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MEIO AMBIENTE, “MEU AMBIENTE, NOSSO

AMBIENTE”: REFLEXÕES SOBRE AS TEMÁTICAS

DA EDUCAÇÃO AMBIENTAL E DOS DANOS


SOCIOAMBIENTAIS NA BACIA DO RIO DOCE

Disciplina: Mineração, Meio Ambiente e Educação.

Adriane Cristina de Melo Hunzicker


Natália Teixeira Ananias Freitas

Introdução
Caro(a) educador(a), este texto está vinculado à disciplina “Mineração, Meio
Ambiente e Educação: impactos, reparação e alternativas I” do Curso de
Especialização em Projeto Pedagógico Escolar com ênfase na temática
Mineração, Rompimento e Revitalização da Bacia do Rio Doce.

O objetivo deste texto é discutir a relação do ser humano com a natureza


sob o prisma das concepções da Educação Ambiental, tanto em uma escala
macro – perpassando pelos eventos ambientais e diálogos sobre Educação
Ambiental –, quanto em uma perspectiva micro – da educação escolar e do
contexto da Bacia do Rio Doce.

Nesse sentido, o texto está estruturalmente organizado em duas seções: na


primeira, são apresentados os conceitos norteadores acerca da questão
socioambiental, Educação Ambiental e sustentabilidade; na segunda,
apresentamos aspectos do contexto socioambiental da Bacia do Rio Doce em
uma escala temporal e espacial que antecede ao rompimento da Barragem
de Fundão. Finalizamos o texto sem concluir as discussões, visto que daremos
continuidade às reflexões da disciplina nos módulos II e III.

DIÁLOGO SOBRE A DIMENSÃO SOCIOAMBIENTAL E EDUCAÇÃO


AMBIENTAL NA ESCOLA

Em nosso cotidiano, visualizamos notícias e debates que possuem como


foco as questões ambientais, sejam elas presentes no Brasil ou em outros
países. A emergência dessas notícias e debates é vislumbrada por diversos
fatores, tais como: problemas econômicos, climáticos, políticos, sociais, entre
outros, e, assim, tendo como foco o meio ambiente , o ser humano precisa
cada vez mais refletir sobre seu contexto vivido e como será nossa sociedade
para as próximas gerações.

Desde os tempos mais remotos, o ser humano apresenta preocupação


com o meio ambiente em função de sua necessidade de sobrevivência na
Terra e de ensinar

31
Terra e de ensinar aos mais jovens os saberes para como viver em harmonia

com o planeta. De certa maneira, a existência de uma preocupação com

relação ao modo de vida e o futuro do meio ambiente se fazia presente, e

numa época posterior, com a organização dos primeiros grupos que fizeram

da agricultura seu modo de subsistência.

De acordo com Araújo e Magalhães (2010, p. 304):

Se nos tempos mais remotos, o homem usufruía do mundo para proveito

próprio, a partir de determinado momento começou a tentar conhecê-lo, o

que consequentemente levou à sua transformação. Inicialmente, o Homem

procurou apenas melhorar a sua estratégia de vida, mas, posteriormente,

concentrou-se na melhoria do seu bem-estar e, num terceiro momento,

começou a tentar modificar “o curso natural das coisas”.¹

Com a evolução da sociedade ao longo dos séculos, é possível perceber

que a ação antrópica2 se torna mais evidente nos recursos naturais

disponíveis, considerando o uso excessivo para novos estilos de vida que nem

sempre priorizam o uso consciente para o momento presente e para as

próximas gerações. Outro aspecto que se torna evidente neste debate é que

países que foram acometidos com guerras e questões climáticas, a exemplo

de Alemanha, Estados Unidos e Itália, começaram a se preocupar em como

reconstruir seus países contemplando o meio ambiente, em meados dos anos

de 1940-1950, já que esse seria um aspecto essencial e que colabora com o

futuro desses países (Ananias, 2012; Hoffmann, 2018).

1 As aspas presentes nesta citação trazem um destaque das autoras Araújo e Magalhães (2010) a respeito

de o ser humano efetuar modificações na natureza e tratar isso como algo comum.

2 “Atividades antrópicas são as ações humanas sobre a vegetação natural” (Coelho, 2011, p. 181).

32
A partir das situações do pós-guerra no século XX e a expansão
econômica pelo mundo, muitos países iniciaram um processo de reflexão
sobre o meio ambiente em suas localidades, bem como sobre as questões
climáticas que poderiam afetar os países a longo prazo. Outro aspecto
presente para a motivação desses eventos foi o de como conciliar o
desenvolvimento econômico nas agendas globais sem acometer o meio
ambiente, considerando sua preservação e conservação para as próximas
gerações.

Diante das mobilizações políticas entre os países para com o meio


ambiente, é importante lembrarmos que, o termo “Educação Ambiental” foi
mencionado pela primeira vez em um desses eventos, que começaram a
acontecer após a década de 1950. Mais precisamente, no ano de 1965, na
“Conferência de Educação” da Universidade de Keele, Grã-Bretanha, utilizou-
se pela primeira vez o termo Environmental Education (que traduzido para
Língua Portuguesa significa “Educação Ambiental”), registrando assim, de
modo internacional, as primeiras iniciativas em se pensar a formação do ser
humano para o meio ambiente. Morales (2008) ressalta que a importância de
se destacar a Educação Ambiental com uma perspectiva de formação do
cidadão para o ambiente em um evento internacional foi essencial para
desmistificar a associação que era feita ao Ensino de Biologia, e que muitas
vezes contemplava somente a conservação do meio ambiente, sem
envolvimento do ser humano.
No campo da educação incorpora-se o adjetivo “ambiental”, assinalando
educação para o meio ambiente; e a educação ambiental parece surgir
como resposta à problemática ambiental, que busca formar educadores
que levem em conta a diversidade de olhares sobre o mundo, na tentativa
de reintegrar sociedade, natureza, aceitação, reconhecimento e valorização
da diversidade cultural (Morales, 2008, p.17).

Para compreendermos um pouco mais sobre a importância da


realização de eventos internacionais e nacionais para a emergência das
questões ambientais, e por consequência, da presença da Educação
Ambiental na história do movimento ambientalista, apresentamos a seguir o
Quadro 1 com uma breve síntese desses acontecimentos, com base nos
levantamentos bibliográficos realizados por Castange (2016) e Freitas (2018). É
essencial que todo educador(a) compreenda esse aspecto histórico para
efetivar ainda mais as atividades de Educação Ambiental em seu contexto
escolar, no sentido de conhecer este movimento político e social realizado
entre vários países para a preservação do meio ambiente em suas respectivas
sociedades e que continua até hoje.

