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Situação problema 1: “A UBS na escola…”

Objetivo 1: Diferenciar os processos de adolescência e puberdade.


ADOLESCÊNCIA: período do desenvolvimento de transição da infância para a idade
adulta; envolve mudanças biológicas, cognitivas e socioemocionais. A adolescência começa
aproximadamente entre 10 e 13 anos e termina por volta dos 19 anos. Muitos especialistas
descrevem a adolescência em termos de períodos iniciais e tardios. A adolescência inicial
seria o período do desenvolvimento que corresponde aproximadamente ao final do ensino
fundamental e inclui principalmente as mudanças puberais. Já o fim da adolescência é o
período do desenvolvimento que corresponde aproximadamente à última metade da
segunda década de vida. Interesses pela carreira, namoros e exploração da identidade
estão frequentemente mais pronunciados no fim da adolescência do que na adolescência
inicial. A adolescência começa na biologia e termina na cultura. Ou seja, a transição da
infância para a adolescência inicia com a eclosão da maturação da puberdade, enquanto a
transição da adolescência para a idade adulta é determinada pelos padrões culturais e
pelas experiências. Na adolescência ocorrem processos biológicos, cognitivos e
socioeconômicos. Os processos biológicos envolvem mudanças físicas no corpo do
indivíduo. Os processos cognitivos consistem em mudanças no pensamento e na
inteligência. Os processos socioeconômicos focam nas mudanças nas relações entre as
pessoas, na emoção, na personalidade e nos contextos sociais. O conceito de adultez
emergente foi proposto para descrever a transição da adolescência para a idade adulta.
Cinco características principais da adultez emergente são: a exploração da identidade
(especialmente no amor e trabalho), a instabilidade, o autofoco, o sentimento de
ambivalência e as possibilidades de experiências para transformar a própria vida.
PUBERDADE: a puberdade pode ser distinguida da adolescência. Praticamente, para todas
as pessoas, ela termina muito antes do fim da adolescência e é frequentemente
considerada como o marcador mais importante do início dessa fase. A puberdade é um
período de rápida maturação física, envolvendo alterações hormonais e corporais que
acontecem fundamentalmente na adolescência inicial, com duração de cerca de 2 a 4 anos.
A puberdade não é, portanto, sinônimo de adolescência, mas uma parte dela. Constitui-se
por um período relativamente curto, no qual ocorrem todas as modificações físicas desse
momento de transição da infância para a idade adulta. Essas transformações somáticas que
ocorrem na adolescência têm caráter universal, ou seja, representam um fenômeno comum
a todos os indivíduos nessa fase da vida. Embora ainda persistam dúvidas sobre a
complexa dinâmica da ativação puberal, sabe-se que esse momento se inicia após a
reativação de neurônios hipotalâmicos. Fatores que influenciam a puberdade:
hereditariedade, hormônios, peso, gordura corporal e leptina, peso ao nascer e primeira
infância e fatores socioculturais e ambientais. Uma característica própria da puberdade é
a sua variabilidade. A idade cronológica não se constitui como um bom indicador para
a avaliação de adolescentes. É comum que adolescentes de diferentes grupos etários
se encontrem no mesmo estágio de desenvolvimento. Daí, a necessidade da utilização de
critérios de maturidade fisiológica para o acompanhamento do desenvolvimento puberal.
REFERÊNCIAS:
LOURENÇO, Benito; QUEIROZ, Lígia Bruni. Crescimento e desenvolvimento puberal na
adolescência. Revista de Medicina, v. 89, n. 2, p. 70-75, 2010.

