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CÂNCER Prof.

Cristina Fajardo Diestel


cristinadiestel@nutmed.com.br

O n.° total de mortes por câncer situa-se atrás, doenças como o câncer. No câncer, normalmente estes
somente das por doenças cardiovasculares. (Chemin) mecanismos estão danificados o que gera formação de
células alteradas ou oncológicas.

Compreendendo o que é o Câncer A carcinogênese é descrita em 03 fases progressivas


(Fig. 2):
O câncer pode ser considerado como uma doença das 1. Início  quando ocorre a mutação do DNA;
células corpóreas, pois seu desenvolvimento envolve lesão 2. Promoção  as células iniciadoras (mutadas)
ao DNA celular. multiplicam-se formando um tumor isolado. As células
podem permanecer dormentes por um período variável até
Todas as células do organismo renovam-se, umas de que sejam ativadas por um agente promotor.
maneira mais acelerada (tecidos de renovação celular 3. Progressão  formação de uma neoplasia maligna
acentuada – medula óssea, células da mucosa do TGI) com capacidade de invadir tecidos e criar metástases.
outras de maneira mais lenta. Para que ocorra esta
renovação, as células devem dividir-se e este processo é
chamado de ciclo celular. (Fig. 1). Durante a fase S, uma
cópia do material genético é produzida; na fase M, ocorre a
divisão celular propriamente dita, em os componentes
celulares são divididos em 02 células filhas; e as fases G1
e G2 são chamadas de gaps e constituem períodos
intermediários onde a célula se prepara para concluir as
outras duas fases S e M.

Carcinógenos
Radiação Fig. 02 Fases da Carcinogênese
Luz ultravioleta
Radicais livres Nutrição na Etiologia do Câncer
Grande parte dos cânceres relacionam-se a fatores
ambientais, incluindo aí a exposição ambiental, estilo de
vida e a dieta.

Fig. 01 Fases do ciclo Celular A complexidade da dieta apresenta difícil desafio em


estabelecer esta relação, pois a mesma pode possuir tanto
O ciclo celular da célula normal possui vários pontos inibidores quanto intensificadores da carcinogênese. A
de checagem e mecanismos de conferência para impedir tabela 1 relaciona os principais carcinógenos dietéticos e a
que os carcinógenos danifiquem o DNA e resulte em tabela 2, os principais quimioprotetores:

Tab.01 Efeitos dos carcinógenos dietéticos (Krause)

Carcinógeno Efeito
Excesso de peso Estimulam carcinogênese mama (principalmente pós-menopausa e sem
reposição hormonal), endométrio e rim,
Krause 2013 – Esôfago, pâncreas, vesícula biliar, fígado, mama (pós
menopausa), endométrio, rim, cólon e reto
Excesso peso + inatividade física Estimulam carcinogênese cólon. Segundo Cuppari (2014), excesso de gordura
corporal está relacionado com  risco de câncer de esôfago, pâncreas,
vesícula biliar, colorretal, mama, endométrios e rim,
Alta ingestão de gordura  risco de Ca de mama, cólon, pulmão e próstata
Ingestão protéica 02 a 03 X a necessidade Estimula a carcinogênese
Ingestão excessiva de carne vermelha Estimulam carcinogênese cólon e próstata avançado (este último + produtos
lácteos)
Mecanismos envolvidos na ingestão de carne e Ca cólon – produção de
substâncias cancerígenas a partir de dieta rica em gordura, a partir de aminas
heterocíclicas e/ou hidrocarbonetos aromáticos policíclicos, formção de
compostos N-nitrosos e da influencia do ferro heme.
Baixa ingestão de frutas e legumes  risco de Ca em 02 X (exceto para próstata) quando comparado a alto
consumo
Álcool (age sinergicamente com Fumo) Estimula carcinogênese boca, faringe, laringe e esôfago, pulmão, fígado e
cólon (cerveja) / mama pré e pós-menopausa ( níveis endógenos de
estrogênios, redução dos níveis de ácido fólico e efeito direto do álcool e seus
metabólitos no tecido mamário)
Ingestão bebidas muito quentes  risco de Ca de esôfago
Nitratos , nitritos, nitrosaminas (vegetais, alimentos Carcinogênicos
salgados, defumados)
Obs.: efeito protetor na ingestão destes com vitamina C e
fitoquímicos
Ingestão excessiva de sal  risco de Ca gástrico

1
Ingestão excessiva de carboidratos simples (Krause, 2010) Estimula a carcinogênese. Níveis plasmáticos altos de insulina podem
aumentar o risco de mortalidade por câncer de mama.
Toxicidade do Bisfenol (A) (Krause, 2013) Cancerígeno

Observações quanto a outros carcinógenos (Krause, 2010):


- Atualmente, a Food and Drug Administration não reconhece nenhum adoçante como cancerígeno;
- Álcool – segundo a Krause, se houver consumo, este deve ser limitado a dois drinques por dia para homens e um drinque por
dia para mulheres e, também, que o consumo de folato seja o mais adequado possível.

Tab. 02 Efeitos dos quimioprotetores dietéticos (Krause)


Quimioprotetor Efeito
Restrição calórica Inibe crescimento tumoral
Restrição protéica Suprime crescimento tumoral
Dieta rica em fibras Efeito protetor Ca cólon, reto, mama e ovários
Alta ingestão de frutas e vegetais (vit. C, E, selênio, fibras e Protetor contra a carcinogênese - especialmente Ca cavidade oral, esôfago,
fitoquímicos) estômago, cólon, pulmão, reto e bexiga. Menor relação com Ca hormonais
Alta ingestão de betacaroteno, vit. E e selênio  taxa de mortalidade por Ca esofágico/gástrico
Ingestão chá verde Fonte de fenóis e antioxidantes
Pode proteger contra Ca gástrico
Prática de exercício físico Previne Ca mama e cólon
Soja – proteína vegetal que contém fitoestrógenos (Krause, Protege contra o câncer de mama, especialmente se a soja dietética for
2010) consumida antes que se atinja a fase adulta. Obs.: a soja, possivelmente pode
ser perigosa se consumida por uma mulher com diagnóstico de Ca mama do
tipo receptor positivo de estrogênio.
Krause (2013) – os homens com cânceres hormônio-sensíveis, como câncer
de próstata, podem ser beneficiar do consumo regular de produtos com soja.
Cálcio + vitamina D (Krause, 2010) Associado a redução moderada da probabilidade de recorrência de adenomas
colorretais.
Café (Krause, 2013) Possui vários compostos antioxidantes e fenólicos que tem propriedades
anticancerígenas
Ácido Fólico (Krause, 2013) Interfere na metilação, síntese e reparo do DNA
Maior ingestão associada a risco diminuído de câncer pancreático

Os agentes cancerígenos podem ser: (Chemin)


- químicos (níquel, benzopireno),
Os cânceres de pulmão, mama, próstata e cólon
- biológicos (vírus),
predominam em países com grande volume de recursos
- físicos (radiações ionizantes e raios ultravioleta) e
financeiros. Os cânceres de estômago, fígado, cavidade
- genéticos - são mais relacionados à ocorrência de
oral e colo de útero, por sua vez, são mais predominantes
câncer na infância.
em países de baixo e médio níveis de recursos financeiros.
Os fatores ambientais como tabagismo, alcoolismo, (Cuppari, 2014)
exposição ao sol, aumento da ingestão de gordura,
infecção por papilomavírus, uso crônico de estrógenos e No quadro abaixo, são colocadas as recomendações
obesidade são mais relacionados aos cânceres do adulto. da Organização Mundial da Saúde para a redução do risco
(Chemin) Veja na tabela abaixo os fatores de risco de Câncer (Chemin e Cuppari, 2014)
modificáveis e não modificáveis para o câncer: (Cuppari,
2014) Manter o peso corporal dentro dos limites normais de IMC
Evitar ganho de peso (Chemin- evitar ganho > 5kg na
Fatores de risco Fatores de risco não
idade adulta) e aumento da circunferência da cintura)
modificáveis modificáveis
Uso do tabaco Idade: aumento do risco com o Manter-se fisicamente ativo como parte da rotina diária
Alimentação inadequada: alta aumento da idade Chemin – manter atividade física regular em mais dias da
densidade energética, rica em Etnia e raça semana, mais de 60min/dia com moderada intensidade.
gordura saturada e pobre em Hereditariedade Atividades mais vigorosas como caminhada rápida,
frutas, legumes e verduras Gênero: diferenças anatômicas podem trazer benefícios adicionais na prevenção do
Inatividade física câncer
Obesidade Cuppari – fazer no mínimo 30 min todos os dias de
Consumo de bebida alcoólicas
atividade física moderada. Limitar os hábitos sedentários
Agentes infecciosos: HPV,
vírus da hepatite B e bactéria Consumir bebidas alcoólicas não é recomendado.
H. pylori Chemin - Porém, se consumir, não deve exceder o
Radiação ultravioleta (solar) e equivalente 10g de álcool (01 copo de cerveja ou vinho)
ionizante (raio X) Cuppari e Krause– Se consumir deve ser limitado a 2
Exposição ocupacional: doses/dia para homens e 01 dose/dia (10-15g/dia) para
asbesto, arsênio, benzeno, mulheres
sílica, radiação, agrotóxico,
Os alimentos conservados em sal e o sal devem ser
poeira de madeira e de couro e
fumaça do tabaco consumidos moderadamente
Poluição ambiental Cuppari, 2014 – Limitar a ingestão de sal em menos
Comportamento sexual: início de6g/dia (2,4g/sódio) por dia. Não consumir cereais e
precoce das atividades grãos mofados
sexuais, múltiplos parceiros Cuppari 2014 – consumir raramente alimentos com alta
sexuais estão relacionados a densidade energética (225-275 kcal/100g). Evitar bebidas
infecção pelo HPV açucaradas e alimentos tipo fast food
Diminuir a exposição a aflatoxina dos alimentos

2
Ter uma dieta que inclua pelo menos 400g/dia de frutas. A caquexia no câncer está presente em 30-50% dos
Legumes e verduras pacientes e manifesta-se com as seguintes alterações
Cuppari, 2014 – consumir cereais pouco processados clínicas:
e/ou leguminosas em todas as refeições. Limitar
alimentos processados (refinados) que contenham amido - perda progressiva de peso,
Moderar o consumo de carnes vermelhas e embutidos - perda tecido gorduroso,
(salsicha, salame, bacon, presunto) - atrofia de musculatura esquelética,
Cuppari, 2014 – consumir menos de 500g de carne - anorexia,
vermelha/semana, inluindo pouca ou nenhuma - astenia,
quantidade de carne processada - anemia,
Não consumir bebidas em temperatura muito altas - definhamento e fraqueza generalizada (Krause, 2010)
As necessidades nutricionais devem ser alcançadas pela - índice metabólico basal alterado (Krause, 2010)
alimentação. Suplementos alimentares não são - imunossupressão (Krause, 2010)
recomendadas para prevenção do câncer - anergia e
Amamentar exclusivamente as crianças com leite materno - anormalidades do metabolismo de proteínas, gordura e
até os 6m de vida de carboidratos.

A etiologia desta síndrome permanece desconhecida,


Efeitos Nutricionais do Câncer
porém considera-se importante o papel das citocinas
produzidas pelo indivíduo na presença da neoplasia (IL-1,
A nutrição é adversamente afetada, tanto pelo câncer IL-6, interferon- e TNF- ou caquetina), que induzem à
quanto pela modalidade de tratamento prescrita (cirurgia, alterações metabólicas e consumpção no hospedeiro do
quimioterapia e radioterapia). tumor.
Caquexia
Tab.03. Fatores que contribuem para a caquexia do câncer
Caquexia pode ser definida como uma síndrome Redução da ingestão alimentar
- Anorexia
multifatorial caracterizada pela perda de massa muscular
- Náuseas e vômitos
(com ou sem perda de tecido adiposo), que não pode ser - Alteração do paladar e olfato
revertida com suporte nutricional convencional e acarreta Efeito local do tumor
progressiva disfunção orgânica. A fisiopatologia é - Odinofagia, disfagia
caracterizada por balanço nitrogenado e proteico negativo, - Saciedade precoce
associado a redução da ingestão alimentar. - Obstrução gástrica, intestinal
- Má absorção
Segundo Consenso Atual sobre caquexia do câncer, a Alteração do metabolismo dos macronutrientes
caquexia do câncer pode ser dividida em 3 estágios: pré- Citoquinas
caquexia, caquexia e caquexia refratária. Na pré-caquexia Efeitos do tratamento do câncer
aparecem sinais clínicos e metabólicos precoces, como - Cirurgia
anorexia e intolerância a glicose, que podem preceder a Mastigação alterada
perda de peso involuntária menor que 5%. O risco de Síndromes pós-gastrectomias
Insuficiência pancreática
progressão depende de fatores como tipo e estágio do
Estenose de anastomose
câncer, presença de inflamação sistêmica, baixa ingestão - Quimioterapia
alimentar e ausência de resposta a terapia anti-câncer. Náuseas e vômitos
Pacientes que têm perda de peso maior que 5% em 6 Alteração do gosto e do olfato
meses, IMC< 20 kg/m² ou sarcopenia com perda de peso Estomatite e mucosite
>2% são classificados como com caquexia. Na caquexia Diarréia
refratária, a caquexia pode ser clinicamente refratária, - Radioterapia
como resultado de doença avançada ou ausência de Anorexia e náuseas
Alterações do gosto e do olfato
resposta a terapia anticancer, com expectativa de vida
Xerostomia e mucosite
menor que 3 meses. Lesão da mucosa gastrointestinal
Estenoses tardia
Nesse contexto, sarcopenia é a diminuição da massa Psicossocial
muscular, sendo menor que o percentil 5 para cada sexo, Depressão
podendo ser quantificada por antropometria (área muscular Ansiedade
do braço <32cm² para homens e <18cm² para mulheres, Aversão alimentar
absortometria de raio X de dupla energia (DEXA) (índice
de musculatura esquelética apendicular <7,26kg/m² para Metabolismo de Energia
homens e <5,45kg/m² para mulheres), tomografia
computadorizada (TC) (índice de massa muscular lombar < Os pacientes com câncer podem ter um gasto
55cm²/m² para homens e <39cm²/m² para mulheres) e por energético, reduzido, normal ou aumentado dependendo
bioimpedância elétrica (BIA) – massa livre de gordura < do tipo de neoplasia. Sugere-se que o hipermetabolismo
14,6kg/m² para homens e < 11,4kg/m² para mulheres). possa acontecer em pacientes com maior duração de
Alguns autores incluem outros parâmetros para o doença.
diagnóstico da caquexia, como diminuição da gordura
gorporal (<10%), hipoalbuminemia (<3,5g/dl) e aumento da
proteína C reativa (>1mg/dl), mas não existe consenso. Metabolismo de Substratos – o metabolismo de todos os
substratos está alterado pelo crescimento tumoral.

