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A contabilidade deve ser vista, cada vez mais, não apenas como uma área de interesse dos contadores, mas
sim como uma ferramenta de gestão para todos aqueles que, direta ou indiretamente, estão envolvidos na
busca dos interesses das organizações.
Os capítulos desta obra foram estruturados e dispostos para que você possa compreender desde os conceitos
iniciais da contabilidade, como o processo contábil, até a estruturação e análise dos relatórios. Você encon-
trará, também, conceitos avançados tratados com enfoque objetivo e prático, o que facilita a sua apreensão.
Afinal, a informação é a ferramenta mais eficaz para o adequado gerenciamento de um negócio. Nesse sen-
tido, a contabilidade mostra-se como um banco de dados imprescindível para a gestão das empresas.
1. Contabilidade. I. Título
CDD: 657
18-53175
CDU: 657
Apresentação 7
Gabarito 155
Apresentação
Você tem em mãos um livro que se propõe a contribuir para diversos conceitos inerentes à
contabilidade, ou seja, uma obra que está alicerçada na apreensão, avaliação e reporte de informa-
ções financeiras.
A informação é a ferramenta mais eficaz para o adequado gerenciamento de um negócio.
Percebe-se, cada vez mais, a necessidade que os gestores têm de acompanhar o desempenho de
suas atividades, a rentabilidade de seus ativos e a mensuração adequada do resultado empresarial.
A contabilidade se posiciona cada vez mais como um fantástico banco de dados, cujo uso é impres-
cindível para a gestão de negócios. Está claro que grande parte dos problemas atuais das organiza-
ções é oriunda da ausência de dois produtos essenciais: controle e informação.
Os capítulos desta obra foram estruturados e dispostos para que você, caro leitor, possa
compreender desde os conceitos iniciais, como o processo contábil (captação e registro dos fatos
econômicos), até a estruturação e análise dos relatórios. Encontrará também conceitos avançados,
como consolidação, demonstração do valor adicionado e fluxo de caixa, tratados com enfoque
objetivo e prático, facilitando a leitura e compreensão para aplicação no dia a dia.
Lembremos que os executivos devem estar preparados para, no mínimo, ler e interpretar
relatórios que contenham dados relativos ao seu negócio. Nesse sentido, a contabilidade, em sinto-
nia com a ordem econômica brasileira e mundial, experimentou, nos últimos tempos, profundas
transformações que se traduzem em uma evolução constante, sempre com o objetivo principal de
proporcionar aos seus usuários a possibilidade de controlar seu patrimônio, estudando sua estru-
tura e suas respectivas variações.
Embora a contabilidade financeira ou societária seja regulada por normas e leis, as altera-
ções ocorridas trouxeram uma certa aproximação entre o enfoque contábil societário e a conta-
bilidade gerencial, no intuito de aproximar cada vez mais a contabilidade da gestão empresarial.
A tecnologia da informação fornece os meios para que isso ocorra, basta que os utilizemos da
forma mais eficaz possível.
Apesar de os conceitos expostos nesta obra parecerem técnicos e, portanto, de uso restrito
dos contadores, a contabilidade deve ser vista cada vez mais como uma ferramenta imprescindível
para todos aqueles que, direta ou indiretamente, estão envolvidos na busca do objetivo maior de
uma organização: maximizar o retorno dos investimentos.
Bons estudos!
1
Contabilidade: aspectos introdutórios
Este primeiro capítulo trata dos conceitos iniciais relativos à contabilidade, suas principais
abordagens, finalidades e seus usuários, enfocando aspectos dos impactos tributários e gerenciais na
estrutura dos relatórios contábeis mais tradicionais, como o Balanço Patrimonial e a Demonstração
do Resultado do Exercício. Destaca-se, inclusive, a importância do plano de contas, pois o conheci-
mento e o uso adequados das informações contábeis – sejam elas de natureza financeira, tributária ou
gerencial – são dependentes da estrutura e da sequência lógica das contas contábeis.
1.3.1 Histórico
Há evidências de que a contabilidade tenha surgido há mais de 10 mil anos, inicialmente
como um rudimentar controle de patrimônio. É interessante notar que a necessidade de se con-
trolar uma riqueza é intrínseca ao homem, pois rudimentos de controle contábil surgiram antes
mesmo do aparecimento da moeda e da escrita, destacando-se a importância dessa ferramenta
como meio de controle de um patrimônio.
Com a evolução da sociedade, a contabilidade também experimentou grande evolução,
cujo marco se deu com a Revolução Industrial na Inglaterra, pois foi nesse período que os gestores
passaram efetivamente a se preocupar com o controle e gestão de custos e relatórios gerenciais.
Ricardino (2005) destaca que é difícil precisar quem criou a expressão management
accounting, embora possamos considerar que esse termo tenha sido desenvolvido posteriormente management
accounting: contabili-
à Segunda Guerra Mundial (1939-1945), no intuito de descrever o fornecimento de informações dade gerencial.
• Estágio 4 – por volta de 1995, a atenção foi mudada para a geração ou criação
de valor pelo uso de tecnologias, tais como exame dos direcionadores de valor
ao cliente, valor para o acionista, e inovação organizacional.
Observe que a ideia da contabilidade gerencial como criadora de valor para o negócio ini-
ciou-se a partir do momento em que a tecnologia da informação possibilitou a mensuração e o
controle de variáveis que até então eram de difícil, ou impossível, mensuração e controle, como
processos, clientes, tecnologia de produção, entre outros. A Figura 1 sintetiza os quatro estágios
mencionados pelo autor.
Figura 1 – A evolução da contabilidade gerencial
1.3.2 Conceito
A contabilidade gerencial se ocupa de conferir um tratamento especial a objetos e eventos
já reconhecidos pela contabilidade financeira. Seu conceito está atrelado aos relatórios que são
produzidos e distribuídos após a transformação de dados em informações e destas em informa-
ções gerenciais que sejam úteis às tomadas de decisões. Também podemos conceituá-la como um
processo de captação (receptação), processamento, elaboração e comunicação de relatórios e in-
formações com forma e conteúdo diferentes daqueles elaborados e distribuídos pela contabilidade
financeira. Seu objetivo maior é proporcionar ao decisor (gestor) um conjunto de informações que
lhe sejam úteis em suas decisões econômicas e que proporcionem a agregação de valor.
Pela importância da contabilidade gerencial, e considerando que se trata de um conceito
que se originou na contabilidade norte-americana, é de grande valia buscar entre os doutrinadores
americanos os principais conceitos relativos a essa forma especial de contabilidade.
Atkinson et al. (2000, p. 18) definem contabilidade gerencial como sendo o “processo de
identificar, mensurar, reportar e analisar informações sobre os eventos econômicos das empresas”.
Anthony (1974, p. 17) faz uma distinção clara entre a contabilidade financeira e a contabilidade
gerencial. Segundo o autor:
a contabilidade financeira tem como objetivo primário proporcionar informa-
ção financeira a terceiros – acionistas, banqueiros, outros credores e agências
governamentais. As técnicas, os regulamentos e as convenções segundo os quais
os dados contábeis são coletados e relatados refletem, em grau considerável, as
exigências desses terceiros.
Contabilidade: aspectos introdutórios 13
Demonstrações
Relatórios gerenciais
financeiras
Critérios objetivos
Critérios objetivos de
e subjetivos de registro
registro e mensuração
e mensuração
Fonte: Elaborada pelo autor com base em Fess, Warren e Reeve, 2001.
Reportar desempenho passado às partes Informar decisões internas tomadas pelos funcio-
Propósito externas; contratos com proprietários e nários e gerentes; feedback e controle sobre desem-
credores. penho operacional.
Natureza da Objetiva, auditável, confiável, consistente, Mais subjetiva e sujeita a juízo de valor, válida, rele-
informação precisa. vante, acurada.
Escopo Muito agregada; reporta toda a empresa. Desagregada; informa as decisões e ações locais.
Fonte: Padoveze, 2010b, p. 31.
1.3.3 Objetivo
A contabilidade gerencial permite o uso da informação contábil como ferramenta para o
empresário. Para uma utilização eficaz dessa ferramenta, é necessário que os usuários da infor-
mação (administradores e empresários) tenham algum conhecimento relativo aos conceitos de
contabilidade financeira, de custos e, é claro, de contabilidade gerencial. Observe que a relação
custo/benefício na construção da informação deve ser favorável, ou seja, o custo para obtenção da
informação não pode ser maior do que o seu valor para a entidade.
Nesse sentido, o objetivo fundamental da contabilidade gerencial é fornecer aos interessados
(internos à organização) relatórios gerenciais que contenham informações de natureza financeira,
física e de produtividade, a fim de possibilitar a estes a escolha da melhor alternativa em uma de-
cisão, visando à criação de valor para o negócio. A Figura 3 demonstra de modo mais técnico esse
pressuposto: informação para melhor decisão.
Figura 3 – Informações para a tomada de decisões
Qualidades
Compreensiblidade
específicas a usuários
Qualidades
Utilidade na tomada de decisões
específicas a decisões
Relevância Confiabilidade
4. Oportunidade 1. Verificabilidade
2. Fidelidade de
5. Valor Preditivo representação
6. Valor como feedback 3. Neutralidade
Limite de
Materialidade
reconhecimento
Conceder informações bem estruturadas e claras aos usuários dos relatórios contábeis, no intuito de possibilitar o
uso racional e efetivo destas.
Apresentar uma estrutura condizente com o que a legislação contábil preconiza acerca das Demonstrações
Contábeis, atendendo ao disposto na Lei n. 6.404/1976 (Lei das Sociedades por Ações) e na Lei n. 10.406/2002
(Código Civil).
Adaptar-se às determinações de agentes externos, facilitando a consolidação das Demonstrações Contábeis e com-
patibilizando-se, se possível, com os preceitos da legislação do Imposto de Renda.
Facilitar a integração do sistema contábil às demais áreas operacionais da entidade, como financeiro, recursos huma-
nos, produção e outros. Nesse caso, o registro contábil será feito nas áreas geradoras dos eventos, proporcionando
rapidez e integridade no reconhecimento dos fatos contábeis.
• ser estruturado por agrupamento das contas, para que se possam realizar análises seto-
riais e para que seja flexível no intuito de permitir dilatações e reduções sem prejuízo
do conjunto.
No manual de procedimentos contábeis deve constar para cada conta contábil sintética ou
analítica sua função e respectivo funcionamento, como no exemplo a seguir:
O manual poderá acompanhar o plano de contas para que os profissionais responsáveis pela
contabilidade consigam gerenciar o plano de contas de maneira padronizada e segura.
Atividades
1. Indique uma diferença entre a contabilidade tributária e a contabilidade financeira tradicional.
a) As contas sintéticas são códigos alfanuméricos que servem para recepcionar os valores
objetos dos lançamentos contábeis.
b) As contas analíticas são códigos que servem para acumulação de valores relativos a obje-
tos de natureza semelhante.
c) O agrupamento de contas deve ser feito de maneira a permitir análises gerenciais de fácil
visualização por parte dos usuários.
d) Em um sistema contábil descentralizado, as áreas responsáveis pelos lançamentos devem
também ter a possibilidade de fazer alterações nas contas contábeis.
Referências
ANTHONY, R. N. Contabilidade gerencial. São Paulo: Atlas, 1974.
BRASIL. Lei n. 6.404, de 15 de dezembro de 1976. Diário Oficial da União, Poder Executivo, Brasília, DF, 17
dez. 1976. Disponível em: www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L6404consol.htm. Acesso em: 24 out. 2018.
20 Contabilidade
BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Diário Oficial da União, Poder Legislativo,
Brasília, DF, 5 out. 1988. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constituicao.
htm. Acesso em: 24 out. 2018.
BRASIL. Lei n. 10.406, de 10 de janeiro de 2002. Diário Oficial da União, Poder Legislativo, Brasília, DF, 11
jan. 2002. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2002/l10406.htm. Acesso em: 24 out. 2018.
FESS, P. E.; WARREN, C. S.; REEVE, J. M. Contabilidade gerencial. São Paulo: Pioneira, 2001.
KAPLAN, R. S.; JOHNSON, H. T. A relevância da contabilidade de custos. 2. ed. São Paulo: Campus, 1987.
O objetivo e a atribuição do Comitê estão definidos nos arts. 3º e 4º da Resolução, assim dispostos:
Art. 3º – O Comitê de Pronunciamentos Contábeis – (CPC) tem por objetivo
o estudo, o preparo e a emissão de pronunciamentos técnicos sobre procedi-
mentos de contabilidade e a divulgação de informações dessa natureza, para
As dificuldades em sua compreensão, portanto, seu uso inadequado ou até mesmo não uso,
podem derivar de três situações: a) relatório confuso ou informação muito complexa e técnica; b)
usuário sem o preparo técnico/conceitual necessário ou; c) excesso de termos técnicos utilizados
pelo emissor da informação. Nos três casos, os problemas poderão ser solucionados por meio de
um diálogo da contabilidade com as áreas operacionais usuárias da informação.
A informação compreensível permite seu uso nas decisões gerenciais. No entanto, é neces-
sário que se analise sua utilidade como elemento de redução de incertezas. Para isso, devem ser
verificados dois aspectos essenciais: sua relevância e sua confiabilidade.
A tempestividade, abordada no Capítulo 1, é relevante para a decisão, uma vez que a in-
formação deve ser disponibilizada no tempo adequado para sua utilização. O gestor precisa da
informação no momento em que vai decidir, não antes (pois pode estar desatualizada), tampouco
depois da decisão (por absoluta irrelevância).
A confiabilidade é um atributo de importância vital para a qualidade da informação, pois
o gestor dever ter confiança no relatório que irá utilizar em sua decisão. É outro atributo que
determina se a informação pode ser rastreada (origem) e testada (critérios para sua formação).
Outras características, como a fidedignidade de representação – cujo enunciado expressa
que os valores monetários que representam os eventos e objetos na contabilidade devem ser os
mais verdadeiros possíveis – e a neutralidade – característica que privilegia a informação isenta
de qualquer manipulação – também são qualidades fundamentais para que a informação contábil
possa cumprir com seu objetivo: a redução da incerteza nas decisões econômicas e, consequente-
mente, a geração de valor para os negócios.
Em 23 de setembro de 2016, foi publicada a Norma Brasileira de Contabilidade (NBC
TSP Estrutura Conceitual – Estrutura Conceitual para Elaboração e Divulgação de Informação
Contábil de Propósito Geral pelas Entidades do Setor Público), revogando a Resolução n. 750/1993
(BRASIL, 1993) que consolidava os princípios da contabilidade, tornando a Resolução
n. 1.374/2011 (BRASIL, 2011) como documento único que representa a estrutura conceitual da
contabilidade brasileira. Porém, é importante destacar que a revogação da Resolução não significa
a revogação dos princípios, pois seus conteúdos continuam a existir, embora não necessariamente
com as mesmas nomenclaturas.
Dessa forma, não podemos deixar de estudá-los e considerá-los ao executarmos os registros,
mensurações e divulgações das informações contábeis.
O princípio tem como axioma que o patrimônio da entidade não se confunda com aquele
dos seus sócios ou proprietários, no caso de sociedade ou instituição, determinando-se pelo seu
enunciado a clara distinção entre o que pertence à entidade e o que pertence às pessoas, físicas ou
jurídicas, que são seus sócios e acionistas.