SANTROCK, John W. Adolescência. 14. Porto Alegre AMGH 201


Objetivo 2: Caracterizar as mudanças físicas e psicológicas.
MUDANÇAS FÍSICAS:
● ESTIRÃO DE CRESCIMENTO: o crescimento se dá lentamente durante a infância;
então a puberdade produz o aumento de crescimento mais rápido desde a primeira
infância. O estirão do crescimento associado à puberdade ocorre aproximadamente
dois anos mais cedo para as meninas do que para os meninos. Para as meninas, a
média de início do estirão do crescimento é 9 anos; para os meninos, a média é aos
11 anos. A altura final de um indivíduo é geralmente um ponto intermediário entre a
altura da mãe biológica e o pai biológico, ajustada para alguns centímetros a menos,
no caso das meninas, e alguns centímetros a mais para os meninos. Os meninos e
as meninas que são mais baixos ou mais altos do que seus pares antes da
adolescência provavelmente se manterão assim durante a adolescência. No início
da adolescência, as meninas tendem a ser tão altas quanto ou mais altas do que os
meninos da sua idade, mas perto do final do ensino médio, a maioria dos meninos já
as alcançou e também ultrapassou a altura das meninas. O ritmo com o qual os
adolescentes ganham peso acompanha aproximadamente o mesmo cronograma do
ritmo com o qual eles ganham altura. Os ganhos marcantes de peso coincidem com
o início da puberdade. Metade, isto é, 50% do peso corporal adulto, é adquirido
durante a adolescência. Durante a adolescência inicial, as meninas tendem a pesar
mais do que os meninos, porém – assim como ocorre com a altura – em torno dos
14 anos os meninos começam a ultrapassar as meninas no peso. Além do aumento
no peso e na altura, a puberdade acarreta alterações na largura dos quadris e dos
ombros. As meninas passam por um estirão na largura dos quadris, ao passo que os
meninos aumentam a largura dos ombros. Nas meninas, o aumento na largura dos
quadris está ligado ao aumento no estrogênio. Nos meninos, o aumento na largura
dos ombros está associado a um aumento na testosterona. Por fim, o estirão mais
tardio no crescimento nos meninos produz um maior comprimento das pernas do
que nas meninas. Em muitos casos, a estrutura facial dos meninos fica mais angular
durante a puberdade, ao passo que a das meninas fica mais redonda e macia.
● MATURAÇÃO SEXUAL: pesquisadores descobriram que as características puberais
masculinas se desenvolvem na seguinte ordem: aumento no tamanho do pênis e
dos testículos, aparecimento de pelos pubianos lisos, pequena mudança de voz,
primeira ejaculação (espermarca – geralmente durante a masturbação ou em um
sonho erótico), aparecimento de pelos pubianos encaracolados, início do
crescimento máximo, crescimento de pelos nas axilas, mudanças de voz mais
detectáveis e crescimento do pelo facial. Os três dos sinais mais perceptíveis de
maturação sexual nos meninos são o alongamento do pênis, o desenvolvimento dos
testículos e o crescimento de pelos faciais. Qual a ordem de aparecimento das
mudanças físicas nas meninas? Em média, o desenvolvimento dos seios ocorre
primeiro, seguido pelo aparecimento dos pelos pubianos. Posteriormente, aparecem
pelos nas axilas. Quando ocorrem essas mudanças, a menina cresce em altura e
seus quadris começam a ficar mais largos do que os ombros. Sua primeira
menstruação (menarca) ocorre um pouco mais tarde no ciclo puberal. Inicialmente,
os ciclos menstruais podem ser muito irregulares, e durante os primeiros anos ela
poderá não ovular em todos os ciclos. Em alguns casos, a menina não se torna fértil
até dois anos depois de começar seu período. Não ocorrem mudanças de voz que
sejam comparáveis às dos meninos púberes. No final da puberdade, os seios das
meninas ficam mais arredondados. Dois dos aspectos mais perceptíveis da
mudança puberal na menina são o desenvolvimento dos pelos pubianos e dos seios.
Observe que pode haver amplas variações individuais quanto ao desencadeamento
e progressão da puberdade. Para os meninos, a sequência puberal pode começar
aos 10 anos ou aos 13 1⁄2. Ela pode terminar cedo, aos 13 anos, ou tarde, aos 17. A
variação média é tão ampla que, levando-se em consideração dois meninos
diferentes, com a mesma idade cronológica, um poderá completar a sequência
puberal antes que o outro a tenha começado. Para as meninas, a idade média da
menarca é ainda mais ampla, entre 9 e 15 anos. Puberdade precoce é o termo
usado para descrever o início muito precoce e a progressão rápida da puberdade. A
puberdade precoce é geralmente diagnosticada quando o início da puberdade
ocorre antes dos 8 anos nas meninas e antes dos 9 anos nos meninos. Ela ocorre
aproximadamente 10 vezes mais em meninas do que em meninos. Quando a
puberdade precoce ocorre, é geralmente tratada medicamente por supressores das
secreções gonadotróficas, o que temporariamente interrompe as mudanças
puberais. As razões para este tratamento é que as crianças que vivenciam a
puberdade precoce têm probabilidade de ter baixa estatura, capacidade sexual
precoce e potencial para apresentar comportamento inapropriado para a idade.
TENDÊNCIAS SECULARES NA PUBERDADE: por exemplo, na Noruega, a
menarca ocorre agora acima dos 13 anos, comparada com os 17 anos da década de
1840. Nos Estados Unidos, onde as crianças amadurecem fisicamente até um ano
antes do que nos países europeus, a menarca ocorre agora em torno dos 12 1⁄2
anos, comparadas com mais de 14 anos um século atrás. Acredita-se que a
chegada mais cedo da puberdade deva-se às melhorias na saúde e na nutrição.
Nos anos de 1970, Arminda Aberastury, psicanalista argentina, e Maurício Knobel,
psiquiatra e psicanalista brasileiro, reuniram as peculiaridades do comportamento dos
jovens e as denominaram de Síndrome da Adolescência Normal. Classificaram de síndrome
porque as condutas seriam consideradas patológicas em outras fases de vida, mas
esperadas no adolescente.
MUDANÇAS PSICOLÓGICAS:
● Elaboração dos lutos característicos da fase (busca de si mesmo e da
identidade): de acordo com Aberastury e Knobel (1970), o adolescente precisa
elaborar três lutos simbólicos: luto pelo corpo de criança, pela identidade e papel
infantil e luto pelos pais da infância. O vagaroso processo de autoconhecimento e de
reestruturação da identidade, denominado de busca de si mesmo e da identidade
adulta, só é possível com a elaboração desses lutos.
Identidade: é quem uma pessoa é, representando uma síntese e uma integração do
autoconhecimento.
Autoconsciência: os adolescentes têm maior probabilidade que as crianças de
serem conscientes e preocupados com seu autoconhecimento. Embora os
adolescentes se tornem mais introspectivos, eles nem sempre desenvolvem o
autoconhecimento no isolamento social. Os adolescentes se voltam para seus
amigos na busca de apoio e autoclarificação, incluindo as opiniões dos amigos nas
suas autodefinições emergentes. Os amigos dos adolescentes são, frequentemente,
a principal fonte de autoavaliações refletidas, o espelho social para o qual os
adolescentes ansiosamente direcionam seu olhar.
Imagem corporal: um aspecto psicológico da puberdade é certo entre meninos e
meninas: os adolescentes são preocupados com seu corpo. A preocupação com a
própria imagem é muito intensa por toda a adolescência, mas é especialmente
aguda durante a puberdade, época em que os adolescentes estão mais insatisfeitos
com seu corpo do que no fim da adolescência.
Diferenças de gênero: as diferenças de gênero caracterizam as percepções que os
adolescentes têm do seu corpo. Em geral, durante a puberdade, as meninas estão
menos felizes com o corpo e têm imagem corporal mais negativa do que os meninos
Quando as mudanças puberais avançam, as meninas geralmente ficam menos
satisfeitas com seu corpo, provavelmente porque a gordura corporal aumenta. Em
contraste, os meninos ficam mais satisfeitos quando avançam em direção à
puberdade, provavelmente por causa do aumento da massa muscular.
Desenvolvimento da sexualidade: do autoerotismo à genitalidade. Identidade
sexual definida (evolução sexual desde o autoerotismo até a heterossexualidade): a
aceitação da genitalidade é de certa forma imposta pelas mudanças pubertárias,
culminando com a menarca ou a ejaculação espontânea, fatos que cercam a
possibilidade de procriação. Ao aceitar a genitalidade, o adolescente também está
abrindo mão da bissexualidade que tinha na infância, pois caminhará para a
definição da sexualidade. Assim, há evolução desde o autoerotismo (atividades
masturbatórias) até a genitalidade, esta exercida inicialmente por meio de contatos
exploratórios e tímidos – jogos eróticos, toques de conteúdo exploratório de si
mesmo e do outro. Nessa fase, pode haver experiências com pessoas do mesmo
sexo, muitas vezes em forma de amizade especial ou em grupos constituídos
apenas de rapazes ou de moças. A esse tipo de comportamento dá-se o nome de
pseudo-homossexualismo, uma vez que não significa a cristalização do
homoerotismo, mas apenas experiências esporádicas até o amadurecimento
heterossexual.
Hormônios e comportamento: as concentrações de hormônios estão ligadas ao
comportamento adolescente? Estima-se que os fatores hormonais contribuem para
parte do incremento das emoções negativas e variáveis que caracterizam os
adolescentes. Nos garotos, os níveis mais elevados de androgênios estão
associados a violência. Também existem algumas indicações de que os níveis
aumentados de estrogênio estão ligados à depressão em garotas adolescentes.
Porém, isoladamente, os fatores hormonais não são responsáveis pelo
comportamento adolescente. Por exemplo, um estudo concluiu que fatores sociais
influenciavam na depressão e na irritabilidade das garotas adolescentes de duas a
quatro vezes mais do que os fatores hormonais. Outro estudo encontrou pouca
conexão direta entre níveis de testosterona e comportamento de risco ou depressão
entre adolescentes do sexo masculino e feminino. Em contraste, a ligação com
comportamento de risco dependia da qualidade das relações entre os pais e o
adolescente. Quando a qualidade da relação decaía, aumentava o comportamento
de risco ligado à testosterona e aos sintomas de depressão. Assim, os hormônios
não funcionam de forma independente; a atividade hormonal é influenciada por
muitos fatores ambientais, incluindo as relações entre pais e adolescente. Estresse,
padrões alimentares, atividade sexual e depressão também podem ativar ou suprimir
vários aspectos do sistema hormonal.
OS EFEITOS DA PUBERDADE SÃO EXAGERADOS?: alguns pesquisadores
questionam se os efeitos da puberdade são tão fortes quanto se acreditava
anteriormente. Os efeitos da puberdade têm sido exagerados? A puberdade afeta
alguns adolescentes com maior intensidade do que outros, e alguns
comportamentos mais fortemente do que em outros. A imagem corporal, o interesse
em namoro e o comportamento sexual são claramente afetados pela mudança
puberal. No entanto, se examinarmos o desenvolvimento geral de adaptação
durante o ciclo vital, a puberdade e suas variações têm efeitos menos drásticos do
que a maioria dos indivíduos comumente pensa. Para alguns adolescentes mais
novos, o caminho até a puberdade é tempestuoso, mas para a maioria não é. Cada
período do ciclo vital humano tem seus estresses, e com a puberdade não é
diferente. Embora ela apresente novos desafios, a grande maioria dos adolescentes
consegue vencer seus estresses eficientemente.
Comportamento de exposição a riscos: um tipo de comportamento que cresce na
adolescência é a exposição a riscos. Um estudo recente revelou que a busca por
sensações aumentou dos 10 aos 15 anos e depois declinou ou permaneceu estável
durante o resto da adolescência e idade adulta inicial.
Autoconhecimento: é a representação cognitiva do self do indivíduo, a substância
e o conteúdo das autoconcepções. Por exemplo, um garoto de 12 anos entende que
é estudante, jogador de futebol, membro de uma família e amante de videogames.
Uma garota de 14 anos entende que é jogadora de futebol, membro do conselho
estudantil, fã de cinema e rock. O autoconhecimento de um adolescente está
baseado, em parte, nos vários papéis e nas categorias de afiliação que definem
quem os adolescentes são. Embora o autoconhecimento forneça os fundamentos
racionais, ele não é a identidade pessoal como um todo. O desenvolvimento do
autoconhecimento na adolescência é complexo e envolve inúmeros aspectos do
self. 1)Abstração e idealismo: muitos adolescentes começam a pensar de forma
mais abstrata e idealista. Quando solicitados a se descreverem, os adolescentes
têm mais probabilidade do que as crianças de usar termos abstratos e idealistas.
Nem todos os adolescentes se descrevem de maneira idealista, mas a maioria dos
adolescentes distingue entre o self real e o self ideal. 2)Diferenciação: Com o
passar do tempo, o autoconhecimento de um adolescente vai se tornando
diferenciado. Os adolescentes têm maior probabilidade do que as crianças de
observar variações contextuais ou situacionais ao se descreverem. Por exemplo,
uma garota de 15 anos se descreve usando um conjunto de características em
conexão com sua família, e outro conjunto de características em conexão com seus
pares e amigos. Pode surgir ainda outro conjunto de características na
autodescrição do seu relacionamento emocional. Em suma, os adolescentes têm
mais probabilidade do que as crianças de entender que eles possuem vários selves
diferentes, cada um variando até certo grau de acordo com um papel ou contexto
específico.
Fantasiar a saída do presente com o imaginário (necessidade de intelectualizar
e fantasiar): utilizar a imaginação é uma das mais típicas condutas de adolescentes,
outra defesa às perdas simbólicas. Funciona como reajuste emocional, uma vez que
o jovem em pensamento se transporta, levando-o à sensação, imaginária, de que
pode controlar as situações. Isso se manifesta em devaneios e também na forma
intelectualizada das conversas filosóficas sobre princípios éticos, problemas sociais
e políticos, permitindo teorizar sobre reformas que deveriam acontecer para a
melhora do mundo. Nesses momentos, o jovem exerce o poder de sua criatividade
em projetos e sonhos com os quais adultos muitas vezes se frustram, pelo medo do
novo. A intelectualização e o devaneio precisam ser bem compreendidos, pois são
mecanismos psíquicos que impulsionam a cultura e modificam comportamentos, o
que pode contribuir para a evolução humana.
Distemporalidade (deslocalização temporal): na adolescência, há certa
desorientação temporal, em que urgências são enormes ou prorrogações
descabidas. Dependendo do interesse e da necessidade, as tarefas ou diversões
podem existir num permanente “mais tarde vai dar tempo”, como se o adolescente
fosse detentor do poder de manipular as horas. A real dimensão temporal vai sendo
adquirida lentamente, o presente e futuro assimilados e usados para melhor
distribuição de deveres e lazer.
Comparação social: os adolescentes jovens têm mais probabilidade do que as
crianças de se compararem com os outros e de entenderem que os outros estão
fazendo comparações sobre eles. As crenças de um indivíduo sobre como ele é
visto é chamada de espelho do self. Contudo, a maioria dos adolescentes não está
disposta a admitir que faz comparações sociais porque eles encaram a comparação
social como socialmente indesejável. Ou seja, eles acham que reconhecer suas
razões para a comparação social poderá colocar em perigo a sua popularidade.
Basear-se nas informações da comparação social pode ser confuso para os
adolescentes devido ao grande número de grupos de referência à disposição. Os
adolescentes devem se comparar aos colegas de aula em geral? Aos amigos do
mesmo gênero que eles? Aos adolescentes populares, atléticos e de boa aparência?
Levar em consideração todos esses grupos de comparação social simultaneamente
pode ser desconcertante para os adolescentes.
Autoproteção: na adolescência, o senso de confusão e conflito estimulado pelos
esforços para se entender é acompanhado de uma necessidade de proteger o self.
Em um esforço para proteger o self, os adolescentes estão propensos a negar suas
características negativas. Por exemplo, na investigação de Harter sobre o
autoconhecimento, os adolescentes tinham mais probabilidade a ver autodescrições
positivas como atraente, divertido, sensível, delicado e curioso como aspectos
centrais importantes do self e a ver autodescrições negativas como feio, medíocre,
deprimido, egoísta e nervoso como aspectos periféricos menos importantes do self.
Esta tendência está de acordo com a inclinação adolescente de se descrever de
forma idealista.
Autoestima e autoconhecimento: autoestima, também chamada de amor-próprio ou
autoimagem, é a dimensão avaliativa global de si mesmo. Por exemplo, um adolescente
pode perceber que não é meramente uma pessoa, mas uma boa pessoa. Obviamente, nem
todos os adolescentes e adultos emergentes possuem uma imagem global positiva de si
mesmos. Adolescente com baixa autoestima pode se descrever como uma má pessoa.
Autoconceito refere-se a avaliações do self em domínios específicos. Os adolescentes
fazem autoavaliações em muitos domínios – acadêmico, atlético, físico, etc. Por exemplo,
um adolescente pode ter um autoconceito acadêmico negativo porque não está se saindo
bem na escola, mas ter um autoconceito atlético positivo porque ele é um grande nadador.
Em suma, autoestima refere-se às auto-avaliações globais; o autoconceito, às avaliações
de domínios específicos. A autoestima reflete percepções que nem sempre estão de acordo
com a realidade. A autoestima de um adolescente pode indicar uma percepção quanto a ele
ser ou não inteligente e atraente, por exemplo, mas essa percepção pode não ser
adequada. Assim, alta autoestima pode se referir a percepções adequadas e justificadas do
próprio valor como pessoa e seus sucessos e conquistas, mas também pode indicar um
senso de superioridade arrogante, grandioso e injustificado sobre os outros. Do mesmo
modo, a baixa autoestima pode sugerir uma percepção adequada das próprias deficiências
ou insegurança e inferioridade distorcidas, até mesmo patológicas.
Consequências da baixa autoestima: para a maioria dos adolescentes, o desconforto
emocional da baixa autoestima é apenas temporário, mas para alguns a baixa autoestima
pode se transformar em outros problemas. A baixa autoestima já foi implicada na
depressão, na anorexia nervosa, na delinquência e em outros problemas de ajustamento, e
até mesmo no suicídio. Quando a baixa autoestima está combinada com transições
escolares difíceis, uma vida familiar problemática ou outros eventos estressantes, os
problemas de um indivíduo podem se intensificar.
Emocional: na adolescência, os indivíduos têm maior probabilidade de ter consciência dos
seus ciclos emocionais, tais como sentir-se culpado por ficar irritado. Esta nova consciência
pode melhorar a sua habilidade para lidar com suas emoções. Os adolescentes também se
tornam mais habilidosos na apresentação das suas emoções para os outros. Por exemplo,
eles se conscientizam da importância de encobrir sua irritação nas relações sociais. E eles
têm maior probabilidade de entender a importância de conseguir comunicar suas emoções
de forma construtiva para melhorar a qualidade de uma relação. Emoção é o sentimento, ou
afeto, que ocorre quando uma pessoa está em um estado ou interação que é importante
para si, especialmente para o seu bem-estar. Adolescentes relatam emoções mais
extremas e passageiras do que as dos seus pais e, quando os indivíduos atravessam a
adolescência inicial, têm menor probabilidade de relatar estarem muito felizes. No entanto, é
importante que se encare a melancolia como um aspecto normal durante a adolescência
inicial.
Personalidade: refere-se às características pessoais permanentes dos indivíduos.
Temperamento: pode ser definido como o estilo comportamental de um indivíduo e a sua
maneira característica de responder. Muitos psicólogos enfatizam que o temperamento
forma a base da personalidade. Por meio das crescentes capacidades e interações com o
ambiente, o temperamento se desenvolve ou se torna mais elaborado durante a infância e
adolescência, compondo um conjunto de traços de personalidade.
Flutuações do estado de ânimo, do humor, com uma base de predomínio depressivo
(constantes flutuações do humor e do estado de ânimo): sentimentos de
entristecimento e dor (substrato depressivo da adolescência) acompanham o processo de
elaboração dos lutos, havendo também ansiedade. Conforme as flutuações desses
sentimentos, o jovem apresenta rápidas modificações no estado de ânimo, variando de total
entusiasmo a completo desânimo, irritabilidade e aborrecimento. Embora não sejam fáceis
de suportar, especialmente para os genitores, tais variações de humor são reflexo dos
mecanismos de elaboração emocional nesse período.
Separação progressiva ou brusca dos pais e do grupo familiar (separação
progressiva dos pais): uma das tarefas básicas da adolescência é elaborar o luto pelos
pais da infância. Para tanto, o jovem precisa separar-se deles, simbolicamente, adquirindo
então identidade própria. Assim, pouco a pouco, ele busca fora da família outros modelos,
deprecia os pais com atitudes ou opiniões, pois os percebe enquanto figuras exageradas e
intolerantes. Com certa frequência, pode acontecer a separação brusca através de
atuações que fazem o jovem romper de forma drástica com familiares, seja por uma escolha
totalmente contrária aos genitores, ou por valores distintos dos familiares. Tome-se, por
exemplo, a escolha de parceiro ou de amigos, abandono de projetos de vida ou mesmo sair
de casa e tomar seu próprio rumo – viagens, casamentos inesperados. Portanto, a
ambivalência dual, ou seja, as reações de ambas as partes, é fonte do conflito
intergeracional, tão necessário para a evolução tanto dos filhos adolescentes quanto dos
pais.
O período da adolescência é marcado por diversos fatores mas, sem dúvida, o mais
importante é a tomada de consciência de um novo espaço no mundo, a entrada em uma
nova realidade que produz confusão de conceitos e perda de certas referências. O encontro
dos iguais no mundo dos diferentes é o que caracteriza a formação dos grupos de
adolescentes, que se tornarão lugar de livre expressão e de reestruturação da
personalidade, ainda que essa fique por algum tempo sendo coletiva. Essa busca do “eu”
nos outros na tentativa de obter uma identidade para o seu ego é o que o psicanalista Erik
Erikson chamou de “crise de identidade”, o que acarreta angústias, passividade ou revolta,
dificuldades de relacionamento inter e intrapessoal, além de conflitos de valores. Também é
durante a puberdade que o sistema de tomada de decisões começa a se desenvolver para
formar um cérebro adulto, esse sistema ainda em desenvolvimento vai gerar
comportamentos típicos da adolescência, como a impulsividade. O córtex pré-frontal não
está totalmente formado, o que afeta a tomada de decisão. Um dos grandes responsáveis
pelo sistema de tomada de decisão é o córtex pré-frontal, ele age como uma balança para
pesar possíveis benefícios e consequências de uma ação e decidir se ela é benéfica ou não,
mas como essa estrutura não está completamente formada o adolescente acaba agindo
impulsivamente sem levar muito em consideração as consequências.
REFERÊNCIA:
SANTROCK, John W. Adolescência. 14. Porto Alegre AMGH 2013

