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DESENVOLVIMENTO FÍSICO E

COGNITIVO NA ADOLESCÊNCIA

Prof. Me. Maicol de Oliveira Brognoli


Curso de Psicologia – UNESC
Disciplina de Psicologia do Desenvolvimento na adolescência
ADOLESCÊNCIA: UMA
TRANSIÇÃO NO
DESENVOLVIMENTO
• Rituais para marcar a maturidade de uma criança são comuns em
muitas sociedades tradicionais. Por exemplo, as tribos apaches
comemoram a primeira menstruação de uma menina com um ritual
de quatro dias de cânticos do nascer ao pôr-do-sol.
• Na maioria das sociedades modernas, a passagem da infância para a
vida adulta é marcada não por um único evento, a adolescência, uma
transição no desenvolvimento que envolve mudanças físicas,
cognitivas, emocionais e sociais e assume formas variadas em
diferentes contextos sociais, culturais, e econômicos.
• Uma mudança física importante é o início da puberdade, o processo
que leva à maturidade sexual, ou fertilidade – a capacidade de
reproduzir. Tradicionalmente, acreditava-se que a adolescência e a
puberdade começassem ao mesmo tempo, em torno dos 13 anos de
idade, entretanto, os médicos em algumas sociedades modernas vêm
agora alterações puberais bem antes da idade de 10 anos.
• Adolescência - período entre as idades de 11 e 19 ou 20 anos.
• Organização Mundial de Saúde (OMS): 10-19
anos;
• Ministério da Saúde do Brasil: 10 – 24 anos;
• Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA)
art # 2: 12-18 anos;
art # 121 e 142: até 21 anos (casos
excepcionais);
• Conceito de “menor”: até completar 18 anos;
• Maioridade penal: a partir dos 18 anos;
• Voto opcional em eleições: a partir dos 16
anos;
• Adolescência e juventude (critérios
agrupados):10 – 24 anos;
A ADOLESCÊNCIA COMO UMA
CONSTRUÇÃO SOCIAL
• A adolescência é uma construção social. Esse conceito não existia nas
sociedades pré-industriais; as crianças eram consideradas adultas quando
amadureciam fisicamente ou iniciavam um aprendizado profissional.
• Século XX - adolescência foi definida como um estágio de vida separado,
no mundo ocidental. Hoje, é um fenômeno global com formas
diferentes em culturas diferentes.
• A entrada na vida adulta leva mais tempo e é menos definida do que no
passado.
• A puberdade começa mais cedo;
• O início da vida profissional ocorre mais tarde, com períodos mais longos
de educação ou treinamento profissional para as responsabilidades da
vida adulta;
• O casamento com suas responsabilidades associadas tipicamente começa
mais tarde;
• Passam grande parte de seu tempo em seu próprio mundo, amplamente
separado do mundo dos adultos.
ADOLESCÊNCIA: UMA ÉPOCA DE
OPORTUNIDADES E RISCOS
• A adolescência oferece oportunidades para o crescimento não
só em termos de dimensões físicas, mas também em
competência cognitiva e social, autonomia, autoestima e
intimidade.
• Os jovens que têm relações de apoio com os pais, a escola e a
comunidade tendem a desenvolver-se de forma positiva e
saudável.
• Enfrentam hoje riscos ao seu bem-estar físico e mental, que
incluem altas taxas de mortalidade por acidentes, homicídio e
suicídio.
• Os comportamentos de risco podem refletir imaturidade do
cérebro adolescente.
DESENVOLVIMENTO FÍSICO:
Puberdade
A puberdade envolve alterações físicas dramáticas. Essas mudanças fazem parte de
um longo e complexo processo de maturação que começa antes do nascimento, e
suas implicações psicológicas podem continuar até a vida adulta.