3
tumores e encontra-se ausente em pessoas normais. A
Carboidratos: presença desta substância está associada a intensa
atividade lipolítica encontrada em pacientes portadores de
 Alta utilização de glicose pelo tumor (10-50X mais que tumor, com perda de tecido adiposo desencadeando a
nas células normais) lipólise através do estimulo da adenilato ciclase em
 Alta taxa de glicólise anaeróbica na célula tumoral  processo dependente de trifosfato de guanosina (GTP), de
produção  de lactato; maneira homóloga aos hormônios lipolíticos.
  Atividade do Ciclo de Cori para fazer  Aumento da oxidação de ácidos graxos e também dos
gliconeogênese a partir da captação das altas taxas de níveis de AG plasmáticos;
lactato sérico – Ciclo de cori é considerado ciclo fútil por  Decréscimo da lipogênese e do clareamento
ser energicamente ineficiente e contribuir parcialmente plasmático pela reduzida ação da lípase lipoproteíca (LPL),
para o aumento do gasto energético. que normalmente colabora com o quadro de caquexia e
 Aumento da produção de glicose  gliconeogênese; hiperlipidemia;
 Aumento intenso do tournover da glicose;  Menor utilização de ácidos graxos para síntese de
 Pode ocorrer um estado relativo de resistência à energia em relação á glicose na célula neoplásica (Dan,
insulina, caracterizado pelo excesso de oxidação 2009)
gordurosa e  da captação e uso da glicose,  Menor incorporação de ácidos graxos poliinsaturados,
especialmente nos músculos (intolerância a glicose) modificando a fluidez e a peroxidação lipídica na
membrana de células transformadas de alguns tumores de
Dan (2009) – Alterações no metabolismo dos carboidratos crescimento rápido (Dan, 2009)
- informações adicionais  Utilização de eicosanóides do metabolismo dos ácidos
- O aumento da taxa de captação de glicose pelas células graxos poliinsaturados da família ômega 6 para
tumorais está diretamente relacionado ao grau de angiogênese (Dan, 2009)
malignidade e poder de invasão celular do câncer;
- Priorização do uso da glicose para processos anabólicos Dan (2009) – Alterações no metabolismo dos lipídios -
(síntese de nucleotídeos, RNA e DNA) em detrimento de informações adicionais
reações oxidativas para obtenção de energia e síntese de
lipídios e proteínas; - Aumento plasmático de colesterol VLDL e HDL e também
- Superexpressão do fator induzido por hipóxia (HIF-1) aumento do tournover de ácidos graxos livres e glicerol.
devido à hipóxia intratumoral, relacionada com o aumento - Fator de necrose tumoral e interleucina 6 são mediadores
da gliconeogênese e proliferação das células neoplásicas. citocínicos das perdas teciduais na caquexia e podem inibir
a atividade da LPL.
- FML pode ser responsável pela diminuição de gordura
Proteínas: corpórea e pelo aumento do gasto energético, porém não
pela anorexia.
 Proteólise, com utilização de aminoácidos para - AG provenientes da lipólise podem ser utilizados por
gliconeogênese - principal degradação de proteína diferentes vias: síntese de energia incluindo ciclos
miofibrilares fornecendo alanina e glutamina; metabólicos fúteis e reação de betaoxidação na
 Perda muscular esquelética serve, principalmente, mitocôndria, síntese de fosfolipídios utilizados na
para fornecer aminoácidos para gliconeogênese e para a composição da membrana celular e síntese de
síntese de proteínas de fase aguda; eicosanóides que são mediadores inflamatórios e na
 Perda muscular visceral com atrofia de órgãos e produção de calor no tecido adiposo marrom e no músculo
hipoalbuminemia também podem ocorrer; esquelético.
  Inadequado na dinâmica de proteínas;
  Síntese de proteínas hepáticas (de fase aguda); Segundo Dan (2009), as principais alterações
 A hipoalbuminemia pode ocorrer pelo aumento da metabólicas no paciente com câncer são: estimulo à
água corporal total associada à caquexia. gliconeogênese a partir do lactato, aumento da captação
 Produção tumoral do Fator Indutor de Proteólise (PIF) de glicose pelas células tumorais e mobilização das
que induz diretamente a degradação protéica no músculo reservas orgânicas.
por ativação da via proteolítica dependente de ubiqüitina
(com gasto de ATP) e inibe a síntese de proteínas. Citocinas (Dan, 2009 e Cuppari, 2014)
PIF - está presente na urina de pacientes caquéticos mas
não em pacientes com perda de peso devido à trauma, São pequenas glicoproteínas solúveis produzidas
cirurgia e sepse ou mesmo em pacientes oncológicos com predominantemente por células inflamatórias que
manutenção do peso corporal. funcionam como mediadores ou como intercomunicadores
A ubiqüitina age como sinalizadora das proteínas intercelulares; ou seja; alterando as propriedades e o
intracelulares que serão degradadas pelo complexo comportamento de outras células.
enzimático Proteasoma 26S. Diversas citocinas são consideradas como
 A inibição da síntese de proteínas pode contribuir para mediadoras do processo caquético como: fator de necrose
o aumento do catabolismo muscular (Dan, 2009) tumoral (TNF-), interferon gama (INF-), interleucina 6
(IL-6), interleucina 1 (IL-1) e fator transformante de
crescimento beta (TGF-β). Essas moléculas podem
Lipídios: influenciar diretamente o metabolismo através de
alterações nas concentrações plasmáticas de hormônios
 Diminuição da lipogênese e aumento da lipólise para contra-regulatórios.
fornecer substratos para a gliconeogênese – estes são As citocinas possuem atividades metabólicas que se
estimulados pela ação das citocinas catabólicas na sobrepõem, o que torna possível que nenhuma substância
presença do tumor e produção de fator mobilizador de isolada seja a única causa de caquexia do câncer.
lipídios pela célula tumoral
 Produção tumoral de Fator Mobilizador de Lipídios
(FML) - uma substância produzida por alguns tipos de

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O quadro abaixo da Cuppari (2014) mostra as
citocinas produzidas pelo tumor e pelo hospedeiro e suas Os pacientes podem também experimentar
ações: intensificação no sentido do olfato, resultando em
Citocina Produção Efeito sensibilidade a odores na preparação dos alimentos, assim
IL-1 Macrófagos,  CRH (corticotropina) - como aversão a itens não alimentares como sabonetes e
monócitos, anorexia perfumes.
células  NPY (neuropeptídeo Y)
endoteliais, Intervenções que diminuam o aroma dos alimentos
fibroblastos, tais como servi-los frios ao invés de quentes podem ser
eosinófilos e úteis.
neutrófilos
TNF-alfa Macrófagos  CRH (corticotropina) – Desregulação Hormonal do Controle da Alimentação
Monócitos anorexia (Dan, 2009)
 cortisol/glucagon
 TMB Eixo Hipotálamo-pituitário-cortical
Perda de peso
Proteólise Em pacientes com câncer, o estresse e a dor são
Lipólise estímulos freqüentes e persistentes ao eixo
IL-6 Macrófagos, Perda de peso neuroendócrino, que se mantém em estado permanente de
monócitos, Proteóolise excitação. Esta ativação neuro-hormonal prolongada
células Caquexia contribui para a manutenção de condição similar a fase
endoteliais, aguda do estresse, do catabolismo e da caquexia.
fibroblastos,
queratinócitos - Triptofano e serotonina  um dos mecanismos
IFN-gama Células T e Caquexia associados ao processo de caquexia é o setoninérgico. A
NK  TNF serotonina tem papel importante no processo normal de
 ingestão controle da alimentação. O triptofano, precursor da
 LPL (lipase lipoprotéica) setononina está envolvido no mecanismo da saciedade.
Em pacientes com anorexia relacionada ao câncer a
PIF Tumor Proteólise
relação serotonina:dopamina encontra-se aumentada na
TGF-beta Macrófagos, Inflamação, tumorigênese,
região do hipotálamo. Porém o uso de antidepressivos e
células invasão e metástase
inibidores de serotonina ainda tem ação não definida,
epiteliais,
sendo necessários maiores estudos.
fibroblastos e
células
- Leptina  a leptina é um peptídeo secretado pelo tecido
tumorais
adiposo com estrutura semelhante às citocinas IL-6 e IL-1.
A leptina inibe a ingestão e aumenta o gasto energético
A melhor maneira de impedir ou reverter a progressiva
através de uma atuação envolvendo o hipotálamo,
desnutrição da moléstia maligna é o adequado tratamento
ativando circuitos catabólicos e inibindo circuitos
do câncer. O tratamento da massa tumoral e, portanto, da
anabólicos. Assim, baixos níveis de leptina cerebral
causa básica de desnutrição, cria condições para o bom
estimulam o apetite e reduzem o GE, enquanto altos níveis
aproveitamento dos nutrientes ofertados, uma vez que as
de leptina reduzem o apetite e aumentam o GE. A leptina
alterações metabólicas são pouco responsivas à
faz ainda parte do desencadeamento da resposta
abordagem nutricional.
adaptativa do jejum. Em pacientes com câncer, elevados
níveis de citocinas podem produzir uma inibição da
Outras anormalidades metabólicas:
ingestão de alimentos, através do aumento do nível de
leptina ou e/ou através da simulação do efeito hipotalâmico
 Desequilíbrios de água e eletrólitos são observados do feedback negativo, sinalizador de leptina, conduzindo a
em pacientes com câncer avançado;
uma prevenção do mecanismo compensatório normal
 Hipercalcemia  NÂO restringir cálcio dietético
perante a diminuição da ingestão de alimentos e peso
o pode ser observada em tumores avançados que
corporal. A persistência da anorexia em pacientes
induzem peptídeos semelhantes ao paratormônio.
oncológicos sugere uma redução da resposta adaptativa
o pode ocorrer, segundo a Krause (2010/2013), também,
ao apetite.
em indivíduos que possuem metástase óssea e é causada
pela atividade osteolítica das células do tumor, liberando
- Neuropeptídeo Y  é um peptídeo com 36 aminoácidos,
cálcio dentro do líquido extracelular. A hipercalcemia é um
secretado pelo hipotálamo e abundante no cérebro – é o
acaso potencialmente fatal e é vista, em geral, nos casos
mais potente estimulador do apetite conhecido, além de
de mama metastático e mieloma múltiplo. Os sintomas
diminuir o GE e aumentar a lipogênese, promovendo um
incluem náusea, fraqueza, fadiga, letargia e confusão.
estado de balanço energético positivo e aumento da
reserva de gordura. Estimula o apetite por conta própria e
Alterações Sensoriais:
também por estimular a liberação de outros peptídeos
orexídenos como a insulina, a galanina, peptídios opióides,
São comuns as alterações de paladar e olfato,
hormônio concentrador de melanina, orexina e peptídieo
contribuindo para a anorexia, comumente observada
agoutiassociado. É possível que no câncer, citocinas
nestes pacientes. As alterações observadas no paladar
envolvidas na modulação de peptídios promotores do
são devidas a própria doença, a determinados agentes de
apetite influenciem negativamente na regulação da ação
rádio e quimioterapia e as cirurgia de cabeça e pescoço.
orexígena do NPY.
As alterações observadas no paladar são:
- Melanocortina  compreende uma família de peptídeos
  Limiar para doce, azedo e sal; reguladores incluindo o hormônio adrenocorticotrópico
  Limiar para amargo. (ACTH) e o hormônio melanócito (MSH). Este grupo de

5
peptídeos e seus receptores auxiliam na regulação do administração de quimioterápicos. Devido a isto também, a
apetite e da temperatura corporal, sendo também contagem total linfocitária não reflete adequadamente o
importante para a memória, bem-estar e sistema imune. estado nutricional.
Possuem efeito oposto ao do neuropeptídeo Y, ou seja,
promovem balanço energético negativo. Com a Segundo Dan (2009), quando ocorre neutropenia febril
progressiva perda de peso, deveria ocorrer uma queda no com temperatura corpórea  39ºC ocorre elevação da TMB
sistema anorexígeno sinalizador de melanocortina, como em 25%.
uma alternativa para preservar o estoque de energia,
porém, no câncer este sistema permanece ativo No Quadro abaixo, Cupppari (2014) coloca os
contribuindo para o desenvolvimento da caquexia. principais fármacos usados na QT e seus efeitos colaterais
GI:
- Grelina  é um ligante endógeno do receptor do Bleomicina Vômitos, anorexia
hormônio do crescimento (GH) e um potente estimulador Doxorrubicina Náuseas, Vômitos, constipação,
da secreção de GH. É um hormônio peptídeos secretado anorexia
pelas células epiteliais do fundo do estômago. As Irinotecano Diarreia, náuseas, vômitos, dor
concentrações de grelina aumentam no jejum e diminuem abdominal
após a ingestão alimentar, o que parece uma regulação Oxaliplatina Náuseas, vômitos, diarreia
negativa com a leptina e a insulina, outros importantes Gencitabina Náuseas, vômitos, diarreia, estomatite
reguladores da massa corporal gordurosa. No entanto, em Bortezomibe Constipação, diarreia, náuseas, vômitos,
pacientes com a síndrome anorexia-caquexia, a grelina dor abdominal, anorexia
pode estar diminuída. 5-fluoracil Náuseas, vômitos, mucosite, disfagia,
diarreia
Efeitos Nutricionais da Terapia do Câncer Etoposide Náuseas, vômitos, anorexia, diarreia
Cisplatina Náuseas, vômitos
A terapia anti-tumoral envolve químio e radioterapia, Metotrexato Estomatite ulcerativa, náuseas, vômitos,
cirurgia, imunoterapia ou uma combinação destas. A diarreia, anorexia, mucosite
resposta ao tratamento é documentada como completa, Ciclofosfamida Náuseas, vômitos, anorexia
parcial, estável ou progressiva. Vincristina Constipação, cólicas abdominais, perda
de peso, náuseas, vômitos, mucosite,
A resposta ao tratamento do câncer é definida como íleo paralitico
resposta completa ou parcial (melhoria), doença estável ou Citarabina Náuseas, vômitos, anorexia, diarreia,
progressão da doença (piora). disfunção hepática