Disponível em:
<https://ares.unasus.gov.br/acervo/html/ARES/9260/1/livro_saude_do_adolescente_e_jovem.pdf>.
Acesso em: 2 set. 2022.

Objetivo 3: Identificar os aspectos morfofuncionais do sistema reprodutor masculino.


Os órgãos do sistema genital masculino são os testículos (gônadas masculinas), um
sistema de ductos (epidídimo, ducto deferente, ductos ejaculatórios e uretra), glândulas
sexuais acessórias (glândulas seminais, próstata e glândulas bulbouretrais) e várias
estruturas de apoio, entre as quais estão o escroto e o pênis. Os testículos produzem
espermatozoides e secretam hormônios. O sistema de ductos transporta e armazena
espermatozoides, auxilia sua maturação e os conduz ao exterior. O sêmen contém
espermatozoides e as secreções liberadas pelas glândulas sexuais acessórias. As
estruturas de apoio têm várias funções. O pênis transfere os espermatozoides para o
sistema genital feminino, e o escroto contém os testículos. O ramo da Medicina que trata os
distúrbios masculinos, sobretudo a infertilidade e a disfunção sexual, é a andrologia.
ESCROTO: é uma bolsa que sustenta os testículos; consiste em pele frouxa, túnica dartos
(fáscia superficial) e músculo liso. Internamente, um septo divide o escroto em dois
compartimentos, cada um contendo um único testículo. O septo é constituído de tela
subcutânea e tecido muscular, o músculo dartos, composto de feixes de fibras musculares
lisas. O músculo dartos também é encontrado na tela subcutânea do escroto. Associado a
cada testículo no escroto está o músculo cremaster. Esse músculo é constituído de uma
série de pequenas faixas de músculo esquelético que descem, como uma extensão do
músculo oblíquo interno do abdome, através do funículo espermático e circundam o
testículo. A produção e a sobrevivência de espermatozoides é ótima em temperatura de
aproximadamente 2-3 °C abaixo da temperatura corporal. Essa temperatura ideal é mantida
no interior do escroto, porque se encontra fora da cavidade pélvica. Na exposição ao frio, os
músculos esqueléticos se contraem para elevar os testículos, movendo-os para mais perto
da cavidade pélvica, onde podem absorver o calor do corpo. Já a exposição ao calor
provoca o relaxamento dos músculos esqueléticos e a descida dos testículos.
Externamente, o escroto se assemelha a uma bolsa de pele dividida em porções laterais por
uma crista mediana, a rafe (sutura).
TESTÍCULOS: são um par de glândulas ovais,que medem cerca de 5 cm de comprimento e
2,5 cm de diâmetro e se desenvolvem na parede abdominal posterior do embrião e
geralmente começam sua descida para o escroto no sétimo mês de desenvolvimento fetal.
Os testículos se desenvolvem perto dos rins, na parte posterior do abdome, e geralmente
iniciam a descida para o escroto, através dos canais inguinais. Os testículos são
parcialmente cobertos pela túnica vaginal, membrana serosa derivada do peritônio que se
forma durante a descida dos testículos. Os testículos são cobertos por uma cápsula fibrosa
branca densa,a túnica albugínea, que se estende por dentro e divide cada testículo em
compartimentos internos chamados lóbulos. Cada um dos 200 a 300 lóbulos contém de 1 a
3 túbulos muito espiralados, os túbulos seminíferos contorcidos, que produzem os
espermatozoides através da espermatogênese. Os túbulos seminíferos são revestidos por
células produtoras de espermatozoide, as células espermatogênicas. Posicionadas contra a
membrana basal, na direção da parte de fora dos túbulos, encontram-se as
espermatogônias, precursoras de células-tronco. Essas células se desenvolvem a partir de
células germinativas primordiais que têm origem no endoderma do saco vitelino e entram
nos testículos durante a quinta semana de desenvolvimento. Nos testículos do embrião, as
células germinativas primordiais se diferenciam em espermatogônias, que permanecem
latentes durante a infância e se tornam ativas na puberdade. Na direção do lúmen do
túbulo, encontram-se camadas de células em ordem de maturidade crescente:
espermatócitos primários, espermatócitos secundários, espermátides e células
espermáticas. Quando um espermatozoide é formado, ele é liberado no lúmen do túbulo
seminífero. Internamente à membrana basal e às espermatogônias, zônulas de oclusão
unem as células de sustentação vizinhas. Essas junções formam um obstáculo conhecido
como barreira hematotesticular, porque as substâncias precisam atravessar as células de
sustentação para chegar aos espermatozoides em desenvolvimento. A barreira
hematotesticular, por isolar os gametas em desenvolvimento do sangue, impede uma
resposta imune contra os antígenos de superfície da célula espermatogênica, que são
considerados “estranhos” pelo sistema imune. A barreira hematotesticular não inclui as
espermatogônias. Localizadas entre os espermatozoides em desenvolvimento, grandes
células de sustentação mantêm, protegem e nutrem as células espermatogênicas; realizam
fagocitose, degenerando essas células; secretam líquido para transporte dos
espermatozoides; e liberam o hormônio inibina, que ajuda a regular a produção de
espermatozoides. Entre os túbulos encontram-se aglomerações de células intersticiais ou
células de Leydig. Essas células secretam o hormônio testosterona, o andrógeno mais
importante. O andrógeno é um hormônio que promove o desenvolvimento de características
masculinas. A testosterona também promove a libido do homem.
A condição na qual os testículos não descem para o escroto é denominada criptorquidia.
Isso ocorre em aproximadamente 3% dos bebês nascidos. A criptorquidia bilateral não
tratada pode causar esterilidade. A chance de câncer de testículo é 30 a 50 vezes maior. Os
testículos de aproximadamente 80% dos meninos desce naturalmente durante o primeiro
ano de vida. Quando eles não descem, a criptorquidia é corrigida cirurgicamente.
A pressão gerada pelo líquido secretado pelas células de sustentação empurra os
espermatozoides e o líquido ao longo do lúmen dos túbulos seminíferos e, em seguida, para
dentro de uma série de ductos muito curtos chamados túbulos seminíferos retos. Os túbulos
retos conduzem a uma rede de ductos testiculares, chamada rede do testículo. Daí os
espermatozoides seguem para uma série de ductos eferentes espiralados no epidídimo que
se abrem em um tubo único, chamado ducto do epidídimo.

