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Amoysa Araújo Ribeiro1, Vanessa Teixeira de Lima Oliveira2, Ricardo Andrade Bezerra1
RESUMO ABSTRACT
Revista Brasileira de Obesidade, Nutrição e Emagrecimento, São Paulo. v. 14. n. 87. p.641-651. Jul./Ago. 2020. ISSN 1981-
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corporal (Escala de Silhuetas) estão descritas participantes para o estágio de ação após a
(Tabela 2). intervenção, estes encontravam-se
Os percentuais estão apresentados inicialmente, de forma predominante, no
comparando os momentos pré e pós estágio de preparação.
intervenção, de ambos os grupos. Quanto à compulsão alimentar, a
Observa-se, em relação ao modelo maioria dos participantes estavam
transteórico, que o grupo sem/baixa adesão classificados em um grau mais grave durante
praticamente manteve seus valores a avaliação inicial. Porém, na segunda fase da
percentuais nos mesmos estágios de pesquisa foi constatada redução desta
mudança, entre os dois momentos de condição para um grau mais moderado,
avaliação. apenas no grupo de maior adesão a
Por outro lado, para o grupo de alta intervenção.
adesão teve-se uma progressão de todos os
Tabela 3 - Associação do consumo alimentar pelo SISVAN, pré e pós grupo terapêutico, por grupos
segundo adesão à intervenção.
Grupo sem/baixa Grupo alta adesão Valor
adesão (n=24) (p)
(n=26)
Frequência de Consumo Alimentar <5x ≥5x <5x ≥5x
Salada crua 21 5 17 7 0,410
Legumes 26 0 24 0 -
Frutas 19 7 10 14 0,250
Feijão 13 13 13 11 0,768
Leite 20 6 20 4 0,728
Pré-intervenção
Fast-food 25 1 20 4 0,182
Embutidos 25 1 23 1 1,000
Cereais refinados 14 12 10 14 0,389
Doces 22 4 18 6 0,490
Refrigerante 24 2 23 1 1,000
Salada crua 19 7 11 13 0,049*
Legumes 26 0 20 4 0,030*
Frutas 20 6 7 17 0,001*
Feijão 13 13 14 10 0,555
Leite 19 7 15 9 0,423
Pós-intervenção
Fast-food 25 1 24 0 1,000
Embutidos 25 1 24 0 1,000
Cereais refinados 16 10 19 5 0,174
Doces 25 1 24 0 1,000
Refrigerante 25 1 23 1 1,000
Legenda: o valor 5x se refere aos dias da semana.
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Tabela 4 - Diferenças das variáveis antropométricas, pré e pós grupo terapêutico por grupos segundo
adesão à intervenção.
Pré-intervenção Pós-intervenção Valor (p)
Grupo IMC 38,98±5,97a 39,04±5,82a 0,601
sem/baixa Circunferência cintura 103,00 (95,75 - 112,50)b 102,00 (94,75 - 115,00) b 0,902
adesão Circunferência abdominal 111,00 (102,75 - 120,50) b 110,50 (104,5 -120,25) b 0,285
(n=26) Percentual de gordura 43,52 (41,33 -45,38) b 43,70 (41,55 - 46,22) b 0,175
IMC 38,30±4,76a 37,81±4,89a 0,003*
Grupo alta
Circunferência cintura 100,50 (96,50 - 109,00) b 99,50 (94,00 - 106,50) b 0,008*
adesão
Circunferência abdominal 113,50 (108,00 - 118,75) b 111,50 (105,50 -117,75) b 0,015*
(n=24)
Percentual de gordura 44,21 (41,30 - 46,19) b 42,13 (39,95 - 45,33) b 0,024*
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mantiveram consumo de frutas, ovos e carnes escolhas de melhor qualidade, quanto para
brancas (Vannuchi e colaboradores, 2016) redução e controle ponderal.
