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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

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FACULDADE INTEGRADA

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PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU

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A CONTRIBUIÇÃO DO SISTEMA LÍMBICO PARA AS FUNÇÕES COGNITIVAS E
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EXECUTIVAS NO CÉREBRO DA CRIANÇA


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Lilian Cunha de Jesus


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PR
TO
EN

ORIENTADORA
M

Profª. Marta Pires Relvas


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C
O
D

Rio de Janeiro
2016
UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
FACULDADE INTEGRADA
PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU

A CONTRIBUIÇÃO DO SISTEMA LÍMBICO PARA AS FUNÇÕES COGNITIVAS E


EXECUTIVAS NO CÉREBRO DA CRIANÇA

Apresentação de monografia à AVM Faculdade


Integrada como requisito parcial para obtenção do grau
de especialista em Neurociência Pedagógica.
Por: Lilian Cunha de Jesus

Rio de Janeiro
2016
AGRADECIMENTOS

Ao meu Deus, que ao me presentear com a vida, me deu o privilegio


de sonhar, me inspirou pensamentos abençoados a caminhar numa sociedade
justa. Concedeu-me dons de opções para escolhas. Com seu grande amor,
direcionou-me o caminho com perseverança, sensibilidade, para que eu seja
uma pessoa digna, agradeço pela conquista.
A minha Família, pelos incentivos, apoios vindos para continuar mais
esta jornada e pelo sonho realizado.
Aos professores que me ajudaram na ampliação dos conhecimentos
de maneira carinhosa e atenciosa, pelas suas lições, transmitindo-me suas
experiências, contribuições e incentivo a continuar o meu caminho.
A orientadora Marta Pires Relvas, que de imediato, deu todo o apoio
para grande evolução desta pesquisa e valorizou o simples tema, colaborando
magnificamente durante o percurso desta trajetória, contribuindo com incentivo
e apoio.
Aos meus amigos que me ajudaram com os materiais para pesquisa,
e proporcionaram-me oportunidades em acompanhar junto a mim esta
trajetória de vida, dando-me forças para conquistar todas as dificuldades e
tornar possível a busca por novos conhecimentos. Conquistei, sim, amizades e
lembranças de um sorriso amigo e um olhar cheio de carinho; e aqueles que
direta ou indiretamente estiveram presentes em todos os momentos.
DEDICATÓRIA

Dedico este trabalho à minha família, que muito


me apoiou e me incentivou a realizá-lo e a todos
que estiveram presentes na minha trajetória e que
contribuíram com entusiasmos ajudas e
colaboração.
RESUMO

O Presente estudo tem como objetivo expor a contribuição do


Sistema Límbico para as funções cognitivas e executivas no cérebro da
criança, e como essas funções contribuem para o desenvolvimento da criança
precisam ser conhecidos, compreendidos para desenvolvimento intelectual que
resulta da construção de um equilíbrio progressivo entre assimilação e
acomodação, o que propicia o aparecimento de novas estruturas motoras. Com
todo esse processo descrito, não basta dar estímulos aos alunos, crianças e
até mesmo adultos, temos que saber como fazer acontecer todo esse caminho
de forma suave e tranquila, que todos sem exceção, aprendam de formas
diferentes. Mas, como isso ocorre?
Existe uma necessidade de criar harmonia (comunicação) com os
alunos, conversando na mesma língua deles, a língua que eles entendam.
Essa é a forma em que os mesmo interiorizam (interpretam), codificam as
mensagens provindas do meio. Constatou-se que o cérebro é uma entidade
que esta em constante interação com o meio através de estímulos que vem a
facilitar ou dificultar a memorização. O cérebro está sempre querendo fazer
conexões entre as memórias novas e as já existentes, trata-se de um sistema
biológico aberto e flexível, que cresce e transforma a si próprio em resposta a
desafios e que encolhe na falta de uso. Então não existem dois cérebros iguais,
pois, uma vez que a aprendizagem modifica-o quanto mais uma pessoa
aprende, mais diferenciado torna-se o cérebro. Sendo o cérebro uma entidade
biológica com uma fenomenal plasticidade, devemos estimular os alunos a
desenvolver o poder de memorização através de plano de aula que venha
atender as necessidades, quanto ao armazenamento de informações
(experiência) para quando associadas possibilitar a aprendizagem sempre
respeitando a maturação e dificuldades do individuo.
Do primeiro ao terceiro capítulo são compostos de informações que
expõem o importante papel das contribuições do Sistema Límbico nas funções
executivas e cognitivas no cérebro da criança.
Logo foi de suma importância abordar a opinião de alguns dos
grandes estudiosos sobre esse assunto, embasando a ideia principal deste
estudo que é a funcionalidade do Sistema Límbico com a aprendizagem e as
emoções.

Palavras chave: Sistema Límbico, Aprendizagem, Funções cognitivas e


executivas, Emoção.
METODOLOGIA

Este trabalho trata-se de uma pesquisa realizada por um


levantamento bibliográfico, onde se utilizou como ferramentas para coletas de
dados, informações de artigos científicos, revistas, dissertações, sites e livros
que abordassem a contribuição do Sistema Límbico para as funções cognitivas
e executivas no cérebro da criança. Os principais autores utilizados na
realização deste trabalho foram: Marta Pires Relvas, Roberto Lent, Galeno
Alvarenga, Fran Joseph Gall, Joseph LeDoux, Walter Brandford Cannon, Paul
MacLean, Philip Bard, Ramon Moreira Cosenza, Charles Darwin.
SUMÁRIO

INTRODUÇÃO 09

CAPÍTULO I

A funcionalidade do sistema límbico 11

CAPÍTULO II

Funções cognitivas e executivas no cérebro da criança 23

CAPÍTULO III

A construção da aprendizagem em meio às emoções 35

CONCLUSÃO 47

BIBLIOGRAFIA 49

ÍNDICE 51
INTRODUÇÃO

Sabe-se que o Sistema Límbico está intimamente ligado à regulação


dos processos emocionais, à regulação do sistema nervoso autônomo e
também dos processos motivacionais essenciais à sobrevivência da espécie e
do indivíduo (fome, sede, sexo). Também está ligado ao mecanismo da
memória e da aprendizagem, bem como à regulação do sistema endócrino
fazendo do sistema límbico o responsável basicamente por controlar as
emoções e as funções de aprendizado e da memória, localizado nas estruturas
do cérebro tem formato de um anel cortical de cor acinzentada, formado por
neurônios ele possuindo várias estruturas e cada uma delas tem suas funções.
Entender como o cérebro se transforma, evolui e funciona, é primordial para as
conquistas não só na aprendizagem como no ensino, áreas pedagógicas e
áreas emocionais.
Os sentimentos e as emoções são, na maior parte das vezes
provocadas pela visão, audição, odor de certos objetos ou seres. As emoções
desencadeiam manifestações vivas, que tem sempre dois aspectos: motor e
vegetativo, tais como o medo, cólera, desejo, etc. Quando temos uma emoção
muito forte, a frequência cardíaca aumenta, os olhos enchem de lágrimas,
ficamos pálidos e depois ruborizados. O responsável pela regulagem desses
fenômenos é o Sistema Límbico, que se localiza na parte interna dos
hemisférios cerebrais, funciona em conjunto com uma parte do lobo frontal para
que nossas emoções e expressões afetivas estejam dentro dos limites
“normais”.
As funções cognitivas são divididas em: memória, atenção,
linguagem, percepção e funções executivas. O sistema cognitivo nada mais é
do que a relação entre estas funções, desde os comportamentos mais simples
até os de maior complexidade, que exigem muito mais do nosso cérebro.
A função executiva, muitas vezes, é considerada uma parte geral da
função cognitiva. Isso significa que ela está envolvida na regulação todos os
tipos de comportamentos, tais como aqueles que envolvem a linguagem, a
memória, o raciocínio, etc. No entanto, alguns autores têm sugerido que o
comportamento emocional, social e motivado (por exemplo, decidir-se entre

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comer um pedaço de bolo ou abraçar um ente querido) pode ser mais difícil de
controlar e até mesmo exigir um tipo diferente de mecanismo em comparação
com condições emocionalmente neutras, as funções executivas são processos
multidimensionais de controle cognitivo que se caracterizam por serem
voluntários e exigir um alto esforço. Eles incluem a capacidade de avaliar,
organizar e alcançar metas, bem como a capacidade de adaptar o
comportamento com flexibilidade ao ser confrontado com novos problemas e
situações.
Pretende-se discutir nesse estudo as contribuições do Sistema
Límbico para as funções cognitivas e executivas no cérebro da criança,
entendendo como cada área está interligada executando suas funções para
alcançar uma aprendizagem satisfatória.

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CAPÍTULO I
A FUNCIONALIDADE DO SISTEMA LÍMBICO

Há mais de um século realizam-se cruzadas para a terra prometida


do cérebro, uma busca do Santo Graal emocional, a região ou rede cerebral
que irá esclarecer de onde vêm a culpa, a vergonha, o medo e o amor.
Em meados do século, quando a teoria do sistema límbico para as
emoções foi apresentada, o prêmio parecia finalmente estar ao alcance da
mão. Esse conceito extraordinário explicava a vida emocional como uma rede
que evoluíra no cérebro para promover as funções necessárias à sobrevivência
do indivíduo e da espécie. A teoria do sistema límbico reivindicava nada menos
do que a descoberta da origem física do id Freudiano, segundo Gall:

“Afirmava que um pensamento ou uma emoção não


acontece apenas em uma região, envolve todos os
sentidos.” (FRAN JOSEPH GALL, 2001, p.69)

Contudo, no princípio da década de 80, raras eram as pesquisas


sobre os mecanismos cerebrais da emoção. Sem dúvida a amplitude da
revolução cognitiva (que excluía a emoção enquanto tópico de pesquisa) para
a ciência do cérebro contribuiu para esse estado de coisas, mas o mesmo fez o
aparente caráter definitivo da teoria do sistema límbico enquanto origem de
emoção. Tudo indicava que o cérebro emocional, ao menos em linhas gerais,
fora compreendido.
Não é possível superestimar o impacto do conceito de sistema
límbico. Ele exerceu uma tremenda influência não apenas sobre a nossa
maneira de considerar as funções emocionais, mas também a organização
estrutural do nosso cérebro. A cada ano, legiões de estudiosos da neurociência
aprendem onde se encontra e o que faz o sistema límbico. Infelizmente, porém,
há um problema.