EPIDÍDIMO: é um órgão em forma de vírgula que se situa ao longo da margem posterior do


testículo. Os ductos eferentes do testículo se unem ao ducto do epidídimo na parte superior
e maior do epidídimo, denominada cabeça. O corpo é a parte média estreita do epidídimo, e
a cauda é a parte inferior, menor. Em sua extremidade distal, a cauda do epidídimo continua
como o ducto deferente. Cada epidídimo consiste no fortemente espiralado ducto do
epidídimo. Este ducto é o local de amadurecimento dos espermatozoides, o processo pelo
qual eles adquirem qualidade e capacidade para fertilizar um ovócito secundário. Isso
ocorre durante um período de 10 a 14 dias. O ducto também armazena espermatozoides e
ajuda a impulsioná-los durante a excitação sexual, por meio da contração peristáltica de sua
musculatura lisa, para o ducto deferente. Os espermatozoides podem ficar armazenados
por vários meses e aqueles que não forem ejaculados, são fagocitados e reabsorvidos.

DUCTO DEFERENTE: o ducto deferente tem cerca de 45 cm de comprimento e sobe ao


longo da margem posterior do epidídimo e penetra o canal inguinal, uma passagem na
parede abdominal anterior. Ele entra na cavidade pélvica, onde se curva lateralmente e para
baixo da face posterior da bexiga urinária. A parte terminal dilatada do ducto deferente é
conhecida como ampola do ducto deferente. Apresenta uma densa túnica de três camadas
de músculo. Funcionalmente, ele armazena espermatozoides, que permanecem viáveis
nesse local durante vários meses. Também conduz os espermatozoides do epidídimo em
direção à uretra, durante a excitação sexual, por meio de contrações peristálticas da túnica
muscular. Acompanhando o ducto deferente estão os vasos sanguíneos, nervos autônomos
e vasos linfáticos que, em conjunto, compõem o funículo espermático, uma estrutura de
suporte do sistema genital masculino.

DUCTOS EJACULATÓRIOS: são formados pela união dos ductos deferentes e dos ductos
das glândulas seminais. Os ductos ejaculatórios curtos se formam em posição logo superior
à base (parte superior) da próstata e seguem através da próstata, em sentido inferior e
anterior. Eles terminam na parte prostática da uretra, onde ejetam os espermatozoides e as
secreções da glândula seminal logo antes da liberação do sêmen da uretra para o exterior.

URETRA: é o ducto terminal,com cerca de 20 cm de comprimento, que serve como via de


passagem tanto para o esperma quanto para a urina. A uretra atravessa a próstata, a
musculatura profunda do períneo e o pênis. A abertura da uretra para o exterior é chamada
de óstio externo da uretra. A parte prostática da uretra tem 2 a 3 cm de comprimento e
atravessa a próstata. Em seu trajeto descendente, atravessa os músculos profundos do
períneo, onde é conhecida como parte membranácea da uretra. A parte membranácea tem
cerca de 1 cm comprimento. A parte desse ducto que atravessa o corpo esponjoso do pênis
é a parte esponjosa (peniana), que mede cerca de 15 a 20 cm de comprimento.

GLÂNDULAS SEMINAIS: são estruturas semelhantes à bolsas e enoveladas, com


comprimento aproximado de 5 cm, situando-se posteriormente à base da bexiga urinária e
anteriormente ao reto. Secretam um fluido viscoso e alcalino, que contém frutose,
prostaglandinas e proteínas de coagulação (diferentes das encontradas no sangue). A
natureza alcalina ajuda a neutralizar o meio ácido da uretra e do aparelho genital feminino e
caso contrário, os espermatozoides morreriam ou seriam inativados. A frutose é utilizada
para a produção de ATP pelos espermatozoides. As prostaglandinas contribuem para a
motilidade e a viabilidade dos espermatozoides e também podem estimular a contração
muscular no interior do trato genital feminino. As proteínas de coagulação ajudam o sêmen
a coagular após a ejaculação. Essa coagulação ocorre para impedir que os
espermatozoides vazem da vagina. Depois de 10 a 20 min, o sêmen se torna líquido
novamente porque o antígeno específico da próstata (PSA) e outras enzimas proteolíticas
produzidas pela próstata decompõem o coágulo. A liquefação anormal ou tardia do sêmen
coagulado pode causar imobilização completa ou parcial dos espermatozoides, assim
inibindo seu deslocamento através do colo do útero. Esse fluido corresponde a 60% do
volume do sêmen.

PRÓSTATA: é uma glândula anelada simples. Uma glândula em forma de anel, do


tamanho aproximado de uma bola de pingue-pongue. Mede cerca de 4 cm de largura, 3 cm
de altura e 2 cm de profundidade. Situa-se abaixo da bexiga e circunda a parte superior da
uretra. Ela aumenta lentamente de tamanho, desde o nascimento até a puberdade, e,
então, expande rapidamente. Com mais ou menos 45 anos, pode ocorrer uma aumento
adicional da próstata, constringindo a uretra e interferindo no fluxo de urina. Ela secreta um
fluido leitoso, levemente ácido ( ph 6,5), contendo ácido cítrico, que é utilizado pelo
espermatozoide para produção de ATP; fosfatase ácida (função desconhecida); várias
enzimas para digestão de proteínas, como o antígeno prostático específico (PSA). As
secreções prostáticas compõem aproximadamente 25% do sêmen.
GLÂNDULAS BULBOURETRAIS: ou glândulas de Cowper, cada uma do tamanho
aproximado de uma ervilha. Estão localizadas inferiormente à próstata, em cada lado da
uretra. Durante a excitação, elas liberam uma substância alcalina na uretra que protege os
espermatozoides na passagem, neutralizando os ácidos da urina. Também secretam muco
que lubrifica a extremidade do pênis e o revestimento da uretra, diminuindo o número de
espermatozoides danificados. Alguns homens liberam uma ou duas gotas desse muco
durante a excitação sexual e a ereção. O líquido não contém espermatozoides.

SÊMEN: é a mistura dos espermatozoides e das secreções das glândulas acessórias. O


volume em uma ejaculação típica é de 2,5 a 5 mililitros, com 50 a 150 milhões de
espermatozoides por mililitro. Quando esse número é menor que 20 milhões, o homem
pode ser infértil. Esse número elevado é necessário porque somente uma fração minúscula
consegue alcançar o ovócito secundário, sendo que a maioria resulta em infertilidade,
porque a cauda do espermatozoide se entrecruza e perde motilidade. A secreção prostática
dá ao sêmen aspecto leitoso e os líquidos das seminais e bulbouretrais conferem
consistência pegajosa. Também contém um antibiótico que ajuda a controlar a abundância
de bactérias que ocorre naturalmente no sêmen e no trato genital feminino. A presença de
sangue no sêmen é chamada de hemospermia.

PÊNIS: contém a uretra e é via de passagem para a ejaculação do sêmen e a excreção da