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Quadro 1: Eventos Globais com temáticas ambientais
Síntese das
Ano Cidade/País Nome do Evento discussões realizadas

1972 Estocolmo / “Conferência de Políticas de gerenciamento


Suécia Estocolmo” do meio ambiente;
reconhecimento da
Educação Ambiental como
elemento crítico para
combater a crise ambiental.

1975 Haia / Holanda “ICongresso Uso indiscriminado dos


Internacional de clorofluorcarbonetos –
Ecologia” CFCs.

1975 Belgrado/ “Conferência de Princípios e orientações


Sérvia Belgrado” para o Programa
Internacional de Educação
Ambiental.

1977 Tbilisi / “Conferência de Conceitos de Meio


Geórgia Tbilisi” Ambiente e Educação
Ambiental.

1984 Versalhes / “IConferência Como colocar o


França sobre o Meio desenvolvimento
Ambiente da sustentável em prática.
Câmara do
Comércio
Internacional”

1987 Moscou / “Congresso Os avanços da Educação


Rússia Internacional sobre Ambiental em esfera
Educação e mundial.
Formação
Ambiental”

1992 Rio de Janeiro Rio 92 – Combate ao analfabetismo


/ Brasil “Conferência das ambiental; reconhecimento
Nações Unidas da insustentabilidade do
para o Meio modelo econômico vigente.
Ambiente e
Desenvolvimento”

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Quadro 1: Eventos Globais com temáticas ambientais
Síntese das
Ano Cidade/País Nome do Evento discussões realizadas

1997 Thessaloniki / Conferência da O papel crítico da educação


Grécia Tessalônica e da conscientização para
alcançar a sustentabilidade.

2002 Johannesbu Rio+10 – “Cúpula Balanço de dez anos de


rgo / África do Mundial sobre o acordos estabelecidos na
Sul Desenvolvimento Rio 92; reafirmação da
Sustentável” insustentabilidade do
modelo econômico vigente;
problemas relacionados à
globalização.

2007 Bali / COP13 – Novo acordo em


Indonésia “Conferência das substituição ao Protocolo
Nações Unidas de Kyoto, que vence em
sobre as Mudanças 2012; Aquecimento global.
Climáticas”

2009 Copenhague / COP15 – Visão de mudanças


Dinamarca “Conferência das climáticas como maior
Nações Unidas desafio para os dias atuais;
sobre as Mudanças tentativas de acordos para
Climáticas” manter o aquecimento
global abaixo de 2ºC.

2011 Durban / COP17 – Estabelecimento de um


África do Sul “Conferência das novo tratado para limitar as
Nações Unidas emissões de carbono;
sobre as Mudanças criação de um Fundo
Climáticas” Climático Verde para ajudar
países pobres a se
adaptarem aos impactos do
clima

2012 Rio de Janeiro Rio +20 – Necessidade de mudanças


/ Brasil “Conferência das no modo de uso dos
Nações Unidas recursos naturais; discussão
sobre de questões sociais.
Desenvolvimento
Sustentável”

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Quadro 1: Eventos Globais com temáticas ambientais
Síntese das
Ano Cidade/País Nome do Evento discussões realizadas

2015 Paris / França “Conferência das Definição de metas e


Nações Unidas acordos para reduzir a
sobre as Mudanças emissão de gases de efeito
Climáticas” estufa.

2019 Nova Iorque / “Cúpula de Ação Apresentação de novos


EUA Climática” caminhos e ações práticas
para mudar a resposta
global para uma marcha
mais alta no enfrentamento
das alterações climáticas.

2020 Nova Iorque / “Assembleia das Declara 2021-2030 como a


EUA Nações Unidas” década das Nações Unidas
da Restauração de
Ecossistemas, que visa
aumentar a restauração de
ecossistemas degradados e
destruídos como uma
medida comprovada para
combater a crise climática.

2023 Belém / Brasil “Cúpula da Neste evento,


Amazônia” representantes de
entidades, movimentos
sociais, centros de pesquisa
e agências governamentais
do Brasil e demais países
amazônicos têm como
objetivo formular sugestões
para a reconstrução de
políticas públicas
sustentáveis para a região.

Fonte: Adaptado de Freitas (2018, p.104-106) e Castange (2016).

36
As discussões em âmbito internacional contribuíram significativamente

para que cada país pudesse refletir sobre o que já vem sendo feito em prol

das questões ambientais e o que ainda precisa ser feito, deliberando a cada

país envolvido as providências e possíveis parcerias entre eles. Nesse contexto,

conforme visualizamos no Quadro 1, Brasil efetivou suas ações em prol do

meio ambiente após a “Rio 92”, pois antes desse período, a Política Nacional

de Meio Ambiente, de 1981, e a Constituição Federal, de 1988, já apresentavam

a importância do meio ambiente, contudo, com lacunas a respeito de seu

cumprimento. Segundo Trigueiro (2023), a “Rio 92” foi a “maior conferência da

história do planeta”, e para ele “a Educação Ambiental se estruturou

globalmente a partir da Rio 92”, ponto este que colaborou para a efetivação

de ações em prol do meio ambiente e a Educação Ambiental no âmbito

escolar em nosso país.

Concordando com Morales (2008):

A lógica histórica [...] tem o propósito de compreender o processo formativo

da educação ambiental, a fim de buscar ocorrências contextuais e

conceituais. Afinal, a trajetória mundial influencia a institucionalização da

educação ambiental no contexto brasileiro, bem como delimita suas

conquistas, impasses e a diversidade de discursos e práticas que

demarcam diferentes tendências e concepções dos educadores

ambientais. (Morales, 2008, p. 17)

Um exemplo de mobilização em nível mundial para os países por meio

de um evento e que é visualizado até os dias atuais são os “Objetivos de

Desenvolvimento Sustentável” (ODS), que foram apresentados pela

Organização das Nações Unidas (ONU) aos países membros em 2015 durante

a evento “COP 21”, com o Acordo de Paris. Esse acordo prevê que, até o ano de

2030, todos os países envolvidos possam diminuir a emissão de gases

poluentes na atmosfera, por meio de 17 objetivos motivadores, além de um

“[...] apelo global à ação para acabar com a pobreza, proteger o meio ambiente

e o clima e garantir que as pessoas, em todos os lugares, possam desfrutar de

paz e de prosperidade” (ONU, 2015)3

Para saber mais:

1- Sugerimos assistir a palestra do Jornalista e Ativista Ambiental André Trigueiro, em Ouro Preto, no

Festival de Inverno 2023, promovido pela Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP). Nesta

palestra, intitulada “A emergência da crise ambiental: desafios e soluções”, ele comenta sobre

alguns dos referidos eventos globais apresentados no Quadro 1 e discute sobre a importância de

refletirmos sobre os problemas ambientais e os impactos desses problemas para as próximas

gerações:

Palestra Trigueiro (2023)

37
Para saber mais:

2- Conheça um pouco mais sobre a importância dos eventos realizados pela ONU a respeito das
mudanças climáticas neste breve histórico:

Conferências ambientais - Guedes (2023)

3- Para que você compreenda ainda mais sobre os 17 ODS e a importância da inserção deste
tema no cotidiano das cidades, visite os sites e confira as discussões:

ONU: os ODS no Brasil

ODS e cidades sustentáveis

Para refletir:

1- Educador(a), de acordo com a sua percepção, quais são os desafios e possibilidades desses
eventos globais se transformarem em ganhos sociais e ambientais?

