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P AT O L O G I A D A N U T R I Ç Ã O E

DIETOTERAPIA NA
HIPERTENSÃO ARTERIAL E
AVALIAÇÃO NUTRICIONAL DO
PA C I E N T E H O S P I TA L I Z A D O
DOCENTE: MSC. ALINE OZANA DE SOUZA
CONTEÚDO DA AULA

1. Avaliação Nutricional do paciente hospitalizado


2. Hipertensão arterial sistêmica (HAS)
INTRODUÇÃO

• QUAL A IMPORTÂNCIA DA AVALIAÇÃO NUTRICIONAL NO PACIENTE?

• A avaliação nutricional é um processo sistemático, sendo o primeiro passo


da assistência nutricional, tendo como objetivo obter informações
adequadas, a fim de identificar problemas ligados à nutrição, sendo
constituída de coleta, verificação e interpretação de dados para tomada de
decisões referentes à natureza e à causa de problemas relacionados à nutrição.
INTRODUÇÃO

• QUAL O MELHOR MÉTODO DE AVALIAÇÃO NUTRICIONAL?

• Apesar da grande variedade de medidas nutricionais, não se dispõe, até o


momento, de um método padrão-ouro para a determinação do estado
nutricional.
• Todas as medidas utilizadas na sua avaliação podem ser afetadas
pela doença ou pelo trauma;
• Não há também um método sem pelo menos uma limitação importante.
INTRODUÇÃO

• NO SUS

• A importância da triagem e avaliação nutricional é reconhecida pelo Ministério


da Saúde do Brasil, que tornou obrigatória a implantação de protocolos para
pacientes internados pelo SUS como condicionante para remuneração de
terapia nutricional enteral e parenteral.
• A avaliação nutricional do paciente deve ser repetida, no máximo, a cada 10
dias e precede a indicação da terapia nutricional (TN)
TRIAGEM NUTRICIONAL
• OBJETIVO
- reconhecer o risco nutricional para que sejam instituídas medidas de
intervenção nutricional mais precocemente.

• Após a triagem, o paciente em risco nutricional deve ser encaminhado para a


avaliação do estado nutricional e planejamento e início da TN, caso seja
necessária.
• Qualquer membro da equipe multidisciplinar de TN ou profissional da saúde,
previamente treinado, está apto a realizar a triagem nutricional.
• Triagem nutricional em pacientes hospitalizados = em até 72 horas da
admissão para detecção do risco nutricional.
TRIAGEM NUTRICIONAL
• RASTREAMENTO DE RISCO NUTRICIONAL (RRN)
- É um método de triagem nutricional para utilização em pacientes hospitalizados, com
objetivo de detectar a presença de desnutrição e risco do desenvolvimento de
desnutrição
*Critérios:
ingestão alimentar idade acima de 70
perda de peso dos (apetite e anos é considerada
IMC fator de estresse
últimos três meses capacidade de se fator de risco
alimentar) adicional

- na ausência de risco nutricional, o procedimento deve ser repetido em sete dias;


- os doentes identificados como em risco pela triagem nutricional devem ser
submetidos à avaliação nutricional para classificar seu estado nutricional e,
posteriormente, planejar a TN
ESTUDO DE CASO 1

• Paciente B. C. N., sexo feminino, diabética, 46 anos, pesando 52kg e com


1,75cm de altura, relata ter perdido 5kg involuntariamente nos últimos 2
meses, com agravo da doença, apesar de não haver diminuição na ingestão
alimentar.

• IMC: 52/1,752 = 16,97


• Perda de peso: 5Kg
• 52 + 5 = 57kg – 100%
5kg - X% = 8,77%
TRIAGEM NUTRICIONAL

• QUAL É O MÉTODO DE TRIAGEM QUE DEVE SER INDICADO PARA OS


IDOSOS HOSPITALIZADOS?
• Miniavaliação nutricional (MAN)
• Incluí:
- aspectos físicos;
- aspectos mentais;
- aspectos dietéticos.
TRIAGEM NUTRICIONAL
• QUAL É A INDICAÇÃO DO USO NA PRÁTICA CLÍNICA DA AVALIAÇÃO
SUBJETIVA GLOBAL (ASG)?

