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Atividade 1

Veronica Mendonça Neves

EUNE JOSÉ GOMES

Pontifícia Universidade Católica de Goiás

Goiânia, 2021
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Em que acredito?
Como alguém que procurou conhecer inúmeras religiões em busca de um

espaço em que o grupo compartilhasse dos mesmos valores que eu, passei por

diversas religiões cristãs, procurei conhecer outras religiões como islamismo,

candomblé, seicho no ie, budismo, entre outros. Não encontrando nesses espaços

aquilo que procurava, busquei entender qual o meu entendimento do papel de uma

religião e aquilo em que acredito para perceber se havia em mim a necessidade de

pertencer a um grupo religioso.

Como estudante de psicologia e amante da psicanálise lacaniana, passei a

perceber que as pessoas buscam em uma religião a figura de um grande Outro;

àquele que substitua a figura de um pai ou de uma mãe, sendo assim, um criador.

Não o criador do universo, mas àquele que ensina as noções de certo e errado, uma

figura de autoridade que oferece proteção, segurança, afeto e que se responsabiliza

por ditar como as coisas são e devem ser. Sendo assim, retira do indivíduo a

responsabilidade de responder por si mesmo, por ser o próprio autor de seus

julgamentos e atitudes em que se baseiam sua moral e conduta ética.

Me considerando uma pessoa independente, que não baseia sua ética em

algo ditado por um grupo ou por uma figura maior, não sinto que me encaixo em

nenhuma ideia de religiosidade. Entendo, inclusive, que a ética é um julgamento que

se faz perante a situação, buscando sempre resolver conflitos a partir de uma visão

de contexto, buscando sempre por justiça. Por esta razão, não acredito na religião

como uma instituição que tem o papel de criar uma ligação com a espiritualidade e

sim um lugar em que se é criado uma figura de grande Outro que possa confortar as

crianças interiores dos adultos aflitos. A religião, por assim ser, me é vista como um

espaço social de inserção dos excluídos e acolhimento de todos os aflitos, sendo


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muito importante enquanto grupo social, mas ao mesmo tempo acaba sendo um

empecilho para o processo de individuação dos sujeitos que nela se inserem, tendo

em seu meio poucas pessoas que conseguem alcançar um amadurecimento a fim

de tornar-se um adulto completo, que aqui defino como uma pessoa consciente de

que é responsável por si e pela forma como suas atitudes afetam o meio.

Em relação à figura divina, não sinto que este seja a figura de um grande

Outro que norteie meus caminhos, pois me entendo unicamente responsável pelas

minhas ações e única autora de meus julgamento. Entendo que as angústias que

me possam gerar o desconforto ao longo de minha trajetória sejam parte da

existência humana e que as vezes até me são necessárias para perceber a

realidade do mundo em que vivo e não fechar os olhos para as desigualdades,

esperando que alguém possa resolver por mim as injustiças sociais e tornar mais

fácil minha jornada aqui na terra sem que eu precise me movimentar neste sentido.

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