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UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA

DIEGO BERSELLI

AVALIAÇÃO DO PROCESSO OXIDATIVO AVANÇADO DE FENTON E FOTO-


FENTON NO TRATAMENTO DE EFLUENTES DA LAVAGEM DE VEÍCULOS DE
POSTO DE COMBUSTÍVEL

Florianópolis
2015
DIEGO BERSELLI

AVALIAÇÃO DO PROCESSO OXIDATIVO AVANÇADO DE FENTON E FOTO-


FENTON NO TRATAMENTO DE EFLUENTES DA LAVAGEM DE VEÍCULOS DE
POSTO DE COMBUSTÍVEL

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado


ao Curso de Engenharia Ambiental e Sanitária
da Universidade do Sul de Santa Catarina como
requisito parcial à obtenção do título de
Bacharel em Engenharia Ambiental e Sanitária.

Orientador: Profª. Drª. Rachel Faverzani Magnago.

Florianópolis
2015
DIEGO BERSELLI

AVALIAÇÃO DO PROCESSO OXIDATIVO AVANÇADO DE FENTON E FOTO-


FENTON NO TRATAMENTO DE EFLUENTES DA LAVAGEM DE VEÍCULOS DE
POSTO DE COMBUSTÍVEL

Este Trabalho de Conclusão de Curso foi


julgado adequado à obtenção do título de
Bacharel em Engenharia Ambiental e Sanitária
e aprovado em sua forma final pelo Curso de
Engenharia Ambiental e Sanitária da
Universidade do Sul de Santa Catarina.
Este trabalho de conclusão de curso é dedicado
aos meus pais, Ruy e Cleida, e meu irmão,
Doglas, que me fortaleceram dando apoio para
seguir em frente nessa caminhada acadêmica.
AGRADECIMENTOS

Agradeço a Deus, pela saúde e família que tenho por me proporcionar fé em


momentos difíceis e forças para combater os desafios do dia-a-dia.
Aos meus pais, Ruy Berselli e Cleida Dallé Berselli, e ao meu irmão, Doglas Dallé
Berselli, pelo apoio fornecido aos estudos e ensinamentos que auxiliaram na minha formação
de caráter.
Agradeço em especial a minha orientadora, Rachel F. Magnago, pela paciência e
auxilio necessário para execução deste trabalho, e aos professores por serem essenciais ao
dividir suas experiências nas aulas ministradas nessa jornada na Universidade em especial a
professora Elisa Helena Siegel Moecke, agradeço também ao colega Rodrigo Wheeler, pela
ajuda e dedicação.
Por fim, agradeço a todos meus amigos que conheci dentro da Universidade, onde
momentos passados juntos jamais serão esquecidos.
RESUMO

O lançamento direto de efluentes com alta carga de poluição tem sido um grande problema
ambiental, pois além de afetar diretamente o meio ambiente, também afeta a saúde humana.
Diante dos problemas ambientais encontrados atualmente, os tratamentos usados procuram uma
forma de se manter eficientes. Com o crescimento da frota de veículos, bem como o serviço de
lavagem de veículos tem aumentado com isso a proteção ao meio ambiente tem se tornado um
fator importante, sendo que os tratamentos hoje usados não têm atendido nem mesmo a
legislação vigente. O presente estudo abordou a avaliação do processo oxidativo avançado de
Fenton e foto-Fenton no tratamento de efluentes da lavagem de veículos de um posto de
combustível. A eficiência do tratamento foi observada através de análises físicas (cor, turbidez)
e químicas (pH, DQO, surfactantes e óleos e graxas) das duas amostras coletadas no posto. Os
resultados obtidos foram comparados com os valores máximos permitidos determinados pelas
resoluções 357/2005 e 430/2011 do CONAMA e pela LEI estadual n°. 14.675. Os resultados
obtidos atenderam todas as legislações vigentes, com uma melhor eficiência no processo foto-
Fenton.

Palavras-chave: Fenton e Foto-Fenton; Efluente de Lavagem de Veículos.


LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1 - - Efluente de Lavação de Veículos ....................................................................... 23


Figura 2 - Amostras no bloco digestor .................................................................................. 24
Figura 3 - Amostra com a titulação do sulfato ferroso amoniacal .......................................... 25
Figura 4 – Aparelho extrator de Soxhlet ............................................................................... 26
Figura 5- Phmetro Mettler Toledo SG23 .............................................................................. 28
Figura 6 – Colorímetro de Hach ........................................................................................... 29
Figura 7 - Turbidímetro ALFAKIT AT 2K........................................................................... 30
Figura 8 - Sistema de Recirculação Fenton e Foto-Fenton com amostra. .............................. 31
Figura 9 - Cone Imhoff com a amostra 1 obtida após o tratamento Fenton. ........................... 32
Figura 10 - Caixa com as lâmpadas para recirculação com a passagem da amostra ............... 33
Figura 11 - Amostra 1 coletada no dia 4 de maio de 2015 antes e depois do tratamento Fenton
e foto-Fenton........................................................................................................................ 34
Figura 12 - Amostra 2 coletada no dia 5 de maio de 2015 antes e depois do tratamento Fenton
e foto-Fenton ....................................................................................................................... 35
LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Parâmetros do efluente bruto de lavagens de veículos em postos de combustíveis de


seis estados. ......................................................................................................................... 15
Tabela 2 - Resultados das análises de turbidez para amostra 1 e 2 antes e depois do tratamento
Fenton e foto-Fenton ............................................................................................................ 35
Tabela 3 - Resultados das análises de cor para amostra 1 e 2 antes e depois do tratamento Fenton
e foto-Fenton ....................................................................................................................... 36
Tabela 4 - Resultados das análises de potencial hidrogeniônico para amostra 1 e 2 antes e depois
do tratamento Fenton e foto-Fenton...................................................................................... 38
Tabela 5 - Resultados das análises de surfactantes para amostra 1 e 2 antes e depois do
tratamento Fenton e foto-Fenton .......................................................................................... 38
Tabela 6 - Resultados das análises de óleos e graxas para as amostras 1 e 2 antes e depois do
tratamento Fenton e foto-Fenton .......................................................................................... 39
Tabela 7 - Resultados das análises da demanda química de oxigênio para as amostras 1 e 2 antes
e depois do tratamento Fenton e foto-Fenton ........................................................................ 40
LISTA DE SIGLAS

