Analisar o prognóstico nutricional;
✓ Monitoramento das alterações no estado nutricional;
✓ Avaliação dos resultados da terapia nutricional;

A avaliação nutricional é parte fundamental do


estudo integral e da atenção de boa qualidade
dispensada ao paciente hospitalizado

Abd Aziz et al., 2017


Métodos de Avaliação Nutricional
Objetivos Subjetivos

Peso - Exame físico


Altura - Avaliação Subjetiva Global
- Antropometria Dobra cutânea
Circunferência braquial ...
Peso gestacional
IMC, etc

Taxa de hemoglobina
Taxa de albumina
- Exames bioquímicos
Transferrina sérica
Balanço nitrogenado, etc

Recordatório alimentar de 24 horas


- Consumo alimentar Questionário de Frequência Alimentar
Vitolo et al., 2014
Na prática hospitalar...

Retriagem
Sem risco periódica
Admissão do paciente

Triagem de risco nutricional


Avaliação
nutricional
Risco
completa
imediata

Abd Aziz et al., 2017


Qual instrumento devo escolher?

Depende do Se hospital: incluir


Depende a gravidade da
profissional
da doença e o impacto
que irá
população
aplicar sobre o
metabolismo

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Conhecendo os
instrumentos de
triagem e avaliação
nutricional

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Nutritional Risck
Screenig (NRS 2002)

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Nutritional Risck Screenig (NRS 2002)
✓ Objetivo: detectar, no ambiente hospitalar, a presença e o risco de
desenvolvimento de desnutrição em pacientes, independentemente
da idade e do diagnóstico clínico.
✓ Técnica aplicada em ambiente hospitalar, domiciliar ou ambulatorial,
é utilizado em diversos estudos e revisões científicas de diferentes
países;
✓ Em ambiente hospitalar: aplicação prioritariamente nas primeiras 24h
ou, em até 48h da admissão;
✓ Instrumento capaz de identificar pacientes que provavelmente se
beneficiarão do suporte nutricional.
✓ Realizada por meio de instrumentos validados, de fácil compreenssão e
podem ser aplicados por qualquer profissional da saúde devidamente
treinado, pelos familiares e/ou auto-aplicado.

Kondrup et al., 2003; SORENSEN et al., 2008; ORELL-KOTIKANGASet al.,2014; GUR A. S. et al., 2009; OLIVARES et al.,
2014; ALVAREZ-ALTAMIRANO et al., 2014; RASLAN et al., 2011; WANG et al., 2013; GUERRA et al., 2014;
ARAÚJO et al., 2010.
Nutritional Risck Screenig (NRS 2002)

✓ É o método mais indicado em nível hospitalar;


✓ Para todas as idades e patologias;
✓ Recomendado pela European Society of Parenteral and
Enteral Nutrition (ESPEN);
✓ Possui 2 etapas:
1. Triagem inicial
2. Triagem final

Barbosa; Vicentini; Langa, 2019


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NRS 2002 - Triagem Inicial

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NRS 2002 -
Triagem FInal

ref
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Comprendendo melhor: NRS-2002
✓ Classifica o risco nutricional em: leve, moderado ou grave;
✓ Se a idade for superior a 70 anos, adiciona-se 1 à pontuação final;
✓ Paciente com pontuação igual ou superior a 3 é considerado em risco
nutricional ou desnutrido;
✓ Dificuldades: - Obtenção da informação relativa ao peso perdido em
determinado período de tempo;
- Quantificação da ingestão alimentar em quartis (50-
75%), (25-50%) e (0-25%);
- A ingestão poderia ser obtida de forma indireta e
rápida (mudança recente, consumo reduzido e perda de
apetite).

Barbosa; Vicentini; Langa, 2019


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Avaliação Subjetiva
Global (ASG)

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Avaliação Subjetiva Global (ASG)
✓ Objetivo: Método diagnóstico do estado nutricional e de
identificação de pacientes com maior risco de
complicações associadas ao estado nutricional;
✓ Método simples, de fácil e rápida execução, e de baixo
custo;
✓ Validado para aplicação em pacientes clínicos e
cirúrgicos;

Santana Porbén, 1987


ASG – Critérios avaliados
✓ Alterações no peso:
- Perda de peso não intencional nos últimos 6 meses;
- Quantidade de peso perdida em relação ao peso usual (%
perdida);

Santana Porbén, 1987


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ASG - Interpretação
B
A C
Moderadamente desnutrido ou
Bem nutrido Gravemente desnutrido
em risco de desnutrição

Sinais óbvios de
desnutrição:
Perda ponderal entre 5-10% nos - Perda importante de
Sem perda de peso
últimos 6 meses tecido celular subcutâneo
e/ou
-Presença de edema

Sem estabilização ou recuperação de Perda de peso significativa


Recuperação recente de peso
peso nas últimas 2 semanas (> 10% do peso habitual)

