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Universidade Federal do Rio Grande do Norte

Centro de Tecnologia
Departamento de Engenharia Química
Programa de Pós-Graduação em Engenharia Química

Tese de Doutorado

Influência das propriedades físicas de graviola e aditivos


na secagem em leito de jorro com alimentação intermitente

Thayse Naianne Pires Dantas

Orientadora: Prof.ª Dr.ª Maria de Fátima Dantas de Medeiros

Natal/RN
Fevereiro/2018
THAYSE NAIANNE PIRES DANTAS

Influência das propriedades físicas de graviola e aditivos na secagem em leito de jorro


com alimentação intermitente

Tese de doutorado apresentada ao Programa


de Pós-Graduação em Engenharia Química -
PPGEQ, da Universidade Federal do Rio
Grande do Norte - UFRN, como parte dos
requisitos para obtenção do título de Doutora
em Engenharia Química, sob a orientação da
Profª. Drª. Maria de Fátima Dantas de
Medeiros.

NATAL/RN
Fevereiro/2018
Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN
Sistema de Bibliotecas - SISBI
Catalogação de Publicação na Fonte. UFRN - Biblioteca Central Zila Mamede

Dantas, Thayse Naianne Pires.


Influência das propriedades físicas de graviola e aditivos na
secagem em leito de jorro com alimentação intermitente / Thayse
Naianne Pires Dantas. - 2018.
119 f.: il.

Tese (doutorado) - Universidade Federal do Rio Grande do


Norte, Centro de Tecnologia, Programa de Pós-Graduação em
Engenharia Química. Natal, RN, 2018.
Orientador: Prof.ª Maria de Fátima Dantas de Medeiros.

1. Graviola - Propriedades físicas - Tese. 2. Secagem em leite


de jorro - Tese. 3. Albumina - Tese. 4. Processamento de
alimentos - Tese. 5. Balanço de massa e de energia - Tese. I.
Medeiros, Maria de Fátima Dantas de. II. Título.

RN/UF/BCZM CDU 66.091.3


DANTAS, T. N. P. Influência das propriedades físicas de graviola e aditivo na secagem em
leito de jorro com alimentação intermitente. Tese de Doutorado. UFRN, Programa de Pós-
Graduação em Engenharia Química, Área de concentração: Engenharia Química, Natal, RN,
Brasil, 2018.

Orientadora: Profª. Dr.ª Maria de Fátima Dantas de Medeiros.

RESUMO

O objetivo principal deste trabalho foi a investigação da influência das propriedades físicas de
polpa de graviola acrescida de leite ou albumina e das condições operacionais, concentração e
temperatura, para a definição de equações matemáticas que descrevam a recuperação de pó e
o comportamento da secagem em leito de jorro, com base em balanços de massa e de energia,
utilizando alimentação intermitente e polietileno de alta densidade ou polipropileno como
partículas inertes. As equações diferenciais ordinárias foram implementadas e resolvidas,
numericamente, usando rotinas em Fortran. Os experimentos foram executados segundo
quatro planejamentos fatoriais completos 2² com 3 repetições no ponto central. Como
variáveis independentes foram consideradas a temperatura do ar na entrada do secador e
concentração de leite ou albumina, que variaram de 60 a 80°C e de 30% a 50%,
respectivamente. A partir das propriedades físicas das misturas, foram desenvolvidos modelos
que representam a vazão mássica de pó recolhido em função do tempo. Considerando o
acúmulo de material no interior do equipamento, foi proposto um modelo para avaliar a
temperatura do ar na saída do secador. Os resultados obtidos nas modelagens matemáticas
foram comparados com dados experimentais, indicando que os modelos representam bem a
massa de pó recuperada e a temperatura do ar na saída.

Palavras-chaves: Propriedades Físicas; Leite; Albumina; Temperatura; Concentração;


Balanço de Massa e de Energia.
DANTAS, T. N. P. The influence of physical properties of soursop and additive on spouted
bed drying in intermittent feed. Tese de Doutorado. UFRN, PPGEQ, Natal, RN, Brazil, 2018.

ABSTRACT

The objective of this work was to analyze the influence of physical properties of formulated
mixtures of soursop pulp with milk or albumin and the operating conditions, concentration
and temperature, on the definition of mathematical equations describing the phenomena of
spouted bed drying. Macroscopic heat and mass balances were written, describing the powder
production and the drying behavior of soursop pulp/milk or soursop pulp/albumin in spouted
bed with intermittent feeding and high-density polyethylene or polypropylene as inert
particles. The drying tests were carried out following 2² factorial plannings with 3 repetitions
at the central point. The following independent variables were considered: inlet air
temperature (60 - 80ºC) and milk or albumin concentrations (30 - 50%). From the physical
properties of the mixtures, the models that represent the flow of powder as function of time
were determined. Considering suspension accumulation inside the device, a model was
developed to evaluate the temperature of the air at the dryer outlet. The results obtained with
mathematical modelling were compared with experimental data, indicating that the model fits
the process well, and gives reasonable values for outlet air temperature and mass of powder
recovered.

Keywords: Physical Properties; Milk; Albumin; Temperature; Concentration; Mass and Heat
Balances.
Agradecimentos

À Deus, por suas bênçãos e constante inspiração.

Aos meus pais, Venâncio e Rejane, pelo apoio incondicional. Obrigada pelo amor, educação e
carinho que me deram em todos os momentos da minha vida.

À minha família, pelo amparo e encorajamento. Ao meu irmão Brunno e à minha tia Socorro
pelo incentivo de sempre.

À minha orientadora, Professora Maria de Fátima Dantas de Medeiros, por toda sua
orientação e ajuda ao longo de todos esses anos de graduação e pós-graduação. Discussões,
conversas e conselhos que serviram para o desenvolvimento deste e outros trabalhos.

Aos professores das bancas de qualificação e defesa Odelsia Leonor Sanchez de Alsina,
Sandra Cristina dos Santos Rocha, Marcello Maia de Almeida, Eduardo Lins de Barros Neto,
Jackson Araújo de Oliveira e Fabiano de Santana Souza, por todas as sugestões de melhoria
deste trabalho.

Às amigas do Laboratório de Tecnologia em Alimentos e Laboratório de Sistemas


particulados: Camilla, Cinthia, Juliana e Suziani.

Ao Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte, pela


concessão dos 12 meses de afastamento.
Sumário

RESUMO

AGRADECIMENTOS

SUMÁRIO

LISTA DE FIGURAS

LISTA DE TABELAS

NOMENCLATURA

1. INTRODUÇÃO .........................................................................................................................................13

1.1 OBJETIVO GERAL ................................................................................................................................15

1.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS ..................................................................................................................15

2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ..................................................................................................................17

2.1 SECAGEM DE POLPAS DE FRUTAS ..................................................................................................17

2.2 A GRAVIOLA .........................................................................................................................................19

2.3 SECAGEM DE PASTAS EM LEITO DE JORRO ................................................................................21

2.4 SECAGEM EM LEITO DE JORRO COM ALIMENTAÇÃO INTERMITENTE ...............................24

2.5 PROPRIEDADES FÍSICAS ....................................................................................................................25

2.6 MODELAGEM DA SECAGEM EM LEITO DE JORRO.....................................................................25

3. MATERIAIS E MÉTODOS ......................................................................................................................31

3.1 PREPARAÇÃO DAS AMOSTRAS ........................................................................................................31

3.2 INERTES .................................................................................................................................................32

3.3 FLUIDODINÂMICA SEM A PRESENÇA DAS MISTURAS DE GRAVIOLA ...................................33

3.4 SISTEMA DE SECAGEM ......................................................................................................................34

3.5 PROPRIEDADES FÍSICAS ....................................................................................................................36

3.5.1 VISCOSIDADE ....................................................................................................................................37

3.5.2 TENSÃO SUPERFICIAL.....................................................................................................................38

3.5.3 ÂNGULO DE CONTATO E TRABALHO DE ADESÃO ...................................................................38

3.5.4 DENSIDADE ........................................................................................................................................39


3.5.5 GORDURA, PROTEÍNA E AÇÚCAR REDUTOR .............................................................................39

3.6 MODELO DA RECUPERAÇÃO DE PÓ ...............................................................................................40

3.7 MODELO DE SECAGEM CONSIDERANDO ALIMENTAÇÃO INTERMITENTE E ACÚMULO


DE MATERIAL NO LEITO .........................................................................................................................42

3.8 CÁLCULO DOS ERROS ........................................................................................................................46

4. RESULTADOS E DISCUSSÃO ................................................................................................................48

4.1 PROPRIEDADES FÍSICAS ....................................................................................................................48

4.1.1VISCOSIDADE .....................................................................................................................................48

4.1.2 DENSIDADE ........................................................................................................................................61

4.1.3 TENSÃO SUPERFICIAL, ÂNGULO DE CONTATO E TRABALHO DE ADESÃO .......................63

4.2 PARTÍCULAS INERTES E CURVAS FLUIDODINÂMICAS .............................................................73

4.3 PROCESSO DE SECAGEM ...................................................................................................................75

4.4 TAXA DE SECAGEM .............................................................................................................................83

4.5 BALANÇO DE ENERGIA E PRODUÇÃO DE PÓ ...............................................................................83

4.5.1 MODELOS DA PRODUÇÃO DE PÓ ..................................................................................................84

4.5.2 ACÚMULO DE PÓ NO SISTEMA ......................................................................................................91

4.5.3 BALANÇO DE ENERGIA PARA DETERMINAÇÃO DA TEMPERATURA DO AR NA SAÍDA


DO SECADOR ..............................................................................................................................................93

5. CONCLUSÕES .......................................................................................................................................100

6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ....................................................................................................104


Lista de Figuras
Figura 3.1 – Partículas inertes: PEAD (A), PP (B) ............................................................ 32
Figura 3.2 – Esquema do módulo de secagem ................................................................... 35
Figura 3.3 – Fluxograma da execução dos cálculos das equações diferenciais ................. 44
Figura 4.1 – Curvas reológicas das misturas a 20 e 70ºC: graviola/leite ........................... 49
Figura 4.2 – Curvas reológicas das misturas a 20 e 70ºC: graviola/albumina ................... 49
Figura 4.3 – Tensão de cisalhamento em função da taxa de deformação. Dados experimentais
e preditos pelo modelo de lei da potência: Polpa de graviola (A), 30% leite (B), 40% leite (C),
50% leite (D) ...................................................................................................................... 52
Figura 4.4 – Tensão de cisalhamento em função da taxa de deformação. Dados experimentais
e preditos pelos modelos de lei da potência: 30% albumina (A), 40% albumina (B),
50% albumina (C) .............................................................................................................. 53
Figura 4.5 – Diagramas de Pareto: efeito da concentração e da temperatura na viscosidade
aparente das misturas a 60 rpm. Graviola/ leite (A), graviola/albumina não coagulada (B),
graviola/albumina coagulada (C) ....................................................................................... 57
Figura 4.6 - Equação de Arrhenius aplicada aos dados da viscosidade da polpa de graviola e
das misturas. Graviola/leite (A), graviola /albumina (B) ................................................... 58
Figura 4.7 – Efeito da temperatura sobre a densidade da polpa de graviola e das misturas:
graviola/leite (A), graviola/albumina (B) ........................................................................... 62
Figura 4.8 – Efeito da temperatura sobre a tensão superficial da polpa de graviola e das
misturas: graviola/leite (A), graviola/albumina (B) ..................................................... 64
Figura 4.9 – Diagramas de Pareto: efeito da concentração e da temperatura na tensão
superficial das misturas. Graviola/leite(A), graviola/albumina não coagulada (B),
graviola/albumina coagulada (C) ......................................................... ............................. 65
Figura 4.10 – Efeito da temperatura sobre o trabalho de adesão da polpa de graviola e das
misturas graviola/leite: PEAD (A), PP (B) .................................................................... 69
Figura 4.11 – Efeito da temperatura sobre o trabalho de adesão da polpa de graviola e das
misturas graviola/albumina: PEAD (A), PP (B) ................................................................ 69
Figura 4.12 – Diagramas de Pareto: efeito da concentração e da temperatura no trabalho de
adesão das misturas graviola/leite: PEAD (A), PP (B) ...................................................... 70
Figura 4.13 – Diagramas de Pareto: efeito da concentração e da temperatura na tensão
superficial das misturas. Graviola/albumina não coagulada PEAD (A), graviola/albumina
coagulada PEAD (B), graviola/albumina não coagulada PP (C), graviola/albumina coagulada
PP (D) ................................................................................................................................. 71
Figura 4.14 – Curva fluidodinâmica de vazão decrescente do leito de partículas: PEAD (A),
PP (B) .................................................................................................................................. 74
Figura 4.15 – Diagrama de Pareto: efeito da concentração de leite e da temperatura do gás na
entrada. PEAD (A), PP (B) ................................................................................................. 77
Figura 4.16 – Diagrama de Pareto: efeito da concentração de albumina e da temperatura do
gás na entrada. PEAD (A), PP (B) ..................................................................................... 77
Figura 4.17 – Efeito das propriedades físicas das misturas graviola/leite na eficiência de
produção de pó: viscosidade aparente (A), densidade (B), tensão superficial (C), trabalho de
adesão (D) ........................................................................................................................... 80
Figura 4.18 – Efeito das propriedades físicas das misturas graviola/albumina na eficiência de
produção de pó: viscosidade aparente (A), densidade (B), tensão superficial (C), trabalho de
adesão (D) ........................................................................................................................... 82
Figura 4.19 – Valores preditos e experimentais: vazão de pó de graviola/leite ................. 85
Figura 4.20 – Valores preditos e experimentais: vazão de pó de graviola/albumina ......... 87
Figura 4.21 – Massa de pó acumulada e ajuste do modelo linear: graviola/leite e PEAD (A),
graviola/leite e PP (B), graviola/albumina e PEAD (C), graviola/albumina e PP (D) ....... 88
Figura 4.22 – Ajuste do modelo de produção de pó aos dados de massa de pó de graviola/leite
Figura 4.23 – Ajuste do modelo de produção de pó aos dados de massa de pó de
graviola/albumina ............................................................................................................... 90
Figura 4.24 – Massa de pó acumulada no sistema de secagem: graviola/leite e PEAD (A),
graviola/leite e PP (B), graviola/albumina e PEAD (C), graviola/albumina e PP (D) ....... 90
Figura 4.25 – Comportamento da temperatura do gás na saída do secador: leite 30 e 40% e PP
(A), leite 50% e PP (B) ....................................................................................................... 92
Figura 4.26 – Comportamento da temperatura do gás na saída do secador: leite 30 e 40% e
PEAD (A), leite 50% e PEAD (B) ..................................................................................... 94
Figura 4.27 – Comportamento da temperatura do gás na saída do secador: albumina 30 e 40%
e PEAD (A), albumina 50% e PEAD (B) ......................................................................... 95
Figura 4.28 – Comportamento da temperatura do gás na saída do secador: albumina 30 e 40%
e PP (A), albumina 50% e PP (B) ...................................................................................... 95
Figura 4.29 – Comportamento da temperatura do gás na saída do secador: leite 30% (A), leite
50% (B) albumina 40%, 56ºC e PP (C), albumina 40%, 84ºC e PP (D) ........................... 98
Lista de Tabelas
Tabela 2.1 – Composição centesimal da graviola .......................................................... 19
Tabela 3.1 – Matriz experimental para os ensaios de secagem ..................................... 35
Tabela 4.1 – Parâmetros reológicos obtidos para a polpa de graviola pelo modelo Lei da
Potência e viscosidade aparente a 60 rpm, para um intervalo de temperatura de 20 a
70ºC................................................................................................................................ 54
Tabela 4.2 – Parâmetros reológicos obtidos para as misturas de graviola pelo modelo Lei da
Potência e viscosidade aparente a 60 rpm, para um intervalo de temperatura de 20 a
70ºC................................................................................................................................ 54
Tabela 4.3 – Erros percentuais na estimativa da viscosidade aparente pela Equação 5.1 para as
misturas graviola/leite .................................................................................................... 59
Tabela 4.4 – Erros percentuais na estimativa da viscosidade aparente pelas equações 4.2, 4.3,
4.4 e 4.5 para as misturas graviola/albumina ................................................................. 60
Tabela 4.5 – Erros percentuais na estimativa da densidade pelas Equações 4.6 e 4.7 para as
misturas graviola/leite e graviola/albumina, respectivamente ....................................... 63
Tabela 4.6 – Erro percentual da tensão superficial calculada das misturas ................... 66
Tabela 4.7 – Ângulo de contato para as misturas graviola/leite e graviola/albumina ... 67
Tabela 4.8 – Erro percentual do trabalho de adesão calculado para as misturas
graviola/leite................................................................................................................... 73
Tabela 4.9 – Erro percentual do trabalho de adesão calculado para as misturas
graviola/albumina .......................................................................................................... 73
Tabela 4.10 – Caracterização física das partículas inerte .............................................. 74
Tabela 4.11 – Eficiência de recuperação de pó, umidade e massas produzidas dos pós .76
Tabela 4.12 – Análise de variância: equação da vazão de pó de graviola/leite ............. 85
Tabela 4.13– Análise de variância: equação da vazão de pó de graviola/albumina ..... 86
Tabela 4.14 – Erro percentual da massa de pó total recuperada calculada para as misturas de
graviola .......................................................................................................................... 89
Tabela 4.15 – Erro percentual da massa de pó total acumulada calculada para as misturas de
graviola .......................................................................................................................... 93
Tabela 4.16– Erros médios relativos da temperatura do ar na saída ............................ 96
Nomenclatura

a – parâmetro do modelo da vazão de pó


b – parâmetro do modelo da vazão de pó
c – parâmetro do modelo da vazão de pó
C – concentração de leite ou albumina [%]
cp – calor específico [J/g K]
d – parâmetro do modelo da vazão de pó
Ea - energia de ativação [kJ/mol]
Ef – eficiência [%]
Fobj – Função objetivo
H – função heaviside
ΔHv – calor latente de vaporização [J/g]
k - taxa de secagem [g/s]
K – índice de consistência [Pa.sn]
m – massa (g)
n - índice de comportamento de fluxo
p - parâmetros dos modelos das propriedades físicas
Q – calor perdido pelo leito de jorro [J/s]
R - constante universal dos gases [8,314 kJ/mol.K]
t – tempo [s]
T – temperatura [ºC]
Ua – umidade absoluta [g água/ g ar]
Ubu – umidade em base úmida [g água/g]
Wad – trabalho de adesão [mN/cm]
W – vazão mássica [g/s]
x – fração de sólidos
y – fração de água

