Você está na página 1de 6

Aquisição de Habilidades

Saúde Bucal
Problemas Dentários
Educação Sexual
O Papel da Enfermagem na Educação Sexual
Saúde Escolar
Prevenção de Acidentes
Diretrizes Antecipadas — Cuidado às Famílias

Objetivos da aprendizagem
Ao final deste capítulo, o leitor será capaz de:

• Descrever as mudanças físicas, cognitivas e morais que ocorrem na fase escolar.


• Descrever as maneiras de ajudar a criança a desenvolver o senso de responsabilidade.
• Demonstrar compreensão sobre as relações interpessoais instáveis das crianças na fase
escolar.
• Discutir o papel do grupo de amigos na socialização do escolar.
• Descrever o papel da escola no desenvolvimento e na socialização na fase escolar.
• Elaborar um plano de educação em saúde adequado para a criança em idade escolar.
• Planejar sessão de educação sexual para um grupo de crianças em idade escolar.
• Identificar as causas e discutir os aspectos da prevenção de acidentes na idade escolar.

Promoção do crescimento e do desenvolvimento ideais


O segmento da vida que se estende dos 6 a aproximadamente 12 anos de idade recebe
uma variedade de nomes, e cada qual descreve uma característica importante daquele
período. Esses anos intermediários são referidos muitas vezes como idade escolar ou
anos escolares. Esse período começa com a entrada no ambiente escolar, o que tem um
impacto significativo no desenvolvimento e nas relações.
Em termos fisiológicos, os anos intermediários começam com a queda dos primeiros
dentes deciduais e terminam na puberdade, com a erupção dos dentes permanentes
(exceto o siso). Antes dos 5 ou 6 anos de idade, as crianças evoluíram de bebês indefesos
para indivíduos firmes e complicados com capacidade de comunicar-se, formular
conceitos de maneira limitada e envolver-se em comportamentos sociais e motores
complexos. O crescimento físico também é rápido durante os anos escolares. Por outro
lado, a infância intermediária, período entre o rápido crescimento da primeira infância e
o estirão do crescimento pré-puberal, é uma época de crescimento e desenvolvimento
graduais, com progresso mais constante tanto nos aspectos físicos quanto emocionais.

Desenvolvimento biológico
Durante a infância intermediária, o crescimento em altura e ganho de peso assume um
ritmo mais lento, porém constante, comparado àquele dos anos anteriores. Entre 6 e 12
anos de idade, as crianças crescerão em média 5 cm por ano para ganhar 30 a 60 cm de
altura e quase dobrarão o peso, acrescentando 2 a 3 kg por ano. A criança de 6 anos de
idade típica mede cerca de 116 cm e pesa em torno de 21 kg; a de 12 anos típica mede
cerca de 150 cm e pesa aproximadamente 40 kg. Durante esse período, meninas e
meninos pouco diferem no tamanho, embora os meninos tendam a ser um pouco mais
altos e mais pesados que as meninas. Ao final dos anos escolares, tanto meninos quanto
meninas começam a aumentar de estatura, embora a maioria das meninas ultrapasse os
meninos tanto na altura quanto no peso, causando desconforto intenso para ambos.

Mudanças Proporcionais
As crianças em idade escolar são bem mais graciosas do que na idade pré-escolar e são
fisicamente mais equilibradas e estáveis. Suas proporções corporais adquirem um
aspecto mais esguio, com pernas mais longas, proporção corporal variável e centro de
gravidade mais baixo. A postura melhora em relação à idade pré-escolar, facilitando a
locomoção e a eficiência ao usar os braços e o tronco. Nessa fase, essas proporções
facilitam mais o escalar, andar de bicicleta e outras atividades. A gordura vai diminuindo
gradualmente e seus padrões de distribuição mudam, contribuindo para a aparência
mais magra da criança nesses anos intermediários.
Acompanhando o alongamento esquelético e a diminuição de gordura, há um aumento
na porcentagem de peso corporal representado pelo tecido muscular. Ao final dessa faixa
etária, tanto meninos quanto meninas dobram sua força e sua capacidade física, e o
desenvolvimento da coordenação está mais estável e relativamente consistente,
aumentando a estabilidade e a habilidade. No entanto, o aumento da força pode ser
enganoso. Muito embora a força aumente, os músculos ainda são funcionalmente
imaturos se comparados aos do adolescente e são mais facilmente afetados por lesões
musculares causadas por sobrecarga.
As mudanças mais pronunciadas que indicam a crescente maturidade nas crianças são
uma diminuição no perímetro cefálico em relação à estatura ereta, uma redução na
circunferência da abdominal em relação à altura e um aumento no comprimento da
perna em relação à altura. Essas observações geralmente dão uma pista do grau de
maturidade física de uma criança e mostram-se úteis para prever a aptidão em atender às
demandas escolares. Parece haver uma correlação entre indicações físicas de maturidade
e sucesso escolar.
Características fisiológicas e anatômicas específicas são típicas das crianças na infância
intermediária. As proporções faciais mudam à medida que o rosto cresce mais rápido do
que o restante do crânio. A cabeça e o cérebro crescem muito lentamente durante esse
período e aumentam pouco em tamanho. Como todos os dentes primários (deciduais)
caem durante essa fase, a infância intermediária é às vezes conhecida como a idade dos
dentes moles (Fig. 15-1). Os primeiros anos da infância intermediária, quando os novos
dentes secundários (permanentes) parecem grandes demais em relação ao rosto, são
conhecidos como a fase do patinho feio.