Os tratamentos podem ser considerados curativos,


neoadjuvante (antes da ciururgia), adjuvante (após a Interação entre Alimentos e Fármacos (Krause,2013)
cirurgia) ou paliativo.
Alguns agentes quimioterápicos podem causar eventos
Quimioterapia adversos potencialmente graves:
- Ca pulmão em tratamento com pemetrexede (Alimta)
É o uso de medicações para tratar o câncer. A maioria precisam de vitamina B12 e suplementação de ácido fólico
das drogas é citotóxica, mata as células impedindo a durante toda a duração de sua terapia para evitar a anemia
formação de um novo DNA, bloqueando funções associada a esta droga;
essenciais da célula ou induzindo à apoptose. - Um evento grade de hipertensão pode ocorrer quando
alimentos ricos em tiramina e bebidas aão consumidos
Enquanto a radioterapia e a cirurgia são utilizadas quando se toma procarbazina (Mutalane), um agente
para tratar tumores localizados, a quimioterapia é uma normalmente usado para tratar câncer no cérebro.
terapia sistêmica que afeta o corpo todo (não só nas - Indivíduos com câncer de cólon recebendo oxaliplatina
células tumorais, mas também nas células normais). (Eloxatin) são devem beber, comer ou manipular alimentos
ou bebidas geladas por até 5 dias por causa das
Os efeitos colaterais desta terapia dependem do disestesias relacionadas ao tratamento ou parestesias
agente, dosagem e duração do tratamento. Os maiores transitórias das mãos, pés e gargantas.
efeitos colaterais ocorrem nas células de rápido tournover - A fim de evitar perturbações gástricas desnecessárias, os
como a medula óssea o folículo capilar e a mucosa do indivíduos tomando a medicação capecitabina (Xeloda)
trato alimentar. (Krause, 2010) devem tomar o medicamento dentro de 30 minutos de
ingestão de alimentos ou de uma refeição.Por outro lado,
Efeitos colaterais comuns da quimioterapia: medicamentos como o erlotinibe (Tarceva) não devem ser
administrados com alimentos, podendo causar diarreia
 mielossupressão
profunda e erupção cutânea a menos que tomado com o
 anormalidades do paladar
estômago vazio.
 mucosite, queilose, glossite, estomatite e esofagite
 diarréia e má-absorção decorrente da toxicidade GI
 constipação (Dan)
 náuseas/vômitos e anorexia  geralmente, auto-
limitados
 anemia
 função imunológica deprimida
 edema, hiperglicemia, alteração função hepática e
renal (Cuppari, 2014)

Como existe mielossupressão, a gravidade desta e da


neutropenia podem ser fatores limitantes para a

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Radioterapia - Efeitos tardios (> 90 dias após o término do
tratamento): diarréia, má-absorção, má digestão, colite
Os efeitos colaterais da radioterapia dependem do ou enterite crônica, estreitamento, ulceração,
local de tratamento. Células saudáveis que estão próximas obstrução, perfuração ou fístula intestinal, hematúria e
ao câncer podem ser afetadas pelo tratamento cistite.
radioterápico ocasionando efeitos adversos. Tais efeitos
dependem da dose de radiação e da porção do corpo que Cirurgia
está sendo tratada.
É a terapia primária nos cânceres do TGI e pode se
Quando usada sozinha (sem combinação com combinar com radioterapia ou quimioterapia pré e/ou pós-
quimioterapia), os efeitos colaterais da radioterapia operatória. Após a cirurgia, são necessárias energia e
geralmente começam ao redor da 2ª ou 3ª semana proteína adicionais para cicatrização. São sintomas
(segundo Chemin, na 3ª semana) de tratamento e, comuns de impacto nutricional a fadiga, dor, perda de
normalmente, se resolvem em 02 a 04 semanas (segundo apetite e alterações na alimentação normal.
Chemin, algumas semanas) após a radioterapia ter sido
completada. Seus efeitos colaterais podem se resolver ou  Cirurgia de cabeça e pescoço – no pré-operatório há
podem ocorrer várias semanas, meses ou até anos após o dificuldade de ingestão por conta da massa tumoral. No
tratamento. pós-operatório o paciente depende temporária ou
permanentemente de uma sonda de alimentação. Ao
Independente da área que está sendo irradiada, os reassumir a via oral, se isso for possível, pode haver
sintomas de impacto nutricional comumente problemas com a disfagia. Um dos problemas da
experimentados são fadiga, perda de peso e apetite, dissecção do pescoço é a fístula quilosa causada por lesão
alterações cutâneas e alopecia na área que está sendo do ducto torácico quando este entra na veia subclávia,
tratada. A irradiação corporal total usada nos protocolos de para isto é necessária uma dieta hipolipídica com uso de
transplante de medula óssea pode levar a todos os TCM. Outros efeitos colaterais que podem ocorrer são:
sintomas descritos abaixo: aspiração crônica, dificuldade de mastigação e deglutição,
Efeitos colaterais comuns: disgeusia, odinofagia e alterações vocais.

 Sistema nervoso central:  Cirurgia esofágica – nas esofagectomias parciais ou


- Efeitos agudos: náuseas, vômitos, hiperglicemia totais, geralmente o estômago é utilizado para
(causada pela administração de corticóide), fadiga e reconstrução. É necessário no pós-operatório, o uso de
perda de apetite; uma sonda nasojejunal ou jejunostomia para NE precoce.
- Efeitos tardios (> 90 dias após o tratamento): cefaléia e Há benefício do uso de dieta enriquecida com glutamina
letargia. para melhorar a cicatrização. Os efeitos colaterais que
podem surgir são: diarréia, estase gástrica (gastroparesia),
 Cabeça e pescoço: esteatorréia, hipocloridria, regurgitação, síndrome de
- Efeitos agudos (segundo a Cuppari, os sintomas Dumping, saciedade precoce e desequilíbrios de líquidos e
aparecem após a 1ª semana de tratamento): inflamação e eletrólitos. No pós-operatório, os pacientes se beneficiam
sensibilidade na boca e garganta, mucosite, xerostomia de uma dieta fracionada, em pequenos volumes, de alta
(boca seca), destruição da gengiva e dentes, cárie dental, densidade calórica e com pouca gordura.
alterações no paladar e olfato, disfagia, odinofagia,
anorexia, fadiga e perda de peso. Além destes efeitos
Chemin cita ainda anorexia e espasmos na mandíbula e  Cirurgia Pancreática – quando 70% do órgão é removido
maxilar; é necessária a terapia insulínica e dieta controlada em
- Efeitos tardios (> 90 dias após o término do tratamento): carboidratos. Quando mais de 90% daglândula é removida
osteorradionecrose (necrose dos tecidos moles após é necessária reposição de enzimas digestivas associada a
radioterapia em altas doses), trismo (constrição dos uma dieta hipolipídica.
maxilares), mucosas (atrofia e secura, além de ulceração),
xerostomia e fibrose das glândulas salivares, alteração do
paladar e olfato.  Gastrectomias – nas gastrectomias totais também é
necessário no pós-operatório, o uso de uma sonda
 Tórax: nasojejunal ou jejunostomia para NE precoce no pós-
- Efeitos agudos: azia e esofagite aguda caracterizada por operatório. No pós-operatório tardio, pode haver
disfagia e odinofagia, fadiga e perda de peso. Chemin intolerância a gordura devido à ruptura dos nervos vagos.
/Dan colocam ainda outros efeitos colaterais como As principais deficiências nutricionais das gastrectomias
infecção no esôfago, refluxo gastro-esofágico, náuseas e são a de ferro (acloridria) e folato que podem levar a
vômitos. anemia. Também pode ocorrer deficiência de vitamina
- Efeitos tardios (> 90 dias após o término do tratamento): B12. O paciente também pode beneficiar-se do consumo
pode ocorrer fibrose e estenose do esôfago, levando a de 6 a 8 refeições pequenas e freqüentes.
obstrução. Com relação ao coração pode ocorrer angina - Síndrome de dumping  pode ocorrer após
de esforço, pericardite e cardiomegalia e com relação ao gastrectomias subtotais ou totais e é causada pelo trânsito
pulmão, tosse seca e fibrose e pneumonia. rápido de alimentos e líquidos (ricos em carboidratos,
 Abdome: principalmente) e da resposta dilucional do pequeno
- Efeitos agudos: gastrite ou colite/enterite com remanescente à alimentação em um bolo alimentar
náuseas e vômitos, diarréia, anorexia, lesões graves osmótico.
podem levar à má-absorção (diarréia, cólicas,
timpanismo e gases), alteração da função urinária  Cirurgia colônicas – as colectomias parciais e totais
(freqüência aumentada, sensação de queimação à podem levar a perdas de líquidos e de eletrólitos, porém a
micção), intolerância à lactose, fadiga e perda de gravidade depende da extensão da ressecção.
apetite.

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 Cirurgias intestino delgado – as ressecções ileais de Exames Laboratoriais (Dan, 2009)
apenas 15 cm do íleo terminal podem ocasionar a perda
de sais biliares que excede a capacidade de ressíntese e Além das tradicionais dosagens das proteínas
pode gerar má absorção de vitamina B12. Pode ocorrer plasmáticas já estudadas em avaliação nutricional,
também esteatorréia. O carbonato de cálcio pode ser podemos ainda citar a utilização da hemoglobina e do
administrado para minimizar a absorção de oxalato. A dieta hematócrito.
a ser prescrita deve ser pobre em gordura, osmolaridade,
lactose e oxalato.  Hemoglobina  proteína de transformação metabólica
muito lenta e sua depleção ocorre mais tardiamente na
deficiência de proteína. É um índice sensível, mas pouco
específico de desnutrição, podendo alterar-se nas
Imunoterapia seguintes condições: perda sangüínea, estados de diluição
sérica e transfusões sangüíneas.
É o uso de substâncias produzidas por clonagem ou  Hematócrito  baixos níveis se correlacionam com a
engenharia genética (interferon, interleucina) no tratamento ocorrência de anemia. A elevação acima dos valores
do câncer. Agem diretamente, como agentes citotóxicos ou normais pode ser decorrente do aumento do número de
indiretamente como estimulantes das defesas do paciente. hemácias ou da diminuição do volume plasmático como
Os pacientes que usam podem experimentar fadiga, ocorre nas desidratações, no choque e nas queimaduras.
calafrios, febre e sintomas semelhantes ao da gripe que
levam a uma diminuição da ingestão alimentar e A tabela abaixo mostra os valores de hemoglobina e
aumentam as necessidades energéticos e protéicas. hematócrito para avaliação do estado nutricional no
Outros efeitos colaterais incluem: anorexia, diarréia, paciente oncológico.
edema, estomatite, náuseas, vômitos, perversão do gosto
(alteração do paladar), emagrecimento.

Hormonioterapia

É o uso de hormônios ou análogos dos mesmos


(andrógenos, estrógenos, progestinas) no tratamento do
câncer. Efeitos colaterais: anorexia, anemia, aumento do
apetite, edema, glossite, náusea, vômitos, retenção de
fluídos, ganho de peso e, por último, diarréia.

Cuidado Nutricional no Paciente com Câncer


Avaliação Subjetiva global do Estado nutricional
Avaliação Nutricional no Paciente Oncológico produzida pelo paciente – ASG-PPP (Chemin e Dan,
2009, Krause, 2013)
A perda de peso em pacientes oncológicos (a base de
massa corporal magra) é um sinal preocupante, Compreende um questionário dividido em 2 etapas. A
provocando aumento das complicações e diminuição do primeira é respondida pelo paciente, com perguntas sobre
tempo de sobrevida. Frequentemente, a perda de peso a mudança de peso, ingestão alimentar, sintomas e
não intencional é o primeiro sintoma e precede o capacidade funcional. A segunda parte da avaliação é
diagnóstico. realizada pelo profissional de saúde como médico,
nutricionista e enfermeiro e consiste no exame físico, e na
A síntese de albumina pode encontra-se diminuída. avaliação de possíveis fatores que aumentar a demanda
metabólica como febre, estresse, depressão, fadiga,
A radioterapia podem levar a um decréscimo de até estadiamento do tumor e tratamento clínico. A pontuação é
30% no n.° de linfócitos presentes até 05 anos após o obtida pela soma das duas partes de avaliação. Veja o
término do tratamento. (Cuppari, 2005) questionário nas próximas páginas.

Avaliação Antropométrica (Dan, 2009) A AGS-PPP é o método padrão de avaliação


nutricional do paciente com câncer, ainda que a avaliação
Realizada por métodos convencionais. A perda de global subjetiva também seja bastante utilizada.
peso tem importante valor clínico na avaliação do estado
nutricional do paciente oncológico. Perda de peso maior Screening Oncológico (Chemin)
que 10% pode estar presente em até 45% dos pacientes
adultos hospitalizados com câncer. Além disso, Chemin cita como método de avaliação
nutricional, e Screening Oncológico do Memorial Sloam-
Composição Corpórea (Dan, 2009) Kettering Cancer Center, que é um instrumento de triagem
nutricional inicialmente realizado por uma enfermeira.
A utilização de bioimpedância para avaliação Baseado em fatores de risco nutricional, diagnóstico,
nutricional de pacientes com câncer demonstra complicações, tratamento, alterações do peso, a triagem
sensibilidade na identificação de desnutrição com oncológica classifica o paciente em risco baixo ou
alteração no conteúdo de massa extracelular e intracelular moderado para alto risco nutricional. Estes últimos são
mesmo quando os índices antropométricos ainda se submetidos a uma avaliação nutricional completa realizada
encontram dentro dos parâmetros de normalidade. O por um nutricionista em 24 horas. Um exemplo do
ângulo de fase é um marcador importante de prognóstico. questionário encontra-se abaixo.

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Outras avaliações (Krause, 2013) assistência, tais como tomar banho, vestir-se e andar. O
CCT é uma medida de resultado utilizado em centros de
Outras ferramentas são a ferramenta de Avaliação da câncer que comprara toxicidade aguda do tratamento do
Atividade Física Diária (AVD), Criterios Comuns de câncer e EDK é um índice de pontuação que associa o
Toxicidade (CCT) e Índice de Escala de Desempenho de estado funcional (bem estar geral) de um indivíduo com o
Karnofsky (EDK) e Performance Status através da escala estado de doença e sobrevida.
de Zubrod. A ferramenta AVD avalia as atividades de
rotina que as pessoas fazem todos os dias sem

Índice de prognóstico (Escala de capacidade funcional) – IMPORTANTE – muito utilizada em especial em pacientes terminais,
uma vez que a resposta à nutrição pode não ser observada em alterações de composição corporal, mas sim pela melhora e
evolução clínica do doente.

Recomendações nutricionais  Auxiliar no restabelecimento e na cura;


 Manter ou melhorar a qualidade de vida.
Os objetivos da terapia nutricional para pacientes em
tratamento anti-neoplásico e em processo de A intervenção precoce é essencial. O SN melhora o
restabelecimento são: (Chemin) estado de desempenho total em pacientes oncológicos
com desnutrição secundária a obstrução GI ou com
 Impedir ou corrigir a desnutrição; toxicidade do tratamento. Porém, nos pacientes com
 Prevenir a perda de músculo, ossos, sangue e demais caquexia ou câncer terminal observa-se pouca ou
componentes da massa magra corporal; nenhuma melhora. Na tabela 4, podemos observar as
 Auxiliar o paciente a tolerar o tratamento; recomendações de kcal e proteínas.
 Reduzir os efeitos adversos relacionados à nutrição e
suas complicações;
 Manter o vigor e a energia;
 Prover a habilidade para combater infecções;
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Tab. 04 Recomendações nutricionais no Câncer
Obs. (Dan, 2009 e Cuppari, 2014): o gasto energético em
Cuppari (2005) repouso de paciente com câncer pode estar aumentado,
Recomendações Manutenção Ganho Hipermetabólicos, diminuído ou mesmo inalterado – assim, devemos
peso peso estresse ou má considerar como normais os valores de gasto energético
absorção em repouso até que seja possível verificar a situação com
Energia 25 a 30 30 a 35 > 35 kcal/kg/dia precisão. Observa-se GE normal em pacientes com câncer
kcal/kg/dia kcal/kg/dia gástrico e colorretal e GE aumentado em pacientes com
Proteína 0,8 a 1,0 1 a 1,2 1,5 a 2,5 g/kg/dia câncer pancreático e pulmonar.
g/kg/dia g/kg/dia
As recomendações de micronutrientes para câncer estão
Cuppari (2014)  leva em consideração as descritas abaixo:
recomendações colocados nos Consensos de Nutrição
Oncológica do INCA 2009 e 2011

Chemin:
Recomendações Eutróficos Que necessitam repor
perdas
Kcal 25 – 35 35 – 50 kcal / kg
kcal/kg
Proteína 1 – 1,5 1,5 – 2 g/kg
g/kg

Dan (2009)

A necessidade energética varia de acordo o


diagnóstico clínico, idade, sexo, peso, febre, fator térmico,
de atividade e de estresse.