2- Educador(a), a temática dos 17 ODS já foram discutidos na escola onde você atua? Se sim,
como isso acontece?

Ao refletirmos sobre os eventos ambientais realizados no Brasil e no


mundo e as motivações políticas que começam a dar maior visibilidade ao
meio ambiente como parte integrante da sociedade, vamos refletir agora
sobre a importância da Educação Ambiental no Brasil e sobre alguns
documentos oficiais que oferecem subsídios às escolas.

O fortalecimento da Educação Ambiental no Brasil se deve à criação de


leis e decretos ambientais, que atribuíram uma atenção especial ao meio
ambiente e, de certa maneira, à várias temáticas, tais como recursos hídricos,
resíduos sólidos, mineração, emissão de particulados, desmatamento, entre
outros, considerando a legitimidade da Educação Ambiental na formação
básica de nossas crianças, adolescentes, jovens e docentes.

A Política Nacional do Meio Ambiente, Lei nº 6938, de 31 de agosto de


1981, possui como objetivo o estabelecimento de padrões para a ocorrência de
um desenvolvimento sustentável, por meio de mecanismos e instrumentos
que assegurem ao meio ambiente uma proteção adequada. Seu artigo 1º,
parágrafo X, cita a Educação Ambiental como uma “ação governamental”
para equilíbrio e permanência da natureza: “[...] Educação Ambiental a todos
os níveis do ensino, inclusive a educação da comunidade, objetivando
capacitá-la para participação ativa na defesa do meio ambiente. [...]” (Brasil,
1981).

³ Mais informações no site da ONU: <https://brasil.un.org/pt-br/sdgs>. Acesso em 21/08/2023.

38

Esse documento mostra uma motivação inicial por parte do governo em

organizar e legitimar a temática do meio ambiente no Brasil; contudo, por

mais que se tenha um documento, nem sempre os artigos e discussões nele

contidos são assegurados e, por isso, é sempre importante ressaltar esses

aspectos.

Ainda em meados da década de 1980, mais precisamente em 1988, por

meio da Constituição Brasileira, o “Artigo 225, Capítulo VI- Do Meio Ambiente –

Inciso IV”, determina que:

[...] Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem

de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se

ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para

as presentes e futuras gerações; cabendo ao Poder Público promover a

Educação Ambiental em todos os níveis de ensino e a conscientização

pública para a preservação do meio ambiente (Brasil, 1888).

Destacamos aqui o Artigo 225, semelhante ao que foi feito em 1981, a

determinação do poder público em promover a Educação Ambiental para

todos os níveis de ensino, o que revela a importância do tema para a formação

dos alunos e para os professores.

Mais precisamente sobre a Educação Ambiental, encontramos as

discussões oficiais sistematizadas na Política Nacional de Educação

Ambiental, Lei nº 9795/99, que traz a legitimação da Educação Ambiental em

todos os níveis de ensino. O artigo 1º desta política define a Educação

Ambiental como:

[...] os processos por meio dos quais o indivíduo e a coletividade constroem

valores sociais, conhecimentos, habilidades, atitudes e competências

voltadas para a conservação do meio ambiente, bem de uso comum do

povo, essencial à sadia qualidade de vida e sua sustentabilidade. (Brasil,

1999)

Para saber mais:

O termo “Sustentabilidade” é atrelado ao contexto da Educação Ambiental, no sentido de

“pensar o meio ambiente aliado ao desenvolvimento econômico, sem o esgotamento de

recursos naturais para o futuro” (Gadotti, 2012). Freitas (2018) realiza em sua pesquisa uma breve

discussão sobre essa temática, conectando sustentabilidade e Educação Ambiental no item 5.1:

“Educação Ambiental: algumas considerações” (p. 102-131) e neste link você pode conferir esse

estudo: <http: //hdl.handle.net/11449/154210>.

39
Sanchez (2008 apud Machado, 2008, p. 48) aponta a incidência de
alguns “conflitos conceituais” sobre o que seja de fato a Educação Ambiental,
pelo fato de ela fazer parte de uma temática interdisciplinar do currículo e,
ainda, comparecer em outros ambientes externos à escola (por exemplo:
organizações não-governamentais, educação não-formal, empresas,
indústrias, igrejas, etc.). Apesar disso, Sanchez (2008 apud Machado, 2008)
conclui que as definições existentes concebem a Educação Ambiental como
uma área da Educação que possui como foco as questões ambientais, por
meio de ações interdisciplinares entre os indivíduos e a coletividade.

Destacamos também os apontamentos de Carvalho (2002) citado por


Carvalho (2008), que considera a Educação Ambiental como:

[...] um processo crítico-transformador capaz de promover no indivíduo um


questionamento mais profundo sobre a realidade ambiental onde este se
encontra inserido, levando-o a assumir uma nova mentalidade ecológica,
pautada no respeito mútuo para com o meio ambiente e os que nele
convivem (Carvalho, 2002 apud Carvalho, 2008, p. 36).

Outro estudioso que fomenta as pesquisas sobre a temática ambiental


na escola é Marcos Reigota (2004, p. 11), com importantes contribuições a
respeito do meio ambiente e o social:
A Educação Ambiental deve procurar estabelecer uma “nova aliança” entre a
humanidade e a natureza, uma “nova razão” que não seja sinônimo de
autodestruição e estimular a ética nas relações econômicas, políticas e
sociais. Ela deve se basear no diálogo entre gerações e culturas em busca da
tripla cidadania: local, continental e planetária e da liberdade na sua mais
completa tradução, tendo implícita a perspectiva de uma sociedade mais
justa, tanto em nível nacional quanto internacional (Reigota, 2004, p. 11).
É essencial que a Educação Ambiental esteja presente nas discussões
sobre as temáticas de meio ambiente no âmbito escolar, para que os alunos e
docentes estabeleçam uma “nova aliança”, como afirma Reigota (2004), e
uma nova “mentalidade ecológica”.