urina. Consiste em raiz, corpo e glande. A raiz do pênis é a parte fixa. É formada pelo bulbo
do pênis, a continuação posterior expandida da base do corpo esponjoso, e os ramos do
pênis, as duas continuações separadas e afiladas dos corpos cavernosos. O bulbo do pênis
está fixado na face inferior dos músculos profundos do períneo e é envolvido pelo músculo
bulboesponjoso. A contração do músculo bulboesponjoso auxilia a ejaculação. Cada ramo
do pênis se curva lateralmente, afastando-se do bulbo para se fixar nos ramos isquiático e
púbico inferior, e é envolvido pelo músculo isquiocavernoso. O peso do pênis é sustentado
por dois ligamentos contínuos com a fáscia do pênis: (1) o ligamento fundiforme se origina
na parte inferior da linha alba; (2) o ligamento suspensor do pênis se origina na sínfise
púbica. O corpo é composto de três massas cilíndricas de tecido. As duas massas
dorsolaterais são chamadas de corpos cavernosos do pênis. E a massa medioventral
menor, o corpo esponjoso do pênis e contém a uretra. Todas as massas são envolvidas por
fáscia (uma lâmina de tecido conectivo fibroso) e pele, e consistem em um tecido erétil
permeado por vasos sanguíneos. A extremidade distal é uma região levemente arqueada, a
glande do pênis, onde se encontra a abertura da uretra. Cobrindo a glande, está o prepúcio
do pênis, frouxamente ajustado. O primeiro sinal de excitação é a ereção do pênis, ou seja,
seu aumento e enrijecimento. Neurotransmissores e hormônios locais, incluindo o gás
óxido, que relaxa o músculo liso vascular nas artérias penianas. As artérias que irrigam o
pênis se dilatam e grandes quantidades de sangue entram nos seios sanguíneos. A
expansão comprime as veias que drenam o pênis e o fluxo de saída de sangue se torna
mais lento, possibilitando a relação sexual. Com o pênis ereto ocorre a ejaculação, que é a
liberação do sêmen pela uretra para o exterior. É um reflexo simpático, controlado pela
parte lombar da medula espinhal. Com parte desse reflexo, o músculo liso do esfíncter se
fecha, impedindo a saída de urina pela uretra. O termo priapismo designa a ereção
persistente, geralmente dolorosa, do pênis não associada a desejo ou excitação sexual.
Pode durar até algumas horas e é acompanhado de dor espontânea e à palpação. As
causas são anormalidades dos vasos sanguíneos e nervos. A ejaculação precoce é a
ejaculação cedo demais, por exemplo, durante os estímulos sexuais preliminares, durante a
penetração ou logo depois dela. As causas mais comuns são ansiedade, outras causas
psicológicas ou sensibilidade extrema do prepúcio ou da glande. Antes da ejaculação,
contrações podem impulsionar semên para a parte esponjosa do pênis, podendo levar à
emissão, que é a saída de um pequeno volume de sêmen antes da ejaculação. O pênis
volta ao estado flácido quando as artérias se contraem e a pressão nas veias é atenuada.
Disfunção erétil é a incapacidade consistente de um homem adulto de ejacular ou manter
uma ereção por tempo suficiente para a relação sexual. Muitos casos são provocados pela
liberação insuficiente do óxido nitroso. O pênis tem irrigação sanguínea abundante oriundas
das artérias pudenda interna e femoral. Os capilares drenam por veias que acompanham as
artérias e têm nomes correspondentes. Os nervos sensitivos do pênis são ramos dos
nervos pudendo e ilioinguinal. Os corpos têm inervação parassimpática e simpática. Como
já foi explicado, a estimulação parassimpática causa dilatação dos vasos sanguíneos,
aumentando o fluxo para o tecido erétil e aprisionando o sangue no pênis para manter a
ereção. No momento da ejaculação, a estimulação simpática causa a contração do músculo
liso nas paredes dos ductos e das glândulas sexuais acessórias do sistema genital, que
impulsiona o sêmen ao longo de seu trajeto. Observe que no sistema genital masculino, as
partes parassimpática e simpática do sistema nervoso atuam em conjunto para promover a
resposta sexual masculina. Isso é diferente de alguns outros sistemas, nos quais as duas
divisões autônomas têm funções opostas.
REFERÊNCIAS:
TORTORA, Gerard J. Princípios de anatomia humana. 14. Rio de Janeiro Guanabara
Koogan 2019

TORTORA, Gerard J.; DERRICKSON, Bryan. Corpo humano: fundamentos de anatomia e


fisiologia. 10. ed. Porto Alegre, RS: Artmed, c2017.
Objetivo 4: Descrever o funcionamento do eixo HHG masculino e sua maturação.
CONTROLE HORMONAL DOS TESTÍCULOS: no início da puberdade, células
neurossecretoras no hipotálamo aumentam sua secreção do hormônio liberador de
gonadotrofina (GnRH). O GnRH é um peptídeo de 10 aminoácidos secretados por
neurônios cujos corpos celulares estão localizados nos núcleos arqueados do hipotálamo.
As terminações desses neurônios encontram-se principalmente na eminência mediana do
hipotálamo, onde liberal GnRH no sistema vascular porta hipotalâmico-hipofisário. A seguir,
o GnRH é transportado pelo sangue até a adeno-hipófise. Esse hormônio estimula a adeno-
hipófise a aumentar sua secreção de hormônio luteinizante (LH) e hormônio folículo-
estimulante (FSH). O LH estimula as células intersticiais, as células de Leydig, localizadas
entre os túbulos seminíferos contorcidos, a secretar o hormônio testosterona. Durante a
infância essas células são quase inexistentes , visto que quase não se secreta qualquer
testosterona, porém são numerosas no no recém-nascido durante os primeiros meses de
vida e no homem após a puberdade. Esse hormônio esteroide é sintetizado a partir do
colesterol, nos testículos, e é o andrógeno principal. Após sua secreção pelos testículos,
cerca de 97% da testosterona liga-se fracamente à albumina plasmática ou, mais
firmemente, à uma beta-globulina denominada globulina de ligação dos hormônios sexuais.
Nessa forma ligada, a testosterona circula no sangue durante cerca de 30 minutos até
várias horas. Depois desse tempo, a testosterona é transferida para tecidos ou degradada
em produtos inativos que são excretados subsequentemente. A testosterona atua via
retroalimentação negativa (feedback negativo) para suprimir a secreção de LH, pela adeno-
hipófise, e a secreção de GnRH, pelas células neurossecretoras hipotalâmicas. Em algumas
células-alvo, como aquelas nos órgãos genitais externos e na próstata, uma enzima
converte testosterona em outro andrógeno, chamado de di-hidrotestosterona (DHT). O FSH
e a testosterona atuam em conjunto para estimular a espermatogênese. Uma vez que o
grau de espermatogênese necessário para as funções reprodutivas tenha sido alcançado,
as células de sustentação liberam inibina, um hormônio que inibe a secreção de FSH pela
adeno-hipófise. Se a espermatogênese estiver ocorrendo muito lentamente, menos inibina é
liberada, o que permite mais secreção de FSH e uma taxa mais elevada de
espermatogênese. Esse processo é conhecido como feedback negativo, que controla a
secreção dos hormônios de acordo com a necessidade.
A testosterona e o DHT se ligam aos mesmos receptores de andrógenos, produzindo vários
efeitos:
● Desenvolvimento pré-natal: antes do nascimento, a testosterona estimula o padrão
de desenvolvimento masculino nos ductos do sistema genital e a descida dos
testículos. A DHT estimula o desenvolvimento dos órgãos genitais externos. A
testosterona também é convertida, no encéfalo, em estrogênios (hormônios
feminizantes), os quais podem desempenhar um papel de desenvolvimento de
determinadas regiões do encéfalo.
● Desenvolvimento de características sexuais masculinas: na puberdade, a
testosterona e a DHT provocam o desenvolvimento e o aumento dos órgãos sexuais
masculinos e o desenvolvimento das características sexuais secundárias
masculinas. Estas incluem crescimento muscular e esquelético, que resulta em
ombros largos e quadris estreitos; desenvolvimento de pelos pubianos, axilares,
faciais e no peito (dentro dos limites hereditários); espessamento da pele;aumento
na secreção das glândulas sebáceas; e aumento da laringe e consequente
engrossamento da voz.
● Desenvolvimento da função sexual: os andrógenos contribuem para o
comportamento sexual masculino, para a espermatogênese e para o impulso sexual.
● Estimulação do anabolismo: os andrógenos são hormônios anabólicos, isto é,
estimulam a síntese de proteínas. Esse efeito é evidente na massa muscular e
óssea mais pesada na maioria dos homens.
REFERÊNCIAS:
TORTORA, Gerard J.; DERRICKSON, Bryan. Corpo humano: fundamentos de anatomia e
fisiologia. 10. ed. Porto Alegre, RS: Artmed, c2017.

GUYTON, Arthur C.; HALL, John E.. Tratado de fisiologia médica. 10. ed. Rio de Janeiro:
Guanabara Koogan, c2002.

Objetivo 5: Descrever o processo de espermatogênese.


ESPERMATOGÊNESE: é o processo pelo qual os túbulos seminíferos produzem os
espermatozoides. Consiste em três estágios: meiose I, meiose II e espermiogênese.
● Visão geral da meiose: a maioria das células do corpo é composta por 46
cromossomos, sendo 23 pares. Os cromossomos que formam cada par são
chamados de homólogos. Como as células somáticas contém dois conjuntos de
cromossomos, são denominadas células diploides ou 2n. Já os gametas possuem
um único conjunto de 23 cromossomos e são chamados de haploides ou n. Na
reprodução sexuada, cada indivíduo resulta da fusão de dois gametas diferentes,
cada um produzido por um dos pais. Cada gameta recebe esse único conjunto de
cromossomos através do processo chamado meiose. O tempo desde o início da
divisão celular em uma espermatogônia, até a liberação dos espermatozoides no
lúmen de um túbulo seminífero é de 65 a 75 dias. As espermatogônias contém o
número diploide de cromossomos (46). Após uma espermatogônia sofrer mitose,
uma célula permanece próxima à membrana basal como espermatogônia; desse
modo, restam células para futuras mitoses. A outra célula se diferencia em
espermatócito primário, que também são diploide.
A meiose ocorre em dois estágios sucessivos: meiose I e meiose II. Durante a
interfase que precede a meiose I, os cromossomos da célula diploide começam a se
replicar. Com resultado dessa replicação, cada cromossomo consiste em duas
cromátides irmãs (geneticamente idênticas), que estão presas nos centrômeros.
● MEIOSE I: começa assim que a replicação é completada. Consiste em quatro fases:
prófase I, metáfase I, anáfase I e telófase I. Na prófase os cromossomos diminuem e
se condensam, o envoltório nuclear e os nucléolos desaparecem e o fuso mitótico se
forma. As duas cromátides irmãs de cada par de cromossomos homólogos se
separam, um evento chamado de sinapse. As quatro cromátides resultantes formam
uma estrutura chamada tétrade. Depois, partes das cromátides de dois
cromossomos homólogos podem ser trocadas mutuamente. Essa troca entre pares
de cromátides não irmãs é chamada permutação (crossing-over). Esse processo
permite uma troca de genes entre as cromátides dos cromossomos homólogos. Em
virtude disso, as células resultantes são geneticamente diferentes da célula-mãe que
as produziu. A permuta resulta em recombinação genética, isto é, formação de
novas combinações de genes, e responde, em parte, pela grande variação genética
entre os seres humanos. Na metáfase, as tétrades formadas pelos pares de
cromossomos homólogos se alinham ao longo da placa equatorial da célula, com os
cromossomos homólogos lado a lado. Durante a anáfase, os membros de cada par
de cromossomos homólogos se separam à medida que são puxados para polos
opostos da célula, pelos microtúbulos cinetocóricos, presos aos centrômeros. As
cromátides emparelhadas, unidas por um centrômero, permanecem juntas. A
telófase I e a citocinese são semelhantes àquelas que ocorrem durante a mitose. O
efeito efetivo da meiose I é que cada células resultante (espermatócito secundário)
contém o número haploide de cromossomos, porque cada célula contém apenas um
membro de cada par de cromossomos homólogos presentes na célula-mãe.
● MEIOSE II: também consiste em quatro fases: prófase II, metáfase II, anáfase II e
telófase II. Nessa fase os centrômeros dividem-se, e as cromátides irmãs se
separam e se movem em direção aos polos opostos da célula.
Em resumo, a meiose I começa com uma célula-mãe diploide e termina com duas
células haploides. Na meiose II, cada uma das células haploides se divide, e o
resultado efetivo são quatro gametas haploides, geneticamente diferentes da célula-
mãe diploide original. As células haploides formadas a partir da meiose II são
chamadas espermátides.
● ESPERMIOGÊNESE: nesse estágio, cada espermátide haploide se desenvolve em
um único espermatozoide.
● ESPERMATOZOIDE: A espermatogênese produz cerca de 300 milhões de
espermatozoides por dia. O espermatozoide tem cerca de 60 mm de comprimento e
contém várias estruturas muito bem adaptadas para alcançar o oócito secundário e
penetrar nele. As principais partes de um espermatozoide são a cabeça e a cauda. A
cabeça achatada e pontiaguda tem cerca de 4 a 5 mm de comprimento. Contém um
núcleo com cromossomos haploides (23) muito condensados. Os dois terços
anteriores do núcleo são cobertos pelo acrossomo, vesícula semelhante a um
capuz, repleta de enzimas que ajudam o espermatozoide a penetrar no oócito
secundário para que haja fertilização. Entre as enzimas estão a hialuronidase e as
proteases. A cauda do espermatozoide é subdividida em quatro partes: colo, peça
intermediária, peça principal e peça final. O colo é a região estreitada, logo posterior
à cabeça, que contém os centríolos. Os centríolos formam os microtúbulos que
constituem o restante da cauda. A peça intermediária contém mitocôndrias dispostas
em espiral, que fornecem energia (ATP) para a locomoção de espermatozoides até
o local de fertilização e para o metabolismo dos espermatozoides. A peça principal é
a parte mais longa da cauda e a peça final é a parte afilada terminal da cauda.
Depois da ejaculação, a maioria dos espermatozoides não sobrevive por mais de 48
h no sistema genital feminino.