Pode-se usar a equação de Harris Benedict para cálculo


das necessidades, considerando-se as variáveis abaixo:

Fator atividade: Projeto Diretrizes


- acamado = 1,2
- deambula pouco = 1,25 - Tumores de pulmão, hepatocelulares grandes e de
- deambula = 1,3 ovário são hipermetabólicos
Fator térmico (febre) - As recomendações de calorias e proteínas encontram-se
38ºC = 1,1 na tabela abaixo;
39ºC = 1,2 - Os micronutrientes devem ser ofertados em níveis que
40ºC = 1,3 contemplem uma a duas vezes as Ingestões Dietéticas de
41ºC = 1,4 Referência ou Dietary Recommended Intake (DRI).
Fator estresse - O uso de complemento nutricional oral na forma líquida
Quimioterapia / radioterapia = 1,1 a 1,45 com ácidos graxos ômega-3, na forma de ácido
Transplante de medula óssea = 1,2 a 1,3 eicosapentanoico, previne a perda de peso e a interrupção
da terapia radio/quimioterápica.
Pode-se usar também recomendações em kcal/kg;

- Acamados – 20 a 25 kcal/kg
- Deambulam – 25 a 30 kcal/kg

Obs.: num outro momento do capítulo fala-se que as


recomendações são de 20-35kcal/kg.

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Krause (2010)  IMC < 18,5 kg/m²;
 perda de peso  5% nos últimos 06 meses;
Calorias  aceitação alimentar da dieta via oral não atingir ¾ das
recomendações nutricionais;
Pode-se usar a fórmula de Harris Benedict com  disfagia;
correção dos fatores de atividade e estresse - 1,1 a 1,6 –  anorexia;
fator estresse utilizado especialmente para os pacientes  recusa da sonda nasoenteral.
com transplante de células tronco, sepse ou cirurgia.
O momento de oferecer o alimento também merece
Proteína atenção. Algumas vezes, os pacientes com câncer
reclamam de menor capacidade de comer conforme
avança o dia, o que significa que a manhã é o melhor
momento para se alimentar. Isto pode ser atribuído à
digestão e esvaziamento gástrico lentos, como resultado
da menor produção de secreções digestivas, atrofia das
mucosas gastrointestinal e da muscular gástrica. É
também sentido devido à fadiga relacionada ao tratamento.
A dor também pode afetar o apetite e a capacidade de
comer.

A hora de fazer as refeições em relação aos efeitos


colaterais gastrointestinais do tratamento do câncer pode
acarretar a tendência a aversões aprendidas, isto porque
alimentos específicos podem ser associados a sintomas
desagradáveis, como náuseas, vômitos e estímulos
psicológicos, como ansiedade.

Krause (2013) Observem abaixo, as condutas nutricionais frente aos


efeitos colaterais que podem surgir pelo câncer ou pelas
Calorias terapias anti-neoplásicas.

- Câncer, reposição nutricional, ganho de peso - 30 a 40


kcal/kg/dia Terapia Nutricional nos Efeitos Colaterais do
- Câncer, metabólico normal – 25 a 30 kcal/kg/dia Tratamento do Câncer:
- Câncer, hipermetabólico estressado – 35 kcal/gk/dia
- Transplante de célula tronco hematopoiética – 30 a 35
kcal/kg/dia Náuseas e Vômitos
- Sepse – 25-30 kcal/kg/dia
- Obeso – 21-25 kcal/kg/dia  A quimioterapia é o tratamento que com freqüência
acarreta estes sintomas.
Proteína  Estes sintomas são controlados pelo SNC  ocorrem
porque existem estímulos  odores, sabores, movimentos
- Transplante de células tronco – 1,5-2 g/kg/dia (tonturas), irritação do estômago ou do intestino e
- Estresse grave – 1,5 a 2,5 g/kg/dia ansiedade em relação aos medicamentos da quimioterapia
que induzem neurotransmissores que são excitantes do
Micronutrientes (Krause, 2010 e 2013) centro do vômito, situado na base do cérebro, o que
desencadeia o reflexo das náuseas e vômitos;
O uso de um suplemento de multivitaminas e minerais que
forneçam não mais que 100% da DRI é considerado  Náuseas e Vômitos Precoces ou Antecipatórias  são
seguro. Ainda há controvérsias se o uso de suplementos os que ocorrem antes ou no momento do início da sessão
antioxidantes, inibe ou aumenta os efeitos de quimioterapia, podendo afetar também paciente em
radioterapia. Podem aparecer após o paciente ser
antitumorais da quimio ou radioterapia. Parece não haver submetido a diversos ciclos de tratamento e sua causa é a
problema no uso, porém, pesquisas ainda são necessárias resposta do organismo a estímulos relacionados ao
maiores pesquisas. O que deve ser sempre priorizado e ambiente.
recomendado é o alto consumo de vitaminas e minerais a
partir de fontes alimentares.  Náuseas e Vômitos Agudos  são aqueles que ocorrem
nas primeiras 24 horas após a administração do
tratamento e tem duração de algumas horas. A freqüência
Cuidados com a dieta oral e gravidade dependem da medicação (tipo, dose,
intervalos e via de administração), bem como de fatores
As estratégias para modificação da ingestão de individuais. Podem ocorrer também na radioterapia entre
nutrientes dependem do problema específico de meia hora a vária hora após a sessão e melhoram nos dias
alimentação e da extensão da depleção. Normalmente que não tem realizam tratamento;
devem ser avaliadas as necessidades individuais e deve-
se prescrever 5 a 6 refeições/dia.  Náuseas e Vômitos Retardados  aparecem depois de
mais de 24 horas após a administração do tratamento,
A dieta oral deve ser associada ao uso de suplemento podendo ter a duração de vários dias. Ocorrem em
alimentar quando o doente apresentar um ou mais dos pacientes que náuseas e vômitos agudos ou naqueles nos
seguintes critérios (Cuppari / Chemin) quais o tratamento é prolongado. Estes pacientes podem

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se beneficiar com o uso de antieméticos. (Ondasetron- o Ingerir líquidos com freqüência, apenas não nas
Zofran; Ganisetron-Zytril; Metoclopramida; Corticóides) refeições;
o Criar um ambiente agradável para se alimentar;
 Recomendações Alimentares para o Tratamento de o Comer quando sentir fome e vontade, não é preciso
Náuseas e Vômitos: esperar pelo horário da refeição;
o Caminhar antes das refeições pode abrir o apetite;
Chemin: o Usar pratos grandes para parecer que há menos
o Fazer alimentação leve (alimentos de fácil digestão comida;
como caldos, sopas, purês, bolachas cream cracker, o Antes das refeições, o pacientes pode tomar suco de
d’água, torradas, etc.) frutas cítricas, pois ajuda a abrir o apetite.
o Evitar alimentos lácteos, ácidos e sucos de frutas ácidas; o Aumentar o valor calórico das refeições.
o Não oferecer ao paciente, alimentos que lhe causem Sugestões  acrescentar mel, leite em pó, leite de soja
repulsa; em pó nos alimentos que se está preparando / acrescentar
o Evitar ficar na cozinha enquanto são preparados os manteiga, margarina, creme de leite ao macarrão, batata,
alimentos; mandioca, arroz / usar leite para preparar sopas, purês /
o Comer devagar e mastigar bem os alimentos; acrescentar uma xícara de chá de leite em pó em 01 litro
o Evitar deitar após as refeições; de leite / acrescentar mel, chocolate em calda, caramelo
o Fracionar as refeições em 5 vezes ao dia, consumindo líquido, aos sorvetes e sobremesas / preferir sorvetes de
pequenas porções; chocolate, castanhas, avelãs aos picolés de fruta /
o Evitar alimentos gordurosos e frituras em geral; temperar as saladas com maionese, iogurte natural ou
o Dar preferência aos alimentos gelados e/ou à molhos / acrescentar isolado protéico de soja no preparo
temperatura ambiente (sorvetes, picolés, sucos, dos alimentos.
vitaminas);
o Às vezes os alimentos salgados são mais bem tolerados Inflamações e Feridas na Cavidade Oral
do que os doces;
o Preparar os alimentos grelhados, cozidos ou ensopados;  Mucosite (inflamação da mucosa bucal que se
o Tomar chás após as refeições para ajudar na digestão; manifesta na forma de feridas ou úlceras dolorosas que
o Evitar tomar líquidos durante a refeição; podem até sangrar) e estomatite (inflamação de quaisquer
o Evitar odores fortes e desagradáveis, tais como: tecidos orais – dentes, gengivas, etc.) são comuns após
perfumes, cigarro e odor da cozinha; rádio e quimioterapia.
o Fazer enxágües da boca, para eliminar sabores  Mucosite surge em 50% dos pacientes entre 7 a 10
desagradáveis; dias do início do tratamento. Pode ser exacerbada por
o Evitar alimentos fermentativos como: leite puro, bebidas alguma infecção na boca, cujo sistema imune não está
gaseificadas, bebidas alcoólicas, café, chá preto, chá adequado. Estas infecções bacterianas por vezes pelo
mate, doces concentrados, chocolates, açúcar, couve- problema na mucosa por causar infecções sistêmicas;
flor, repolho, etc.
 Recomendações para o Tratamento de Mucosite,
Cuppari (2014) Estomatite e Odinofagia:
o Se não houver contra-indicação, o consumo de sucos,
picolés de frutas cítricas e o hábito de chupar gelo Chemin:
reduzem as náuseas o Fracionar a dieta de 2 em 2 horas, consumir pequenas
porções;
Krause: o Evitar alimentos picantes, muito salgados, crocantes que
o Evitar produtos lácteos, sopas, alimentos fritos, possam machucar a mucosa e alimentos ácidos como:
sanduíches, sobremesas, doces. abacaxi, laranja-pêra, vinagre, limão, pimenta, mostarda;
o Dieta líquida clara, não ácidos, frios.(em temperatura o Evitar também, alimentos secos e duros (Krause).
baixa ou ambiente e em pequenas quantidades) Alimentos a evitar: sucos, especialmente os cítricos,
bananas, alimentos frescos ou crus, carnes, entradas
Anorexia / Perda de Apetite condimentadas, alimentos com textura ou granulares,
produtos não refinados de pão.
 Fatores emocionais e sociais podem afetar o apetite; o Comer devagar e mastigar bem os alimentos;
 O paciente pode ter que ficar fora do seu local habitual o Consumir os alimentos a temperatura ambiente ou fria,
por conta do tratamento e não ter alimentação disponível; para diminuir a dor (evitar alimentos muito quentes ou
 Ocorre muitas vezes pelo próprio tratamento (efeitos gelados)
colaterais) o Incluir no cardápio alimentos de fácil digestão e alto teor
 Habitualmente, o apetite volta ao normal algumas de calorias;
semanas após o término do tratamento, pois neste período o Usar molhos, manteiga e azeite para facilitar a
as células da boca e do tubo digestivo sofreram reparação. deglutição;
o Preparar alimentos macios, desfiados e batidos no
 Recomendações alimentares para o Tratamento da liquidificador (alterados em textura);
Perda de Apetite: o Evitar bebidas alcoólicas, fumo e refrigerantes, pois
agrava o quadro;
Chemin: o Antes da alimentação, fazer bochecho com água bem
o Variar a dieta; gelada para ajudar na melhora da dor;
o Consumir pequena quantidade de alimentos, várias o Os alimentos como sálvia, mel, mamão papaia e batatas
vezes ao dia (fracionar as refeições); possuem propriedades anti-sépticas e devem ser
o Preparar pratos variados, coloridos e com várias incluídos nas receitas;
texturas; o Fazer bochecho com infusão de água , mel, tomilho,
o Começar com uma dieta normal, balanceada e de fácil sálvia e bicarbonato (uma colher de chá da infusão deve
digestão, depois, passar a dieta hipercalórica; ser diluída em meio copo de água);