Subscritos
Aç – açúcar
Exp – experimental
Gor – gordura
J - jorro
pi – partícula inerte
Pred - predito
Prot – Proteína
ge – gás na entrada
gs – gás na saída
pe – pasta na entrada

Letras Gregas
ρ – densidade [g/cm³]
ε – porosidade
ap - viscosidade aparente [Pa.s]
0 – viscosidade aparente constante inicial [Pa.s]
θ - ângulo de contato [º]
σ – tensão superficial [mN/cm]
 - tensão de cisalhamento [Pa]
 - taxa de deformação [s-1]

Abreviaturas
A – albumina
CST – Continuously Stirred Tank
DASSL – Differential Algebraic System Solver
L – leite
PEAD – polietileno de alta densidade
PP – polipropileno
PSO – Particle Swarm Optimization
CAPÍTULO 1
INTRODUÇÃO
13
Capítulo 1 – Introdução

1. Introdução

A secagem é uma operação unitária importante no processamento de alimentos,


existindo várias técnicas deste processo, sendo mais corriqueiro a aplicação de ar quente, que
é o mais simples e mais econômico entre os vários métodos (Fernandes et al., 2011, Christ,
2006).
O leito de jorro consiste em um método alternativo para a secagem de alimentos, pois
oferece a vantagem de alto grau de mistura que pode resultar em menores tempos de secagem
e elevadas taxas de transferência de calor e massa (Freire et al., 2012a). Consiste de uma
versão modificada do leito fluidizado, com a vantagem de garantir uma mistura melhor
quando operado com partículas grandes ou no caso de uma ampla faixa de distribuição dos
tamanhos das partículas (Santos et al., 2015).
A operacionalização em leito de jorro vem sendo estudada e este interesse se deve,
além das altas taxas de transferência de calor e massa alcançadas, às baixas taxas de
segregação (Santos et al., 2015). Durante o seu ciclo de funcionamento, características
especiais o tornam capaz de executar operações com partículas sólidas que não podem ser
executadas em um leito fluidizado, devido a seu movimento de partículas comparativamente
aleatório, podendo ser utilizado em várias operações, tais como: secagem, mistura de sólidos,
catálise, , e pirólise, entre outras (Freire et al., 2016; San José et al., 2018; Bortolotti et al.,
2013; Niksiar & Nasernejad, 2017).
Alimentos líquidos e pastosos são, geralmente, secos em spray dryer ou secadores
de tambor, dependendo do seu comportamento reológico. No entanto, estudos
demonstram que a secagem destes alimentos em secador de leito de jorro com inertes é uma
boa alternativa dado o seu desempenho, baixo custo de construção e a possibilidade de
produção de pós alimentícios de boa qualidade em pequenas quantidades (Santos et al.,
2015).
A produção de pós em secador de leito de jorro acontece quando líquidos ou pastas
são introduzidos no secador sobres as partículas. Neste processo, ocorre, concomitantemente,
recobrimento dos inertes, evaporação do solvente, aglomeração dos sólidos e desprendimento
da película, devido ao atrito entre as partículas, com formação de pó. Dentre as variáveis do
processo de secagem em leito de jorro, destacam-se a temperatura e a vazão do ar, que
influenciam especialmente na taxa de secagem (Freire et al., 2011; Costa Jr. et al., 2001).

Thayse Naianne Pires Dantas, Fevereiro de 2018


14
Capítulo 1 – Introdução

No entanto, o secador de leito de jorro ainda apresenta baixa eficiência térmica para
aplicações industriais, sendo necessária a implementação de técnicas que permitam a
recuperação e aproveitamento do calor. A utilização de técnicas de modelagem e simulação
podem ser úteis em estudos de otimização deste processo, orientando as modificações do
sistema que resultem na melhoria da eficiência térmica e eficiência de produção (Freire et al.,
2012b, Lambert et al., 2016).
Devido à relevância da secagem em leito de jorro, os estudos da modelagem e
simulação são importantes na previsão e compreensão do comportamento do processo,
contribuindo significativamente para o desenvolvimento de projetos mais condizentes com a
realidade. O estudo dos fenômenos relacionados no processo de secagem pode ser realizado
através da comparação dos dados obtidos experimentalmente com os derivados de simulações
de origem computacional (Moraes Filho, 2013)
Alguns estudos sobre a influência das propriedades físicas das partículas e das
suspensões sobre o comportamento fluidodinâmico dos leitos foram realizados, e verificaram
que a estabilidade fluidodinâmica está relacionada com as forças inerciais e viscosas da pasta
e das caraterísticas do inerte (Schneider & Bridgwater, 1993) e que partículas com maior
densidade e maiores ângulos de contato entre a suspensão e o material inerte favorecem a
ocorrência de leitos estáveis (Braga et al., 2015). As forças de interação entre as partículas e
seus efeitos sobre a fluidodinâmica foram quantificadas em função do teor de sólidos do
líquido (Passos & Mujumdar, 2000).
Muitos estudos foram realizados com o objetivo de compreender o comportamento
dinâmico e a relação com as forças de interação que ocorrem no leito de jorro, entretanto, a
descrição dos fenômenos que regem a secagem de suspensões ainda é dependente de testes
experimentais e a capacidade de envolver os mecanismos de adesão é bastante limitada
(Donida et al., 2007).
Desde 2014, a Base de Pesquisa de Secagem da Universidade Federal do Rio Grande
do Norte considerou o estudo do processamento da graviola, pesquisando a secagem em
estufa de espumas desta fruta, incluindo a utilização da albumina e do leite nas formulações,
em que se analisaram, especialmente, as condições de estabilidade da espuma e as
características físicas dos produtos (Gurgel, 2014); e a secagem de misturas de graviola e leite
em leito de jorro, em que se objetivou, principalmente, a eficiência de produção de pó e a
eficiência térmica do processo (Machado, 2015).

Thayse Naianne Pires Dantas, Fevereiro de 2018


15
Capítulo 1 – Introdução

Motivado por estudos anteriores de secagem de polpas de frutas em leito de


jorro realizados no Laboratório de Sistemas Particulados da Universidade Federal do Rio
Grande do Norte, em que se investigaram as condições operacionais de secagem e as
alterações qualitativas e quantitativas nas frutas em pó, objetiva-se estudar nesta tese a
influência das propriedades físicas – viscosidade aparente, densidade, tensão superficial,
ângulo de contato e trabalho de adesão – e da composição de misturas de polpa de graviola
com leite e polpa de graviola com albumina – percentual de gordura, açúcares redutores e de
proteína – no processo de secagem com alimentação intermitente.
A utilização de polpas de frutas agrega um desafio adicional no estudo das
caraterísticas físicas e da secagem em leito de jorro, dada sua complexidade química e grande
variabilidade em função das condições ambientais de cultivo e do estado de maturação;
alterações físicas, químicas e bioquímicas durante todo o processamento; como também a
termossensibilidade.

1.1 Objetivo geral

Estudar as propriedades físicas de misturas de graviola - viscosidade, tensão


superficial, ângulo de contato, densidade e trabalho de adesão - e a influência dessas na
predição dos dados da secagem em leito de jorro com alimentação intermitente.

1.2 Objetivos Específicos

1.2.1 Caracterizar o material inerte: polietileno de alta densidade e polipropileno;


1.2.2 Determinar as propriedades físicas da polpa da graviola e de suas formulações:
viscosidade, tensão superficial, ângulo de contato, densidade e trabalho de adesão;
1.2.3 Determinar a composição da polpa da graviola e de suas misturas: graviola com leite e
graviola com albumina;
1.2.4 Analisar a secagem das misturas de graviola e a influência da temperatura do ar de
secagem e da concentração de leite ou albumina nos processos;
1.2.5 Definir as equações matemáticas que descrevam a produção e o acúmulo de pó durante
o processo de secagem;
1.2.6 Modelar através de equações fenomenológicas descritas por propriedades físicas das
misturas, do material inerte e por condições operacionais da secagem.

Thayse Naianne Pires Dantas, Fevereiro de 2018


CAPÍTULO 2
REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
17
Capítulo 2 – Revisão Bibliográfica

2. Revisão Bibliográfica

2.1 Secagem de polpas de frutas

O Brasil é o terceiro maior produtor mundial de frutas, tendo esta atividade


agroindustrial, condições climáticas e territoriais favoráveis para o seu desenvolvimento
(Alsina et al., 2014; Machado et al., 2011). Entretanto, em função da elevada perecibilidade e
fragilidade das frutas, cerca de 40% da produção brasileira destes alimentos são perdidas ao
longo da cadeia produtiva (Alsina et al., 2014).
A região Nordeste, cujo clima se caracteriza como tropical semiárido, se desponta
como um grande produtor de frutos tropicais com culturas distribuídas ao longo de todo o
ano. Dentre as frutas, destacam-se o melão, caju, manga e abacaxi (Machado et al., 2011).
Durante o processo de secagem, ocorre a remoção total ou parcial da água livre, com
consequente redução da atividade de água. Esta modificação na composição possibilita o
aumento da vida de prateleira; a inibição do crescimento e das reações bioquímicas, que
deterioram os alimentos; redução da massa e do volume, permitindo a redução dos custos com
transporte, armazenamento refrigerado e embalagens; minimização do consumo de energia e
menores impactos ambientais (Pontes et al., 2007; Dionello, 2009).
Contudo, segundo Chenarbon e Hasheminia (2011), os alimentos secos e
desidratados precisam preservar a textura, a cor, o sabor e o valor nutricional do alimento, nas
condições de baixo teor de umidade, durante o período de armazenamento.
A técnica de secagem e os benefícios à logística de disponibilização destes alimentos
são amplamente aceitos, entretanto, em função do elevado custo de aquisição de estruturas de
processamento, a sua produção fica restrita às indústrias de grande porte (Gurjão et al., 2008,
Silva et al., 2015a).
Em várias polpas de frutas, a grande quantidade de açúcares redutores, resulta em
baixa produção de pó durante o processo de secagem em leito de jorro. Entretanto, a adição de
ingredientes alimentícios às polpas aumenta a fluidez do pó produzido e reduz as forças de
adesão, aumentando significativamente a recuperação do produto (Rocha et al., 2011; Benelli
et al., 2013; Santos et al., 2008).
Estudos relacionados à secagem de misturas de polpas de frutas e ingredientes
alimentícios, como carboidratos de cadeia longa, gorduras e compostos proteicos, concluíram
que a adição destes ingredientes melhora o desempenho do processo e mostram perspectivas

Thayse Naianne Pires Dantas, Fevereiro de 2018


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Capítulo 2 – Revisão Bibliográfica

bastante favoráveis à utilização do leito de jorro na secagem e produção de pós constituídos


principalmente por frutas (Braga & Rocha, 2013; Araújo et al., 2015; Medeiros et al., 2002).
Diversas pesquisas relevantes sobre a secagem de polpas ou resíduos de frutas em
leito de jorro foram realizados nos últimos anos.
Medeiros (2001) pesquisou o efeito da composição química das polpas de frutas na
eficiência e desempenho da secagem em leito de jorro com partículas inertes. Neste trabalho,
foi verificado o efeito negativo dos açúcares redutores na performance da secagem e na
fluidodinâmica do leito de partículas, entretanto, a pectina, o amido e a gordura melhoravam o
desempenho fluidodinâmico e a eficiência de produção de pó.
Souza Jr. (2012) estudou a secagem, com alimentação intermitente, de soluções
extraídas de bagaço industrial de acerola adicionado de maltodextrina em várias proporções,
com o objetivo de aperfeiçoar a composição e as condições operacionais que favorecesse o
aumento na eficiência de recuperação de compostos funcionais, da produção de pó e do
desempenho energético do secador. Foram observadas elevadas eficiências de recuperação de
pó com considerável concentração de ácido ascórbico nos pós produzidos.
Dantas (2013) estudou a modelagem e simulação de dados de secagem de misturas
de polpas de frutas e aditivos em secador de leito de jorro, considerando a alimentação
intermitente. Nesta pesquisa, foi possível observar a capacidade de recuperação dos valores de
taxa de secagem em cada ciclo da intermitência, sem ocorrências de instabilidades e colapsos
do jorro. O modelo fenomenológico foi capaz de predizer satisfatoriamente os dados de
temperatura e umidade do ar na saída do secador.
No trabalho de Morais Filho (2013), foi analisada a modelagem e simulação de
dados de secagem de leite e polpa de fruta e evaporação de água, considerando a alimentação
contínua. O modelo fenomenológico proposto foi capaz de prever suficientemente os valores
da umidade e da temperatura do ar na saída do secador.
Diversos autores estudam a adição de ingredientes em polpa de fruta com o objetivo
de melhor a eficiência de secagem e a qualidade final do produto em pó.
Braga e Rocha (2013), na secagem em leito de jorro da mistura de amora e leite (75%
e 25% em massa), respectivamente, observaram a melhoria da eficiência do processo em
condições de menor vazão (2 mL/min), menor temperatura (60ºC) e atomização da pasta.

Thayse Naianne Pires Dantas, Fevereiro de 2018


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Capítulo 2 – Revisão Bibliográfica

2.2 A graviola

A gravioleira é uma planta nativa do Caribe, América Central e América do Sul. A


graviola (Annona muricata L.) é uma fruta popular cultivada em todas as regiões tropicais do
mundo e valorizada pelas suas características agradáveis: acidez moderada, aromática, polpa
suculenta e sabor distinto (Quek et al., 2013).
Os frutos da graviola são ovais, cuja forma lembra um coração, com espinhos flexíveis
e macios na casca que é facilmente rompida quando a fruta está madura. Frutos de graviola
são grandes e largos, com cerca de 10 a 30 cm de comprimento, podendo pesar até 4,5 kg
(Nwokocha & Williams, 2009). A polpa comestível da fruta, que corresponde a cerca de
67,5% da massa total do fruto, é composta por segmentos suculentos fibrosos brancos ao
redor de um talo alongado. Em cada segmento existe uma semente dura, preta e lisa (Bradie &
Schauss, 2009).
Quando atinge a maturidade fisiológica, a graviola completa o amadurecimento em até
seis dias, e esta propriedade de fruto climatério faz com que a graviola seja extremamente
perecível (Oliveira et al., 2014).
A Tabela 2.1 descreve a composição centesimal da graviola fruta (parte comestível) e
graviola na forma de polpa congelada segundo a Tabela Brasileira de Composição de
Alimentos (TACO).

Tabela 2.1 – Composição centesimal da graviola


Graviola Crua Graviola, polpa congelada
Umidade (%) 82,2 89,2
Energia (kcal) 62 38
Proteína (g) 0,8 0,6
Lipídeos (g) 0,2 0,1
Colesterol (mg) 0 0
Carboidrato (g) 15,8 9,8
Fibra alimentar (g) 1,9 1,2
Cinzas 1 0,4
Cálcio (mg) 40 6
Magnésio (mg) 23 10

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Capítulo 2 – Revisão Bibliográfica

Dentre as enzimas encontradas na graviola, destaca-se a pectinesterase, enzima mais


resistente ao calor, que pode levar à geleificação e precipitação da pectina em polpas e sucos
de graviola e a polifenol oxidase. Esta enzima é responsável pelo escurecimento da polpa da
fruta (Bradie & Schauss, 2009).
Estudos sobre a presença de compostos com propriedades fitoquímicas e
farmacológicas estão sendo realizados, uma vez que estes revelaram a existência de novas
acetogeninas, em todas as partes da gravioleira. Dentre as propriedades farmacológicas,
destacam-se: citotoxicidade e atividade antileishmanicida do pericarpo da fruta; capacidade
antiviral contra o vírus HSV-1 causador da herpes; efeitos anticarcinogênicos e genotóxicos
(existência de acetogeninas com propriedade antitumoral); atividade para cura de ferimentos e
capacidade antimicrobiana (Gajalakshmi et al., 2012). Atividades antibacterianas contra
Staphylococcus aureus, Stapylococcus epidermidis, Propionibacterium acne e Pseudomonas
aeruginosa também foram encontradas positivamente (Haro et al., 2014).
Devido à fragilidade e à facilidade em sofrer injúrias, a graviola é normalmente
indicada para o processamento, sendo empregada na fabricação de sucos, néctares, xaropes,
shakes, doces, geleias, conservas, sorvetes, pós e flocos (Gratão et al., 2007, Quek et al.,
2013).
Paralelamente ao crescimento da fruticultura, ocorre nos últimos anos um aumento de
consumo de bebidas à base de frutas. Nestas preparações, estão as bebidas de frutas
associadas a compostos lácteos, como leite e soro de leite. O desenvolvimento destes
alimentos lácteos aromatizados torna-se uma alternativa que agrega valor funcional e mais
atraente para o consumidor (Moura et al., 2016).
Na preparação de bebidas, os diversos países consumidores da fruta variam a forma de
preparo. Em Cuba e no Brasil, por exemplo, a bebida à base de graviola é preferencialmente
obtida a partir da mistura de fruta, leite e açúcar, enquanto em Porto Rico, normalmente, é
batida com água (Bradie & Schauss, 2009).
Como a maioria das frutas tropicais, a graviola tem um grande potencial para
exportação e é capaz de competir no mercado internacional, seja como purê, suco ou
misturada com outros sucos (Telis-Romero et al., 2007).
Ceballos et al., (2012) realizaram secagem de polpa de graviola acrescida de
maltodextrina e observaram o efeito da taxa de resfriamento sobre a solubilidade, teor de
ácido ascórbico e umidade do pó obtido pela secagem da mistura através da técnica de
liofilização.