• Aplica-se o método ASG para diagnosticar e classificar a desnutrição, com


enfoque em questões relacionadas à desnutrição crônica ou já instalada, como:
- percentual de perda de peso nos últimos seis meses;
- modificação na consistência dos alimentos ingeridos;
- sintomatologia gastrointestinal persistente por mais de duas semanas;
- presença de perda de gordura subcutânea e de edema.

• Além disso, é o único método que valoriza alterações funcionais que possam
estar presentes.
Categorias da ANSG
Bem nutrido < 17pontos
Desnutrido moderado < 22 pontos
Desnutrido grave > 22 pontos
EXAME FÍSICO NUTRICIONAL

• O exame físico, combinado com outros componentes da avaliação nutricional,


oferece uma perspectiva única da evolução do estado nutricional.

• O exame físico pode fornecer evidências das deficiências nutricionais ou piora


funcional, que podem afetar o estado nutricional e que, muitas vezes, podem
ser perdidas na entrevista.

• Semiologia Nutricional e Antropometria


EXAME
FÍSICO
NUTRICIONAL

• SEMIOLOGIA NUTRICIONAL
EXAME FÍSICO
NUTRICIONAL
• ANTROPOMETRIA

• A antropometria auxilia na obtenção de


dados de depleção de diferentes tecidos
(músculo e gordura)
EXERCÍCIO

• Mulher, 38 anos, 54kg, 1,66m de altura, relatou perda de peso de 4kg em 3


meses. Calcule:
• IMC
• IMC ideal
• Peso ideal
• Adequação de peso e classificação
• Perda de peso
• Peso ajustado
EXAME FÍSICO NUTRICIONAL
• QUANDO INDICAR A IMPEDÂNCIA BIOELÉTRICA (BIA) NA AVALIAÇÃO DO
ESTADO NUTRICIONAL?

• Apesar da BIA ser um método simples, rápido e não-invasivo para estimar os


compartimentos corporais, seus resultados podem ser afetados por fatores como a
alimentação, o exercício físico e a ingestão de líquidos em períodos que antecedem a
avaliação, estados de desidratação ou retenção hídrica, febre, utilização de diuréticos e
ciclo menstrual.

• Recomendação: A BIA é indicada na avaliação da composição corporal de indivíduos


com IMC entre 16 e 34 kg/m² que possam ser pesados e com estado de
hidratação normal, com o uso de equações validadas para esta população.
EXAME FÍSICO NUTRICIONAL
• QUAIS SÃO AS PRINCIPAIS MEDIDAS
ANTROPOMÉTRICAS RECOMENDADAS PARA
A AVALIAÇÃO NUTRICIONAL DO PACIENTE
HOSPITALIZADO?

• Recomendação: As principais medidas


antropométricas recomendadas para a avaliação
nutricional são:
- peso corporal,
- medida direta ou indireta da estatura/
comprimento,
- índice de massa corporal (IMC),
- circunferências,
- dobras cutâneas.
HISTÓRIA DIETÉTICA
• EXISTE O MÉTODO MAIS RECOMENDADO?

• Dentre os métodos mais utilizados para estimar a dieta, pode-se destacar o


questionário de frequência alimentar (QFA) e o recordatório de 24 horas
(R24h).

• A recomendação é a combinação de métodos quantitativos e qualitativos para


melhor aprimorar instrumentos culturalmente sensíveis, capazes de apreender
a realidade sociocultural da população estudada.

• Não existem métodos de história dietética validados para uso em população


hospitalizada.
EXAMES LABORATORIAIS
• EXAMES LABORATORIAIS: O QUE DEVO USAR NA PRÁTICA CLÍNICA PARA
AVALIAÇÃO NUTRICIONAL?

• Albumina, pré-albumina e transferrina


• ALBUMINA = bom preditor de tempo de internação ( ALBUMINA TEMPO DE
INTERNAÇÃO);
• Limitações = inflamação, trauma, malignidade, aumento da síntese de proteínas de fase
aguda, como a proteína C-reativa (PCR), que levam à diminuição da síntese de
albumina, transferrina e pré-albumina.
EXAMES LABORATORIAIS

• Pré-albumina: é uma proteína depletada precocemente em estado


hipermetabólico, uma vez que tem uma vida média de dois dias e uma reserva
corporal bem pequena.
- Variação normal: 15 a 36 mg/dl