Nossa intenção ao apresentarmos algumas concepções sobre Educação


Ambiental não é estabelecer uma única linha de pensamento sobre essa
temática, mas, de refletir sobre a importância destas para a área ambiental e,
em especial, para a formação dos(as) profissionais da educação. É importante
retomarmos que no “Curso de Aperfeiçoamento: Mineração, Rompimento da
Barragem e Revitalização: desafios para a educação” que você cursista
participou, foi realizada, por Martins e Freitas (2022), uma discussão sobre as
Principais Macrotendências da Educação Ambiental no Brasil e suas
características: conservadora, pragmática e crítica, dando visibilidade para a
reflexão sobre essas macrotendências nos projetos e ações educativas.
40
Consideramos que é fundamental a realização de uma Educação

Ambiental que investigue as raízes dos problemas ambientais e que envolva a

participação de todos(as), de modo a contribuir para a melhoria do meio

ambiente, em especial para recuperação, conservação e preservação dos

recursos naturais que são essenciais à vida.

Chegando ao final desta seção, é essencial ainda considerarmos alguns

documentos que norteiam as práticas educativas nas escolas, como a Lei de

Diretrizes e Bases da Educação – LDB – (Brasil, 1996) e a Base Nacional

Comum Curricular – BNCC – (Brasil, 2018), estabelecendo ligações sobre o que

esses documentos abordam no que tange a Educação Ambiental.

Uma das menções da área ambiental na LDB (1996) é reproduzida a

seguir:

Art. 32. O ensino fundamental obrigatório, com duração de 9 (nove) anos,

gratuito na escola pública, iniciando-se aos 6 (seis) anos de idade, terá por

objetivo a formação básica do cidadão, mediante: [...] II – a compreensão do

ambiente natural e social, do sistema político, da tecnologia, das artes e dos

valores em que se fundamenta a sociedade; (Brasil, 1996).

Enfatizamos que, na primeira versão da LDB, redigida em 1996, o Artigo

36, parágrafo 1º, trazia uma menção sobre a obrigatoriedade nos currículos do

Ensino Fundamental e Médio a uma discussão sobre o “[...] conhecimento do

mundo físico e natural e da realidade social e política, especialmente do

Brasil”. Contudo, com uma atualização desta lei realizada em 2017, esse trecho

foi revogado, e somente no artigo 35- A é que a temática ambiental se faz

presente como área do conhecimento.

Art. 35-A. A Base Nacional Comum Curricular definirá direitos e objetivos de

aprendizagem do ensino médio, conforme diretrizes do Conselho Nacional

de Educação, nas seguintes áreas do conhecimento: I – linguagens e suas

tecnologias; II – matemática e suas tecnologias; III – ciências da natureza e

suas tecnologias; IV – ciências humanas e sociais aplicadas.

§ 1o A parte diversificada dos currículos de que trata o caput do art. 26,

definida em cada sistema de ensino, deverá estar harmonizada à Base

Nacional Comum Curricular e ser articulada a partir do contexto histórico,

econômico, social, ambiental e cultural.4

Visualiza-se assim, por meio da LDB, algumas lacunas concernentes à

efetividade da Educação Ambiental nas escolas e, nesse sentido, a Política

Nacional de Educação Ambiental, promulgada em 1999, assegura a temática

do meio ambiente nas escolas.

41
Ao considerarmos a BNCC, que foi lançada no ano de 2018, esta,
apresenta uma organização para o Ensino Fundamental por meio de áreas do
conhecimento: Linguagens, Matemática, Ciências da Natureza, Ciências
Humanas e Ensino Religioso. As áreas se dividem por componentes
curriculares e, para visualização de discussões sobre o meio ambiente, é
necessário consultar a disciplina de Ciências, pertencente à área de Ciências
da Natureza. Contudo, não foi possível perceber a temática de Educação
Ambiental mencionada nesse documento.

Ao analisarem a BNCC, Colacios e Locastre (2020) afirmam a incidência


de “ausência e vácuo” sobre meio ambiente em documentos dessa natureza:

[...] A união entre educação e meio ambiente permite repensar o que a


humanidade, as sociedades e os indivíduos podem fazer por si mesmos para
garantir o futuro das próximas gerações. Políticas educacionais falhas ou que
ignorem este fator, colocando-o como marginal ou secundário, conforme foi
observado no caso brasileiro, podem aumentar os riscos ambientais
globais.Ignorar o papel crucial da Educação Ambiental para o restante do
século XXI é alimentar os problemas que têm sido comuns nos últimos anos
em termos locais, regionais e nacionais [...] (p. 11).

Nos dois documentos, não encontramos de forma literal artigos que


fazem menção a respeito da área ambiental, mas, a presença dela em
questões ligadas à sociedade e a importância dos conhecimentos dos
aspectos físicos e naturais no território brasileiro.

Para refletir:

A partir da LDB e BNCC, reflita sobre as possíveis lacunas presentes nestes documentos a
partir da temática da Educação Ambiental

Como a BNCC poderia aproximar suas discussões por meio das áreas de conhecimento
para a integração da Educação Ambiental

Para você Educador(a), após as discussões efetuadas, qual é a importância da Educação


Ambiental na escola? E em sua sua prática pedagógica?

4 Esta atualização está disponível no site: < https://www2.camara.leg.br/legin/fed/lei/2017/lei-13415-16-


fevereiro-2017-784336-publicacaooriginal-152003-pl.html >. Acesso em 21/08/2023.

42
Educador(a), finalizamos essa seção refletindo sobre a necessidade de as
escolas brasileiras em inserir temáticas ambientais em suas práticas
pedagógicas, especialmente as escolas localizadas na Bacia do Rio Doce,
lócus do maior desastre socioambiental ocorrido no Brasil de acordo com o
relatório do IBGE (Brasil, 2015). Trataremos, de forma mais aprofundada, dessa
temática e de outros problemas socioambientais provocados pelas práticas
minerárias, no material do módulo II.

Por fim, faz-se necessário compreendermos que nós somos parte do


meio ambiente, que nosso meio ambiente é onde moramos, trabalhamos e/
ou estudamos, e, consequentemente, nossas ações na natureza, refletem
diretamente em nossas vidas. Nesse sentido, apresentaremos na seção
seguinte discussões acerca do Vale do Rio Doce, para que assim,
compreendamos melhor o contexto onde estamos inseridos, ou seja, o nosso
meio ambiente.

CONTEXTO SOCIOAMBIENTAL DA BACIA DO RIO DOCE

Educador(a), nesta seção aprofundaremos na dimensão das relações dos


seres humanos e natureza em sua correlação com o contexto socioambiental
na Bacia do Rio Doce (Dangelo, 2002; Coelho, 2011; Neves, 2022), elencado aos
aspectos da escala de tempo/espaço, a fim de apresentarmos um recorte do
processo geo-histórico intercorrido na Bacia.

