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Desenho da Família

Teste de personalidade que pode ser usado na prática clínica com o objetivo de avaliar o
estado afetivo da criança e a estruturação da personalidade, permitindo perceber a sua
representação do contexto familiar.

Deve pedir-se para a criança desenhar uma família imaginária, para não condicionar a
criança.

 Também fornece dados acerca da maturidade psicomotora e da formação do


esquema corporal. Constitui um início da relação com a criança – tarefa aceite
com agrado.

O mais importante de tudo é que é uma prova de fácil acesso, a criança não recusa.
Algumas crianças não sabem o que é uma família então tem de se explicar. “uma família
podem ser pessoas, podem ser animas, podem ser várias coisas e normalmente são
aqueles que estão juntos e que cuidam uns dos outros”

Deve-se pedir à criança que desenhe uma família da sua imaginação, na qual ela irá
projectar-se muito mais.

Se o pedido fosse para desenhar a sua família, corre-se o risco de limitar a expressão
livre da criança, pois poderá sentir-se obrigada a fazê-lo de modo completamente
objectivo.

A criança irá desenhar a família não tal como ela é, mas como representa o seu
conteúdo.

IDADE: A partir dos 5 ou 6 anos

MATERIAL: Papel, Lápis, e não se dá à criança Borrachas nem Réguas, se a criança


quiser emendar algo entrega-se uma nova folha. Deve ser posta na mesa a filha com um
lápis a meio para ver como a criança pega no lápis e o como o usa

Etapas:

1. Desenho da Família Imaginária


a. “Sabes que há famílias de muitas coisas... Há famílias animais, famílias
de objetos e de muitas outras coisas. Queria que desenhasses uma família
da tua imaginação, uma família que tu inventasses.”
2. História ou entrevista
3. Desenho da Família Real
a. “Agora queria que desenhasses a tua família”
4. História ou entrevista

Entrevista:

Interessa-nos analisar o próprio desenho e a história. Enquanto a criança faz o desenho


podemos ir falando com a criança e perguntar o que ela está a fazer. Se ela estiver a
falar sobre algo podemos falar com ela.

Para cada personagem, perguntar:

 Quem é (qual o seu papel na família)


 O nome (pode dizer ou não)
 A idade (importante)

Ainda devem ser colocadas as seguintes questões e para cada uma delas o psicólogo
deverá requerer uma explicação: “Porquê?”

 Qual é o mais simpático?


 Qual é o menos simpático?
 Qual é o mais feliz?
 Qual é o menos feliz?
 Quem manda mais?
 Quem manda menos?

Algumas perguntas a fazer:

 Se tu pertencesses a esta família, quem gostarias de ser? (só para o desenho da


família imaginária)
 Imagina que iam dar uma volta de carro, que iam passear; mas havia uma que
não cabia no carro. Quem ficava? (proporcionar a escolha, a resposta vai
depender da idade da criança)
 Imagina que alguém tinha feito alguma coisa má/uma asneira, quem era? O que
acontecia? Porquê?
 O que vai acontecer a seguir?
 Se pudesses mudar alguma coisa nesta família, o que é que mudavas?
Não é um questionário rígido, logo fica ao critério do psicólogo o uso de todas as
questões.

A maneira como o desenho é realizado é quase tão importante como o desenho final. É
necessário que o psicólogo esteja presente e atento, sem dar impressão de vigilância ou
avaliação.

 É necessário encorajá-la, referindo que o importante é o que ela vai desenhar e


não a perfeição do mesmo.
 Ter atenção em que ponto da página o desenho foi iniciado e por que
personagem.
 É importante verificar o tempo empregue para desenhar cada uma das
personagens, o cuidado aplicado aos detalhes ou a tendência para retomar à
mesma personagem.

Através deste teste pretende-se explorar aspetos psicodinâmicos

 Revelar precocemente conflitos da criança


 Perceção que ela tem da sua família
 Perceção de sentimentos e atitudes em relação aos diferentes membros

Interpretação: a Nível gráfico  Nível das estruturas da forma  Nível do conteúdo

Nível Gráfico:

 Amplitude do traço
o A amplitude do traço verifica-se quando o traçado é maior ou mais
restrito
o Associa-se com expansão vital ou inibição
 Força do traço
o Representa a força dos impulsos, com liberação ou inibição dos instintos
o Estes aspetos podem ser considerados em relação ao desenho total ou
podem enfatizar uma personagem
 Por ex. Desenhar uma personagem bem maior que as outras
 Ritmo do traço
o Subentende-se por ritmo a forma como a criança desenvolve a tarefa
 De forma mais espontânea
 Numa repetição simétrica de traços, pontos, etc
 Alto grau de minuciosidade que pode chegar a ser compulsivo
 Localização da página
o Parte superior: expressão da fantasia
o Parte inferior: ausência da fantasia, de energia. Zona de depressão
o Lado esquerdo: relaciona-se com o passado
o Lado direito: relaciona-se com o futuro
o Lugares que ficam vazios: significam zonas proibidas
o (Cuidado face a interpretações desenquadradas! Tem de ser tudo
contextualizado com a história da criança)
 Movimento do traço
o O movimento do traçado da esquerda para a direita tem um sentido
progressivo
o O movimento do traçado da direita para a esquerda tem um sentido
regressivo