Segundo MacLean, (2001, p.63 Cérebro Emocional), “a teoria do


sistema límbico mostrou-se equivocada com algumas justificativas para o

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cérebro emocional e alguns cientistas chegaram mesmo a afirmar que o
sistema límbico não existia”. Assim, antes de ir além e apresentar-lhes a
concepção do cérebro emocional, uma série de justificativas poderia ser
oferecida, uma das delas, embora imprecisa, seria que o sistema límbico era
uma expressão anatômica útil para definir áreas localizadas entre o hipotálamo
e o neócortex.
Logo depois dos debates entre Gall e seus detratores, os
pesquisadores do cérebro puseram-se a questionar localização funcional no
cérebro, por meio da abordagem experimental.
A teoria da evolução de Darwin oferecera aos cientistas todas as
razões para acreditarem na existência de uma continuidade entre a estrutura
biológica (e até mesmo psicológica) do homem e a de outros animais, e os
pesquisadores dedicaram-se ao estudo de outras espécies na esperança de
chegarem a importantes conclusões sobre o cérebro humano e suas funções;
tudo isso baseado no livro “A expressão das emoções no homem e nos
animais”.
Uma das primeiras descobertas obtidas a partir de estudos
experimentais do cérebro foi a de que a estimulação elétrica de determinadas
regiões do córtex eliminava movimentos de partes especificas do corpo, e as
lesões cirúrgicas nas mesmas regiões produziam déficit na realização de
movimentos nessas partes. As áreas em questão localizam-se na região
anterior do córtex, hoje conhecida como córtex motor, cuja participação
fundamental no controle do movimento da medula espinhal que, por sua vez,
envia mensagens que controlam o movimento dos membros e de outras áreas
do corpo. A estimulação de regiões na parte posterior do córtex não produziu
movimentos, mas a secção nessas áreas alterava a percepção normal das
informações recebidas pelos olhos, ouvidos ou pele, deixando os animais
cegos, surdos ou insensíveis ao toque, dependendo da localização das lesões.
Atualmente essas áreas são conhecidas como regiões visual, auditivas e
somato sensórias do córtex cerebral.
O cérebro pode ser dividido em três grupos ao longo do eixo vertical,
a parte posterior do cérebro, o mesencéfalo e o prosencéfalo. Ascendendo da
parte posterior para o prosencéfalo, as funções representadas passam de

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psicologicamente primitivas para a psicologicamente elaborada. O hipotálamo,
mais ou menos do tamanho de um amendoim no cérebro humano, situa-se na
base do prosencéfalo e forma a interface entre o prosencéfalo
psicologicamente complexo e as áreas inferiores mais primitivas.
Na época de Bard e Cannon, o hipotálamo era considerado o
responsável pela regulação do sistema nervoso autônomo, e para eles parecia
lógico que as reações físicas próprias de emoções fortes fossem controladas
pelo hipotálamo, no prosencéfalo.
A teoria Cannon e Bard foi elaborada com base no fato bem
conhecido de que os sistemas sensoriais, responsáveis pela assimilação de
informações provenientes do mundo exterior, enviam-nas para regiões
especializadas do córtex cerebral, informações dos olhos vão para o córtex
visual, informações dos ouvidos vão para o córtex auditivo. Entretanto, em suas
jornadas rumo às áreas corticais especializadas, as mensagens sensoriais
fazem uma parada em regiões subcorticais nas estações de posta talâmicas.
Assim como seus parceiros corticais, essas regiões talâmicas também são
especializadas em processamento sensorial (o tálamo visual recebe sinais de
receptores nos olhos e retransmite-os para o córtex visual, enquanto o tálamo
auditivo recebe sinais acústicos de receptores nos ouvidos e retransmite-os
para o córtex auditivo). Porém, acreditava-se igualmente que certas regiões
talâmicas retransmitem mensagens sensoriais não para o córtex, mas para o
hipotálamo. Em consequência, o hipotálamo deveria ter acesso a informações
sensoriais praticamente ao mesmo tempo em que o córtex. E uma vez que
esses sinais eram recebidos pelo hipotálamo, ele podia então estimular o corpo
a produzir as respostas autônomas e comportamentais típicas das reações
emocionais. Para Cannon e Bard, isso explicava porque a retirada do córtex
não impedia a expressão das emoções e porque a teoria cortical de James
Papez estava errada (as reações emocionais são controladas pelo hipotálamo
e não pelo córtex motor, e as sensações poderiam ativar o hipotálamo
diretamente, sem passarem pelo córtex sensorial).
O ano de 1937 representou um marco para o cérebro emocional.
Nesse ano não apenas foi publicada a teoria Papez (descoberta pelo
anatomista James Papez, que tentava localizar no sistema nervoso as bases

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ligadas a emoção. Papez percebeu que as regiões eram conectadas, formando
um circuito, conhecido hoje como ‘’Circuito de Papez”). Pesquisadores vinham
estudando as regiões do cérebro que são mediadoras de alucinações visuais
induzidas por drogas quando esbarraram com um conjunto extraordinário de
observações sobre os efeitos de lesões nos lobos temporais de macacos. O
córtex cerebral lateral pode ser dividida em quatro sub-regiões, conhecida
como lobos. O lobo occipital situa-se na parte posterior e abriga o córtex visual,
a parte de trás da cabeça, mais precisamente na região da nuca, que recebe
todas as informações captadas pelos olhos; melhor dizendo, sua especialidade
é a visão.
Obviamente, o lobo frontal situa-se anteriormente, logo acima dos
olhos, assim chamado por localizar-se na parte frontal do crânio. Ele parece ser
particularmente importante por ser responsável pelos movimentos voluntários e
também por ser o lobo mais significante para o estudo da personalidade e
inteligência. Entre lobos frontal e occipital estão os lobos temporal que possui
uma área especial chamada córtex auditivo, como o próprio nome já diz, esta
área está intimamente ligada a audição e parietal que está localizado na parte
posterior do lobo frontal. Ele possui uma área denominada somatossensória,
responsável pela percepção de estímulos sensoriais que ocorrem através da
epiderme ou órgãos internos.
As pesquisas sobre a origem neurológica das emoções foram
interrompidas pela II Guerra Mundial, mas retomadas com toda força em 1949,
quando Paul MacLean recuperou e ampliou a teoria de Papez.
Na verdade, a teoria Papez poderia ter desaparecido
silenciosamente no passado se não tivesse se tornado importante fonte de
inspiração para o tratado MacLean. MacLean buscou construir uma teoria
abrangente para o cérebro emocional. Recorrendo ao trabalho de Cannon e
Papez, MacLean observou a importância do hipotálamo para a expressão
emocional e do córtex cerebral para a experiência emocional. Procurou
identificar alguma forma de comunicação entre essas regiões, permitindo,
dessa maneira, que as qualidades afetivas da experiência exercessem sua
influência sobre os sistemas de controle comportamental e autônomo, na

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produção de reações emocionais e na criação de manutenção de doenças
psicossomáticas tais como hipertensão, a asma e as úlceras pépticas.
Ele sustentava que as emoções implicam a integração de sensações
provenientes do meio ambiente externo com as sensações viscerais intrínsecas
ao corpo, e que essa integração se dá no cérebro visceral. Sua teoria
constituía, essencialmente, uma hipótese de feedback para a natureza das
emoções, não muito distante da hipótese de James; isto é, estímulos
emocionais do mundo externo produzem reações nos órgãos viscerais.
Em seguida, mensagens desses órgãos internos são transmitidas ao
cérebro, onde são integradas às percepções atuantes do mundo externo. Essa
integração dos mundos interna e externa foi classificada como o mecanismo
gerados do sistema emocional.
Em 1952, três anos após a publicação da hipótese do cérebro
visceral, MacLean introduziu a expressão “sistema límbico” como o novo nome
para o cérebro visceral. Límbico origina-se da descrição feita por Broca para a
borda do córtex medial, que posteriormente veio a chamar-se rinencéfalo. Mas
ao contrário de Broca, MacLean tinha em mente a função, e não a estrutura
quando envolveu o córtex límbico de Broca e relacionou as regiões corticais e
subcorticais ao Sistema Límbico.
Baseado no neurocientista MacLean uma vez que adicionou às
áreas do circuito de Papez regiões como a amígdala, o septo e o córtex pré-
frontal no Sistema Límbico, propôs então que as estruturas do Sistema Límbico
compreendesse uma evolução neurológica filogeneticamente primitiva que
funciona de maneira integrada, na verdade como um sistema, promovendo a
sobrevivência do indivíduo e da espécie. Esse sistema desenvolveu-se como
um mediador das funções viscerais e comportamentos emocionais, inclusive
alimentação, defesa, luta e reprodução. E é fundamental para a vida emocional
ou visceral do indivíduo.
Para MacLean, o Sistema Límbico compõe-se do córtex
filogeneticamente primitivo e de áreas subcorticais anatomicamente correlatas.
O córtex filogeneticamente primitivo é o córtex encontrado em animais muito
primitivos (no sentido evolutivo). Embora esses animais, muitos tenham
desaparecida, sua progenitura mais distante ainda se faz presente, e podemos

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analisar os cérebros de peixes, anfíbios, pássaros e repteis vivos para
verificarmos que espécies de regiões corticais eles possuem e compará-las
com as áreas presentes nas criaturas mais recentes, seres humanos e outros
mamíferos. Ao se fazer o mesmo, no começo deste século, os anatomistas
concluíram que os animais inferiores possuem apenas o córtex medial
(primitivo), mas os mamíferos apresentam ambos os córtex, medial e lateral
(recente).
MacLean propôs também que as áreas do Sistema Límbico fossem
verificadas tomando como base sua participação nas funções viscerais.
Embora seja verdade que certas áreas tradicionalmente incluídas no sistema
límbico contribuem para o controle do sistema nervoso autônomo, considera-se
atualmente que outras regiões, como o hipocampo, têm uma participação
menor nas reações emocionais e autônomas do que na cognição, outros
autores não incluem que as funções do Sistema Límbico (em especial os do
tronco cerebral inferior),têm uma participação fundamental na regulação
autônoma, que não representa, um elemento sugestivo para a identificação do
Sistema Límbico. Maclean havia sugerido que o sistema teria uma participação
nas funções emocionais primitivas, mas não nos de abstração superiores.
Evidentemente, o envolvimento com as funções emocionais tem sido
considerado outra atribuição do Sistema Límbico. Se o Sistema Límbico é o
sistema das emoções, estudos mostrando que áreas do cérebro estão
vinculadas a da emoção deveriam esclarecer onde se situa o Sistema Límbico.
Esse tipo estudo é secundário.
A teoria de o Sistema Límbico tem o objetivo de mostrar a
localização das emoções no cérebro como base num certo conhecimento da
evolução, emoção cerebral. Fazer uso da pesquisa sobre as emoções para
descobrir o Sistema Límbico inverte esse critério. Os estudos sobre a emoção
podem localizar sistema emocional no cérebro, mas não o Sistema Límbico.
A teoria do sistema límbico foi uma teoria de localização que se
propôs a explicar onde se situa a emoção no cérebro. Entretanto, MacLean e
defensores subsequentes do sistema Límbico não conseguiram apresentar um
método adequado para se identificar que regiões do cérebro realmente fazem
parte do Sistema Límbico.