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Capítulo 2 – Revisão Bibliográfica

Fasolin e Cunha (2012) adicionaram proteína de soja em suco de graviola, na


elaboração de uma bebida com aroma de fruta tropical exótica que agregasse as propriedades
funcionais da soja, e analisaram a variação da viscosidade e a precipitação proteica em
diferentes concentrações de proteína de soja, suco de graviola e cloreto de cálcio.

2.3 Secagem de pastas em leito de jorro

A técnica de secagem em leito de jorro secagem foi proposta pela primeira vez por
Mathur e Gisher no início de 1950, como uma alternativa à secagem, em leito fluidizado,
de grãos de trigo (Epstein & Grace, 2011; Feng et al., 2012). A secagem de suspensões em
leito de jorro, por sua vez, foi desenvolvida na década de 1960, no Instituto de Tecnologia de
Lenigrad, na produção de sólidos secos na forma de pó fino. O jorro com partículas inertes
foi aplicado com sucesso pela equipe de Lenigrad na secagem de corantes orgânicos,
tintas, soluções salinas e açucaradas e diversos reagentes químicos (Freire et al., 2011). Desde
seu desenvolvimento, grande parte das pesquisas envolvendo leito de jorro considerou o
processamento de biomassa (Cui & Grace, 2008).
O leito de jorro é constituído por uma coluna cilíndrica com base cônica, em que a
parte inferior desta base possui orifício para entrada do gás (Pallai, et al., 2007). As partículas
inertes devem possuir diâmetro maior que 1 mm, e quando a vazão é suficientemente elevada
para provocar o arraste deste material, acontece a formação do jorro (Adeodato, 2003; Niksiar
et al., 2013).
O secador leito de jorro utiliza partículas inertes que funcionam como meio de suporte
para o líquido alimentado, que ao secar, formar uma película seca que se desprende formando
o pó. Os produtos obtidos apresentam qualidade similar, a um custo significativamente menor
de construção e manutenção, quando comparado a um secador por pulverização ou spray
(Cunha et al., 2006; Santos et al., 2011; Freire et al., 2012a, Freire et al., 2016).
O sistema de secagem em leito de jorro é iniciado com a injeção de ar na base
cônica, jorrando o material inerte quando a vazão de ar é suficiente para arrastar
pneumaticamente as partículas do jorro. Estas partículas realizam um movimento inicial
ascendente em uma região com elevada porosidade (região da fonte e do jorro). Quando o
material jorrado atinge o equilíbrio entre as forças relacionadas à movimentação na posição
vertical, as partículas passam para um movimento descendente até uma área de porosidade

Thayse Naianne Pires Dantas, Fevereiro de 2018


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Capítulo 2 – Revisão Bibliográfica

menor (região do anel). As partículas retornam pela base cônica, realizando um movimento
cíclico (Lourenço, 2006).
A alimentação da pasta pode acontecer na forma atomizada ou gotejada sobre o leito
de partículas em movimento, o que proporciona uma grande área de contato. A introdução da
alimentação normalmente ocorre na superfície superior do leito, pois há evidências de que a
introdução da pasta nesta posição promove um funcionamento estável com pouca acumulação
do produto no interior do equipamento. Esta alimentação molha a superfície das partículas
inertes, formando uma camada fina de material líquido (Freire et al., 2011; Benali et al.,
2006).
Passos e Mujumdar (2000) relatam que os aspectos relativos à fluidodinâmica do
leito de jorro na secagem, a taxa de circulação de sólidos e velocidade do ar, que se
relacionam com as propriedades intrínsecas do material, são relevantes na realização de
balanços de massa, de energia e de movimento do processo de secagem.
O estudo do comportamento fluidodinâmico das partículas no leito, considerando a
presença da suspensão no leito, embora negligenciado por muitos autores, é extremamente
importante na obtenção de condições de operação que permitam maiores eficiência de
produção de pó, ausência de instabilidades, processo mais econômico e melhor qualidade do
produto. Dentre os fatores que influenciam no comportamento fluidodinâmico das partículas,
destacam-se a vazão de ar de jorro mínimo e de jorro estável e a máxima queda de pressão
registrada (Vieira et al., 2004). Além dos parâmetros do ar de secagem, influenciam na
estabilidade do processo, a configuração geométrica do secador, as características físicas e
composição das suspensões e propriedades do material inerte (Adeodato, 2003).
A transferência de calor é realizada pela condução nas partículas e pela convecção do
ar quente, promovendo o processo de secagem da cobertura das partículas, que,
progressivamente, torna-se frágil e friável. Estas características do material seco permitem
que este seja removido, na forma de pó, pelas colisões sucessivas a que as partículas inertes
são submetidas. O pó é elutriado e recolhido em ciclone de separação. Na secagem, as taxas
de remoção devem ser altas o suficiente para evitar a aglomeração e o acúmulo de massa
(Freire et al., 2011).
A ocorrência deste ciclo de secagem em leito de jorro – formação da camada de
líquido, secagem, fratura do filme, e recolhimento do pó – acontece simultaneamente e o
tempo e quantidade de repetições dos estágios depende das propriedades reológicas da pasta
características de adesão, taxas de atrito, e outros fatores (Freire et al., 2012b).

Thayse Naianne Pires Dantas, Fevereiro de 2018


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Capítulo 2 – Revisão Bibliográfica

A energia de colisão das partículas é afetada por uma série de variáveis, incluindo as
taxas de circulação de sólidos, a proporção entre as massas de pasta e partículas inertes e a
taxa de secagem. A taxa de circulação de sólidos inertes determina o tempo necessário para
um ciclo completo de secagem: do revestimento à remoção de filme. A elevação da
velocidade de secagem irá favorecer o aumento da friabilidade do filme e afetar positivamente
o processo. A quantidade de líquido injetada no leito deve ser cuidadosamente controlada para
evitar o colapso causado pela instabilidade fluidodinâmica, crescimento das partículas ou
aglomeração. As vazões de alimentação de pasta precisam ser baixas ou
moderadas, resultando em baixa produção de produto seco, em comparação com o secador
spray dryer, sendo portanto uma limitação importante desta técnica de secagem. (Freire
et al., 2012b; Santos et al., 2008).
A elevada queda de pressão através do leito, o fluxo de gás elevado para a
manutenção do jorro, a dificuldade de scale-up, a forte adesão do pó seco as paredes do
equipamento e aglomeração das partículas, dependendo da composição da pasta, são outras
limitações observadas na secagem de suspensões em leito de jorro (Pallai-Varsányi & Gyenis,
2007; Bacelos et al., 2007).
Apesar das limitações, a secagem em leito de jorro apresenta várias vantagens,
atraindo interesse dos setores de pesquisa e desenvolvimento, como uma boa mistura entre as
partículas e suspensão, atrito mínimo, uniformidade da temperatura em todo o leito e elevados
coeficientes de transferência de calor e massa (Pablos et al., 2018; Feng et al., 2012; Cui &
Grace, 2008). O processo apresenta elevada taxa de secagem devido à grande área de contanto
entre as partículas e o gás o que resulta em tempos curtos de processamento, sendo, portanto,
indicado para secar produtos sensíveis ao calor (Pablos et al., 2018; Pallai et al., 2007;
Niksiar et al., 2013).
A tentativa de ampliação de escala utilizando modelos, de operação e de
fluidodinâmica, obtidos em secadores de leito de jorro em escala piloto ou escala laboratorial
não foi satisfatória, comprovando que estas propriedades operacionais e fluidodinâmicas
variam com o dimensionamento do equipamento (Wei et al., 2009). Também foi observado
que a operacionalização em regime contínuo é prejudicada especialmente pela ocorrência de
instabilidades no leito de partículas (Santos et al., 2008, Lima, 2004).

Thayse Naianne Pires Dantas, Fevereiro de 2018


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Capítulo 2 – Revisão Bibliográfica

2.4 Secagem em leito de jorro com alimentação intermitente

A metodologia que envolve a alimentação intermitente compreende um período entre


duas injeções consecutivas de líquido, correspondendo a um intervalo de tempo em que
acontece a introdução da suspensão ou da pasta e outro em que esta atividade é interrompida.
Um estudo preliminar do processo, em que acontece o ajuste satisfatório destes períodos com
e sem alimentação, proporciona um melhor desempenho da secagem (Trindade, 2004)
Quando pastas e suspensões são processadas em leito de jorro ou leito fluidizado,
independente do regime de alimentação, intermitente ou contínuo, observa-se que, no inicio
do processo, as condições de estabilidade são satisfatórias. À medida que a alimentação
prossegue e o material sólido vai acumulando no leito de partículas, ficam evidentes as
instabilidades do processo, principalmente quando a secagem ocorre em regime de
alimentação contínua. Para minimizar a ocorrência de colapso do jorro, especialmente com
vazão elevada de pasta, a alimentação deve ser realizada de maneira intermitente
(Silva, 2003). Os intervalos de tempos com e sem alimentação, que compreendem o tempo de
intermitência, tem como objetivo reduzir a umidade do sistema, e quando adequadamente
ajustados, dificultam a ocorrência de aglomeração das partículas (Benelli & Oliveira, 2015), e
aumentam a eficiência de produção de pó, reduzindo o acúmulo (Braga & Rocha, 2013).
A melhora do desempenho do processo de secagem com alimentação intermitente é
relatada nos trabalhos de Trindade (2004), que estudou a secagem do licor negro com este
regime de alimentação e concluiu que o incremento do tempo de intermitência, com o
aumento do período de interrupção da alimentação, promovia melhora no rendimento de
recuperação de pó, em qualquer nível de temperatura do ar e volume de licor alimentado; de
Cunha (2004), que pesquisou o processo de recobrimento de partículas de celulose com
solução polimérica em regime de alimentação contínua e concluiu que poderia reduzir a
aglomeração com a adoção da introdução do líquido de maneira intermitente; de Souza Júnior
(2012), que secou mistura de resíduos de polpa de acerola e maltodextrina e observou que
períodos de interrupção da injeção da mistura muito curtos não permitiam a remoção eficiente
do material aderido às partículas.
Em trabalhos de controle, modelagem e simulação de processo de secagem que
envolvia a alimentação intermitente, Vieira (2015) e Dantas (2013), verificou-se a
possibilidade de regular o período de intermitência através de inferência e pulso retangulares,

Thayse Naianne Pires Dantas, Fevereiro de 2018


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Capítulo 2 – Revisão Bibliográfica

entretanto, ficou evidente que o controle e o equacionamento deste parâmetro eram


desafiadores, uma vez que o sistema matemático se desviava da linearidade.

2.5 Propriedades físicas

Adicionalmente, a variedade das propriedades da suspensão, como densidade, tensão


superficial, viscosidade e concentração de sólidos interferem na fluidodinâmica, taxa de
circulação do material e na eficiência do processo (Saleh & Guigon, 2015; Marreto et al.,
2007; Tunala, 2005).
A eficiência do processo de secagem é determinada principalmente pelas taxa de
transferência de calor e massa e pela capacidade do filme depositado sobre as partículas
inertes se tornar friável. Na primeira condição, estão envolvidas principalmente as condições
operacionais do processo de secagem, enquanto o segundo se relaciona com as propriedades
físicas da suspensão e com a interação deste com o material inerte de suporte, que pode
favorecer o recobrimento ou a remoção do filme seco (Braga, 2015; Rocha & Taranto, 2008).
De acordo com Grbavcic et al. (2000), coeficientes de transferência de calor e massa
elevados, grande superfície de contato, temperatura uniformizada na câmara de secagem,
temperatura e vazões de ar de secagem elevadas e emprego de suspensões concentradas
favorecem o incremento da eficiência do processo de secagem.
Os processos de secagem de suspensões e o recobrimento de partículas apresentam
operacionalização similar quando executadas em leito de jorro. De acordo com Rocha e
Taranto (2008), a ocorrência de um processo ou de outro é definido pelas características de
molhabilidade e adesão entre o fluido e o sólido.
Segundo Almeida (2009), as forças de adesão são definidas como intermoleculares,
eletrostáticas e pontes sólidas. Pelo mesmo autor, as forcas intermoleculares são representadas
principalmente pela força de Van der Waals, atuando em partículas muito finas e distâncias
muito pequenas. As forcas eletrostáticas se relacionam com a atração de partículas com cargas
opostas, acontecendo quando ocorre atrito entre as partículas ou quando acontece o atrito
entre a parede do equipamento e os inertes. As pontes sólidas são formadas quando a água é
evaporada e existe a cristalização do sólido, endurecimento do ligante, fusão entre sólidos e
solidificação de fundidos.
Quanto à molhabilidade, Braga (2015) descreve que esta propriedade pode ser
quantificada pela medida do ângulo de contato. A molhabilidade refere-se à capacidade de um

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Capítulo 2 – Revisão Bibliográfica

líquido se espalhar sobre a superfície de sólido plano. A gota do líquido depositada sobre o
sólido forma uma estrutura esférica e o ângulo de contato é definido como o ângulo entre a
linha de contato entre a interface sólido-líquido e a tangente à interface líquido vapor (Yuan &
Lee, 2013). Os autores enfatizam que o baixo ângulo de contato indica que o líquido molha a
superfície e vai se espalhar rapidamente sobre esse, enquanto ângulo de contato elevado
implica que o líquido não molha a superfície e tende a formar esferas.
Outra propriedade envolvida no processo de adesão é a tensão superficial. Conforme
relato de Braga (2015), a forca predominante quando um sólido está em contato com um
líquido se relaciona com a tensão superficial. Em situações em que uma pequena quantidade
de líquido está envolvida na formação de um filme, não ocorrem pontes líquidas, mas se esta
quantidade de líquido é elevada, formam-se estas pontes com consequente aumento das forças
de adesão.
A realização de um processo de secagem ou de recobrimento é definida
principalmente pela força de adesão entre o líquido e a superfície sólida. A secagem ocorre
quando a força de adesão na interface fluido-sólido é fraca, favorecendo a friabilidade da
película. Considerando o recobrimento de partículas em condições de superfície plana,
isotrópica, homogênea e não deformada, a força de adesão pode ser representada pelo trabalho
de adesão (Donida et al., 2004). O trabalho de adesão é definido como o trabalho
termodinâmico requerido para separar o líquido do sólido sem adição de trabalho, tal como a
deformação elástica ou viscosa, do líquido ou do sólido (Dahlquist, 2006).
O trabalho de adesão na interface fluido-partícula é uma relação matemática que
envolve o ângulo de contato e a tensão superficial da suspensão (Donida et al., 2005).
Além das características anteriores, Saleh e Guigon, (2007) destacam a importância
da densidade do líquido, uma vez que líquidos menos densos penetram com mais facilidade
nos poros das partículas, favorecendo o processo de recobrimento.
As propriedades reológicas tendem a mudar durante a secagem, pois elas são
dependentes do tempo. Em um curto período de tempo, o material torna-se seco, alterando
consideravelmente a dinâmica do jorro.
Nas fases iniciais de secagem, pontes líquidas podem ser formadas, devido à tensão
superficial da pasta, contribuindo para uma melhor interação entre partículas. Com o decorrer
da secagem, o teor de umidade no revestimento de película é reduzido e as pontes líquidas são
substituídas por outras forças de interação (Freire et al., 2012b).
A temperatura do ar de secagem é um parâmetro importante na performance do
processo, pois altera as condições de operação, modificando, além da transferência de calor,

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Capítulo 2 – Revisão Bibliográfica

as propriedades físicas das suspensões. De acordo com Bhandari e Adhikari (2009), a


temperatura de transição vítrea é definida como a temperatura em que compostos amorfos
alteram para estrutura vítrea e depois para o estado elástico. A temperatura de transição vítrea
é dependente do teor de água e da concentração de solutos, especialmente açúcares. Este
fenômeno pode ocorrer durante a secagem e quando a temperatura de processamento é
superior à temperatura vítrea, no teor de água correspondente, a qualidade do alimento e o
desempenho do processo podem ser afetados. Dentre as transformações mais comuns estão a
dificuldade de difusão de componentes, perda de aromas, escurecimento não enzimático e
mudanças estruturais.
De acordo com Leite et al. (2005), em alimentos, a temperatura de transição vítrea
está relacionada com a alteração de textura dos produtos, uma das propriedades mais
importantes do ponto de vista sensorial.
A vazão do ar de secagem é um parâmetro que influencia tanto a estabilidade como a
operação do revestimento da partícula. O comportamento fluidodinâmico do leito de jorro é
fortemente dependente da velocidade do gás de fluidização e a escolha adequada da
velocidade deste parâmetro é essencial para evitar a aglomeração e para manter uma operação
estável por longos períodos (Saleh & Guigon, 2007).
Segundo Spitzner Neto (2001), o incremento da velocidade do gás provoca uma
elevação dos coeficientes de transferência de calor e massa fluido-partícula e a energia de
colisão, diminuindo o acúmulo de sólidos no interior do jorro. O autor observou que a
remoção de pasta das partículas é dependente da força de adesão e do número de colisões
efetivas das partículas. Por sua vez, as colisões são relacionadas à circulação de sólidos e
energia de colisão, que são controladas pela vazão de ar de fluidização e altura do leito de
inertes; massa de pasta aderida às partículas, controlada pela vazão de alimentação e altura do
leito de inertes; taxa de secagem.