FIG 15-1 A infância intermediária é o estágio do desenvolvimento quando os dentes deciduais


caem.

Maturação dos Sistemas


A maturação do sistema gastrointestinal reflete-se em menos desconforto estomacal,
melhor manutenção dos níveis sanguíneos de glicose e aumento na capacidade
estomacal, permitindo reter alimentos por períodos mais prolongados. As crianças na
idade escolar não precisam ser alimentadas com tanta cautela, tão prontamente e com
tanta frequência como as crianças pré-escolares. As necessidades calóricas são menores
do que na fase pré-escolar.
A maturação física fica evidente em outros tecidos e órgãos corporais. A capacidade da
bexiga, apesar de ser diferente em cada criança, geralmente é maior nas meninas do que
nos meninos. O coração cresce mais lentamente durante a infância intermediária e é
menor em relação ao restante do corpo do que em qualquer outro período da vida. As
frequências cardíaca e respiratória diminuem gradualmente, e a pressão arterial aumenta
entre os 6 e os 12 anos de idade (veja o Apêndice D e os quadros no final deste livro).
O sistema imune torna-se mais competente em sua capacidade de localizar infecções e
produzir reações antígeno-anticorpo. Entretanto, as crianças têm muitas infecções nos
primeiros um a dois anos de escola por causa do contato maior com outras crianças.
Os ossos em processo de ossificação continuam durante toda a infância, porém estão
mais sujeitos à pressão e a trações musculares do que os ossos maduros. As crianças
precisam de mais oportunidades para movimentar-se, mas devem ter cuidado ao carregar
peso. Por exemplo, devem alternar o peso de livros e bolsas de um braço para o outro. As
mochilas distribuem o peso de maneira mais uniforme do que as bolsas a tiracolo.
Grandes diferenças entre as crianças são observadas mais no final da infância
intermediária do que no início. Essas diferenças tornam-se cada vez mais aparentes e, se
forem extremas ou singulares, podem criar problemas emocionais. As características
associadas a relações de peso e altura, crescimento rápido ou lento e outros aspectos
importantes do desenvolvimento devem ser explicadas às crianças e suas famílias. A
maturidade física não está necessariamente correlacionada com a maturidade emocional
e social. Crianças de 7 anos de idade que parecem ter 10 pensarão e agirão, na verdade,
como crianças de 7 anos. Esperar comportamentos apropriados a uma idade mais velha é
irreal e pode ser prejudicial ao desenvolvimento de competência e autoestima. Por outro
lado, tratar crianças de 10 anos de idade que parecem mais novas fisicamente como se
fossem mais jovens é igualmente prejudicial.

Pré-puberdade
A pré-adolescência é o período de aproximadamente dois anos que começa no final da
infância intermediária e termina no 13º aniversário. Na medida em que a puberdade
sinaliza o começo do desenvolvimento de características sexuais secundárias, a pré-
puberdade ocorre tipicamente durante a pré-adolescência.
Ao final da infância intermediária, as discrepâncias no crescimento e na maturação
entre meninos e meninas tornam-se aparentes. Em média, há uma diferença de
aproximadamente dois anos entre meninas e meninos no surgimento da puberdade.
Trata-se de um período de rápido crescimento em peso e altura, especialmente para as
meninas.
Não há uma idade universal na qual as crianças assumem as características da
puberdade. Os primeiros sinais fisiológicos surgem em torno dos 9 anos de idade
(particularmente nas meninas) e geralmente ficam mais evidentes nas crianças entre 11 e
12 anos de idade. Embora os pré-adolescentes não desejem ser diferentes, as variações no
crescimento físico e mudanças fisiológicas entre crianças do mesmo gênero e entre os
dois gêneros geralmente são marcantes nessa fase. Tal variabilidade, especialmente em
relação ao surgimento das características sexuais secundárias, é assunto importante para
o pré-adolescente. O surgimento precoce ou tardio dessas características representa uma
fonte de constrangimento e desconforto para ambos os gêneros.
A pré-adolescência é um período de sobreposição considerável de características do
desenvolvimento tanto da infância intermediária quanto do começo da adolescência.
Entretanto, várias características singulares separam esse período dos outros.
Geralmente, a puberdade começa aos 10 anos nas meninas e aos 12 anos nos meninos,
mas pode ser normal para ambos os gêneros depois dos 8 anos de idade. Os meninos
sofrem maturação sexual pouco visível durante a pré-adolescência.
Desenvolvimento psicossocial: desenvolvimento do senso
de industriosidade (Erikson)
Freud descreveu a infância intermediária como o período de latência, um tempo de
tranquilidade entre a fase edipiana da primeira infância e o erotismo da adolescência.
Durante esse período, as crianças experimentam relacionamentos com outras do mesmo
gênero, depois da indiferença dos anos anteriores e precedendo o fascínio heterossexual
que ocorre para a maioria dos meninos e meninas na puberdade.
A conquista bem-sucedida dos primeiros três estágios do desenvolvimento psicossocial
de Erikson é importante para o desenvolvimento de uma personalidade sadia. A
conclusão com êxito desses estágios requer um ambiente amistoso em uma família unida
e estável. Essas experiências preparam a criança para engajar-se em experiências e
relacionamentos além do grupo familiar íntimo.
O senso de industriosidade ou o estágio de responsabilidade é alcançado em algum
momento entre os 6 anos de idade e a adolescência. As crianças em idade escolar estão
ávidas por desenvolver habilidades e participar de tarefas significativas e socialmente
úteis. Elas adquirem um senso de competência pessoal e interpessoal, recebem a
instrução sistemática prescrita por suas culturas individuais e desenvolvem as
habilidades necessárias para tornarem-se membros úteis e produtivos de suas
comunidades sociais.
Os interesses expandem-se nos anos intermediários, e com um senso crescente de
independência as crianças desejam engajar-se em tarefas que possam ser realizadas até o
fim (Fig. 15-2). Elas obtêm satisfação com o comportamento independente ao explorar e
manipular seu ambiente e pela interação com os pares. Muitas vezes, a aquisição de
habilidades promove uma maneira de atingir o sucesso em atividades sociais. O reforço
sob a forma de notas, recompensas materiais, privilégios adicionais e reconhecimento
encoraja e estimula.