Como ponto de partida, se faz necessário ressaltarmos que os territórios


ao longo da Bacia do Rio Doce são habitados por povos originários –
indígenas de distintas etnias desde antes da chegada dos colonizadores
europeus (Dangelo, 2002; Marinato, 2007; Coelho, 2011; Neves, 2022).

Contudo, o interesse de colonizadores por recursos minerais – ouro e


gemas (pedras preciosas) – motivou expedições onde o Rio Doce foi utilizado
como via de acesso do litoral do estado do Espírito Santo (ES) ao interior do
estado de Minas Gerais (MG).

Por volta de 1572, Sebastião Fernandes Tourinho, conceituado habitante da


capitania de Porto Seguro e aparentado com o donatário, reuniu 400
homens para subir o Rio Doce em busca de pedras preciosas. Essa primeira
expedição registrada com entrada pelo Rio Doce foi descrita em detalhes
por Gabriel Soares de Souza em Notícias do Brasil (1587), que indicou um
inacreditável trajeto de 380 léguas (mais de 2.000 km) pelos rios Doce, Mandi
(Guandu) e Cesi (Suaçui). (Dangelo, 2002, p. 23-24).

43
Dangelo (2002), Marinato (2007) e Coelho (2011) mencionam que um dos
desafios das expedições no curso do Rio Doce ao desbravar o vale e as terras
desconhecidas desde o século XVI se tratava dos embates com os indígenas
que habitavam as margens do rio, os quais lutavam desde esses tempos pelo
território de origem e pela liberdade, para não se tornarem mão de obra
escravizada dos europeus. No entanto, embora os indígenas detivessem o
conhecimento geográfico do território, muitos deles foram dizimados pela
violenta ofensiva dos colonizadores. Nessa linha de pensamento, Marinato
(2007) assinala que o processo de dominação e ocupação do vale do Rio Doce
no período dos séculos XVI ao XVIII apresentava uma “separação entre índios
“aliados” e índios “inimigos” feita pelos portugueses” (p. 31). Este movimento
se deu devido ao fato de os povos indígenas, ao serem considerados inimigos
dos colonizadores, resistirem ao processo de dominação. Nesse contexto de
resistência dos indígenas considerados inimigos, Coelho (2011, p. 31) cita
Espíndola (2000) para caracterizá-los como “bravos”.

Até esse período os indígenas considerados “inimigos” eram


denominados genericamente de “Botocudos”, os quais dificultavam o
interesse da coroa portuguesa ao não permitir “a ocupação dos sertões do rio
Doce, a navegação fluvial, a expansão do comércio e da agricultura, a retirada
de recursos florestais e a exploração das ricas jazidas de ouro e pedras
preciosas” (Coelho, 2011, p. 30). De acordo com Coelho (2011), os Botocudos ao
atrapalharem a ocupação e expansão econômica no vale do Rio Doce eram
ou capturados para servir de mão de obra e se tornarem aliados, ou
dizimados.

Em outras palavras:
Coelho (2011, p. 28) ressalta que “Botocudos” era uma denominação dada pelos portugueses a
certas etnias pelo fato de usarem nos lábios e nas orelhas uma grande rodela de madeira. Esse
adorno era comparado pelos colonizadores a botoques, rolhas usadas para tampar tonéis.”

Marinato (2007) afirma que a partir do século XVIII, para além da busca
por jazidas de minerais metálicos pelo vale do Rio Doce, estruturaram-se
ações imperialistas com a realização de práticas agrícolas e extração vegetal –
como o corte de árvores da Mata Atlântica – por meio da intervenção militar
com o objetivo de combater e povoar territórios da Bacia ocupado pelos
Botocudos. Assim, “[...] nos últimos anos do século XVIII, o vale do rio foi
oficialmente aberto à colonização e à navegação” (Marinato, 2007, p. 36)5.

Porém, o processo de povoamento e expansão da municipalização na


Bacia ocorreu mais tarde, como aponta Dangelo (2002, p. 91): “Em 1840,
apenas nove municípios possuíam terras na Bacia hidrográfica do Rio Doce
[...], apenas Linhares ficava junto ao rio”. Segundo o autor, foi a partir do século
XX que o número de municípios passou a ser mais significativo,
especialmente
44
especialmente aqueles localizados às margens do Rio Doce. Alguns desses

municípios localizados no médio Rio Doce se originaram após a construção da

Estrada de Ferro Vitória Minas (EFVM), a saber, o município de Governador

Valadares.

O povoamento acelerou-se quando foram dadas as condições de transporte,

meios de comunicação e atrativos econômicos: alta do café e do gado zebu,

no final da década de 1930. Entre os outros fatores que aceleraram o

povoamento, destaca- se a decisão do governo brasileiro, em 1942, de

exportar o minério de ferro de Itabira, em grande escala. Essa decisão

resultou na criação da CVRD [Companhia Vale do Rio Doce, atual Vale] e na

encampação da EFVM. (Espindola, Wendling, 2008, p. 185)

Portanto, os autores evidenciam que o processo de ocupação territorial

do vale do Rio Doce e o crescimento demográfico na região se deu em função

das condições econômicas e transporte por meio da melhoria da EFVM

utilizada no século XX para escoar minério de ferro extraído no município de

Itabira/MG, o qual passou a ser levado para o litoral do ES com destino à

exportação.

No entanto, esse processo de ocupação territorial na Bacia do Rio Doce é

marcado tanto pelo desmatamento para construção de cidades e da ferrovia

EFVM, bem como a exploração vegetal de espécies de madeiras nativas da

Mata Atlântica, que tinham distintas finalidades, como para a construção da

própria ferrovia por meio dos dormentes de madeira (Coelho, 2011), “para

abastecer de carvão vegetal as grandes siderúrgicas, principalmente a Belgo-

Mineira e Acesita.” (Espindola, Wendling, 2008, p. 180). Para esses autores, o

desmatamento se intensificou na década de 1940 e propiciou o surgimento

de centros urbanos na Bacia, além da utilização das terras desmatadas para

atividades de pecuária de gado de corte. Isso caracteriza, portanto, uma

trajetória que guarda em sua história de ocupação da Bacia inúmeros danos

ambientais, dentre eles a contaminação dos cursos hídricos pela ação

antrópica, como veremos mais adiante neste texto.

5 Segundo Dangelo (2002), o fluxo de navegação no Rio Doce tornou-se infrequente, contrária às

pretensões “que os visionários do século XIX desejaram” (p. 84).

45
Para saber mais:

Diante dos desafios para a concretização da ferrovia EFVM, sua construção foi
finalizada mais de 40 anos depois. Nesse período, danos socioambientais foram
provocados, tais como: desmatamento, conflitos com indígenas que habitavam o
vale do Rio Doce, doenças e mortes de indígenas e de trabalhadores da ferrovia
(DANGELO, 2002). Para Neves (2022, p. 17) a construção da EFVM foi responsável
pela “expansão de aglomerados urbanos que foram se formando ao longo da
ferrovia, e o processo de migração de outras partes do país para a região,
intensificado pela geração de empregos.”