COMO COMEÇA A PUBERDADE: ALTERAÇÕES HORMONAIS


• Um aumento no hormônio liberador de gonadotropina (GnRH) no hipotálamo leva a uma
elevação em dois hormônios reprodutivos fundamentais: o hormônio luteinizante (LH) e o
hormônio estimulador dos folículos (FSH).
• Nas meninas, os níveis aumentados de FSH levam ao início da menstruação. Nos meninos,
o LH inicia a secreção de testosterona e androstenediona.
• Dois estágios: (1) a ativação das glândulas adrenais e (2) o amadurecimento dos órgãos
sexuais alguns anos mais tarde. O primeiro estágio ocorre entre as idades de 6 e 8 anos,
onde as glândulas adrenais localizadas acima dos rins secretam gradualmente níveis
cada vez maiores de androgênios, principalmente dehidroepiandrosterona (DHEA). Aos
10 anos de idade, os níveis de DHEA são 10 vezes mais altos do que eram entre as idades
de 1 e 4 anos.
• O DHEA influencia o crescimento de pelos púbicos, axilares e faciais, contribui para o
crescimento mais rápido do corpo, para a maior oleosidade na pele e para o
desenvolvimento de odores corporais.
O amadurecimento dos órgãos sexuais ativa um segundo estágio
de produção de DHEA, que então se eleva aos níveis adultos.

MENINAS MENINOS
Os ovários aumentam sua Nos meninos, os testículos aumentam a
produção de estrogênio, que produção de androgênios, principalmente
estimula o crescimento dos a testosterona, que estimula o
órgãos genitais femininos e o crescimento dos órgãos genitais
desenvolvimento dos seios e dos masculinos, da massa muscular e dos
pelos púbicos e axilares. pelos do corpo.

Ambos possuem os dois tipos de hormônio, mas as meninas têm níveis maiores
de estrogênio e os meninos de androgênios. Nas meninas, a testosterona
influencia o crescimento do clitóris bem como dos ossos e dos pelos púbicos e
axilares.
• Estudos indicam = meninas com uma porcentagem de gordura
corporal mais alta na segunda infância e aquelas que
experimentam um ganho de peso incomum entre as idades de 5 e
9 anos tendem a apresentar um desenvolvimento puberal mais
precoce. O acúmulo de leptina, um hormônio associado à
obesidade, pode ser a ligação entre gordura corporal e puberdade
mais precoce, enviando sinais à pituitária e às glândulas sexuais
para que aumentem sua secreção de hormônios.

• Pesquisas atribuem intensa emotividade e instabilidade de


humor no começo da adolescência a esses desenvolvimentos
hormonais. Emoções negativas como angústia e hostilidade,
sintomas de depressão em meninas, tendem a aumentar à
medida que a puberdade avança.

• Outras influências, como sexo, idade, temperamento, e a época da


puberdade, podem moderar ou mesmo se sobrepor às influências
hormonais.
TEMPO, SINAIS E SEQUÊNCIA DA PUBERDADE E DO
AMADURECIMENTO SEXUAL

• As mudanças que anunciam a puberdade começam agora


normalmente aos 8 anos nas meninas e aos 9 anos nos meninos, mas
existe uma ampla variação etária para várias mudanças. Recentemente,
os pediatras viram um número significativo de meninas com brotos
mamários antes dos 8 anos de idade. O processo puberal leva
normalmente de 3 a 4 anos para ambos os sexos.