• Transferrina: diminui quando as proteínas viscerais estão diminuídas


- Variação normal: 188 a 341 mg/dl
EXAMES BIOQUÍMICOS
• MARCADORES DE INFLAMAÇÃO
• Em especial, destacaremos os dois principais marcadores de uso na prática clínica: a proteína C
reativa (PCR) e a velocidade de hemossedimentação (VHS).
• PCR
• Valores entre 0.3-1 são relativos, não indicando necessariamente inflamação: Obesidade,
Tabagismo, DM, HAS, sedentarismo, TRH, distúrbios do sono, fadiga crônica, etilismo, depressão,
idoso.
• 3-10: Inflamação de baixo grau / subclínica; Podem também ser justificados exclusivamente por
Obesidade ou Resistência insulínica.
• >10: Provavelmente indica infecção bacteriana.
• Fórmula de correção da PCR pela idade: Homens: Idade/50Mulheres: Idade/50 + 0.6
EXAMES BIOQUÍMICOS
• VHS
• Falso aumento: Hiperproteinemia (infecção, inflamação, neoplasias); Anemia; Autoaglutinação;
Macrocitose; Hemólise / Anemia Falciforme.
• Falsa redução: Esferócitos ou hemácias cremadas; Microcitose.
• Maior sensibilidade: Artrite Reumatóide; Doença Inflamatória Pélvica; Endocardite bacteriana;
Artrite Séptica; Osteomielite; Mieloma e outras paraproteinemias; Mononucleose; Otite Média
Aguda;Abscessos; Lúpus;Vasculites; Doença Inflamatória Intestinal.
• Utilidades restritas para monitorar o tratamento de Arterite Temporal e Polimialgia Reumática
– ou seja, não solicitar como exame de “rotina”.
Fórmula de correção da VHS: Homens: Idade/2 Mulheres: Idade + 10/2
REFERÊNCIAS

• Holst M; Staun M; Kondrup J; Bach-Dahl C; Rasmussen H. Good Nutritional Practice in


Hospitals during na 8-year period: The impact of accreditation, e-SPEN, the European e Journal
of Clinical Nutrition and Metabolism (2014), doi: 10.1016/j.clnme.2014.05.001.

• MS - Ministério da Saúde (BR). Secretaria de Atenção à Saúde. Decreto nº 4.176, de 28 de


março de 2002. CONSULTA PÚBLICA Nº 9 - Minuta de Portaria que estabelece regulamento
técnico, normas e critérios para a Atenção Especializada Hospitalar em Terapia Nutricional na
Rede de Atenção à Saúde, no âmbito do SUS. 09 de Agosto de 2014. Disponível em:
<http://portalsaude.saude.gov.br//images/pdf/2014/julho /09/minuta.consulta.9.pdf> Acesso em:
13 abril 2015.
HIPERTENSÃO
ARTERIAL
SISTÊMICA
HIPERTENSÃO ARTERIAL SISTÊMICA
• A hipertensão arterial é o aumento anormal – e por longo período – da pressão
que o sangue faz ao circular pelas artérias do corpo. Considerando-se elevada a PA
sistólica (PAS) ≥ 140 mmHg e/ou PA diastólica (PAD) ≥ 90 mmHg, em pelo menos
duas ocasiões.

• Dentre as DCVs, a Hipertensão Arterial Sistêmica (HAS) constitui importante fator


de risco para complicações cardíacas e cerebrovasculares, sendo considerada um
problema de saúde pública em âmbito mundial.

• Fatores de risco: genético, idade, sexo, sobrepeso/obesidade, ingestão de


sódio/potássio, sedentarismo, álcool, drogas.
Diretrizes Brasileiras de Hipertensão Arterial – 2020 Barroso et al.
HIPERTENSÃO ARTERIAL SISTÊMICA

• FISIOPATOLOGIA

• A regulação da pressão arterial (PA) é uma das funções fisiológicas mais complexas do
organismo, dependendo das ações integradas dos sistemas cardiovasculares, renal, neural e
endócrino.
• A HA parece ter causa multifatorial para a sua gênese e manutenção.
• A pressão arterial é determinada pelo produto do débito cardíaco (DC) e da resistência
vascular periférica (RVP).
• Nos indivíduos normais e nos portadores de hipertensão arterial essencial existe um espectro
de variação do DC com respostas concomitantes da RVP para um determinado nível de PA.
é o volume de sangue bombeado pelo ventrículo cardíaco
esquerdo por batimento