Quando não se distingue claramente o que pertence à entidade e o que é do sócio, podem
surgir contingências fiscais, como no caso de se considerar como despesa um recurso consumido
exclusivamente pelo sócio.
para contingências fiscais, trabalhistas e ambientais são exemplos de Passivos que estão se poten-
cializando e devem ser reconhecidos contabilmente.
A contabilização de uma provável perda no Ativo é efetuada tendo como contrapartida uma
conta de despesa ou ajuste na Receita. São exemplos as perdas prováveis com o não recebimento de
créditos dos clientes. A contabilização de uma provável obrigação no Passivo deve ser reconhecida
tendo como contrapartida uma conta de despesa, como nos casos de provisão para indenizações
trabalhistas em ações movidas contra a empresa.
Atividades
1. O princípio da competência está ligado, de alguma maneira, ao princípio da oportunidade?
Explique.
Referências
BRASIL. Lei n. 6.404, de 15 de dezembro de 1976. Diário Oficial da União, Poder Executivo, Brasília, DF, 17
dez. 1976. Disponível em: www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L6404consol.htm. Acesso em: 24 out. 2018.
BRASIL. Conselho Federal de Contabilidade. Resolução n. 750, de 29 de dezembro de 1993. Diário Oficial
da União, Brasília, DF, 31 dez. 1993. Disponível em: http://www1.cfc.org.br/sisweb/SRE/docs/RES_750.pdf.
Acesso em: 25 out. 2018.
BRASIL. Lei n. 10.406, de 10 de janeiro de 2002. Diário Oficial da União, Poder Executivo, Brasília, DF, 11 jan.
2002. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2002/l10406.htm. Acesso em: 24 out. 2018.
BRASIL. Conselho Federal de Contabilidade. Resolução n. 1.055, de 7 de outubro de 2005. Diário Oficial
da União, Brasília, DF, 24 out. 2005. Disponível em: http://www1.cfc.org.br/sisweb/SRE/docs/Res_1055.pdf.
Acesso em: 25 out. 2018.
BRASIL. Conselho Federal de Contabilidade. Resolução n. 1.374, de 8 de dezembro de 2011. Diário Oficial
da União, Brasília, DF, 16 dez. 2011. Disponível em: http://www1.cfc.org.br/sisweb/SRE/docs/Res_1374.pdf.
Acesso em: 25 out. 2018.
SZUSTER, N. et al. Contabilidade geral: introdução à contabilidade societária. 3. ed. São Paulo: Atlas, 2013.
3
Escrituração contábil e contas retificadoras
do Ativo e do Passivo
São esses fatos os objetos dos lançamentos contábeis ou da escrituração contábil, que é o
registro dos eventos nas contas contábeis. Graficamente, pode-se representar o fluxo contábil da
seguinte maneira:
Figura 1 – Fluxo de informações contábeis
Relatórios contábeis
Fatos contábeis Lançamento ou
Informações para
Dados escrituração contábil
tomada de decisões
aos pagamentos, recebimentos, receitas, despesas e outros fatos contábeis. No livro razão esses
fenômenos aparecem por contas contábeis. Após os lançamentos contábeis, os eventos podem ser
visualizados por meio de datas (utilizando-se do livro diário) e de contas contábeis (via livro razão
de contas).
A Lei n. 6.404/1976 (BRASIL, 1976), em seu capítulo XV, determina que ao fim de cada
exercício social a empresa deve elaborar as demonstrações financeiras com base na escrituração
contábil. O art. 177 da mesma Lei estabelece que a escrituração contábil deve ser mantida em
registros permanentes, em obediência aos preceitos da legislação empresarial e aos princípios da
contabilidade, devendo-se seguir métodos ou critérios contábeis uniformes e registrar mutações
do patrimônio segundo o regime de competência.
Dispõe ainda que a escrituração deve observar o princípio da competência e deve conter um
nível de detalhamento que atenda às necessidades de informações dos usuários da contabilidade.
A forma contábil deve conter alguns requisitos mínimos:
a) data do registro contábil, ou seja, a data em que o fato contábil ocorreu;
b) conta devedora;
c) conta credora;
d) histórico que represente a essência econômica da transação ou o código de
histórico padronizado, neste caso baseado em tabela auxiliar inclusa em livro
próprio;
e) valor do registro contábil;
f) informação que permita identificar, de forma unívoca, todos os registros que
integram um mesmo lançamento contábil. (BRASIL, 2011)
Uma adequada e regular escrituração contábil assegura, entre outras vantagens, melhor
controle financeiro e gerencial do patrimônio e do resultado (lucro ou prejuízo) da entidade.
Presta-se como prova das atividades do empresário e da sociedade empresária, assim como em
eventuais discussões judiciais (trabalhistas, previdenciárias, tributárias etc.), e permite ainda aos
interessados naquele patrimônio a verificação e o acompanhamento de seu desempenho, facili-
tando a inserção da empresa no mercado de capitais e na obtenção de linhas de financiamentos,
além de outros benefícios.
Partida = Lançamento
Dobrada = Duplicidade
O método prevê que para todo débito haverá sempre um crédito e vice-versa. Esse método,
desenvolvido pelo Frei Luca Pacioli, em 1494, estabelece que cada débito em uma ou mais contas
contábeis corresponde a créditos em uma ou mais contas. Graficamente, o roteiro da escrituração
pode ser visualizado da seguinte maneira:
Escrituração contábil e contas retificadoras do Ativo e do Passivo 33
Evento econômico/contábil
Balanço Patrimonial
Evidenciação dos Demonstração do Resultado
valores nos Demonstração do Fluxo de Caixa
relatórios contábeis Demonstração das Mutações do
Patrimômio Líquido
Demonstração do Valor Adicionado
A primeira etapa do trabalho de escrituração é a definição das contas contábeis que serão
utilizadas. Após a escolha das contas, deve-se proceder ao lançamento em cada uma delas, confor-
me tenham de ser creditadas ou debitadas.
É importante saber o saldo normal com que se apresenta cada conta contábil – o qual será
devedor ou credor a depender da conta – usualmente representam um bem, um direito, uma obri-
gação, uma receita ou uma despesa.
Os Ativos, que são representados pelos bens e direitos, são as aplicações de recursos efetua-
das pelas entidades, cujos benefícios esperados relacionam-se com a obtenção de resultados posi-
tivos (lucro), têm saldo devedor porque ali estão os devedores daquele patrimônio, com os quais a
empresa tem créditos.
O Passivo (incluindo o Patrimônio Líquido) tem saldo credor, pois contempla os credores
da entidade com os quais a empresa tem débitos (dívida). O Passivo representa o valor das obri-
gações da entidade – tanto de curto quanto de longo prazo – com os financiadores do patrimônio.
Conceitua-se o Passivo também como as origens ou fontes de recursos, que tanto podem ser ori-
ginados de terceiros (fornecedores, bancos e governo) quanto podem ter como fonte os sócios e
acionistas, também denominado de capital próprio.
As Receitas têm saldo credor porque concorrem para o aumento do Patrimônio Líquido, ao
passo que as Despesas têm saldo devedor, pois diminuem o Patrimônio Líquido.
O método das partidas dobradas expressa a ideia de que, ao se movimentar um recurso, a
operação irá envolver sempre uma origem e uma aplicação deste recurso. Por exemplo, a compra
de um estoque a prazo tem a aplicação de um recurso no Ativo (estoque), em contrapartida ela
tem uma fonte de financiamento (origem) desse recurso junto ao fornecedor, pelo prazo que este
concede à empresa. O lançamento de partida será um débito na conta estoques e a contrapartida
será representada por um crédito na conta fornecedores do Passivo.
34 Contabilidade
Decorrente dessa concepção (cada um ou mais débitos em uma ou mais contas contábeis
corresponderão a um ou mais créditos em uma ou mais contas contábeis), extrai-se a lógica
da igualdade do Ativo e do Passivo, ou seja, os saldos credores serão sempre iguais aos saldos
devedores. Para reforçar essa ideia, pode-se raciocinar que nas transações econômicas não existe
devedor sem um respectivo credor.
Para facilitar a exposição, a Figura 3 apresenta os seguintes conceitos:
Figura 3 – Escrituração contábil
Valor Contábil – VC
Tabela 2 – Contabilização do reconhecimento da perda efetiva, supondo uma perda no valor de R$ 100,00.
Para constituir a provisão, é necessário que os itens que comprovadamente estejam com
preço inferior ao mercado sejam analiticamente relacionados.
Outra provisão que pode afetar os valores dos estoques é de possíveis perdas ou quebras, ou
até mesmo itens que estejam comprovadamente obsoletos. A constituição dessa provisão para per-
das também será considerada como um ajuste no estoque e sua contrapartida será em uma conta
de despesa ou custo.
As duas provisões constituídas referem-se a perdas esperadas em itens dos estoques, mas
pode-se considerar que a provisão para perdas em estoque retrata um evento de maior gravidade,
pois a perda é do valor integral do item. Por exemplo, determinada empresa pode ter em estoque
produtos perecíveis em grande quantidade, cujos prazos de validade vencerão em período menor
que o tempo em que se estima que serão vendidos tais itens. Nesse caso, a empresa provisiona o
valor total dos itens, portanto, a perda estimada é do valor integral destes.
Na provisão para ajuste do estoque a valor de mercado, a perda se relaciona com a diferença
entre o preço pago na aquisição do item e o valor pelo qual se espera realizá-lo (vendê-lo) ao mer-
cado, que nessa circunstância específica é inferior ao custo.
Tabela 3 – Contabilização da provisão para ajuste de estoque a valor de mercado
Em qualquer provisão que a contabilidade julgue prudente constituir e que cause um efeito
no resultado, isto é, as provisões que têm como contrapartida uma conta de despesa ou custo, de-
ve-se avaliar rotineiramente a ocorrência da perda ou não. Caso a perda estimada não se realize,
deve-se efetuar a reversão do seu lançamento utilizando-se das mesmas contas do Ativo e do resul-
tado em que foram constituídas.
Tabela 4 – Contabilização do reconhecimento da perda efetiva, supondo uma perda no valor de R$ 100,00.
Tabela 5 – Contabilização de reversão de parte da provisão cuja perda não ocorreu, supondo uma perda
efetiva no valor de R$ 90,00.
Nesse caso, a empresa perdeu efetivamente R$ 90,00 do total da perda esperada de R$ 100,00;
portanto R$ 10,00 será objeto de um lançamento de reversão, debitando-se a conta redutora do
Ativo com o crédito respectivo na conta de despesa.
Observe que, pelo regime de competência, esses encargos devem ser contabilizados como
despesa financeira durante o prazo do contrato.
Atividades
1. Diferencie a provisão para perdas em estoques da provisão para ajuste do estoque a valor
de mercado.
2. Qual deve ser o tratamento contábil do valor da perda estimada e contabilizada, caso esta
não ocorra?
3. Pode-se afirmar que toda conta retificadora do Ativo ensejará como contrapartida o reco-
nhecimento de uma despesa? Justifique.
Referências
BRASIL. Lei n. 6.404, de 15 de dezembro de 1976. Diário Oficial da União, Poder Executivo, Brasília, DF, 17
dez. 1976. Disponível em: www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L6404consol.htm. Acesso em: 24 out. 2018.
BRASIL. Lei n. 10.406, de 10 de janeiro de 2002. Diário Oficial da União, Poder Legislativo, Brasília, DF, 11
jan. 2002. Disponível em: www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/2002/L10406.htm. Acesso em: 29 out. 2018.
BRASIL. Lei n. 11.101, de 9 de fevereiro de 2005. Diário Oficial da União, Poder Executivo, Brasília, DF, 9 fev.
2005. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2004-2006/2005/Lei/L11101.htm. Acesso
em: 26 out. 2018.
BRASIL. Lei complementar n. 123, de 14 de dezembro de 2006. Diário Oficial da União, Poder Legislativo,
Brasília, DF, 15 dez. 2006. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/LCP/Lcp123.htm.
Acesso em: 26 out. 2018.
BRASIL. Conselho Federal de Contabilidade. Resolução n. 1.292, de 7 de outubro de 2010. Diário Oficial da
União, Brasília, DF, 7 out. 2010. Disponível em: http://www1.cfc.org.br/sisweb/SRE/docs/NBCTG01(R4).
pdf. Acesso em: 29 out. 2018.
BRASIL. Conselho Federal de Contabilidade. Resolução n. 1.330, de 22 de março de 2011. Diário Oficial da
União, Brasília, DF, 22 mar. 2011. Disponível em: http://www1.cfc.org.br/sisweb/SRE/docs/Res_1330.pdf.
Acesso em: 26 out. 2018.
4
Demonstrações contábeis: modelos de
representação da situação econômica e financeira I
Ativo Passivo
Disponível Fornecedores
(Continua)
40 Contabilidade
Ativo Passivo
Imobilizado Reservas
– Prejuízos acumulados
Os investimentos, a teor do art. 179, devem ser classificados como “as participações per-
manentes em outras sociedades e os direitos de qualquer natureza, não classificáveis no Ativo
Circulante, e que não se destinem à manutenção da atividade da companhia ou da empresa”
(BRASIL, 1976). É possível citar como exemplos as ações de outras empresas e a provisão para
perdas permanentes.
Esse subgrupo representa as aplicações de recursos no Capital Social de outras sociedades,
com intenção de permanência, portanto, não são aplicações temporárias ou meramente especula-
tivas e traduzem a estratégia da empresa em diversificar sua atividade, pulverizando seu risco ope-
racional quando investe em atividades diferentes da sua ou ainda quando a companhia pretende
concentrar investimentos e aumenta a participação na mesma atividade que desempenha, obtendo
ganhos de escala e visando maior rentabilidade.
Quanto aos critérios que serão utilizados para atribuição de valor aos investimentos per-
manentes, estes devem ser interpretados conforme determina o disposto no art. 248 da Lei
n. 6.404/1976: “no Balanço Patrimonial da companhia, os investimentos em coligadas ou em con-
troladas e em outras sociedades que façam parte de um mesmo grupo ou estejam sob controle
comum serão avaliados pelo método da equivalência patrimonial” (BRASIL, 1976).
A equivalência patrimonial é um critério de avaliação dos investimentos em que há o reco-
nhecimento dos resultados obtidos pela empresa investida no valor do investimento da sociedade
investidora, no momento em que estes resultados são gerados. Assim, o método da equivalência,
diferentemente do critério de mensuração a valor de custo histórico, acompanha o fato econômico,
ou seja, a geração do resultado e não a distribuição efetiva deste.
Conforme Iudícibus e Marion (2016, p. 139), o conceito do método de equivalência
patrimonial é baseado no fato de que “os resultados e quaisquer variações patrimoniais de uma
controlada ou coligada devem ser reconhecidos (contabilizados) no momento de sua geração,
independentemente de serem ou não distribuídos”.
No subgrupo Ativo Imobilizado, classificam-se os bens corpóreos que a empresa utiliza
para manter sua atividade no mercado. Dependendo de seu ramo, ela terá maior ou menor neces-
sidade de investir em estrutura física. De acordo com o art. 179, da Lei n. 6.404/1976:
IV – no Ativo Imobilizado: os direitos que tenham por objeto bens corpóreos
destinados à manutenção das atividades da companhia ou da empresa ou exer-
cidos com essa finalidade, inclusive os decorrentes de operações que transfiram
à companhia os benefícios, riscos e controle desses bens. (BRASIL, 1976)
Contas a receber O valor dos títulos menos provisão para reduzi-los ao valor provável de realização.