• Caracteres sexuais primários: são os órgãos necessários para a


reprodução. Nas mulheres, os órgãos sexuais incluem os ovários, as
tubas uterinas, o útero, o clitóris e vagina. Nos homens, eles incluem
os testículos, o pênis, o saco escrotal, as vesículas seminais e a
próstata. Durante a puberdade, esses órgãos aumentam de tamanho
e amadurecem.
• Caracteres sexuais secundários: são sinais fisiológicos do
amadurecimento sexual que não envolvem diretamente os órgãos
sexuais: os seios das meninas e os ombros largos dos meninos, as
alterações na voz e na textura da pele, o desenvolvimento
muscular e o crescimento de pelos púbicos, faciais, axilares e
corporais.
• Sinais da puberdade: externos (tecido mamário e pelos púbicos nas
meninas e aumento dos testículos nos meninos). Alguns meninos
adolescentes, para sua aflição, experimentam um aumento
temporário das mamas; esse desenvolvimento é normal e pode
durar até 18 meses.
• Pelos púbicos, lisos e sedosos, tornam-se grossos, escuros e
encaracolados.
• A voz mais grave, principalmente nos meninos (crescimento da
laringe em resposta à produção de hormônios masculinos).
• A maior atividade das glândulas sebáceas contribui para o
surgimento de espinhas e cravos. A acne é mais comum nos meninos
(aumento nas quantidades de testosterona).
• Geralmente, as MENINAS
passam pela puberdade entre os
9 e 13 anos, já os MENINOS entre
11 e 14 anos;

• É chamada “puberdade precoce”


quando as mudanças ocorrem
antes da idade inicial
apresentada, e “puberdade
retardada” depois da idade limite;

• Em ambos os casos um
médico especialista deve ser
procurado para acompanhar o
desenvolvimento. (BATISTA
NETO E OSÓRIO, 2010).
DESENVOLVIMENTO PUBERAL
MASCULINO
DESENVOLVIMENTO PUBERAL FEMININO
O estirão de crescimento adolescente: aumento rápido na altura, peso, musculatura e
ossatura – geralmente começa, nas meninas, entre os 9 anos e meio e os 14 anos e meio
(geralmente por volta dos 10), e nos meninos entre os 10 anos e meio e os 16 anos e
meio (geralmente aos 12 ou 13). Dura em torno de dois anos; pouco depois de seu
término, o jovem atinge a maturidade sexual.

As meninas entre as idades de 11 e 13 anos tendem a ser mais altas, mais pesadas e
mais fortes que os meninos da mesma idade. Após seu estirão de crescimento, os
meninos ficam novamente maiores.

Meninas normalmente atingem sua altura total aos 15 anos e os meninos aos 17 anos. A
taxa de crescimento muscular atinge um pico aos 12 anos e meio nas meninas e aos 14
anos e meio nos meninos.

Meninos e meninas crescem de maneira diferente!


Sinais de maturidade sexual: produção de esperma
e menstruação.
• Nos meninos é a produção de esperma. A primeira
ejaculação, ou espermarca, ocorre em média aos 13
anos. O menino pode acordar e encontrar uma mancha
úmida ou ressecada no lençol – resultado de uma
polução noturna, uma ejaculação involuntária de sêmen
(usualmente chamada de sonho molhado). Às vezes
associadas a um sonho erótico.
• Na menina é a menstruação, uma eliminação mensal do
revestimento uterino. A primeira menstruação,
denominada menarca, ocorre relativamente tarde na
sequência do desenvolvimento feminino; seu tempo
normal de ocorrência pode variar dos 10 aos 16 anos e
meio.
Você amadureceu cedo, tarde
ou “na hora certa”? Como
você se sentiu em relação à
época de seu
amadurecimento?
O CÉREBRO DO ADOLESCENTE
• O cérebro do adolescente ainda não está plenamente maduro.
Ele passa por uma segunda fase de superprodução de matéria
cinzenta, sobretudo nos lobos frontais, seguida de supressão do
excesso de células nervosas. A mielinização contínua dos lobos
frontais facilita a maturação do processamento cognitivo.

• Os adolescentes processam informação emocional com a


amígdala, enquanto os adultos usam o lobo frontal. Assim, eles
tendem a fazer julgamentos menos precisos e menos racionais.

• O desenvolvimento insuficiente dos sistemas corticais frontais


ligados à motivação, impulsividade e dependência pode ser a
explicação para a tendência dos adolescentes a assumir riscos.
DESENVOLVIMENTO COGNITIVO
Aspectos do amadurecimento cognitivo
• Os adolescentes que alcançam o estágio operatório-formal de Piaget podem
utilizar o raciocínio hipotético-dedutivo. Elas podem pensar em termos de
possibilidades, lidar com problemas de modo flexível e testar hipóteses.