Débito cardíaco ou Gasto cardíaco é o volume de


sangue sendo bombeado pelo coração em um minuto
HIPERTENSÃO ARTERIAL SISTÊMICA
• FISIOPATOLOGIA
• Resistência periférica influenciada por:
• Débito cardíaco influenciado por: - mecanismos vasoconstrictores e
- contratilidade e o relaxamento do miocárdio, vasodilatadores,

- o volume sanguíneo circulante, - sistema nervoso simpático,

- o retorno venoso, - sistema renina angiotensina,

- a frequência cardíaca - modulação endotelial,


- depende também da espessura da parede
das artérias, existindo uma potencialização ao
estímulo vasoconstrictor nos vasos nos quais
há espessamento de suas paredes.
SISTEMA
RENINA
ANGIOTENSINA
(SRA) Quando a pressão fica muito
baixa ou quando há perda
excessiva de líquidos, aumenta
a secreção de aldosterona.
Esse hormônio atua sobre os
túbulos distais e sobre os
túbulos coletores, estimulando
a reabsorção de sódio do
filtrado glomerular.
HIPERTENSÃO ARTERIAL SISTÊMICA
TRATAMENTO

• TRATAMENTO
• O tratamento da HAS pode ser subdividido em tratamento medicamentoso e
tratamento não medicamentoso
• O tratamento não medicamentoso inclui a intervenção nutricional e apresenta eficácia
comprovada na prevenção e no controle da hipertensão arterial.
• As modificações no estilo de vida isoladamente podem ser suficientes para pacientes
com PA levemente elevada e devem sempre ser recomendadas para pacientes
recebendo drogas anti-hipertensivas, pois podem reduzir a dosagem dos anti-
hipertensivos necessários para alcançar o controle da PA.
TRATAMENTO

• As principais modificações no estilo de vida recomendadas na prevenção e tratamento da


hipertensão incluem:

atividade física cessação do


regular tabagismo

perda ponderal
nos indivíduos modificações
com excesso de dietéticas.
peso corporal
TRATAMENTO NUTRICIONAL
• Consulta do Nutricionista

• Na consulta com o nutricionista, devem ser contemplados os seguintes pontos:


- Anamnese alimentar com avaliação da rotina de consumo, número de refeições, horários, alimentos
ingeridos e quantidades, além da frequência de consumo de alimentos cardioprotetores.
- Avaliação antropométrica: medida de peso e altura, medida da circunferência abdominal e cálculo do
índice de massa corporal.
- Prescrição e orientação da dieta com base no diagnóstico médico e exames laboratoriais.
- Acompanhamento das mudanças dietéticas e evolução antropométrica.
- Participação em ações com a população.
SÓDIO

• O sódio é um nutriente essencial, sendo necessário para a manutenção do volume de fluido


extracelular, da osmolaridade sérica, do equilíbrio ácido-básico e da atividade muscular e
nervosa.
• A quantidade mínima de sódio necessária para repor as perdas diárias, desde que não ocorra
transpiração substancial, é muito pequena podendo ser menor que 0,2 g/dia
• Como nenhum alimento em seu estado natural é rico em sódio, durante milhões de anos, os
ancestrais dos seres humanos, consumiam uma dieta contendo pequena quantidade deste
mineral (± 0,2 g sódio/dia).
• Atualmente, a ingestão de sódio em muitos países situa-se entre 3,6 e 4,9 g/dia (ou 9 a 12 g
sal/dia)
SÓDIO
• Apesar dos mecanismos responsáveis pela relação entre ingestão de sódio e elevação da PA
serem complexos, a falta de habilidade renal para excretar completamente o excesso de sódio
desempenha um papel central.
• Os rins humanos estão adaptados para conservar sódio e excretar potássio.
• Os humanos pré-históricos, que consumiam uma dieta pobre em sódio e rica em potássio,
estavam bem adaptados a este mecanismo.
• Este mecanismo, entretanto, não está adequado para a dieta moderna rica em sódio e pobre
em potássio. O resultado final é a falha dos rins em se adaptar a esta dieta com um excesso de
sódio e déficit de potássio.
• A modificação da PA em resposta a mudanças na quantidade de ingestão de sódio varia
amplamente entre os indivíduos. Esta variabilidade é conhecida como sensibilidade ao sal,
sendo definida como a tendência para a PA cair durante a restrição de sal e se elevar durante a
suplementação de sal.
SÓDIO