Valores mobiliários Ao custo de aquisição acrescido de juros e atualização devida e reduzidos ao preço
(temporários) de mercado, se este for menor.
Investimentos
Pelo método de equivalência patrimonial, ou seja, com base no valor do Patrimônio
relevantes em coligadas Líquido da coligada ou controlada proporcionalmente à participação acionária.
e controladas
Outros investimentos Ao custo menos provisão para reconhecimento de perdas permanentes.
Atividades
1. Quais são os dois critérios para se classificar um elemento no Ativo Realizável a Longo Prazo?
2. Qual é o critério previsto pela Lei n. 6.404/1976 para a disposição dos elementos que com-
põem o Ativo de uma empresa?
Referências
BRASIL. Lei n. 6.404, de 15 de dezembro de 1976. Diário Oficial da União, Poder Executivo, Brasília, DF, 17
dez. 1976. Disponível em: www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L6404consol.htm. Acesso em: 24 out. 2018.
BRASIL. Decreto-Lei n. 1.598, de 26 de dezembro de 1977. Diário Oficial da União, Poder Executivo, Brasília,
DF, 27 dez. 1977. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/Del1598.htm. Acesso em:
30 out. 2018.
Demonstrações contábeis: modelos de representação da situação econômica e financeira I 47
BRASIL. Lei n. 11.638, de 28 de dezembro de 2007. Diário Oficial da União, Poder Executivo, Brasília, DF, 28
dez. 2007. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2007/lei/l11638.htm. Acesso
em: 30 out. 2018.
BRASIL. Conselho Federal de Contabilidade. Resolução n. 1.185, de 28 de agosto de 2009. Diário Oficial
da União, Brasília, DF, 15 set. 2009. Disponível em: http://www1.cfc.org.br/sisweb/SRE/docs/RES_1185.pdf.
Acesso em: 30 out. 2018.
BRASIL. Comitê de Pronunciamentos Contábeis. Pronunciamentos Técnicos Contábeis 2012. Brasília, DF,
Conselho Federal de Contabilidade, 2013. Disponível em: http://portalcfc.org.br/wordpress/wp-content/
uploads/2013/06/cpc_pronunciamentos_2012_web.pdf. Acesso em: 25 out. 2018.
SZUSTER, N. et al. Contabilidade geral: introdução à contabilidade societária. 3. ed. São Paulo: Atlas, 2013.
5
Demonstrações contábeis: modelos de
representação da situação econômica e financeira II
1 Pronunciamento técnico que trata da estrutura conceitual básica da contabilidade e aborda os seguintes assuntos:
objetivo da elaboração e divulgação do relatório contábil-financeiro; características qualitativas da informação contábil-fi-
nanceira útil; definição, reconhecimento e mensuração dos elementos com base nos quais as demonstrações contábeis
são elaboradas; e conceitos de capital e de manutenção de capital.
2 Comitê que “tem por objetivo o estudo, o preparo e a emissão de Pronunciamentos Técnicos sobre procedimentos de
contabilidade e a divulgação de informações dessa natureza, para permitir a emissão de normas pela entidade reguladora
brasileira, visando à centralização e uniformização do seu processo de produção, levando sempre em conta a convergên-
cia da contabilidade brasileira aos padrões internacionais” (BRASIL, 2005).
50 Contabilidade
A conta fornecedores representa o saldo das dívidas de curto prazo resultantes das compras
a prazo de mercadorias (comércio) ou matérias-primas e embalagens (indústria).
Contas a pagar é composta pelas contas e despesas a pagar, como energia elétrica, água, tele-
fone, aluguel, serviços de consultores, advogados ou auditores, propagandas, materiais de limpeza,
materiais de escritório, entre outras.
Os dividendos a pagar são os saldos de dividendos que ainda não foram pagos aos acionistas
ou sócios. Sempre que os sócios decidem pela retirada de lucros, o contador reduz o valor de lucros
do período no Patrimônio Líquido e transfere o valor para dividendos a pagar, constituindo, assim,
uma dívida com prazo definido para pagamento.
Salários e encargos a pagar é a conta que representa o saldo a pagar dos salários e dos encar-
gos que incidem sobre eles, como INSS, FGTS, férias e Décimo terceiro salário.
Empréstimos bancários compreendem basicamente os saldos e empréstimos ou financia-
mentos bancários de curto prazo ainda não pagos na data do Balanço, os valores dos empréstimos
estão corrigidos e acrescidos de juros ainda não pagos até esta data.
Demonstrações contábeis: modelos de representação da situação econômica e financeira II 51
Reservas de lucros são aquelas constituídas por apropriação de lucros da empresa, como se
nota pelo teor do art. 182, parágrafo 4, da Lei n. 6.404/1976 “serão classificados como reservas de
lucros as contas constituídas pela apropriação de lucros da companhia” (BRASIL, 1976).
Essas reservas são constituídas sobre a parcela dos lucros que não foi distribuída aos
sócios ou não teve destinação específica e, assim, fortalece a estrutura financeira da empresa.
Outras podem ser constituídas por decisão dos sócios ou por imposição legal, como no caso
da reserva legal.
A reserva legal será constituída no montante de 5% (cinco por cento) do lucro líquido do
exercício, antes de qualquer outra destinação. Será constituída obrigatoriamente pela companhia,
até que seu valor atinja 20% do Capital Social realizado, quando então deixará de ser acrescida.
Também poderá deixar de ser constituída quando seu saldo, acrescido dos saldos das reservas de
capital, exceder a 30% do Capital Social.
Reservas estatutárias são as reservas constituídas por determinação expressa do estatuto da
companhia, como a destinação de parcelas dos lucros do exercício, no entanto não poderão ser
constituídas com prejuízo do pagamento do dividendo obrigatório. Deverão ter finalidade, crité-
rios e limite máximos claramente definidos no estatuto.
De acordo com o art. 195 da Lei n. 6.404/1976, para constituição das reservas para contin-
gências a partir de proposta formulada pelos órgãos de administração, a assembleia geral pode
destinar parte do lucro líquido com o objetivo de compensar a diminuição do lucro decorrente de
perda julgada provável, em exercício futuro, cujo valor possa ser estimado.
As reservas de lucros para realizar são constituídas nos casos em que a distribuição de
dividendos obrigatórios pode comprometer a situação financeira da empresa, ou seja, quando
o resultado do exercício tiver receitas de vendas a longo prazo e que ainda não foram realiza-
das financeiramente.
No exercício em que o montante do dividendo obrigatório, calculado nos ter-
mos do estatuto ou do art. 202, ultrapassar a parcela realizada do lucro líquido
do exercício, a assembleia-geral poderá, por proposta dos órgãos de administra-
ção, destinar o excesso à constituição de reserva de lucros a realizar.
§1° Para os efeitos deste artigo, considera-se realizada a parcela do lucro líquido
do exercício que exceder da soma dos seguintes valores:
I - o resultado líquido positivo da equivalência patrimonial (art. 248); e
II - o lucro, rendimento ou ganho líquidos em operações ou contabilização de
Ativo e Passivo pelo valor de mercado, cujo prazo de realização financeira ocor-
ra após o término do Exercício Social seguinte.
§2° A reserva de lucros a realizar somente poderá ser utilizada para pagamento
do dividendo obrigatório e, para efeito do inciso III do art. 202, serão considera-
dos como integrantes da reserva os lucros a realizar de cada exercício que forem
os primeiros a serem realizados em dinheiro. (BRASIL, 1976)
54 Contabilidade
A conta retenção de lucros (reservas para expansão) é constituída quando a companhia pre-
tender efetuar investimentos e expansão, podendo reter parte dos lucros do exercício. Essa reten-
ção deverá estar justificada com o respectivo orçamento de capital aprovado pela assembleia geral,
conforme previsto no art. 196 da Lei n. 6.404/1976 (BRASIL, 1976). Em relação às reservas de
incentivos fiscais:
A assembleia geral poderá, por proposta dos órgãos de administração, destinar
para a reserva de incentivos fiscais a parcela do lucro líquido decorrente de
doações ou subvenções governamentais para investimentos, que poderá ser
excluída da base de cálculo do dividendo obrigatório (inciso I do caput do art.
202 desta Lei). (BRASIL, 1976)
Em relação à conta prejuízos acumulados, a partir da publicação da Lei n. 11.638/2007
(BRASIL, 2007), não existe mais a possibilidade de se manter saldo em lucros acumulados para so-
ciedades por ações, portanto essa conta representa o saldo dos prejuízos do ano e de anos anteriores.
Contudo, sempre que possível, o prejuízo deve ser absorvido pelos lucros acumulados, pelas
reservas de lucros e pela reserva legal, nessa ordem, como determinado pelo art. 189, parágrafo
único, da Lei n. 6.404/1976 (BRASIL, 1976).
Vale ressaltar que nas demais sociedades – representadas em sua maioria pelas sociedades li-
mitadas, excetuando-se aquelas consideradas de grande porte e sujeitas à Lei n. 6.404/1976 (BRASIL,
1976), por força do art. 3º, combinado com seu parágrafo único da Lei n. 11.638/2007 (BRASIL, 2007)
– a conta lucros acumulados poderá continuar apresentando saldo nos Balanços encerrados a partir
de 31 de dezembro de 2008.
Art. 3° Aplicam-se às sociedades de grande porte, ainda que não constituídas
sob a forma de sociedades por ações, as disposições da Lei n. 6.404, de 15 de
dezembro de 1976, sobre escrituração e elaboração de demonstrações finan-
ceiras e a obrigatoriedade de auditoria independente por auditor registrado na
Comissão de Valores Mobiliários.
Parágrafo único. Considera-se de grande porte, para os fins exclusivos desta
Lei, a sociedade ou conjunto de sociedades sob controle comum que tiver, no
exercício social anterior, Ativo total superior a R$ 240.000.000,00 (duzentos e
quarenta milhões de reais) ou receita bruta anual superior a R$ 300.000.000,00
(trezentos milhões de reais). (BRASIL, 2007)
É o entendimento que se extrai pela análise do teor da Resolução n. 1.157/2009, que assim
se manifesta:
115. A obrigação de essa conta não conter saldo positivo aplica-se unicamente
às sociedades por ações, e não às demais, e para os Balanços do Exercício Social
terminado a partir de 31 de dezembro de 2008. Assim, saldos nessa conta preci-
sam ser totalmente destinados por proposta da administração da companhia no
pressuposto de sua aprovação pela assembleia geral ordinária.
116. Essa conta continuará nos planos de contas, e seu uso continuará a ser feito
para receber o resultado do exercício, as reversões de determinadas reservas,
os ajustes de exercícios anteriores, para distribuir os resultados nas suas várias
formas e destinar valores para reservas de lucros. (BRASIL, 2009a)
Demonstrações contábeis: modelos de representação da situação econômica e financeira II 55
A conta ajustes de avaliação patrimonial foi criada recentemente pela Lei n. 11.638/2007
(BRASIL, 2007), que a incluiu no Patrimônio Líquido. São classificadas como ajustes de avaliação
patrimonial – enquanto não computadas no resultado do exercício, em obediência ao regime de
competência – as contrapartidas de aumentos ou diminuições de valor atribuídos a elementos do
Ativo e do Passivo, em decorrência da sua avaliação a valor justo.
Nessa conta, por exemplo, estão as variações a preços de mercado dos instrumentos finan-
ceiros, e as eventuais diferenças nos valores de Ativos e Passivos avaliados a preço de mercado nas
operações societárias (fusão, cisão e incorporação).
Atividades
1. Por que o Patrimônio Líquido é considerado um Passivo da empresa? Justifique.
Referências
BRASIL. Lei n. 6.404, de 15 de dezembro de 1976. Diário Oficial da União, Poder Executivo, Brasília, DF, 17
dez. 1976. Disponível em: www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L6404consol.htm. Acesso em: 24 out. 2018.
BRASIL. Conselho Federal de Contabilidade. Resolução n. 1.055, de 7 de outubro de 2005. Diário Oficial da
União, Poder Executivo, Brasília, DF, 24 out. 2005. Disponível em: http://www1.cfc.org.br/sisweb/SRE/docs/
Res_1055.pdf. Acesso em: 25 out. 2018.
BRASIL. Lei n. 11.638, de 28 de dezembro de 2007. Diário Oficial da União, Poder Executivo, Brasília, DF, 28
dez. 2007. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2007/lei/l11638.htm. Acesso
em: 30 out. 2018.
BRASIL. Conselho Federal de Contabilidade. Resolução n. 1.157, de 13 de fevereiro de 2009. Diário Oficial
da União, Brasília, DF, 17 fev. 2009a. Disponível em: http://www1.cfc.org.br/sisweb/SRE/docs/Res_1157.pdf.
Acesso em: 5 nov. 2018.
BRASIL. Conselho Federal de Contabilidade. Resolução n. 1.185, de 28 de agosto de 2009. Diário Oficial da
União, Brasília, DF, 15 set. 2009b. Disponível em: http://www1.cfc.org.br/sisweb/SRE/docs/RES_1185.pdf.
Acesso em: 30 out. 2018.
BRASIL. Conselho Federal de Contabilidade. Resolução n. 1.376, de 8 de dezembro de 2011. Diário Oficial
da União, Brasília, DF, 16 dez. 2011. Disponível em: http://www1.cfc.org.br/sisweb/SRE/docs/Res_1376.pdf.
Acesso em: 5 nov. 2018.
MARTINS, E. et al. Manual de contabilidade societária. 2. ed. São Paulo: Atlas, 2013.
6
Demonstrações Contábeis:
Demonstração do Resultado do Exercício
(Continua)
Demonstrações Contábeis: Demonstração do Resultado do Exercício 59
Martins et al. (2013, p. 561) afirmam que por decorrência desse pressuposto:
a) a receita de venda é contabilizada por ocasião da transferência dos riscos e
benefícios, e não quando de seu recebimento;
b) a despesa de pessoal (salários e seus encargos) é reconhecida no mês em que
se recebeu tal prestação de serviços, mesmo sendo paga no mês seguinte;
c) uma compra de matéria-prima é contabilizada quando do recebimento da
mercadoria e não quando de seu pagamento;
d) a despesa do Imposto de Renda é registrada no mesmo período dos lucros a
que se refere e não no exercício seguinte, quando é declarada e paga.
60 Contabilidade
(=) Resultado do exercício (lucro ou prejuízo) antes dos tributos sobre o lucro
resultado. Vale dizer que todas as áreas e serviços são necessários e úteis para a empresa atingir
um resultado positivo, caso contrário, os recursos consumidos seriam efetivamente desperdiçados.
O esforço da empresa para gerar um resultado operacional positivo pode ficar comprometi-
do quando se considera a remuneração paga aos capitais de terceiros onerosos (como empréstimos
e financiamentos bancários), pois essa remuneração é fixa (possui juros e variação monetária) e
poderá consumir todo o resultado operacional, caso o montante seja elevado.