2.6 Modelagem da secagem em leito de jorro

Os utilização de técnicas computacionais e têm facilitado os estudos relacionados à


modelagem e simulação da secagem em leito de jorro, em que vários modelos foram
propostos para descrever o processo de secagem neste tipo de equipamento. A partir destas
análises é possível prever o comportamento do processo e comparar os dados experimentais
com os simulados, sendo de fundamental importância na elaboração de projetos mais

Thayse Naianne Pires Dantas, Fevereiro de 2018


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Capítulo 2 – Revisão Bibliográfica

eficientes e na compreensão dos fenômenos de transferência de energia, movimento e massa


(Almeida, 2009).
Durante a secagem de pastas em leito de jorro com partículas inertes, ocorre
simultaneamente fenômenos de transporte de movimento, calor e massa, variações físico-
químicas causadas pelas forças de adesão entre a película e as partículas inertes, e forças de
cisalhamento sobre o filme líquido. A elaboração de equações matemáticas para representem
satisfatoriamente este processo é bastante complexa, com o equacionamento não linear. Dada
estas dificuldades, os estudos relacionados ao desenvolvimento de modelos matemáticos que
considerem as leis de conservação para simular, avaliar e controlar o processo de secagem de
pastas em leitos de jorro, precisam ser encorajados (Silva et al., 2015b).
De acordo com Almeida et al. (2010), até meados de 1980, a maioria das pesquisas
defendia que a injeção de líquidos e pastas não influenciava na dinâmica do leito de jorro.
Verificou-se que sob certas condições experimentais, o material introduzido criava zonas
mortas e tornava o movimento das partículas mais difícil, sendo necessário: extensa análise da
influência do líquido na fluidodinamica do leito de jorro com partículas inertes em ensaios
com alimentação em batelada e contínuas; uso de modelos empíricos e físico-matemáticos
para descrever o processo de secagem de pastas em leitos de jorro e utilização de modelos
empíricos e físicos na análise das forças coesivas entre as partículas inertes durante o processo
de secagem de pastas em leito de jorro.
Também estão se tornando populares os estudos de técnicas de simulação numérica
da fluidodinâmica computacional (CFD) aplicadas aos sistemas de leitos fluidizados e de
jorro, uma vez que as propriedades do fluxo gás-sólido podem ser simuladas e medidas
simultaneamente sem as pertubações causadas pelas metodologias experimentais, como as
verificadas na meia coluna de parede plana (Cunha et al., 2009).
Szafran e Kmiec (2004) acrescentam que o comportamento preciso do fluxo, da
temperatura e da distribuição das partículas no interior do leito não pode ser previsto por
modelos clássicos, devido às interações complexas entre o gás e o sólido. Entretanto, estas
previsões são importantes em um projeto de ampliação de escala. As simulações realizadas
em CFD incluem modelos de transferência de calor e massa em que se podem obter os
coeficientes de transferência de calor e massa, temperaturas e frações mássicas de cada fase,
encurtando e simplificando o desenvolvimento e otimização dos processos para melhorar a
eficiência energética e o desempenho ambiental.
Portanto, para ser comercialmente viável, a operação de secagem em leito de jorro
ainda precisa de melhorias, como um melhor controle do processo, flexibilidade de desenho

Thayse Naianne Pires Dantas, Fevereiro de 2018


29
Capítulo 2 – Revisão Bibliográfica

para operação com materiais pastosos de composições muito diferentes e ampliação de escala.
Necessita-se de estudos bem fundamentados e desenvolvimento de modelos matemáticos
versáteis que possibilitem uma simulação confiável para predizer o desempenho do secador
sem grandes investimentos, em planta piloto ou industrial (Freire et al., 2012a).
Segundo Freire et al. (2011), considerando os vários modelos propostos para
descrever a secagem de pastas em leito de jorro, as hipóteses adotadas nem sempre são
fisicamente consistentes, mas alguns autores têm mostrado que com a realização de ajuste de
parâmetros térmicos e de massa, é possível obter uma boa previsão para as taxas de secagem e
a umidade e temperatura do ar de saída.

Thayse Naianne Pires Dantas, Fevereiro de 2018


CAPÍTULO 3
MATERIAIS E MÉTODOS
31
Capítulo 3 – Materiais e Métodos

3. Materiais e Métodos

Neste capítulo, são apresentados e discutidos os materiais e métodos empregados na


pesquisa realizada. Os ensaios experimentais de secagem em leito de jorro foram realizados
no Laboratório de Sistemas Particulados e Tecnologia em Alimentos do departamento de
Engenharia Química da Universidade Federal do Rio Grande do Norte. As metodologias
envolvem a caracterização, análise das propriedades físicas dos ingredientes envolvidos na
secagem e dos inertes, técnica de secagem em leito de jorro e modelagem.
A modelagem envolve a determinação da equação que descreve a recuperação de pó,
considerando as propriedades dos materiais, e os modelos que predizem o comportamento da
secagem em leito de jorro, envolvendo o acúmulo de massa no interior do equipamento e a
alimentação intermitente.

3.1 Preparação das amostras

As formulações utilizadas, considerando a base mássica, foram misturas binárias de


polpa de graviola industrial, adquiridas congeladas, e leite integral UHT e misturas de polpa
de graviola e albumina em pó reconstituída.
A albumina em pó reconstituída era obtida a partir da mistura de albumina em pó e
água, a fim de se obter um líquido homogêneo com o mesmo teor de sólidos do leite integral
empregado neste estudo.
Foram formuladas três misturas, modificando-se a concentração de leite ou albumina,
correspondendo a 30%, 40% e 50% em massa destes ingredientes. Os ingredientes utilizados
em cada formulação eram misturados com o auxílio de agitador magnético, a 200 rpm,
durante 2 minutos.
A fração de sólidos na polpa de graviola, do leite e da albumina reconstituída foi igual
a 12,81% + 0,45, 12,26% + 0,32 e 12,35% + 0,21, respectivamente. Dada à proximidade das
frações de sólidos dos três componentes que formam as misturas, todas as formulações
apresentaram aproximadamente a mesma concentração de sólidos.
As polpas de fruta foram adquiridas processadas e congeladas, sem adição de
conservantes, aditivos ou água e permaneceram armazenadas em freezer doméstico a -20ºC
até o momento da utilização. As polpas de graviola utilizadas eram industrializadas,

Thayse Naianne Pires Dantas, Fevereiro de 2018


32
Capítulo 3 – Materiais e Métodos

comercializadas em embalagem de 1000 g, pertenciam a um mesmo lote e permaneceram


armazenadas por cerca de 1 ano, sendo respeitado o prazo de validade informado no rótulo.

3.2 Inertes

Nos experimentos de secagem em leito de jorro utilizou-se polietileno de alta


densidade (PEAD) e polipropileno (PP)como partículas inertes . A escolha destes polímeros
foi baseada em estudos anteriores, em que se verificaram boas condições de operação quando
se utilizavam estes materiais como partículas inertes na secagem de leite e polpas de frutas em
leito de jorro (MEDEIROS, 2001; SOUZA, 2009; MEDEIROS, 2010). A necessidade de
caracterização destes materiais se deve, especialmente, à determinação do trabalho de adesão
entre os fluidos e os polímeros.
Na Figura 3.1, estão apresentadas as partículas inertes de PEAD e PP utilizados nos
experimentos de secagem. Foram investigados o diâmetro médio, densidade real, densidade
aparente e porosidade do leito fixo.

A B

Figura 3.1 – Partículas inertes: PEAD (A), PP (B)


Fonte: Elaborado pela autora (2018).

Os diâmetros médios das partículas de PEAD e PP foram determinados a partir da


medição destas, em duas posições, empregando paquímetro. O diâmetro médio foi
considerado como a média destas duas medidas. Foram analisadas 100 partículas de cada tipo
de inerte.

Thayse Naianne Pires Dantas, Fevereiro de 2018


33
Capítulo 3 – Materiais e Métodos

A densidade das partículas (𝜌𝑃𝐸𝐴𝐷/𝑃𝑃 ) foi determinada por picnometria líquida, em


triplicata, utilizando-se picnômetros previamente calibrados e álcool etílico, sendo a
densidade calculada pela Equação 3.1.

m amostra .  álcool
 PEAD / PP  (3.1)
m (pic+álcool) + m amostra - m (pic+álcool+amostra)

A densidade aparente (𝜌ap ) foi determinada pela relação entre a massa de inerte
adicionada e o volume ocupado por esta. A porosidade do leito estático (𝜀) foi calculada a
partir da Equação 3.2. As medidas foram realizadas em triplicata.

 ap
 PEAD / PP  1  (3.2)
 PEAD / PP

3.3 Fluidodinâmica sem a presença das misturas de graviola

Com o objetivo de determinar a velocidade de ar de jorro mínimo, foram realizadas


análises fluidodinâmicas sem a alimentação das misturas. Foi avaliado o efeito da temperatura
do ar na velocidade de ar de jorro mínimo, ajustada em 60, 70 e 80ºC, que correspondem às
temperaturas empregadas nas secagens.
Os estudos fluidodinâmicos dos inertes (PEAD e PP) em leito de jorro foram
realizados utilizando massas de partículas poliméricas de 2500 g, cujo valor foi baseado em
trabalhos de secagem realizados por Medeiros (2001), Souza (2009) e Medeiros (2010).
Para a realização do experimento, a massa de inerte era colocada no equipamento,
ligava-se o soprador e a velocidade de ar era ajustada de forma que não permitisse o arraste de
inerte. Quando a temperatura do ar na saída estabilizava, eram medidas a queda de pressão e a
velocidade de ar. A velocidade de ar era gradativamente reduzida, aferindo a queda de pressão
em cada redução, até a velocidade do ar igual a zero. A partir da análise dos dados de
velocidade de ar e da queda de pressão, determinaram-se, para cada inerte e temperatura, as
velocidades de ar de jorro mínimo.
Aos dados de velocidade de jorro mínimo de cada tipo de inerte, nas diferentes
temperaturas, foi aplicado o teste de Tukey, a 5% de significância, com o objetivo de verificar
a influência da temperatura neste parâmetro.
Thayse Naianne Pires Dantas, Fevereiro de 2018
34
Capítulo 3 – Materiais e Métodos

3.4 Sistema de Secagem

Os ensaios de secagem foram conduzidos no secador de leito de jorro, conforme a


Figura 3.2. O módulo de secagem consta de uma coluna cilíndrica com visor de acrílico - de
18 cm de diâmetro e 72 cm de altura - base cônica, com ângulo incluso de 60°, altura de 13
cm e diâmetro de entrada de 3 cm, e um ciclone do tipo Lapple que promove a separação e
coleta do pó. O ar é fornecido através de um soprador centrífugo de 7cv, sendo aquecido por
um trocador de calor com resistência elétrica de 2000 W de potência. As medidas de
temperatura do ar na entrada e saída da coluna foram realizadas por termopares digitais, as
tomadas de pressão através de manômetros de tubo em “U”, a vazão do ar medida com
anemômetro digital e a umidade relativa do ar na saída do ciclone determinada através de um
termohigrômetro digital. A velocidade de ar de secagem foi fixada na razão de 1,5 em relação
à velocidade de ar de jorro mínimo e a carga de inerte foi igual a 2500 g.
Inicialmente, realizava-se o pré-aquecimento do sistema na velocidade e temperatura
do ar estabelecido. As medidas de temperatura e umidade do ar na saída eram acompanhadas
até que o sistema atingisse o equilíbrio térmico. As condições de temperatura e umidade eram
anotadas e a alimentação da mistura era iniciada, respeitando o tempo de intermitência.
O tempo de intermitência foi igual a 10 minutos, sendo 6 minutos alimentando e 4
minutos com alimentação interrompida. A alimentação da pasta foi realizada pelo topo da
coluna através de uma bomba peristáltica na forma intermitente, com vazão constante e igual
a 7 g/min, portanto, em cada período de alimentação eram fornecidos cerca de 42 g de
suspensão. Foram realizados seis ciclos de alimentação intermitente.

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Capítulo 3 – Materiais e Métodos

Figura 3.2 – Esquema do módulo de secagem.


A: soprador; B: válvula de ajuste da vazão de ar; C: aquecedor; D:termopar; E: base cônica;
F: painel do sistema de controle; G: coluna de aço inox; H: ciclone; I: sensor de temperatura e
umidade J: termômetro e termohigrômetro; K: recipiente coletor; L: manômetro U.

Os ensaios de secagem foram realizados conforme um planejamento 2² com


3 repetições no ponto central, conforme a Tabela 3.1. Foram realizados 4 planejamentos
experimentais independentes: graviola/leite e PEAD, graviola/leite e PP, graviola/albumina e
PEAD, graviola/albumina e PP. As variáveis independentes consideradas foram: temperatura
do ar na entrada (Tge) e concentração de leite ou albumina na mistura (C). Durante a execução
dos experimentos, foram acompanhadas e registradas as seguintes medidas: temperatura do ar
na saída; queda de pressão; umidade do ar na saída; massa de pó produzida ao final de cada
introdução e interrupção de alimentação.

Tabela 3.1 – Matriz experimental para os ensaios de secagem.


E C (%) Tge (ºC)
1 30 60
2 30 80
3 50 60
4 50 80
5 40 70
6 40 70
7 40 70

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Capítulo 3 – Materiais e Métodos

A eficiência da recuperação de pó foi calculada conforme a Equação 3.3.

mcoletada .x pó
Ef  (3.3)
malimentada .x mistura

A umidade dos materiais foi determinada por evaporação até peso constante em estufa
com circulação de ar a 70ºC (IAL, 2008). Para a polpa, leite e misturas, utilizaram-se cerca de
3 g de material, enquanto para a albumina e pós produzidos, empregava-se aproximadamente
1 g. Os materiais eram colocados em pesa-filtros previamente tarados, e, posteriormente,
secos em estufa a uma temperatura de 70ºC. A umidade era calculada segunda a Equação 3.4.

mamostra _ final  .mamostra _ inicial


Ubu  (3.4)
.mamostra _ inicial

3.5 Propriedades físicas

As propriedades físicas avaliadas para a polpa de graviola e para as misturas foram:


viscosidade, tensão superficial, massa específica, ângulo de contato e trabalho de adesão. As
medidas destas propriedades foram realizadas variando a temperatura e a concentração de
leite ou albumina, mas a variação na concentração apenas para as misturas.
Para avaliar se as curvas geradas (para a viscosidade, tensão superficial, massa
específica e trabalho de adesão, em cada concentração de mistura de leite ou de albumina,
variando com a temperatura) eram significativamente diferentes, foi aplicado o método
estatístico Teste t para grupos independentes, considerando 95% de confiança. Com este
método, objetivou-se analisar se variações de concentração e de temperatura geravam
resultados estatisticamente diferentes.
Nas curvas em que verificavam diferenças significativas, construía-se o diagrama de
Pareto para avaliar a influência da concentração e da temperatura na propriedade. Para a
construção destes diagramas, os valores das propriedades, em função da temperatura, eram
montados segundo um planejamento experimental 2² e 3 pontos centrais. Para as misturas de
graviola/leite, foram consideradas as temperaturas de 30, 50 e 70ºC e as concentrações de 30,
40 e 50% em leite; para as misturas não coaguladas de graviola/albumina, foram consideradas
Thayse Naianne Pires Dantas, Fevereiro de 2018
37
Capítulo 3 – Materiais e Métodos

as temperaturas de 30, 40 e 50ºC e as concentrações de 30, 40 e 50% em albumina; nas


misturas coaguladas de graviola/albumina, foram utilizadas as temperaturas de 50, 60 e 70ºC
e as concentrações de 30, 40 e 50% em albumina.
Os resultados destas propriedades físicas mostraram comportamento com a
temperatura em todos os casos, considerando o comportamento das misturas de albumina em
duas regiões. Dado este comportamento, ajustaram-se as Equações 3.5 e 3.6, que representam
os resultados das propriedades em função da temperatura e da concentração de leite ou
albumina.

.1
ln   p1  p 2 .C  p 3 (3.5)
T

propriedade(  , ,Wad )  p1 .T  p2 .C  p3 (3.6)

Em que p1, p2 e p3 são parâmetros de ajuste dos modelos. Na Equação 3.5, a


temperatura é utilizada em Kelvin. Na equação 4.6, a temperatura é empregada em Celsius.
Aos dados de ângulo de contato, que não variou com a temperatura, foi aplicado o
teste de Tukey, a 95% de confiança, com o objetivo de avaliar se existia diferença estatística
entre os ângulos, considerando o tipo de inerte e a concentração de aditivos nas misturas.