16
o Conversar com o médico se sentir dificuldade para tomar Xerostomia
os remédios, se apresentar dor ao ingerir alimentos ou
febre acima de 38°C.
 Ocorre quando as glândulas salivares produzem
pouca saliva. Pode ser aguda ou tornar-se crônica,
Krause:
principalmente quando as glândulas salivares são
o Dieta líquida e leve (sopas com base em caldos, frutas,
diretamente irradiadas;
refrigerantes, melões)
 A saliva é necessária para sentir-se o sabor e deglutir
com facilidade;
Dan e Cuppari
 A produção de saliva pode diminuir já na 1ª semana
o Indicar terapia nutricional em casos graves
após o início do tratamento e continua diminuindo
conforme o a evolução do mesmo;
 A gravidade da xerostomia depende da gravidade da
Mudanças no Paladar e no Olfato irradiação e do n.° de glândulas irradiadas;
 Conseqüências da xerostomia  saliva espessa e
 Recomendações para Tratamento das Mudanças no viscosa, ausência de neutralização do ácido bucal (a saliva
Paladar e Olfato: é alcalina), maior probabilidade de que as bactérias da
boca provoquem infecções, o ácido produzido após
Chemin: ingestão de alimentos doces provoca maio perda de
o Observar os alimentos que apresentam alterações de minerais, produzindo cáries dentais;
sabores e odores para não oferecê-los de novo;
o Preparar os alimentos com boa apresentação, uma  Recomendações Alimentares para Melhora da
boa aparência conta muito; Xerostomia:
o Se o odor da comida estiver deixando o paciente
enjoado, este deve comprar comida pronta ou pedir
que alguém a prepare; Chemin:
o Não ficar na cozinha enquanto estão preparando a o Aumentar o consumo de líquidos ao dia  recomenda-
refeição; se 30ml/kg ao dia.
o Consumir os alimentos que mais gosta; o Evitar alimentos secos e fibrosos;
o As carnes e peixes, quando preparados no forno e o Consumir alimentos pastosos ou líquidos como sopas,
grelhados soltam menor odores do que fritos; sorvetes, flans, sucos, milk shakes, etc;
o Cozinhar com temperos suaves como o orégano, o o Cozinhar com molhos, caldos, manteigas e/ou iogurtes,
tomilho, a salsinha e a cebolinha, suco de laranja ou para que os alimentos fiquem úmidos;
limão; o Evitar alimentos gordurosos;
o Evitar alimentos de aroma forte como alho, café, o O leite pode dar sensação de boca pastosa;
carnes vermelhas, etc. o Antes das refeições, enxaguar a boca com uma colher
o Ingerir 2 a 3 litros de água por dia. de sopa de suco de limão diluído em um copo de água;
o Tomar pequenos goles de água durante a refeição para
 Recomendações Alimentares para Melhora do Sabor ajudar a engolir;
Metálico: o Evitar mastigar muita comida de uma vez;
o Consumir pequenas quantidades várias vezes ao dia;
Chemin: o Dar preferência a sucos ácidos;
o Escolher alimentos de sabor forte como: queijo meia- o Levar uma garrafa de água quando sair e beber bastante
cura, queijos amarelos, presunto, frios, etc; líquido;
o Se o paciente não estiver tolerando a carne vermelha, o Enxaguar a boca sempre antes das refeições e durante
substituir a mesma por outras fontes de proteína o dia;
como: peixes, frango, feijões, carne de soja, ovos, o Chupar balas e chicletes de hortelã, limão e menta (sem
queijos e frutos do mar; açúcar);
o Melhorar o sabor dos alimentos com molhos tipo o Cuidar da higiene da boca;
bechamel (branco), de tomate, maionese, de queijo, o Perguntar para o médico se é necessário utilizar a saliva
etc; artificial que é disponível nas farmácias.
o Utilizar colheres de madeira/polietileno para cozinhar;
o Tirar os sabores estranhos da boca fazendo Cuppari (2014):
bochechos com soluções próprias ou utilizar chicletes o Se não houver contra-indicação, o uso de chicletes (de
e balas de hortelã; preferência os de menta), gelo e picolés podem ajudar a
o Evitar o contato com alimentos ácidos (limão, laranja, produzir saliva.
vinagre, tomate, etc) com recipiente de metal;
Krause:
Krause: o Evitar também néctares e líquidos grossos, sopas
o Usar maior número de aromatizantes e condimentos cremosas grossas, cereais refinados quentes, alimentos
na preparação do alimento; oleosos e o álcool;
o Dieta com muitos alimentos frios, produtos lácteos; o Usar dieta leve/macia, não irritante.
o Alimentos a evitar  carne vermelha, chocolate, café
e chá preto. Krause 2013 – Orientações para saliva espessada
- Beba líquidos durante o dia para manter a umidade da
Cuppari: cavidade oral
o Dar preferência a talheres de plástico, para evitar o - Afine as secreções orais com clube soda (água tônica),
gosto metálico; água com gás ou suco de mamão
- Tente usar um umidificador de vapor frio durante o sono

17
Saciedade Precoce (Cuppari, 2005) o Os caldos devem ser ralos sem gordura, tais como
caldos de arroz, frango e cenoura;
 Recomendações para tratamento da saciedade precoce: o Fazer sucos coados e com pouco açúcar, diluídos com
o Aumentar o fracionamento das refeições; água;
o Evitar o consumo de líquidos durante as refeições; o Começar com alimentos de fácil digestão, se a pessoa
o Evitar alimentos crus; tiver aceitado bem a dieta líquida. Por exemplo, purê de
o Evitar preparações gordurosas e ricas em molhos; batata ou mandioquinha, arroz branco cozido, torrada,
o Alimentos a evitar: produtos lácteos de baixo teor de bolacha água e sal, bolacha de maisena, maçã cozida
gordura ou sem gordura, sopas com base em caldos, sem casca, peixe e frango cozido;
saladas verdes, vegetais simples cozidos a vapor, o Se o paciente tolerar bem os alimentos anteriores, iniciar
bebidas e baixo teor calórico. a ingestão de produtos lácteos com leite desnatado,
iogurte desnatado e queijo magro fresco;
Má absorção (Cuppari, 2005) o Preparar os alimentos cozidos, assados, ensopados ou
grelhados. Evitar frituras.
o Moderar o consumo de açúcar e sal.
 Recomendações para tratamento da má-absorção:
o Cozinhar ou temperar os alimentos com azeite de oliva e
o Modificar a consistência dos alimentos, conforme
limão;
aceitação;
o Evitar condimentos industrializados e irritantes da
o Aumentar o fracionamento das refeições;
mucosa intestinal, como pimenta, noz moscada e curry;
o Dar preferência aos alimentos ricos em fibra solúvel;
o Evitar alimentos que causem flatulência, tais como,
o Evitar o uso de sacarose, preferindo o adoçante e
couve-flor, brócolis, repolho, couve-manteiga, rabanete,
usando-o em pequenas quantidades;
nabo, cebola crua e feijões;
o Na presença de esteatorréia, usar TCM ou avaliar
o Evitar tomar café, achocolatados e bebidas alcoólicas;
oferta de lipídios via parenteral;
o Dar preferências aos cereais refinados, como pão
o Diminuir o teor de lactose, gorduras e fibras.
francês, pão de forma branco, bolacha cream cracker,
boclacha de água ou Maria e arroz branco;
Mielossupressão (neutropenia) (Krause) o Consumir alimentos ricos em potássio como banana,
cenoura e melão;
 Recomendações para o tratamento da o Evitar alimentos gordurosos como azeitonas, abacates,
mielossupressão frituras, pães recheados, carnes gordas e embutidos;
o Dieta alimentar segura, alimentos bem cozidos, o Evitar comer verduras e legumes crus, peneirar os purês
eliminar alimentos que possam estar potencialmente de legumes;
contaminados o Evitar comer frutas frescas, exceto banana e maçã sem
o Alimentos a evitar: peixe cru, queijos não casca;
pasteurizados contendo mofo, todos os produtos de o As temperaturas da refeição e da bebida devem ser
missô, frutas e vegetais crus, frutas secas e cruas ou mornas;
nozes frescas torradas, levêdo de cerveja, mel não o Beber bastante líquido, cerca de 3 litros ao dia.
pasteurizado, doces comerciais recheados com
cremes que precisam de refrigeração, temperos Obstipação Intestinal
secos/frescos adicionados após o cozimento.

Disfagia e/ou Odinofagia (Cuppari, 2014)  As causas mais comuns de constipação no paciente que
recebe tratamento anti-câncer são: o esquema alimentar
(não comer, náuseas e vômitos estimulando perdas
o Oferecer a consistência mais bem tolerada pelo
hídricas e falta de ingestão de líquidos e fibras), as
paciente
alterações dos hábitos de evacuação intestinal, e a falta de
o Orientar a ingestão de pequenos goles de água ou
exercício;
suco durante as refeições para ajudar a engolir
 Alguns quimioterápicos como vincristina, vinblastina e
o Reduzir o volume e aumentar o fracionamento das
vinorelbina produzem constipação;
refeições
 Outras medicações também podem causar constipação:
calmantes, anti-depressivos, tranqüilizantes, diuréticos,
Diarreia vitaminas e minerais (ferroe cálcio) e até alguns fármacos
usados para tratar náuseas em quimioterapia.
A radioterapia por afetar as células replicação rápida pode  A radioterapia da pelve também pode causar
causar enterite e colite e ocasionar a diarréia, intolerância estreitamento do cólon;
à lactose e má absorção, o que desaparece 2 a 3 semanas  A constipação pode causar náuseas, cansaço, perda de
após o tratamento; apetite e vômitos;
 A quimioterapia também pode causar diarréia e  Recomendação Alimentar para Constipação:
problemas de absorção;
 No caso de algumas cirurgias, este também pode ser Chemin:
um efeito colateral; o Ingerir bastante líquidos, no mínimo 02 litros ao dia;
 Recomendações para o Tratamento da Diarréia: o Beber um copo de água em jejum todas as manhãs;
o Consumir alimentos ricos em fibras: pães e cereais
Chemin: integrais, aveia, frutas secas, verduras, frutas e feijões;
o Fazer dieta absoluta por algumas horas para o intestino o Preparar os alimentos cozidos, assados, grelhados ou
descansar, dependendo da gravidade dos sintomas. ensopados;
Iniciar dieta líquida quando o intestino estiver melhor. o Utilizar o azeite de oliva para cozinhar e temperar
o A dieta deve ser introduzida gradualmente, de acordo legumes e verduras;
com a tolerância do paciente; o Utilizar ervas aromáticas para temperar os pratos tais
o Começar com dieta líquida dividida em pequenas doses como: salsinha, cebolinha, coentro, sálvia, alecrim,
ao longo do dia, caldos, água, chás suaves, água de orégano e tomilho, etc;
coco e soro caseiro; o Evitar a pimenta do reino e pimentas em geral;
18
o Preparar os sucos de frutas e verduras sem coar; Terapia de nutrição parenteral (TNP)
o Preparar verduras e legumes sempre al dente, para
conservar as fibras;
Somente deve ser utilizada quando o trato
o Consumir carnes magras, frango sem pele, peixes,
gastrointestinal não estiver funcionando ou se a terapia
carnes tipo coxão mole, patinho, coxão duro, lagarto,
nutricional enteral adequada não puder ser oferecida
músculo;
(náuseas, vômitos, obstrução ou má-absorção), com
o Se o paciente consumir embutidos preferir aqueles de
impossibilidade de manutenção do estado nutricional.
chester ou peru;
o Caminhadas ajudam o funcionamento intestinal;
O seu uso está justificado em pacientes com
o Tentar ir ao banheiro antes da quimioterapia para
desnutrição moderada a grave, hospitalizados, com
melhora dos efeitos colaterais, náuseas, problemas
doença maligna potencialmente tratável, a serem
gástricos, alteração do paladar, etc.
submetidos a tratamento anti-câncer agressivo com
o Consultar um médico, caso o paciente fique mais de 03 razoável expectativa de vida. Em doença avançada a NPT
dias sem evacuar.
não é indicada. (Com exceção de algumas situações
colocadas pelo Dan de 2009, conforme veremos mais
Indicações da Terapia Nutricional para adiante)
Pacientes Oncológicos:
A indicação da terapia nutricional parenteral (TNP)
reserva-se aos casos em que há toxicidade gastrointestinal
Dan, 2009
ou outras complicações que impeçam a ingestão
adequada por sete a 14 dias. (Projeto Diretrizes)
- Risco nutricional moderado a alto
- Peso corpóreo baixo
A fórmula parenteral ideal para pacientes com câncer
- Incapacidade para digerir e/ou absorver alimentos
ainda não foi determinada, as recomendações gerais
- ingestão oral espontânea baixa (< 60% da ingestão oral
encontram-se na tabela 05.
recomendada)
- fístula de alto débito no esôfago ou estômago
Tab. 05. Recomendações em NPT para pacientes
- incapacidade para ingerir alimentos via oral por um
oncológicos
período superior a 5 dias
Nutrientes Recomendações
- alterações de paladar em decorrência do tratamento
antineoplásico que prejudique a alimentação por via oral. Energia 25 a 35 kcal/kg/dia
Eletrólitos 50 mEq de Na e 30 mEq de K / litro de
NPT (para pacientes sem perdas
Projeto Diretrizes anormais como em diarréias e fístulas)
- A TN está indicada para pacientes recebendo tratamento
oncológico ativo (quimio, imuno e radioterapia), com Os estudos demonstram benefício do uso da
inadequada ingestão oral. Dentre estes se encontram suplementação de glutamina na manutenção da barreira
aqueles com ingestão alimentar < 70% do gasto energético mucosa e prevenção das complicações infecciosas,
estimado por período maior do que 10 dias e aqueles que principalmente em pacientes submetidos a TMO.
não poderão alimentar-se por período maior do que sete
dias. Transplante de Medula Óssea (TMO)
- A TN também pode estar indicada em pacientes sem
qualquer terapia adjuvante que estejam ingerindo <70% Terapia usada para o tratamento de falência medular
das necessidades nutricionais e nos quais a deterioração irreversível como linfomas, leucemias aguda ou crônica,
do estado nutricional esteja ligada à piora da qualidade de anemia aplástica, talassemia maior e tumores sólidos.
vida.
- Pacientes em risco nutricional grave, que serão Antes do transplante é feito um esquema preparatório
submetidos a grandes operações por câncer do trato com quimioterapia mieloablativa com ou sem radioterapia
gastrointestinal, têm indicação de TN; corporal total para suprimir a atividade imunológica (para
transplante alogênico) e erradicar células malignas e
determinam, no período pós-transplante, leucopenia
Terapia de nutrição enteral (TNE) (<100-200 mm³) e trombocitopenia graves, por duas
semanas.
A TNE pode beneficiar alguns doentes oncológicos
com trato gastrointestinal funcionante e um ou mais dos Na terapia de pré-condicionamento (QT e/ou Rtx) é
seguintes critérios: (Cuppari 2005 / Chemin) comum a ocorrência de náuseas e vômitos que segundo a
Krause, desaparecem 24 a 48 horas após a administração.
 IMC < 18,5 kg/m²;
 perda de peso  10% nos últimos 06 meses; Após este período, segue-se então, infusão
 aceitação alimentar da dieta via oral não atingir 2/3 intravenosa da medula óssea ou células-tronco periféricas.
das recomendações nutricionais;
 obstrução pela tumor da cavidade oral; O transplante de medula pode ser:
 anorexia;  Autólogo  do próprio indivíduo
 disfagia.  Alogênico  de outro indivíduo, aparentado ou
não que compartilhem hitocompatibilidade de HLAs
Segundo Cuppari 2014, recomenda-se o início da (antígenos leucocitários humanos)
nutrição enteral se a desnutrição já existir ou se for  Singênico  entre gêmeos identicos
possível prever que o paciente será incapaz de se
alimentar por mais de 7 dias ou se a ingestão alimentar for Segundo Dan, após o transplante a terapêutica
marcadamente reduzida (menos de 60% do GE estimado) imunossupressora agressiva determina náuseas, vômitos,
por mais de 7-10 dias. anorexia, disgeusia, estomatite, mucosite oral e diarréia

19
nas primeiras duas semanas (Krause – nas primeiras 02 a alimentos cozidos, e a maior restrição inclui alimentos
04 semanas). A diarreia pode permanecer por ate diversas frescos, crus ou não cozidos e bebidas não pasteurizados.
semanas após o transplante. (Krause, 2010)