Do resultado operacional, parte será consumida pela tributação (tributos sobre o lucro).
Nesse caso, a empresa pouco ou nada poderá fazer para minimizar o efeito em seu resultado, já
que é obrigada a contribuir com o governo em um percentual fixo sobre o resultado operacional.
Sintetizando, pode-se afirmar que todos os agentes que contribuem para o resultado serão
remunerados – fornecedores, empregados, governo, bancos etc. – e o objetivo maior da empresa é
estabelecer um modelo de gestão que lhe permita gerar receitas sempre em volume superior à remu-
neração que deve pagar aos que contribuem direta e indiretamente para a consecução desse objetivo.
O Quadro 3 representa o conteúdo de cada uma das contas do Resultado:
Quadro 3 – Conteúdo das contas
Pode aparecer com outros nomes: Vendas Líquidas ou Receita Operacional Líqui-
da. Contém as receitas provenientes das vendas de produtos ou da prestação de
serviços oriundos da atividade operacional da empresa, já deduzidas de impostos
Receita Líquida de Vendas e devoluções. O saldo dessa conta é resultado das vendas brutas deduzidas dos
impostos e devoluções.
É a conta de receita mais importante para a análise financeira, pois gera os recursos
financeiros para gerenciamento do fluxo de caixa.
Custos de produtos vendidos, São todos os custos incorridos no processo de fabricação do produto, na aquisição
serviços prestados e da mercadoria para revenda ou na prestação de serviços. Esse valor é sempre resul-
mercadorias vendidas tante da venda de estoque e representa o valor do custo do estoque que foi vendido.
Neste grupo deve ser demonstrado o ganho ou a perda bruta da atividade (seja
industrial, comercial ou de serviços). Mede a rentabilidade bruta, ou seja, o quanto
Resultado Bruto ou a empresa ganhou com a atividade de comprar, produzir ou comercializar as merca-
Lucro Bruto dorias ou produtos e, portanto, indica a possibilidade de cobertura dos demais gas-
tos (despesas operacionais, tributação, despesas financeiras), e de um resultado
líquido positivo, capaz de remunerar o capital que os sócios investiram na atividade.
Constituídas pela atualização monetária ou variação cambial que incide sobre Ati-
Variações monetárias e vos, como aplicações financeiras e depósitos judiciais que estejam no Ativo Circu-
cambiais ativas lante ou no Ativo não Circulante. As variações monetárias são registradas mesmo
que não tenham sido recebidas até a data do Balanço.
Pode ser receita ou despesa. Representa o lucro ou prejuízo das empresas coli-
gadas ou controladas. Se for receita, as coligadas ou controladas deram lucro no
período. Se for despesa, as coligadas ou controladas deram prejuízos. O mesmo
Equivalência patrimonial
valor que aparece na DRE é somado (se for receita) ou deduzido (se for despesa)
da conta de investimentos no Ativo não Circulante, pois representa um ganho ou
uma perda desses investimentos.
Atividades
1. De acordo com a Lei n. 6.404/1976 (BRASIL, 1976), é correta a classificação do Resultado
Financeiro Líquido que corresponde às receitas financeiras deduzidas das despesas financei-
ras – como operacional? Justifique.
2. Qual é o tratamento contábil dado no resultado aos encargos financeiros passivos prefixados?
Referências
BRASIL. Lei n. 6.404, de 15 de dezembro de 1976. Diário Oficial da União, Poder Executivo, Brasília, DF, 17
dez. 1976. Disponível em: www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L6404consol.htm. Acesso em: 24 out. 2018.
BRASIL. Comitê de Pronunciamentos Contábeis. Pronunciamentos Técnicos Contábeis 2012. Brasília, DF:
Conselho Federal de Contabilidade, 2013. Disponível em: http://portalcfc.org.br/wordpress/wp-content/
uploads/2013/06/cpc_pronunciamentos_2012_web.pdf. Acesso em: 25 out. 2018.
MARTINS, E. et al. Manual de Contabilidade societária. 2. ed. São Paulo: Atlas, 2013.
7
Operações contábeis
Existem algumas operações contábeis que em razão da relevância e de uma relativa com-
plexidade na definição dos valores envolvidos merecem um maior destaque. Afinal, quando se
verifica o impacto que as despesas com depreciação e o custo das mercadorias vendidas causam no
resultado das entidades, é prudente que se utilizem critérios extremamente consistentes e objetivos
no cálculo e contabilização desses valores.
7.1.1.1 Periódico
O inventário periódico é um tipo de inventário em que a empresa não realiza registros a cada
entrada e saída de itens do almoxarifado, por isso, quando é necessário apurar o valor do custo das
mercadorias vendidas, deve-se efetuar um inventário do estoque, apurando os saldos iniciais e finais,
contemplando também o valor das compras efetuadas no período de acordo com a seguinte fórmula:
66 Contabilidade
7.1.1.2 Permanente
No controle permanente de estoque, a empresa conta com um sistema que lhe permite
verificar e controlar cada unidade adquirida e baixada do almoxarifado. Se esse sistema esti-
ver integrado à contabilidade, será ainda melhor, porque a cada movimentação gerada haverá a
contabilização concomitante nas contas contábeis do Ativo (estoque) e do Resultado (custo das
mercadorias vendidas).
mediante identificação física desse bem. Um exemplo de atividade que poderá utilizar esse método
é uma revenda de veículos; nessa situação, a quantidade, o valor ou a própria característica da mer-
cadoria ou material permitem a identificação do valor de aquisição do bem, não sendo necessário
outro controle para se saber o seu custo de aquisição. Nesses casos é facilmente identificável o item
que está sendo baixado do estoque e seu respectivo valor de custo.
Imaginemos agora uma loja de calçados. No dia 15 de um determinado mês, a empresa
adquire 100 pares de um modelo específico cujo custo unitário foi de R$ 50,00. No dia 16 do
mesmo mês, faz mais uma compra de 120 pares ao custo unitário de R$ 52,00. No dia 20, vende
150 pares desse modelo por R$ 230,00. O valor da venda não é relevante para o controle de es-
toque, pois refere-se à receita da venda, porém quanto será o custo das mercadorias vendidas?
Qual será o valor unitário atribuído a cada par na baixa do estoque? É isso que estudaremos
agora em cada método de controle.
– – – – – – – – – –
(Continua)
Operações contábeis 69
– – – – – – – – – –
Observe que as baixas foram efetuadas buscando-se o valor das primeiras entradas a custo
unitário de R$ 20,00. Neste caso, permaneceram no estoque os itens relativos às últimas entradas,
com custo unitário de R$ 22,00. A Tabela 2 mostra a aplicação do Método UEPS:
Tabela 2 – Método UEPS (último que entra é o primeiro que sai)
– – – – – – – – – –
– – – – – – – – – –
Aqui as baixas foram efetuadas atribuindo aos itens o valor das últimas entradas a um custo
unitário de R$ 22,00 (houve um aumento de preço entre uma compra e outra). Permaneceram no
estoque os itens relativos às primeiras entradas, com custo unitário de R$ 20,00.
70 Contabilidade
– – – – – – – – – –
– – – – – – – – – –
– – – – – – – – – –
Esse é o critério mais utilizado, pois considera a média do custo entre o saldo atual do esto-
que e o valor das entradas, não necessitando de um controle por lote de compras, como exigido nos
métodos anteriores. A Tabela 4, finalmente, estabelece um comparativo entre os métodos:
Tabela 4 – Comparação entre os métodos
Comparando o efeito no Ativo e no resultado, pode-se inferir que em uma situação de leve
aumento no preço das mercadorias, tem-se:
Para concluir, podemos considerar que tão importante quanto o controle físico e contábil
dos estoques é o critério de atribuição de valor às unidades baixadas, pois o valor total das baixas
irá compor o CMV (o custo das mercadorias vendidas) e afetará o lucro da empresa consecutiva-
mente. Assim, cabe cuidado e planejamento ao se decidir por um ou outro método.
Operações contábeis 71
7.3 Depreciação
A palavra depreciação significa perda de valor de alguma coisa ou redução da capacidade de
geração de benefícios, no caso de ativos. A depreciação dos bens do Imobilizado, que corresponde
à diminuição do valor dos bens ali classificados, tem como causas fundamentais o uso, a ação da
natureza e a obsolescência.
Esses bens, sendo utilizados pela empresa, desgastam-se e perdem o valor. Contabilmente, a
depreciação significa a alocação (distribuição) em despesa do valor investido em um bem durante
o período de sua vida útil, que é uma estimativa.
O uso corresponde ao fator mais comum de depreciação, pois os bens do Imobilizado são
adquiridos com o objetivo de uma utilização que confira suporte físico às atividades da companhia.
Toma-se como exemplo um veículo adquirido, decorridos alguns anos, esse veículo, em utilização
diária, não terá o mesmo rendimento de quando estava novo, perdendo utilidade.
A ação da natureza exerce uma influência na redução de utilidade dos bens, posto que mes-
mo não sendo utilizado com frequência, um bem se desgasta e se consome naturalmente com o
passar do tempo. No exemplo anterior, o desgaste natural se daria em virtude de o veículo ficar
exposto ao sol, à chuva e a outros eventos que lhe reduziriam a capacidade de gerar benefícios.
Já a obsolescência diz respeito a uma perda de utilidade dos bens em relação a outros de
mesma natureza que estejam tecnologicamente mais avançados. Exemplo característico dos tem-
pos modernos são os computadores: a cada intervalo curto de tempo surgem novas e mais potentes
máquinas, com produtividade e eficiência superiores àquelas já existentes.
Os itens mais comuns que podem ser encontrados como imobilizados e estão sujeitos à
depreciação são, entre outros:
• computadores;
• imóveis (construções);
• instalações;
• móveis e utensílios;
• veículos;
• máquinas;
• equipamentos.
A empresa, ao efetuar um investimento de recursos em um bem que terá uma duração
prolongada por vários períodos contábeis, proporcionará direta ou indiretamente a geração de
receitas ao longo desse período, chamado de vida útil. Esse investimento é classificado como
Ativo Imobilizado.
Com base na definição de vida útil, a empresa define os percentuais de depreciação, por
exemplo: veículo – vida útil estimada 5 anos; percentual de depreciação 20% ao ano ou o equiva-
lente a 1,67% ao mês.
72 Contabilidade
O primeiro passo para se calcular a depreciação é estimar a vida útil do bem e fixar a taxa
anual de depreciação e o seu percentual equivalente ao mês, esses dados são estimados pela pró-
pria entidade. Os prazos anualmente considerados, bem como as respectivas taxas de depreciação
podem ser, por exemplo:
• imóveis, exceto terrenos: vida útil de 25 anos;
• percentual anual 4%;
• instalações: 10 anos – 10% ao ano;
• móveis e utensílios: 10 anos – 10% ao ano.
Estabelecido o tempo de vida útil do bem e a sua respectiva taxa de depreciação, deve-se
verificar qual método de depreciação será utilizado.
O método mais comum e prático é denominado de método linear, que consiste na utili-
zação de taxas constantes durante o tempo de vida útil estimado para o bem. Por exemplo, se o
tempo de vida útil de um bem foi determinado em 10 anos, a taxa anual de depreciação será de
10%. Este método também é conhecido como método das quotas constantes e, de acordo com
Almeida (2018, p. 69), ele “repousa na premissa de que a eficiência do equipamento é constante
durante os anos”.
A depreciação deve ser calculada e contabilizada mensalmente, assim o valor da quota men-
sal é obtido dividindo-se o valor da quota anual por 12. A depreciação pode ainda ser normal ou
acelerada, diferenciando-se tão somente em relação à taxa aplicada, que poderá variar conforme
o número de turnos de utilização do bem a ser depreciado (cada turno corresponde a um período
de oito horas).
Assim, se o bem for utilizado durante um único turno, a ele será aplicada a taxa normal; se
for utilizado durante dois turnos, será aplicada a taxa multiplicada pelo coeficiente 1,5; e se for uti-
lizado durante três turnos, será aplicada a taxa multiplicada pelo coeficiente 2,0. Veja um exemplo:
Tabela 5 – Controle do imobilizado e da depreciação
Depreciação Depreciação
Item Percentual Valor do bem
anual mensal
A contabilização deve ser efetuada sempre a débito da despesa de depreciação, com o crédi-
to correspondente na depreciação acumulada por natureza de Imobilizado, sendo esta uma conta
redutora da conta principal, que registra o bem no Imobilizado, conforme exemplo da Tabela 6.
Tabela 6 – Lançamento contábil da depreciação de veículos
Por valor provável de realização entende-se a quantidade de moeda que se poderá obter no
recebimento desses créditos. Sabe-se que todo o recebível tem um risco, maior ou menor, de não
realização financeira. As empresas devem, nesses casos, efetuar uma provisão para atender a uma
possível perda no recebimento desses créditos.
A provisão, feita com fundamento em uma estimativa de risco, será contabilizada como
redução do saldo dos créditos com clientes, com o objetivo de evidenciar que a carteira de créditos
está mensurada pelo seu valor provável de realização financeira. A contrapartida é um débito na
conta Despesa com provisão para créditos de liquidação duvidosa, que será lançada no grupo das
despesas comerciais na Demonstração do Resultado do Exercício.
Ao final de cada exercício social ou mensalmente – o que é mais indicado –, é permitido que
as empresas constituam a provisão para créditos de liquidação duvidosa. Contabilmente, pode-se
utilizar qualquer critério para quantificar o valor da perda estimada, já que a legislação fiscal não
aceita como dedutível essa despesa.
74 Contabilidade
O mais comum é a aplicação de um percentual sobre o montante dos direitos existentes nes-
sa data, embora o setor financeiro (que gerencia a carteira de clientes) e o departamento contábil
devam sempre efetuar uma análise criteriosa dessa carteira para que a provisão expresse o mais
fielmente possível esse valor potencial de perda.
A análise poderá levar em conta as perdas históricas, o perfil dos clientes com os quais
ocorreram as maiores e mais frequentes perdas e a situação atual de clientes que estejam em
dificuldades financeiras, ou até mesmo em vias de pedir recuperação judicial ou falência. O im-
portante é que o valor líquido expresso nos créditos a receber seja aquele que terá a maior pro-
babilidade de gerar entradas de caixa para a empresa.
Poderão compor a base de cálculo dessa provisão os direitos oriundos da exploração da ati-
vidade econômica da empresa, decorrentes da venda de bens nas operações de contas próprias, dos
serviços prestados e das operações de conta alheia (operações em que a empresa recebe comissões,
como representante de produtos de terceiros), normalmente contabilizados nas contas Duplicatas
a Receber ou Clientes.
Veja a seguir uma carteira de clientes com valores a receber totalizando R$ 450.000,00. Para
se calcular a estimativa de perda e contabilizar a respectiva provisão, é importante estabelecer um
diálogo com a área gestora da carteira (departamento financeiro) a fim de mensurar o risco de
perda com mais confiabilidade.
Tabela 7 – Contas a receber (Data-base: 31/12/2017)
Contas a receber
Clientes Valor
Mercedes R$ 25.000,00
Belgo R$ 31.360,00
Becton R$ 18.200,00
Fresenius R$ 11.400,00
Baxter R$ 6.340,00
Paraibuna R$ 17.700,00
Bandeirantes R$ 38.400,00
Derminas R$ 55.000,00
Aimorés R$ 61.600,00
Eldorado R$ 65.000,00
Madeireira R$ 35.000,00
TOTAL R$ 450.000,00
Aimorés
35470 20/12/16 – R$ 61.600,00 – – R$ 61.600,00
Ltda.
