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Métodos de Avaliação em

Psicologia Clínica e da Saúde


I

Desenho de Família
Objectivos
•  Avaliar as condições em que se dá a
adaptação da criança ao seu meio familiar.

•  Através do mecanismo de projecção a


criança dá conta do modo verdadeiro como
se sente no seu núcleo familiar e em
relação aos elementos da sua família.
Objectivos
•  Primazia da subjetividade.

•  Influência do seu estado afectivo,


sentimentos, desejos, medos, atrações e
repulsas.

•  Informação sobre a personalidade e conflitos


íntimos.

•  Teste de aplicação fácil.


Objectivos
•  1º Desenho de uma família.

•  2º Entrevista sobre o desenho (definir


personagens, caracterizar em função do
sexo, idade, relações).

•  3º Métodos das preferências -


identificações.
Teste de Projeção
•  Teste de inteligência

–  Esquema corporal

–  Teste de Goodenough

–  Sensorial ou racional
Teste de Projeção
•  Teste de Personalidade

–  Conteúdo do desenho exprime algo da


personalidade total.

–  Revela-nos a sua vida afetiva.

•  “O desenho da criança exprime algo mais que sua inteligência


ou seu nível de desenvolvimento mental: uma espécie de
projeção de sua própria existência e também dos outros ou
ainda a maneira pela qual sente a existência de si própria e
dos outros.” (Boutonier, p.25).
Teste de Projeção
•  Projeção e Simbolismo

–  A personalidade inteira procura exprimir-


se.

–  Os elementos subconscientes e
inconscientes projetam-se em benefício da
liberdade.
DESENHE UMA FAMÍLIA
•  A simples observação e um estudo
detalhado do desenho permitem conhecer a
criança, os sentimentos reais que
experimenta pelos seus,a situação na qual
ela mesma se coloca perante a família; numa
palavra, conhecer a família da criança, tal
qual esta a representa, é muito mais
importante que saber exatamente o que ela
é.” ( Corman, 1979).
Administração
•  Material

–  Folha de papel A4, branca;

–  Lápis afiado (de cores, só se a criança


pedir);

–  Não é permitido o uso de borracha nem de


régua.
Administração
•  Instruções

–  Gostaria que tu me desenhasses uma


família.”

•  Gostaria que me fizesses o desenho de uma


família ... Desenhas a família que tu quiseres.”
Observação do
Comportamento da Criança
–  Anotar a maneira como a criança desenha.

–  O local onde inicia o desenho.

–  A primeira pessoa que desenha e a ordem das


pessoas seguintes.

–  O tempo gasto para o desenho de cada pessoa e o


cuidado com que é feito.

–  A tendência em voltar ao desenho de uma pessoa ou


outros pormenores que ressaltem.
Observação do
Comportamento da Criança
•  Pode ser necessário dar alguma indicação a
uma criança mais inibida ou dar algum
reforço durante a realização da prova.

•  No final perguntar sempre se a criança já


terminou, se quer acrescentar mais alguma
coisa ou se está satisfeita com o que fez.
Questões sobre o Desenho
•  Vou agora fazer-te algumas perguntas
acerca desta família que tu desenhas-te.”

–  1. Onde é que eles estão?


–  2. O que eles estão a fazer?
–  3. Diz-me quem são essas pessoas, começando
pela pessoa que tu desenhas-te primeiro.
•  Diz-me quem ele é nessa família, que idade tem e qual é
o seu nome.
–  4. Diz-me quem são estas pessoas umas às
outras.
Questões sobre o Desenho
•  5. Nessa família diz-me:

–  Quem é o mais simpático? Porquê?


–  Quem é o menos simpático? Porquê?
–  Quem é o mais feliz? Porquê?
–  Quem é o menos feliz? Porquê?
–  Para ti, qual é o teu preferido/melhor nesta
família? Porquê?
Questões sobre o Desenho
Questões Adicionais:

•  O pai propôs um passeio de carro mas não há


lugar para todos. Quem irá permanecer em
casa?

•  Uma das crianças não se portou bem. Quem


foi? Como será punida?
Questões sobre o Desenho
•  6. Para identificar as preferências e
identificações são feitas as seguintes
questões:

–  Se fizesses parte desta família, quem serias?