Segundo a Agência Nacional de Transporte (ANTT) atualmente a malha ferroviária


da EFVM se localiza na “região metropolitana de Belo Horizonte, onde faz conexão
com a FCA e, numa extensão total de 895 km, alcança o Porto de Tubarão, em
Vitória. Seu traçado percorre em boa extensão o vale do Rio Doce.” (BRASIL, ANTT, S/
D). Nesse percurso a ferrovia é utilizada, principalmente, para o transporte de
minério de ferro da mineradora Vale, além de outros tipos de cargas e do transporte
de passageiros. Para saber mais, acesse o site da ANTT .

Atualmente, duzentos e vinte e oito municípios compõem a delimitação

territorial da Bacia Hidrográfica do Rio Doce, sendo 200 localizados no estado

de MG e 28 no ES (Silva, 2021).

Para saber mais:

Educador(a), leia no documento do Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio Doce (CBH


Doce) elaborado por Silva (2021), na página 69, os nomes dos 228 municípios
localizados em Minas Gerais e no Espírito Santo.

Esses 228 municípios se localizam em territórios cujas riquezas naturais

presentes na Bacia apresentam condições climáticas e geomorfológicas

propícias para aproveitamentos diversos dos modos de produção e

reprodução da vida e das atividades econômicas. Um exemplo disso é que, o

volume de água no Rio Doce e seus afluentes, possibilitou a instalação de

Usinas de energia hidroelétrica (UHE) como a UHE Risoleta Neves, localizada

no município de Rio Doce, a UHE Baguari, localizada em Governador

Valadares e a UHE de Aimorés, localizada na divisa de MG e ES.6

6 As UHEs possuem reservatórios hídricos em outros municípios da Bacia do Rio Doce, além dos locais

dos empreendimentos.

46
De acordo com o Comitê de Bacia Hidrográfica do Rio Doce (CBH Doce,
2016) a dimensão de drenagem dessa Bacia corresponde a área de 86.715
quilômetros quadrados, sua maior extensão se localizada no Estado de MG –
86% – e 14% no ES. As nascentes do fluxo hídrico do rio principal – Rio Doce –
se localizam nas Serras da Mantiqueira e Espinhaço e percorrem
aproximadamente 879 km até desaguarem na foz, que fica no estado do ES,
no município de Regência (Mapa 1).

Para saber mais:

Educador(a), os autores a seguir tratam das condições físicas da Bacia do Rio Doce.
Assim, a condição geomorfológica (os tipos de relevo) é caracterizada como:

Na região do Alto rio Doce predominam vales bem encaixados com vertentes
íngremes; o Médio rio Doce é caracterizado por vales mais abertos e colinas mais
suaves, próximo à divisa dos estados de Minas Gerais e Espírito Santo é marcado
pela presença de afloramentos rochosos; no Baixo rio Doce se destaca as planícies
fluviomarinhas e os tabuleiros litorâneos, este último sob sedimentos do Grupo
Barreiras (Ecoplan-lume, 2010; Saadi; Campos, 2015 apud Neves, 2022, p. 35).

E, a condição climática:

A região apresenta clima tropical de altitude com três subtipos: verões frios, nas
altas elevações, brandos, nas altitudes médias, e quentes, nas áreas menos elevadas.
(Cupolillo, 2008, p. 13).

Mapa 1 – Localização da Bacia Hidrográfica do Rio Doce e seus principais rios

Fonte: (SILVA, 2021, p. 13).

47
Cupolillo (2008, p. 13) afirma que “seus principais formadores são os rios:
Xopotó, Piranga e Carmo. O rio recebe o nome de Doce no encontro dos rios
Carmo e Piranga, abaixo da cidade de Ponte Nova, Minas Gerais”. Assim, o rio
Doce é considerado interestadual por percorrer dois estados, MG e ES. O vale
do Rio Doce é dividido em três regiões geográficas:
i) Alto rio Doce, compreende da nascente do rio Doce até sua confluência
com o rio Piracicaba; ii) Médio rio Doce, da confluência do rio Piracicaba até
próximo a sua junção com o rio Guandu, praticamente na divisa de Minas
Gerais com o Espírito Santo; iii) Baixo rio Doce, é considerado da divisa de
Minas Gerais e Espírito Santo até a foz no Oceano Atlântico, na cidade de
Regência – ES (CBH, 2005; STRAUCH, 1955 apud NEVES, 2022, p. 34-35, grifos
nossos).
O Mapa 2 mostra essa delimitação da Bacia Hidrográfica do Rio Doce em
seus 11 Comitês de Bacias Hidrográficas (CBHs), os quais se dividem em seis
sub-bacias em MG: Rio Piranga, Rio Piracicaba, Rio Santo Antônio, Rio Suaçuí,
Rio Caratinga, Rio Manhuaçu, e, no estado do ES, são três Unidades de Análise
(UA) com atuação em cinco CBHs: UA Guandu, interligada ao CBH Guandu;
UA Santa Maria do Doce, com diligência no CBH Santa Maria do Rio Doce; UA
São José, com atuação dos CBHs de Pontões e Lagoas do Rio Doce; CBH Barra
Seca e Foz do Rio Doce.

Mapa 2 – Bacia Hidrográfica do Rio Doce e seus comitês

Fonte: (Silva, 2021, p. 15)

48
Para saber mais:
Educador(a), acesse o recurso interativo do SIG WEB DOCE , pesquise a qual das CBHs o município
onde você atua faz parte e busque informações sobre a sua caracterização socioecômica, Físico-
Biótica, seus Recursos Hídricos, etc.

De acordo com Silva (2021), o CBH Doce foi criado por meio do Decreto
Federal de 25 de janeiro de 2002. Sua sede se situa no município mineiro de
Governador Valadares e possui jurisdição nos 228 municípios da Bacia.
Segundo a autora, trata-se de “um órgão colegiado, com atribuições
normativas, deliberativas e consultivas, no âmbito da Bacia Hidrográfica do
Rio Doce, vinculado ao Conselho Nacional de Recursos Hídricos – CNRH.”
(Silva, 2021, p. 16-17). Cuja missão é: “Articular os diversos atores sociais para
garantir a oferta de água, em quantidade e qualidade, visando o
desenvolvimento sustentável e a melhoria da qualidade de vida na Bacia
Hidrográfica do Rio Doce” (CBH Doce apud Silva, 2021, p. 17).