Nível das Estruturas Formais:

 A representação da figura humana é pressuposta como o esquema corporal do


sujeito, sendo possível avaliar a sua maturidade e a presença de transtornos do
esquema corporal.
 Grau de perfeição do Desenho (maturidade desenvolvimental; fatores afetivos e
estruturação da personalidade)
 Estrutura Formal do Grupo
o Tipo sensorial: estimulação emocional, representações mais espontâneas
e livres, em que predominam linhas curvas
o Tipo racional: representações mais rígidas, em que se salientam as linhas
retas
 Não é frequente uma criança com ¾ anos fazer uma casa direitinha

Nível do Conteúdo:

 É a este nível que são considerados os aspectos projectivos do desenho.


o Nota-se que as defesas operam de forma mais activa
o Situações geradoras de ansiedade são afastadas mais resolutamente
o Identificações regem-se pelo princípio do poder
 Antes de se interpretar num sentido projetivo, recomenda-se que se examine em
que medida o desenho obedece ao princípio da realidade (com a representação
exata da família real) ou se resulta puramente da fantasia da criança, que, então
projetará tendências pessoais diversas em personagens distintas.
 As regras que dirigem a análise variam segundo o nível de projeção
o Deve ser determinado pela comparação da família desenhada com a
família real, autêntica
 Não se deve fazer uma interpretação às cegas, mas sim procurar uma
“convergência de indícios” em dados de outras fontes, para a confirmação das
hipóteses levantadas a partir do desenho.
 Ao nível do conteúdo devem-se salientar quatro pontos:
o A valorização da personagem principal
o A desvalorização de uma personagem
o A distância entre as figuras
o A presença de representações simbólicas
 A personagem principal é a mais importante no sentido de que as relações do
sujeito com ela são especialmente significativas, seja porque a admira, inveja,
teme, seja porque com ela se identifica.
o Quem é a primeira figura a ser desenhada (?)
o Quem é colocada em primeiro lugar
o Quem é a de maior tamanho
o A quem fez por merecer um traçado mais cuidado ou com mais adornos
o Pela localização ao lado de uma figura também importante
o Desenhado em posição central
 A desvalorização de uma personagem implica intentos de negação
o Omissão total de uma figura ou de detalhes da mesma
o Tamanho menor
o Colocada em último lugar
o Distanciada das demais, ou em plano inferior
o Representação menos cuidada ou detalhada
 A distância entre as figuras associa-se a dificuldades no relacionamento
o Pode ser indicada pelo afastamento entre as representações das
personagens
o Ou por outros indícios, como um traço de separação
 A presença de representações simbólicas
 Inclusão de animais domésticos ou selvagens, no desenho da criança, que
serviriam para a expressão mais livre de diferentes tendências pessoais, que
podem assim ser desmascaradas.
o Desenhar irmãos como figuras de animais seria uma forma de
desvalorizá-los como pessoas.
o Como se tratam de representações simbólicas, deve-se tentar analisar a
sua possível significação
 A este nível, Corman (1976) dá uma ênfase importante à interpretação dos
conflitos infantis, principalmente aos que considera mais notórios
o Os conflitos de rivalidade fraterna e os conflitos edípicos.

NO FINAL DO DESENHO DA FAMILIA FAZ-SE O QUESTIONÁRIO DE


ZELAZOSCA

Teste de Desenho da Figura Humana de F. Goodenough

Instrumento aceitável como medida não-verbal, para sondagem breve das capacidades
intelectuais, particularmente em crianças com 3,5 a 13 anos de idade.

A sua popularidade deve-se ao facto de ser não-verbal, á facilidade e rapidez de


aplicação e ao facto de poder ser administrado coletivamente.

 Nunca deve ser usado para fins de tomada de decisão.

Baseado no pressuposto de Goodenough (1926) de que a inteligência de crianças nos


primeiros anos de escolaridade pode ser estimada a partir dos seus desenhos da figura
humana funcionaria como um meio de medir a complexidade da aptidão para formar
conceitos. A utilização da figura humana justifica-se atendendo a que é a figura mais
familiar e significativa para a criança.

A revisão de Goodenough-Harris (1963) inclui um sistema de cotação mais extenso e


objetivo, assim como duas formas adicionais: Teste de Desenho da Mulher e Teste de
Desenho de Si-Próprio. Este último constitui, igualmente, um meio de avaliar o
autoconceito. Os testes de Desenho da Figura Humana podem também ser utilizados
como técnica projetiva.