3.5.1 Viscosidade

Os dados reológicos das misturas e da polpa de graviola foram obtidos em


viscosímetro Brookfield, modelo DV-II+PRO (Reino Unido), utilizando spindle LV4, que
expressa o resultado em Centipoise (cP). Os ensaios foram realizados em temperaturas de 20 a
70ºC. Foi levado em consideração um intervalo de taxa de deformação compreendido entre 2
e 17s-1.
As curvas de tensão de cisalhamento e taxa de deformação foram ajustadas ao modelo
da Lei de Potência – LP (Equação 3.7) que, segundo Bennet e Myers (2009) representa muito
bem o comportamento reológico de polpas de frutas.

  K. n (3.7)

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Capítulo 3 – Materiais e Métodos

O modelo de Arrhenius foi utilizado para avaliar o efeito da temperatura na


viscosidade aparente (Equação 3.8). A viscosidade aparente empregada nesta equação
corresponde à rotação de 60 rpm.

 Ea  1
ln ap     T  ln  0 (3.8)
 R 

A energia de ativação (Ea) foi calculada a partir da inclinação da reta (Ea/R) do


gráfico de Arrhenius ln(ap) versus (1/T).

3.5.2 Tensão superficial

Os dados da tensão superficial das misturas e da polpa de graviola foram obtidos em


experimentos realizados em Tensiômetro Phoenix, Estados Unidos, utilizando o método da
gota pendente, nas temperaturas de 20 a 70ºC. Em cada etapa de aquecimento, os
experimentos foram realizados, adicionalmente, com água para verificar a precisão das
medidas.
A imagem da gota é capturada por uma câmera e o equipamento verifica a forma desta
na extremidade de uma agulha a ser analisado por assimetria de eixos. O programa de cálculo
do equipamento posiciona linha de referência na imagem. A tensão superficial é determinada
através da digitalização e análise do perfil da gota, utilizando para ajuste a equação de Young.

3.5.3 Ângulo de contato e trabalho de adesão

A verificação do ângulo de contato da gota da polpa e das misturas com o polímero


foi realizada à temperatura ambiente, cerca de 25ºC, no mesmo Tensiômetro Phoenix.
Foram empregados os fluidos compostos por graviola, leite ou albumina e placas
planas e polidas de PEAD e PP. Foram medidos também aos ângulos formados pela água nas
duas placas, com o objetivo de verificar a precisão e qualidade das placas utilizadas.
O ângulo consiste na média dos ângulos direito e esquerdo da gota em um tempo pré-
determinado. Estes ângulos são calculados automaticamente pelo programa do equipamento
através da análise de imagens capturadas. Foram capturadas 5 imagens de cada material
analisado.

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Capítulo 3 – Materiais e Métodos

O trabalho de adesão na interface fluido-partícula é dependente da molhabilidade do


líquido sobre o sólido, que se relaciona com o ângulo de contato e a tensão superficial da
suspensão, conforme a Equação 3.9.

𝑊𝑎𝑑 = 𝜎(1 + 𝑐𝑜𝑠𝜃) (3.9)

3.5.4 Densidade

A análise de densidade das misturas e da polpa de graviola foi realizada pela técnica
de picnometria líquida, a partir da relação entre a massa da amostra e o volume do picnômetro
dotado de termômetro. Foram analisadas as misturas de graviola contendo leite e albumina
nas temperaturas de 20ºC a 70ºC.

3.5.5 Gordura, proteína e açúcar redutor

Para a quantificação dos percentuais de componentes de interesse em cada material,


considerou-se o açúcar redutor na polpa de graviola, a gordura no leite integral e a proteína na
albumina. Os valores de cada componente nas misturas foram determinados pelo balanço de
massa a partir das massas envolvidas em cada preparação.
A determinação da quantidade de lipídios foi feita pela extração por éter de petróleo,
seguida da remoção por evaporação do solvente. O procedimento experimental adotado
seguiu a metodologia descrita nas Normas do IAL (2008), Método Nº 032/IV.
A quantidade de proteínas foi obtida pela determinação do nitrogênio total. Os teores
de proteínas da polpa e do leite foram determinados conforme a metodologia 036/IV do IAL
(2008).
Os açúcares redutores da polpa foram quantificados pelo método DNS (IAL, 2008),
em que ocorre, para os açúcares redutores e redutores totais, a redução de um ácido
monohidratado e oxidação do grupo aldeído do açúcar.
Considerados como materiais cuja composição interfere no desempenho de secagem
em leito de jorro, os valores determinados para os açúcares redutores da polpa de graviola, da
proteína da albumina reconstituída e da gordura do leite foram, respectivamente, 6,89% +
0,28, 9,73% + 0,31 e 3,12% + 0,15. As massas destes dois componentes foram determinadas

Thayse Naianne Pires Dantas, Fevereiro de 2018


40
Capítulo 3 – Materiais e Métodos

pelo balanço de massa, considerando as massas de polpa de graviola e aditivo em cada


preparação.

3.6 Modelo da recuperação de pó

A partir das correlações para as propriedades físicas das misturas de graviola/leite e


graviola/albumina em função da concentração e da temperatura, foram determinados os
valores destas propriedades nas temperaturas em que os fluidos foram submetidos nos
processos de secagem. Para o uso destas correlações na elaboração da equação da recuperação
de pó, considerou-se que a temperatura do material no interior e no momento da saída do
secador é igual à temperatura do ar de exaustão, conforme adotado por Dantas (2013), cujo
modelo se baseia no modelo desenvolvido por Freire et al. (2009). Neste modelo, estes
autores consideraram que o material e ar na saída do equipamento estão em equilíbrio
térmico, consideração que é adotada também nos modelos de Fernandes (2005) e Oliveira
(1995).
Com o cálculo das propriedades físicas nas temperaturas dos processos, foi possível
determinar as equações da recuperação de pó, para o leite e a albumina. Como a temperatura
do ar na saída do secador é resultado do modelo do balanço de energia, os parâmetros de
ajuste destas equações, foram estimados juntamente com a determinação da temperatura do ar
de exaustão na equação diferencial.
Conforme indicado nos resultados, observa-se que a taxa de recuperação de pó
mostrou ser dependente da composição, e consequentemente das propriedades físicas das
misturas graviola/leite e graviola/albumina, e das condições de secagem. Para esboçar
matematicamente esta relação, aplicou-se o Teorema Vaschy-Buckingham, ou Teorema dos π,
nos resultados experimentais para o desenvolvimento da equação de predição da vazão de pó
na saída do secador (Wpó).
Para a aplicação do Teorema dos π, foram utilizados os parâmetros relativos às
misturas: densidade (ρ), viscosidade aparente (η), tensão superficial (σ), trabalho de adesão
(Wad), massa de alimentação de gordura do leite (mgor), massa de alimentação da proteína da
albumina (mprot) e massa de alimentação de açúcar redutor da graviola (maç). A massa de
gordura é aplicada somente aos dados relativos ao pó de misturas com leite, enquanto a massa
de proteína é usada somente quando se relaciona com os valores de massa pó de misturas com
albumina. Adotando-se o valor de Wpó como variável dependente, se expressa a relação entre

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41
Capítulo 3 – Materiais e Métodos

as variáveis selecionadas conforme a Equação 3.10. As dimensões primárias envolvidas são:


M (massa), T (tempo) e L (comprimento). As dimensões fundamentais envolvidas em cada
variável estão listadas abaixo.

Wpó = f (ρ, η, σ, Wad, maç, mgor/prot) (3.10)

wpó: vazão do pó na saída do secador (M/t);


ρ: densidade da mistura (M/L³);
η: viscosidade aparente da mistura (M/Lt);
σ: tensão superficial da mistura (M/t²);
Wad: trabalho de adesão (M/t²);
mgor: massa de gordura da mistura (M);
mprot: massa de proteína da mistura (M).

Foram selecionados os parâmetros ρ, σ e mgor/prot como grandezas básicas ou


parâmetros repetentes. Com sete parâmetros dimensionais e três repetentes, determinam-se
quatro grupos adimensionais, conforme a Equação 3.11.

π1 = f (π2, π3, π4) (3.11)

Escrevendo os parâmetros π na forma de expoentes, resolveu-se o sistema de


equações, de forma que cada grupo se tornasse adimensional. Substituindo os valores
determinados nos grupos π na Equação 4.11, define-se a Equação 3.12.

wpó   maç Wad 


 f  1/ 3 1/ 2 , , 
(mgor / prot . )0,5   . .m 1/ 6
m   (3.12)
 gor / prot gor / prot 

Com a definição dos grupos adimensionais π que influenciam na produção de massa


de pó durante a secagem, conforme análise dimensional (Equação 3.12), foi adotado o modelo
potencial, dado pela Equação 4.13 para descrever a relação de dependência entre as variáveis.

a b
w pó     maç   Wad c
 d . 1 / 3 1 / 2  .  .  (3.13)
(mgor / prot . )0,5   . .m 1/ 6  m 
 gor / prot   gor / prot    

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Capítulo 3 – Materiais e Métodos

A resolução dos valores de a, b, c, d, em cada experimento de secagem, foi realizado


pela estimação dos parâmetros através da minimização da função objetivo da técnica de
mínimos quadrados utilizando o método heurístico de otimização PSO. Para compor a
equação para cada tipo de mistura de graviola, utilizaram-se as médias de cada parâmetro.
Para verificar a qualidade do modelo ajustado aos valores experimentais, os resultados
foram analisados estatisticamente com base no índice de determinação (R²) e no teste de F.

3.7 Modelo de secagem considerando alimentação intermitente e acúmulo


de material no leito

Com o propósito de verificar o comportamento da secagem, no que diz respeito à


temperatura do ar na saída do secador, foi utilizado, com algumas modificações, o modelo
relatado por Dantas (2013), que considerou a alimentação intermitente da pasta e o acúmulo
de material no interior do equipamento. Os balanços foram originalmente baseados no modelo
CST desenvolvido por Freire et al. (2009).
As considerações utilizadas do modelo estão descritas a seguir:

 O ar de secagem é alimentado a uma vazão e temperatura constante;


 O leito de jorro comporta-se como um tanque de mistura perfeita;
 O ar e o vapor são gases ideais;
 O acúmulo de sólido é relativo à aderência às paredes do secador e às partículas
inertes;
 A temperatura do sólido na saída é igual à do gás de exaustão;
 As umidades do pó aderido e produzido são iguais e constantes durante todo o
processo de secagem;
 A difusão de água no interior do filme de pasta aderido à partícula é desprezível.

Os balanços de massa e de energia para a secagem foram desenvolvidos segundo as


considerações adotadas, obtendo-se um sistema de equações diferenciais. O algoritmo,
desenvolvido em linguagem Fortran, calcula a integração do sistema de equações diferenciais
resultantes dos balanços, que representa o comportamento dos fenômenos de transferência
considerados no processo de secagem, utilizando a rotina DASSL (Differential Algebraic
System Solver), código desenvolvido por Petzold (1989 citado por Vieira & Biscaia Jr., 2000).
Thayse Naianne Pires Dantas, Fevereiro de 2018
43
Capítulo 3 – Materiais e Métodos

Nesta técnica, a solução das equações algébricas-diferenciais é iniciada por um passo de


integração, em que é calculado também o erro acumulado do processo.
Para a representação da alimentação durante o ciclo de intermitência, utilizou-se uma
sequência de pulsos retangulares descritos com o auxílio da função de programação
heaviside (H). Esta foi escrita a partir de um teste condicional, que atribui valor positivo igual
a 1 quando o modelo está calculando no período de alimentação e valor zero quando acontece
interrupção da alimentação. Esta função aparece multiplicando a vazão de alimentação e de
recuperação de pó nos modelos.
O procedimento para estimação do parâmetro desconhecido do modelo, calor perdido
para o ambiente, fundamentou-se na minimização da função objetivo da técnica de mínimos
quadrados utilizando o método heurístico de otimização PSO (Particle Swarm Optimization),
algoritmo desenvolvido por Kennedy e Eberhart (1995) e também conhecido como método de
enxame de partículas (Prata et al., 2009). A função objetivo aplicada está apresentada na
Equação 3.14.

Fobj   T
exp  T pred 2 (3.14)

Na execução do programa de estimação, foram utilizadas 20 interações e 20


partículas por iteração. Esta condição foi suficiente para a determinação do parâmetro Q, do
balanço de energia, e os parâmetros a, b, c, d da equação de vazão de pó considerando que o
valor previsto tendia à constância logo nas primeiras iterações.
Na realização do balanço de massa para avaliação do acúmulo de pó no leito,
observou-se a produção uniforme, com tendência ao comportamento linear. Aplicando o
balanço de massa de sólido no sistema, encontrou-se a Equação 3.15 que descreve o acúmulo
de pó no leito durante o processo de secagem.

𝑑𝑚𝑝ó 𝑊𝑝𝑒 𝑥𝑝𝑒 −𝑊𝑝ó 𝑥𝑝ó


=𝑀= (3.15)
𝑑𝑡 𝑥𝑝ó

A taxa de secagem, sendo uma para a etapa com alimentação e outra para o período
de parada, foram calculadas e empregadas no balanço de energia conforme as Equações 3.16
e 3.17.

𝑘 = 𝑊𝑎𝑟 𝑠𝑒𝑐𝑜 (𝑈𝐴𝑔𝑠 − 𝑈𝐴𝑔𝑒 ) (3.16)

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44
Capítulo 3 – Materiais e Métodos

k = (𝐻𝑘𝑎𝑙𝑖𝑚 + (1 − 𝐻)𝑘𝑝𝑎𝑟 ) (3.17)

O balanço de energia, desenvolvido através dos conceitos da Primeira Lei da


Termodinâmica, pode ser escrito, considerando o acúmulo de sólido no interior do secador,
conforme a Equação 4.18.

𝑑𝑇𝑔𝑠 𝑊𝑔𝑒 𝑐𝑝𝑔𝑒 𝑇𝑔𝑒 +𝑊𝑝𝑒 𝑐𝑝𝑝𝑒 𝑇𝑝𝑒 −𝑊𝑔𝑠 𝑐𝑝𝑔𝑠 𝑇𝑔𝑠 −𝑐𝑝𝑝ó 𝑇𝑔𝑠 𝑊𝑝ó−𝑘𝛥𝐻 𝑣 −𝑄̇
= (4.18)
𝑑𝑡 𝑚𝑔 𝑐𝑝𝑔𝑠 +𝑚𝑝𝑖 𝑐𝑝𝑝𝑖 +𝑚𝑗 𝑐𝑝𝑗 𝑇𝑔𝑠 +𝑀𝑐𝑝𝑝ó

O fluxograma da execução dos cálculos dos modelos diferenciais é apresentado na


Figura 3.3

Figura 3.3 – Fluxograma da execução dos cálculos das equações diferenciais.


Fonte: Elaborado pela autora (2018).

O modelo apresentado utiliza também algumas equações complementares às equações


do balanço energia, são elas:

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45
Capítulo 3 – Materiais e Métodos

Vazão mássica do gás na saída do leito de jorro


𝑊𝑔𝑠 = 𝑊𝑔𝑒 + 𝑘 (3.19)

Massa de gás
𝑚𝑔 = (𝑉𝑗 − 𝑉𝑝𝑖 )𝜌𝑎𝑟
(3.20)

Em que Vj é o volume do leito de jorro, Vpi é o volume ocupado pelas partículas inertes e ρar é
a massa específica do ar.

Volume do leito de jorro


𝜋𝑧𝑐𝑖 (𝑟𝑐𝑐 2 +𝑟𝑐𝑐 𝑟𝑏𝑒 +𝑟𝑏𝑒 2 ) 𝜋𝑧𝑐𝑠 (𝑟𝑐𝑐 2 +𝑟𝑐𝑐 𝑟𝑏𝑠 +𝑟𝑏𝑠 2 )
𝑉𝑗 = 𝜋𝑟𝑐𝑐 2 𝑧𝑐𝑐 + + (3.21)
3 3

Em que Vj é o volume do leito de jorro.

Volume das partículas inertes


(1−𝜀)𝑚𝑝𝑖
𝑉𝑝𝑖 = (3.22)
𝜌𝑝𝑖

Em que ε é a porosidade e ρs é a massa específica das partículas inertes.

Calor específico do ar (Himmelblau, 1998)


29,94+0,4147.10−2 𝑇+0,3191.10−5 𝑇 2 −1,965.10−9 𝑇 3
𝑐𝑝𝑎𝑟 = (3.23)
𝑃𝑀𝑎𝑟

Em que cpar é o calor específico do ar, T é a temperatura e PMar é o massa molecular do ar.

Calor específico do vapor d’água (Himmelblau, 1998)


33,46+0,6880.10−2 𝑇+0,7604.10−5 𝑇 2 −3,593.10−9 𝑇 3
𝑐𝑝á𝑔𝑢𝑎 𝑣 = (3.24)
𝑃𝑀á𝑔𝑢𝑎

Em que cpvágua é o calor específico do vapor de água e PMágua é o peso molecular da água.

Calor específico da água líquida (Himmelblau, 1998)

Thayse Naianne Pires Dantas, Fevereiro de 2018


46
Capítulo 3 – Materiais e Métodos
75,4
𝑐𝑝á𝑔𝑢𝑎 𝑙 = 𝑃𝑀 (3.25)
á𝑔𝑢𝑎

Em que cplágua é o calor específico da água líquida.