O CBH Doce desenvolve programas de recuperação dos danos


socioambientais da Bacia com plano de ações estruturadas anualmente
desde 2010. O relatório elaborado pelo Consórcio Ecoplan-Lume (2010),
contratado pelo Instituto Mineiro de Gestão das Águas (IGAM) aponta
distintos danos socioambientais na Bacia, tais como: elevados parâmetros de
coliformes fecais nas águas dos cursos hídricos por falta de Estações de
Tratamento de Esgoto (ETEs) nos municípios da Bacia; enchentes nas áreas
de habitações construídas em planícies de inundação dos rios e seus
afluentes; sedimentos provenientes de ações antrópicas, como por exemplo,
atividades agrícolas e industriais. Nesse sentido, algumas das ações dos
programas são: recuperação das nascentes, planos municipais de
saneamento básico com implantação de ETEs e monitoramento da qualidade
da água, construção de aterros sanitários no lugar de lixões, controle de
erosões nos rios, recuperação das microbacias, dentre outras.
Diante do exposto, constatamos que os danos socioambientais na Bacia
do Rio Doce antecedem o Rompimento da Barragem de Fundão ocorrido em
5 de novembro de 2015. No entanto, esse desastre traz novos desafios para a
Bacia, como aponta o CBH Doce (2016) na segunda edição da Revista da Bacia
do Rio Doce (2016). Isso porque os danos socioambientais decorrentes do
rompimento causaram desequilíbrio ecológico nos ecossistemas aquático
(fluvial e marinho) e terrestre.

A proporção dos desdobramentos do Rompimento da Barragem de


Fundão na Bacia do Rio Doce apresenta tensionamentos, especialmente, pelo
fato de alguns dos territórios atingidos apresentarem uma biodiversidade
heterogênea, como exemplo, as áreas de proteção ambiental.

49
Pelo menos 1.469 hectares de terras ficaram destruídos, incluindo
áreas de proteção permanente (APPs) e unidades de conservação
(UCs) - como o Parque Estadual do Rio Doce; o Parque Estadual Sete
Salões; a Floresta Nacional Goytacazes; e o Corredor da
Biodiversidade Sete Salões-Aymoré (Wanderley et al., 2016, p. 33).

.
Para elucidar, citamos o Instituto Estadual de Florestas (IEF, 2023) o qual
afirma que o Parque Estadual do Rio Doce é a “primeira unidade de
conservação criada no Estado de Minas Gerais e uma das primeiras do país”.
O parque se localiza nos territórios dos municípios de Dionísio, Marliéria e
Timóteo e ocupa uma área de quase 36 mil hectares com predominância do
bioma Mata Atlântica (IEF, 2023).

Para saber mais:


Para ampliar seus conhecimentos, acesse o site do Parque Estadual do Rio Doce.

Nesse contexto de riquezas naturais nos territórios da Bacia do Rio Doce,


há distintos usos e ocupações do solo (NEVES, 2022). Silva (2021) discorre sobre
as atividades econômicas na Bacia:
Na agropecuária, destaca-se as lavouras tradicionais, a cultura de café,
a cana de açúcar, a criação de gado de corte e leiteiro, a suinocultura,
dentre outras atividades. Na agroindústria, destaca-se sobretudo a
produção de açúcar e álcool. As Bacias do Piranga e do Piracicaba,
com o maior Produto Interno Bruto (PIB) industrial, concentram
aproximadamente 48% da população total. A região possui o maior
complexo siderúrgico da América Latina, ao qual estão associadas
empresas de mineração e reflorestadoras. Destacam-se, ainda,
indústrias de celulose e laticínios, comércio e serviços voltados aos
complexos industriais, bem como geração de energia elétrica, com
grande potencial de exploração (Silva, 2021, p. 15-16).

Destacamos aqui as práticas minerárias realizadas historicamente na


Bacia do Rio Doce, as quais se dão por meio da extração de ouro, gemas, areia
e outros minerais utilizados na construção civil, consideradas atividades de
pequeno e médio porte, além da mineração em larga escala de minerais
metálicos voltados, principalmente, para a extração e a exportação de
commodities. Como exemplo, as indústrias Vale e Samarco localizadas no Alto
Rio Doce fazem a extração, beneficiamento, transporte e exportação de
minério de ferro (Cupolillo, 2008; Silva, 2021; Scliar, 2022).

50
Essa diversidade de recursos minerais também foi evidenciada por vocês
educadores(as), ao elaborarem as Cartografias no Curso de Aperfeiçoamento
da Escola Rio Doce. Tal instrumento possibilitou-nos conhecer a variedade de
práticas minerárias na Bacia do Rio Doce. Para exemplificarmos, citamos uma
das cartografias de Governador Valadares (Hunzicker; Leite, 2022), a qual
indicou que dentre as práticas minerárias no município estão: gemas
(turmalina, água marinha, quartzo), mica, granito, cascalho, areia e brita.

Embora essas riquezas minerais tenham relevância histórica na


economia e no processo de ocupação da Bacia do Rio Doce, precisamos
ressaltar os danos socioambientais provocados ao longo dos anos nas
atividades, tanto de pequeno e médio porte, mas, especialmente, nas
atividades de larga escala com as indústrias minerárias (Coelho, 2011; Scliar,
2022), como, por exemplo, o Rompimento da Barragem de Fundão, que
aprofundaremos no texto do segundo módulo desta disciplina. Contudo, as
águas do Rio Doce e seus afluentes são contaminadas pelas práticas
minerárias há anos, mesmo antes do rompimento, como ressalta os escritos
de Coelho (2011, p. 182): “Em Minas Gerais, de conformidade com este
documento do IGAM, [...] houve diversas ocorrências de metais tóxicos nas
águas da Bacia do Doce, violando as normas legais.”

Nesse contexto, Coelho (2011) aponta os danos ambientais nos cursos


hídricos provocados pelas práticas minerárias, por meio de graxas e óleos
provenientes dessas atividades, além de ferro dissolvido, chumbo, alumínio,
dentre outros. O Instituto Pristino menciona alguns dos impactos
socioambientais provocados pelas mineradoras de larga escala na Bacia:

O processo de expansão do extrativismo do ferro, estimulado pela enorme


demanda por minério e pelo crescimento das cidades, gera intensa
degradação das montanhas ferruginosas, expondo diversas espécies raras
ao risco de extinção na natureza, além de provocar poluição das águas,
alteração da paisagem, destruição de cavernas, entre outros impactos
ambientais (Instituto Pristino, 2022).

Para saber mais:

Educador(a), acesse o site do Instituto Prístino para conhecer os materiais disponíveis nos
episódios I e II, ambos abordam de forma interdisciplinar temáticas sobre recursos minerais –
do ouro ao minério de ferro – em uma escala temporal/espacial, bem como as riquezas naturais
desses ecossistemas ferruginosos. Os conteúdos são destinados à educadores(as) e são
apresentados de maneira objetiva e com o uso de mapas interativos, ferramentas audiovisuais,
imagens, textos e poemas. Após acessar as informações, provocamos vocês a refletir sobre as
questões a seguir, as quais deverão ser realizadas no Tempo Comunidade (TC).