• RECOMENDAÇÕES
• A recomendação é ingestão < 2 g/dia de sódio (5 g/dia de sal) para adultos.
• Esta recomendação se aplica a indivíduos com e sem hipertensão e é semelhante a de
inúmeras outras organizações e diretrizes para tratamento e prevenção de hipertensão e/ou
DCV.
• Existem estimativas de que esta redução na ingestão de sódio possa reduzir a PA sistólica em
aproximadamente 2 a 8 mmHg
POTÁSSIO

• Alguns estudos sugerem que o potássio desempenha um importante papel no controle da PA.
• Dados epidemiológicos têm mostrado que populações com elevada ingestão de potássio
apresentam valores mais baixos de PA e menor incidência de hipertensão arterial.
• O efeito hipotensor do potássio pode ser atribuído:
(1) a natriurese induzida pela inibição da reabsorção de sódio nos túbulos proximais renais e a
supressão da secreção de renina;
(2) ao relaxamento do músculo liso vascular por aumento na produção de óxido nítrico,
estimulo as bombas de sódio e abertura de canais de potássio.

RECOMENDAÇÃO
A OMS recomenda, em adultos, uma ingestão de pelo menos 90 mmol/dia (3.510 mg/dia)
LATICÍNIOS

• Os laticínios representam um grupo heterogêneo de alimentos, e seu impacto sobre a


saúde deve ser avaliado considerando todos os seus componentes.

• Apesar de serem ricos em ácidos graxos saturados (na versão integral), podem conter
constituintes com potencial efeito benéfico, como a proteína do soro do leite (whey
protein), os fosfolipídios da membrana dos glóbulos de gordura, o cálcio, o magnésio,
o potássio, os probióticos e as vitaminas K1 e K2.
• Alguns ensaios clínicos randomizados sugerem efeito hipotensor modesto, em
especial, os realizados com laticínios pobres em gordura.
CHOCOLATE E PRODUTOS COM CACAU

• Uma metanálise de dez ensaios clínicos randomizados (n = 297) identificou a


redução de 4,5 mmHg (IC 95%: 3,3 a 5,9) e 2,5 mmHg (IC 95%: 1,2 a 3,9) nas
pressões sistólica e diastólica, respectivamente, com o consumo aumentado de
produtos com cacau.

• O consumo de chocolate ou produtos do cacau acrescenta calorias à dieta,


que precisam ser equilibrados com algum grau de restrição alimentar.
PESO CORPORAL

• O IMC está diretamente associado à elevação da PA e com a prevalência de hipertensão.


• O ganho ponderal, mesmo que modesto, aumenta de forma substancial o risco de hipertensão,
enquanto que a perda ponderal reduz a PA.
• Os mecanismos por meio dos quais a obesidade eleva a PA são complexos e incluem ativação
do sistema renina angiotensina, aumento da atividade do sistema nervoso simpático e
resistência à insulina.
• Além disto, a obesidade está associada ao aumento na reabsorção renal de sódio, alteração na
pressão natriurese e expansão de volume.
PESO CORPORAL

• RECOMENDAÇÃO

• Os indivíduos hipertensos apresentando sobrepeso ou obesidade devem ser orientados a


perder peso e idealmente alcançar IMC < 25 kg/m2.
• Entretanto, reduções na PA ocorrem antes e/ou sem alcançar o peso corporal desejado.
• Uma perda ponderal de apenas 5,1 kg pode reduzir a PA sistólica e a diastólica em 4,4 mmHg
e 3,6 mmHg, respectivamente.
• A manutenção da circunferência da cintura < 102 cm em homens e < 88 cm em mulheres
também é recomendada para a prevenção e tratamento da HAS.
ALCOOL
• ÁLCOOL

• O consumo de quantidades excessivas de álcool está associado à elevação da PA e estima-se


que seja responsável por 5% a 7% dos casos de hipertensão.
• A relação entre ingestão de álcool, níveis de PA e prevalência de hipertensão parece ser linear
e existem evidências de que o consumo moderado pode não ser deletério em relação à
elevação da PA.
• Desta forma, homens hipertensos que ingerem bebidas alcoólicas devem ser orientados a
limitar seu consumo a não mais do que 20-30 g etanol/dia, já as mulheres hipertensas devem
ingerir no máximo 10 g a 20 g etanol/dia.2
• Para aqueles que não têm o hábito de ingerir bebidas alcoólicas, não se justifica recomendar
que o façam. Estima-se que a moderação na ingestão de álcool pode reduzir a PA sistólica em
2-14 mmHg
CAFÉ E PRODUTOS COM CAFEÍNA