Calor específico do gás de secagem


𝑐𝑝𝑔 = 𝑦𝑐𝑝á𝑔𝑢𝑎 𝑣 + (1 − 𝑦)𝑐𝑝𝑎𝑟 (3.26)

Calor específico da mistura


𝑐𝑝𝑚𝑖𝑠𝑡𝑢𝑟𝑎 = 𝑦𝑐𝑝á𝑔𝑢𝑎 𝑙 + (1 − 𝑦)𝑐𝑝𝑝𝑎𝑠𝑡𝑎_𝑠𝑒𝑐𝑎 (3.27)

Para a geração das curvas calculadas, foram utilizados os valores médios do calor
perdido, médias calculadas para cada faixa de temperatura empregada, e os valores médios
dos parâmetros a, b, c, d. Desta forma, os valores preditos pelos modelos passavam a não
depender de resultados experimentais.

3.8 Cálculo dos erros

Nas análises da capacidade de previsão do comportamento experimental, foram


calculados os erros percentuais utilizando a Equação 3.28.

100 i | (valorexp - valorpred ) |


Erro (%)  
i 1 valorexp
(3.28)

Thayse Naianne Pires Dantas, Fevereiro de 2018


CAPÍTULO 5
RESULTADOS E DISCUSSÃO
48
Capítulo 4 – Resultados e Discussão

4. Resultados e Discussão

4.1 Propriedades físicas

As propriedades físicas da polpa de graviola e das misturas de polpa de graviola e leite


e polpa de graviola e albumina foram determinadas em função da temperatura e da
concentração de leite e de albumina, encontrando-se correlações para estimativa das
propriedades em função destes parâmetros. Posteriormente as correlações foram empregadas
para estimativa das propriedades das misturas na equação para predição da taxa de produção
de pó na secagem da polpa de graviola com adição de leite e albumina no leito de jorro, com
partículas inertes de polietileno de alta densidade (PEAD) e de polipropileno (PP).

4.1.1Viscosidade

As curvas que relacionam a viscosidade aparente e a taxa de deformação da polpa de


graviola e das misturas de graviola/leite e graviola/albumina estão representadas nas
Figuras 4.1 e 4.2, respectivamente. Para a polpa de graviola pura e para todas as misturas
graviola/leite, as principais modificações reológicas foram observadas nas temperaturas de
20ºC e 70ºC, sendo verificada para a mesma taxa de deformação a diminuição da viscosidade
com a temperatura. Comportamento similar e com valores intermediários foram observados
dentro deste intervalo de temperatura. Nas misturas graviola/albumina, as mudanças
reológicas foram observadas, também para todas as concentrações. Entretanto, apenas para a
faixa de temperatura compreendida entre 20 e 50ºC o comportamento foi similar ao observado
com a polpa pura e com as misturas com adição de leite, pois a partir de 50°C, para a mesma
taxa de deformação o comportamento se inverteu e a viscosidade passou a aumentar com o
aumento da temperatura. Todavia, optou-se por ilustrar o comportamento das curvas da
viscosidade aparente em função da taxa de deformação tanto para a polpa como para as
diferentes misturas nos mesmos níveis de temperatura, a 20°C e 70°C.

Thayse Naianne Pires Dantas, Fevereiro de 2018


49
Capítulo 4 – Resultados e Discussão

30% L 20ºC
1600
30% L 70ºC
40% L 20ºC
1400 40% L 70ºC
50% L 20ºC
1200 50% L 70ºC
Graviola 20ºC

Viscosidade (cP)
1000 Graviola 70ºC

800

600

400

200

0
0 2 4 6 8 10 12 14 16 18
-1
Taxa de deformação (s )

Figura 4.1 – Curvas reológicas das misturas a 20 e 70ºC: graviola/leite


Fonte: Elaborado pela autora (2018).

1600 30% A 20ºC


30% A 70ºC
1400 40% A 20ºC
40% A 70ºC
1200 50% A 20ºC
50% A 70ºC
Graviola 20ºC
Viscosidade (cP)

1000
Graviola 70ºC
800

600

400

200

0
0 2 4 6 8 10 12 14 16 18
-1
Taxa de deformação (s )

Figura 4.2 – Curvas reológicas das misturas a 20 e 70ºC: graviola/albumina


Fonte: Elaborado pela autora (2018).

Tanto a polpa de graviola como as misturas envolvendo leite, apresentaram o


comportamento típico das polpas de fruta, em que ocorre a redução da viscosidade com a
elevação da taxa de deformação e da temperatura. Com a adição de leite, observa-se na Figura
4.1, a diminuição da viscosidade das misturas em relação à polpa de graviola. Esta diminuição
é mais acentuada à medida que o percentual de leite é aumentado. O leite bovino com um
percentual de 3% de gordura, possui viscosidade aparente de 1,8 cP e comportamento de
fluido newtoniano (Mccarthy et al., 2017). Portanto era de se esperar que a adição de leite
provocasse a diminuição na viscosidade das misturas.

Thayse Naianne Pires Dantas, Fevereiro de 2018


50
Capítulo 4 – Resultados e Discussão

Segundo Gratão et al. (2006), com a elevação da temperatura, a energia térmica e as


distâncias moleculares aumentam em função da redução das forças intermoleculares. Os
fluidos escoam com mais facilidade em decorrência da diminuição das interações partícula-
partícula, resultando na diminuição da viscosidade. De acordo com Alparslan e Hayta (2002),
a redução da viscosidade aparente com a elevação da taxa de deformação é uma consequência
da mudança estrutural da amostra devido às forças hidrodinâmicas criadas e o alinhamento
das moléculas na direção da tensão exercida. Os resultados observados para a polpa de
graviola e para as misturas condizem com as observações destes autores.
Resultados compatíveis com os do presente trabalho foram encontrados em estudos do
comportamento reológico de polpa de graviola em diferentes concentrações de sólidos
solúveis (12, 17 e 25%), sendo verificada a redução da viscosidade com o aumento da
temperatura, que variou numa faixa de 5 a 50ºC. Para as mesmas taxas de deformação e no
mesmo nível de temperatura os valores das viscosidades foram maiores nas amostras com
concentrações mais elevadas em sólidos solúveis (Miranda et al., 2012). Comportamentos
semelhantes foram observados em estudos reológicos com suco de tomate (Augusto et al.,
2012), polpa de acerola (Lopes et al., 2013), polpa de pseudofrutos Hovenia dulcis (Maieves
et al., 2017) e diferentes produtos comerciais à base de frutas que possuíam leite na
composição (Moura et al., 2016).
Analisando o comportamento reológico das misturas de graviola com albumina, como
relatado anteriormente, foi observado que a viscosidade aparente, reduzia com o aumento da
temperatura e da concentração de albumina, comportamento este similar ao da polpa e das
misturas com adição de leite, até atingir a temperatura de 50°C. A partir desta temperatura o
comportamento inverso foi verificado, ocorrendo o crescimento do valor da viscosidade com
a elevação da temperatura e da concentração da proteína. Este comportamento foi atribuído à
desnaturação das misturas, sendo mais evidente quão maior fosse a concentração de albumina
nas misturas. O início prematuro da coagulação da mistura de graviola e albumina foi
associado ao uso deste último ingrediente na forma de pó reconstituído, que em função da sua
exposição anterior ao calor, pode ter se tornado mais suscetível à desnaturação.
Uma análise do comportamento da viscosidade aparente, em função da temperatura,
de soluções de albumina do ovo foi realizada por Monkos (2016) para uma faixa de
temperatura compreendida entre 5 e 55ºC, que correspondem aos limites de congelamento e
desnaturação da albumina, respectivamente. A mensuração da viscosidade em soluções com
diferentes concentrações de albumina revelou que o valor desta propriedade diminui com a
elevação da temperatura neste intervalo, sendo numericamente mais elevada nas soluções com

Thayse Naianne Pires Dantas, Fevereiro de 2018


51
Capítulo 4 – Resultados e Discussão

maior quantidade percentual desta proteína. Esta mesma relação entre a temperatura e a
concentração proteica foi verificada em pesquisa com albumina do soro bovino, nas
concentrações de 0,2 a 1% e temperatura variando de 20 a 45ºC (Masuelli & Gassmann,
2017). De uma forma geral estes resultados concordam com o observado neste trabalho para a
faixa de temperatura compreendida entre 20°C e 50°C.
Ao estudar o comportamento reológico de soluções proteicas de albumina do soro
bovino, em concentrações de 10 e 15% em massa, Sandoval e Camerucci (2017) observaram
que as viscosidades dos materiais aumentaram significativamente uma vez que a temperatura
de gelificação foi atingida, cujo valor não se apresentou dependente da concentração de
proteína. A temperatura de desnaturação da albumina do soro bovino foi determinada entre 40
e 50ºC (Sandoval & Camerucci, 2017; Rondeau et al., 2010) e após a gelificação, as soluções
deste material se comportaram como sólidos elásticos. Em relação ao presente trabalho estes
resultados são compatíveis com o comportamento observado da viscosidade em níveis de
temperatura em que as misturas se encontravam desnaturadas.
Nas Figuras 4.3 e 4.4, são exibidas as curvas da tensão de cisalhamento, em função da
taxa de deformação, preditas pelo modelo da Lei da Potência, ajustados aos dados reológicos
experimentais das misturas na temperatura de 20 a 70ºC.
Conforme se observa nestas figuras, os dados preditos pelo modelo se sobrepõem aos
experimentais, demonstrando que este representa bem o comportamento reológico das
misturas e da polpa de graviola.

Thayse Naianne Pires Dantas, Fevereiro de 2018


52
Capítulo 4 – Resultados e Discussão

60
20ºC
140
30ºC
40ºC 50
120 50ºC

Tensão de cisalhamento (Pa)


Tensão de cisalhamento (Pa)

60ºC
100 70ºC 40

80
30 20ºC
30ºC
60
40ºC
20
50ºC
40 60ºC
70ºC
10
20

0 0
0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 0 2 4 6 8 10 12 14 16 18
A Taxa de deformação (s )
-1
B Taxa de deformação (s )
-1

35 20ºC
20ºC
30ºC 22
30ºC
40ºC
30 20 40ºC
50ºC
50ºC
60ºC 18
60ºC
Tensão de cisalhamento (Pa)

Tensão de cisalhamento (Pa)


25 70ºC
16 70ºC

14
20
12

15 10

8
10
6

4
5
2

0 0

C
0 2 4 6 8 10 12
Taxa de deformação (s )
-1
14 16 18
D 0 2 4 6 8 10 12
Taxa de deformação (s )
-1
14 16 18

Figura 4.3 – Tensão de cisalhamento em função da taxa de deformação. Dados experimentais


e preditos pelo modelo de lei da potência: Polpa de graviola (A), 30% leite (B), 40% leite (C),
50% leite (D)
Fonte: Elaborado pela autora (2018).

Thayse Naianne Pires Dantas, Fevereiro de 2018


53
Capítulo 4 – Resultados e Discussão

50 20ºC
20ºC 140 30ºC
30ºC
40ºC
40ºC
120 50ºC
40

Tensão de cisalhamento (Pa)


50ºC 60ºC
Tensão de cisalhamento (Pa)

60ºC 65ºC
65ºC 100 70ºC
30
70ºC
80

60
20

40

10
20

0
0
0 2 4 6 8 10 12 14 16 18
A
0 2 4 6 8 10
Taxa de deformação (s )
12
-1
14 16 18
B -1
Taxa de deformação (s )

20ºC
140 30ºC
40ºC
120 50ºC
Tensão de cisalhamento (Pa)

60ºC
65ºC
100 70ºC

80

60

40

20

0
0 2 4 6 8 10 12 14 16 18
C Taxa de deformação (s )
-1

Figura 4.4 – Tensão de cisalhamento em função da taxa de deformação. Dados experimentais


e preditos pelos modelos de lei da potência: 30% albumina (A), 40% albumina (B),
50% albumina (C)
Fonte: Elaborado pela autora (2018).

Nas Tabelas 4.1 e 4.2, são exibidos os parâmetros do modelo de lei da potência
ajustado aos dados experimentais da polpa de graviola e das misturas e os respectivos
coeficientes de determinação. Nestas tabelas, também são apresentados os dados relativos à
viscosidade aparente da polpa e das misturas considerando a taxa de deformação de 8,5 s-1,
que corresponde à rotação de 60 rpm. Comparando os parâmetros estatísticos dos ajustes da
equação, observa-se que, para a polpa de graviola e misturas de graviola/leite em todos os
níveis de temperatura, este modelo se ajustou aos dados experimentais com valores superiores
a 95% para o coeficiente de determinação (R²). Nas misturas graviola/albumina, alguns
coeficientes de determinação foram inferiores a 95%, o que pode ser justificado pela mudança
da estrutura após a coagulação desta proteína.

Thayse Naianne Pires Dantas, Fevereiro de 2018


54
Capítulo 4 – Resultados e Discussão

Tabela 4.1 – Parâmetros reológicos obtidos para a polpa de graviola pelo modelo Lei da
Potência e viscosidade aparente a 60 rpm, para um intervalo de temperatura de 20 a 70ºC

Polpa de Graviola
T (ºC) K n R²
20 16,84 0,72 0,9822
30 12,56 0,79 0,9875
40 12,69 0,76 0,9986
50 11,46 0,79 0,9982
60 10,98 0,76 0,9961
70 10,21 0,78 0,9864

Tabela 4.2 – Parâmetros reológicos obtidos para as misturas de graviola pelo modelo Lei da
Potência e viscosidade aparente a 60 rpm, para um intervalo de temperatura de 20 a 70ºC
30% Leite 40% Leite 50% Leite
n
T (ºC) K (Pa.s ) n n
R² K (Pa.s ) n R² K (Pa.sn) n R²
20 15,41 0,48 99,42 10,65 0,40 95,72 8,16 0,32 95,84
30 14,85 0,46 99,21 9,86 0,41 97,64 5,98 0,41 98,66
40 13,35 0,47 98,94 9,15 0,41 94,78 5,45 0,42 99,06
50 12,38 0,47 98,92 8,03 0,41 98,39 4,84 0,40 95,84
60 9,74 0,47 99,46 7,19 0,39 98,90 4,46 0,38 96,67
70 8,48 0,51 99,47 5,91 0,41 97,50 4,13 0,39 96,90
30% Albumina 40% Albumina 50% Albumina
n
T (ºC) K (Pa.s ) n R² n
K (Pa.s ) n R² K (Pa.sn) n R²
20 10,60 0,28 96,73 6,84 0,45 97,73 6,32 0,42 98,19
30 9,66 0,28 96,96 7,22 0,42 97,86 5,89 0,43 99,17
40 9,32 0,28 95,37 7,03 0,37 94,69 5,77 0,36 98,79
50 9,75 0,23 92,64 7,57 0,27 92,87 5,30 0,33 92,96
60 10,30 0,38 94,90 11,00 0,44 97,44 12,90 0,42 94,49
65 11,21 0,42 96,58 11,84 0,51 96,47 13,21 0,48 94,33
70 14,65 0,38 92,56 23,75 0,62 95,48 25,63 0,63 93,99

Na faixa de temperatura em que foram realizados os ensaios, os valores do índice de


comportamento de fluxo (n) estimados a partir dos modelos, são menores que a unidade, o
que demonstra que as misturas apresentam comportamento de fluido não newtoniano com
características tipicamente pseudoplásticas. Em relação à polpa de graviola, os valores dos
índices de comportamento de fluxo para as misturas são mais baixos, afastando-se mais ainda
do comportamento newtoniano, apesar do leite ser um fluido newtoniano (n = 1). Este
resultado pode ser explicado pela provável diferença entre as interações intermoleculares da
polpa e do leite. Os valores para os índices de consistência (K) determinados tanto para a
Thayse Naianne Pires Dantas, Fevereiro de 2018
55
Capítulo 4 – Resultados e Discussão

polpa como para as misturas tendem a diminuir com a elevação da temperatura e com o
aumento da concentração de leite. Entretanto, nas misturas com adição da albumina, observa-
se que os índices de consistência (K) tendem a diminuir com a temperatura e concentração de
albumina antes da coagulação e aumentar após a desnaturação proteica.
Vários estudos relatam comportamento reológico descrito pela Lei da Potência
semelhante ao observado neste estudo, conforme informações descritas abaixo.
Moura et al. (2016), durante investigação das características reológicas de amostras à
base de frutas e leite, considerando um intervalo de temperatura de 25 a 90ºC, determinaram
que o índice de comportamento de fluxo foi inferior a 1 nos cinco produtos avaliados,
variando entre 0,45 e 0,72, sendo, portanto, os fluidos não newtonianos classificados como
pseudoplásticos. Nesta mesma pesquisa, o índice de consistência de todos os materiais
reduziu com a elevação da temperatura, se apresentando entre 22,13 e 2,68 Pa.s n, para a
cobertura de morango, e entre 12,83 e 1,12 Pa.sn para o smoothie de frutas.
Adotando uma faixa de temperatura entre 10 e 40ºC, a viscosidade aparente de um
smoothie de frutas (42% em massa) – banana, maçã e pera, sendo 14% em massa cada fruta –
e leite (58% em massa), reduziu em todos os experimentos com o aumento da taxa de
deformação, não havendo influência da temperatura nos valores das viscosidades. A
viscosidade inicial do fluido correspondia a aproximadamente 30 Pa.s, à taxa de deformação
de 0,01 s-1, e alcançou 0,1 Pa.s, à taxa de deformação de 100 s-1. No ajuste do modelo da Lei
da Potência, os valores de n não se apresentaram dependentes da temperatura, com valores
próximos a 0,40 em todos os casos, sendo classificado como fluido não newtoniano com
características pseudoplásticas (Merino et al., 2017).
Estudos com misturas de frutas, envolvendo frutas verdes, vermelhas e amarelas,
indicaram que o comportamento reológico destas misturas era semelhante e que estas se
comportavam como fluidos não Newtonianos com características pseudoplásticas, em que a
viscosidade aparente reduzia com o aumento da temperatura, que variou entre 25 e 90ºC. Os
parâmetros do modelo da Lei da Potência se modificaram consideravelmente com a
temperatura, o índice de comportamento de fluxo n variou entre 0,58 e 0,95 e o índice de
consistência K entre 8,198 Pa.sn e 1,048 Pa.sn (Moura et al., 2017).
A redução do valor do índice de consistência do fluido com a temperatura também foi
observado em determinações reológicas de purê de damasco, que variou de 31,1 a 3,15 Pa.sn,
para as temperaturas de 5 a 80ºC, respectivamente (Ahmed & Ramaswamy, 2007); polpa de
ameixa, com valores de 3,609 Pa.sn a 20ºC, e 4,291 Pa.sn a 40ºC (Maceiras et al., 2007); polpa
de siriguela, apresentando índices entre 21,54 e 1,71 Pa.sn, nas temperaturas de 0 e 80ºC,