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Um dos pontos mais importantes de MacLean foi a compreensão da
importância da evolução do cérebro para o entendimento das emoções. As
emoções foram qualificadas como funções cerebrais atuantes na sobrevivência
do indivíduo e da espécie. Segundo a opinião mais favorável daqueles que o
sucederam, o erro de Maclean foi concentrar todo o cérebro emocional e sua
história evolutiva num único sistema. Creio que sua lógica da evolução
emocional mostrou-se perfeita, só que ele a aplicou de maneira generalizada.
De fato as emoções constituem funções que têm sua participação na
sobrevivência. Porém, as emoções diferentes serão associadas a diferentes
funções de sobrevivência, a proteção contra o perigo, encontrar alimentos e
companheiros, cuidar dos filhotes e assim por diante cada uma delas pode
perfeitamente requerer diferentes sistemas cerebrais, cuja evolução obedece a
diferentes razões. Por conseguinte, não pode haver um único sistema
emocional no cérebro, mas sim vários.
A importância de se conhecer o Sistema Límbico reside no fato de
que a linguagem corporal é, por excelência, a linguagem que revela as
emoções básicas. É fundamental que compreendamos que o funcionamento de
nosso sistema nervoso não abandona as estruturas mais antigas quando novas
áreas e funções são acrescentadas. Nossa experiência humana é um
complexo que engloba a cultura, mas que tem muito mais relação com o
orgânico do que imaginamos. Para uma boa analise do comportamento não
verbal é necessário entender que os processos emocionais básicos também
regulam nosso comportamento, assim como uma grande parte de nossas
crenças e valores conscientes que, por vezes, nos permitem superar os
primeiros “arroubos” emocionais.
Esse é outro aspecto importante para a análise do comportamento,
reconhecer uma emoção básica é apenas uma parte do trabalho. A segunda
coisa mais importante é imaginar se o sujeito dessa emoção se deixará orientar
por ela, ou utilizará de outra estratégia e processos para apresentar um
comportamento diferente do esperado. É por causa dessa “concorrência” de
reguladores do comportamento que você, muitas vezes, não se “deixa levar”
pela primeira emoção ou “impulso”, mas age com “a cabeça”. Dessa maneira,
entender o funcionamento do sistema límbico é entender um dos limitadores da

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cultura e da sua influência nas decisões humanas. Esse funcionamento
“básico” ainda é muito poderoso. Ele é a unidade responsável pelas emoções,
ele comanda certos comportamentos necessários à sobrevivência de todos os
mamíferos, interferindo positiva ou negativamente em todo o organismo,
segundo LeDoux:

“Estudando a emoção através do cérebro, ampliamos


enormemente as oportunidades de novas descobertas,
muito superiores as áreas que podem ser realizadas pela
experiência psicológica apenas.” (JOSEPH LEDOUX,
2001, p.25)

Segundo Goleman, (2012, p.19) em “O cérebro e a Inteligência


Emocional define a estrutura do sistema límbico sendo composta de: Tálamo
que são lesões ou estimulações do dorso medial e dos núcleos anteriores que
estão correlacionadas com as reações da reatividade emocional do homem e
dos animais. A importância dos núcleos na regulação do comportamento
emocional possivelmente decorre não de uma atividade própria, mas das
conexões com outras estruturas do Sistema Límbico; O núcleo dorso-medial
conecta com as estruturas corticais da área pré-frontal e com o hipotálamo. Os
núcleos anteriores ligam-se aos corpos mamilares no hipotálamo (e através
destes, via fórnix, com o hipocampo) e ao giro cingulado; giro do Cíngulo ele
contorna o Corpo Caloso, ligando-se ao giro para-hipocampal, peça importante
na fisiologia das emoções. Sua porção frontal coordena odores e visões
agradáveis de emoções anteriores. Participa da reação emocional à dor e da
regulação do comportamento agressivo. Ablação (cinguloctomia) em animais
causa domesticação total. No homem já foi empregada, em psicóticos graves;
tronco cerebral e a região responsável pelas reações emocionais. Na verdade,
apenas respostas reflexas de alguns vertebrados, como répteis e os anfíbios”.
As estruturas envolvidas são a formação reticular e o locus ceruleus,
uma massa concentrada de neurônios secretores de norepinefrina. É
importante assinalar que, até mesmo em humanos, essas primitivas estruturas

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continuam participando, não só dos mecanismos de alerta, vitais para a
sobrevivência, mas também da manutenção do ciclo vigília-sono.
Área tegmental ventral é o grupo de neurônios localizados em uma
parte do tronco cerebral. Uma parte dele secreta dopamina. A descarga
espontânea ou a estimulação elétrica dos neurônios da região dopaminérgica
na via mesolímbica produzem sensações de prazer, algumas delas similares
ao orgasmo.
Os Indivíduos que apresentam, por defeito genético, redução no
número de receptores das células neurais dessa área, tornam-se incapazes de
se sentirem recompensados pelas satisfações comuns da vida e buscam
alternativas "prazerosas" atípicas e nocivas como, por exemplo, alcoolismo,
cocainomania, compulsividade por alimentos doces e pelo jogo desenfreado.
No tronco cerebral é possível encontrar os vários núcleos (origens
reais) dos pares cranianos, bem como centros viscerais importantes para a
manutenção da vida, como são o centro respiratório e o centro vasomotor. A
ativação destas estruturas ocorre perante os diferentes estados emocionais.
Esta ativação faz com que se dê uma resposta periférica das emoções como é
o caso do choro, da sudorese, do aumento da frequência cardíaca, entre
outros.
Baseado em Goleman, (2012, p. 31) “Nesta porção do Sistema
Nervoso tem origem a via mesolímbica, via dopaminérgica, que se inicia ao
nível da área tegmental do Mesencéfalo. Esta via projeta-se para a área pré-
frontal e para o Sistema Límbico através da conexão com o núcleo Accumbens,
a amígdala e o hipocampo. Está relacionada com a regulação de fenômenos
emocionais, essencialmente associados ao prazer, recompensa e à
aprendizagem”.
Giro Para-Hipocampal Localiza-se no lobo temporal em sua parte
inferior. Esta área da córtex ladeando o hipocampo é ativada quando se
observa cenas e lugares.
Hipocampo, o nome deriva da sua vaga semelhança a um cavalo
marinho. Está envolvido na memória e na consciência espacial. Está acima do
giro para-hipocampal. Ligado a memória (nosso HD).

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Amígdala localiza-se no lobo temporal, armazena dados e aciona
toda a experiência emocional, controlando o comportamento de acordo com a
situação social. Lesão causa perda do sentido afetivo de percepção de uma
informação vinda de fora. Ex.: a pessoa sabe quem está vendo, mas não sabe
se gosta ou não dela (cegueira afetiva). Estimulação em animais causa
agressividade e reações fisiológicas ligadas ao medo. A destruição mostra
docilidade e sexualidade indiscriminativa.
O que está ligado a amígdala é mais do que afeição, qualquer
paixão depende dela. Animais que têm essa região retirada, perde o medo, a
raiva, o impulso de competição; a emoção fica embotada ou ausente.
Pesquisas revelam que amígdala é a sentinela emocional, capaz de assumir o
controle do cérebro. As pesquisas de Ledoux mostram que sinais sensoriais do
olho e da orelha viajam no cérebro primeiro ao tálamo e depois, por uma única
sinapse, para a amígdala. Somente depois é que o tálamo envia o sinal ao
córtex.
Amígdala e Hipocampo servem, para discernir o papel da amígdala
e do hipocampo, é só lembrar-se desse exemplo: o hipocampo é crucial no
reconhecimento do rosto de uma colega de classe, mas a amígdala é a que te
informa que você não gosta dela.
Embora a participação do sistema límbico, em especial do
hipocampo e da amígdala, no processo de consolidação da memória recente e
sua transformação em memória remota seja hoje geralmente aceita, não se
sabe exatamente como isto se faz. A hipótese mais tradicional é que a
memória recente é armazenada temporariamente no hipocampo e na
amígdala, sendo depois transferida para o neocórtex para armazenamento
permanente. Outra hipótese é que a memória recente já de início estaria no
neocórtex, onde seria gradualmente consolidada e transformada em memória
remota por ação do hipocampo e da amígdala, agindo através de suas
conexões com o neocórtex.
A estrutura do Sistema Límbico é dividida da seguinte maneira:
Área Septal está situada abaixo da parte anterior do Corpo Caloso.
Constitui um dos Centros do prazer do cérebro. Alguns acreditam ser o Centro

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do orgasmo (outros acham que quem comanda é o hipocampo, amígdala e o
núcleo caudado, em conjunto).
Lesões bilaterais da área septal em animais causam a chamada
"raiva septal", caracterizada por uma hiperatividade emocional, ferocidade e
raiva diante de condições que normalmente não modificam o comportamento
do animal. Há também um grande aumento da sede. Estimulações da área
septal causam alterações da pressão arterial e do ritmo respiratório, mostrando
o seu papel na regulação de atividades viscerais. Por outro lado experiências
de auto estimulação mostram que a área septal é um dos centros do prazer no
cérebro.
Hipotálamo, núcleos mamilares dos corpos mamilares. A sua porção
mediana estão mais ligada à aversão, desprazer e a tendência ao riso
incontrolável.
A maioria das modificações do comportamento observadas em
experiências com o hipotálamo de animais já foi também observada no homem,
em experiências realizadas durante o ato operatório ou como consequência de
traumatismos, tumores, lesões vasculares ou infecções desta região. Não
resta, pois, dúvidas de que o hipotálamo exerce um importante papel na
coordenação e integração dos processos emocionais.
O hipotálamo tem um papel preponderante como coordenador das
manifestações periféricas das emoções. Sabe-se, entretanto, que a
estimulação de certas áreas do hipotálamo do homem desperta uma sensação
de prazer, o que sugere sua participação também no componente central,
subjetivo, da emoção.
Núcleos anteriores do Tálamo e Núcleos Habenulares, os núcleos
anteriores tálamo estão situados na porção anterior do tálamo, mais
propriamente no meio dos “braços” do Y da lâmina medular interna. Estes
núcleos recebem o feixe mamilotalâmico, vindo dos corpos mamilares, sendo
que as suas eferências serão enviadas principalmente para a circunvolução do
cíngulo, através do braço anterior da cápsula interna (Circuito de Papez). O
grupo nuclear anterior do tálamo é constituído por dois núcleos: anterior e
ântero-dorsal.

21
Os núcleos habenulares, são pequenos grupos de neurónios
situados internamente à extremidade posterior do tálamo, em relação com o
trígono da habénula. Encontram-se unidos pela comissura habenular.
Recebem aferências da amígdala através da stria medullaris (fita semi-circular)
e enviam eferências para o núcleo interpeduncular do mesencéfalo pela via
habenulo-interpeduncular.
Para Goleman, (2012 p.21) “Nossa sabedoria de vida acumulada
está armazenada no circuito primitivo. No entanto o cortéx cerebral gera
nossos pensamentos sobre nossas decisões”.