ABNT: Associação Brasileira de Normas Técnicas


CONAMA: Conselho Nacional de Meio Ambiente
NBR: Norma Brasileira
pH: Potencial Hidrogeniônico
UV: Ultravioleta
MBAS: Methilene Blue Active Substances
CETESB: Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental
O&G: óleos e graxas
uH: Unidades hanzen
SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ............................................................................................................ 11
1.1 JUSTIFICATIVA ........................................................................................................ 12
1.2 OBJETIVOS................................................................................................................ 13
1.2.1 Objetivo geral .......................................................................................................... 13
2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ............................................................................... 14
2.1 POSTOS DE ABASTECIMENTO .............................................................................. 14
2.1.1 Efluente de Lavagem de Veículos ........................................................................... 14
2.2 PARÂMETROS DE POLUIÇÃO ................................................................................ 16
2.2.1 Surfactantes ............................................................................................................. 16
2.2.2 Demanda Química de Oxigênio .............................................................................. 17
2.2.3 Potencial Hidrogeniônico ........................................................................................ 18
2.2.4 Turbidez .................................................................................................................. 18
2.2.5 Cor ........................................................................................................................... 18
2.2.6 Óleos e Graxas ......................................................................................................... 19
2.3 PROCESSO FENTON ................................................................................................ 19
2.4 PROCESSO FOTO-FENTON ..................................................................................... 20
3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS ................................................................ 22
3.1 AMOSTRAGEM ......................................................................................................... 22
3.2 DETERMINAÇÃO DA DEMANDA QUÍMICA DE OXIGÊNIO............................... 23
3.3 DETERMINAÇÃO ÓLEOS E GRAXAS .................................................................... 25
3.4 DETERMINAÇÃO SURFACTANTES....................................................................... 26
3.5 DETERMINAÇÃO DA, COR, PH, TURBIDEZ. ........................................................ 28
3.6 PROCESSOS FENTON E FOTO-FENTON EM ESCALA LABORATORIAL .......... 30
4 RESULTADOS E DISCUÇÕES .................................................................................. 34
4.1 ANÁLISE DOS PARÂMETROS FISÍCOS DO EFLUENTE ...................................... 35
4.1.1 Análise Turbidez ..................................................................................................... 35
4.1.2 Análise Cor .............................................................................................................. 36
4.2 ANÁLISE DOS PARÂMETROS QUIMÍCOS DO EFLUENTE ................................. 37
4.2.1 Análise do Potencial Hidrogeniônico (pH) ............................................................. 37
4.2.2 Análise Surfactantes................................................................................................ 38
4.2.3 Análise Óleos e Graxas ........................................................................................... 39
4.2.4 Análise Demanda Química de Oxigênio ................................................................. 40
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS ....................................................................................... 43
REFERÊNCIAS ................................................................................................................. 44
11

1 INTRODUÇÃO

No Brasil existem 40.266 postos de combustíveis, número este atualizado pela


Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (2015), muitos deles oferecem
serviços como abastecimento de combustíveis, troca de óleo e lavagem de veículos. O sistema
de tratamento dos efluentes utilizados são os sistemas primários, que possuem caixa de areia e
caixas separadoras de água e óleo, seguindo a NBR14605/2000. Os sistemas primários são
eficazes para a remoção de óleos em suspensão e sólidos sedimentáveis, os poluentes como
Demanda Química de Oxigênio (DQO) e surfactantes não são totalmente removidos. Segundo
Lorenzett, Rossato e Godoy (2011), o setor de distribuição de combustíveis e serviços é
caracterizado como uma atividade de alto risco para o meio ambiente, poluindo as águas, o solo
e o ar. A resolução CONAMA 273/00 estabelece a obrigatoriedade do licenciamento ambiental
nos postos, com esta implementação foi descoberto passivos ambientais nos estabelecimentos.
Para Jönsson e Jönsson (apud TEIXEIRA, 2003) o efluente gerado no processo de lavagem
contém principalmente óleos, graxas, sabões, partículas de poeira, carbono e asfalto, com isso
constituindo uma fonte significativa de DQO. O efluente pode conter óleo proveniente do motor
do sistema de freios dos veículos bem como fluído hidráulico. A reciclagem desses efluentes é
realidade em alguns países, como Estados Unidos, Japão e alguns da Europa, que possuem
legislação para sistemas de tratamento e recirculação da água utilizada (LEITÃO, 1999 apud
MORELLI, 2005).
Os óleos automotivos podem ser de origem animal, vegetal, mineral ou sintéticos,
podendo ser constituído pela mistura de dois ou mais tipo (Gerenciamento de Óleos
Lubrificantes Usados ou Contaminados, 2011). O óleo mais utilizado no Brasil é o mineral, que
são produzidos diretamente a partir do refino de petróleo.
Fenton é um processo de oxidação empregado para tratamento de efluentes que
utiliza empregado para tratamento de efluentes como reagentes a solução de peróxido de
hidrogénio e um catalisador de ferro para a oxidação de impurezas, o Foto-Fenton é também
um processo oxidativo que utiliza ultravioleta (UV) para a degradação catalítica de material
químico presente, dentre as principais vantagens do processo Fenton são:
 Processo é simples;
 Não existe forma de energia envolvida na catálise;
 Não existe limitação na transferência de massa, pois a reação catalítica é do tipo
homogênea.
12

Dentre as principais vantagens do processo Fenton e Foto-Fenton é possível


destacar a simplicidade operacional que resulta do seu caráter homogêneo, assim como sua
eficiência na degradação de compostos orgânicos.
Neste contexto foi estudado o tratamento de efluente automotivo de posto de
combustível coletado da atividade de lavagem de veículos pelo processo oxidativo avançado de
Fenton e foto-Fenton.

1.1 JUSTIFICATIVA

Braile e Cavalcanti (apud TEIXEIRA, 2003) afirmam que o tratamento de despejos


contendo detergentes é um dos grandes problemas da engenharia sanitária. Com o lançamento
direto no corpo hídrico, podem provocar formação de espumas, facilitando assim o transporte
de microrganismos, principalmente bactérias que exerce o papel de veículo de parasitas.
Os óleos e graxas contidos neste efluente também são causadores de contaminação,
quando presentes em quantidades excessivas podem interferir nos processos biológicos
aeróbicos e anaeróbicos, causando ineficiência do tratamento de águas residuárias, quando
descartados na rede coletora ou em corpos hídricos, os óleos e graxas podem formar filmes
sobre a superfície das águas e se depositarem nas margens, causando assim diversos problemas
ambientais (VON SPERLING, 1995, apud PEREIRA, 2004, p.8).
Os esgotos tratados têm um papel fundamental no planejamento e na gestão
sustentável dos recursos hídricos, o tratamento da água de lavagem de veículos com o sistema
Fenton e foto-Fenton deve possibilitar que a água seja descartada para corpos de água, rios,
dentro dos limites legais de poluentes.
Merece atenção segundo Leão et al (2010), que a água utilizada na lavagem de
veículos representa uma parcela significativa do consumo de água para uso doméstico. No
Brasil, cerca de 32.700 postos de lavagem consomem 3,7 milhões de m³/mês, o equivalente ao
consumo mensal de uma cidade de 600 mil habitantes.
O tratamento Fenton e/ou foto-Fenton pode tornar possível o uso da água tratada
no próprio posto, por exemplo, recirculação de água para nova lavagem de veículos.
O trabalho se justifica pelo melhor tratamento dos efluentes comparado ao atual em
posto para descarte ou reuso da água, a fonte de energia para o método Foto-Fenton é de fácil
adaptação com a adição de lâmpadas com comprimento de onda de 315 a 400 nm além de ser
um sistema de baixo custo.
13

1.2 OBJETIVOS

Em função da pouca eficiência que o posto de combustível apresenta em seu


tratamento, são citados a seguir os objetivos geral e específicos.

1.2.1 Objetivo geral

Avaliar o tratamento de efluentes gerados nas operações de lavagem de veículos


em postos de combustíveis utilizando o método oxidativo Fenton e Foto-Fenton.

Objetivos específicos:
 Realizar a caracterização físico-química, cor, pH, turbidez, surfactantes,
demanda química de oxigênio e óleos e graxas das amostras de água
contaminadas com efluente de lavagem proveniente de lava-jatos;
 Ajustar equipamento de Fenton e foto-Fenton;
 Submeter às amostras de água de lavagem de veículos, previamente preparadas
ao tratamento oxidativo avançado de Fenton e foto-Fenton;
 Realizar a caracterização físico-química, cor, pH, turbidez, surfactantes,
demanda química de oxigênio e óleos e graxas das amostras efluente de pós-
tratamento.
 Comparar os resultados das análises realizadas com as resoluções n° 357/2005
e nº 396/2008 do CONAMA e a Lei estadual n° 14.675, de 13 de abril de 2009.
14

2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

Na fundamentação teórica está apresentado a contextualização de posto de


abastecimento, efluente de lavagem de veículos, parâmetros de poluição, processo Fenton e
foto-Fenton.

