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Atividade 4

Veronica Mendonça Neves

EUNE JOSÉ GOMES

Pontifícia Universidade Católica de Goiás

Goiânia, 2021
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Considero que Schiavo foi muito feliz em sua interpretação de que a figura

divina é uma figura afetuosa e de proteção dos aflitos que substitui para os adultos a

figura de um pai e/ou de uma mãe, um grande Outro. Dentro da psicanálise

lacaniana essa visão faz muito sentido, pois preenche a fissura do ser, o vazio

existencial deixado pela ruptura com o primeiro objeto de afeto.

É ainda mais feliz quando o autor cita que a experiência da transcendência é

muito importante para o ser, pois o liberta momentaneamente das aflições e lhe

fornecem alívio, mas a vivência da realidade também é muito importante, para que

não se viva em um mundo fantasioso e se perca a conexão com a realidade.

É muito interessante que Reimer ao falar da religião, discorre sobre o papel

da mesma de ser um espaço de convivência comum de diversos seres, que são

regidos por uma mesma moral e doutrina, que norteiam seus valores e sua visão de

mundo, pois ainda na visão lacaniana o papel do grande Outro é também lhe

fornecer limites que serão a base da interpretação do mundo. O indivíduo assim

enxerga a si e tudo ao seu redor a partir das interpretações de mundo que lhe são

dadas pelo grande Outro no momento em que ele lhe impõe limites, delimitando o

que se pode e o que não se pode fazer.

É importante ressaltar que assim como na religião, o grande Outro não é

responsável pela maneira como o indivíduo interpreta aquilo que lhe é transmitido,

pois este possui interpretação própria de mundo, que parte desta outra figura, mas

ele as internaliza de maneira particular. Entretanto, o indivíduo é incapaz de

perceber que essa interpretação lhe é própria, pois para ele esta é a verdade

absoluta e por isso é muito difícil estabelecer um corte no sujeito para que ele possa

perceber as discrepâncias entre o que é seu e o que é do Outro.


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Com relação à prática da psicologia, não poderia ser diferente. O indivíduo

praticante da profissão tem suas próprias fantasias e interpretações de mundo que a

são adquiridas de inúmeras fontes, como a religião, a família e seus sagrados. E

exatamente por isso é de suma importância que o profissional de psicologia sempre

esteja fazendo acompanhamento terapêutico para que não se perca em suas

crenças pessoais e saiba diferenciar seu trabalho de suas crenças, sem perder a si

mesmo no processo.

Referências
SCHIAVO, Luigi. Conceitos e Interpretações da Religião. Publicado in: O sagrado e
as construções de mundo, ORG: LAGO e OUTROS. GYN: Ed. UCG, 2004.

REIMER, Haroldo. Elementos e Estrutura do fenômeno religioso. Publicado in: O


sagrado e as construções de mundo, ORG: LAGO e OUTROS. GYN: Ed. UCG,
2004.

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