Thayse Naianne Pires Dantas, Fevereiro de 2018


56
Capítulo 4 – Resultados e Discussão

respectivamente (Augusto et al., 2012). Segundo Diamante e Umemoto (2015), normalmente,


em fluidos não Newtonianos, a temperatura tende a afetar significativamente o índice de
consistência do fluido.
A investigação das características reológicas de polpa de açaí revelou que para este
material, houve uma tendência para o aumento do índice de consistência com o incremento da
temperatura. Este parâmetro apresentou valores de 0,17 e 1,28 Pa.sn, nas temperaturas de 10 e
70ºC, respectivamente (Tonon et al., 2009).
Analisando o ajuste do modelo da Lei da Potência aos dados reológicos de albumina
integral do ovo, Polachini et al. (2015), verificaram que antes da coagulação do material, este
se caracterizava como fluido não newtoniano pseudoplástico, com valores de n que variaram
entre 0,04 a 0,42 para a temperatura compreendida entre 54,3 e 0,5 °C. Considerando os
trabalhos citados neste e nos parágrafos anteriores tanto para a polpa de graviola como para as
misturas de graviola com leite e graviola com albumina antes da coagulação os resultados
relativos aos parâmetros reológicos são compatíveis com a literatura.
Os conjuntos de dados da viscosidade aparente a 60 rpm apresentados na Tabela 4.2
para as diferentes concentrações de leite e de albumina foram avaliados através do método
estatístico Teste t, verificando-se, a 95 % de confiança, que são significativamente diferentes,
com o valor de probabilidade (p), superior a 0,05 em todos os casos analisados. Considerando
esta diferença, com base no planejamento delineado no item 3.5 da metodologia experimental
foram obtidos os diagramas de Pareto (Figura 4.5) para avaliar as influências da temperatura e
da concentração de leite ou albumina na viscosidade aparente das misturas a 60 rpm.
Nas misturas envolvendo leite e albumina antes da coagulação, (Figura 4.5 A e B),
verifica-se o efeito negativo da temperatura sobre a viscosidade das misturas. Este resultado
corrobora com a característica pseudoplástica das misturas, em que ocorre a redução da
viscosidade com o aumento da temperatura. O efeito negativo e mais importante da
concentração de leite e albumina se deve à redução mais significativa da viscosidade quando
o percentual de leite ou albumina reconstituída aumenta, uma vez que ambos apresentam
baixas viscosidades com valores próximos ao da água.

Thayse Naianne Pires Dantas, Fevereiro de 2018


57
Capítulo 4 – Resultados e Discussão

(1)C (%) -81,7713

(2)T (ºC) -41,102

1by2 17,91181

A p=,05

(1)C (%) -9,92775 (2)T (ºC) 24,47818

(2)T (ºC) -5,50485 1by2 10,31895

1by2 ,8362298 (1)C (%) 7,187016

B p=,05
C p=,05

Figura 4.5 – Diagramas de Pareto: efeito da concentração e da temperatura na viscosidade


aparente das misturas a 60 rpm. Graviola/ leite (A), graviola/albumina não coagulada (B),
graviola/albumina coagulada (C)
Fonte: Elaborado pela autora (2018).

Quando a mistura graviola/albumina foi aquecida acima de 50ºC, (Figura 4.5 C) se


iniciou o processo de coagulação, resultando em um efeito importante e positivo da
temperatura sobre a viscosidade das misturas. Nas amostras com maior percentual de
albumina, também se observou uma elevação significativa nesta propriedade. A interação
entre temperatura e concentração resultou em um efeito positivo na viscosidade, uma vez que
misturas mais concentradas em albumina e processadas em temperaturas mais elevadas
culminaram em valores mais elevados desta propriedade.
O efeito da temperatura sobre a viscosidade das misturas e da polpa de graviola foi
descrito satisfatoriamente pela equação de Arrhenius, cujos dados experimentais são bem
representados pelo modelo conforme se observa na Figura 4.6. Nesta figura, são ilustrados os
modelos ajustados para as misturas com adição de leite (Figura 4.6 A) e de albumina (Figura

Thayse Naianne Pires Dantas, Fevereiro de 2018


58
Capítulo 4 – Resultados e Discussão

4.6 B). Na Figura 4.6 B, observa-se o ajuste do modelo para dois períodos distintos, antes e
após a coagulação das misturas.
Analisando o comportamento ilustrado para as misturas com albumina (Figura 4.6 B),
com o início do processo de coagulação da proteína em função do aquecimento, se observa a
mudança de comportamento da energia de ativação viscosa. Para 1/T variando de 3,1 x10-3
(T = 50°C) a 3.4x10-3K-1(T = 20°C) ocorre baixa dependência entre o ln η e o inverso da
temperatura, o decréscimo se acentua com o incremento da temperatura. A menor energia de
ativação foi atribuída à mistura com 50% de albumina, em que ocorreu menor variação da
viscosidade com a temperatura, considerando o período anterior ao início da coagulação.

30% L 0,0

0,0 40% L -0,2


-0,2 50% L
-0,4 30% A
Graviola
-0,4 -0,6 40% A
-0,6 50% A
-0,8
ln viscosidade (Pa.s)

-0,8
Graviola
ln viscosidade (Pa.s)

-1,0
-1,0
-1,2
-1,2
-1,4
-1,4
-1,6
-1,6
-1,8
-1,8
-2,0 -2,0

-2,2 -2,2

-2,4 -2,4

A 2,9 3,0 3,1 3,2


-1
1/T . 10³ (K )
3,3 3,4 3,5
B 2,9 3,0 3,1 3,2
1/T . 10³ (K )
-1
3,3 3,4 3,5

Figura 4.6 - Equação de Arrhenius aplicada aos dados da viscosidade da polpa de graviola e
das misturas. Graviola/leite (A), graviola /albumina (B)
Fonte: Elaborado pela autora (2018).

A energia de ativação em fluidos se refere aos obstáculos que as moléculas destes


precisam superar para se mover (Gong et al., 2012; Rosas-Flores et al., 2013, RAO, 2014). Os
resultados mostraram que η, linearizado pelo logaritmo, diminuiu linearmente enquanto
aumenta a temperatura. Esse efeito, segundo Contreras et al. (2018), pode ser atribuído ao
aumento dos espaços intermoleculares como consequência da expansão térmica. De acordo
com Wu et al. (2018), termodinamicamente, o aumento da temperatura promove a expansão
térmica de soluções, onde o movimento térmico, ou o movimento da dissipação de energia,
das moléculas se intensifica, portanto, as interações água-soluto enfraquecem devido à
redução das forças intermoleculares.
A partir do ajuste da equação de Arrhenius, a energia de ativação calculada para a
polpa de graviola foi de 8,3931 kJ/mol. Para as misturas com 30, 40 e 50% de leite as
energias de ativação foram 9,4073 kJ/mol, 10,0870 kJ/mol e 10,4557 kJ/mol,

Thayse Naianne Pires Dantas, Fevereiro de 2018


59
Capítulo 4 – Resultados e Discussão

respectivamente. Estes resultados demostram que a energia de ativação não apresenta grande
variação com a concentração de leite. Desta forma para predição da viscosidade aparente em
função do percentual de leite adicionado e da temperatura foi ajustada uma correlação única
representada pela Equação 4.1. Nesta equação, a temperatura deve ser dada em Kelvin. Em
todas as equações, os valores das concentrações são empregados em razão percentual (0,3; 0,4
ou 0,5). Os erros percentuais relativos ao cálculo das viscosidades pela Equação 4.1 estão
listados na Tabela 4.3.

1201
ln  ( L)   5,1084.C  3,2007 ; (R² = 0,9923) (4.1)
T

Tabela 4.3 – Erros percentuais na estimativa da viscosidade aparente pela Equação 5.1 para as
misturas graviola/leite
Erro (%)
T (ºC) 30% L 40% L 50% L
20 7,07 2,98 2,87
30 2,22 2,47 0,59
40 4,80 5,94 3,56
50 3,29 7,97 3,64
60 3,04 3,64 4,79
70 1,01 3,75 0,13

Para as misturas graviola/albumina, antes da observação da coagulação, aa energias de


ativação calculadas para as misturas com 30, 40 e 50% de albumina foram 8,0055 kJ/mol,
7,1500 kJ/mol e 3,7413 kJ/mol, respectivamente. Após a desnaturação, 35,4725 kJ/mol,
58,1856 kJ/mol e 71,0581 kJ/mol para as mesmas concentrações de albumina. Analisando
estes resultados, verifica-se a importante influência da concentração da albumina na energia
de ativação, especialmente após a desnaturação da proteína. Assim, para predição da
viscosidade aparente em função do percentual de albumina e da temperatura diferentes
equações foram obtidas, contemplando as regiões com e sem coagulação das misturas e os
diferentes percentuais de albumina adicionados (Equação 4.2 a 4.5). Os erros percentuais
relativos ao cálculo das viscosidades pela Equação 4.2 a 4.5 estão listados na Tabela 4.4

Thayse Naianne Pires Dantas, Fevereiro de 2018


60
Capítulo 4 – Resultados e Discussão

Para T≤ 50ºC:

756,6
ln  ( A)   1,7284.C  3,4638 ; (R² = 0,9706) (4.2)
T

Para T> 50ºC:

4266,6
ln  (30% A)    11,517 ; (R² = 0,9968) (4.3)
T

6998,5
ln  (40% A)    19,8390 ; (R² = 0,9909) (4.4)
T

8546,8
ln  (50% A)    24,5650 ; (R² = 0,9841) (4.5)
T

Tabela 4.4 – Erros percentuais na estimativa da viscosidade aparente pelas equações 4.2, 4.3,
4.4 e 4.5 para as misturas graviola/albumina
Erro (%)
T (ºC) 30% A 40% A 50% A
20 1,70 3,65 4,79
30 3,61 0,66 1,55
40 1,56 1,31 1,81
50 4,01 0,13 4,97
60 2,61 1,86 10,08
65 1,81 4,75 8,82
70 1,32 2,34 1,66

As viscosidades determinadas pelas equações propostas para as misturas graviola/leite


e graviola/albumina apresentaram baixos erros quando comparadas aos valores experimentais,
comprovando a capacidade das mesmas para prever os valores desta propriedade.
Vários estudos relatam o ajuste da equação de Arrhemius aos dados de viscosidade e
os resultados podem ser comparados ao observado neste estudo, conforme informações
descritas abaixo.
As energias de ativação de polpa de graviola natural e concentrada foram estudadas
por Miranda et al. (2012), em que, considerando a rotação de 60 rpm, foram verificados

Thayse Naianne Pires Dantas, Fevereiro de 2018


61
Capítulo 4 – Resultados e Discussão

valores iguais a 10,48 kJ/mol, 11,69 kJ/mol e 10,91 kJ/mol, para as polpas com 12, 17 e 25%
em massa de sólidos solúveis, respectivamente.
Em purê de polpa de kiwi, a energia de ativação foi determinada em 5,824 kJ/mol, em
medidas reológicas realizadas entre 25 e 45ºC (Diamante & Liu, 2016).
Neste trabalho, a dependência da viscosidade aparente em relação à temperatura
aumentou com o incremento da concentração de albumina, comportamento confirmado pela
energia de ativação que apresentou valor máximo para a mistura com 50% em massa desta
proteína. Normalmente, quanto maior a energia de ativação, maior é a influência da
temperatura sobre a viscosidade (Koocheki et al., 2013; Pereira et al., 2014; Ma et al., 2014;
Diamante & Umemoto, 2015). Os resultados são, portanto, compatíveis com a afirmação
destes autores.

4.1.2 Densidade

A densidade da polpa de graviola e das misturas em função da temperatura estão


apresentadas na Figura 4.7. Conforme se observa na Figura 4.7 A, para todos os níveis de
temperatura, a densidade da polpa de graviola é inferior à das misturas com adição do leite.
Este comportamento pode ser atribuído aos diferentes tipos de açúcares presentes na polpa e
na fruta e aos teores de sólidos solúveis.
Considerando a polpa e as misturas de graviola/leite, a densidade diminui com o
aumento da temperatura e da concentração de leite apresentando comportamento linear com a
temperatura.
A análise do comportamento da densidade das misturas graviola/albumina, ilustrado
na Figura 4.7 B, mostra que esta propriedade também foi afetada pela temperatura. Na região
sem evidência de desnaturação, a densidade diminui com a elevação da temperatura e da
concentração de albumina. Com o início da coagulação, que começou a ser perceptível a
40ºC, a massa específica cresce com o aumento da temperatura e da concentração do material
proteico.
Os conjuntos de dados da densidade em função da temperatura nas diferentes
concentrações de leite e de albumina foram avaliados através do método estatístico Teste t,
verificando-se, a 95 % de confiança que estes são significativamente iguais, com o valor de
probabilidade (p), inferior a 0,05 em todos os casos, analisados separadamente para o leite e
para a albumina.

Thayse Naianne Pires Dantas, Fevereiro de 2018


62
Capítulo 4 – Resultados e Discussão

1,09
30% L
1,09
40% L 30% A
1,08
50% L 40% A
1,08
1,07 Graviola 50% A
1,07 Graviola
Densidade (g/cm³)

1,06
1,06

Densidade (g/cm³)
1,05
1,05
1,04
1,04
1,03
1,03
1,02
1,02
1,01
1,01
1,00
30 40 50 60 70 1,00
A Temperatura (ºC)
B 10 20 30 40 50 60 70 80
Temperatura (ºC)

Figura 4.7 – Efeito da temperatura sobre a densidade da polpa de graviola e das misturas:
graviola/leite (A), graviola/albumina (B)
Fonte: Elaborado pela autora (2018).

As Equações 4.6 e 4.7 relacionam a densidade com a temperatura, em Celsius, das


misturas de graviola/leite e graviola/albumina, respectivamente. Para as misturas de
graviola/leite, só foram consideradas nesta predição os valores das densidades medidas no
intervalo entre 40 e 70ºC.

 ( L)  0,0005.T  0,0447.C  1,0650; (R² = 0,9643) (4.6)

 ( A)  0,0022.T  0,034.C  0,9131; (R² = 0,9814) (4.7)

Os erros percentuais relativos ao cálculo das densidades pelas Equações 4.6 e 4.7 estão
listados na Tabela 4.5.

Thayse Naianne Pires Dantas, Fevereiro de 2018


63
Capítulo 4 – Resultados e Discussão

Tabela 4.5 – Erros percentuais na estimativa da densidade pelas Equações 4.6 e 4.7para as
misturas graviola/leite e graviola/albumina, respectivamente.
Erro (%)
T (ºC) 30% A 40% A 50% A 30% L 40% L 50% L
30 - - - 2,0 0,7 0,8
40 3,3 0,9 5,1 1,8 0,3 1,7
50 7,0 4,1 7,7 0,5 2,8 1,1
60 2,2 3,4 1,1 0,4 0,1 1,6
65 4,1 4,5 4,1 - - -
70 1,0 1,4 0,3 1,9 0,2 1,8

As densidades determinadas pelas equações propostas para as misturas graviola/leite e


graviola/albumina apresentaram baixos erros quando comparadas aos valores experimentais,
comprovando a capacidade destas equações para prever os valores desta propriedade.
As densidades de smoothies de frutas foram determinadas por Moura et al. (2017).
Neste trabalho, o valor destas propriedades reduzia com o aumento da temperatura, que variou
entre 10 e 90ºC, e com ajuste linear em todas as amostras. Nos smoothies de frutas vermelhas,
amarelas e verdes, a 60ºC, as densidades foram 1,0377 g/cm³, 1,0361 g/cm³ e 1,0418 g/cm³,
respectivamente.
Em produtos industrializados a base de frutas e leite, as densidades também reduziram
com o incremento da temperatura e a variação do valor desta propriedade, em função da
temperatura, tendia à constância (Moura et al., 2017).
O efeito da temperatura sobre a densidade da albumina integral do ovo foi estudado
por Abbasnezhad et al., (2014), verificando que, entre o intervalo de temperatura de 10 a
60ºC, em que não se evidenciava coagulação, esta propriedade do produto reduzia com a
elevação da temperatura, variando de 1,043 a 1,030 g/cm³. Polachini et al. (2015), em estudo
semelhante com albumina integral, observaram que a variação de densidade era linear e
dependente da temperatura, considerando temperaturas entre 0,5 e 53,4ºC, também sem
alcançar condições de coagulação proteica. Os resultados observados pelos diferentes autores
concordam com os obtidos no presente trabalho.