(Pereira e colaboradores, 2015). Além disso, alega-se que suas
Contudo, uma dificuldade da utilização alterações se mantém em longo prazo, pois
do questionário QFA é identificar as porções permite a troca de informações e saberes,
exatas de consumo diário, uma vez que ele só ampliando o poder de escolha por hábitos de
identifica se houve ou não o consumo durante vida saudáveis, possibilitando a
a semana. corresponsabilização e autocuidado do
Sendo assim, adotou-se para esta paciente, que traz as modificações e as
pesquisa, o consumo maior ou menor que incorpora ao seu tempo, até torná-las de
cinco vezes, que é o recomendo pelo Guia hábito cotidiano.
Alimentar para o consumo de alguns alimentos Além disso, permite um planejamento
de boa qualidade (frutas, verduras, legumes). alimentar mais flexível, considerando
Porém, para alimentos que devem ser preferências alimentares, questões financeiras
consumidos de forma esporádica ou não e estilo de vida.
consumidos, como embutidos, refrigerantes, Diferente de algumas dietas restritivas
doces, não existe um valor determinado. e rígidas, focadas na perda de peso, onde há
Por isto, mesmo sendo observada uma alta restrição que o paciente não
uma ingestão destes alimentos menor que consegue ser sustentável a longo tempo
cinco vezes, não significa que esta ingestão (ABESO, 2016; Pereira e colaboradores,
esteja adequada, pois os participantes muitas 2015).
vezes não atingiam um alto consumo, mas o
realizavam de 2 a 3 vezes na semana, sendo CONCLUSÃO
ainda considerado prejudicial.
Além dessa, algumas outras limitações O grupo de intervenção “Peso
podem ser destacadas, neste estudo, como a Saudável” obteve impacto positivo nas
ausência de um grupo controle para que alterações alimentares e antropométricas,
houvesse maior fidedignidade dos resultados além de melhoria em atitudes
alcançados. Bem como um maior período de comportamentais dos participantes que
intervenção, onde pudessem ser discutidas apresentaram uma boa adesão a metodologia.
outras temáticas importantes para educação Destaque-se que o intuito inicial desta
alimentar e atitudes comportamentais. pesquisa foi alcançando, confirmando a
A respeito das medidas importância deste tipo de estratégia para o
antropométricas, os participantes enfrentamento da obesidade.
apresentaram uma média de IMC apontado Tais considerações permitem também
para obesidade grau II, CC e CA com valores salientar a importância de mais estudos neste
que indicam alto risco para o desenvolvimento sentido, uma vez que esta metodologia de
de doenças cardiovasculares e percentual de grupos tem sido indicada como de alta
gordura muito elevado. potencialidade para o tratamento de
Averiguou-se redução significativa obesidade e outras doenças crônicas, além de
destas medidas entre os participantes que as pesquisas servirem como base referencial
frequentaram o grupo de intervenção de forma para que posteriormente equipes de saúde
mais assídua. possam aplicar esta estratégia em seu leque
Estudos abordando intervenções de ações.
baseadas na terapia nutricional e
comportamental, em grupos de intervenção REFERÊNCIAS
voltados para perda de peso, apresentaram
resultados semelhante aos aqui encontrados, 1-ABESO. Associação Brasileira para o
com diminuição das medidas antropométricas Estudo da Obesidade e da Síndrome
(peso, IMC e CC) de participantes que Metabólica. Diretrizes brasileiras de
realizavam mais sessões grupais (Vannuchi e obesidade. São Paulo. ABESO. Num. 4. 2016.
colaboradores, 2016; Neufeld, Moreira, Xavier, p.1-186.
2012; França e colaboradores, 2012).
Sendo assim, destaca-se que a 2-American Psychological Association-APA.
modificação dos hábitos alimentares, por meio Manual diagnóstico e estatístico de
da TN, possui repercussão positiva, tanto para transtornos mentais: DSM-5. Porto Alegre.
Artmed. 5ª edição. 2014.
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