REFERÊNCIAS:
TORTORA, Gerard J.; DERRICKSON, Bryan. Corpo humano: fundamentos de anatomia e
fisiologia. 10. ed. Porto Alegre, RS: Artmed, c2017.

TORTORA, Gerard J. Princípios de anatomia humana. 14. Rio de Janeiro Guanabara


Koogan 2019

Objetivo 6: Compreender os métodos clínicos utilizados para avaliar o


desenvolvimento da puberdade masculina.
ESTÁGIOS DE DESENVOLVIMENTO PUBERAL DE TANNER
O estadiamento de Tanner ou estadiamento puberal é um método de observação do
desenvolvimento na puberdade desenvolvido em 1962 pelo médico J.M Tanner. Ele
descreve a maturação sexual em meninos e meninas. Simplifica e padroniza a descrição do
exame físico. Pode permitir diagnósticos de puberdade precoce, rapidamente progressiva
ou retardada. O estadiamento da maturação sexual é feito pela avaliação das mamas e dos
pelos pubianos no sexo feminino, e dos genitais e pelos púbicos no sexo masculino. As
mamas e os genitais masculinos são avaliados quanto ao tamanho, forma e características;
os pelos pubianos por suas características, quantidade e distribuição. O estágio 1
corresponde sempre à fase infantil, sem puberdade, e o estágio 5 a fase pós-puberal,
adulta. Portanto, são os estágios 2 a 4 que caracterizam o período puberal.
Ao avaliar o desenvolvimento dos meninos, observa-se a fase de pubarca, que é o
desenvolvimento do crescimento de pelos pubianos. A idade média da pubarca é de 12 a
12,5 anos em meninos brancos e hispânicos, começando cerca de 1 ano antes em meninos
negros. A pubarca antes de 10 anos costuma ser indicação de observação e investigação
clínica, enquanto a ausência de pelos púbicos após 14,5 anos em meninos brancos e
hispânicos (após 14 anos em negros) pode ser considerada tardia. Na maioria dos casos,
os pelos axilares surgem 1 a 2 anos depois dos pelos púbicos.
Além do desenvolvimento pubiano e dos genitais, também é importante avaliar o aumento
do tamanho dos testículos. Para essa avaliação é muito mais precisa a medição dos
testículos usando um modelo como o orquidômetro de Prader. Acredita-se que um volume
de 3 a 4 ml indique o início da puberdade, pois há aumento do volume dos túbulos
seminíferos sob estimulação das gonadotropinas. Se não houver um orquidômetro à mão, o
comprimento aproximado de 2,5 cm do testículo no eixo longitudinal corresponde a um
volume aproximado de 4 ml. A idade média em que o volume do testículo alcança 3 ml varia
de 11 a 12 anos aproximadamente. Embora haja poucos dados que estabeleçam as idades
mínima e máxima normais, em geral, a maioria dos médicos consideraria precoce o
aumento testicular antes de 8 a 9 anos e atraso significativo a ausência de aumento
testicular aos 14 anos.

Também é importante ficar atento a outros sinais, como a espermarca, capacidade de


produzir e ejacular espermatozoides, costuma ocorrer por volta dos 13,5 anos. A
instabilidade vocal, a transição para a voz mais grave do adulto, ocorre em uma idade
média de 13,9 anos. O auge da velocidade de crescimento, o aumento da força muscular e
a piora da acne ocorrem nesse mesmo período.
Os pelos faciais, geralmente começando acima do lábio superior, costumam surgir por volta
dos 15 anos, mas podem só alcançar qualidade igual à do adulto bem depois da
adolescência.
Também é importante avaliar o crescimento em altura:

REFERÊNCIA:
KAPPY, Michael S. Prática pediátrica : endocrinologia. Rio de Janeiro Guanabara
Koogan 2012.

Disponível em:
<https://ares.unasus.gov.br/acervo/html/ARES/9260/1/livro_saude_do_adolescente_e_jovem
.pdf>. Acesso em: 2 set. 2022.

Objetivo 7: Conceituar sexualidade e compreender a necessidade da parceria família-