Porquê?
–  Estás contente com o teu desenho?
–  Se fizesses uma outra vez o desenho, farias
igual? O que acrescentarias? O que é que
retirarias?
Interpretação
•  A interpretação do desenho é feita a
dois níveis:

–  Interpretação a nível formal.

–  Interpretação a nível do conteúdo.


Interpretação
•  Interpretação a nível formal:

–  Ao nível gráfico:

•  Amplitude do traçado (as pessoas são


desenhadas em pequena ou grande proporção).

•  Força do traçado (forte ou fraco).


Interpretação a nível formal
- Ao nível gráfico
•  Zona e proporção da folha que é ocupada.
–  Zona inferior da página: fadiga, neurose, astenia e
depressão.
–  Zona superior: expansão imaginativa, própria dos
sonhadores e dos idealistas.
–  Zona da esquerda: é a do passado, pertence aos indivíduos
que voltam à infância.
–  Zona da direita: refere-se ao futuro.

•  Orientação do traçado.
–  Da esquerda para a direita: movimento progressivo natural.
–  Da direita para esquerda: movimento regressivo.
Interpretação
–  Ao nível das estruturas formais

I.  Avaliação desenvolvimental que se refere à


aquisição do esquema corporal e ao
funcionamento cognitivo.

–  O desenho é também influenciado por


fatores afetivos e pelo equilíbrio total da
personalidade.
Interpretação
•  Ao nível das estruturas formais

II. A estrutura formal do grupo de


personagens figuradas, suas intenções
mútuas e o quadro, imóvel ou animado, no
qual evoluem.

–  Dois tipo de apreensão do real:


•  o sensorial e o racional
Interpretação
•  Interpretação a nível do conteúdo

–  Princípio do prazer (o sujeito está em dificuldade


com a sua família real e transforma o real
consoante as suas necessidades).

–  Princípio da realidade (o sujeito desenha a sua


família, tal como ela é, pois está capaz de gerir as
suas relações familiares).
Interpretação

•  As tendências positivas para com um


personagem levam à valorização, enquanto
que as tendências negativas levam à sua
desvalorização no desenho, até ao seu
desaparecimento.
Interpretação
•  Valorização de um personagem: avalia-se por
diversos indicadores.

•  é a primeira pessoa a ser desenhada;


•  é desenhada com mais cuidado;
•  é a mais rica em pormenores;
•  ocupa uma posição central no desenho;
•  é desenhada em proporções maiores;
•  valorizada durante o questionário.
Interpretação
–  Desvalorização de um personagem: vê-
se pelos indicadores contrários .

•  desenhada menor que as demais;


•  a pessoa é desenhada em último lugar;
•  é colocada à distância dos outros;
•  o seu desenho é menos cuidado;
•  depreciada por um atributo negativo;
•  pode acontecer que a pessoa seja riscada.
Interpretação
•  Mecanismos de defesa

–  Quanto mais os mecanismos de defesa


utilizados correspondem a mecanismos
imaturos mais perturbadora é a situação
familiar do indivíduo e menos capaz ele
estará de gerir as suas relações com a
família.
Interpretação
•  As defesas do eu contra a angústia

–  Se uma criança tem ciúme de um irmão, poderá


suprimi-lo (negação da existência) ou colocá-lo na
posição de primogénito (inversão de papéis) ou
tomar o seu lugar (identificação com o rival)
(regressão).

–  Cada vez que uma criança se desvaloriza


(pequena e à margem da página, pior ou menos
feliz), é porque sofre de angústia de culpabilidade.
Interpretação
•  Proximidade: Indica a presença ou o desejo de
laços entre as pessoas envolvidas.

–  Afastamento: indica a dificuldade em se


estabelecer um relacionamento positivo no seio
da família.
•  Pode ser um afastamento do próprio, que se
sente excluído.
Interpretação
•  Identificações

–  Avaliar se a criança faz uma identificação


de realidade (o que indica que ela está
bem com ela própria no seio da família) ou
uma identificação diversa da sua.
4.2. Análise do Desenho da
Família (Corman, 1979)
•  O Desenho da Família (Anexo III) obedeceu
ao princípio da realidade, com um
movimento inicial da direita para a esquerda
(desenhou a mãe em primeiro lugar), tendo
sido posteriormente retomado o movimento
natural. Desenhou a quase totalidade dos
membros da própria família (exclui a gravidez
da mãe e o irmão mais velho).
4.2. Análise do Desenho da
Família (Corman, 1979)
•  A rivalidade fraterna relativamente ao irmão
que está quase a nascer e também face ao
irmão mais velho, dado que os eliminou
respectivamente do desenho e da barriga da
mãe e, portanto, da família (a negação
constitui um processo de defesa arcaico); e,
finalmente, o seu sentimento de
distanciamento e exclusão relativamente a
esta família (desenha-se à margem da
página, confirmando a existência de angústia
de abandono e de culpabilidade).
4.2. Análise do Desenho da
Família (Corman, 1979)