Alguns efeitos retardados, durante o 1° mês após o Alterações no Metabolismo Protéico, de Carboidratos
transplante, incluem mucosite, estomatite, esofagite, e de Gorduras (Dan, 2009)
alterações salivares e do paladar, fadiga e lesão intestinal.
Nas primeiras semanas após o transplante, os pacientes - Observa-se aumento do catabolismo protéico em
apresentam uma leucopenia e trombocitopenia severas e, receptores de TMO sob nutrição parenteral total;
geralmente, têm pouca ou nenhuma ingestão oral e - Altas doses de quimioterapia associam-se à
necessitam de suporte nutricional enteral ou parenteral. deficiência de taurina, AA não-essencial mais abundante
no espaço intracelular. O significado desta deficiência é
Na maioria das vezes, as manifestações GI graves incerto, embora estudos experimentais tenham
excluem o uso da via oral e da NE no período mais crítico, demonstrado melhora da sobrevida e recuperação das
neste caso, a NPT deve ser indicada precocemente. A NP células brancas, após radioterapia total, com a
deve ser iniciada precocemente entre 24 e 36 horas e suplementação de taurina
permanecer por 15 a 20 dias segundo alguns autores ou - Em pacientes submetidos a TMO autólogo, ocorre
iniciar NP apenas quando a aceitação de dieta oral for prejuízo da função das células beta pancreáticas, o que
menor a 60-70% das necessidades nutricionais por 3 dias. pode levar a intolerância à glicose.
A NP deve ser suspensa quando a ingestão oral superar
50% das necessidades nutricionais. Em pacientes com Deficiências de Vitaminas e Minerais
falência intestinal, a opção preferencial é NP com adição
de glutamina, caso a NE não seja tolerada em quantidade - Pacientes que recebem quimioterapia em doses
suficiente. Tão logo seja possível deve se associar nutrição maciças, principalmente com ciclofosfamida ou
pelo tubo digestivo. (Dan, 2009) radioterapia, podem ter necessidade aumentada em
relação à antioxidantes. Este efeito é exacerbado pelo uso
de NP com ácidos graxos poliinsaturados. Deve
Na tabela 06, podemos observar as necessidades suplementar a oferta de vitaminas minerais antioxidantes
nutricionais no TMO (vitamina E, betacaroteno, alfa-tocoferol, selênio). (Dan,
2009)
Tab. 06 Necessidades Nutricionais no TMO: - Hipomagnesemia é uma manifestação comum e
Nutrientes Recomendações importante, em razão da ingestão inadequada de
Energia Krause - 1,3 a 1,5 x GEB por HB magnésio, de má-absorção de do uso de drogas (diurético,
Projeto Diretrizes – 1,3 a 1,5 x GEB por cisplatina, corticosteróide, anfotericina B, ciclosporina)
HB ou 30-35 kcal/kg/dia (Dan, 2009)
Dan – 30 a 35 kcal/kg adultos - Zn e Cu encontram-se reduzidos em função da
Dan – 35 a 50 kcal/kg dia em crianças ingestão, absorção e do aumento da perda intestinal. (Dan,
Dan - 25 a 30 kcal/kg em NPT 2009)
Cuppari 2014 – 30-50kcal/kg em - Ocorre a diminuição da absorção de vitamina B12
adolescentes e adultos que reduz-se no período pré-transplante e tem seu pico de
Proteína Krause -1,5 g/kg/dia, porém necessidades diminuição 02 semanas no pós-transplante, retornando ao
> em pacientes com estresse, crianças, normal em 02 meses. (Dan)
DEVH, febre ou perdas intestinais - Na vigência de mucosite pode ocorre também
Dan – 1,5 – 2,0 g/kg/dia em NPT diminuição da absorção de tiamina que pode ser agravada
Projeto Diretrizes – 1,4 a 1,5 g/kg/dia com o uso de NPT com muito carboidrato. (Dan)
Cuppari 2014 – 1 a 2 g/kg, ou 2 x o
recomendado Como favorecer a dieta oral no Pós-transplante de
Lipídios Dan - Não passar de 30% VET em NPT, medula óssea (Dan, 2009)
para prevenir imunossupressão
Cuppari 2014 – 6-30%, não ultrapassando - comer devagar: a mastigação adequada, aumento do
o máximo de 2,4g/kg/dia tempo para a refeição ao lado de um ambiente tranqüilo;
Carboidratos Dan - Não passar de 60% VET em NPT - fracionar as refeições – diminuir as porções e ofertar
para prevenir esteatose hepática e 5-6X ao dia
hiperglicemia - aumentar a variedade dos nutrientes – contribui para
Cuppari 2014 – 50 a 60% do VET nçao a qualidade alimentar e evita a monotonia
excedendo 5g/kg/dia, com infusão máxima - oferecer líquidos – 2l/dia de forma fracionada. A
5 mg/kg/min água deve ser mineral, filtrada e fervida (por 20 minutos
Glutamina Quando suplementada em NPT, menores em ebulição)
índices de infecção e menor tempo de - preferir alimentos pastosos que facilitam a
internação hospitalar. mastigação e deglutição
Vantagens quando suplementa-se - verduras, frutas e legumes preferir as que estejam no
0,57g/kg/dia (Dan,2009) período de safra, quando a qualidade é superior. Os pratos
Projeto Diretrizes – glutamina oral deve com alimentos crus (frutas/vegetais) devem ser
ser considerada em caso de mucosite adequadamente higienizados em água corrente e
recente colocados em solução para esterilização, como soluções
Arginina, Resultados promissores com a de hipoclorito ou hidrosteril.
nucleotídeos suplementação (Dan, 2009) - evitar alimentos ou preparações de lanchonetes ou
e ômega 3 restaurantes – os alimentos devem ser preparados em
No uso de dieta oral, deve-se ter cuidado com a ambientes rigorosamente controlados para evitar
qualidade alimentar no pós-transplante devido a contaminação. As mãos devem ser lavadas antes de
neutropenia  dieta com baixo teor de microorganismos – manipular os alimentos. Os utensílios e a superfície de

20
preparo dos alimentos também devem estar higienizados. acompanha edema de parede intestinal e alteração da
Os alimentos devem ser armazenados corretamente. integridade da mucosa intestinal. Após a melhora do
paciente iniciam-se líquidos isotônicos, pobres em gordura
Complicações do TMO: e lactose e vai se evoluindo até a consistência normal na
mesma natureza, se tolerados. As restrições dietéticas
Doença do enxerto versus hospedeiro (DEVH) devem ser diminuídas quando introduz-se alimentos e a
tolerância é estabelecida.
É uma complicação importante após transplante
alogênico. Ocorre quando as células medulares do doador Doença venoclusiva (VOD)
reagem contra os tecidos do hospedeiro estranho –
Segundo a Krause (2010) esta doença é também
ocorrendo a desintegração das funções de vários órgãos
chamada de Síndrome Obstrutiva Sinusoidal
(pele, fígado, intestino, órgão linfóides) e aumenta a
susceptibilidade à infecção. Apesar de rara tem sido É caracterizada por lesão induzida por quimioterapia
documentada em pacientes que recebem transplantes e/ou radioterapia às vênulas hepáticas. Pode-se
autólogos. desenvolver de 01 a 03 semanas após o transplante. É
DEVH aguda  ocorre de 7-10 dias pós-transplante caracterizada por oclusão das vênulas hepáticas e por
até 03 meses dano ao hepatócito e manifesta-se clinicamente com
crônica  após este período e necessita hepatomegalia, ascite e icterícia em 50% dos pacientes,
tratamento prolongado e dieta sendo que alguns desenvolvem insuficiência hepática
levando a encefalopatia, falência de múltiplos órgãos e
Manifestações: sistemas e óbito.
Pele Fígado Intestino
Exantema, Icterícia + Diarréia O SN exige nutrição parenteral, manejo criterioso de
eritroderma e Testes anormais secretória até 10 líquidos e eletrólitos, monitorização e ajuste de nutrientes.
descamação função hepática litros/dia É necessária a redução do aporte de proteínas, líquidos e
glicose. O uso de fórmulas contendo AA de cadeia
A DEVH crônica pode afetar a pele, a mucosa oral ramificada é indicado para pacientes com encefalopatia,
(ulcerações, estomatite, xerostomia) e o trato apesar de que a produção intestinal de amônia tende a
gastrointestinal (anorexia, sintomas de refluxo, diarréia), estar diminuída devido ao uso de antibióticos e da baixa
além de poder causar alterações no peso corporal. ingestão oral.
(Krause, 2010) Outras complicações do Transplante de Medula 
incluem doença pulmonar, rejeição do enxerto,
Na DEVH intestinal – é necessário repouso intestinal, anormalidades do crescimento em crianças e infecção.
ocorre altas perdas protéicas intestinais pela própria
diarréia e pelo uso de corticóide em altas doses e

21
Tab. 07 Causas e manejo nutricional das complicações pós TMO (Dan)

Complicação Possíveis Causas Recomendações Nutricionais


Diarréia Quimioterapia Hidratação
Antibióticos 1,5-2,5 g/kg/dia proteína
DEVH Manter oferta calórica
Infecção intestinal Suplementar Zn
Hiperglicemia Calorias em excesso  HC
Uso de corticóides Manter glicemia < 220 mg/dl
Sepse Suplementar crômio
Quimioterapia com L-asparaginase  Diabetes
dependente de insulina
Terapia com Bussulfano  dano céls  pancreáticas
Alteração da Medicamentos  HC
Função Hepática NPT NPT cíclica < 18h
Dieta oral zero Se bilirrubina > 15, suspender Mn e Cu
DEVH Estimular dieta oral
Infecção
Doença Quimioterapia Restringir líquidos e Na
venooclusiva Radioterapia Restrigir proteínas e usar AACR se
encefalopatia
Usar vitamina E e glutamina
Doença do Enxerto Reação das células medulares do doador contra os GI:
versus Hospedeiro tecidos do hospedeiro estranho 30 – 35 kcal/kg
(DEVH) 2 – 3 g/kg/dia de proteína
Hidratação
Dieta sem resíduos, progressão conforme
tolerância
Suplementar Zn e vitaminas e minerais
Pele:
Suplementar Zn e vit. C
1,5 – 2,5 g/kg/dia de proteína
Insuficiência Renal Quimioterapia 1,0 -1,2 g/kg/dia de proteína se a creatinina
Radioterapia for o dobro do pré-transplante
Antibiótico Repor eletrólitos
Ciclosporina e Anfotericina B
Retardo do Quimioterapia Usar drogas pró-cinéticas
esvaziamento Radioterapia
gástrico DEVH
Sepse
Infecção intestinal
Uso de opiácios
NPT
Anorexia Quimioterapia NPT cíclica
Radioterapia Estimulantes do apetite
DEVH
Reabilitação e Atividade Física no Câncer (Krause, 2010) Acetato de megestrol
NPT
Medicação
A recuperação pós-tratamento do câncer requer atividade física para reconstruir o músculo e readquirir força e
Hipercolesterolemia Terapia
energia. A atividade física e a com ciclosporina
prática adequada(imunossupressor) Terapia
de exercícios físicos podem ser úteis no nutricional
tratamentoapropriada
da fadiga primária, além
Hipertrigliceridemia
disso, pode melhorar a função imune, diminuir a ansiedade e a depressão, melhorar o humor e a autoestima, bem como
reduzir a ocorrência de sintomas.

xerostomia. Outra meta é manter a força e a energia para


Pacientes com Câncer Terminal melhorar a qualidade de vida. Devem ser enfatizados os
aspectos agradáveis da alimentação sem considerar a
O uso de técnicas agressivas de suporte nutricional quantidade ou o conteúdo dos nutrientes.
pode prolongar a vida, entretanto é improvável que a NPT
beneficie pacientes com câncer avançado. Considerar, adicionalmente, as informações abaixo do Dan
(2009):
A prioridade é que alimentos orais sejam oferecidos
conforme toleradas, juntamente com o suporte emocional. - Perda de peso, diminuição de apetite e dificuldade de se
As metas devem enfocar o controle dos sintomas e alimentar  características comuns do paciente em fase
impacto nutricional como dor, fraqueza, perda de apetite, terminal. (Dan)
saciedade precoce, constipação, fraqueza, dispnéia e

22
Diretrizes para Indicação da Terapia Nutricional em Pacientes Terminais: (Dan, 2009)

Observação: – as diretrizes recomendam o aconselhamento e apoio psicológico ao invés de instituir a TN aqueles pacientes
que apresentam curto tempo de sobrevida e mínima ou nenhuma presença de benefícios.