22
CAPÍTULO II

FUNÇÕES EXECUTIVAS E COGNITIVAS NO CÉREBRO DA CRIANÇA

“Para entender o mecanismo de aprender é preciso saber um


pouco sobre o funcionamento do Sistema Nervoso Central, o organizador do
pensamento” (RELVAS, 2009 p.14).
A neurociência é um campo interdisciplinar que abrange um conjunto
de disciplinas dentre outras: neuroanatomia, neurofisiologia, neuroquímica,
neuroimagem, genérica, farmacologia, neurologia, psicologia e psiquiatria. As
neurociências procuram estudar as várias relações entre o comportamento e a
atividade cerebral. Os primeiros estudos de neurologia continham descrições
elaboradas das funções desempenhadas por várias partes do cérebro,
contudo, pouco se conhecia acerca da fisiologia dos lobos frontais. Muito
tempo se passou até que os neurocientistas pudessem atentar para a
importância dos lobos frontais para a cognição. O cérebro é formado por
componentes distintos que desempenham diferentes funções, contudo, os
lobos frontais não são dotados da especificidade de apresentar uma função
única, prontamente classificável.
Há um refinado sincronismo entre como o cérebro se desenvolve
e o que modela seu crescimento e maturação, é evidente desse a primeira
infância que a estrutura e as conexões do cérebro são realmente esculpidas
por numerosas influências ambientais e biológicas. Como o centro do
pensamento, emoção, planos de ação e auto-regulação da mente e do corpo, o
cérebro passa por um longo processo de crescimento, que de fato dura a vida
inteira. Este desenvolvimento é maus intenso nos primeiros anos de vida,
crescendo rapidamente através da infância, até a adolescência e no adulto
jovem, e continua com diferentes fases de crescimento e mudança por toda a
vida adulta. É no primeiro ano de vida que o panorama sonoro básico de nossa
linguagem nativa é mapeada no sistema nervoso, fornecendo os elementos
fonêmicos que evoluirão em linguagem. Outras linguagens podem ser
adquiridas ao mesmo tempo com muito menos esforço que em idades
posteriores. Os paus geralmente exercem um papel dominante de educadores
nestes primeiros anos, que estão sendo reconhecidos como sendo críticos.

23
Conforme LEDOUX (2001 p.19), O desenvolvimento emocional
envolve o aumento da capacidade de sentir, entender e diferenciar emoções
cada vez mais complexas, bem como a capacidade de autorregulá-las, para
que o indivíduo possa se adaptar ao ambiente social ou atingir metas presentes
ou futuras. Muitas vezes, as crianças enfrentam situações em que devem
escolher entre opções conflitantes, como terminar a lição de casa antes de
brincar ou comer uma guloseima naquele momento, ao invés de esperar para
ter uma refeição saudável. Ao tomar tais decisões, elas precisam conciliar o
conflito entre escolhas disponíveis que se opõem no contexto de um conjunto
específico de expectativas e regras, bem como controlar os impulsos para a
gratificação imediata em benefício de uma escolha que é menos imediata e
automática.
Esse tipo de controle comportamental e cognitivo está relacionado
ao conceito das funções executivas. As funções executivas são processos
multidimensionais de controle cognitivo que se caracterizam por serem
voluntários e exigir um alto esforço. Eles incluem a capacidade de avaliar,
organizar e alcançar metas, bem como a capacidade de adaptar o
comportamento com flexibilidade ao ser confrontado com novos problemas e
situações. As evidências do desenvolvimento cognitivo e da neurociência
cognitiva do desenvolvimento têm demonstrado que o desenvolvimento da
regulação da emoção é fortemente apoiado por diversas funções executivas
essenciais, tais como o controle da atenção, a inibição de comportamentos
inadequados, a tomada da decisão e outros processos cognitivos elevados que
ocorrem em contextos emocionalmente exigentes.
Naturalmente existem diversas funções executivas, como existem
diversas modalidades de memória, diversas modalidades de linguagem ou de
atenção, apesar das funções cognitivas normalmente serem citadas no
singular. Por esse motivo, falaremos em função (e não em funções) executiva,
imaginando a mesma como um sistema gerenciador que tem como atributo
organizar uma sequência de ações a fim de atingir um objetivo definido,
segundo Robert Lent:

24
“O sistema nervoso tem mecanismo para bloquear as
informações sensoriais irrelevantes a cada momento da
vida do indivíduo, permitindo que se concentre em apenas
em um número de informações mais importantes que
serão processadas pela percepção. Tudo passa pelo filtro
das sensações.” (ROBERT LENT, 2004, pág. 25)

A função executiva do cérebro vem sendo definida como um


conjunto de habilidades, que de forma integrada possibilita ao indivíduo
direcionar comportamentos a objetivos, realizando ações voluntárias. Tais
ações são auto-organizadas, mediante a avaliação de sua adequação e
eficiência em relação ao objetivo pretendido, de modo a eleger as estratégias
mais eficientes, resolvendo assim, problemas imediatos, e ou de médio e longo
prazo. A função executiva é requerida sempre que se faz necessário formular
planos de ação ou quando uma sequência de respostas apropriadas deve ser
selecionada e esquematizada. Do ponto de vista da neuropsicologia a função
executiva compreende os fenômenos de flexibilidade cognitiva e de tomada de
decisões. Atualmente é sabido que os módulos corticais responsáveis pelas
funções executivas se localizam nos lobos frontais direito e esquerdo.
Segundo LAMPREIA (2010, p.14) “a função exercida pelos lobos
frontais parece ser mais metacognitiva do que apropriadamente cognitiva, uma
vez que não se refere a nenhuma habilidade mental específica, porém abrange
todas elas”. Por esta razão, a função dos lobos frontais é chamada de função
executiva. Especificamente o córtex pré-frontal, região filogeneticamente mais
moderna do cérebro humano, que compreende as regiões do lobo frontal
anteriores ao córtex motor primário desempenha um papel essencial na
formação de metas e objetivos, e no planejamento de estratégias de ação
necessárias para a consecução destes objetivos, selecionando as habilidades
cognitivas requeridas para a implementação dos planos e coordenando as
mesmas para aplicá-las na ordem correta. Além disso, o córtex pré-frontal é o
responsável pela avaliação do sucesso ou fracasso das ações dirigidas e
objetivos estabelecidos.

25
Nos primatas, humanos ou não, o córtex proe-frontal é
anatomicamente dividido em três regiões: lateral, medial e orbital. Cada região
é subdividido em diferentes áreas da citoarquitetura pré-frontal, organizadas
em mapas, como os mapas Brodman. Contudo, não é possível atribuir
eventuais funções fisiológicas para tais áreas, exceto a área 8 que é, em
grande parte, dedicada ao controle do movimento ocular. Assim, uma vez que
não pode ser funcionalmente subdividido em função de sua cito arquitetura,
admite-se que o córtex pré-frontal realize, como um todo, seu papel na
organização do comportamento e suas ações cognitivas.
O córtex pré-frontal é excepcionalmente bem conectado a outras
estruturas cerebrais (corticais e subcorticais), e suas três regiões são
mutuamente conectadas entre si, e como os outros núcleos anterior e dorsal do
tálamo. As régios medial e orbital, adicionalmente, são conectadas ao
hipotálamo e outras estruturas límbicas, sendo que algumas dessas ligações
são indiretas. Ocorrendo por intermédio do tálamo. A região lateral envia
conexões aos núcleos da base (estriado), além de ser profusamente conectada
às regiões de associação dos córtices occipital, temporal e parietal. “O papel
funcional preciso das conexões do córtex pré-frontal não é totalmente
conhecido, mas pode ser inferido a partir do papel funcional das estruturas às
quais ele se liga. Por exemplo: as conexões pré-frontal áreas límbicas estão
envolvidas no controle do comportamento emocional, ao passo que as ligações
pré-frontal-estriado estão envolvidas na coordenação e no planejamento do
comportamento motor” segundo CAPOVILLA (2007, p. 60).
Outro conceito das funções executivas recentemente formulado. Um
executor recebe responsabilidades, tais como levantar informações, impor
organização, formular planos, fixar possibilidades e modificar objetivos planos
de acordo com as mesmas, em estudos neuropsicológicos, as funções
executivas têm sido demonstradas como sendo muito diferentes da inteligência
geral e memória.
A criança pequena é um executor em floração de seu próprio
conhecimento, emoções e comportamento. Aquelas áreas do cérebro que
possibilitam funções executivas são as ultimas a amadurecer, usualmente não
antes da idade adulta jovem. Durante o desenvolvimento, as funções

26
executivas tornam-se progressivamente mais conectadas aos domínios do
conhecimento para fatos, números, palavras e imagens (os aspectos de o que
e onde do conhecimento) para o propósito de como, porque e quando utilizar
tal conhecimento em comportamento dirigidos a metas. Por exemplo, como eu
identifico e organizo os passos para completar um projeto independente; Como
eu devo verificar meu progresso, de modo a avaliar o quanto falta fazer? Estas
são questões que os educadores podem ouvir de tempos em tempos, mas elas
revelam quais podem ser os processos fundamentais para a adaptação e
realizações humanas nos gerenciando como aprendizes, desenvolvendo uma
consciência quanto ao nosso conhecimento, tanto como à nossa falta de
conhecimento, e sabendo como conseguir realizar vários objetivos usando
habilidades executivas ou metacognitivas. Uma parte substancial das funções
executivas consiste em desenvolver modelos mentais destes processos de
“comos”, “porquês” e “quandos”.
Como os seres humanos são predominantemente sociais, entender
suas próprias emoções e a dos outros é uma habilidade importante e uma boa
parte do cérebro é dedicada a isso. As emoções básicas, como a alegria ou o
medo, diferem das emoções chamadas morais (por exemplo, vergonha, culpa,
orgulho, etc.) que surgem nas interações sociais, onde existem normas ou um
comportamento ideal estabelecidos de forma implícita ou explícita.
Compreender e administrar as emoções morais exige uma internalização das
normas e princípios morais compartilhados pela comunidade. Também é
necessário perceber e entender as emoções das outras pessoas (empatia) e
fazer atribuições de seus estados mentais (teoria da mente) incluindo a
compreensão de suas crenças e atitudes. Dessa forma, o desenvolvimento
emocional e social estão estreitamente vinculados entre si. Outro componente
importante do desenvolvimento emocional, ou seja, a regulação da emoção,
não é menos importante para a socialização. Nas atividades sociais (escola)
muitas vezes é necessário controlar as reações emocionais, tanto positivas
(entusiasmo), como negativas (frustração) para que o indivíduo possa se
adaptar às normas e aos objetivos. Portanto, o desenvolvimento do controle
executivo é fundamental para a regulação da emoção.