Ind.
35458 20/10/16 – – – R$ 60.000,00 R$ 60.000,00
Palmeiras
Ind.
35467 25/11/16 – – R$ 25.000,00 – R$ 25.000,00
Palmeiras
Madereira
35465 19/11/17 – – R$ 35.000,00 – R$ 35.000,00
Ltda.
Tabela 9 – Lançamento contábil da provisão para créditos de liquidação duvidosa com valor estimado de perda
Vale ressaltar que a análise da carteira de recebíveis deve ser efetuada mensalmente, aplicando
os ajustes, pois os riscos e valores se alteram com o tempo.
Se ocorrer a perda efetiva – por falência do cliente, por exemplo – ou caso se esgotem as
possibilidades de recebimento, deve ser efetuada a baixa dos respectivos títulos, pois eles deixam
de representar benefícios para empresa, isto é, entradas de caixa.
Para a contabilização da perda efetiva, considere que a possibilidade de recebimento dos cré-
ditos vencidos com o cliente Derminas, por exemplo, foi esgotada. Procede-se então à baixa efetiva:
Tabela 10 – Lançamento contábil de baixa
Atividades
1. Por que uma entidade deve constituir provisão para créditos de liquidação duvidosa?
Justifique.
2. Como devem ser definidos os percentuais de depreciação dos bens do Ativo Imobilizado?
3. Qual deve ser o procedimento contábil em relação aos créditos considerados incobráveis?
Referências
ALMEIDA. J. E. F. et al. Contabilidade das pequenas e médias empresas. Rio de Janeiro: Campus, 2014.
ALMEIDA, M. C. Contabilidade societária. São Paulo: Atlas, 2018.
BRASIL. Lei n. 6.404, de 15 de dezembro de 1976. Diário Oficial da União, Poder Executivo, Brasília, DF,
17 dez. 1976. Disponível em: www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L6404consol.htm. Acesso em: 24 out. 2018.
8
Demonstração do Resultado Abrangente e
Demonstração das Mutações do Patrimônio Líquido
(Continua)
80 Contabilidade
acumulado –, o art. 186, parágrafo 2º da lei indica que: “A demonstração de lucros ou prejuízos
acumulados deverá indicar o montante do dividendo por ação do Capital Social e poderá ser in-
cluída na Demonstração das Mutações do Patrimônio Líquido, se elaborada e publicada pela com-
panhia” (BRASIL, 1976).
Nesse sentido, as empresas preferem elaborar a Demonstração das Mutações do Patrimônio
Líquido (DMPL), que é a demonstração que apresenta o lucro ou o prejuízo do período; os itens
de receita e despesa reconhecidos diretamente no Patrimônio Líquido do período; os efeitos das
alterações na política contábil e a correção de erros reconhecidos no período; e as quantias
das transações com sócios, em condição de sócios, durante o período. A entidade deve apresen-
tar a DMPL contendo:
(a) o resultado abrangente do período, apresentando separadamente o mon-
tante total atribuível aos proprietários da entidade controladora e o montante
correspondente à participação dos não controladores;
(b) para cada componente do Patrimônio Líquido, os efeitos da aplicação
retrospectiva ou da reapresentação retrospectiva, reconhecidos de acordo
com o Pronunciamento Técnico CPC 23 – Políticas Contábeis, Mudança de
Estimativa e Retificação de Erro;
(c) [eliminado];
(d) para cada componente do Patrimônio Líquido, a conciliação do saldo
no início e no final do período, demonstrando separadamente as mutações
decorrentes
(i) do resultado líquido;
(ii) de cada item dos outros resultados abrangentes; e
(iii) de transações com os proprietários realizadas na condição de proprie-
tário, demonstrando separadamente suas integralizações e as distribuições
realizadas, bem como modificações nas participações em controladas que
não implicaram perda do controle. (CPC, 2013, p. 639)
A DMPL, embora não seja uma demonstração contábil obrigatória por força da Lei n.
6.404/1976 (BRASIL, 1976), teve sua publicação exigida para as companhias abertas por disposição
da Comissão de Valores Mobiliários1 (CVM) na Instrução n. 59/1986 (BRASIL, 1986).
No entanto, a partir do vigor do Pronunciamento CPC 26 – Apresentação das Demonstrações
Contábeis (BRASIL, 2013), aprovado pela Deliberação n. 676/2011 (BRASIL, 2011) e tornado obri-
gatório para as demais entidades, pela Resolução n. 1.185/2009 (BRASIL, 2009), pode-se dizer que
a Demonstração das Mutações do Patrimônio Líquido já faz parte do conjunto de demonstrações
obrigatórias para todas as empresas.
1 A Comissão de Valores Mobiliários é uma autarquia federal, vinculada ao Ministério da Fazenda, criada com o obje-
tivo de fiscalizar, normatizar, disciplinar e desenvolver o mercado de valores mobiliários no Brasil.
82 Contabilidade
Note que as transações listadas são aquelas mais comumente executadas pelas empresas,
destacando também que algumas delas não influenciam no valor do Patrimônio Líquido, pois se
compensam, como no exemplo em que há um aumento do Capital Social pela incorporação de
reservas de lucros.
Como são valores constantes do Patrimônio Líquido, quando é feita a incorporação ao capi-
tal há apenas uma transferência interna, o que não modifica a riqueza líquida da empresa, porém
deve constar da DMPL.
Reservas
– Reservas de lucros –
Contabilidade
de capital
Constituição
– – R$ 57.417,00 R$ 605.916,00 (R$ 663.333,00) – –
de reservas
Dividendos
– – – – (R$ 485.000,00) – (R$ 485.000,00)
propostos
Constituição
– – R$ 51.031,00 R$ 470.686,00 (R$ 521.717,00) – –
de reservas
Capitalização
R$ 1.017.274,00 – – (R$ 1.017.274,00) R$ 2.015,00 – R$ 2.015,00
de reservas
Dividendos
– – – – (R$ 498.900,00) – (R$ 498.900,00)
propostos
Balanço Patrimonial
Ativo não Circulante R$ 15.419.650,00 R$ 13.701.642,00 Passivo não Circulante R$ 4.993.314,00 R$ 4.026.805,00
Empréstimos/
Realizável a Longo Prazo R$ 5.939.512,00 R$ 4.805.293,00 R$ 2.057.985,00 R$ 1.280.982,00
Financiamentos
Investimentos R$ 549.158,00 R$ 483.450,00 Provisões e outros R$ 2.935.329,00 R$ 2.745.823,00
Imobilizado R$ 7.209.123,00 R$ 6.663.945,00 – – –
Intangível R$ 1.721.857,00 R$ 1.748.954,00 – – –
Atribuível a acionistas
– – – R$ 11.826.694,00 R$ 11.030.123,00
controladores
Atribuível a acionistas
– – – R$ 242.834,00 R$ 265.703,00
não controladores
Demonstração do Resultado Abrangente e Demonstração das Mutações do Patrimônio Líquido
Como em todos os relatórios obrigatórios por lei ou por norma específica da CVM ou do
CFC, os valores devem ser apresentados comparativamente ao exercício anterior. Vê-se que a
Demonstração das Mutações do Patrimônio Líquido apresenta de maneira clara e objetiva as modi-
ficações ocorridas no valor total do Patrimônio Líquido, o que não seria possível em outro relatório.
Para melhor compreensão da importância de cada demonstração e da integração dos relató-
rios objetos de estudo neste capítulo, fizemos uso de um exemplo.
Veja que foram demonstrados o Balanço Patrimonial, a Demonstração do Resultado
do Exercício, a Demonstração do Resultado Abrangente e a Demonstração das Mutações do
Patrimônio Líquido.
O Patrimônio Líquido da empresa experimentou um crescimento do ano de 2016 para 2017
no valor de R$ 773.702,00 (em 31/12/2016 era de R$ 11.295.826,00, em 31/12/2017 passou a ser de
R$ 12.069.528,00). Para o usuário (acionista, sócio, analistas etc.) ou um simples leitor da demons-
tração, a mera diferença matemática não traz explicações objetivas e úteis sobre as variáveis do gru-
po que causaram a evolução do valor de um período para o outro. Portanto, é essa diferença entre
Patrimônios Líquidos de períodos distintos que será explicada pela Demonstração das Mutações
do Patrimônio Líquido.
A Demonstração das Mutações do Patrimônio Líquido apresenta como primeira conta o lu-
cro do exercício, informação oriunda da Demonstração do Resultado, como veremos na Tabela 4.
Tabela 4 – Exemplo de Demonstração do Resultado do Exercício
– Reservas de lucros – – –
Reservas Ajustes de avalia- Reserva de reten- Lucros Total Acionistas não Total
Capital Social Reserva legal
de capital ção patrimonial ção de lucros acumulados controladora controladores consolidado
Saldo em 1º de
R$ 4.460.00,00 R$ 838.340,00 R$ 1.660.634,00 R$ 428.912,00 R$ 2.908.112,00 – R$ 10.295.998,00 R$ 228.365,00 R$ 10.524.36,003
janeiro de 2016
Lucro Líquido do
– – – – – R$ 987.807,00 R$ 987.807,00 R$ 22.474,00 R$ 1.010.281,00
Exercício
Outros resultados
– – – – – – – – –
abrangentes
Ajustes relativos a
ativos financeiros
– – R$ 1.999,00 – – – R$ 1.999,00 – R$ 1.999,00
disponíveis para
venda
Resultado abran-
gente total do – – R$ 1.999,00 – – R$ 987.807,00 R$ 989.806,00 R$ 22.474,00 R$ 1.012.280,00
exercício
Realização dos
ajustes de avalia- – – (R$ 103.117,00) – – R$ 103.117,00 – – –
ção patrimonial
Demonstração do Resultado Abrangente e Demonstração das Mutações do Patrimônio Líquido
(Continua)
87
88
– Reservas de lucros – – –
Reservas Ajustes de avalia- Reserva de reten- Lucros Total Acionistas não Total
Capital Social Reserva legal
de capital ção patrimonial ção de lucros acumulados controladora controladores consolidado
Aumento de
R$ 2.450.000,00 (R$ 838.340,00) – – (R$ 1.611.660,00) – – – –
Contabilidade
Capital Social
Adiantamento para
futuro aumento de – – – – – – – R$ 30.813,00 R$ 30.813,00
capital
Reserva de reten-
– – – – R$ 785.853,00 (R$ 785.853,00) – – –
ção de lucros
Saldo em 31 de
R$ 6.910.000,00 – R$ 1.559.516,00 R$ 478.302,00 R$ 2.082.305,00 – R$ 11.030.123,00 R$ 265.703,00 R$ 11.295.826,00
dezembro de 2016
Lucro líquido do
– – – – – R$ 1.157.690,00 R$ 1.157.690,00 R$ 19.164,00 R$ 1.176.854,00
exercício
Outros resultados
– – – – – – – – –
abrangentes
Ajustes relativos a
ativos financeiros
– – R$ 876,00 – – – R$ 876,00 – R$ 876,00
disponíveis para
venda
(Continua)
Atribuível aos acionistas da empresa controladora
– Reservas de lucros – – –
Reservas Ajustes de avalia- Reserva de reten- Lucros Total Acionistas não Total
Capital Social Reserva legal
de capital ção patrimonial ção de lucros acumulados controladora controladores consolidado
Resultado
abrangente total – – R$ 876,00 – – R$ 1.157.690,00 R$ 1.158.566,00 R$ 19.164,00 R$ 1.177.730,00
do exercício
Realização dos
ajustes de avalia- – – (R$ 103.311,00) – – R$ 103.311,00 – – –
ção patrimonial
Devolução de
adiantamento para
– – – – – – – (R$ 30.813,00) (R$ 30.813,00)
futuro aumento de
capital
Reserva de reten-
– – – – R$ 841.121,00 (R$ 866.900,00) (R$ 25.779,00) – (R$ 25.779,00)
ção de lucros
Saldo em 31 de de-
R$ 6.910.000,00 – R$ 1.457.081,00 R$ 536.187,00 R$ 2.923.396,00 – R$ 11.826.694,00 R$ 242.834,00 R$ 12.069.528,00
zembro de 2017
Fonte: Elaborada pelo autor.
Demonstração do Resultado Abrangente e Demonstração das Mutações do Patrimônio Líquido
89
90 Contabilidade
Percebe-se agora que fica fácil explicar a variação no Patrimônio Líquido, lembrando que
aqui só interessa aquela mutação que altera o valor final do Patrimônio Líquido, pois as variações
que se compensam dentro do grupo não influenciam, obviamente, na definição do seu saldo final.
Como exemplo podemos citar a constituição da reserva legal no valor de R$ 57.885,00 e a
reserva de retenção de lucros no valor de R$ 866.900,00. O aumento na riqueza líquida do sócio
(variação do Patrimônio Líquido de 2016 para 2017) deveu-se basicamente ao acréscimo pelo lu-
cro do período, somado a outros resultados abrangentes – R$ 1.177.730,00 (DRA) – e a redução
pela proposição de dividendos no valor de R$ 347.436,00 (contrapartida do Passivo Exigível).
Observe o valor de R$ 876,00; relativo a outros resultados abrangentes, classificado no
Patrimônio Líquido e que será desmembrado na próxima demonstração, a própria DRA.
Tabela 6 – Exemplo de Demonstração do Resultado Abrangente
31/12/2017 31/12/2016
Tributos sobre ganhos (perdas) com Ativos financeiros (R$ 451,00) (R$ 1.030,00)
Vamos nos fixar na compreensão do ano de 2017, cujo valor líquido total de outros resulta-
dos abrangentes foi de R$ 876,00. A Demonstração do Resultado Abrangente inicia-se com o valor
do lucro líquido do exercício.
No caso em destaque, o valor dos outros resultados abrangentes foi relativo ao ajuste de
avaliação patrimonial, decorrente de ganhos e perdas na remensuração de Ativos financeiros dis-
poníveis para venda, conforme preconiza textualmente o CPC 26 (BRASIL, 2013).
Como o valor não foi significativo, a influência do resultado abrangente no resultado do
período (que foi incluído no Patrimônio Líquido) não foi relevante, não requerendo, nesse caso,
mais considerações.
Demonstração do Resultado Abrangente e Demonstração das Mutações do Patrimônio Líquido 91
É importante lembrar também que esses valores que compõem o resultado abrangente
são de difícil e incerta realização financeira, razão pela qual, em respeito à prudência, não são
classificados diretamente no resultado do exercício. Entretanto, sua classificação diretamente no
Patrimônio Líquido permitirá ao sócio o acompanhamento do reflexo no resultado de operações
de risco elevado e realização financeira de longo prazo.
Atividades
1. Qual é a característica principal da Demonstração do Resultado Abrangente?
2. Indique duas informações úteis aos sócios que podem ser obtidas na análise da Demonstra-
ção das Mutações do Patrimônio Líquido.
Referências
BRASIL. Lei n. 6.404, de 15 de dezembro de 1976. Diário Oficial da União, Poder Executivo, Brasília, DF,
17 dez. 1976. Disponível em: www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L6404consol.htm. Acesso em: 24 out. 2018.