2.1 POSTOS DE ABASTECIMENTO

Posto de abastecimento ou posto de combustível é um empreendimento que


comercializa combustíveis e serviços, como mecânica e lavagem de veículos, no Brasil a
legislação vigente para lançamentos de efluentes oleosos é regida pela Resolução do CONAMA
n° 357, de 17 de março de 2005 com alteração e complemento da Resolução do CONAMA n°
430, de 13 de maio de 2011, alguns municípios possuem limites de valores próprios adotados,
contudo estes não podem extrapolar os valores máximos da união, em Santa Catarina deve ser
seguida a LEI estadual n° 14.675, de 13 de abril de 2009, onde se encontra parâmetros de
lançamento.
Em Florianópolis o número de veículos no mês de abril foi de 217.884 carros
(Detran, 2015), um valor significativo, principalmente para serviços de lava a jatos.

2.1.1 Efluente de Lavagem de Veículos

A atividade de lavagem de veículos é considerada potencialmente poluidora,


principalmente com relação ao uso da água, e por consequência à geração de efluentes, os
vazamentos e descartes quando não tratados, provocam danos ao meio ambiente, estes efluentes
líquidos gerados são compostos por, óleos e graxas, substâncias orgânicas e detergentes, quando
lançados no meio aquático é prejudicial.
Muitas dessas substâncias são tidas como recalcitrantes quando lançadas em corpos
hídricos, provocando danos irreparáveis para flora e fauna aquática, por apresentarem, em sua
maioria, elevado potencial de toxicidade, capacidade de bioacumulação, interferirem nas trocas
gasosas e transferência de energia, afetando assim, indiretamente, a saúde humana. (ODUM e
BARRET, 2007; RICKLEFS, 2003, apud Dias, 2013, p. 1).
Um dos principais problemas ambientais provocados é o decréscimo da
concentração de oxigênio dissolvido nos efluentes e têm diversas implicações do ponto de vista
ambiental. (QUEIROZ, 2014).
15

Segundo Costa (2006, apud Soeiro, 2014, p.19) os lava a jatos descartam nos solos
as águas servidas e não dispõe em geral de programas de gestão de resíduos sólidos e líquidos.
Os danos provocados pelos poluentes no solo podem ser desastrosos, podendo
afetar populações de organismos, comunidades ou mesmo causar graves danos em todo o
ecossistema local. (FAVERO et al, 2007). O efluente de lavagens de veículos é caracterizado
pela concentração de óleos, graxas e detergentes, na tabela 1 estão apresentados os parâmetros
de efluentes de cinco estados brasileiros e um estado americano.

Tabela 1 - Parâmetros do efluente bruto de lavagens de veículos em postos de combustíveis de


seis estados.
Santa São
Washington RS Paraíba RN
Catarina Paulo
Parâmetros Zaneti Rosa et Etchep
Dorigon et Soeiro
Smith (2009) et al al are
al(2010) (2014)
(2011) (2011) (2012)
pH 9,21 6,75 7,55 8,3 7,4 6,98
Turbidez 972 159 96 360 107 *
Temperatura 19,84 * * * * *
Cloro residual * * * * * *
Cobre 14,94 0,532 * 1,12 * 0,38
Zinco 0,45 0,502 * 2,82 * 0,31
Nitrogênio * 18,8 *
* 7 9,6
Óleos e
177,79 21,5 8,3 152,8 14 282,35
Graxas

Surfactantes * * * *
16,35 23
DQO * * * * 1,696 189
Fonte: Adaptado de Queiroz (2014).

A tabela indica parâmetros dos efluentes de pesquisas em alguns estados antes do


tratamento, em relação à Santa Catarina, o pH observado possui um valor de 9,21 extrapolando
o limite da LEI estadual n° 14.675, de 13 de abril de 2009, onde o limite é entre 6 à 9, na
turbidez o resultado foi 972 UNT, um valor muito alto pois seu limite de acordo a 430/2011 é
40 UNT, em relação a óleos e graxas o resultado foi 177,79 mg/L o valor máximo para
lançamento de acordo a 430/2011 é 20 mg/L.
16

2.2 PARÂMETROS DE POLUIÇÃO

Os parâmetros de poluição seguem as legislações vigentes para lançamentos direto


e indireto, que é a Resolução CONAMA n° 430, de 13 de maio de 2011 e da LEI estadual n°
14.675, de 13 de abril de 2009. A Resolução CONAMA n° 357, de 17 de março de 2005 dispõe
sobre a classificação dos corpos de água que corrobora na avaliação da qualidade dos corpos
hídricos onde são lançados os efluentes.
Os parâmetros para avaliação da qualidade que foram considerados no estudo são
apresentados a seguir, que compreendem os parâmetros físicos cor e turbidez e os parâmetros
químicos Demanda Química de Oxigênio (DQO), surfactantes, óleos e graxas e potencial
hidrogeniônico.

2.2.1 Surfactantes

Segundo Tondo (2011) os surfactantes são moléculas bifuncionais, contendo em


sua estrutura uma cadeia hidrofóbica e uma extremidade ou cabeça hidrofílica.
Analiticamente, detergentes ou surfactantes são definidos como compostos que
reagem com o azul de metileno em condições especificadas. Estes compostos são designados
substâncias ativas ao azul de metileno (MBAS - Methilene Blue Active Substances) e suas
concentrações são relativas ao sulfonato de alquil benzeno linear (LAS) que é utilizado como
padrão na análise (CETESB, 2015).
Agentes tensoativos consistem em cadeias moleculares com uma parte hidrofóbica,
contendo de 10 a 20 átomos de carbono como alquil benzenos, alquil fenóis, álcool, parafina
ou polioxipropileno, e uma parte hidrofílica que pode conter grupos ionizáveis em água, tais
como sulfatos, carboxilatos, sulfonatos ou grupamento quaternário de amônio. No entanto,
alguns grupos da estrutura hidrofílica podem não ser ionizáveis em água, tal como o
polioxietileno, tornando o surfactante não iônico (GARDINGO, 2010, apud COLPANI, 2012,
p. 27).
Os fosfatos inorgânicos são um dos ingredientes mais utilizados e abundantes na
composição dos detergentes em pó de uso doméstico e industrial. Sua função é neutralizar
certos íons de metais presentes na água como cálcio e magnésio, diminuindo a dureza da água
passa manter o meio alcalino impedindo que a sujeira volte a se fixar nos tecidos, facilitando a
ação dos tensoativos. (SOUZA et al, 2010).
17

Os fosfatos não atuam como materiais tóxicos no ambiente, mas como nutrientes.
(SOUZA et al, 2010)
Os surfactantes são causadores de espumas no meio líquido, em muitos sistemas de
tratamento é uma barreira, pois em situações anaeróbias não são biodegradados, dificultando a
troca de oxigênio.
Quando o detergente é encontrado na superfície da água, o gás carbônico não é
liberado da água, e por sua vez impede nova oxigenação, podendo levar à morte organismos
aquáticos. Esses fatores acabam promovendo a proliferação de bactérias anaeróbicas nesse
ambiente perturbado (ROHRER, 1975, apud QUEIROZ, 2014, p. 01).
Conforme a legislação estadual LEI n°. 14.675 o lançamento padrão máximo não
pode passar de 2 mg/L.