27
Dentro dessa classificação geral as tarefas podem ser divididas
também de acordo com a função especifica objetivada, por exemplo, memória
de trabalho, controle inibitório ou flexibilidade mental. No entanto, considerando
o desenvolvimento prolongado da função executiva durante toda a infância,
uma grande variedade de tarefas estão disponíveis, sendo elas apropriadas
para crianças de uma determinada faixa etária ou nível de habilidade.
As evidências de diversos estudos indicam que o amadurecimento
dos aspectos do funcionamento executivo, tais como o controle inibitório e a
atenção executiva, está fortemente relacionado ao aumento da compreensão
emocional (de se mesmo e dos outros) e à regulação. O desempenho das
crianças em idade pré-escolar nas tarefas de laboratório que avaliam o controle
inibitório correlaciona-se significativamente com sua capacidade de regular
suas emoções. Além disso, as crianças com capacidade de controle de
atenção superiores tendem a lidar com a raiva utilizando métodos verbais não
hostis, ao invés de métodos claramente agressivos. Por maior autocontrole (em
inglês “effortuful control”) também se correlaciona positivamente com a
empatia.
Segundo CHOMSKY, (1995, p.13) “possui uma teoria da mente ter
habilidade inata de atribuir e interpretar estados mentais, intenções, crenças e
emoções aos outros e a si próprio”. Demonstrar empatia em relação às outras
pessoas exige a interpretação de seus sinais de aflição ou de prazer. De fato, a
capacidade do indivíduo de distinguir entre seus próprios e os estados mentais
dos outros indivíduos (Teoria da Mente, ToM), que é outro componente
cognitivo central de empatia, está fortemente associada às diferenças
individuais de autocontrole e de controle inibitório. No entanto, os estudiosos
ainda não chegaram a um acordo se a ToM está diretamente associada a
habilidade mais gerais de regulação da emoção durante o desenvolvimento
inicial da criança. Além disso, as diferenças individuais no controle executivo
estão associadas ao desenvolvimento da consciência, que envolve a interação
entre sentir emoções morais e se comportar de forma compatível com as
regras e normais sociais. Nesse contexto, o controle internalizado do
comportamento é maior em crianças com maiores capacidades de
autocontrole, a interpretação comum é que o autocontrole proporciona a

28
flexibilidade de atenção necessária para conectar os princípios morais, os
sentimentos e as ações.
Além desses estudos, as linhas de pesquisa atuais estão
investigando os fatores, tanto educacionais como constitucionais, que
influenciam o desenvolvimento da função executiva. Os estudos de treinamento
de diferentes em crianças em idade pré-escolar e em idade escolar têm
demonstrado benefícios diretos nas habilidades ensinadas incluindo na
atenção executiva, no raciocínio fluído, na memória de trabalho e no controle
cognitivo.
Conforme CAPOVILLA (2007, p. 74), “todas as tarefas que
diariamente realizamos necessitam da atividade cerebral. Para ler e
compreender esse texto, anotar um recado para um colega, reconhecer alguém
e lembrar seu nome, calcular o orçamento doméstico, conversar com uma
pessoa, saber que amarelo é uma cor e que carro é um meio de transporte,
lembrar o caminho de casa, são apenas alguns de uma infinidade de funções
que nosso cérebro faz no dia a dia”. As principais funções cognitivas são:
percepção, atenção, memória, linguagem e funções executivas. É a partir da
relação entre todas estas funções que entendemos a grande memória dos
comportamentos, desde o mais simples até as situações de maior
complexidade, e que exige atividades cerebrais mais elaboradas.
Segundo ELISGER Paul, (2000, p. 91) “a atenção é uma função
cognitiva bem complexa e diversos comportamentos resultam de um nível
adequado de atenção para serem bem sucedidos, por exemplo: assistir um
filme e compreendê-lo; manter o foco de conversação em um ambiente
ruidoso. A atenção também é um pré-requisito fundamental para o processo de
memorização”. O conceito de atenção é definido pela seleção e manutenção de
um foco, seja de um estimulo ou informação, entre as inúmeras que obtemos
através de nossos sentidos, memórias armazenadas e outros processos
cognitivos. Em outras palavras, dirigimos nossa atenção para o estimulo que
julgamos ser importante num exaro momento. Os outros estímulos que não os
principais, passam a fazer parte do “fundo” não sendo mais os focos da
atenção. Podemos estudar e avaliar os diferentes aspectos da atenção.
Atenção seletiva: Quando o individuo escolhe um estímulo ao qual prestará

29
atenção, (ler um livro ao invés de assistir televisão, mesmo que esta esteja
ligada e faça ruídos no fundo); Atenção dividida: Caracteriza-se pela
capacidade do indivíduo em prestar atenção em mais de um estímulo ao
mesmo tempo (conversar enquanto dirige um veículo, trabalhar no computador
enquanto atende ao telefone).
Nossa capacidade de manter a concentração é restrita, e depende
de inúmeros fatores, desde a falta de vontade ou ânimo por algum assunto, até
as dificuldades específicas, como as presentes no TDAH que interferem na
capacidade de atenção seletiva e dividida, ou seja, todos nós temos alguma
dificuldade atencional. Se isso representa um problema a ser tratado, depende
do grau de comprometimento e do número de sintomas.
Problemas de concentração podem ser resultantes de um distúrbio
atencional simples, ou a uma inabilidade de manter o fofo de atenção
intencional, ou até aos dois problemas ao mesmo tempo. No nível seguinte de
complexidade, está o rastreamento mental que também é afetado por
dificuldades atencionais. A preservação da atenção é um pré-requisito para
atividades que requeriam, tanto concentração, como rastreamento mental. A
habilidade de manter a própria atenção focada em um conteúdo mental fica
diminuída, ou seja, pode-se ter dificuldade para se manter uma sequência de
pensamentos simples, o que invariavelmente compromete a habilidade de
solução de problemas mais complexos.
Elucidar a natureza dos problemas atencionais, depende não
somente da complexa observação do comportamento geral do paciente, assim
como o desempenho em testes específicos que envolvam concentração e
trilhas mentais. Somente com a comparação entre as várias observação pode
ser possível a distinção entre os déficits globais e aqueles mais discretos e
normais presentes na maioria das pessoas.
A memória é uma das funções cognitivas mais utilizadas em seu
cotidiano. Memória é a capacidade de armazenar informações, lembrar delas e
utiliza-las no presente. O bom funcionamento da memória depende inicialmente
do nível de atenção. Para que o bom armazenamento aconteça outras
atividades cognitivas como a capacidade de percepção e associação é
importante para que as informações possam ser armazenadas com sucesso. A

30
memória pode ser classificada de forma simples, e acordo com a duração e os
tipos de informação envolvidos.
Memória de curto prazo: também conhecida como memória de
trabalho, armazena (numa quantidade limitada) informações por alguns
minutos. A memória de trabalho possibilita, por exemplo, uma pessoa discar
um número de telefone que alguém acabou de lhe dizer ou repetir algumas
frases de um texto lido naquele exato momento:
Memória de longo prazo: Ao contrário da anterior, a memória de
longo prazo tem uma capacidade maior para armazenamento de informação,
que permanecem com o indivíduo durante longos períodos, podendo até ficar
guardadas indefinidamente. Por exemplo, as lembranças de fatos ocorridos na
infância, o aprendizado de conteúdos escolares, a fisionomia ou o nome de
alguém que ao se vê há tempos etc. dentro da memória de longo prazo,
encontram-se os seguintes tipos; Memória episódica, fazem parte desse
conjunto os eventos vivenciados pela pessoa que os recorda, em um
determinado tempo e lugar, por exemplo, uma viagem de férias, o primeiro dia
num emprego, o nascimento de um filho, ou até eventos negativos como uma
situação de violência. Assim, a memória episódica é constituída por
lembranças autobiográficas que representam um significado importante para o
indivíduo; Memória procedural, esse tipo de memória é ligado ao conhecimento
de procedimentos corriqueiros e automáticos, por exemplo, lembrar como se
toca um instrumento musical, andar de bicicleta, vestir-se, etc.
Segundo LURIA (1981 p.38), “a linguagem é uma função que
usamos todos os dias, durante a maior parte do tempo, seja através da
linguagem oral (numa conversa) ou da escrita (ao ler ou escrever um texto). O
conceito de linguagem é definido pelo uso de um meio organizado de combinar
as palavras a fim de comunicar, embora a comunicação não constitua
unicamente num processo verbal, as formas não-verbais, como gestos ou
desenhos também são capazes de transmitir ideias e sentimentos. Tanto a fala
quanto a escrita são processos em que o indivíduo seleciona as palavras e as
organiza num determinado contexto, dentro das regras gramaticais de seu
idioma”.

31
A linguagem é um processo que ocorre apenas se existir uma
sequência coerente de símbolos (sons ou palavras). Assim, para uma
comunicação ser satisfatória, o indivíduo precisa compreender uma
determinada informação para entender a seguinte, e daí por diante até o fim de
um texto ou uma conversa. Mesmo que a pessoa leia um texto com muita
atenção e o compreensão, dificilmente as frases serão armazenadas
exatamente iguais como aparecem no texto. Apenas as informações mais
relevantes, como palavras-chaves e as ideias centrais, serão necessárias para
a compreensão e armazenamento na memória de longo prazo.
Ainda LURIA afirma que “a leitura adequada é aquela que o sujeito
organiza as palavras em grupos coerentes, dos quais será extraído um
significado geral associado ao tema principal do texto”. A linguagem também é
caracterizada pela sua constante evolução, pois embora as pessoas respeitem
os limites de sua estrutura (gramática, ortografia), elas podem produzir novas
elocuções a qualquer momento. Basta observar as mudanças ocorridas na
escrita de certas palavras há algumas décadas, por exemplo, “pharmácia”.
A percepção é uma função cognitiva que se constitui de processos
pelos quais o sujeito é capaz de reconhecer, organizar e dar significado a um
estímulo vindo do ambiente através dos órgãos sensoriais. Por exemplo, se um
indivíduo tem seus olhos vendados e lhe são oferecidos alguns objetos para
tatear, ele é capaz de reconhecer e através de informações armazenadas – a
textura (áspero ou macio, duro ou mole), a forma (quadrado, redondo,
grande...) e depois nomear o objeto. O mesmo processo ocorre com os outros
sentidos como o olfato (reconhecer que é cheiro de fumaça), a gustação
(identificar se algo é doce ou salgado), a audição (saber que um som é do
canto de pássaros), ou a visão (identificar um obstáculo ao dirigir um veículo e
desviá-lo).
As agnosias são os déficits na capacidade de percepção dos
estímulos sensoriais, especialmente os relacionados à visão. Embora o sujeito
não seja portador de qualquer tipo de deficiência sensorial, ele não é capaz de
reconhecer e identificar o estímulo que lhe é oferecido, normalmente em
consequência a lesões cerebrais adquiridas. As funções executivas
compreendem um conceito neuropsicológico que se aplica ás atividades