saúde-escola nesse âmbito.
Muito do que ouvimos a respeito da sexualidade adolescente envolve problemas como a
gravidez na adolescência e as doenças sexualmente transmissíveis. Embora sejam
preocupações significativas, é importante não perder de vista o fato de que a sexualidade é
um aspecto normal da adolescência. É importante que a adolescência seja colocada dentro
de um contexto de sexualidade mais amplo na cultura. A sexualidade é uma das dimensões
do ser humano que envolve gênero, identidade sexual, orientação sexual, erotismo,
envolvimento emocional, amor e reprodução. É experimentada ou expressa em
pensamentos, fantasias, desejos, crenças, atitudes, valores, atividades, práticas, papéis e
relacionamentos. A sexualidade se refere não somente às capacidades reprodutivas do ser
humano, como também ao prazer. Assim, é a própria vida. Envolve, além do nosso corpo,
nossa história, nossos costumes, nossas relações afetivas, nossa cultura. O ser humano
nasce com um sexo, mas os comportamentos, os desejos e os sentimentos têm uma
conexão direta de como as relações de gênero estão organizadas na sociedade, uma vez
que, a sexualidade não pode ser evitada pelos seres humanos, pois o acompanha desde o
nascimento. Contudo, é na adolescência que ela começa a ser vivenciada com mais
intensidade. A juventude é momento em que a experimentação da sexualidade vai
possibilitar uma estruturação de sua identidade. A identidade sexual de um adolescente
envolve uma indicação da orientação sexual (se o indivíduo tem atração pelo mesmo sexo
ou pelo outro) e também envolve atividades, interesses e estilos de comportamento. Os
jovens ainda atribuem ao sexo e à sexualidade a mesma significância, ligando-os a função
reprodutora e de perpetuação da espécie. Como reflexo disso, os mesmo apresentam
dificuldades em identificar suas próprias percepções sobre o tema. É importante lembrar
que a sexualidade engloba não somente o “ato sexual”, sendo também “um processo
subjetivo, mediado através do corpo, da experiência, da troca, da procura e das projeções
construídas em meio a vida”. A mesma está presente desde a concepção, sendo
considerado elemento essencial para a saúde e a qualidade de vida; dessa forma deve ser
vivida de forma completa e saudável já desde a infância.
PAPEL DA ESCOLA: a sexualidade, no universo escolar, é tópico polêmico, considerando a
multiplicidade de visões, crenças e valores dos diversos atores (alunos, pais, professores e
diretores, entre outros), assim como os tabus e interditos que social e historicamente
cercam temas que lhe são relacionados. Como se registra na pesquisa, para alguns pais
escola não é lugar para ensinar saliências, mas também se documenta que a maioria dos
pais, e em maior proporção professores e alunos, são favoráveis à discussão sobre
sexualidade nas escolas. Tem-se buscado orientar e/ou enquadrar os alunos numa única
visão – a higienista – que reduz o corpo aos conceitos de assepsia, controle e prevenção,
delegando a um único professor, o de ciências, o que consideram o “saber competente”. Em
muitos casos, por tal orientação, o estudo do corpo é delegado ao campo da biologia, sendo
que os professores das demais áreas se eximem de quaisquer responsabilidades no que
concerne à educação sexual dos alunos. De fato, o controle, a tutelagem e a prevenção
historicamente têm sido a tônica com que a escola e a família se preocupam com a
sexualidade de crianças, adolescentes e jovens.
Outra perspectiva sobre lidar com sexualidade na escola, que não tê-la como conhecimento
de ciências, vem salutarmente se afirmando, admitindo-se que a nossa é uma cultura
sexualizada, que então há que colaborar na administração de “saberes” quando o tema se
apresente. Assim, tem lugar a segunda perspectiva de lidar com sexualidade na escola, ou
seja, a tentativa de descentralizar o tema em diversos campos disciplinares, de forma a
favorecer abordagens pluralistas, interdisciplinares e complementares. Assim se faria nexos
entre sexualidade e ciências, humanidades, história, valorações estéticas e éticas. Só
informar não basta, é preciso apresentar atitudes positivas em relação ao sexo, para que os
alunos possam perceber a sexualidade como algo positivo.
Ou seja, a escola tem muito a ver com sexualidade/ intimidade/afetividade, e esta, assim
ampliada, se entrelaça com matérias primas da escola: conhecimento, pensamento crítico,
ética, comunicação e linguagem. Portanto, além da prevenção, a escola pode colaborar
com o pensar sobre vários constituintes da sexualidade e evitar violências em seu
nome.Porém, a escola como lugar da obtenção do conhecimento, pode colaborar para
colocar em outro patamar o tratamento da sexualidade, tratando não só de seu lado
biológico, mas sim de todas as dimensões intrínsecas a este tema.
De fato, o controle, a tutelagem e a prevenção historicamente têm sido a tônica com que a
escola e a família se preocupam com a sexualidade de crianças, adolescentes e jovens.
PAPEL DA FAMÍLIA: a família se torna uma ferramenta essencial para a educação sexual
dos seus filhos, pois são eles que ajudam na formação da identidade, uma vez que com
eles se aprendem valores, tanto no desenvolvimento social, intelectual e emocional. A
educação sexual consiste em oferecer as condições para que as pessoas se encontrem no
corpo e na sexualidade com atitudes positivas, livres de temor, prejuízo, culpas, vergonha,
bloqueios ou tabus. É importante perceber que a educação sexual não significa
simplesmente explorar conceitos e exemplos sobre o sexo ou desejos sexuais. Na medida
em que se fala de sexualidade devem falar sobre intimidade e relacionamentos emocionais,
considerando-se, que a mesma implica afeto, intimidade, emoção, sentimento e bem-estar.
A família é a responsável por promover a aprendizagem humana com seus próprios
significados culturais e práticas que produzem modelos de relacionamento interpessoal e a
construção individual e coletiva dos mesmos. A educação sexual quando argumentada
pelos pais, nem estimula e nem antecipa a vida sexual desses jovens, sendo, que após
serem esclarecidas as dúvidas, acaba atrasando a vida sexual, pois eles tendem a ser mais
responsáveis ao assumirem tal ato. Para iniciar esse diálogo, é de extrema importância que
os pais saibam o que significa sexualidade, sua complexa inter-relação com a biologia, o
sociocultural e o subjetivo, podendo trabalhá-la inserida em sua realidade cultural, social e
religiosa. Essa abordagem trabalhada do tema permite focar em dúvidas e tabus que devem
ser esclarecidos. A ausência de diálogos entre pais e filhos faz com os adolescentes
busquem outras fontes de conhecimento, sobretudo os amigos. Desta forma, pais e escola
necessitam trabalhar em conjunto, de modo a auxiliar o enfrentamento das crianças perante
essas demandas. A família e a escola têm papéis diferentes e complementares na
orientação dos adolescentes, uma não substitui a outra, isto é, a escola complementa o que
é iniciado em casa, suprindo falhas, combatendo preconceitos, desenvolvendo respeito pelo
corpo e pelos sentimentos.
PAPEL DA EQUIPE DE SAÚDE: a equipe de saúde, vinculada à atenção do adolescente,
tem um lugar de destaque na educação da sexualidade, seja de forma explícita, no
transcurso de atividades de educação para a saúde, como colaborando em cursos nos
centros educativos, comunidades, entre outros meios. No geral, esse trabalho se
desenvolve dentro de um marco de prevenção primária, com orientação prioritária na
prevenção da gravidez precoce, das enfermidades de transmissão sexual e de infecções
HIV/SIDA, do consumo de substâncias psicoativas e sobre a importância dos estilos de
vida, na preservação e proteção da saúde. A saúde e a educação devem estar juntas, uma
vez que estão em contínua construção e são a base da sobrevivência humana. Nesse
sentido, os profissionais da saúde podem contribuir e desenvolver suas funções de
promoção, prevenção e proteção em parceria com os professores no contexto escolar. A
educação em saúde é vista como a principal atividade para trabalhar promoção da saúde,
por sua capacidade de responsabilizar as pessoas por sua saúde, como também por
ampliar a autonomia das mesmas, é uma prática muito usada na sociedade para trabalhar
prevenção de DSTs e gravidez na adolescência.
É fundamental considerar que tanto a família e a escola como os profissionais de saúde
podem contribuir para que adolescentes vivenciem a sexualidade e suas relações afetivas
de forma satisfatória e sem riscos, vinculada ao respeito mútuo e sem discriminação de
gênero. Nesse sentido, é muito importante a parceria entre saúde, educação e família se
mostra muito importante, uma vez que cada instituição possui uma responsabilidade quanto
à educação sexual e dessa maneira pode se estabelecer uma rede que possibilite uma
educação interdisciplinar e integral sobre sexualidade.
REFERÊNCIAS:
CASTRO, Mary Garcia; ABRAMOVAY, Miriam; DA SILVA, Lorena Bernadete. Juventudes e
sexualidade. 2004.

NERY, Inez Sampaio et al. Abordagem da sexualidade no diálogo entre pais e adolescentes. Acta
Paulista de Enfermagem, v. 28, p. 287-292, 2015.

DIAS, Michelly Kallyne Neves; ZANDONADI, Antônio Carlos. O papel da família e da escola:
processo de educação sexual dos filhos. Revista FAROL, v. 7, n. 7, p. 132-143, 2018.

COSTA, Maria Conceição O. et al. Sexualidade na adolescência: desenvolvimento, vivência e


propostas de intervenção. Jornal de Pediatria, v. 77, n. 2, p. 217-224, 2001.

SILVA, Claudiane Araújo da. Abordando a sexualidade na escola. 2015.

Objetivo 8: Conceituar Bullying e identificar suas consequências.


BULLYING: não se trata de uma violência qualquer. A definição mais abrangente de bullying
é a seguinte: ele compreende atitudes agressivas de todas as formas, praticadas intencional
e repetidamente, dentro de uma relação de desigual poder e sem motivação evidente,
emanadas de um ou mais indivíduos contra outro(s), causando dor e angústia. O que
diferencia, portanto, o bullying escolar de outros conflitos ou desavenças dentro das escolas
é seu caráter repetitivo, sistemático, doloroso e intencional de agredir alguém (verbal, física,
moral, sexual, virtual ou psicologicamente), notoriamente em situação de vulnerabilidade,
evidenciando um desequilíbrio de força (poder e dominação) entre os envolvidos. Quando
os atos ocorrem de forma reiterada ou, até mesmo, constante, a vítima, aos poucos, torna-
se cada vez mais fragilizada, oprimida e amedrontada, caracterizando esta específica
agressão. O comportamento sistemático não se confunde com o meramente repetitivo, visto
que este se destaca pelo modo metódico e ordenado que maltrata a vítima. Basta dizer que
ela simplesmente já sabe “o que a espera” antes mesmo de o ato ocorrer. A vítima se
angustia e sofre por imaginar que o bully se valerá dos usuais tipos de atrocidades. Para
caracterizar o bullying, é inevitável também que o comportamento do agressor seja
intencional. Suas ações devem ser propositais, desejadas e voluntárias. Não há como
caracterizar este fenômeno, se a intenção do bully não é causar danos ou prejudicar a
vítima. Quando a vítima apresenta uma reação assertiva (afirmativa, positiva, enérgica,
psicologicamente bem estruturada) frente a uma agressão ou a uma brincadeira,
normalmente não nasce o fenômeno do bullying. Se as agressões se perpetuam e a vítima
passa a ter um comportamento negativo (não reativo), surge tal processo, que pode
alcançar níveis assombrosos de vitimização psicológica (e até mesmo de letalidade). O
bullying configura uma subcategoria de violência bem específica, que, de brincadeira, não
tem nada. Estudado aqui em seu âmbito escolar, abrange muito mais do que
desentendimentos cotidianos escolares e problemas estudantis, visto que ele representa um
verdadeiro processo maléfico às vítimas nele inseridas, podendo, inclusive, ser fatal.
Embora o Brasil não apresente índices de bullying (violência escolar) superiores à média
mundial, isso não significa que nosso país não seja mais violento que muitos outros, visto
que a violência escolar constitui apenas a ponta do iceberg da violência estrutural,
econômica, social e intrafamiliar. Portanto, o tratamento destinado ao bullying poderá
prevenir a própria violência estrutural. O bullying escolar pode ser identificado a partir da
manifestação de diferentes condutas, sejam elas diretas ou indiretas. Os critérios utilizados
para distingui-las baseiam-se nas circunstâncias de tempo, modo e local em que as vítimas
são atingidas. Assim, consideram-se atitudes diretas aquelas praticadas ostensivamente
contra os alvos (“cara a cara”), enquanto as indiretas (“pelas costas”) não exigem a
presença física dos envolvidos (especialmente da vítima) para sua efetivação. Classificam-
se como ações diretas os comportamentos físicos (empurrar, ferir, cuspir, chutar, beliscar,
bater), materiais (destroçar, furtar, quebrar e roubar), verbais (ofender, xingar, insultar,
apelidar ofensivamente), psicológicos (perseguir, humilhar, aterrorizar), morais (difamar,
discriminar, caluniar) e sexuais (insinuar, assediar, violentar, abusar). Já as formas indiretas
de bullying estão mais associadas às condutas de desprezo, isolamento, exclusão e
indiferença contra os alvos, caracterizando, portanto, uma vitimização mais sutil, mas não
menos dolorosa à vítima. O cyberbullying ou bullying digital (pela internet) está enquadrado
nesta categoria. Configura um ataque direto ao alvo, porém desprovido de contato físico.
CONSEQUÊNCIAS: para as vítimas, os efeitos das ações agressivas podem ser
catastróficos, podendo comprometer sua saúde física e mental, seu desenvolvimento
socioeducacional, gerar a retaliação (a reprodução da violência que pode ser exteriorizada
tanto na forma de agressão pontual contra os agressores e demais alunos como por meio
de ataques violentos à escola), desencadear condutas de automutilação e, até mesmo,
pensamentos e ações suicidas. Dependendo da estrutura psicológica de cada vítima,
criança ou adolescente, diversos sentimentos e patologias poderão surgir, tais como
ansiedade, medo, raiva, tensão, tristeza, angústia, desgosto, sensação de impotência e
rejeição, mágoa, desejo de vingança, depressão, fobia, hiperatividade, dentre outros.
Além da saúde mental, o fenômeno do bullying pode afetar a própria saúde física das
crianças e dos adolescentes, tendo em vista a possibilidade de manifestação dos seguintes
sintomas (principalmente no momento que antecede a ida à escola): dores de cabeça,
diarreias, náuseas, tonturas, febre, tensões musculares, excesso de sono ou insônia,
alteração no apetite etc. Ainda, doenças psicossomáticas também podem vir à tona, como
bulimia, gastrite, herpes, anorexia, rinite, comprometimentos de órgãos e sistemas, alergias,
obesidade, problemas respiratórios, dentre outros. Como o fenômeno caracteriza-se pela
ação reiterada dos bullies (agressores), não constitui nenhuma surpresa para a vítima o
desencadeamento da agressão futura. Trata-se da ansiedade antecipatória, ou do
sofrimento por antecipação, vez que a criança ou o adolescente já sabe a violência (seja ela
física, verbal ou psicológica) que o espera. Portanto, o bullying representa um processo
nefasto, devastador e cruel de vitimização. Muitas vezes, ininterrupto e destrutivo,
acarretando, além dos prejuízos físicos e mentais, o próprio abalo no desempenho
educacional do aluno. Em decorrência deste processo vexatório do bullying, os alunos
frequentemente atingidos se tornam ainda mais introspectivos, envergonhados e tendem a
se afastar dos demais com o medo e a tensão de serem atacados a qualquer momento.
Nos casos em que lhes resulta alguma dúvida em sala de aula, temem saná-las justamente
por saber que serão alvos de críticas e “zoações”. Assim, atormentada, ansiosa e em
constante preocupação, a vítima pode apresentar dificuldades ou incapacidade de
concentração, assimilação e aprendizado. Consequentemente, pode ocorrer o desinteresse
pelo estudo, a queda no rendimento acadêmico, a perda do entusiasmo e da disposição
para frequentar as aulas e, finalmente, a evasão escolar. A retaliação caracteriza-se como
uma das consequências mais malignas do bullying. Trata-se da vingança, do revide, de
reproduzir dolorosamente no agressor (e/ou nos demais alunos do colégio) a violência
reiteradamente recebida. Neste contexto, há inversão dos papéis, o bulinado (ou seja, a
vítima) passa a ser o próprio bully (agressor) e, por isso, pode ser classificado como bully
vítima ou vítimas agressoras. Assim, seja nos casos de maus-tratos ou agressões
meramente pontuais, seja nos casos de bullying, a conclusão é certeira: a violência
acarreta, dentre outras mazelas e sequelas, mais violência, incitando, ao invés de
minimizar, a prática do bullying. A reprodução de sua violência poderá transcender uma
agressão pontual entre o ofendido e o agressor, para acarretar efeitos irreversíveis a toda a
comunidade escolar. Trata-se, por exemplo, da promoção de verdadeiros ataques
terroristas às escolas. Os ataques às escolas por meio de disparos incontáveis são reais,
constantes e, mais, tiveram como causa (em 87% dos casos) a presença do bullying na vida
dos atiradores. Crianças e adolescentes vítimas do bullying podem desenvolver atitudes de
autoflagelação quando são tomadas por um sentimento de profunda inferioridade e
desvantagem em relação ao agressor. É a ocasião em que a vítima imprime violência contra
si com o intuito de compensar a dor sofrida com o fenômeno. As auto agressões
provocadas pelas vítimas podem variar de pequenos arranhões e beliscões a ações de
verdadeira automutilação (ocasião em que o agredido chega a se cortar para aliviar o
sofrimento causado pelo bullying). No entanto, o bullying é capaz de produzir um efeito
ainda pior, irreversível e destrutivo: a idealização e o cometimento de suicídio pelas
crianças e pelos adolescentes vitimados. O suicídio é a consequência mais grave e
temerosa dos familiares e vítimas de bullying. É o caso da criança ou do adolescente que se
encontra num nível de depressão tão absoluto e/ou apresenta problemas psíquicos
irreversíveis que chegam ao extremo do bullycídio (palavra originada da fusão de bullying
com suicídio).
REFERÊNCIAS:
GOMES, Luiz Flávio. Bullying e a prevenção da violência nas escolas : quebrando mitos,
construindo verdades. São Paulo Saraiva Jur 2013.