Sem alterações ou melhora na Modificações na capacidade


Redução nítida da ingesta alimentar
ingesta alimentar funcional

Sem alterações ou melhora nos Perda moderada de tecido celular


sintomas digestivos/ anorexia sub-cutâneo
Santana Porbén, 1987
Avaliação Subjetiva
Global produzida
pelo próprio paciente
(ASG - PPP)

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ASG-PPP

✓ É um instrumento derivado da ASG e construído para avaliar de forma


mais específica o risco e estado nutricional de pacientes oncológicos;
✓ Aborda questões sobre sintomatologia de impacto nutricional dessa
população, devido ao próprio tumor ou do seu tratamento
(quimioterápico, radioterápico e cirúrgico)
✓ Adaptada da ASG por Gonzales, 2010.
ASG - PPP: Critérios avaliados

Gonzales et al., 2010


ASG - PPP: Critérios avaliados

Até aqui preenchido pelo paciente


Gonzales et al., 2010
Preenchido pelo
profissional da
saúde
ASG - PPP: Critérios avaliados

Gonzales et al., 2010


ASG - PPP: Critérios avaliados

Gonzales et al., 2010


ASG - PPP: Critérios avaliados

Gonzales
et al., 2010
ASG - PPP: Avaliação

Gonzales et al., 2010


ASG - PPP: Avaliação
Pontuação:
✓ 0-1: Não há necessidade de intervenção neste momento.
Reavaliar de forma rotineira durante o tratamento;
✓ 2-3: Educação do paciente e seus familiares pelo nutricionista,
enfermeiros ou outro profissional, com intervenção farmacológica
de acordo com critério de sintomas e exames laboratoriais se
adequado;
✓ 4-8: Necessita intervenção pelo nutricionista, juntamente com a
equipe multi como indicado pelo inquérito de sintomas;
✓ >9: Indica necessidade crítica de melhora no manejo de sintomas
e/ou opções de intervenção nutricional.

Gonzales et al., 2010


Mini Avaliação
Nutricional
(MAN)

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MAN
✓ Desenvolvida para avaliar o risco de desnutrição em idosos
(> 65 anos);
✓ Traz benefícios para os casos possíveis de intervenção
precoce;
✓ Estudos verificaram que a MAN:
- Prediz o aumento do tempo de internação;
- Alta para asilos;
- Mortalidade.

GUIGOZ; VELLAS; GARRY, 1994.


MAN
18 itens:
✓ Antropometria
✓ Avaliação dietética
✓ Avaliação clínica global
✓ Autopercepção de saúde
✓ Estado nutricional

Pode ser utilizada para triagem ou


avaliação do estado nutricional
GUIGOZ; VELLAS; GARRY, 1994.
MAN
MAN
MAN

Aferir peso e
altura
MAN
MAN
MAN
Estudos mostram que há uma
correlação positiva entre a maior
ingestão de proteínas e:
- O aumento da densidade óssea no
idoso;
- A redução da perda de massa óssea;
- Manutenção da massa muscular

RAPURI, et al, 2003; KERSTETTER, 2000; HOUSTON ET AL, 2008.


MAN
MAN
MAN
MAN
Screenig tool risk
nutritional status and
growth
(Strong kids)

47
Strong kids
✓ Indicada para crianças a partir de 1 mês e adolescentes até 18 anos;

Maciel et al., 2020


Strong kids

Maciel et al., 2020


Malnutrition
nutritional tool
(MST)

50
MST
✓ Foi validado tendo como referência a ASG;

Pode ser aplicado por:


✓ Qualquer profissional;
✓ Familiar;
✓ Próprio paciente;
✓ Aplicável em população adulta e heterogênea;
✓ Não inclui dados antropométricos, nem laboratoriais.

Leipold et al., 2018.


MST
Malnutrition universal
nutritional screenig
tool
(MUST)

53
MUST

✓ Aplicável em adultos, idosos, gestantes e lactantes


✓ Principalmente na comunidade, mas também em
ambulatórios, hospitais
✓ Também objetiva diagnosticar a obesidade (IMC > 30
kg/m2)

Castro-Vega, 2018
MUST

Castro-Vega, 2018
Iniciativa de Liderança
Global sobre
Desnutrição
(GLIM)

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GLIM
✓ Desenvolvido pelas pelas sociedades de nutrição clínica:
- ASPEN (Sociedade Americana de Nutrição Parenteral e Enteral);
- ESPEN (Sociedade Europeia de Nutrição Clínica e Metabolismo);
- FELANPE (Federação Latino Americana de Nutrição Parenteral e Enteral);
- PENSA (Sociedade Asiática de Nutrição Parenteral e Enteral);
✓ Duas etapas:
A) Triagem: para identificar o risco nutricional (utiliza qualquer
ferramenta validada)
B) Avaliação: para o diagnóstico e classificação da gravidade da
desnutrição. Cederholm et al., 2019.
GLIM - Avaliação
✓ Critérios:

Fenotípico Etiológico

- Perda de peso não voluntária - Redução da ingestão ou assimilação


- Baixo índice de massa corporal (IMC) de alimentos
- Massa muscular reduzida - Inflamação ou gravidade da doença

Cederholm et al., 2019.