BRASIL. Comissão de Valores Mobiliários. Instrução n. 59, de 22 de dezembro de 1986. Diário Oficial da
União, Brasília, DF, 30 dez. 1986. Disponível em: http://www.cvm.gov.br/legislacao/instrucoes/inst059.html.
Acesso em: 12 nov. 2018.
BRASIL. Lei n. 11.638, de 28 de dezembro de 2007. Diário Oficial da União, Poder Executivo, Brasília, DF,
28 dez. 2007. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2007/lei/l11638.htm.
Acesso em: 30 out. 2018.
BRASIL. Conselho Federal de Contabilidade. Resolução n. 1.185, de 28 de agosto de 2009. Diário Oficial
da União, Brasília, DF, 15 set. 2009. Disponível em: http://www2.cfc.org.br/sisweb/sre/detalhes_sre.aspx?
Codigo=2009/001185&arquivo=Res_1185.doc. Acesso em: 12 nov. 2018.
BRASIL. Comissão de Valores Mobiliários. Deliberação n. 676, de 13 de dezembro de 2011. Diário Oficial da
União, Brasília, DF, 15 dez. 2011. Disponível em: http://www.cvm.gov.br/legislacao/deliberacoes/deli0600/
deli676.html. Acesso em: 12 nov. 2018.
BRASIL. Comitê de Pronunciamentos Contábeis. Pronunciamentos Técnicos Contábeis 2012. Brasília, DF:
Conselho Federal de Contabilidade, 2013. Disponível em: http://portalcfc.org.br/wordpress/wp-content/
uploads/2013/06/cpc_pronunciamentos_2012_web.pdf. Acesso em: 25 out. 2018.
BRASIL. Comitê de Pronunciamentos Contábeis. Pronunciamento técnico PME: contabilidade para peque-
nas e médias empresas. 2009. Disponível em: https://cfc.org.br/wp-content/uploads/2016/02/CPC_PME.
pdf. Acesso em: 19 nov. 2018.
MARTINS, E. et al. Manual de contabilidade societária. 2. ed. São Paulo: Atlas, 2013.
9
Demonstração dos Fluxos de Caixa e
Demonstração do Valor Adicionado
1 É importante lembrar o que é regime de competência adotado pela contabilidade e regime de caixa adotado pelo admi-
nistrador financeiro. O regime de competência é utilizado para apurar o resultado econômico e mensurar a rentabilidade das
operações. As receitas são reconhecidas no momento da venda e as despesas no momento em que ocorrem. Assim, esse re-
gime coincide com o ciclo econômico. A liquidez da empresa é a sua capacidade de honrar compromissos financeiros de curto
prazo. O regime de caixa é adotado pelo administrador financeiro para planejar e controlar as necessidades e sobras de caixa,
apurando o resultado financeiro (superavits e deficits de caixa). Por esse regime, as receitas são reconhecidas no momento
efetivo em que ocorrem os recebimentos dos recursos e as despesas no momento em que ocorrem os pagamentos. Esses
dois regimes não são conflitantes, na verdade, eles são interdependentes e complementares.
Demonstração dos Fluxos de Caixa e Demonstração do Valor Adicionado 95
A adequada gestão do caixa consiste em criteriosa análise dos fatores que o levam a deter-
minado comportamento. A análise permite saber se a empresa está sendo capaz de gerar recursos
suficientes para o financiamento de suas atividades, amortizações de dívidas e investimentos, mos-
trando o seu grau de independência financeira.
Vale lembrar, no entanto, que o fluxo de caixa da empresa não depende exclusivamente do admi-
nistrador financeiro e sim da sinergia do conjunto de todas as áreas. Matarazzo (2009, p. 309) cita que ele
decorre de múltiplas decisões (de diferentes áreas), como nível de estocagem,
prazos concedidos aos clientes, prazos obtidos de fornecedores, expansão, es-
tabilização ou redução do volume de atividades (produção e vendas), investi-
mentos no Ativo permanente, bem como as possibilidades de aporte de capital.
Para a adequada gestão dos recursos, é imprescindível um fluxo de caixa que contemple to-
das as previsões de entradas e saídas e permita também observar eventuais distorções importantes
entre o previsto e o realizado para as necessárias correções.
Empresa Exemplo
2017
(Continua)
Demonstração dos Fluxos de Caixa e Demonstração do Valor Adicionado 97
Empresa Exemplo
2017
Observe que o fluxo de caixa tem início pelos recebimentos e pagamentos de itens com
relação direta com a atividade operacional, em seguida contempla as entradas pelos empréstimos
e saídas pelas amortizações – tanto de empréstimos quanto de financiamentos – e termina com a
informação de pagamentos relativos aos investimentos efetuados. Considerado de fácil compreen-
são e utilização, é um método utilizado na gestão diária do fluxo de caixa.
Empresa Exemplo
2017
R$ 3.740,00
Empresa Exemplo
2017
1 – RECEITAS
1.1 – Vendas de mercadorias, produtos e serviços (inclui tributos)
1.2 – Outras receitas
1.3 – Receitas relativas à construção de Ativos próprios
Veja também uma aplicação do modelo da Demonstração do Valor Adicionado (DVA) pu-
blicada pela Eletrobras, empresa de capital aberto controlada pelo governo brasileiro que atua nas
áreas de geração, transmissão e distribuição de energia elétrica. A empresa demonstra sua efetiva
Demonstração dos Fluxos de Caixa e Demonstração do Valor Adicionado 101
contribuição, dentro de uma visão global de desempenho, para a geração de riqueza na economia
em que está inserida, sendo resultado do esforço conjugado de todos os seus fatores de produção.
No exemplo a seguir, é possível perceber que a DVA é um importante índice de avaliação
do desempenho social, à medida que demonstra na distribuição da riqueza gerada a participação
dos empregados, do governo, dos agentes financiadores e dos acionistas. Na Tabela 3, verifica-se a
geração da riqueza, e na Tabela 4 a distribuição dessa riqueza.
Tabela 3 – DVA das empresas Eletrobras em R$ mil (Data-base: 31/12/2017)
2017 2016
Receitas (despesas)
18.428.922 31.492.068
Retenções
16.677.619 29.648.283
24.521.165 43.985.720
Tabela 4 – Distribuição do Valor Adicionado das Empresas Eletrobras em R$ mil (Data-base: 31/12/2017)
2017 2016
Pessoal
Tributos
Terceiros
Acionistas
24.521.165 43.985.720
2017 2016
Acionistas (7%) 8%
Atividades
1. Indique uma diferença entre o método direto e método indireto de fluxo de caixa.
3. Indique duas operações que podem aumentar a geração de caixa da empresa sem impactar
no seu endividamento.
Referências
BRASIL. Lei n. 6.404, de 15 de dezembro de 1976. Diário Oficial da União, Poder Executivo, Brasília, DF,
17 dez. 1976. Disponível em: www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L6404consol.htm. Acesso em: 24 out. 2018.
BRASIL. Lei n. 11.638, de 28 de dezembro de 2007. Diário Oficial da União, Poder Executivo, Brasília, DF,
28 dez. 2007. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2007/lei/l11638.htm.
Acesso em: 30 out. 2018.
BRASIL. Conselho Federal de Contabilidade. Resolução n. 1.138, de 21 de novembro de 2008. Diário Oficial
da União, Brasília, DF, 28 nov. 2008. Disponível em: http://www2.cfc.org.br/sisweb/sre/detalhes_sre.aspx?
Codigo=2008/001138&arquivo=Res_1138.doc. Acesso em: 14 nov. 2018.
BRASIL. Conselho Federal de Contabilidade. Resolução n. 1.296, de 19 de agosto de 2016. Diário Oficial da
União, Brasília, DF, 7 out. 2010. Disponível em: http://www2.cfc.org.br/sisweb/sre/detalhes_sre.aspx?Codi-
go=2010/001296&arquivo=NBCTG03(R3).doc. Acesso em: 13 nov. 2018.
BRASIL. Comitê de Pronunciamentos Contábeis. Pronunciamentos Técnicos Contábeis 2012. Brasília, DF:
Conselho Federal de Contabilidade, 2013. Disponível em: http://portalcfc.org.br/wordpress/wp-content/
uploads/2013/06/cpc_pronunciamentos_2012_web.pdf. Acesso em: 25 out. 2018.
MATARAZZO, D. C. Análise financeira de balanços: abordagem básica e gerencial. 6. ed. São Paulo:
Atlas, 2009.
10
Notas explicativas e parecer de auditoria
O Pronunciamento Técnico CPC 26 (CPC, 2013), que trata da apresentação das demons-
trações contábeis, prevê também a elaboração das notas explicativas, porém não inova em relação
à lei – tampouco o poderia –, mas elenca ainda assim uma série de informações e explicações que
devem nortear a elaboração das notas.
Já o parágrafo 5º do art. 176 da Lei das Sociedades por Ações (BRASIL, 1976) indica, sem
esgotar o assunto, as bases gerais e as principais informações que devem ser incluídas nas demons-
trações financeiras.
Embora a Lei das Sociedades por Ações (BRASIL, 1976) tenha estabelecido as situações que
deverão ser mencionadas em notas explicativas, esse rol não é restrito, podendo a contabilidade,
e até mesmo auditoria externa, considerar prudente e necessário mencionar outras situações rele-
vantes além daquelas já previstas pela lei.
A seguir apresenta-se um exemplo de nota explicativa que trata da decomposição de valores
constantes no Balanço Patrimonial na rubrica “Caixa e Equivalentes de Caixa” e dos critérios utili-
zados para avaliação (atribuição de valor monetário) a esses elementos.
As notas explicativas podem estar expressas tanto na forma descritiva quanto na forma de
quadros analíticos, podendo incluir também demonstrações contábeis diversas daquelas obrigató-
rias, mas que sejam necessárias para uma compreensão mais clara e completa do resultado da em-
presa, das modificações no capital circulante ou mesmo de informações de natureza social, como o
Balanço Social. O essencial é que essas informações complementares sejam úteis para um melhor
conhecimento acerca da situação financeira da entidade.
Não é recomendável haver restrições no âmbito da empresa para atuação da auditoria inter-
na, pois os auditores internos devem ter acesso a todas as áreas e informações para realização de
seus trabalhos.
Quadro 1 – Enfoques da auditoria interna
(Continua)
Notas explicativas e parecer de auditoria 109
Executa suas atividades participando de reuniões de diretoria, comitês internos etc. Tra-
Auditoria de gestão balha em nível de planejamento estratégico, tático e no processo decisório, verificando a
adequação e aplicação de políticas, critérios e procedimentos previamente estabelecidos.
Esses sistemas fazem parte em larga escala da estrutura das entidades de qualquer por-
te ou atividade. Bancos, indústrias, comércio e serviços têm sua estrutura fundamentada
Auditoria de siste- em controles sobre os sistemas informatizados. O auditor interno não pode negligenciar
mas informatizados o exame e a avaliação desses sistemas, ao contrário, deverá envolver-se nos processos
de planejamento, desenvolvimento, testes e aplicação de tais sistemas, notadamente
pela segurança e proteção dos dados.
Para Attiê (1992), a empresa, visando resguardar e salvaguardar seus interesses, constitui,
por política a área de auditoria, que tem por finalidade o fornecimento aos administradores, em
todos os níveis, de informações que os auxiliem a controlar as operações e atividades pelas quais
são responsáveis. Para o autor, no intuito de fortalecer a base e permitir que sua atividade se de-
senvolva no mais alto grau de aceitação e profissionalismo, a auditoria atua em nível de assesso-
ria, reportando-se diretamente ao presidente do conselho de administração e, em sua falta, ao
diretor-presidente.
Almeida (2017b, p. 150) afirma que “um bom sistema de controle interno funciona como
uma ‘peneira’ na detecção de erros ou irregularidades. Portanto, o auditor pode reduzir o volume
de testes de auditoria na hipótese de a empresa ter um sistema de controle interno forte, caso con-
trário, o auditor deve aumentá-lo”.
O volume e a amplitude dos testes serão inversamente proporcionais à qualidade e efetivi-
dade dos controles internos. Na avaliação do controle interno, deve-se ter em mente a observação
de todos os fatos, independentemente da sua materialidade, pois, algumas vezes, as pequenas defi-
ciências podem ser indícios de grandes problemas.
O exame dos controles internos é uma das fases mais importantes no trabalho do auditor.
O auditor externo, o qual estudaremos com maior aprofundamento na próxima seção, executa os
seguintes passos na avaliação do controle interno: estuda o sistema de controle interno; verifica se
o sistema existente é apropriado; avalia a possibilidade de o sistema revelar objetivamente erros e
irregularidades e; determina o tipo, a data e o volume dos procedimentos de auditoria.
O auditor externo deve analisar os controles internos existentes, atentando para seus pon-
tos mais vulneráveis, para então ampliar e aprofundar seus exames. Ao selecionar as contas de
receitas e despesas a serem analisadas mais profundamente, o auditor externo deve avaliar os
seguintes pontos:
• A natureza das operações incluídas nas contas: operações entre a empresa e seus admi-
nistradores, diretores ou empregados-chave, operações de natureza incomum e com im-
portância significativa para a situação patrimonial e os resultados das operações estarão
sujeitos a receber atenção especial.
• A extensão do controle interno sobre operações: algumas operações incomuns podem ser
submetidas a menor controle interno que outras operações mais comuns e numerosas.
• A importância relativa das operações: a relevância é sempre um assunto importante em
auditoria, quanto mais relevantes são as operações registradas em determinada conta,
mais atenção elas estão sujeitas a receber.
• A extensão com que outros testes executados fornecem, indiretamente, comprovação para
o saldo da conta: se grande número de comprovantes foi examinado quando da auditoria
nas contas patrimoniais (salários a pagar, por exemplo), relativamente menor número de
despesas relacionadas com essas contas necessitará atenção (despesas com salários, no
exemplo citado).
Notas explicativas e parecer de auditoria 111
Auditoria
Externa Interna
Controles e
Demontrações contábeis
procedimentos internos
Embora com objetos e funções distintas, tanto a auditoria interna quanto a auditoria exter-
na fazem uso recíproco de seus trabalhos. A auditoria externa verifica a qualidade dos controles
internos; a auditoria interna utiliza-se seguidamente das demonstrações contábeis. As técnicas de
auditoria se aplicam a todas as entidades (públicas, privadas, com ou sem fins lucrativos).
A auditoria interna, na revisão e acompanhamento de processos e verificação da existência
e qualidade dos controles internos, contribui sobremaneira para a eficácia da gestão empresarial.
A auditoria externa, na verificação da adequação dos relatórios contábeis, também tem fundamen-
tal importância, dando credibilidade às demonstrações que serão divulgadas ao mercado.
O Quadro 2 estabelece um comparativo entre essas duas modalidades:
Quadro 2 – Comparativo entre auditorias externa e interna
O roteiro dos trabalhos de auditoria deve ser observado com rigor por parte dos profissio-
nais, seja auditor interno ou externo, pois é a garantia de efetividade e confiabilidade na execução
dos procedimentos necessários para fundamentar o relatório ou parecer.