Objetivo 9: Compreender o Programa Saúde na Escola.


PROGRAMA SAÚDE NA ESCOLA (PSE): o Programa Saúde na Escola (PSE) visa à
integração e articulação permanente da educação e da saúde, proporcionando melhoria da
qualidade de vida da população brasileira. Como consolidar essa atitude dentro das escolas?
Essa é a questão que nos guiou para elaboração da metodologia das Agendas de Educação e
Saúde, a serem executadas como projetos didáticos nas Escolas. O PSE tem como objetivo
contribuir para a formação integral dos estudantes por meio de ações de promoção, prevenção
e atenção à saúde, com vistas ao enfrentamento das vulnerabilidades que comprometem o
pleno desenvolvimento de crianças e jovens da rede pública de ensino. O público beneficiário do
PSE são os estudantes da Educação Básica, gestores e profissionais de educação e saúde,
comunidade escolar e, de forma mais amplificada, estudantes da Rede Federal de Educação
Profissional e Tecnológica e da Educação de Jovens e Adultos (EJA). As atividades de
educação e saúde do PSE ocorrerão nos Territórios definidos segundo a área de abrangência
da Estratégia Saúde da Família (Ministério da Saúde), tornando possível o exercício de criação
de núcleos e ligações entre os equipamentos públicos da saúde e da educação (escolas,
centros de saúde, áreas de lazer como praças e ginásios esportivos, etc). No PSE a criação dos
Territórios locais é elaborada a partir das estratégias firmadas entre a escola, a partir de seu
projeto político-pedagógico e a unidade básica de saúde. O planejamento destas ações do PSE
considera: o contexto escolar e social, o diagnóstico local em saúde do escolar e a capacidade
operativa em saúde do escolar. A Escola é a área institucional privilegiada deste encontro da
educação e da saúde: espaço para a convivência social e para o estabelecimento de relações
favoráveis à promoção da saúde pelo viés de uma Educação Integral. Para o alcance dos
objetivos e sucesso do PSE é de fundamental importância compreender a Educação Integral
como um conceito que compreende a proteção, a atenção e o pleno desenvolvimento da
comunidade escolar. Na esfera da saúde, as práticas das equipes de Saúde da Família, incluem
prevenção, promoção, recuperação e manutenção da saúde dos indivíduos e coletivos
humanos. Para alcançar estes propósitos o PSE foi constituído por cinco componentes: a)
Avaliação das Condições de Saúde das crianças, adolescentes e jovens que estão na escola
pública; b) Promoção da Saúde e de atividades de Prevenção; c) Educação Permanente e
Capacitação dos Profissionais da Educação e da Saúde e de Jovens; d) Monitoramento e
Avaliação da Saúde dos Estudantes; e) Monitoramento e Avaliação do Programa. Mais do que
uma estratégia de integração das políticas setoriais, o PSE se propõe a ser um novo desenho
da política de educação e saúde já que: (1) trata a saúde e educação integrais como parte de
uma formação ampla para a cidadania e o usufruto pleno dos direitos humanos; (2) permite a
progressiva ampliação das ações executadas pelos sistemas de saúde e educação com vistas à
atenção integral à saúde de crianças e adolescentes; e (3) promove a articulação de saberes, a
participação de estudantes, pais, comunidade escolar e sociedade em geral na construção e
controle social da política pública.
É um programa instituído por decreto presidencial n° 6.286 de 5 de dezembro de 2007, que
resulta da articulação entre o Ministério da Saúde e o Ministério da Educação, com a
finalidade de contribuir para a formação integral dos estudantes da rede pública de ensino
por meio de ações de prevenção, promoção e atenção à saúde. Entre os principais
objetivos do programa, destacam-se a articulação das ações de saúde com as ações de
educação de modo a aumentar o alcance e o impacto de tais ações aos estudantes e
familiares; fortalecimento do enfrentamento das vulnerabilidades e promoção de
comunicação entre a escola e a unidade de saúde. Entre as ações previstas no âmbito da
PSE estão a promoção da saúde sexual e da saúde reprodutiva. Nesse contexto, a equipe
de saúde da família (ESF), atualmente as UBSs, deve se reconhecer como sujeitos
desencadeadores de ações de promoção da saúde no espaço escolar, uma vez que são
vistos como protagonistas do desenvolvimento da qualidade de vida da população onde
estão inseridos. O Programa busca atender à formação integral e ao desenvolvimento da
cidadania de estudantes da educação básica. Fundamentado nos princípios da
intersetorialidade e da territorialidade, o PSE deve se materializar na parceria entre escola e
unidade básica de saúde como espaço de convivência social que possibilite o
estabelecimento de relações favoráveis à promoção da saúde. O PSE se constitui como um
importante espaço e uma oportunidade para discutir, conceituar, aprender, desenvolver e
fazer crescer o ideário da PS, avançando em inovações que ressignifiquem a escola como
cenário de produção de cidadania, de empoderamento e de mudança dos determinantes
dos modos de viver. Dessa forma, o PSE constitui uma possibilidade de complemento de
uma necessidade há tempos discutida: o fortalecimento da integração entre os setores
educação e saúde, promovendo a intersetorialidade promulgada pelo SUS e a
corresponsabilização entre estes setores, habituados a trabalhar isoladamente. A relação
entre os serviços de saúde e as escolas representa um foco onde têm sido identificadas
fragilidades,embora, cada vez mais, se considere fundamental um trabalho articulado entre
ambas as partes para o sucesso da implementação de ações de educação para a saúde. O
desenho do PSE parte justamente dessa necessidade de articular e integrar os setores da
saúde e da educação para ampliar o alcance e o impacto das ações de saúde aos
estudantes e seus familiares, por meio de ações intersetoriais. No PSE, a proposta é que
essa articulação ocorra, principalmente, entre as Equipes de Saúde da Família (ESF) e as
escolas do território de adscrição dessas equipes, atendendo às diversas demandas da
comunidade escolar, na perspectiva da atenção integral e considerando o conceito positivo
de saúde apresentado desde a Carta de Ottawa (1986) e reafirmado na Constituição
Federal Brasileira de 1988.
REFERÊNCIAS:
SILVA, Claudiane Araújo da. Abordando a sexualidade na escola. 2015.

FARIAS, Isabelle Carolline Veríssimo de et al. Análise da intersetorialidade no Programa Saúde na


Escola. Revista Brasileira de Educação Médica, v. 40, p. 261-267, 2016.

Educação. Disponível em: <http://portal.mec.gov.br/programa-saude-da-escola/194-secretarias-


112877938/secad-educacao-continuada-223369541/14578-programa-saude-nas-escolas>. Acesso em:
2 set. 2022.

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