2.2.2 Demanda Química de Oxigênio

Indicador de matéria orgânica baseado na concentração de oxigênio consumido


para oxidar a matéria orgânica, biodegradável ou não, em meio ácido e condições energéticas
por ação de um agente químico oxidante forte. Esta técnica estima a concentração de matéria
orgânica em termos de oxigênio consumido sendo que nos corpos d’águas as condições não são
tão enérgicas, além do fato de que algumas espécies inorgânicas, tais como nitritos, compostos
reduzidos de enxofre e substâncias orgânicas, tais como hidrocarbonetos aromáticos,
compostos alifáticos de cadeia aberta e piridinas, não são oxidadas. A principal vantagem da
Demanda Química de Oxigênio (DQO) é a velocidade de analise, pouco mais de duas horas,
enquanto que a Demanda Biológica de Oxigênio (DBO) leva cinco dias. (VALENTE,
PADILHA e SILVA, 1997).
A DQO afeta diretamente os níveis de oxigênio, ocorrendo à redução de oxigênio,
afetando diretamente o sistema aquático.
Em relação à DQO, a legislação estadual de Santa Catarina LEI n°. 14.675 e a
Resolução CONAMA n°. 357 e a 430 não estipulam padrões máximos para este parâmetro nos
corpos receptores, onde o mesmo poderá possuir valores elevados, desde que sua capacidade
de autodepuração é demonstrada por intermédio do parâmetro de oxigênio dissolvido (OD),
onde as concentrações mínimas do mesmo não podem desobedecer aos padrões estabelecidos
pelas legislações vigentes (AZZOLINI, FRINHANI, FABRO 2010).
18

2.2.3 Potencial Hidrogeniônico

No tratamento físico-químico de efluentes muitos são os exemplos de reações


dependentes do potencial hidrogeniônico (pH), como a precipitação química de metais pesados
que ocorre em pH elevado, a redução do cromo hexavalente à forma trivalente ocorre em pH
baixo, a quebra de emulsões oleosas mediante acidificação, o arraste de amônia convertida a
forma gasosa ocorre mediante elevação de pH. Sendo assim, o pH é um parâmetro importante
no controle dos processos físico-químicos de tratamento de efluentes (CETESB, 2001, apud
BALLMAN, 2011).
Os limites de acordo a resolução CONAMA n° 430/2011 é estabelecido uma faixa
de pH entre 5 e 9 para lançamento em qualquer corpo hídrico, enquanto que na LEI estadual n°
14.675, de 13 de abril de 2009 a faixa é de 6 e 9.

2.2.4 Turbidez

A determinação da turbidez permite evidenciar alterações na água, pois quando a


água possui elevadas concentrações de turbidez, as partículas em suspensão refletem a luz,
fazendo com que a esta não chegue aos organismos aquáticos, impossibilitando assim,
processos como o de fotossíntese (VAZ, 2009, apud Queiroz, 2011).
A principal fonte de turbidez é a erosão dos solos, quando no período chuvoso as
águas pluviais trazem uma quantidade significativa de material sólido para os corpos d´água
(ANA, 2009, apud Queiroz, 2014, p.12).
A LEI n° 14.675 e a norma específica para lançamento (CONAMA 430/2011) não
indicam parâmetros de turbidez, com isso foi levado com consideração ao CONAMA n°
357/2005 onde se encontra o limite de 40 UNT para classe 1 (padrão) e 100 UNT para classe 1
(padrões para corpos de água onde haja pesca ou cultivo de organismos para fins de consumo
intensivo), classe 2 (padrão) e classe 3 (padrão).

2.2.5 Cor

A cor de uma amostra de água está associada ao grau de redução de intensidade que
a luz sofre ao atravessá-la, sendo que esta redução dá-se por absorção de parte da radiação
eletromagnética, devido à presença de sólidos dissolvidos, principalmente material em estado
coloidal orgânico e inorgânico. Dentre os colóides orgânicos, podem-se mencionar os ácidos
19

húmico e fúlvico, substâncias naturais resultantes da decomposição parcial de compostos


orgânicos presentes em folhas, dentre outros substratos (CETESB, 2015). A LEI estadual n°
14.675 e a norma específica para lançamento (CONAMA 430/2011) não indicam parâmetros
referente a cor, com isso foi levado em consideração a CONAMA n° 357/2005, onde o limite
é de até 75 mg Pt/L ou 75 uH.

2.2.6 Óleos e Graxas

O teor de óleos e graxas (O&G) é um indicador global representativo de uma ampla


classe de substâncias que podem ser solubilizadas e extraídas por solventes orgânicos. Essas
substâncias, ditas solúveis em hexano compreendem ácidos graxos, gorduras animais, sabões,
graxas, óleos vegetais, ceras, óleos minerais, etc. Os óleos e graxas são substâncias orgânicas
de origem mineral, vegetal ou animal. Esse parâmetro tem o mérito de quantificar uma ampla
classe de poluentes hidrofóbicos, que interagem com as membranas biológicas, podendo ter
efeitos tóxicos e acumulativos no meio ambiente. (SANT’ANNA JR., 2010, apud
GOETTEMS, 2012).
Quando os óleos e graxas estão em processo de decomposição reduzem o oxigênio
dissolvido, causando assim alterações no sistema aquático, este oxigênio consumido é
necessário para muitas formas de vida aquáticas.
De acordo a resolução CONAMA n° 430/2011 é estabelecido o lançamento de
óleos minerais de 20 mg/L em corpos hídricos.

2.3 PROCESSO FENTON

A reação Fenton é aquela onde a geração de radicais hidroxila é feita por


decomposição de peroxido de dihidrogênio (H2O2) catalisada por Fe2+ em meio ácido (Equação
1). (TEIXEIRA e JARDIM, 2004, apud VENDRUSCULO).

Fe2+ + H2O2 → Fe3+ + OH- + OH∙ (1)

A reação de íons férricos com peróxido de hidrogênio, conhecida como tipo-Fenton


(equação 2) permite a regeneração dos íons ferrosos (COSTA et al, 2015):
20

Fe3+ + H2O2 → HO3∙ + Fe2+ + H+ (2)

Somente após quase um século do primeiro trabalho envolvendo a reação de


Fenton, este começou a ser aplicado na oxidação de contaminantes orgânicos presentes em
águas, efluentes e solo. Um dos primeiros trabalhos que descreveram a oxidação de compostos
orgânicos visando o tratamento de águas por reação de Fenton foi de Barbeni et al (1987) onde
foi estudada a degradação de clorofenóis. A potencialidade do processo para o tratamento de
efluentes foi mais tarde enfatizada por Bigda et al (1995) devido à simplicidade de sua
aplicação, uma vez que a reação ocorre à temperatura e pressão ambientes, não requer nenhum
reagente ou equipamento especial e se aplica a uma grande variedade de compostos. Além
disso, o ferro (Fe), espécie que quebra o peróxido de hidrogênio é o quarto elemento mais
abundante na crosta terrestre (NOGUEIRA, 2007). Outra vantagem é que o peroxido de
hidrogênio (H2O2) decompõe em água (H2O).
Segundo SILVA et al (2004) os Processos Oxidativos Avançados (POA) têm se
apresentado como uma alternativa eficiente para o tratamento de efluentes utilizando reações
de oxidação iniciadas por radicais hidroxila (HO·).

2.4 PROCESSO FOTO-FENTON

O processo foto-Fenton possui presença de radiação ultravioleta (UV) entre 280 e


550 nm somada as condições reacionais do processo Fenton, em decorrência da interação da
luz com a solução, á uma produção do radical livre hidroxila, potencializando o processo
Fenton, como apresentado nas equações 3 e 4.