Quando o auditor não obtém comprovação suficiente para fundamentar opinião sobre
Parecer com abstenção
as demonstrações contábeis. Quando não tem elementos comprobatórios suficientes
de opinião
para formar sua opinião sobre as demonstrações contábeis tomadas em conjunto.
Fonte: Elaborado pelo autor.
Parecer
Parecer com ressalva Parecer adverso de opinião Parecer com abstenção de opinião
O parecer mais comum é o sem ressalvas. Os demais tipos são aplicáveis a situações mais
específicas e pontuais e a casos mais graves de desorganização da contabilidade ou de absoluta
impossibilidade de realização dos testes por parte do auditor.
Atividades
1. Qual é a importância das notas explicativas? Justifique.
2. Indique a diferença entre a auditoria interna e a auditoria externa no que diz respeito ao
produto final do trabalho de cada uma.
Referências
ALMEIDA, M. C. Auditoria: um curso moderno e completo. São Paulo: Atlas, 2017a.
BRASIL. Decreto-Lei n. 5.452, de 1 de maio de 1943. Diário Oficial da União, Poder Executivo, Brasília, DF,
9 ago. 1943. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Decreto-Lei/Del5452.htm. Acesso em: 19
nov. 2018.
BRASIL. Lei n. 6.404, de 15 de dezembro de 1976. Diário Oficial da União, Poder Executivo, Brasília, DF,
17 dez. 1976. Disponível em: www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L6404consol.htm. Acesso em: 24 out. 2018.
BRASIL. Lei n. 11.941, de 27 de maio de 2009. Diário Oficial da União, Poder Legislativo, Brasília, DF,
28 maio 2009. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-2010/2009/Lei/L11941.htm.
Acesso em: 16 nov. 2018.
BRASIL. Comitê de Pronunciamentos Contábeis. Pronunciamentos Técnicos Contábeis 2012. Brasília, DF:
Conselho Federal de Contabilidade, 2013. Disponível em: http://portalcfc.org.br/wordpress/wp-content/
uploads/2013/06/cpc_pronunciamentos_2012_web.pdf. Acesso em: 25 out. 2018.
KLABIN S.A. Demonstrações financeiras referentes aos exercícios findos em 31 de dezembro de 2017 e 2016 e
relatório dos auditores independentes. São Paulo: Klabin S.A., 2018. Disponível em: http://ri.klabin.com.br/
ptb/3740/595063.pdf. Acesso em: 22 nov. 2018.
Técnicas Objetivos
1. Padronização e reclassificação
Dar às demonstrações financeiras forma mais adequada para análise.
das contas
Dar uma ampla e profunda visão sobre os fatos que interferem na ren-
4. Análise da rentabilidade
tabilidade de uma empresa.
Fonte: Matarazzo, 2010, p. 8.
elemento
· 100
todo
Obs.: elementos são as contas ou subgrupos e o todo é entendido como o grupo.
Período atual
– 1 · 100
Período base
Indicadores de gestão 123
Análise
Vertical Horizontal
2016 2017
Balanço Patrimonial
Valor AV%* Valor AV%* AH%**
ATIVO
2016 2017
Balanço Patrimonial
Valor AV% Valor AV% AH%
PASSIVO
Pela análise, é possível identificar que o Passivo Circulante diminuiu sua participação no
Passivo Total em 4% de 2016 para 2017. Em 2016, o Passivo Circulante compreendia 25% do total
das dívidas, passando para 19% em 2017.
A principal alteração foi observada no Passivo Circulante Financeiro, que diminuiu 14%,
tendo como causa basicamente o resgate de títulos descontados.
O Passivo não Circulante constituiu-se como principal fonte de recursos para financiamento
do Ativo da empresa, experimentando um acréscimo de 102% com aumento na participação no
Passivo Total de 26% para 40% de um ano para o outro.
O aumento nas dívidas de longo prazo fez com que a participação dos capitais de terceiros
no financiamento da empresa aumentasse de 51% para 59%, variando positivamente em 50% no
período em análise.
Embora se tenha obtido lucro em 2017, o capital próprio reduz sua participação no financia-
mento do Ativo, pois em 2016 representava 49% das fontes, passando a representar 41% em 2017. Essa
modificação na estrutura de capitais deve-se ao crescimento do Passivo não Circulante no período.
Na Tabela 3 vemos as análises vertical e horizontal sobre a DRE:
Tabela 3 – Exemplo de análises vertical e horizontal sobre a DRE
Demonstração do Resultado
Custo dos produtos vendidos (R$ 2.019.074,00) -79% (R$ 2.004.363,00) -77% -1%
Pode-se observar que a empresa aumentou sua margem bruta no período em 9%, tendo em
vista um efeito combinado positivo – aumento de 1% na receita líquida e queda de 1% no custo dos
produtos vendidos. A rentabilidade operacional manteve-se constante nos dois períodos analisa-
dos – 18% de margem em 2016 e em 2017.
A margem operacional, após o cômputo do resultado financeiro, demonstrou um aumento
significativo de 78% de 2016 para 2017, devendo essa melhora ao desempenho da receita financeira
(aumento de 145%) e à redução das despesas financeiras (queda de 23%).
O aumento da margem bruta combinado ao reconhecimento de uma receita de equivalência
patrimonial – 12% sobre a receita líquida – e a excelente participação do resultado financeiro deri-
vam em um aumento da margem líquida de 53% de 2016 para 2017.
Com base nesses exemplos, observa-se que as análises vertical e horizontal devem ser utili-
zadas conjuntamente.
As demonstrações financeiras podem ser analisadas sob dois aspectos: financeiro e eco-
nômico. O aspecto financeiro do negócio é analisado pelos indicadores de liquidez e endivi-
damento ao passo que, quando se quer saber o seu desempenho econômico, utilizam-se os
indicadores de rentabilidade.
Indicadores de gestão 127
• Liquidez corrente (LC): demonstra quanto a empresa possui de Ativo Circulante para
cada Passivo Circulante.
Ativo Circulante
Passivo Circulante
• Liquidez seca (LS): demonstra quanto a empresa possui de Ativo Circulante Líquido –
sem a dependência da venda de estoques para manter-se solvente – para cada Passivo
Circulante.
Capitais de terceiros
Ativo total
Passivo Circulante
Capitais de terceiros (PC + PNC)
Vendas líquidas
Ativo Total
• Margem bruta: demonstra quanto a empresa obtém de lucro bruto para cada R$ 100,00
vendidos.
A margem bruta demonstra a margem comercial da atividade, ou seja, o ganho obtido pela
empresa, considerando apenas o confronto entre o preço de venda e os custos de produção (indús-
tria), prestação de serviços ou custo de compra das mercadorias (comércio). Essa margem deve ser
suficiente para permitir a cobertura dos gastos operacionais e proporcionar o lucro líquido.
1 Embora a fórmula contenha os Investimentos, o Imobilizado e o Intangível, as empresas buscam recursos de longo
prazo para financiar, quase sempre, o Imobilizado.
130 Contabilidade
• Margem líquida: demonstra quanto a empresa obtém de lucro para cada R$ 100,00
vendidos.
Analisando a margem líquida, a empresa pode perfeitamente gerenciar sua política de ven-
das em termos de margem, giro ou até mesmo volume, de acordo com as circunstâncias.
• Rentabilidade do Ativo: demonstra quanto a empresa obtém de lucro para cada
R$ 100,00 de investimento total médio.
Índices
Demonstram a estrutura
Demonstram a possi- Demonstram a
de capitais utilizada
bilidade de a empresa capacidade de geração
pela empresa. Qual o
manter-se solvente no de resultados positivos
montante de dívidas
curto prazo (corrente), e a relação desse
(terceiros e capital
no longo prazo (geral) resultado com elementos
próprio) e perfil
e sem dependência dos causadores (venda,
respectivo (curto e
estoques (seca) ativo etc.)
longo prazo)
Tomando como base os dados do exemplo utilizado na aplicação das análises vertical e ho-
rizontal, temos na Tabela 4 um exemplo de análise econômica e financeira:
Tabela 4 – Exemplo de análise econômica e financeira
Liquidez
Endividamento
Rentabilidade
Em 2016, a empresa possuía R$ 1,73 de Ativo Circulante para cada R$ 1,00 de dívida a curto
prazo. Já no longo prazo, a liquidez de R$ 0,98 em Ativos realizáveis totais para cada R$ 1,00 de dí-
vida total em 2016 diminui para R$ 0,87 em 2017. Essa queda é explicada pelo aumento expressivo
nas dívidas de longo prazo em 2016 e 2017.
O fato não precisa necessariamente ser considerado preocupante, porque a empresa tem um
razoável prazo para gerar lucro e caixa para amortização da dívida. Destaque-se a liquidez seca,
com o valor R$ 1,51 em 2016 e R$ 2,26 em 2017, o que representa que a empresa diminuiu sua
dependência dos estoques para manter-se solvente.
No que diz respeito ao endividamento, não obstante o aumento na participação de capitais
de terceiros (59% em 2017), os indicadores não demonstram uma situação que revele preocupação.
Percebe-se uma queda na garantia do capital de terceiros de 105% em 2016 a 144% em 2017, mas a
mudança no perfil da dívida, em sua maior parte de longo prazo, resulta em uma queda no endivi-
damento de curto prazo pela composição de capital de terceiros. Em 2016, a empresa tinha 49% de
suas dívidas concentradas no curto prazo, passando esse índice para 31,69% em 2017.
Aplicações operacionais
Estoques R$ 11.181,00
Outros R$ 57.717,00
(Continua)
Indicadores de gestão 133
Fontes operacionais
Fornecedores R$ 31.361,00
Aumento de capital
Outros R$ 222.941,00
Soma R$ 2.145.672,00
Dividendos 0
Outros R$ 758.458,00
Soma R$ 1.741.697,00
R$ 724.464,00
O aumento na rentabilidade em 2017 proporcionou uma geração líquida de caixa 53% supe-
rior ao lucro líquido do exercício. A manutenção dos prazos médios de estoques e de recebimento
de vendas, como será visto adiante, combinados à captação de recursos de longo prazo, reforçou o
capital de giro, exercendo um efeito positivo sobre a geração operacional de caixa.
Mesmo após a amortização de empréstimos bancários (que tem um efeito benéfico sobre a
rentabilidade pelo menor impacto das despesas financeiras) e a aquisição de Ativos não Circulantes,
ainda persiste uma geração considerável de caixa superior ao lucro líquido do exercício.
134 Contabilidade
Vamos destacar a fórmula de prazo médio anual. Para melhor entender o cálculo, devemos
observar o seguinte: você sabe que o estoque permanece no Ativo até ser vendido, pois com a venda
ele é reconhecido contabilmente como o Custo da Mercadoria Vendida (comércio) ou Custo do
Produto Vendido (indústria).
Entendamos o cálculo considerando a afirmativa anterior. Quando dividimos o valor do
Custo da Mercadoria Vendida por 360 (CMV/360), obtemos o valor médio diário de estoque bai-
xado para o custo (CMV diário). Se dividirmos o saldo de estoque que consta no balanço pelo
CMV diário, saberemos quantos “dias” de estoques ainda temos de mercadorias para vender.
Estoques
PMRE = · 360
Custo das mercadorias vendidas
Duplicatas a receber
PMRV = · 360
Vendas
• Prazo médio de pagamento de compras (PMPC): expressa o prazo concedido pelos for-
necedores para pagamento das compras.
Fornecedores
PMPC = · 360
Compras
Para se saber quantas vezes ao ano se renovam as duplicatas a receber, os estoques e os for-
necedores, basta dividir 360 (se anual) pelo prazo médio de cada um dos itens citados.
136 Contabilidade
Não devemos nos esquecer da integração que deve haver entre a análise dos índices de liqui-
dez, os índices de prazos médios e o estudo do capital de giro da empresa, pois como se afirmou no
estudo da liquidez, pode ocorrer um indesejado acúmulo de recebíveis (causado por uma inadim-
plência) ou estoques (retração nas vendas, compras em volumes superiores ao normal), ocasionando
um aumento naqueles índices.
Matarazzo (2010) ensina que o ciclo operacional mostra o prazo de investimento.
Paralelamente ao ciclo operacional, ocorre o financiamento concedido pelos fornecedores, a partir
do momento da compra.
Até o momento do pagamento aos fornecedores, a empresa não precisa se preocupar com o
financiamento, que é automático. O tempo decorrido entre o momento em que a empresa efetua
o pagamento ao fornecedor e o momento em que recebe pelas vendas feitas aos seus clientes é o
período em que a empresa precisa conseguir financiamento – é o ciclo de caixa ou ciclo financeiro.
É desejável que o prazo médio de pagamento das compras supere os prazos médios de re-
novação de estoques e os prazos médios de recebimento de vendas. Sabe-se que, na prática, isso
é bastante difícil, mas a empresa deve constantemente avaliar seu ciclo operacional com vistas a
verificar possibilidades de melhores negociações.
Tabela 6 – Exemplo de análise econômica e financeira
Estocagem 45 47
Recebimento vendas 86 83
Fonte: Elaborada pelo autor.
A análise dos prazos médios da empresa demonstra que há uma estabilidade nesses indi-
cadores em 2016 e 2017. Em 2016, a empresa concedia em média 86 dias de financiamento aos
clientes, passando esse prazo a ser de 83 dias em 2017.
também de juros das depreciações e amortizações. Com o LADIJA, a empresa tem uma melhor
compreensão do lucro puramente operacional.
O EBITDA não é uma medida de desempenho financeiro exigida pela legislação contábil bra-
sileira e não deve ser utilizada como alternativa ao lucro líquido do exercício. Em razão de as des-
pesas e receitas com juros (financeiras), o Imposto de Renda, a contribuição social, a depreciação e
a amortização não serem consideradas para o seu cálculo, o EBITDA funciona como um indicador
do desempenho econômico geral que não é afetado por flutuações das taxas de juros, alterações das
alíquotas do Imposto de Renda e da contribuição social ou dos níveis de depreciação e amortização.
Consequentemente, essa medida de desempenho funciona como ferramenta importante para se me-
dir e acompanhar o desempenho operacional, bem como para embasar determinadas decisões.
O cálculo desse indicador é relativamente simples: parte-se do valor do lucro operacional
e adicionam-se os valores relativos às depreciações e amortizações por representarem despesas e
custos que não impactam no caixa, ou seja, não consomem recursos financeiros.
Outra conta que será adicionada ao lucro operacional para se chegar à geração de caixa (EBITDA)
é a despesa financeira líquida, pois se busca a geração operacional de caixa sem a influência de recursos
financeiros utilizados para financiar a atividade. Assim, para se calcular o EBITDA, adicionam-se os
juros, a depreciação e a amortização ao lucro operacional líquido antes dos impostos.
Por esse indicador, analisa-se a eficiência operacional sem uma possível dependência de
capitais de terceiros para financiamento da atividade operacional, isto é, mede-se a eficiência e
eficácia operacional independentemente da estrutura de capitais utilizada para financiá-los.