•  É um desenho investido, com clara


diferenciação sexual, assim como dos papéis
representados e autoridade. O gesto é
amplo, o que indica expansão vital e
extroversão, e o traço é normal.
Exemplo 2
•  Ao nível da interpretação formal, verifica-se que o
gesto/amplitude do traçado é relativamente amplo
(as pessoas são desenhadas em proporção normal),
o que indica alguma expansão vital, e a força do
traçado é normal. Graficamente, ocupa mais a zona
inferior da página (indicador de fadiga, neurose,
astenia e depressão) e um embora relativamente
centralizado o desenho inclina-se um pouco para a
zona esquerda (zona do passado, pertence aos
indivíduos que voltam à infância).
Exemplo 2
•  A orientação do traçado foi da esquerda para a
direita (desenhou o pai em primeiro lugar), o que
indica movimento progressivo natural. Verifica-se
adicionalmente zonas brancas, o que indica zonas
interditas, todo o impulso para o alto, toda a
imaginação está proibida por uma censura interior ou
exterior. Ao nível das estruturas formais, verifica-se a
aquisição do esquema corporal e funcionamento
cognitivo adequado. O modo de percepção do real é
sensorial, indicando alguma espontaneidade, linhas
curvas e existem detalhes que indicam algum
dinamismo por parte das figuras.
Exemplo 2
•  Ao nível da interpretação do conteúdo, o desenho
obedeceu ao princípio da realidade, o que indica que
a criança se manteve no real e desenhou a sua
própria família pois está capaz de gerir as suas
relações familiares. Este facto revela que a Inês está
adaptada ao seu meio familiar, sentindo-se bem no
seu núcleo familiar e em relação aos elementos da
sua família. Desenhou a totalidade dos membros da
própria família nuclear (pai, irmã, mãe e a criança).
Exemplo 2
•  No desenho sobressai a identificação com o pai, o
primeiro a ser desenhado e o mais investido. De
seguida, desenha a sua irmã mais velha e a mãe
com menos investimento que a figura paterna, mas
com cuidado e detalhe e, por último, a própria. Não
há indicação de desvalorização de nenhum membro
pelo que não existem tendências negativas. Desenha
todos os elementos com bastante proximidade
mostrando a presença de laços fortes entre as
pessoas envolvidas.
Exemplo 2
•  Refere que o desenho é uma recriação de uma foto
de família no jardim em frente à sua casa, na Páscoa
passada, e que se pudesse alterar qualquer coisa do
desenho, acrescentaria um fundo para que este
ficasse o mais aproximado com a realidade da foto.
Exemplo 2
•  Quando questionada sobre quem é o mais simpático
na família que desenhou, responde ‘’a mãe porque
sempre que faço algo de mal, ela sabe que não foi
de propósito’’ (sic.); sobre quem é o menos
simpático, esta responde ‘’a irmã porque resmunga
muito comigo’’ (sic.); sobre quem é o mais feliz diz
que não sabe, mas que o menos feliz às vezes é ela
porque sempre que acontece alguma coisa as
consequências são direcionadas para si;
Exemplo 2
•  por último, quando questionada sobre quem era o
preferido ou o melhor na família em que desenhou,
esta respondeu: ‘’não há melhor nem
preferido...gosto de todos’’. Verifica-se alguma
defesa do eu contra a angustia, considerando que se
considera por vezes menos feliz e desvaloriza-se
parcialmente. É um desenho investido, com clara
diferenciação sexual, assim como dos papéis
representados e autoridade
Exemplo 2
•  Durante toda a realização do teste, a criança
manteve-se calma, empenhada, motivada e com boa
postura (ambos os braços na mesa, mão esquerda
como mão de apoio a segurar a folha enquanto
desenha com a direita e manuseia o lápis
corretamente).

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