• Acredita-se que a cafeína, um dos componentes do café, seja a responsável pela possível
elevação da PA, pois apresenta efeito pressor agudo, principalmente em indivíduos hipertensos.
• Esse efeito pode ser mediado por uma série de mecanismos, incluindo a ativação do sistema
nervoso simpático.
• Já foi demonstrado que, em indivíduos hipertensos, a ingestão de 200 mg a 300 mg de cafeína
está associada à elevação aguda significativa da PA sistólica (em torno de 10 mmHg) e da PA
diastólica (em torno de 5 mmHg).
• Este aumento na PA pode ser observado na primeira hora após a ingestão e persiste por até 3
horas
CAFÉ

• Como os dados disponíveis atualmente são


considerados insuficientes para se
recomendar a favor ou contra o consumo de
café em relação ao controle da PA, algumas
diretrizes para tratamento da HAS
desencorajam o consumo excessivo de café
e de outros produtos ricos em cafeína ou
informam que a elevação da PA causada pela
cafeína, em doses habituais são irrelevantes.
VITAMINA D

• Apesar de alguns estudos observacionais sugerirem que a deficiência de


vitamina D está associada à elevação da pressão ou à maior incidência de
hipertensão, os estudos com suplementação de vitamina D apresentam
resultados inconsistentes.

• Portanto, o papel da vitamina D no controle da pressão ainda não está


estabelecido.
DIETA DASH
• A dieta DASH (Dietary Approaches to Stop Hypertension) foi elaborada com o
objetivo de investigar se um padrão alimentar "saudável" é capaz de reduzir os
níveis de PA, independentemente de alguns fatores dietéticos que afetam a PA
(ex.: ingestão de sódio, peso corporal e consumo de álcool).
• O padrão alimentar da dieta DASH é rico em frutas e hortaliças (4 a 5
porções/dia) e laticínios com baixo teor de gordura (2 a 3 porções/ dia),
cereais integrais, frango, peixe e frutas oleaginosas; e pobre em doces,
bebidas adoçadas e carne vermelha.
• Portanto, esta dieta é rica em potássio, magnésio, cálcio e fibras dietéticas, além
de apresentar baixo teor de gordura (total e saturada) e colesterol.
DIETA DASH

http://www.cienciaesaudecoletiva.com.br/artigos/dieta-dash-dietary-approach-to-stop-hypertension-reflexoes-
sobre-adesao-e-possiveis-impactos-para-a-saude-coletiva/16925?id=16925
REFERENCIAS

Sociedade Brasileira de Cardiologia; Sociedade Brasileira de Hipertensão; Sociedade Brasileira de Nefrologia. VI Diretrizes
brasileiras de hipertensão, 2010. Arq Bras Cardiol. 2010;95(suppl.1):1-51.

European Society of Hypertension; European Society of Cardiology. Guidelines for the management of arterial
hypertension. The task force for the management of arterial hypertension of the European Society of Hypertension
(ESH) and European Society of Cardiology (ESC). J Hypertens. 2013;31:1281-357.

World Health Organization. Global Health Observatory (GHO) data. Raised blood pressure. [Acesso em 2015 fev. 10].
Disponível em: http://www.who.int/gho/ncd/risk_factors/blood_pressure_prevalence_text/en/#
• Entre os padrões alimentares, destacam-se a dieta do Mediterrâneo e a dieta DASH (Dietary
Approach to Stop Hypertension), as quais mostram-se eficientes tanto na prevenção como no
tratamento da obesidade, Diabetes Mellitus tipo 2 e doenças cardiovasculares. A Dieta DASH é
caracterizada por um padrão alimentar

a) rico em carnes, ovos, cereais integrais e pobre em laticínios.