Material:

 Superfície plana
 Folhas brancas tamanho A4 (fornecer uma de cada vez/colocar a folha branca
com o lápis a meio)
 Dois lápis nº2

Sujeito a avaliar: criança com idade compreendida entre 3,5 anos e 13 anos

1º Homem

“Vou-te pedir que faças alguns desenhos. Primeiro, quero que me desenhes um homem.
Faz o melhor desenho que conseguires. Demora o tempo que for preciso e trabalha com
muito cuidado. Eu digo-te quando deves parar. Lembra-te que deves desenhar o homem
todo. Podes começar.”

2º Mulher

“Desta vez, quero que desenhes uma mulher. Faz o melhor desenho que conseguires.
Demora o tempo que for preciso e trabalha com muito cuidado. Não te esqueças de que
deves desenhar a mulher toda. Podes começar”.

3º Próprio

“agora, quero que faças um desenho de ti mesmo. Faz o melhor desenho que
conseguires. Demora o tempo que for preciso e trabalha com muito cuidado. Eu digo-te
quando deves parar. Lembra-te que deves desenhar-te todo completo. Podes começar”

 Conceder o tempo máximo de 5 minutos para cada desenho. Registar claramente


em cada desenho se se trata do Homem, da Mulher ou do Próprio.
 Ás questões colocadas pelo sujeito deve-se responder: “Isso é contigo. Podes
fazer como quiseres”. Se a criança diz que não consegue, deve-se encorajá-la
dizendo qualquer coisa como “faz o melhor que conseguires. Tenho a certeza de
que consegues”

Dados a recolher:

 Nome
 Data de nascimento
 Data da avaliação
 Idade cronológica (3,5 a 13 anos)
 Nível escolar
 Escola que frequenta
 Residência
 Profissão da mãe e do pai
 Habilitações da mãe e do pai
 Como foi o parto
 Observações (referir se a criança tem ou já teve: problemas escolares; estes
conduziram ou não a repetições; problemas de saúde; se sim de que tipo;
problemas emocionais; alguma vez foi seguido em consulta de
Psicologia/Psiquiatria?).

Cotação:

Se for uma criança muito pequenina vemos só a fase do luquete

Classe A:

 Nesta classe não é possível identificar o tema. A única cotação possível oscila
entre 0 e 1 (não está presente / está presente).
 A nota será de 0, se o desenho consiste unicamente em rabiscos ao acaso e sem
controlo; e de 1, se os traços acusam um certo controlo e parecem corresponder
a uma certa orientação da criança.
 Os desenhos deste tipo exibem muitas vezes a forma tosca de um quadrado, de
um triangulo ou de um círculo, executados de maneira muito rudimentar. Muitas
vezes, algumas dessas formas constituem um desenho simples. Se um desenho
desta classe contiver muitos detalhes convém pedir sempre explicações á
criança, pois pode acontecer que se enquadre melhor na classe B do que na
classe A.
 Depois de elogiar o seu trabalho pode-se dizer: “agora fala-me do teu desenho; o
que é isto que tu fizeste aqui?” se não houver resposta, mostrar-se um dos itens,
dizendo em tom animador: “Que é isto?” se apesar de tudo não responder ou
chamar a tudo sucessivamente “um homem”, neste caso o desenho será
classificado como de classe A; pelo contrário, se denominar as diferentes partes
de uma maneira lógica, então o desenho será avaliado segundo as normas dadas
para a classe B.
 Na classe A vemos apenas se as coisas estão presentes ou não mas não usamos
isso como medida de QI

Classe B:

 A este grupo pertencem todos os desenhos que, por mais rudimentar que seja a
sua forma de expressão, tentam de algum modo representar a figura humana.
Cada detalhe particular tem um valor positivo que conta para a nota final. Nunca
se atribuem meios pontos.

Cotação:

 É atribuído 1 ponto ou zero pontos face a 18 aspectos do desenho (cada ponto


tem vários aspectos)
 Ex. 1- Presença da cabeça,.... 18 - Figura em Perfil
 Nota final - somatório de pontos num máximo de 42 (seguindo o guião)
 Ex: Se a criança tem 26 pontos ela vai ter 9A e 6meses
 9x12 (para converter tudo em meses) + 6 meses = idade mental em meses
 O QI é a (idade mental / idade cronológica (data de hoje)) x 100
 Para fazer o calculo da idade cronológica é subtrair a data de nascimento à data
de hoje, caso os números não batam certo tira-se do anterior para por no segunte
(1 ano(12 meses) 1 mês (30 dias por defeito)), depois coloca-se em meses para
fazer a conta do QI.

EXEMPLO:

Pontuação obtida no teste = 18 pontos


Exemplo: 2010/05/26
 I.C.= 85 meses
- 2003/04/14
 I.M= 7 anos e 6 meses (90 meses)
0007/01/12
 Q.I.= Q.I.=I.M x 100 = 105
7x12=84+1=85
I.C
Nota: A pontuação do teste é convertida em idade mental através da tabela

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