32
cognitivas responsáveis pelo planejamento e execução de tarefas. Elas incluem
o raciocínio, a lógica, a estratégia, a tomada de decisões e a resolução de
problemas. Todos esses processos cognitivos são produzidos diariamente, pois
uma série de problemas dos mais simples aos de maior complexidade ocorrem
na vida do ser humano. Assim, independentemente do grau de complexidade
do problema, o sujeito precisa estar apto para analisar a situação, lançar mão
de estratégias, e antever as consequências de sua decisão. Existem três tipos
de solução de problemas: Inferente é utilizada quando o indivíduo está frente a
uma situação desconhecida e pela qual ainda não existem soluções
disponíveis. Sendo assim, é necessário avaliar os elementos que compõem o
problema e deduzir (inferir) qual a melhor estratégia para superar aquele
problema ou pelo menos minimizar seus efeitos. Na medicina isso é bastante
utilizado quando se tem um determinado quadro patológico desconhecido;
Analógica é o uso de recursos anteriormente utilizados em situações
semelhantes; Automática é o tipo que se caracteriza pela espontaneidade.
Ocorre principalmente se a pessoa que o utiliza tem bastante prática no
problema, por exemplo, um motorista experiente.
Como pode ser visto todas as funções cognitivas interagem entre si.
A separação existe apenas para fins educativos, pois o ser humano é
caracterizado por sua totalidade. As funções executivas reúnem todas as
funções anteriores. Para resolver um determinado problema o sujeito precisa
utilizar todas as funções cognitivas, por exemplo, ao detectar um cheiro de
fumaça (atenção), ele vai reconhecer (percepção) de acordo com o que já foi
aprendido (memória) que esse pode ser o sinal de incêndio; à partir de então
ele busca estratégias para solucionar o problema como primeiro se certificar do
que se trata, retirar as pessoas do local, e chamar por socorro (funções
executivas), Segundo Vigostky:

“O professor deve ter consciência da sua importância


como mediador das funções significativas na infância.
Utilizar meios de estímulos de interação com
aprendizagem vagões.” (VIGOSTKY, 1978, p.9)

33
O desenvolvimento emocional envolve uma maior compreensão das
emoções do próprio indivíduo e de outros indivíduos, bem como o aumento da
capacidade de regular as emoções baseando-se em metas atuais e regras
compartilhadas socialmente. Na função hormonal, considera-se que as
alterações desempenham um papel fundamental no ajustamento social e na
competência escolar o desenvolvimento adaptável da emoção vinculado ao
bem-estar da criança, enquanto que as dificuldades com a regulação
emocional estão relacionadas a perturbações do humor e a problemas.
É possível que futuros estudos tenham o potencial de iluminar ainda
mais a questão das funções executivas e do desenvolvimento emocional.
Segundo GOLDEBERG (2002, p,49) “Embora os estudos
transversais possam ser muito informativos, os estudos longitudinais são
necessários para excluir os possíveis efeitos originados da discrepância
individual entre os grupos etários. Portanto, os estudos longitudinais podem
fornece informações importantes sobre o desenvolvimento cognitivo e
emocional típico e atípico”. Outra questão importante, mas ainda não resolvida,
é até que ponto as intervenções educacionais destinadas a promover a função
executiva podem produzir mudanças estáveis na eficiência desse sistema,
tanto em nível estrutural como nos níveis funcionais, ao longo do
desenvolvimento. No entanto serão necessários estudos adicionais para
caracterizar ainda mais os benéficos do treinamento ao longo do tempo, e se
os benefícios do treinamento da função executiva se transferem para as
habilidades de regulação da emoção.
Conforme VIGOTSKY (1978, p 16), ”o desenvolvimento emocional é
formado a partir de uma diversidade de habilidades cognitivas, incluindo a
capacidade de regular o comportamento com flexibilidade, de forma voluntária,
exigindo esforço (função executiva) dependendo fortemente do
amadurecimento dos lobos frontais”. A regulação cognitiva e emocional
parecem se desenvolver em conjunto, exibindo um forte desenvolvimento
durante o período pré-escolar e um curso de desenvolvimento mais demorado
durante a infância posterior a adolescência.

34
CAPÍTULO III
A CONSTRUÇÃO DA APREDIZAGEM EM MEIO AS EMOÇÕES

A emoção não é uma ferramenta menos importante que o


pensamento, e, portanto necessita de estímulos, de acordo com VYGOTSKY
que Afirma:
“A educação sempre implica em mudanças nos
sentimentos e a reeducação das emoções vai na direção
emocional inata" (VYGOTSKY, 2003 p2).

De acordo com Gardner, 1997, “diversas teorias da aprendizagem já


publicadas, o processo de aprimoramento e fixação do conhecimento se baseia
principalmente na concentração de aspectos emocionais de cada indivíduo
dobre aquilo que está sendo introduzido em sua linha de raciocínio” , embora
as escolas declarem que preparam seus alunos para a vida, a vida certamente
não se limita apenas a raciocínios verbais e lógicos. As escolas devem
favorecer o conhecimento de diversas disciplinas básicas que encorajem seus
alunos a utilizar esse conhecimento para resolver problemas e efetuar tarefas
que estejam relacionadas com a vida na comunidade a que pertencem e que
favoreçam o desenvolvimento de combinações intelectuais individuas a partir
da avaliação regular do potencial de cada um.
Sendo a concentração do processo de aprendizagem baseada em
resoluções mentais onde uma melhor absorção de conhecimento pode ser
concebida a partir da associação da vivência do indivíduo com aquilo que se
pretende aprender, um aprofundamento sobre a necessidade da busca por
processos que possam auxiliar na estimulação da associação emoção e
aprendizagem se faz necessária, visto que vivemos em uma época em que a
absorção de conhecimento tem que ser efetivada de forma muito mais precisa
e dinâmica, sendo necessária nova abordagem de metodologia de
aprendizagem que possamos viabilizar um alcance mais orientado e efetivo do
conhecimento. Dessa forma, a proposta que se faz é que com o estudo
aprofundado das emoções de aprendizagem possamos otimizar o processo
educacional do indivíduo colocando-o cada vez mais próximo da adequação de

35
suas necessidades básicas de vivência daquilo que almeja enquanto fator
integrante no processo de desenvolvimento de seu espaço, seja escolar ou
ambiental.
Segundo WALLON (1989 p.73) ”a educação seja ela no âmbito
escolar ou em qualquer ambiente de aprendizagem, tem buscado aprimorar
seus conceitos e metodologias no sentido de propiciar ao integrante do
processo educacional a assimilação adequada daquilo que lhe é ensinado, fato
que tem sido alvo de constantes discussões e reflexões entre agentes
educacionais e teóricos do assunto que se consiga organizar o processo de
aprendizagem de forma mais objetiva para a aquisição de conhecimento pelo
indivíduo envolvido nesse processo”. A assimilação da aprendizagem e fator
diretamente ligado ao emocional de quem integra o processo, dessa forma,
podemos observar um envolvimento direto de fatores relacionados à
capacidade de aprendizagem se promoveram através do envolvimento
diretamente emocional do indivíduo com aquilo que está sendo ensinado,
sendo que para ele a assimilação se processa diante daquilo que é relevante
para sua vivência prática sobre esse conceito.
A importância de educar para a vida está em um contexto em que o
indivíduo possa absorver o objeto de sua aprendizagem em sua vida cotidiana,
reforçando assim o conceito aqui abordado de que para a concretização da
aprendizagem é necessário que ocorra mais do que transmissão de
conhecimento, mas também um envolvimento direto do indivíduo naquilo que
lhe é ensinado, caracterizando assim um processo emocional vinculado à
absorção do conhecimento. A partir de uma análise mais reflexiva da forma
como ocorre a fixação do conhecimento no indivíduo podemos afirmar que o
conhecimento para ser relevante a pessoa e com isso permanecer em seus
reflexos mentais para a agrupar-se a seu processo de assimilação precisa ser
relevante aos seus interesses para que ele possa absorver com precisão aquilo
que lhe é repassado enquanto objeto de aprendizagem.
Conforme SILVEIRA (2004 p 69) “Sendo o estudo das emoções fator
preponderante na descoberta da relação homem e mundo, necessário se faz a
esse contexto reflexões à cerca de como o processo de aprendizagem pode
ser melhor trabalhado quando priorizada a utilização de meios e metodologias

36
que viabilizam sua inserção no processo emocional da pessoa, buscando
assim a fixação do conhecimento enquanto parte integrante da vivência de
cada um”.
Os sentimentos são parte integrante da nossa subjetividade e estão
interligados às nossas cognições, aos nossos comportamentos e nossas
reações corporais. Existem emoções naturais e fisiológicas que aparecem em
todas as pessoas, elas podem ser alegria, desagrado, medo, raiva, surpresa e
tristeza. São as chamadas emoções universais. Essas emoções são
agradáveis ou desagradáveis, nos mobilizam para realizar atividades e fazem
parte da comunicação interpessoal. Portanto, essas emoções atuam como
poderosos motivadores da conduta humana e podem ter um importante papel
no bem estar psicológico ou nos estados patológicos. Por isso é tão que
crianças e os adolescentes saibam lidar com seus sentimentos, identificando e
administrando bem suas sensações e pensamentos, podendo melhorar o
reconhecimento do que sentem, aumentando seu autoconhecimento e o
controle das emoções tendo mais condições de agir de forma mais saudável e
proveitosa mas suas vivências diárias.
O trabalho com as emoções é essencial, pois prazeres e sofrimentos
da vida estão profundamente envolvidos com os sentimentos. Além disso,
grande parte das nossas condutas estão relacionadas com nossos sentimentos
e o estabelecimento de nossos relacionamentos interpessoais ocorre a partir
de algum tipo de sentimento (empatia, atração, desconforto, etc.). Desta forma,
as emoções têm um importante papel no processo de ensino e aprendizagem
pois atuam como definidoras do sentido subjetivo que é dado às experiências
vividas e assim, atuam como organizadoras do nosso comportamento.
Conforme Vygotsky, (2001) “além do trabalho com as emoções,
promove o desenvolvimento do autoconhecimento, da performance intelectual
e social, é fundamental na conformação da memória, uma vez que os
estímulos carregados de emoção são registrados de maneira intensa na
memória”. A esta relação chame de regra pedagógica, a qual se refere à
utilização de reações emocionais no processo de aprendizagem como
estratégia de ensino e motivação através dos sentimentos despertados ao