- TNE e NPT podem ser indicadas em pacientes com saúde, os familiares entendem que o objetivo desta fase
prognóstico incerto ou portadores de condições da doença é proporcionar conforto ao paciente e, assim,
potencialmente reversíveis que limita momentaneamente a tendem a concordar com a não utilização de intervenção
ingestão alimentar. nutricional e prover outras medidas de cuidado.
- O tratamento psicológico do paciente e dos familiares
pode ser importante para demonstrar o objetivo da Tratamento da Síndrome Anorexia-
implementação da terapia nutricional na qualidade de vida Caquexia
do paciente mesmo quando não há perspectiva de
benefícios clínicos.
Pacientes portadores de câncer avançado são maus
- Pacientes com limitado prognóstico ou aqueles com
candidatos a terapia nutricional e ao tratamento da
possíveis riscos de complicações que não devem receber
síndrome da caquexia, embora as tentativas de melhora da
intervenção nutricional podem ser mantidos
qualidade de sobrevida devam ser encorajadas.
adequadamente por semanas ou meses, somente com
fluído endovenoso ou mínima nutrição oral.
Este tratamento pode / deve envolver a abordagem
- A maioria dos pacientes com câncer terminal pode ser
farmacológica da caquexia com o uso de medicamentos
tratado adequadamente com hidratação endovenosa com
que atuam no apetite, medicamentos com atividade
volume diário de 1000ml, esta infusão pode ser feita de
anticitocinas, agentes anabolizantes e agentes hormonais.
maneira segura e eficaz a nível domiciliar. Neste paciente
(ver tabela 08)
o sintoma de boca seca pode ser freqüente, mas não está
correlacionado com o estado de hidratação ou a Tab 08. Medicamentos para o tratamento da caquexia do
quantidade de líquidos fornecidos ao paciente. câncer
- Poucos pacientes terminais têm fome e isto pode ser
facilmente suavizado quando oferecendo-se pequenas Melhora do apetite Acetato de megestrol – produz ganho
quantidades de alimentos. de peso,  ingestão energia e melhora
- Para aumentar o conforme e minimizar a aflição ao do apetite
tratamento, quando o paciente tem fome ou quer Prednisona (corticóide) – melhora a
simplesmente comer e a via oral está comprometida anorexia e fraqueza, porém,
devido a dor, disfagia ou outros fatores realcionados ao subjetivamente. Necessitam de doses e
TGI alto ou sistema nervoso central, recomenda-se a aumentos progressivos para manter o
passagem de sonda nasoenteral, mesmo que isso não se apetite e a melhora do apetite é de
relacione a benefícios no estado nutricional ou sobrevida. curta duração e não se traduz em
ganho de peso. Além dos efeitos
- Devido a dificuldade de predizer o tempo de sobrevida do
colaterais do uso dos corticóides a
paciente com câncer maligno avançado, o potencial
longo prazo.
benéfico da terapia nutricional a esses pacientes deve ser
discutido com a equipe muiltidisciplinar para direcionar um Canabinóides – dronabinol e nabilona –
tratamento personalizado e não prejudicar a condição bons efeitos no tratamento de náuseas
clínica do paciente terminar. e vômitos associados a quimioterapia.
- NP domiciliar pode ser implementada em algumas Tem efeito também no ganho de peso.
situações de pacientes com câncer avançado como: Obs.: nenhuma droga tem efeito na
presença de falência intestinal, quando a TNE é sobrevida.
insuficiente para atingir as necessidades nutricionais; Agentes Ácido eicosapentaenóico (EPA) –
quando a expectativa de vida é maior que 2 a 3 meses, anticitocinas capaz de reduzir a produção de IL-1 e
caso haja a possibilidade da TNP estabilizar ou melhorar a do TNF. Alguns resultados em relação
condição clínica e qualidade de vida; ou se o paciente a  fadiga e discreto ganho de peso.
deseja esta forma de terapia nutricional. Pentoxifilina   TNF, mas não
- Devemos refletir sobre o cuidado alimentar demonstra clinicamente ganho de peso
simbolicamente significativo  devemos refletir que a e  apetite.
ausência de oferta de se relaciona à falta de assistência, Talidomida  inibição do TNF, efeito
fome e morte. Com o esclarecimento dos profissionais de ainda não demonstrado na caquexia.
23
Melatonina (hormônio da pineal)  Glutamina
regula o ritmo circadiano leva a uma
menor perda de peso em pacientes  A depleção de glutamina em câncer avançado na
com câncer (bem tolerada por via oral). vigência de caquexia, poderia ser associado com
Agentes AINES (anti-inflamatórios não- complicações infecciosas e menor tolerância ao
anticitocinas esteróides, p. ex. ibuprofen)  devido tratamento anti-neoplásico.
(Cont.) ao possível papel dos eicosanóides na
 A glutamina pode ter efeito benéfico ao preservar
síndrome da caquexia, apresentam uso
potencial em pacientes com câncer.
a musculatura esquelética, devido ao aumento da
Agentes Anabólicos GH e IGF-1, testosterona e análogos 
síntese protéica, diminuição de proteólise
resposta anabólica em outras situações muscular e melhora do balanço nitrogenado.
de estresse metabólico, porém ainda
há temor que possam influenciar o Os objetivos de suplementação de glutamina no
crescimento tumoral, necessitando paciente oncológico são:
maiores estudos. - buscar a melhora da função imunológica, muscular e
Agentes anti-serotoninérgicos intestinal
(ciproeptadina) + suplementação de AA - reduzir as complicações infecciosas
de cadeia ramificada  feitos com base - melhorar a tolerância à terapia anti-neoplásica
na diminuição dos níveis séricos de Aa - em quimio e radioterapia a glutamina auxilia a manter a
de cadeia ramificada e conseqüente integridade intestinal
alteração dos níveis cerebrais de
serotonina com possíveis repercussões Apesar de aparentemente existirem benefícios de
sobre o apetite, porém sem resultados suplementação de glutamina especialmente como
palpáveis. coadjuvante na químio e radioterapia, mais estudos
precisam ser desenvolvidos para descartar a hipótese de
É importante lembrar que em casos de cuidados que a glutamina apresenta algum estímulo sobre o
paliativos, os cuidados devem ser dirigidos à melhoria dos crescimento tumoral.
sintomas e da qualidade de vida, e não com objetivos que
avaliem apenas o estado nutricional. Arginina

Particularidades do Paciente Pediátrico  A suplementação de arginina em associação com


uma mistura balanceada de AAs (não isolada)
A TNE por sonda nasogátrica é indicada para crianças demonstra melhora do equilíbrio protéico de
selecionadas capazes de cooperar e que têm um TGI pacientes;
funcional. A TNP é indicada para crianças que recebem o  A arginina serve como molécula efetora da
tratamento intenso associado a grave toxicidade GI, e para citotoxicidade sobre células tumorais,
crianças que se encontram desnutridas ou apresentam alto promovendo o crescimento mais lento de
risco de desenvolver desnutrição. A TNP não é indicada tumores, retardando o aparecimento de
para crianças com câncer avançado ou que com doenças metástases e aumentando o tempo de sobrevida
irresponsivas à terapia antineoplásica. dos pacientes.
As necessidades nutricionais dos pacientes
pediátricos com câncer são semelhantes, com ajuste para Apesar de aparentemente existirem benefícios de
o nível de atividade, àquelas de crianças normais em suplementação de arginina como imunonutriente em
crescimento. O melhor indicador a longo prazo da ingestão pacientes com câncer, mais estudos precisam ser
de nutrientes é o crescimento. As necessidades de líquidos desenvolvidos para descartar a hipótese de que a arginina
são maiores durante a terapia anticâncer ou em presença apresenta algum estímulo sobre o crescimento tumoral,
de febre e diarréia. bem como qual sería a melhor dose de utilização.

Imunonutrição em Câncer Ácidos Graxos Ômega 3

Explora a função dos nutrientes em atenuar a - Em câncer o uso de AG3 tem sido associado a
inflamação e modular o sistema imune. diminuição da massa tumoral, melhora do peso corporal
(tecido adiposo e muscular do hospedeiro) e diminuição da
Dietas imunomoduladoras são aquelas enriquecidas anorexia, devido sua ação anti-inflamatória. Também
com uma mistura de nutrientes com função diminui a angiogênese, progressão da resposta de fase
imunomoduladora, como: arginina, glutamina, ácidos aguda e do crescimento tumoral;
graxos ômega 3, nucleotídeos e antioxidantes. O uso de 2,1 g/ dia de ácido eicosapentaenóico (EPA)
Recomenda-se sua utilização durante 5-7 dias que tem demonstrado ser capaz de atenuar o desenvolvimento
antecedem a cirurgia abdominal de grande porte, da caquexia e prolongar a sobrevida em pacientes com
independente do estado nutricional. Estudos mostras em a câncer generalizado – especula-se que o mecanismo de
oferta de dietas imunomoduladoras somente no pré- ação seja atenuação da proteólise muscular por
operatório sem terapia enteral no pós-operatório foi tão antagonismo ao PIF.
eficaz quanto a administração perioperatória ao usar a - Os AG3 podem influenciar diretamente a produção de
mesma formulação imunomoduladora citocinas, inibindo a síntese de TNF-, e de IL-1, IL-6 e
IFN-gama.
Vantagens do uso de dietas imunomoduladoras: - O ácido eicosapentaenóico (EPA) é capaz de atenuar a
redução da taxa de complicações, particularmente degradação protéica na caquexia ao atenuar a ação do
infecciosas, redução do tempo de internação, embora não fator indutor de proteólise (PIF) e a ativação da ubiquitina-
modifiquem a mortalidade. proteasoma.
- Existem alguns estudos com o uso de EPA na caquexia
do câncer, porém, mais estudos devem ser realizados no

24
intuito de definir a dose necessária e qual o tipo de tumor é a formação de espécies reativas de oxigênio ou radicais
que mais responde ao óleo de peixe. livres.
- o fato de os medicamentos quimioterápicos apresentarem
Antioxidantes múltiplos mecanismos de ação e não somente esse,
prejudica a compreensão da eficácia da suplementação.
- estudos epidemiológicos têm encontrado função protetora - porém, a falta de resultados negativos da suplementação
de nutrientes antioxidantes como zinco, selênio e vitamina antioxidante e a comprovada eficácia para diminuir a
A, E e C na prevenção de neoplasias malignas. toxicidade (neurotoxicidade, trombicitopenia, diarréia, etc),
- o uso de suplementos antioxidantes em quimioterapia é sugerem que a aplicação clínica de suplementação
controverso, pois, possivelmente, poderia haver interação antioxidante durante a quimioterapia deva ser mais
com os medicamento quimioterápicos e prejuízo na explorada.
eficácia do tratamento, uma vez que um dos mecanismos
de ação dos quimioterápicos contra as células neoplásicas
O quadro abaixo mostra as indicações para o Uso adequado de Dietas Imunomoduladoras.

25
Questões: (D) lipogênese, glicogênese e oxidação de ácidos graxos

1) Uma série de estudos epidemiológicos examinou a


relação entre nutrientes com propriedades 8) Dentre os possíveis fatores etiológicos do câncer está
antioxidantes e a incidência de câncer. Altas ingestões o consumo (PMRJ 2000)
de frutas e vegetais ou de antioxidantes, tal como
beta-caroteno, pode diminuir o risco de câncer de: (A) de ciclamato , café e aspartame
(B) do café, álcool e frutas cruas
(A) Cólon (C) de produtos assados em carvão, aspartano e nitratos
(B) Mama (D) de carnes defumadas, álcool e frituras
(C) Ovário (E) de cálcio suplementar, beta-caroteno e fibra dietética
(D) Estômago
9) O tratamento das neoplasias frequentemente ocasiona
2) Os quimioterápicos utilizados no tratamento das efeitos colaterais de impacto negativo sobre o estado
neoplasias podem determinar: nutricional de pacientes. Dependendo do agente
quimioterápico utilizado, podem ser esperados
(A) Estenose esofagiana, náuseas e vômitos naqueles submetidos a quimioterapia? (Secretaria de
(B) Alteração de paladar, diarréia e mucosite Saúde do Estado do Rio De Janeiro – 2001)
(C) Febre, má absorção protéica e problemas dentários
(D) Xerostomia, estenose esofagiana e diarréia (A) alterações no paladar, febre e má absorção de
nutrientes
3) Nos pacientes com câncer, submetidos à ressecção (B) náuseas, vômitos e estenose esofágica
do íleo terminal, devemos usar uma dieta: (C) alterações no paladar, perdas protéicas na urina e
diarréia
(D) náuseas, vômitos e problemas dentais
(A) Hiperlipídica, com utilização de TCC
(B) Normolipídica, com restrição de TCM 10) Uma anormalidade metabólica comum em pacientes
(C) Hipolipídica, com utilização de TCM com câncer e: (PMRJ-2001)
(D) Normolipídica, com restrição de TCL
(A) a diminuição no metabolismo anaeróbico
4) Em relação à Terapia Nutricional no Câncer é (B) a diminuição dos níveis de ácidos graxos livres
incorreto afirmar: plasmáticos
(C) a diminuição na produção de ácido láctico
(A) O paciente de TMO, com função gastrintestinal (D) a diminuição da necessidade de glicose
prejudicada, tem indicação de NPT (E) o aumento dos níveis de cálcio no sangue
(B) A NPT em QT está relacionada com o aumento da
incidência de infecção 11) A caquexia no câncer desenvolve-se em
(C) Os pacientes oncológicos tem limiar baixo de conseqüência de alterações metabólicas e
reconhecimento de alimentos azedos e sal. nutricionais. Entre as principais alterações metabólicas
(D) No paciente oncológico com disfunção grave do TGI, ocorridas no câncer podem-se destacar:
livre de doença residual, pode promover melhora da (UFRJ/UNIRIO 2005)
qualidade de vida
(A) intolerância à glicose, redução da neoglicogênese,
5) Como diretrizes para alimentação via oral durante aumento da atividade do ciclo de Cori;
terapia anti-tumoral, onde o paciente apresenta (B) resistência à insulina, aumento da taxa de
salivação escassa, devemos evitar a prescrição de : neoglicogênese e redução do catabolismo pretéico
muscular;
(A) frango e peixe ensopados (C) aumento da neoglicogênese, aumento da atividade do
(B) alimentos secos e bem quentes ciclo de Cori e aumento da síntese protéica muscular;
(C) melão e verduras com molhos (D) aumento da taxa de lipólise, redução da atividade do
(D) alimentos ricos em ácidos cítricos e pouco quentes ciclo de Cori e aumento do catabolismo protéico muscular;
(E) intolerância à glicose, aumento da taxa de
6) A doença do enxerto versus hospedeiro (DEVH), que neoglicogênese e aumento da atividade do ciclo de Cori.
pode ocorrer após transplante de medula óssea, tem
como principal manifestação gastrointestinal: 12) A irradiação abdomino-pélvica para tratamento de
(Concurso da Residência Nutrição HUPE- 2004) cânceres malignos pode ocasionar a enterite de radiação
como um efeito colateral causando, muitas vezes, diarréia
(A) distensão abdominal e má-absorção. A diarréia ocasionada pela enterite de
(B) vômitos radiação é do tipo: (Residência HUPE / 2007)
(C) diarréia
(D) gases (A) exsudativa
(B) infecciosa
7) A desnutrição no câncer, conhecida como caquexia, (C) secretória
apresenta manifestações clinicas clássicas com (D) osmótica
anorexia, perda de peso e energia. A exposição
persistente à caquetina, também conhecida como fator 13) Uma paciente adulta, com diagnóstico de tumor de
de necrose tumoral, promove: (Concurso de colo de útero já em estágio avançado, foi encaminhada
Residência 2001 – Nutrição) para tratamento radioterápico paliativo. Durante o início
deste tratamento, devera ser orientada a fazer uma dieta
(A) lipólise, glicogênese e cetose pobre em: (Residência – HUPE/2004)
(B) lipólise, gliconeogenese e proteólise
(C) lipogênese, gliconeogênese e resistência à insulina
26
(A) Fibras
(B) Glúten (A) 1,2,3,4
(C) Lactose (B) 2,3,4,1
(D) Sacarose (C) 2,4,3,1
(D) 2,4,1,3
14) Freqüentemente, pacientes portadores de neoplasias
apresentam como queixa uma diminuição ou alteração do 19) Os pacientes com câncer podem ter um gasto
paladar. Este tipo de queixa está relacionado ao seguinte energético reduzido, normal ou aumentado, cursando com
nutriente: (Residência – HUPE/1996) alterações no metabolismo de carboidratos, proteínas e
lipídeos decorrentes do crescimento tumoral. Baseando-se
(A) zinco nesta afirmativa, assinale V (verdadeiro) ou F (falso):
(B) selênio (Especialização INCA/2009)
(C) magnésio
(D) ácido ascórbico ( ) Tanto a degradação da proteína como a lipólise ocorrem
(E) betacaroteno em taxas elevadas para manter as taxas de síntese de
glicose
15) A desnutrição do câncer, amplamente encontrada na ( ) Alterações no metabolismo da proteína direcionam-se à
fase terminal da doença, como caquexia, representa uma provisão de aminoácidos adequados ao crescimento
síndrome multifatorial atribuída a: (Residência – tumoral
HUPE/1996) ( ) Alterações no metabolismo de lipídeos ocorrem por
mobilização inadequada de ácidos graxos livres
(A) Anorexia nervosa provenientes de tecidos adiposos
(B) Atrofia de papilas gustativas ( ) Taxas de síntese de albumina diferem dos indivíduos
(C) Efeitos adversos a terapia específica saudáveis, sendo mais notável a hipoalbuminemia
(D) Aumento da resistência periférica a insulina
(E) Redução primária da absorção de vitamina B12 e sais A seqüência CORRETA é:
biliares (A) V,F,F,F
16) O transplante alogênico de medula significa: (Angra do (B) F,V,V,V
Reis – 2008) (C) F,F,F,V
(D) V,V,V,F
(A) Transplante de um doador não aparentado
(B) Uso de medula de um próprio paciente 20) Assinale a dissertativa correta quanto às fases da
(C) Uso incessante de radioterapia e quimioterapia carcinogênese: (Especialização INCA/2009)
(D) Uso de células-tronco com radioterapia sucessiva
(E) Uso de células tronco a partir de embriões (A) O início envolve uma transformação lenta da célula, a
qual permanece dormente, por um curto período, até ser
17) Em casos de mielossupressão (neutropenia) durante a reativada por um agente promotor. Durante a promoção,
terapia antitumoral, deve-se evitar: (Secretaria de Saúde as células iniciadoras se multiplicam formando um tumor
do Estado do RJ/2009) isolado. Ocorre, então, a progressão, que leva a uma
neoplasia maligna.
(A) nozes, sucos cítricos, alimentos cozidos e queijos (B) O início envolve uma transformação rápida da célula, a
pasteurizados qual é ativada, por um curto período, por um agente
(B) carnes, queijos não pasteurizados, frutas secas ou promotor. Durante a promoção, as células iniciadoras se
nozes e mel pasteurizado multiplicam formando um tumor isolado. A partir de então,
(C) doces comerciais recheados com cremes que ocorre a progressão, levando eventualmente a uma
precisam de refrigeração, sucos cítricos e queijos neoplasia maligna.
pasteurizados (C) O início envolve uma transformação rápida da célula, a
(D) alimentos cozidos, mel pasteurizado e frutas secas qual permanece dormente por um período variável, até ser
(E) peixe cru, queijos não pasteurizados, frutas e vegetais ativada por um agente promotor. Durante a promoção, as
crus e levedo de cerveja células iniciadoras se multiplicam formando um tumor
isolado. Ocorre, então, a progressão, levando
18) Relacione a coluna da direita com a coluna da eventualmente a uma neoplasia maligna.
esquerda, quanto aos sintomas mais freqüentes (D) O início envolve uma transformação lenta da célula, a
relacionados à terapia antineoplásica: (Especialização qual é ativada rapidamente por um agente promotor.
INCA/2009) Durante a promoção, as células iniciadoras se multiplicam
(1) ( ) Disgeusia, formando um tumor isolado. A partir de então, ocorre
Quimioterapia trismo, progressão rapidamente, levando a uma neoplasia
disosmia maligna.
(2) Radioterapia () Diarréia,
21) A ingestão energético-protéica necessária para
de cabeça a esteatorréia,
pacientes com câncer é respectivamente: (especialização
pescoço ou hipocloridria
INCA/2009)
tórax
(3) Hormônios () Diarréia,
(A) 25 – 30 Kcal/ Kg e 1,2 – 1,5g/ Kg
náuseas,
(B) 25 – 35 Kcal/ Kg e 1,2 – 2g/ Kg
vômitos
(C) 30 a 35 Kcal/ Kg e 1 a 1,5g/ Kg
(4) Cirurgia () Estomatite, (D) 25 a 35 Kcal/ Kg e 0,8 a 1,5g/ Kg
(esofagectomia) náuseas,
vômitos 22) Claudiomar tem 48 anos, é mecânico de caminhão e
encontra-se em tratamento quimioterápico há dois meses.
Na consulta da nutrição relatou que vem apresentando
A seqüência CORRETA é:
27
diminuição da aceitação alimentar por “sentir gosto ( ) evitar sucos cítricos, bananas, carnes e alimentos
metálico na boca”. Não apresenta nenhuma outra granulares
alteração na cavidade oral. Esse inconveniente é ( ) evitar carnes vermelhas, chocolate, café, chá, alimento
melhorado com o uso de alimentos: (Residência sem sal
HUPE/2009)
A seqüência correta é:
(A) secos e macios
(B) ácidos e fibrosos (A) II, IV, V, I, III
(C) gelados e batidos (B) II, I, III, V, IV
(D) temperados e com molhos (C) I, IV, II, III, V
(D) V, I, IV, II, III
23) O cuidado nutricional no paciente com câncer visa não (E) I, II, III, V, IV
só melhorar e manter o bom estado nutricional, como
também minimizar os efeitos colaterais de tratamentos 27) As citocinas envolvidas na caquexia do câncer são:
como radio e quimioterapia. Assinale a alternativa que (PM de Itaocara, 2010)
correlaciona corretamente um efeito colateral desses
tratamentos e a intervenção nutricional recomendada para (A) fator de necrose tumoral, interleucina 1, interleucina 6 e
minimizá-lo: (Aeronáutica/2009) interferos
(B) hormônio antidierético, epinefrina, fator de necrose
A) Diarréia / preferir alimentos ricos em fibras solúveis. tumoral
B) Saciedade precoce / preferir alimentos crus. (C) hormônio do crescimento, interleucina 1 e interferon
C) Má absorção / diminuir o fracionamento das refeições. (D) interleucina 6, hormônioantidirético, epinefrina
D) Mucosite / preferir alimentos secos e duros. (E) interleucina 3, epinefrina, fator de necrose tumoral