FIG 15-2 Crianças em idade escolar são motivadas a completar tarefas. A, Trabalham sozinhas.
B, Trabalham em grupo.

O senso de responsabilidade também envolve a capacidade de cooperar, de competir


com os outros e de lidar efetivamente com as pessoas. A infância intermediária é a época
em que as crianças aprendem o valor de fazer as coisas com os outros e os benefícios
gerados pela divisão do trabalho na conquista de metas. A aprovação dos pares é um
motivador muito forte.
O risco inerente a esse período do desenvolvimento é a ocorrência de situações que
possam resultar no senso de inferioridade. Crianças com limitações físicas e mentais
podem estar em desvantagem na aquisição de determinadas habilidades. Quando a
estrutura de recompensa baseia-se em evidências de domínio ou maestria, as crianças
incapazes de desenvolver tais habilidades podem sentir-se inadequadas e inferiores. Até
mesmo crianças sem incapacidades crônicas podem ter sentimentos de inadequação em
algumas áreas. Nenhuma criança é capaz de fazer bem todas as coisas, e elas precisam
aprender que não conseguirão dominar todas as habilidades que tentam. Todas as
crianças, até mesmo as que normalmente têm atitudes positivas em relação às tarefas e a
suas próprias competências, sentirão algum grau de inferioridade ao se confrontarem
com habilidades específicas que não conseguem dominar.
As crianças precisam e desejam obter conquistas reais. Elas conquistam o senso de
industriosidade quando têm acesso a tarefas que precisam ser feitas e são capazes de
realizar bem tarefas apesar das diferenças individuais em suas habilidades inatas e em
seu desenvolvimento emocional.

Desenvolvimento cognitivo (Piaget)


Quando as crianças entram na idade escolar, elas começam a adquirir a capacidade de
relacionar uma série de eventos a representações mentais que podem ser expressadas
tanto verbal quanto simbolicamente. Trata-se do que Piaget descreve como estágio de
operações concretas, quando as crianças são capazes de usar processos do pensamento
para vivenciar eventos e ações. A visão rígida e egocêntrica dos anos pré-escolares dá
lugar a processos mentais que permitem que as crianças vejam as coisas pelo ponto de
vista dos outros.
Durante esse estágio elas desenvolvem um entendimento das relações entre coisas e
ideias. Progridem de julgamentos com base no que veem (pensamento perceptual) para
fazer julgamentos com base no que raciocinam (pensamento conceitual). São capazes de
dominar símbolos e usar suas memórias de experiências pregressas para avaliar e
interpretar o presente.
Uma tarefa cognitiva das crianças na fase escolar é dominar o conceito de conservação
(Fig. 15-3). Em uma idade tenra (5 a 7 anos), as crianças dominam o conceito de
reversibilidade de números como uma base para problemas matemáticos simples (p. ex.,
2 + 4 = 6 e 6 – 4 = 2). Elas aprendem que simplesmente alterar a ordem no espaço não
muda determinadas propriedades do ambiente e que são capazes de resistir a pistas
perceptuais que sugerem alterações no estado físico de um objeto. Por exemplo,
reconhecem que mudar o formato de uma substância tal como uma massa de argila não
altera sua massa total. Não percebem que um copo alto e fino de água contém um
volume maior do que um copo baixo e grosso; conseguem distinguir entre o peso das
coisas independentemente de seu tamanho. Reconhecem que o tamanho não está

Você também pode gostar