b) rico em grão integrais, leguminosas e isento de ovos.
c) rico em vegetais crucíferos e pobre em laticínios.
d) rico em frutas, grãos, hortaliças, carnes magras, azeite de oliva e isento de laticínios.
e) rico em verduras, frutas, legumes, fibras e laticínios com baixos teores de gorduras.
• No planejamento de dieta hipossódica, algumas observações são necessárias.
1) Seguir o esquema da dieta de base em relação à consistência (normal, branda ou pastosa, por
exemplo).
2) Somar ao sódio ofertado, através do sal de adição, mais 10% a 15% de sódio intrínseco aos
alimentos.
3) Considerar hipossódicas as dietas com prescrição de até 5g de sal por dia.
4) Evitar alimentos ricos em sódio como extrato e molho de tomate, conservas e enlatados,
temperos prontos, biscoitos salgados ou doces, entre outros.
Estão corretas, apenas:
A) 1 e 2.
B) 1 e 3.
C) 1, 2 e 4.
D) 2 e 3.
E) 2 e 4.
• Sobre a dietoterapia da hipertensão arterial, assinale a alternativa
INCORRETA.
• A) Alimentos ricos em magnésio devem ser estimulados, por conta do seu
efeito vasodilatador.
• B) Deve ser incentivado o consumo de alimentos ricos em potássio, como
lentilha e feijão preto, pois possuem efeito hipotensor.
• C) Alimentos dietéticos devem ter seu consumo controlado.
• D) Peixes gordos como sardinha e salmão podem ser inseridos no plano
alimentar.
• E) Deve ser desestimulado fontes dietéticas de cálcio, pois uma dieta rica nesse
nutriente pode aumentar a concentração intracelular de cálcio nas células do
músculo liso vascular, resultando em vasoconstrição e consequente aumento
da pressão arterial.
• O tratamento não medicamentoso da hipertensão arterial envolve controle ponderal, medidas nutricionais, prática de atividades físicas,
cessação do tabagismo, controle de estresse, entre outros. Segundo as medidas nutricionais recomendadas na 7ª Diretriz Brasileira de
Hipertensão Arterial para controle da pressão arterial, analise as assertivas e identifique com V as verdadeiras e com F as falsas.
( ) O chocolate com pelo menos 70% de cacau pode promover discreta redução da pressão arterial, devido às altas concentrações de
polifenóis.
( ) O consumo habitual de álcool não exerce efeito sobre a pressão arterial, apenas o consumo excessivo está associado a maior
incidência de hipertensão.
( ) Apesar de o leite conter vários componentes como cálcio, potássio e peptídeos bioativos, que deveriam reduzir a pressão arterial,
existem evidências de que a ingestão de laticínios, em especial os integrais, pode aumentar a pressão arterial.
( ) Estudos recentes sugerem que o consumo de café em doses habituais não está associado com maior incidência de hipertensão arterial,
nem com elevação da pressão arterial. O café, em quantidades baixas a moderadas, pode até favorecer a redução da pressão arterial por
conta da presença de polifenóis.
( ) Os ácidos graxos ômega-3 provenientes dos óleos de peixe (eicosapentaenoico – EPA e docosaexaenoico - DHA) estão associados
com redução modesta da pressão arterial. Existem evidencias de que a ingestão de ≥ 2g/dia de EPA+DHA reduz a pressão arterial e uma
dose de 1 a 2 g/dia reduz apenas a pressão arterial sistólica.
A alternativa que contém a sequência correta, de cima para baixo, é
A) F V F F F
B) F F F V V
C) V F V V V
D) V F F V V
E) V V V F F
• De acordo com o Ministério da Saúde (Cadernos de Atenção
Básica – Estratégias para o Cuidado da Pessoa com Doença
Crônica: Hipertensão Arterial, 2013), é uma recomendação
nutricional para indivíduos com hipertensão arterial
• A) substituir o sal por caldos de carne industrializados.
• B) consumir pelo menos uma porção de fruta e hortaliça/dia.
• C) não ultrapassar a ingestão de 6 gramas de sal/dia.
• D) utilizar condimentos a base de glutamato monossódico.
• E) evitar a ingestão excessiva de bebidas alcoólicas.
• A dieta DASH (dietary approaches to stop hypertension) prioriza o
consumo de frutas, hortaliças e laticínios integrais, inclui a ingestão
de cereais integrais, carnes em geral, frutas e oleaginosas, além de
preconizar a redução de doces e de bebidas com açúcar, o que
contribui para a redução da pressão arterial.

a)Certo
b) Errado

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