.
Fe(OH)2 + hv → Fe2+ + HO (3)

·
Fe3+ (RCO2)3+ + hv → Fe2+ + CO2 + R (4)

Fotólise do peróxido de hidrogênio pela radiação UV na equação 5.


·
H2O2 + hv → 2 OH (5)
21

Assim, os íons regenerados de acordo com as equações 3 e 4 podem reagir


novamente com o peróxido de hidrogênio (equação 1) para gerar mais radicais hidroxila,
criando um ciclo fotocatalítico Fe2/Fe3+. Com isso, o uso da radiação UV reduz
significantemente as concentrações iniciais do íon ferroso, quando comparadas às utilizadas no
reagente de Fenton. (GASPARINI, 2011).
De acordo com Andrade (2005) os processos oxidativos avançados são processos
não seletivos, podendo degradar simultaneamente inúmeros compostos e, também, são
caracterizados por gerar, na maioria das vezes, compostos não-tóxicos como subprodutos das
reações.
22

3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

A metodologia científica deve abrir caminhos para aperfeiçoar o que esta sendo
produzido e alcançar os objetivos estabelecidos pelo pesquisador. Oliveira (2004) descreve que
a metodologia estuda métodos de investigação, o pensamento correto e verdadeiro que visa
delimitar um determinado problema além de analisar e desenvolver observações. O método
usado para realização do trabalho foi o quantitativo, que busca ter relação com variáveis
estudadas. O método quantitativo, segundo Moresi (2003), considera que tudo pode ser
quantificável, o que significa traduzir em números opiniões e informações para classificá-las e
analisá-las.
As amostras foram coletadas de um lava-jato de posto de combustível na cidade de
Florianópolis – SC no bairro Itacurubi, o método foi experimental e envolveu diferentes etapas
as quais foram divididas em amostragem, caracterização físico química do efluente bruto,
processo de tratamento por Fenton e Foto-Fenton em escala laboratorial, caracterização físico
química do efluente tratado. Os parâmetros avaliados foram: demanda Química de Oxigênio,
determinação óleo e graxas, determinação surfactantes, determinação cor, pH, turbidez.

3.1 AMOSTRAGEM

Foram coletadas duas amostras de água de lavagem de veículos antes de passar pelo
tratamento físico, com intervalo de um dia, a primeira no dia 04 de maio de 2015 e a segunda
no dia 05 de maio de 2015, no posto de gasolina situado no bairro Itacurubi. Foi necessário
coletar um total de 4 litros de amostra, esta foi submetida às análises em um período máximo
de 48 horas antes e depois ao processo oxidativo de Fenton e Foto-Fenton, as coletas e os prazos
foram de acordo com a norma ABNT NBR 9898, que prediz sobre Preservação e técnicas de
amostragem de efluentes líquidos e corpos receptores.
Na figura 1 pode ser visualizado a aparência do efluente de lavação do posto de
combustível, o qual foi coletado no dia 04 e 05 de maio do corrente ano de 2015.
23

Figura 1 - - Efluente de Lavação de Veículos

Fonte: Autor, 2015

3.2 DETERMINAÇÃO DA DEMANDA QUÍMICA DE OXIGÊNIO

Para a determinação da demanda química de oxigênio foram utilizados os


reagentes:

- Solução de Dicromato de Potássio a 0,0417 mol/L;


- Solução de Ácido Sulfúrico Concentrado contendo Sulfato de Prata [1%];
- Ferroína-indicador
- Sulfato Ferroso Amoniacal [0,100] mol/L.

Separou-se 5 tubos, um para amostra bruta, um para a amostra diluída 1/5 e 1/10,
um último tubo para o branco contendo água destilada e um padrão contendo reagentes,
adicionou-se 0,5mL de dicromato de potássio em todos os cinco frascos, em seguida adicionou-
se 5 mL de Ácido Sulfúrico Concentrado contendo Sulfato de Prata [1%] e uma pitada de
Sulfato de Mercúrio, o tubo foi fechado e agitado até dissolver, os tubos foram levados para o
digestor a 150ºC por 2 horas, a única solução que não vai no digestor é a solução P (padrão).
Os tubos foram esfriados em água corrente e o conteúdo transferido para o
erlenmeyer, foi adicionado 3 gotas de ferroína, foi então realizada a titulação com o Sulfato
Ferroso Amoniacal até a cor de verde azulado ficar marrom avermelhado, foi anotado o volume
gasto.
24

Cálculo:
(𝑩−𝑨)𝒙𝒄𝒙𝟖𝟎𝟎𝟎
𝑫𝑸𝑶 = . 𝑫 onde:
𝑽𝒂

B = Volume gasto na titulação do branco


A = Volume gasto na titulação da amostra
C = molaridade do sulfato ferroso amoniacal (0,5x0,0417/mL gasto na titulação do
padrão)
D = fator de diluição da amostra
Va = volume de amostra utilizada

Na figura 2, mostra o bloco digestor com os tubos contendo as amostras.

Figura 2 - Amostras no bloco digestor

Fonte: Autor, 2015

Na figura 3 pode ser observado o marrom avermelhado logo após a titulação com o
sulfato ferroso amoniacal, na determinação da demanda Química de oxigênio (DQO).
25

Figura 3 - Amostra com a titulação do sulfato ferroso amoniacal

Fonte: Autor, 2015

3.3 DETERMINAÇÃO ÓLEOS E GRAXAS

Para a determinação de óleos e graxas foram utilizadas as seguintes soluções e os


reagentes:

 Ácido clorídrico (HCL);


 N-hexano;
 Suspensão de filtração;

Foi utilizado 250 mL da amostra que foi acidificada a pH 1,0 com 0,75 mL de ácido
clorídrico (HCL), logo após foi preparado o filtro, no funil Buchner foi introduzido um disco
de musseline e sobre o musseline foi o papel filtro, foi passado água destilada através do funil
e pressionado a musseline e o papel, logo após foi adicionado 100 mL da suspensão de filtração
e foi feito o vácuo, foi lavado com 100 mL de água destilada, utilizando o vácuo até remover
toda a água, logo após foi filtrada 250 mL da amostra através do filtro preparado, utilizando o
vácuo, foi retirado o papel filtro e o musseline utilizando pinças, toda área do filtro foi limpa
com tiras de papel filtro, e foram introduzidas em um viro relógio, o papel e o musseline foram
dobrados juntos com as tiras e colocadas em um cartucho de extração e fechado com algodão,
26

logo após o cartucho foi embebido com N-hexano, o cartucho foi posto na estufa, onde ficou
por 2 horas a 105 °C.
Foi pesado o balão de extração, foram extraídos os óleos e graxas no aparelho
Soxhlet (figura 4) usando N-hexano durante 4 horas, foi destilado a uma temperatura de 85 °C,
logo após foi aplicado o vácuo no balão para secá-lo por 15 minutos, depois foi esfriado no
dessecador e pesado.

Figura 4 – Aparelho extrator de Soxhlet

Fonte: Autor, 2015

Calculo:

𝑷𝟏 − 𝑷𝟐 𝒙𝟏𝟎𝟎𝟎
= 𝒎𝒈/𝑳
𝐦𝐋 𝐝𝐚 𝐚𝐦𝐨𝐬𝐭𝐫𝐚

Onde:

P1 = Peso do Balão seco, em g


P2 =Peso do Balão com óleos e graxas, em g

3.4 DETERMINAÇÃO SURFACTANTES

Para determinação de surfactantes foi usado a NBR 10738, procedimento A com


extração simples, os reagentes e soluções utilizadas foram:
27

 Solução-estoque de Alquil Sulfonato Linear (ASL);


 Solução indicadora de fenolftaleína alcoólica;
 Solução de hidróxido de sódio 1N;
 Ácido sulfúrico concentrado p.a. (H2SO4);
 Solução de ácido sulfúrico 1N;
 Clorofórmio p.a. (CHCl3)
 Fosfato diácido de sódio monoidratado p.a. (NaH2PO4.H2O);
 Reagente Azul-de-metileno;
 Solução de lavagem;
 Solução de peróxido de hidrogênio a 30% (H2O2).