• Pesquisas têm constatado mudanças estruturais e funcionais no


processamento de informação na adolescência. Mudanças estruturais na
adolescência incluem (1) mudanças na capacidade da memória de trabalho e
(2) a crescente quantidade de conhecimento armazenada na memória de
longo prazo.

• A informação armazenada na memória de longo prazo pode ser declarativa,


procedural ou conceitual. • O conhecimento declarativo (“saber que...”) • O
conhecimento procedural (“saber como...”) • O conhecimento conceitual
(“saber por que...”).

• Mudança funcional: os processos para obter, manipular e reter informação


são aspectos funcionais da cognição. Entre esses estão aprender, lembrar e
raciocinar, todos os quais melhoram durante a adolescência.
O vocabulário e outros aspectos do desenvolvimento da linguagem, sobretudo
aqueles relacionados ao pensamento abstrato, como perspectiva social, são
aprimorados na adolescência. Os adolescentes gostam de jogos de palavra e
criam seu próprio dialeto.

Segundo Kohlberg, o raciocínio moral baseia-se no desenvolvimento de um


senso de justiça da capacidade cognitiva. Kohlberg propôs que o
desenvolvimento moral progride a partir do controle externo, passando por
padrões sociais internalizados, até os códigos de princípios morais.

Nível I: Moralidade pré-convencional. As pessoas agem sob controle externo.


Obedecem a regras para evitar punição ou obter recompensas, ou agem por
interesse pessoal. Esse nível é típico de crianças de 4 a 10 anos.

Nível II: Moralidade convencional (ou moralidade de conformidade com o papel


convencional). As pessoas internalizaram os padrões das figuras de autoridade.
Elas se preocupam em ser “boas”, agradáveis com os outros e em manter a
ordem social. Esse nível é normalmente alcançado depois dos 10 anos de idade;
muitas pessoas nunca o ultrapassam, mesmo na vida adulta.
Nível III: Moralidade pós-convencional (ou moralidade dos princípios morais autônomos).
As pessoas reconhecem conflitos entre padrões morais e fazem seus próprios julgamentos
com base em princípios de correção e justiça. Geralmente as pessoas atingem esse nível de
julgamento moral só no começo da adolescência ou, o que é mais comum, no começo da
vida adulta, isso quando atingem.

Influência dos pais, do grupo e da cultura: pesquisas enfatizam a contribuição dos pais
tanto no plano cognitivo quanto no plano emocional. Adolescentes com pais democráticos
que os estimulam a questionar e expandir seu raciocínio moral tendem a raciocinar em
níveis mais altos. O grupo de pares também afeta o raciocínio moral por meio das
conversas entre eles sobre conflitos morais. Ter mais amigos íntimos, passar um tempo de
qualidade com eles e ser percebido como líder estão associados com raciocínio moral mais
alto.

COMPORTAMENTO PRÓ-SOCIAL E ATIVIDADE VOLUNTÁRIA: Aproximadamente metade dos


adolescentes envolvem-se em algum tipo de serviço comunitário ou atividade voluntária.
Essas atividades pró-sociais permitem que os adolescentes tornem-se envolvidos na
sociedade adulta para explorar seus possíveis papéis como parte da comunidade e para
associar seu senso de identidade em desenvolvimento ao envolvimento cívico. Voluntários
adolescentes tendem a ter um alto grau de auto entendimento e compromisso com os
outros. As meninas são mais propensas ao voluntariado do que os meninos. . Estudantes
que fazem trabalho voluntário fora da escola tendem, quando adultos, a serem mais
envolvidos em suas comunidades do que aqueles que não fazem.
REFERÊNCIAS

• PAPALIA, Daine E.; FELDMAN, Ruth D. Desenvolvimento


Humano. Porto Alegre: ArTmed, 2013.

• BATISTA NETO E OSÓRIO, L. C. Adolescência


hoje. Porto Alegre: Artmed, 2010.
REFERÊNCIAS

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