24) A caquexia do câncer é um conjunto de eventos que 28) Luís Carlos, ao orientar a residente no ambulatório de
contribui para queda geral do estado nutricional do nutrição do Serviço de Oncologia, explica a importância da
paciente. São eventos característicos desta fase, assistência nutricional na prevenção e controle dos
EXCETO: (Aeronáutica/2009) sintomas tóxicos conseqüentes ao tratamento. Ressalta
que a radioterapia na região pélvica no caso de câncer do
A) Astenia. colo uterino, pode levar a seqüelas tardias como:
B) Anemia. (Residência HUPE/2011)
C) Lento ganho de peso.
D) Anormalidades no metabolismo de gorduras. (A) diarréia osmótica
(B) anemia ferropriva
25) M.A.R, sexo feminino, 52 anos, portadora de câncer de (C) imunossupressão
mama em tratamento quimioterápico vem queixando-se de (D) obstrução intestinal
xerostomia, náuseas e vômitos. As orientações nutricionais
que devem ser realizadas são: (PM São Gonçalo, 2010) 29) Na visita diário ao paciente Jorge, internado no setor
de transplante de medula óssea, Cristina, residente de
(A) dieta fracionada em grandes volumes, aumentando a nutrição, identificou alterações no hemograma decorrentes
quantidade de líquidos, inclusive durante as refeições da terapia de condicionamento do pré-transplante. Além da
(B) aumento da ingestão de preparações em temperatura quimioterapia, foram prescritos corticóides e anfotericina B.
fria ou gelada (se tolerar), bem como redução do consumo Cristina reconhece que estes medicamentos podem
de alimentos gorduroso, líquidos, ácidos e cítricos apresentar como efeito adverso: (Residência HUPE/2011)
(C) aumento de consumo de líquidos quentes e do
fracionamento das refeições e redução das preparações (A) hipoglicemia
secas (B) hiponatremia
(D) aumento das preparações secas, mas redução das (C) hipocalcemia
gordurosas e aumento do consumo de carboidratos (D) hipomagnesemia
simples e de alimentos ácids e cítricos
(E) aumento da ingestão de líquidos em temperatura fria 30) Manoel, 55 anos, portador de adenocarcinoma
ou gelada, alimentos ácidos e cítricos (se tolerar), redução pulmonar com metástase hepática e óssea e em cuidado
das preparações secas e gordurosas paliativo há 6 meses, internou na enfermaria de clínica
médica. Queixava-se de forte dor nas costas, falta de ar
26) Correlacione os sintomas listados com as intensa, diminuição importante do apetite e sem forças nas
recomendações apresentadas abaixo, referentes às pernas para andar. Ao exame físico, foram identificados
diretrizes para alimentação oral durante a terapia anti- ascite, dispnéia agravada e edema no tornozelo. A
tumoral: (PM Itaocara, 2010) avaliação de capacidade funcional piorou, sendo
classificado como PS de 4. Na Avaliação subjetiva global
I- estomatite preenchida pela paciente a pontuação foi de 14. A conduta
II- xerostomia nutricional adotada para Manuel foi:
III- hipogeusia, disgeusia
IV- constipação (A) enteral, minimizando déficits nutricionais
V-mielossupressão (neutropenia) (B) oral, promovendo conforto e alívio dos sintomas
(C) gastrostomia, evitando progressão da caquexia
( ) evitar líquidos grossos, sopas cremosas grossas, (D) parenteral, reduzindo as complicações da desnutrição
alimentos oleosos e cereais refinados quentes
( ) evitar alimentos formadores de gases 31) Dentre as alternativas abaixo, aquela que não
( ) evitar peixe cru, queijos não pasteurizados contendo apresenta a citocina responsável pela caquexia do câncer
mofos, levedo de cerveja e mel pasteurizad, frutas e é: (IABAS/2010)
vegetais crus

28
(A) Fator de necrose tumoral alfa Terapia Nutricional adequada. Sendo assim, assinale a
(B) Fator de necrose tumoral beta sentença correta.(Residência UFF/2011)
(C) Interleucina-1
(D) Glucagon (A) Recomenda-se aos pacientes o consumo de alimentos
(E) Interferon gama picantes, crocantes e ácidos, tais como abacaxi, laranja,
vinagre, limão, pimenta e mostarda, a fim de melhorar o
32) A preservação e/ou melhora do estado nutricional de sabor metálico dos alimentos.
pacientes com câncer, em quimioterapia ou radioterapia, (B) Recomenda-se aos pacientes com náuseas e vômitos
tem um importante efeito em sua qualidade de vida. Quais que evitem ficar na cozinha durante o preparo dos
são os critérios utilizados para indicar a Terapia Nutricional alimentos.
Enteral via oral e a Terapia Nutricional Enteral (TNE) a (C) Recomenda-se a restrição de líquidos e maior
esses pacientes? (Residência UFF/2011) consumo de alimentos sólidos ao invés de pastosos aos
pacientes com perda de apetite.
(A) Os complementos enterais são indicados quando a (D) Recomenda-se aos pacientes com odinofagia que
ingestão alimentar, por até 5 dias, for menor que 75% das evitem alimentos fermentativos, tais como leite puro,
recomendações, sem expectativa de melhora. Já a TNE bebidas gaseificadas, bebidas alcoólicas, doces
será indicada na impossibilidade de utilização da via oral concentrados, couve-flor e repolho.
ou quando a ingestão alimentar, por até 5 dias
consecutivos, for menor que 60% das recomendações, 36) Leia com atenção as afirmativas abaixo e assinale a
sem expectativa de melhora da ingestão. alternativa correta.
(B) Todos os pacientes oncológicos submetidos à
quimioterapia ou radioterapia devem receber A respeito da assistência nutricional em cuidados paliativos
complementos enterais. A TNE será indicada quando, dados ao paciente adulto com câncer, podemos afirmar:
houver impossibilidade de utilização da via oral ou ingestão (Residência UFF/2011)
alimentar, por até 5 dias consecutivos, for menor que 60%
das recomendações, sem expectativa de melhora da I A orientação nutricional, durante o cuidado paliativo, é
ingestão. conduzida mediante as queixas apresentadas pelo
(C) Os complementos enterais são indicados quando a paciente, visando ao alívio dos sintomas relacionados à
ingestão alimentar, por 10 dias, alimentação, através de uma conduta nutricional
for menor que 75% das recomendações, sem expectativa adequada.
de melhora. Já a TNE será indicada somente na II As restrições alimentares e avaliação completa do
impossibilidade de utilização da terapia por via oral. estado nutricional (avaliação subjetiva global,
(D) Os complementos enterais são indicados quando a circunferências, pregas cutâneas, percentual de perda de
ingestão alimentar, por sete dias, for menor que 60% das peso) devem sempre ser realizadas.
recomendações, sem expectativa de melhora. Já a TNE III Os pacientes com câncer avançado ou terminal devem
será indicada quando a ingestão alimentar, por 7 dias receber de 30 a 35 kcal/kg
consecutivos, for menor que 50% das recomendações, peso atual/dia e 1,0 a 1,8g proteína/kgpeso atual/dia.
sem expectativa de melhora da ingestão.
(A) Somente a afirmativa I está correta.
33) Os requerimentos hídricos para pacientes adultos (B) Somente as afirmativas I e III estão corretas.
oncológicos no pré e pós-operatório são: (Residencia (C) Somente as afirmativas II e III estão corretas.
UFF/2011) (D) Somente a afirmativa III está correta.

(A) 1ml/kcal ou 35 ml/kg/peso. 37) A desnutrição no câncer apresenta uma incidência


(B) 1,5ml/kcal ou 35 ml/kg/peso. entre 30 e 50% dos casos, sendo conhecida como
(C) 1ml/kcal ou 25 ml/kg/peso. caquexia. Assinale a opção em que TODOS são fatores
(D) 2ml/kcal ou 40 ml/kg/peso. que contribuem para a caquexia do câncer: (Residência
INCA/2011)
34) Sobre a caquexia do câncer, assinale a alternativa
correta. (Residência UFF/2011) (A) Xerostomia, diarreia, hiperlipidemia e aumento do
gasto energético.
(A) A caquexia do câncer é uma síndrome caracterizada (B) Anorexia, saciedade precoce, mastigação alterada e
pela perda progressiva de peso, anorexia, definhamento ansiedade.
generalizado, imunossupressão, taxa metabólica basal (C) Náuseas, vômitos, aumento da lipólise e catabolismo
alterada e anormalidades no metabolismo de líquidos e muscular.
energia. (D) Intolerância à glicose, disfagia, má absorção e
(B) A etiologia da caquexia do câncer é inteiramente alteração no paladar.
conhecida e acomete somente os pacientes com doença
metastática. 38) Quais as necessidades energéticas e protéicas,
(C) Acredita-se que as citocinas que desempenham um respectivamente, indicadas para a reposição de estoques
papel na caquexia do câncer são: fator de necrose tumoral, em pacientes oncológicos: (Corpo de Saúde da Marinha,
interleucina-1, interleucina-2 e interferongama. 2011)
(D) O uso de ácido eicosapentaenóico (EPA) não possui
contraindicações e deve ser (A) 15 a 25 kcal/kg/dia e 1,5 a 2,0 g/kg/dia
sempre indicado no tratamento dos pacientes com (B) 25 a 35kcal/kg/dia e 1,0 a 1,5g/kg/dia
caquexia, principalmente como agente estimulante de (C) 25 a 40 kcal/kg/dia e 1,0 a 1,5g/kg/dia
apetite. (D) 30 a 40 kcal/kg/dia e 1,5 a 2,0g/kg/dia
(E) 35 a 50 kcal/kg/dia e 1,5 a 2,0 g/kg/dia
35) Os efeitos colaterais do tratamento do câncer
interferem na ingestão alimentar e alguns ajustes podem
ser feitos para que o paciente continue recebendo uma

29
GABARITO 19D 20C 21B 22D 23A 24C
25E 26A 27 A 28D 29D 30B
1D 2B 3C 4C 5B 6C 31D 32A 33A 34A 35B 36A
7B 8D 9C 10E 11E 12A 37B 38E
13C 14A 15C 16A 17E 18C

30

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