A amostra foi colocada em um funil de separação e seu pH foi ajustado para 7,01,
com solução de hidróxido de sódio 1N para deixa-la alcalina ou a solução de ácido sulfúrico
1N para deixa-la ácida, depois disso foi adicionado 10 mL de clorofórmio e 25 mL do reagente
azul-de-metileno, o funil foi agitado por 30 segundos, foi deixado em repouso, até as duas fases
se separarem, a camada de clorofórmio foi transferida para um segundo funil de separação e foi
repetida a extração mais duas vezes, usando 10 mL de clorofórmio. Os extratos de clorofórmio
foram juntados no segundo funil, e adicionado 50 mL da solução de lavagem e agitado
fortemente por 30 segundos, e deixado em repouso para separar as duas fases, a fase de
clorofórmio foi transferida, filtrando-a através de algodão para um balão volumétrico de 100
mL, o filtrado teve coloração clara, foi extraído a solução de lavagem mais duas vezes com 10
mL de clorofórmio de cada vez e adicionado ao balão através do algodão, foi efetuada a prova
do branco com água destilada com os mesmos procedimentos, foi lido a absorvância no
espectrofotômetro UV/VIS a 652 nm, usando o branco como referência, logo após com o intuito
de de determinar a quantidade de surfactantes aniônicos nas amostras, foi elaborado uma curva
de calibração, utilizando a solução padrão de alquil sulfonato linear (ASL) em água, houve a
leitura na curva de calibração as µg de ASL correspondentes às absorvâncias medidas.

µ𝒈 𝑨𝑺𝑳 𝒂𝒑𝒂𝒓𝒆𝒏𝒕𝒆
𝑺𝑨𝑨𝑴 (𝒎𝒈⁄𝑳) =
𝒎𝑳 𝒂𝒎𝒐𝒔𝒕𝒓𝒂 𝒐𝒓𝒊𝒈𝒊𝒏𝒂𝒍
28

3.5 DETERMINAÇÃO DA, COR, PH, TURBIDEZ.

Para a determinação do potencial hidrogeniônico (pH) a análise foi feita no


momento da coleta com o uso do Phmetro da marca Mettler Toledo SG23 – SevenGo
Duopreviamente calibrado com solução de pH 7,01 e pH 4,0.
Na figura 5, apresenta-se o Phametro utilizado para a análise das amostras.

Figura 5- Phmetro Mettler Toledo SG23

Fonte: Autor, 2015

Para a determinação de Cor, foi usado o colorímetro manual da marca Hach Model
CO-1 (Figura 6), com dois frascos, um com a amostra outro com água destilada, usado
manualmente, até obter coloração igual nos dois tubos, assim obtendo o resultado final.
29

Figura 6 – Colorímetro de Hach

Fonte: Autor, 2015

Para a determinação da turbidez o equipamento foi calibrado com água destilada,


logo depois foi adicionada à amostra para a determinação de turbidez, o turbidímetro utilizado
foi da marca ALFAKIT AT 2K, o ensaio foi feito duas vezes, obtendo o resultado com a média
do valor obtido.
Na figura 7 apresenta-se o turbidímetro para determinação de turbidez do efluente
em estudo.
30

Figura 7 - Turbidímetro ALFAKIT AT 2K

Fonte: Autor, 2015

3.6 PROCESSOS FENTON E FOTO-FENTON EM ESCALA LABORATORIAL

Os materiais e reagentes utilizados para o processo Fenton e foto-Fenton foram:

 1 pipeta volumétrica 50 mL;


 Reator piloto Fonte: Autor, 2015 construído em mdf
(médium Density Fiberboard) com 30 cm de largura por 40
cm de comprimento contendo 02 Lâmpadas fluorescentes
compacta G-light – luz negra 40w;
 1 Agitador Magnético DIST DI-03;
 1 kitasato de 250 mL;
 1 Becker de 1000 mL;
 1 bomba de aquário;
 Sulfato ferroso Heptahidratado (FeSO4∙7H2O);
 Ácido Sulfúrico (H2SO4);
 Hidróxido de Sódio (NaOH 0,10M);
 Peróxido de hidrogênio (H2O2 30%).

Para os processos Fenton, todos os experimentos foram realizados em reatores


descontínuos usando amostras de 200 mL. As amostras tiveram seu pH ajustado com solução
31

aquosa de ácido sulfúrico diluído H2SO4 (pH 3,0), em seguida adicionou-se 3,0 mL de peróxido
de hidrogênio (30% v/v) e 0,6 g de sulfato ferroso hepta-hidratado (FeSO4∙7H2O), os volumes
foram estabelecidos de acordo BALLMAN (2011).
Os processos de degradação da amostra foram realizados em uma hora de
recirculação nos processos de Fenton e foto-Fenton.
O sistema com a recirculação (figura 8) utilizado em processo Fenton e foto-Fenton.

Figura 8 - Sistema de Recirculação Fenton e Foto-Fenton com amostra.

Fonte: Autor, 2015

Após a recirculação de uma hora, o potencial hidrogeniônico (pH), foi ajustado para
6,5 com o acréscimo de 45 mL de hidróxido de sódio a 0,10 M, a amostra foi precipitada por
uma hora no cone Imhoff (figura 9).
Após o processo de decantação, foram realizadas as análises de Cor, potencial
hidrogeniônico (pH), turbidez, óleos e graxas, demanda química de oxigênio e surfactantes,
foram feitas novamente.
32

Figura 9 - Cone Imhoff com a amostra 1 obtida após o tratamento Fenton.

Fonte: Autor, 2015

Os experimentos com processo foto-Fenton foram conduzidos com idênticas condi-


ções reacionais, sendo acrescentada a radiação por meio de duas lâmpadas fluorescentes de luz
negra de 40 W, que foi inserida na caixa de mdf, tendo passagem no centro da caixa a amostra
com auxílio de um bulbo de vidro Pyrex (radiação UVA), logo após a passagem o pH foi
ajustado para 6,5 com acréscimo de peróxido de hidrogênio e precipitada por uma hora no cone
imnhoff.
Na figura 10, pode ser visualizado o sistema foto-Fenton aberto com as lâmpadas
de luz negra.
33

Figura 10 - Caixa com as lâmpadas para recirculação com a passagem da amostra

Fonte: Autor, 2015


34

4 RESULTADOS E DISCUÇÕES

Neste capitulo serão apresentados os resultados referente ao tratamento Fenton e


foto-Fenton de duas amostras de água de lavagem de veículos de um posto de gasolina, as quais
foram coletadas nos dias 4 e 5 de maio de 2015, também são apresentados os resultados das
análises dos parâmetros físico-químicos, de turbidez e cor, potencial hidrogeniônico (pH),
determinação surfactantes, determinação demanda química de oxigênio (DQO), e determinação
óleos e graxas.
Para o tratamento Fenton e foto-Fenton foi realizado uma hora de recirculação para
cada processo, obtendo uma considerável modificação visual, no processo foto-Fenton isto é
mais visível.
Na figura 11 e 12 encontram-se o resultado do tratamento Fenton e foto-Fenton para
as duas amostras.