Esquema de diagnóstico do GLIM para triagem, avaliação,
diagnóstico e classificação da desnutrição
Risco para desnutrição
Triagem de risco • Usar ferramentas validades para triagem nutricional

Critérios de avaliação
• Fenotípicos
Diagnóstico e avaliação -Perda de peso não voluntária
-Baixo índice de massa corporal (IMC)
-Massa muscular reduzida
• Etiológicos
-Redução da ingestão ou assimilação de nutrientes
-Inflamação ou gravidade da doença

Diagnóstico Critério diagnóstico


• Possuir 1 critério fenotípico e um critério etiológico

Classificação de Determinação da severidade da desnutrição


gravidade • Baseado no critério fenotípico
Cederholm et al., 2019.
GLIM- Classificação da gravidade de desnutrição
Critérios fenotípicos

Redução da
Perda de peso (%) Baixo IMC
massa muscular

Estágio 1/
5-10% nos últimos 6 <20 se < 70 anos Déficit leve a
Desnutrição
meses <22 se ≥ 70 anos moderado
moderada
>10% nos últimos 6
Estágio 2/ meses <18,5 se < 70 anos
Desnutrição Ou <20 se ≥ 70 anos Déficit severo
severa > 20% após 6 meses

Cederholm et al., 2019.


Limitações dos métodos

✓ Os métodos não comtemplam obesidade, exceto quando


relacionada à doença catabólica.
Referencias
Srinivasan B, Lee S, Erickson D, Mehta S. Precision nutrition - review of methods for point-of-care
assessment of nutritional status. Curr Opin Biotechnol. 2017 Apr;44:103-108.

Elia M. Defining, Recognizing, and Reporting Malnutrition. Int J Low Extrem Wounds. 2017
Dec;16(4):230-237.

Brasil. Portaria nº 343 de 7 de março de 2005. nstitui, no âmbito do SUS, mecanismos para implantação
da assistência de Alta Complexidade em Terapia Nutricional. Disponível em:
http://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/gm/2005/prt0343_07_03_2005.html

Cederholm T, Jensen GL, Correia MITD, Gonzalez MC, Fukushima R, Higashiguchi T, Baptista G, Barazzoni R, Blaauw
R, Coats A, Crivelli A, Evans DC, Gramlich L, Fuchs-Tarlovsky V, Keller H, Llido L, Malone A, Mogensen KM, Morley
JE, Muscaritoli M, Nyulasi I, Pirlich M, Pisprasert V, de van der Schueren MAE, Siltharm S, Singer P, Tappenden K,
Velasco N, Waitzberg D, Yamwong P, Yu J, Van Gossum A, Compher C; GLIM Core Leadership Committee; GLIM
Working Group. GLIM criteria for the diagnosis of malnutrition - A consensus report from the global clinical nutrition
community. Clin Nutr. 2019.

Maciel JRV, Nakano EY, Carvalho KMB, Dutra ES. STRONGkids validation: tool accuracy. J Pediatr (Rio J). 2020 May-
Jun;96(3):371-378.

Abd Aziz NAS, Teng NIMF, Abdul Hamid MR, Ismail NH. Assessing the nutritional status of hospitalized elderly. Clin
Interv Aging. 2017

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Referencias
Barbosa AAO, Vicentini AP, Langa FR. Comparison of NRS-2002 criteria with nutritional risk in
hospitalized patients. Cien Saude Colet. 2019

Guigoz Y, Vellas B, Garry PJ. Mini Nutritional Assessment: a pratical assessment tool for granding
nutritional state of elderly patients. Facts Res Gerontol. 1994;4(suppl. 2):15-59

Santana Porbén S. Comments to Detsky AS, McLaughlin JR, Baker JP, Johnston N, Whittaker S,
Mendelson RA, et al. What is Subjective Global Assessment of Nutritional Status? JPEN. 1987;11(1):8-
13.

Kondrup J, Allison SP, Elia M, Vellas B, Plauth M. ESPEN guidelines for nutrition screening 2002. Clin
Nutr. 2003; 22(4):415-21.

Sørensen A.C. Madsen P. Sørensen M.K. Berg P. Udder health shows inbreeding depression in
Danish Holstein. J. Dairy Sci. 2006; 89: 4077-4082.

Leipold CE, Bertino SB, L'Huillier HM, Howell PM, Rosenkotter M. Validation of the Malnutrition Screening
Tool for use in a Community Rehabilitation Program. Nutr Diet. 2018 Feb;75(1):117-122.

Castro-Vega I, Veses Martín S, Cantero Llorca J, Salom Vendrell C, Bañuls C, Hernández Mijares A.
Validación del cribado nutricional Malnutrition Screening Tool comparado con la valoración nutricional
completa y otros cribados en distintos ámbitos sociosanitarios [Validation of nutritional screening
Malnutrition Screening Tool compared to other screening tools and the nutritional assessment in different
social and health areas]. Nutr Hosp. 2018 Feb 16;35(2):351-358.

63
Bons estudos!

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