37
aprender algo novo, explica-se que a memória é o continente da subjetividade
e a plataforma da inteligência, do raciocínio e da criatividade.
Pesquisas e estudos na área revelam que as emoções podem
favorecer a execução de uma tarefa de cunho intelectual. Uma pesquisa
realizada na Universidade de Cornell comprovou que um humor alegre ajuda
as pessoas a encontrar soluções mais criativas e eficazes para os problemas.
Nesse estudo, três grupos de estudantes deveriam solucionar um desafio de
dez minutos. Os estudantes que obtiveram maior êxito na resolução do desafio,
foram do grupo que assistiu um filme cômico. Dados mostram que as emoções
influenciam as habilidades cognitivas, as quais são indispensáveis no processo
de aprendizagem e, portanto, o desenvolvimento da inteligência é inseparável
da afetividade. Um exemplo disso é a diferença de desempenho da criança que
“gosta” de matemática e da que não “Gosta”, onde nos dois casos o fator
emocional influencia desde hábitos de estudo, até progressos ou dificuldades
de aprendizagem.
Conforme LEDOUX (2001 p 21), “O aprendizado é uma função
neural muito antiga do ponto de vista filogenético, tanto é que os primeiros
experimentos que determinaram suas bases moleculares e renderam o prêmio
Nobel ao cientista Eric Kendel, foram realizados em um molusco a lesma do
mar”. Podemos definir o aprendizado como a modificação que ocorre em
resposta a uma pressão exercida pelo meio. Dentro dessa linha de raciocínio, a
principal característica do aprendizado é a aquisição é determinada pela
intensidade dos estímulos, e nos humanos ela está ligada a fatores como
estado emocional e motivação (LeDoux, 2001). Entretanto, tanto nos animais
como nos seres humanos podemos identificar duas modalidades de
aprendizado: o aprendizado não associativo (habituação e sensibilização) e o
aprendizado associativo (ou condicionamento). P condicionamento pode ainda
ser o condicionamento pode ainda ser o condicionamento clássico, onde se
aprende a responder a estímulos anteriormente ineficazes (Pavlov, 1980), ou o
condicionamento operante, onde um novo comportamento é aprendido através
de reforço ou punição (Skinner, 1969).
Conforme LASHLEY (1963, p7) Ӄ interessante observar que, ao
longo da escola evolutiva, as formas de aprendizado são exatamente as

38
mesmas, desde os invertebrados até nós, humanos”. As informações
aprendidas ficarão mais ou menos tempo retidas, dependendo dos reforços.
Karl Lashley ficou conhecido pelos seus experimentos com ratos, mostrando
que os animais, após várias sessões diárias de treino, eram capazes de
aprender a sair de um labirinto complexo de quatro filas, sem cometer nenhum
tipo de erro, mesmo após esses ratos terem várias partes do córtex cerebral
retiradas cirurgicamente.
Parece que o que existe de diferente entre os diversos animais no
que se refere ao aprendizado é a capacidade de reter e evocar as informações
aprendidas, ou seja, o que difere talvez não seja o aprendizado em si, mais sim
os sistemas de memória e como eles são gerenciados frente às pressões
vindas do entorno. De fato, os resultados apresentados pela neurociência
experimental sugerem que o aprendizado se dê em redes neurais altamente
plásticas que se auto organizam em função dos estímulos externos. Isso é
evolutivamente justificável, pois, se assim não fosse, talvez não houvesse
como as espécies evoluírem se moldando ao meio ambiente. No ser humano,
que representa o ápice da escala evolutiva, as redes neurais que formam a
circuitaria do neocórtex são totalmente plásticas, dinâmicas e mutáveis
sinapses se formam e deixam de existir em frações de segundos, durante todo
o tempo, permitindo a nós, humanos, um potencial de aprendizado e resiliência
talvez muito maior do que imaginamos possuir. Essa capacidade adaptativa
profunda e instantânea que apresenta o cérebro humano serve como um
possível arcabouço teórico para sustentar as teorias de aprendizagem na
criança.
Segundo AUSUBEL (2002 p 23), “As emoções interferem e intervém
em nossas ações cotidianamente, dificultam o raciocínio lógico e interferem em
nosso aprendizado”. Participam, nesta etapa, partes importantes do cérebro
que realizam suas funções de acordo com a participação (intervenção) do
ambiente, o equilíbrio, mudanças efetivas, estímulos e emoções na promoção
do conhecimento. Estabelecer quais partes do cérebro participam deste
conjunto de emoções-aprendizagem e quais interferências são salutares para
que a criança assimile e acomode seus saberes. Com isso, pretende-se
conhecer os resultados das interferências que o educador pode realizar e quais

39
as respostas se obterão, quando associados métodos cognitivos e práticas
psicológicas na promoção do conhecimento.
A neurociência e o desenvolvimento humano são uma área do
conhecimento que aos poucos ganha espaço e surge como um aporte na
atuação interdisciplinar, agregando conhecimentos neurocientíficos e tendo seu
foco nos processos neurológicos e no ensino e aprendizagem. Procura aliar as
atividades pedagógicas à todas as ciências que possam contribuir para a
aprendizagem do indivíduo de forma mais ampla.
Assim que agrega conhecimentos da psicologia e pedagogia, realiza
um trabalho investigativo na promoção da aprendizagem, avaliando estímulos,
respostas e sensações nos processos didáticos metodológicos para que o
ensino e aprendizagem ocorram preventivamente, além de estudar como o
cérebro aprende e armazena informações. Requer mudanças de paradigmas e
práticas que vão além da aula expositiva, estimulando o cérebro a produzir
aprendizagens.
Segundo LEDOUX (2001, p.19) “O cérebro é o órgão mais
importante de nosso corpo e responsável pelas ações voluntárias e
involuntárias do mesmo, as primeiras relacionadas com aquilo que podemos
controlar, como comer, falar, brincar, entre outras, e àquelas como bater do
coração, a respiração e outras voltadas à ações que independem da vontade
do homem”. Assim sabemos que o cérebro necessita dos neurônios, que se
utilizam do oxigênio, e trocam substâncias químicas, e que este conjunto
precisa ser estimulado para que se obtenham respostas e ambientes
enriquecidos de estímulos, com recursos materiais, atividades físicas e
alimentação adequada, influenciando no desenvolvimento do cérebro e da
aprendizagem.
Para que o cérebro aprenda é necessário um ambiente calmo e
acolhedor para exporem ideias e discussões relevantes; atividades práticas
que contribuam para associações importantes e promovam a modificação
fisiológica e estrutural do cérebro; a idade não esgota aprendizagens, basta
que saibamos que períodos sensíveis do mesmo para o ajuste de seu
desempenho; a oportunidade de escolha das tarefas, pelos estudantes,
aumenta a responsabilidade dos mesmos em seu aprender; o cérebro quando

40
ativado movimenta inúmeras áreas do córtex cerebral favorecendo a
aprendizagem numa ancoragem anterior; o cérebro responde positivamente
aos estímulos visuais, dramatúrgicos e musicais e promover estas expressões
motiva os educandos a uma resposta.
Aprender através da experiência, e dela o adulto fazendo,
fortalecendo ações posteriores, pois estarão mais bem preparados para a
tomada de decisões e a experiência já não será nova, sendo respaldada pelos
fatos vividos. Assim a estimulação de dopamina é ativada e os envolvidos
encontrarão prazer em agir.
Segundo SANTOS (2010 p.83), “evidencia-se que a neurociência
contribui para o conhecimento das interferências de aprendizagem, dando a
conhecer que os processos ambientais que em contrapartida influem nas
questões biológicas”.
As pesquisas realizadas no estudo do funcionamento do cérebro têm
contribuído para o entendimento de sua participação no processo cognitivo, tais
como memória, alfabetização, leitura-escrita, aprendizagem, tomada de
decisões, inteligência, interpretação textual, linguagem, raciocínio lógico,
cálculos, interpretação de símbolos numéricos, sonhos e emoções.
As interpretações relativas a aprendizagem, no ambiente escolar,
passam pelo olhar do profissional da educação que registra em seus pareceres
que o educando não está adaptado, que é indisciplinado, que a família é
omissa, que a mesma só se preocupa com os auxílios governamentais que
recebe e, portanto, quanto mais filhos, mais ganhos financeiro. O que se sabe
é que o discurso está mudando, pelo menos para aquele profissional com olhar
mais acurado em relação aos seus pupilos, e a pergunta que se faz é: Por que
não aprendem? Ou, por que tem mais dificuldade de concentração? Por que
desafiam o educador a todo instante? Instigam posicionamentos e
metodologias diferenciadas para que a aprendizagem ganhe espaço e promova
conhecimento àqueles que ocupam os espaços educativos.
Pode-se construir então, o caminho da aprendizagem que passa,
além das questões biopsicossociais, pela construção de experiências calcadas
em fatores emocionais, e isto nos remete a considerações, outras, como o

41
contexto social e os efeitos causadores dos desvios comportamentais
decorrentes do ambiente familiar.
Conforme VYGOTSKY (2007 p.103), ”A motivação para a
aprendizagem passa pelas emoções e o resultado delas colore as avaliações e
os rótulos aos educandos, desde as séries iniciais, traçando a trajetória escolar
dos mesmos ao longo do processo de aprender”. Desta forma, é de suam
importância reconhecer os espaços geográficos, torna-los agradáveis,
equilibrar emoções para atender a demanda existente em nossos espaços
geográficos, estabelecer vínculos sólidos, promovendo segurança, confiança e
afeto, pois só desta forma as deficiências faltas serão, de alguma forma,
dirimidas nos ambientes educacionais. Cabe ressaltar que o respeito em
relação ao educando é importante pois somos modelos das ações dos
mesmos.
Portanto, os objetivos a serem atingidos passam pelo domínio da
cognição, domínio afetivo e psicomotor, envolvendo o conhecimento e a
capacidade intelectiva; as emoções, gostos e atitudes e as decorrências destas
práticas no que tange a psicomotricidade e outras que resultam do uso da força
corporal para a realização de atividades na análise doo conjunto se ressalta as
habilidades de memorização, compreensão, aplicação de análise, síntese e
avaliação com o domínio do campo efetivo através da receptividade, resposta,
valorização das potencialidades, organização e caracterização bem como
organizar movimentos reflexos, habilidades perceptivas e físicas, comunicação
discursiva e habilidades relacionais.
Segundo SILVEIRA (2004 . p.18) “A busca de respostas em relação
ao ser humano e suas interações ocorrem frequentemente nos diversos locais
da vida humana, o que de fato se desconhece é como os processos desse
desenvolvimento acontecem internamente, ou seja, nas estruturas
fisiobiológicas e psicossociais do indivíduo”. O humano se desenvolve por
estímulos e a neurociência pontua quando fala das conexões neurais e das
sinapses cerebrais realizadas quando as diversas áreas do cérebro são
estimuladas para realizar atividades como correr, pular, abraçar, beijar, sentir,
ouvir, fazendo o cérebro reagir aos diversos estímulos que resultam em
observações comportamentais e sociais.