Figura 11 - Amostra 1 coletada no dia 4 de maio de 2015 antes e depois do


tratamento Fenton e foto-Fenton.

Fonte: Autor, 2015

Na figura 11 observa-se que tanto no processo Fenton como no foto-Fenton houve


uma melhora significativa no efluente.
35

Figura 12 - Amostra 2 coletada no dia 5 de maio de 2015 antes e depois do


tratamento Fenton e foto-Fenton

Fonte: Autor, 2015

Na figura 12 no processo Fenton e foto-Fenton houve uma melhora significativa


comparada com a amostra bruta.

4.1 ANÁLISE DOS PARÂMETROS FISÍCOS DO EFLUENTE

Serão apresentados os resultados de parâmetros físicos, turbidez e cor, bem como


seus limites para descarte no meio hídrico para cada amostra, antes e depois do tratamento
Fenton e foto-Fenton.

4.1.1 Análise Turbidez

Para as amostras 1 e 2 do efluente de lavagem de veículos, foram obtidos os valores


de turbidez que estão apresentados na tabela 2, as análises foram realizadas antes e depois do
tratamento Fenton e foto-Fenton, bem como os seus parâmetros de acordo sua legislação
vigente.

Tabela 2 - Resultados das análises de turbidez para amostra 1 e 2 antes e depois do tratamento
Fenton e foto-Fenton

Turbidez Amostra 1 Amostra 2


Amostra coletada 153,50 UNT 146,96 UNT
Amostra após tratamento Fenton 36,40 UNT 33,30 UNT
36

Amostra após tratamento foto-


10,20 UNT 6,96 UNT
Fenton
*ND – não determinado
Fonte: Autor, 2015

Antes dos tratamentos Fenton e foton-Fenton a amostra 1 apresentou o valor de


turbidez de 153,50 UNT e a amostra 2 de 146,96 UNT. Após o tratamento Fenton a amostra 1
apresentou turbidez de 36,40 UNT enquanto que para a segunda amostra o resultado foi de
33,30 UNT. A mesma amostra quando submetida ao tratamento foto-Fenton apresentou
turbidez de 10,20 UNT para amostra 1 e a turbidez de 6,96 UNT para a amostra 2. Para a
amostra 1 foi constatado uma redução 76,28% da turbidez após tratamento pelo processo
Fenton, e quando tratada pelo processo foto-Fenton a redução foi de 93,35%. Para amostra 2 a
redução de turbidez foi de 77,34% após tratamento por processo Fenton e redução de 95,26%
de turbidez quando tratada pelo processo foto-Fenton, sendo que o tratamento foto-Fenton foi
mais eficiente. Tanto o tratamento fenton quanto o foto-fenton reduziram a turbidez das
amostras para valores inferiores ao valor máximo de lançamento que é de 100 UNT de acordo
a resolução CONAMA 357/2005.
Deste modo pode ser considerado que os processos Fenton e foto-Fenton
promoveram uma redução significativa na presença de matéria orgânica.

4.1.2 Análise Cor

Os resultados obtidos para as amostras 1 e 2 do efluente de lavagem de veículos


antes e depois dos tratamentos Fenton e foto-Fenton estão na tabela 3, bem com os parâmetros
de acordo sua legislação.

Tabela 3 - Resultados das análises de cor para amostra 1 e 2 antes e depois do tratamento Fenton
e foto-Fenton
Cor Amostra 1 Amostra 2
Amostra coletada 80 uH 80 uH
Amostra após tratamento Fenton 20 uH 10 uH
Amostra após tratamento foto-
10 uH 10 uH
Fenton
37

*ND – não determinado


Fonte: Autor, 2015

As amostras do efluente bruto de lavagem de veículos coletadas tiveram um


resultado de 80 uH para as duas amostras antes do tratamento. Na amostra 1, após o processo
Fenton, obtivesse o resultado de 20 uH e de 10 uH de cor para amostra 2. Quando as amostras
1 e 2 foram tratadas pelo processo foto-Fenton obteve o valor de 10 uH para cor Os valores
medidos para amostra 1 indicam que teve uma diminuição na cor de 75% pelo processo Fenton
e redução de 87,50% da cor quando a amostra foi tratada pelo processo foto-Fenton. Para
amostra 2 houve redução de cor de 87,50% no processo Fenton e foto-Fenton.
Segundo Pereira (2004) a cor da água não representa risco à saúde, a sua redução
indica baixos índices de ferro e manganês e complexos como ácido húmico e fúlvicos (75% a
85% dos casos), no entanto as águas acima de 15 uH podem ser detectadas em um copo de
água.
As amostras brutas 1 e 2, apresentavam valor de 80 uH, ou seja superior ao
recomendado pelo CONAMA 357/2005, nas duas amostras obteve-se um melhor resultado no
processo foto-fenton, o qual demonstrou-se ser mais eficiente tendo um resultado de cor de 10
uH.

4.2 ANÁLISE DOS PARÂMETROS QUIMÍCOS DO EFLUENTE

Serão apresentados neste tópico os resultados de parâmetros químicos, potencial


hidrogeniônico (pH), Demanda Química de Oxigênio (DQO), Óleos e Graxas e Surfactantes,
bem como seus limites para descarte no meio hídrico para cada amostra, antes e depois do
tratamento Fenton e foto-Fenton.

4.2.1 Análise do Potencial Hidrogeniônico (pH)

Na tabela 4, encontram-se os resultados de pH para as amostras 1 e 2, antes e depois


do tratamento Fenton e foto-Fenton do efluente, bem como os valores deste parâmetros para
descarte de acordo sua legislação vigente, o pH foi medido no momento de sua coleta, e após o
tratamento Fenton e foto-Fenton.
38

Tabela 4 - Resultados das análises de potencial hidrogeniônico para amostra 1 e 2 antes e depois
do tratamento Fenton e foto-Fenton
pH Amostra 1 Amostra 2
Amostra coletada 7,15 6,72
Amostra após tratamento Fenton 6,53 6,57
Amostra após tratamento foto-
6,30 6,87
Fenton
*ND – não determinado
Fonte: Autor, 2015

Antes dos tratamentos pelos processos Fenton e foto-Fenton o pH para amostra 1


foi de 7,15 e o amostra 2 foi de 6,72. Para amostra 1 o valor de pH, após o tratamento Fenton,
foi de 6,53 e após tratamento o foto-Fenton foi de 6,30. Para amostra 2, o pH foi de 6,57, após
o tratamento Fenton e foi de 6,87 após processo foto-Fenton.
Em todo o processo tanto o Fenton quanto o foto-Fenton a amostra obteve um pH
neutro. O pH foi considerado na faixa estabelecida por lei já na sua coleta, no estado de Santa
Catarina, de acordo com a LEI estadual n° 14.675, de 13 de abril de 2009, o valor limite de
lançamento para pH varia de 6 e 9, a faixa adotada em nível nacional através do CONAMA
430/2011 é entre 5 e 9, sendo assim a lei estadual é mais restritiva.

4.2.2 Análise Surfactantes

Na tabela 5, encontram-se os resultados das análises de surfactantes para as


amostras 1 e 2 antes e depois do tratamento Fenton e foto-Fenton do efluente, bem como seus
parâmetros para descarte de acordo sua legislação vigente.