51
1. Do ponto de vista ambiental, quais são os desafios acerca da extração mineral nesses locais
sensíveis com diversidade ecossistêmica?

2. Comente sobre a problemática evidenciada no Poema de Carlos Drummond de Andrade “O


pico de Itabirito” apresentado no episódio I.

3. Acesse o episódio I na seção “Ecossistemas Ferruginosos e as escolas”. Utilize a ferramenta de


busca para pesquisar se a escola onde você atua se encontra em território de mineração e
responda as perguntas: A) “Sua escola se insere num município que contém um Ecossistema
Ferruginoso?” B) Quais são as possibilidades e desafios para as escolas localizadas nestes
territórios em área de mineração problematizar a relação dos seres humanos com a natureza?

4. No episódio II o Instituto Prístino esclarece na seção “Quanto mais ferro, mais água!” que a
região do Quadrilátero Ferrífero se trata de uma formação geológica composta pela
abundância de recursos minerais e pelo abastecimento hídrico, como exemplo a Bacia do Rio
Doce que um dos seus rios afluentes nasce na serra da Gandarela7. Souza (2021) denomina a
região do Quadrilátero Ferrífero como “Quadrilátero Aquífero”. Nesse sentido, explique quais
são os possíveis impactos socioambientais decorrentes de atividades de extração mineral nesta
região.

Neves (2022) ressalta que além dos danos socioambientais provocados


pelas práticas minerárias na Bacia do Rio Doce, há outras atividades de ação
antrópica como as práticas agropecuárias que vêm historicamente
provocando alterações nos ecossistemas ecológicos por meio dos seguintes
impactos:

[...] ambiental (fragmentação da cobertura vegetal, derrubada de


matas ciliares, redução de habitats silvestres, redução da fauna,
exploração de madeira, uso e manejo inadequados do solo,
assoreamento dos rios, contaminação de águas superficiais e lençóis
freáticos, entre outros) e de ordem social (miséria e baixa remuneração
do trabalho), reproduzindo a pobreza e o acirramento da desigualdade
social na Bacia (Boxer, 1969; EPE, 2007 apud Neves, 2022, p. 19)

Educador(a), sobre o contexto socioambiental da Bacia do Rio Doce


apresentamos algumas questões a seguir para tecermos reflexões a partir do
que foi exposto nessa segunda seção e nos seus conhecimentos.

7 “À direita [da serra da Gandarela], surge o Córrego Gandarela, afluente do Ribeirão Preto, que deságua
no Rio Conceição, na Bacia do Rio Doce” (INSTITUTO PRÍSTINO, 2022).

52
Para refletir:

1) Cite e comente o que mais chamou sua atenção no processo sócio-histórico-


geográfico da ocupação territorial na Bacia do Rio Doce.

2) A rica biodiversidade da Bacia do Rio Doce traz uma preocupação para refletirmos
sobre os impactos socioambientais provocados pela ação antrópica. A) Apresente
exemplos de outros impactos socioambientais presentes no território que você atua ou
reside na Bacia. B) Quem ou como esses impactos foram/são provocados?

3) Há possibilidades de os seres humanos utilizarem os recursos naturais presentes na


Bacia de forma mais sustentável? Se sim, como?

NÃO É O FIM, É SÓ O COMEÇO: NOSSO DIÁLOGO EM TORNO


DAS QUESTÕES AMBIENTAIS
Educador(a), você acompanhou neste material uma breve discussão
sobre a importância da Educação Ambiental em um contexto macro, desde
sua participação nos eventos ambientais globais, passando por alguns pontos
no Brasil e, por fim, em uma perspectiva micro, considerando as
particularidades de nossa Bacia do Rio Doce. Todo esse caminho foi
fundamental para compreendermos a Educação Ambiental em nosso
contexto vivido e o nosso papel, enquanto seres políticos, de colaborar com a
conscientização e sensibilização de nossos alunos(as) a respeito do meio
ambiente.

Indivíduos mais preparados e conscientes, no que tange a importância


de uma Educação voltada para o ambiente, para o contexto vivido de cada ser
humano, colaboram, significativamente, para uma sociedade mais justa e
humanizada. Por consequência, a inserção de profissionais na Educação
preparados para compreender as questões ambientais do contexto onde se
localiza a sua escola, fomenta cada vez mais o debate sobre a realidade que
vivemos e colabora com ações que viabilizem o futuro de nosso planeta.

Nesse sentido, discorremos sobre os danos socioambientais de ação


antrópica na Bacia do Rio Doce, os quais vêm historicamente contaminando
os cursos hídricos, causando intenso desmatamento da Mata Atlântica,
desertificação dos solos, desequilíbrios ecológicos e humanos, por exemplo: o
genocídio dos povos indígenas apontado por Coelho (2011) e o Rompimento
da Barragem de Fundão (Brasil; IBGE, 2015). Esses danos socioambientais são
provocados pelos interesses econômicos nos usos dos recursos naturais
presentes na Bacia, dentre estes a extração de recursos minerais.

53
Os documentos brasileiros, a exemplo da Política Nacional de Meio
Ambiente, de 1981, e a Política Nacional de Educação Ambiental, de 1999,
apresentam um grande avanço do país em refletir sobre a temática do meio
ambiente nas escolas. Contudo, os documentos educacionais, como por
exemplo, a Lei de Diretrizes e Bases, de 1996 e a Base Nacional Comum
Curricular, de 2018, apresentam em segundo plano a realização da temática
ambiental nas diversas áreas do conhecimento, em detrimento do letramento
e da alfabetização. Consideramos ser essencial superar o silenciamento
existente a respeito da Educação Ambiental, para que a temática do meio
ambiente receba de forma igualitária a atenção e importância dentro da
formação de nossas crianças e jovens, e da prática pedagógica dos(as)
docentes.

Nessa perspectiva, esperamos que este curso de especialização e o texto


em tela possam proporcionar caminhos para problematizamos o meio
ambiente que nos cerca e seus danos socioambientais, colocando-nos como
sujeitos que detêm responsabilidades sobre o presente, mas, que sobretudo,
possamos (re)pensar o futuro que queremos, sem nos esquecermos do
passado do nosso país entrelaçado a um modelo de exploração do meio
ambiente e dos corpos dos grupos minoritários.

Nosso debate a respeito da Educação Ambiental nas escolas e na Bacia


do Rio Doce continua, e, esperamos que você educador(a), seja impactado(a)
com esta motivação realizada aqui. Bons estudos e até a próxima
oportunidade!

54
Referência Bibliográfica:

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55
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