42
Ambiente estressante gera ativação dos hormônios de noradrenalina
e cortisol que segregam o cérebro em resposta a situações adversas ou de
sobrecarga tensional afetando os processos de consolidação da memória e
bloqueando o córtex, impedindo de dirigir e focar atenção experienciais de
aprendizagem, que alteram a capacidade de resolução inteligente de conflitos,
embotando habilidades fundamentais para a resolução dos mesmos.
Segundo PAIN (1989, p.13) “o cérebro é ativado em seu aspecto
neuroquímico, biológico, anatômico, psicossocial, fisiológico, celular e
emocional”. Nesse aspecto, a neurociência vem como aporte para a
aprendizagem, auxiliando o educador em suas intervenções para melhor
significar a cognição e interesse para que o cérebro guarde na memória de
longo prazo o conhecimento promovido e, os recursos utilizados para tal,
estimulando os canais sensoriais dos envolvidos nas “ensinagens”.
Portanto, um clima emocional auxilia na aprendizagem, e se o
indivíduo não o tem em seu ambiente social, é possível que o tenha no
ambiente educativo de suas aprendizagens, e aqui aporta o educador-
pesquisador, ciente de seu compromisso com o outro e de sua
responsabilidade com o outro, permanecem interligados emoção e atenção que
fundamentam as bases cognitivas, estabelecendo relações essenciais entre
interferência, afetividade, emoção e aprendizagem, segundo Robert Lent:

“A aprendizagem é uma modificação biológica na


comunidade entre os neurônios, formando uma rede de
interligações, que podem ser evocados e retomados com
relativa facilidade e rapidez.” (ROBERT LENT, 2001, p.13)

O cérebro, a aprendizagem e a neurociência estão intrinsecamente


ligados no que se refere aprendizagem e a forma como o cérebro responde aos
estímulos ensinados através do encaminhamento de saberes e ações pela
educação, utilizando a neurociência pedagógica abordando a neurobiologia e
multidisciplinaridade sobre a complexidade cerebral em sala de aula.
Faz-se necessário conhecer a neurociência e com ela o
funcionamento do Sistema Nervosos Central, embasando cientificamente o

43
educador, de como áreas diversas fortalecem e fundamentam a aprendizagem,
a educação e a própria neurociência num processo interdisciplinar. Desta
forma, o cérebro se torna um mediador importante do conhecimento entre
professor, pais e educadores, num reconhecimento das potencialidades e
dificuldades no aprender.
Conforme Wallon (1989 p.27), “entende-se que o compromisso
afetivo ultrapassa limites conceituais, mas atinge esferas profundas de
comprometimento e responsabilidade com aqueles que necessitam
desenvolver-se integralmente como seres partícipes do mundo em que
habitam”. Auxiliar o ser em seu desenvolvimento é dar-lhe subsídios concretos
de mundo, de vida, de emoções articuladas na parceria, solidariedade,
resposta, valorização das potencialidades, organização e caracterização, bem
como organizar movimentos reflexos, habilidades perceptivas e físicas,
comunicação discursiva e habilidades relacionais.
É preciso reconhecer que a emoção é a centelha da vida, ou melhor,
é o estímulo desencadeador e fixador da informação na memória. Em outras
palavras, é através da emoção que o cérebro seleciona o que é importante ou
não, transformando em uma aprendizagem significativa o tempo todo. Um
professor “emocionado” demanda do aluno novas emoções e isto gera dúvidas,
experimentações e aprendizagens. É o cérebro em plasticidade para aprender,
criar competências.
Segundo Santos (2010 p.17), entende-se que não há separação
entre emoção, afetividade, aprendizagem e cérebro, são todos elementos
constituitivos das sinapses neuronais efetivadas pelos neurotransmissores que
numa corrida desabalada enveredam pelos hemisférios cerebrais criando
plasticidade e ativação dos lóbulos responsáveis pelas interações elencadas
acima.
As investigações não cessam e a busca pelo entendimento do fracasso na
aprendizagem auxilia o educador no processo de alfabetização-letramento de
seus educandos, compreendendo e buscando resultados de acordo com
desabilidades dos mesmos. A interação entre neurociência cognitiva, a
pedagogia e a prática docente encaminhará ovo foco de resolução de

44
problemas, minimizando dificuldade, compreendendo o processo de
aprendizagem e encaminhando resultados.
Segundo VYGOTSKY (2007,p 56) “os déficits de aprendizado talvez
sejam, na verdade, déficits executivos, relacionados, portanto, com a atenção,
ou com a memória de trabalho, ou com o que uma criança ou um adulto
apresentem uma dificuldade pura em aprender, já que até os moluscos
aprendem”. O que supomos estar acontecendo com essa criança ou esse
adulto é que eles talvez não estejam conseguindo usar o que aprenderam.
Assim sendo, propõe-se que os sujeitos que apresentem suspeita de “déficit de
aprendizagem” sejam submetidos a testes de função executiva, pois talvez aí
resida a real origem do problema, e daí possa emergir alguma possibilidade de
abordagem terapêutica.
Segundo Barros (2003), o desenvolvimento humano, então, se
processa de forma gradual e constante e as respostas vão aparecendo de
acordo com o oportunizado, e isto começa não só com o nascimento.

“A afetividade acompanha o ser humano desde a sua vida


intrauterina até a morte se manifestando como uma fonte
geradora de potência e energia”.

A afetividade pode ser comparada ao alicerce sobre o qual se


constrói o conhecimento racional e por isso deve ser prazerosa e ligada á ação
afetiva.
Conforme PIAGET (1964, p19) “a afetividade se entrelaça com o
saber, com o seu desenvolvimento e o indivíduo feliz reage positivamente a
novas informações, pois sua autoestima está organizada e equilibrada, pronta
para novos estímulos, sejam eles desafiadores, dramáticos, cômicos e físicos”.
A capacidade dos indivíduos de se emocionarem os faz diferente,
podendo reconstruir o mundo e o conhecimento, também, a partir das emoções
e do afeto que impulsionam a vida, e, não apenas do ensino mecanizado pela
vida. Portanto, trabalhar as emoções no ambiente escolar significa dotar os
alunos de recursos e estratégias de conduta que lhe permitem ter maior
controle de si mesmo, pois aquele que aprendeu a gerenciar melhor as

45
emoções, pode evitar ou minimizar a interferência de pressões externas que se
convertem em estresse, melhorando a saúde psicológica e tendo mais chances
de progredir tanto no trabalho acadêmico quanto social.
O educador de hoje tem funções muito além das obrigações
pedagógicas em si e assume um papel de agente de transformação na
construção do saber e da cidadania e quanto mais recursos tiver para propiciar
esse desenvolvimento, mais chances terá de criar um contexto de
aprendizagem saudável, motivante e criativo onde o saber e o afeto coexistem
em harmonia. Segundo Marta Pires Relvas:

“O educador deve se preparar para encontrar a sua


classe diversificada, ajudando os trabalhos à classe de
modo que se permita o desenvolvimento máximo das
aptidões de cada aluno.” (RELVAS, Marta, 2012, p.21).

46
CONCLUSÃO

Sabe-se hoje que o cérebro armazena fatos separadamente, entre


neurônios, e que a aprendizagem se da quando associados através das
sinapses, essa associação ocorre quando novos estímulos provenientes do
meio através dos sentidos são propagados, daí a importância do educador
saber como proporcionar esses estímulos.
Suas regiões, lobos, sulcos, reentrâncias tem sua função e real
importância num trabalho em conjunto, onde cada um precisa e interage com o
outro. Mais qual o papel e função de cada região cerebral? Aonde o aprender
tem realmente a sua sede e necessita ser estimulada adequadamente?
Conhecer o papel do hipocampo na consolidação de nossas
memórias, a importância do sistema límbico, responsável pelas nossas
emoções, desvendar os mistérios que envolvem a região frontal, sede da
cognição, linguagem e escrita, poder entender os mecanismos atencionais e
comportamentais de nossas crianças com TDAH, as funções executivas e o
sistema de comando inibitório do lobo pré-frontal é hoje fundamental na
educação assim como compreender as vias e rotas que norteiam a leitura e
escrita (regidas inicialmente pela região visual mais especifica (parietal), que
reconhece as formas visuais das letras e depois acessando outras áreas para
que a codificação e decodificação dos sons sejam efetivas). Como não
penetrar nos mistérios da região temporal relacionado a percepção e
identificações dos sons onde os reconhece por completo? (área temporal
verbal que produz os sons para que possamos fonar as letras). Não
esquecendo a região occipital que tem como uma de suas funções coordenar e
reconhecer os objetos assim como o reconhecimento da palavra escrita. Assim,
cada órgão se conecta e se interliga nesse trabalho onde cada estrutura com
seus neurônios específicos e especializados desempenham um papel
importantíssimo nesse aprender.
Pode-se compreender, que desta forma o uso de estratégias
adequadas em um processo de ensino dinâmico e prazeroso provocará
consequentemente, alterações na quantidade e qualidade destas conexões
sinápticas, afetando assim o funcionamento cerebral, de forma positiva e
permanente, com resultados extremamente satisfatórios.

47
Os avanços e descobertas na área da neurociência ligada ao
processo de aprendizagem é sem duvida, uma revolução para o meio
educacional. A Neurociência da aprendizagem, em termos gerais, é o estudo
de como o cérebro aprende. É o entendimento de como as redes neurais são
estabelecidas no momento da aprendizagem, bem como de que maneira os
estímulos chegam ao cérebro, da forma como as memórias se consolidam, e
de como temos acesso a essas informações armazenadas.
Quando se fala em educação e aprendizagem, estamos falando em
processos neurais, redes que se estabelecem, neurônios que se ligam e fazem
novas sinapses. E o que se entende por aprendizagem? Aprendizagem, nada
mais é do que esse maravilhoso e complexo processo pelo qual o cérebro
reage aos estímulos do ambiente, ativa essas sinapses (ligações entre os
neurônios por onde passam os estímulos), tornando-as mais "intensas". A cada
estímulo novo, a cada repetição de um comportamento que seja consolidado,
terá circuitos que processam as informações, que deverão ser então
consolidadas.

48
BIBLIOGRAFIA

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49
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WALLON, Henri. Origens do Pensamento da Criança. 3.ed. São Paulo:


Manole, 1989.

50
ÍNDICE

FOLHA DE ROSTO 2
AGRADECIMENTO 3
DEDICATÓRIA 4
RESUMO 5
METODOLOGIA 6
SUMÁRIO 7
INTRODUÇÃO 8
CAPÍTULO I
A funcionalidade do sistema límbico 11
CAPÍTULO II
A construção da aprendizagem em meio às emoções 23
CAPÍTULO III
Funções cognitivas e executivas no cérebro da criança 35
CONCLUSÃO 47
BIBLIOGRAFIA 49
ÍNDICE 51

51

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