Tabela 5 - Resultados das análises de surfactantes para amostra 1 e 2 antes e depois do


tratamento Fenton e foto-Fenton
Surfactantes Amostra 1 Amostra 2
Amostra coletada 2,1 mg/L 1,65 mg/L
Amostra após tratamento Fenton 0,07 mg/L 0,06 mg/L
39

Amostra após tratamento foto-


0,01 mg/L 0,01 mg/L
Fenton
*ND – não determinado
Fonte: Autor, 2015

A amostra 1 antes dos tratamentos Fenton e foto-Fenton teve um resultado de 2,1


mg/L de surfactantes e a amostra 2 teve 1,65 mg/L. Para a amostra 1 após o tratamento Fenton
o resultado foi de 0,07 mg/L de surfactantes, para amostra 2 o valor foi 0,06 mg/L de
surfactantes. Após as amostras serem submetidas ao tratamento foto-Fenton, obtiveram o
resultado de 0,01 mg/L para amostra 1 e para amostra 2. Na amostra 1 após o tratamento Fenton,
houve uma redução de 96,66% de surfactantes, no foto-Fenton a mesma amostra teve uma
redução de 99,52%. Para amostra 2 a redução de surfactantes foi de 96,36% para o tratamento
Fenton, e uma redução de 99,93% para o tratamento foto-Fenton. De acordo com a LEI estadual
n° 14.675/2009, o valor máximo para lançamento é de 2 mg/L, tanto o processo Fenton e o
processo foto-Fenton reduziram os níveis de surfactantes para valores inferiores aos parâmetros
exigidos por lei, sendo que o tratamento foto-Fenton foi o mais eficiente. Com isso obteve-se
uma redução de fostato que tem a função de dispersante de sujeira, e este no meio aquático pode
desencadear o processo de eutrofização.

4.2.3 Análise Óleos e Graxas

Na tabela 6, encontram-se os resultados para as amostras 1 e 2 que foram obtidos


para óleos e graxas, antes e depois do tratamento Fenton e foto-Fenton do efluente, bem como
seus parâmetros para descarte de acordo sua legislação vigente.

Tabela 6 - Resultados das análises de óleos e graxas para as amostras 1 e 2 antes e depois do
tratamento Fenton e foto-Fenton
Óleos e Graxas Amostra 1 Amostra 2
Amostra coletada 112,32 mg/L 89,90 mg/L
Amostra após tratamento Fenton 12,34 mg/L 10,32 mg/L
Amostra após tratamento foto-
1,23 mg/L 0,36 mg/L
Fenton
40

*ND – não determinado


Fonte: Autor, 2015

O efluente bruto apresentou resultado de 112,32 mg/L de óleos e graxas na amostra


1, e 89,80 mg/L na amostra 2. Após o tratamento Fenton a amostra 1 apresentou óleos e graxas
de 12,34 mg/L, na amostra 2 após o tratamento Fenton o resultado obtido foi de 10,32mg/L. A
amostra 1 quando submetida ao tratamento foto-Fenton teve um resultado de 1,23 mg/L de
óleos e graxas, enquanto que na amostra 2 após o tratamento foto-Fenton foi de 0,36 mg/L óleos
e graxas. A redução para amostra 1 no tratamento Fenton foi de 89,01%, enquanto que para o
tratamento foto-Fenton a mesma amostra teve uma redução de 98,90% de óleos e graxas. Para
amostra 2 houve uma redução de 88,52% de óleos e graxas após o tratamento Fenton e redução
de 99,60% quando tratada pelo processo foto-Fenton, houve redução, tanto no tratamento
Fenton quanto o foto-Fenton, os resultados obtidos foram inferiores ao valor máximo de
lançamento que é de 20 mg/L de acordo a resolução CONAMA 430/2011, sendo que o mais
eficiente foi o tratamento foto-Fenton.
A alta concentração de detergentes influência nos processos de emulsificação do
óleo, como não houve valor alto de surfactantes, não ocorreu emulsificação da amostra.

4.2.4 Análise Demanda Química de Oxigênio

Para as amostras 1 e 2 do efluente de lavagem de veículos, foram obtidos os valores


de demanda química de oxigênio (DQO) que estão apresentados na tabela 7, as análises foram
realizadas antes e depois do tratamento Fenton e foto-Fenton, bem como os seus parâmetros de
acordo sua legislação vigente.

Tabela 7 - Resultados das análises da demanda química de oxigênio para as amostras 1 e 2 antes
e depois do tratamento Fenton e foto-Fenton
DQO Amostra 1 Amostra 2
Amostra coletada 201,43 mg/L 133,44 mg/L
Amostra após tratamento fenton 32,37 mg/L 22,35 mg/L
Amostra após tratamento foto-
12,34 mg/L 10,32 mg/L
Fenton
41

*ND – não determinado


Fonte: Autor, 2015

A amostra 1 antes dos tratamentos Fenton e foto-Fenton apresentou o valor de DQO


de 201,43 mg/L e a amostra 2 de 133,44 mg/L. Após o tratamento Fenton a amostra 1
apresentou DQO de 32,37 mg/L, enquanto que para a segunda amostra o resultado foi de 22,35
mg/L. A mesma amostra quando submetida ao tratamento foto-Fenton apresentou DQO de
12,34 mg/L para amostra 1 e a DQO de 10,32 mg/L para a amostra 2. Para a amostra 1 foi
constatado uma redução 83,93% da DQO após tratamento pelo processo Fenton, e quando
tratada pelo processo foto-Fenton a redução foi de 93,87%. Para amostra 2 a redução de DQO
foi de 83,25% após tratamento por processo Fenton e redução de 92,26% de DQO quando
tratada pelo processo foto-Fenton, tanto o tratamento Fenton quanto o foto-Fenton reduziram a
DQO das amostras.
Por se tratar de um parâmetro indireto de medida, os valores de DQO estão diretamente
relacionados aos valores de sólidos em suspensão, óleos e graxas e surfactantes, a redução de
DQO indica a oxidação química, sejam eles biodegradáveis ou não.
Dependendo de combinações especificas, estes parâmetros influenciam numa
leitura maior ou menor na DQO (BOHN, 2011).
A legislação estadual de Santa Catarina LEI n°. 14.675 e a Resolução CONAMA
n°. 357 e a 430 não estipulam padrões máximos para este parâmetro nos corpos receptores
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5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

O trabalho mostrar a eficiência do processo Fenton e foto-Fenton no tratamento do


efluente de lavagem de veículos de um posto de gasolina. Foram realizadas a caracterização
físico-química, cor, pH, turbidez, surfactantes, demanda química de oxigênio e óleos e graxas
das amostras de água de lavagem de um posto de com combustível, todos as análises feitas com
o efluente bruto antes do tratamento, passaram dos parâmetros estabelecidos pela legislação
vigente.
As amostras foram submetidas ao processo oxidativo Fenton e foto-Fenton
previamente preparadas e suas análises de cor, pH, turbidez, surfactantes, demanda química de
oxigênio e óleos e graxas feitas novamente depois de cada processo, o efluente teve redução
que variou de 75% a 99,60%, os resultados mostraram que tanto o processo Fenton e o processo
foto-Fenton se mostraram eficientes no tratamento.
As amostras tanto no processo Fenton como no foto-Fenton obtiveram resultados
inferiores ao valor máximo permitido pela legislação CONAMA 430/2011 e o CONAMA
357/2005 e a LEI estadual n°. 14.675, mostrando que os o processo Fenton e foto-Fenton foram
eficientes.
Tendo em vista a literatura que a utilização somente de separadores de água e óleo
de tratamento de efluente não é suficiente para enquadrar dentro dos padrões de lançamento, o
estudo e a continuidade deste trabalho se mostram muito viáveis para o uso desta tecnologia,
sendo assim o aprimoramento da técnica é um grande passo para a conclusão e uso desta
tecnologia para tratamento de efluentes.
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