O cálculo do EBITDA ou LAJIDA é efetuado de maneira prática e simples, bastando que se
ajuste ao lucro operacional líquido antes dos impostos, juros, depreciação e amortização, como nos
modelos a seguir:
Tabela 7 – Demonstrativo do EBITDA ou LAJIDA (em reais mil)
Nesse modelo, a empresa optou por não incluir os valores das contas que representam ajustes
para se chegar ao EBITDA ou LAJIDA. Isso é possível se o sistema contábil identifica (parametriza)
previamente aquelas contas contábeis que não devem compor sua estrutura. Isso pode ser feito
colocando-se um atributo nas contas de tributos sobre o lucro, despesas financeiras, depreciação e
amortização, atributo que fará com que o sistema não inclua esses valores no relatório.
Tabela 8 – EBITDA/LAJIDA – Copel
Lucro líquido do período atribuído aos acionistas não controladores 22.474 20.502
Nesse modelo publicado, a empresa utiliza a estrutura mais comumente verificada e suge-
rida pela doutrina, fazendo os ajustes para se chegar ao lucro conforme os conceitos do LAJIDA.
Existem algumas vantagens em se utilizar esse formato gerencial de relatório financeiro, pois
seu uso pode aprimorar a análise da geração de lucros das empresas, destacando-se, obviamente, o
lucro genuinamente operacional.
Ao se desconsiderar os efeitos financeiros do resultado (tanto Ativos quanto Passivos), ob-
tém-se melhor medida comparativa entre empresas concorrentes, entre períodos contábeis e entre
o orçado e realizado, pois é possível fazer uma análise mais apropriada de medidas de produtivi-
dade, eficiência e eficácia.
É interessante efetuarmos cálculos percentuais relacionando o EBITDA ou LAJIDA com as
receitas operacionais para se conhecer o potencial de geração desse modelo de lucro operacional
por parte das vendas.
Os relatórios que demonstram o resultado operacional da empresa sem o efeito da par-
ticipação de juros, depreciações e tributação são de grande valia, na medida em que permitem
ao gestor um conhecimento da eficácia da atividade em gerar resultados operacionais “puros”.
Porém, como não são obrigatórios, são raras as empresas que os elaboram e mais raro ainda
aquelas que os publicam. Contudo, deve-se reconhecer que são demonstrativos de potencial
informativo extraordinário.
Indicadores de gestão 139
Atividades
1. Indique um objetivo na análise do EBITDA ou LAJIDA.
Referências
COPEL – Companhia Paranaense de Energia Elétrica. Relatório anual de gestão e sustentabilidade. 2010.
Disponível em: http://www.copel.com/relatoriosanuais/2010/pt/relatorio/03_03.htm. Acesso em: 29 nov. 2018.
Cia. A
Vejamos, a seguir, algumas situações que devem ser consideradas na elaboração da consoli-
dação das demonstrações contábeis.
Com referência às datas de elaboração das demonstrações contábeis das empresas que
serão consolidadas, há uma previsão expressa no art. 250 da Lei n. 6.404/1976, autorizando uma
diferença de até 60 dias, ou seja, se a data base para consolidação for 31 de dezembro, poderão
ser contempladas na consolidação demonstrações contábeis de controladas elaboradas até 31 de
outubro. Para defasagem de períodos maiores que 60 dias entre a controladora e as controladas,
devem-se apurar demonstrações contábeis extraordinárias.
Empresa A: R$ 1.000,00
Empresa B: R$ 400,00
Empresa C: R$ 600,00
Saldo consolidado*: R$ 2.000,00
*O saldo consolidado do estoque é a soma dos valores dos estoques das três empresas.
O mesmo deve ser feito para as demais contas do Balanço, como Duplicatas a Receber,
Imobilizado, Contas a Pagar, Fornecedores etc. Na denominada consolidação parcial, que ocorre
quando a sociedade investidora não possui uma participação de 100% no Capital Social da investi-
da, surge a figura dos acionistas minoritários, que participam também do respectivo Capital Social
da investida. Na demonstração consolidada, essa diferença será destacada como Participação de
Minoritários, antes do Patrimônio Líquido.
12.2.7 Execução
Agora, veja como se deve proceder às eliminações do Balanço consolidado:
• Transcrevem-se todos os saldos das contas de cada uma das empresas nas respectivas
colunas. Esses saldos são extraídos das demonstrações financeiras finais de cada empresa.
• Lançam-se as eliminações de consolidação a débito e a crédito.
• Fazem-se as somas horizontais e as verticais.
Para melhor compreensão do tema, acompanhe uma sequência natural do processo de con-
solidação: a empresa “X” S/A é uma empresa de capital aberto e tem 100% de controle acionário
da empresa “Y” S/A. Durante o Exercício Social de 2017, não houve qualquer operação comercial
entre as empresas envolvidas na consolidação.
Atente-se para as demonstrações individuais. Nesse exemplo são apenas os demonstrativos
do Balanço Patrimonial e da Demonstração do Resultado do Exercício.
Tabela 1 – Balanço Patrimonial de “X” S/A
“X” S/A
Balanço Patrimonial
31/12/2017
ATIVO PASSIVO
Estoques R$ 3.000.000,00
(Continua)
Consolidação das demonstrações contábeis 147
“X” S/A
Balanço Patrimonial
31/12/2017
Investimentos R$ 14.000.000,00
Equipamentos R$ 4.600.000,00
“Y” S/A
Balanço Patrimonial
31/12/2017
ATIVO PASSIVO
(Continua)
148 Contabilidade
O mapa de consolidação é feito com a soma dos Ativos, Passivos, receitas e despesas e, em
colunas específicas, efetuam-se os ajustes:
Tabela 5 – Mapa de consolidação de “X” S/A e “Y” S/A
Mapa de consolidação
ATIVO
PASSIVO E RESULTADOS
Custo das vendas (R$ 6.300.000,00) (R$ 6.100.000,00) (R$ 12.400.000,00) (R$ 12.400.000,00)
Consolidação das demonstrações contábeis
Despesas
(R$ 5.000.000,00) (R$ 1.200.000,00) (R$ 6.200.000,00) (R$ 6.200.000,00)
operacionais
Embora não tenha havido operações entre as companhias, há um ajuste obrigatório que diz
respeito à eliminação do saldo do investimento no Ativo da empresa “X” (investidora) em contra-
partida ao Capital Social – Patrimônio Líquido – da empresa “Y” (investida). A explicação é de
que, como na consolidação há uma soma dos patrimônios para efeito de valor contábil do grupo
de empresas, aqueles valores que se referem a operações internas devem ser eliminados.
O patrimônio consolidado para informação a terceiros é de R$ 37.020.000,00; quando a
simples soma desses patrimônios – antes dos ajustes – resulta no valor de R$ 51.020.000,00.
Após a estruturação do mapa de consolidação, basta gerar as demonstrações consolidadas.
Observe que o valor do investimento da empresa “X” na empresa “Y” não aparecerá no consolidado,
pois foi devidamente ajustado no mapa.
Tabela 6 – Balanço Patrimonial consolidado de “X” S/A e “Y” S/A
Ativo Passivo
Estoques R$ 3.000.000,00
Veículos R$ 3.000.000,00
Demonstração do Resultado
Consolidada em 2017
Demonstração do Resultado
Consolidada em 2017
1 A contabilização do recebimento dos dividendos é efetuada creditando-se a conta de Investimentos, posto que a
receita já foi contabilizada quando do reconhecimento da equivalência, segundo o princípio da competência.
Consolidação das demonstrações contábeis 153
O mesmo dispositivo legal prescreve que o pagamento ou crédito dos juros fica condicio-
nado à existência de lucros computados antes da dedução dos juros, ou de lucros acumulados, em
montante igual ou superior ao valor de duas vezes os juros a serem pagos ou creditados.
Haverá incidência do Imposto de Renda na fonte de 15%, na data do pagamento ou crédito
ao beneficiário, que será considerado como antecipação do devido na declaração de rendimentos,
caso o beneficiário seja pessoa jurídica tributada pelo lucro real ou será tido como tributação defi-
nitiva, para casos de beneficiários pessoas físicas ou pessoas jurídicas não tributadas com base no
lucro real.
Obrigações fiscais
R$ 30.000,00
IRRF a recolher – 15%
Os temas tratados nesta unidade, embora pareçam restritos a grandes empresas, devem
ser de conhecimento e aplicação por todos os contadores que atuam em empresas de qualquer
tipo e porte, pois são absolutamente necessários e úteis para uma contabilidade mais trans-
parente. Por essa razão, os conceitos aqui apresentados são aplicáveis também a pequenos e
médios empreendimentos.
Atividades
1. Qual é o objetivo da consolidação das demonstrações contábeis?
Referências
BRASIL. Lei n. 6.404, de 15 de dezembro de 1976. Diário Oficial da União, Poder Executivo, Brasília, DF, 17
dez. 1976. Disponível em: www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L6404consol.htm. Acesso em: 24 out. 2018.
BRASIL. Lei n. 9.249, de 26 de dezembro de 1995. Diário Oficial da União, Poder Executivo, Brasília, DF, 27
dez. 1995. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L9249.htm. Acesso em: 22 nov. 2018.
BRASIL. Comissão de Valores Mobiliários. Instrução n. 247, de 27 de março de 1996. Diário Oficial da
União, Brasília, DF, 29 mar. 1996. Disponível em: http://www.cvm.gov.br/legislacao/instrucoes/inst247.html.
Acesso em: 22 nov. 2018.
BRASIL. Decreto n. 3.000, de 26 de março de 1999. Diário Oficial da União, Poder Executivo, Brasília, DF,
29 mar. 1999. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/d3000.htm. Acesso em: 22 nov.
2018.
BRASIL. Deliberação n. 608, de 26 de novembro de 2009. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 27 nov.
2009. Disponível em: http://www.cvm.gov.br/export/sites/cvm/legislacao/deliberacoes/anexos/0600/deli608
consolid.pdf. Acesso em: 23 nov. 2018.
BRASIL. Comitê de Pronunciamentos Contábeis. Pronunciamentos Técnicos Contábeis 2012. Brasília, DF:
Conselho Federal de Contabilidade, 2013. Disponível em: http://portalcfc.org.br/wordpress/wp-content/
uploads/2013/06/cpc_pronunciamentos_2012_web.pdf. Acesso em: 25 out. 2018.
2. Uma estrutura adequada e bem planejada de plano de contas permitirá o registro e o controle
contábil de maneira mais segura e útil para o gestor, pois a disposição dos elementos e valores
que comporão os relatórios contábeis serão efetuados de modo que possam ser mais facilmente
visualizados.
2. Falso. Essa afirmação seria cabível no caso do Regime de Caixa. O Regime de Caixa, como o
próprio nome sugere, registra fatos contábeis na medida em que se altera a posição dos fundos da
empresa, ou seja, as disponibilidades.
3. Não necessariamente, haja vista a conta de duplicatas descontadas cuja contrapartida é uma con-
ta do Ativo disponível.
156 Contabilidade
2. O grau decrescente de liquidez dos elementos, ou seja, os Ativos de maior liquidez (possibilidade de
conversão em dinheiro em menor tempo) aparecerão primeiro no Balanço Patrimonial.
3. Não. A depreciação dos itens do imobilizado está relacionada com seu uso efetivamente, porém os
elementos que integram esse grupo também perdem utilidade e substância pela ação da natureza e
pela obsolescência.
2. As provisões são constituídas após a ocorrência de um fato econômico (fato gerador), cuja perda es-
timada será reconhecida como despesa. Já as reservas são constituídas como mutações de Patrimônio
Líquido, portanto são concebidas após a apuração do resultado do exercício.
3. Um auto de infração lavrado em função do descumprimento de uma obrigação fiscal, que poderá
resultar no pagamento do valor principal do tributo mais eventual, multa e atualização monetária
sobre esse valor. Nesse caso, embora a empresa possa contestar a autuação, é prudente se constituir
uma provisão.
6 Demonstrações Contábeis:
Demonstração do Resultado do Exercício
1. Sim, porque esta classificação reflete a essência do resultado financeiro líquido que, em verdade, está
vinculado à atividade operacional, complementando-a.
3. No intuito de que possa ser visualizada a confrontação entre receitas e despesas, de modo que os
recursos que consomem mais diretamente as receitas possam ser apresentados vinculados a estas.
Gabarito 157
7 Operações contábeis
1. Porque é necessário apurar o mais objetivamente possível o valor líquido dos créditos com que a
empresa poderá contar para incremento de caixa, expurgando, portanto, valores com possibilidades
de não recebimento.
2. Para definição dos percentuais de depreciação de cada item do imobilizado, a empresa deve estimar a
vida útil do bem, ou seja, o tempo em que este bem vai proporcionar benefícios econômicos por meio
do seu uso. Definida a vida útil, o percentual de depreciação (anual) será aquele que corresponda à
apropriação do valor total do bem em despesa com depreciação no final de sua vida útil. Por exemplo,
um bem com vida útil de 10 anos será depreciado em 10% ao ano de modo linear.
3. Deverão ser baixados, pois esses créditos não serão, ou têm pouca possibilidade de serem rece-
bidos. A conta duplicatas a receber, assim como todas as outras, deve expressar o valor mais real
possível de recebimentos.
2. Pode-se considerar a alocação do lucro do período (na criação de reservas ou sua proposição para
distribuição na forma de dividendos) e a incorporação de valores ao capital dos sócios.
3. Essas duas demonstrações não têm sua previsão legal expressa na Lei n. 6.404/1976 e são obrigatórias
por força de normas infralegais, como o Pronunciamento Técnico CPC 26 (CPC, 2013).
2. Informar o quanto a empresa agregou de valor aos insumos adquiridos de terceiros e a sua subse-
quente distribuição, indicando também qual grupo de pessoas (financiadores, governo, acionistas,
empregados) recebeu a maior parcela desse valor adicionado.
2. O produto final do trabalho do auditor interno é um relatório que pontua eventuais falhas de controle
que poderão comprometer a eficácia de Ativos. Já o produto final do trabalho do auditor externo é o
parecer, em que o profissional da auditoria emite uma opinião acerca da representatividade das de-
monstrações contábeis em relação à situação econômica e financeira da entidade.
3. O parecer com ressalvas será emitido nas situações em que há controvérsias acerca do reconhecimen-
to ou mensuração de determinada operação, cujo valor omitido poderá comprometer a informação
contábil, porém não compromete a conformidade das demonstrações contábeis, tampouco os prin-
cípios e normas contábeis e a qualidade de representação das demonstrações contábeis em relação
ao patrimônio e resultado da empresa. Na estrutura do parecer aparecerão expressões como “exceto
quanto”, “com exceção de” etc.
11 Indicadores de gestão
1. O EBITDA objetiva analisar e acompanhar a geração dos lucros operacionais que vão gerar fluxos de
caixa sem o efeito das depreciações, amortizações e de possíveis dependências de capitais financeiros
(empréstimos e financiamentos), desconsiderando-se o efeito da tributação. Vale dizer que o EBITDA
demonstra o lucro genuinamente operacional que poderá ser traduzido em caixa.
3. Às vezes um alto índice de liquidez corrente pode ser resultado de um aumento no prazo que os es-
toques demoram para serem vendidos ou as duplicatas demoram para serem recebidas. Nesses casos,
altos índices de liquidez não são necessariamente positivos para a empresa.
2. A fundamentação legal para a consolidação está prevista nos artigos 249, 250 e 275 da Lei n. 6.404/1976
(BRASIL, 1976), bem como na Instrução n. 247, de 27 de março de 1996 (BRASIL, 1996), em seus
artigos 21 a 41.