4.1.3 Tensão superficial, ângulo de contato e trabalho de adesão

As medidas da tensão superficial da polpa de graviola e das misturas com adição de


leite e albumina em função da temperatura estão apresentadas na Figura 4.8 A e B,

Thayse Naianne Pires Dantas, Fevereiro de 2018


64
Capítulo 4 – Resultados e Discussão

respectivamente. Observa-se que a polpa de graviola apresenta tensão superficial superior à


das misturas, para todos os níveis de temperatura e concentração de leite ou albumina.
Analisando-se as curvas para a polpa de graviola e para as misturas de graviola/leite, e nota-se
que a tensão superficial diminui com o aumento da temperatura e da concentração de leite. Os
valores desta propriedade em função da temperatura apresentam comportamento linear tanto
para a polpa de graviola como para as misturas com adição de leite em todas as concentrações
avaliadas.
Nas misturas graviola/albumina, esta propriedade também diminui com o aumento da
temperatura, mas após a coagulação da mistura, o efeito da temperatura sobre a redução da
tensão superficial é mais evidente. Distintamente, em ambas as regiões, sem e com
coagulação da mistura, a tensão superficial diminui linearmente com o aumento da
temperatura em todas as concentrações avaliadas.

55
55
30% L 30% A
40% L 50 40% A
50 50% L 50% A
Graviola Graviola
45
Tensão superficial (mN/m)
Tensão superficial (mN/m)

45

40 40

35 35

30 30

25 25

20 20
30 40 50 60 70 20 30 40 50 60 70
A Temperatura (ºC) B Temperatura (ºC)

Figura 4.8 – Efeito da temperatura sobre a tensão superficial da polpa de graviola e das
misturas: graviola/leite (A), graviola/albumina (B)
Fonte: Elaborado pela autora (2018).

Os conjuntos de dados da tensão superficial em função da temperatura nas diferentes


concentrações de leite e de albumina foram avaliados através do método estatístico Teste t,
verificando-se, a 95 % de confiança que para as misturas graviola/leite, a formulação com
30% de leite é significativamente diferente das demais formulações, enquanto as misturas
com 40 e 50% em leite são estatisticamente iguais com o valor de probabilidade (p), inferior a
0,05 neste caso analisado.
Nas misturas com albumina, as curvas com 30 e 40% em albumina são
estatisticamente iguais e para 50% de albumina, diferente das demais formulações com o
valor de probabilidade (p), inferior a 0,05.

Thayse Naianne Pires Dantas, Fevereiro de 2018


65
Capítulo 4 – Resultados e Discussão

Considerando estas diferenças, determinaram-se diagramas de Pareto (Figura 4.9) para


avaliar as influências da temperatura e da concentração de leite ou albumina na tensão
superficial das misturas.

(2)T (ºC) -14,7557

(1)C (%) -9,3085

1by2 -,275807

A p=,05

(1)C (%) -4,923002 (2)T (ºC) -8,34973

(2)T (ºC) -3,58795 (1)C (%) -3,35165

1by2 ,584085 1by2 2,234435

B p=,05 C p=,05

Figura 4.9 – Diagramas de Pareto: efeito da concentração e da temperatura na tensão


superficial das misturas. Graviola/leite(A), graviola/albumina não coagulada (B),
graviola/albumina coagulada (C)
Fonte: Elaborado pela autora (2018).

Nas formulações compreendendo leite ou albumina coagulada, o efeito da temperatura


é mais importante e negativo, o que demonstra que o valor desta propriedade reduz com a
elevação da temperatura. A maior influência da temperatura nas misturas com adição de
albumina é observada após a coagulação conforme pode ser verificada na Figura 4.8 B, em
que se observam as maiores inclinações das retas.
Em todas as formulações, se verifica o efeito negativo da concentração, uma vez que o
aumento da concentração de leite ou de albumina resulta na diminuição da tensão superficial.

Thayse Naianne Pires Dantas, Fevereiro de 2018


66
Capítulo 4 – Resultados e Discussão

Para o cálculo da tensão superficial das misturas, podem ser utilizadas as Equações 4.8
a 4.10, sendo que, nas formulações graviola/albumina, os valores desta propriedade nas
regiões com e sem coagulação da mistura são determinados separadamente. As temperaturas
empregadas nas determinações da tensão superficial e trabalho de adesão estão expressas em
Celsius.

 ( L)  0,2457.T  29,0517.C  56,4904 ; (R² = 0,9922) (4.8)

Para T≤ 50ºC:

 ( A)  0,1646.T  26,717.C  49,9523 ; (R² = 0,9882) (4.9)

Para T> 50ºC:

 ( A)  0,3173.T  13,4515.C  52,2217 ; (R² = 0,9728) (4.10)

Os erros percentuais relativos ao cálculo das tensões superficiais calculadas pelas


Equações 4.8 a 4.10 estão listados na Tabela 4.6.

Tabela 4.6 – Erro percentual da tensão superficial calculada das misturas


Erro (%)
T (ºC) 30% A 40% A 50% A 30% L 40% L 50% L
20 2,99 1,71 0,23 - - -
30 0,66 0,29 1,50 2,41 1,09 1,98
40 0,03 2,17 1,61 2,90 0,18 0,80
50 0,50 0,85 0,30 0,09 5,89 2,71
60 4,30 2,08 2,38 1,08 3,13 1,29
65 5,25 2,68 0,66 - - -
70 4,57 1,02 2,29 1,45 2,96 6,90

As tensões superficiais calculadas pelas equações propostas para as misturas


graviola/leite e graviola/albumina apresentaram baixos erros quando comparadas aos valores
experimentais, comprovando a capacidade destes modelos em prever os valores desta
propriedade.

Thayse Naianne Pires Dantas, Fevereiro de 2018


67
Capítulo 4 – Resultados e Discussão

Os valores determinados para a tensão superficial de misturas de amora e leite


relatados por Braga et al. (2014) corroboram com os observados para as misturas de graviola
e leite, variando no intervalo de 41,1 mN/m e 45,9 mN/m. Entretanto, em função do aumento
da quantidade de sólidos e da viscosidade em misturas com maiores proporções de leite, estes
autores verificaram que a adição deste ingrediente provoca elevação no resultado desta
propriedade.
Os valores para os ângulos de contato entre as misturas e o PEAD e o PP estão
apresentados na Tabela 4.7.

Tabela 4.7 – Ângulo de contato para as misturas graviola/leite e graviola/albumina


Ângulo de contato (º) Ângulo de contato (º)
Leite Albumina
PEAD PP PEAD PP
30% 75,8 + 2,44Aa 70,48 + 1,95Ba 30% 62,80 + 1,91 Cc 61,36 + 1,59 Cc
40% 78,26 + 2,40Aab 74,15 + 2,35Bb 40% 67,67 + 2,21 Cd 65,46 + 2,08 Cc
50% 80,32 + 2,29Ab 77,19 + 1,11Bc 50% 72,38 + 2,09 Ce 67,58 + 1,56 Dd
Letras maiúsculas diferentes na linha indicam diferença estatística significativa pelo teste de Tukey a 95% de
confiança. Letras minúsculas diferentes na coluna indicam diferença estatística significativa pelo teste de Tukey
a 95% de confiança.

Os ângulos de contato determinados para a polpa de graviola foram iguais a


58,24 + 1,01 e 57,60 + 0,96, para os inertes de PEAD e PP, respectivamente.
Aplicando o teste de Tukey, considerando 5% de significância, verificaram-se as
diferenças estatísticas dos ângulos entre os inertes, nas mesmas concentrações, e entre as
concentrações, no mesmo tipo de material inerte. As amostras com leite e com albumina
foram analisadas separadamente.
Conforme os resultados apresentados na Tabela 4.7, nas amostras contendo leite, em
todos os casos, os ângulos entre os inertes são diferentes e mais elevados para o PEAD, o que
aponta para menor molhabilidade quando o PEAD é utilizado. Para as misturas envolvendo
albumina, a diferença entre os inertes só foi observada na concentração de 50%, o que indica
que as demais misturas, estatisticamente, igualmente molham o PEAD e o PP. Na análise
estatística da polpa de graviola, também não foi verificada diferença significativa entre os
inertes.
Considerando o PEAD, as misturas graviola/albumina apresentam ângulos de contato
estatisticamente diferentes, o que aponta para uma menor molhabilidade com as misturas com

Thayse Naianne Pires Dantas, Fevereiro de 2018


68
Capítulo 4 – Resultados e Discussão

50% em albumina. Este mesmo comportamento foi observado para a interação entre as
misturas de graviola/leite e o PP.
Na utilização de PEAD e PP nas medidas dos ângulos para as misturas com albumina
e leite, respectivamente, verificou-se que não houve diferença significativa entre as amostras
com 30% e 40% destes ingredientes. Os ângulos entre as concentrações 40 e 50% em leite,
utilizando o PEAD, também não foram significativamente diferentes.
Segundo Rocha et al. (2009), os ângulos de contato maiores que 70° favorecem os
processos de secagem, enquanto os ângulos de contato menores que 70° sugerem que as
partículas podem ser revestidas pelo líquido. Considerando apenas este resultado isolado, as
análises dos ângulos de contato indicam que o PEAD e o PP seriam materiais inertes
eficientes para a secagem das misturas de polpa de graviola com adição de leite.
Para as misturas com albumina, conforme os ângulos apresentados, estes indicam que
as misturas apresentam grau de molhabilidade que dificultaria, portanto, a secagem e,
consequentemente, a recuperação do pó.
Entretanto, outros parâmetros como a geometria, rugosidade e esfericidade das
partículas inertes e condições de operação também precisam ser considerados, pois
influenciam na performance do processo (Braga, 2014).
Ao estudar a influência da interação entre o fluido e a partícula em processos de
secagem de suspensões poliméricas em leito jorro utilizando como material inerte poliestireno
(PS), polipropileno (PP), polietileno de baixa densidade (PEBD), placebo, AB e esferas de
vidro, Vieira et al. (2004) verificaram que quando o ângulo de contato foi superior a 80º, não
ocorreu o recobrimento das partículas, potencializando a recuperação do pó.
Em um estudo da secagem de colágeno de hidrolisado, que também é um material
proteico, em leito de jorro, a determinação dos ângulos de contato entre as misturas e
polipropileno e polietileno de baixa densidade resultou em ângulos de 82,85º e 86,10º,
respectivamente (Butzge et al., 2016)
A partir dos resultados de tensão superficial e de ângulo de contato, determinou-se o
trabalho de adesão entre o fluido e os polímeros através da Equação 3.9. Os valores
encontrados para o trabalho de adesão para as misturas de graviola/leite e graviola/albumina
nos dois polímeros, em função da temperatura, estão apresentados nas Figuras 4.10 e 4.11,
para o leite e albumina, respectivamente.

Thayse Naianne Pires Dantas, Fevereiro de 2018


69
Capítulo 4 – Resultados e Discussão

90 90
30% L 30% L
40% L 40% L
80 50% L 80 50% L
Graviola Graviola
Trabalho de adesão (mN/m)

Trabalho de adesão (mN/m)


70 70

60 60

50 50

40 40

30 30

20 20
A 30 40 50 60 70 B 30 40 50 60 70
Temperatura (ºC) Temperatura (ºC)

Figura 4.10 – Efeito da temperatura sobre o trabalho de adesão da polpa de graviola e das
misturas graviola/leite: PEAD (A), PP (B).

90 90

30% A 30% A
80 40% A 80 40% A
50% A 50% A
Graviola Graviola
Trabalho de adesão (mN/m)
Trabalho de adesão (mN/m)

70 70

60 60

50 50

40 40

30 30

20 20
20 30 40 50 60 70 20 30 40 50 60 70
A Temperatura (ºC)
B Temperatura (ºC)

Figura 4.11 – Efeito da temperatura sobre o trabalho de adesão da polpa de graviola e das
misturas graviola/albumina: PEAD (A), PP (B).
Fonte: Elaborado pela autora (2018).

Percebe-se que a polpa de graviola apresentou resultados de trabalho de adesão


elevados, indicando um bom molhamento e adesão dos polímeros pela polpa e confirmando a
influência do valor desta propriedade sobre a baixa eficiência de recuperação de pó durante a
secagem em leito de jorro.
Conforme as curvas representadas na Figura 4.11, o trabalho de adesão calculado para
o conjunto de dados experimentais diminui com o aumento da temperatura e da concentração
de leite ou albumina. O comportamento do trabalho de adesão em função da temperatura se
mostrou linear em todas as misturas analisadas, considerando duas regiões para as misturas de
graviola albumina. Entretanto, a coagulação não provocou mudança no comportamento sobre

Thayse Naianne Pires Dantas, Fevereiro de 2018


70
Capítulo 4 – Resultados e Discussão

o trabalho de adesão, assim como na tensão superficial, na mistura com 50% em albumina.
Esta mudança de comportamento estava evidenciada nas misturas com 30% e 40% em
albumina. Isso pode ser explicado pela influência da concentração da proteína do ovo, que
gerou resultados mais elevados em todo perfil de temperatura quando a mistura era composta
pelo percentual mais elevado deste material.
As curvas que representam o trabalho de adesão em função da temperatura em cada
tipo de mistura, sem considerar a polpa pura, foram avaliadas através do método estatístico
Teste t, a 95 % de confiança.
Para as misturas graviola/leite, a formulação com 30% de leite é significativamente
diferente das demais formulações, enquanto as misturas com 40 e 50% em leite são
estatisticamente iguais, considerando o PEAD e o PP.
Nas misturas com albumina, as curvas com 30 e 40% em albumina são
estatisticamente iguais e, a 50% em albumina, a mistura é diferente das demais formulações,
considerando os dois tipos de inerte. Considerando estas diferenças, determinaram-se
diagramas de Pareto – Figuras 4.12 e 4.13 para o leite e albumina, respectivamente – para
avaliar as influências da temperatura e da concentração de leite ou albumina nas misturas.

(2)T (ºC) -14,1481 (2)T (ºC) -14,36741

(1)C (%) -9,00547 (1)C (%) -9,2647

1by2 -,30214 1by2 -,29953

A p=,05
B p=,05

Figura 4.12 – Diagramas de Pareto: efeito da concentração e da temperatura no trabalho de


adesão das misturas graviola/leite: PEAD (A), PP (B)
Fonte: Elaborado pela autora (2018).

Thayse Naianne Pires Dantas, Fevereiro de 2018


71
Capítulo 4 – Resultados e Discussão

(1)C (%) -4,6108 (2)T (ºC) -9,1271

(2)T (ºC) -3,0756 (1)C (%) -3,5607

1by2 ,42578 1by2 2,0495

A p=,05
B p=,05

(1)C (%) -4,4076 (2)T (ºC) -8,9942

(2)T (ºC) -3,1149 (1)C (%) -3,2008

1by2 ,49715 1by2 1,97148

C p=,05 D p=,05

Figura 4.13 – Diagramas de Pareto: efeito da concentração e da temperatura na tensão


superficial das misturas. Graviola/albumina não coagulada PEAD (A), graviola/albumina
coagulada PEAD (B), graviola/albumina não coagulada PP (C), graviola/albumina coagulada
PP (D)
Fonte: Elaborado pela autora (2018).

Em todos os diagramas de Pareto, percebe-se a pouca influência do tipo de inerte, isso


se deve aos ângulos de contato semelhantes entre os fluidos a uma mesma concentração. Em
função disto, os efeitos das variáveis temperatura e concentração dos ingredientes ficaram
semelhantes aos verificados para a tensão superficial.
Nas formulações compreendendo leite ou albumina coagulada, em ambos inertes, o
efeito da temperatura é mais importante e negativo, o que demonstra que o valor desta
propriedade diminui com a elevação da temperatura. A influência da temperatura nestes
materiais pode ser verificada na Figura 4.10 e 4.11, em que se observam maiores inclinações
das retas ajustadas, quando comparado à mistura com albumina não coagulada.

Thayse Naianne Pires Dantas, Fevereiro de 2018


72
Capítulo 4 – Resultados e Discussão

Em todas as formulações, se verifica o efeito negativo da concentração, uma vez que o


aumento da concentração de leite ou de albumina resulta em redução dos resultados do
trabalho de adesão, que favorece a remoção da mistura da superfície do inerte.
As Equações 4.11 e 4.12 relacionam o trabalho de adesão e a temperatura das misturas
de graviola e leite, empregando-se como inerte o PEAD e o PP, respectivamente.

Wad ( L, PEAD)  0,2988.T  48,1195.C  73,5212 ; (R² = 0,9843) (4.11)

Wad ( L, PP)  0,3278.T  38,7579.C  75,3640; (R² = 0,9801)

(4.12)

Para o cálculo do trabalho de adesão das misturas de graviola e albumina, foram


utilizadas as Equações 4.13 a 4.16, que envolvem, separadamente, as regiões com e sem
coagulação das misturas.

Para as temperaturas até 50ºC:

Wad ( A, PEAD)  0,2402.T  38,9827.C  72,8861; (R² = 0,9837) (4.13)

Wad ( A, PP)  0,2448.T  39,7344.C  74,2915; (R² =0,9882)

(4.14)

Para as temperaturas acima de 50ºC:

Wad ( A, PEAD)  0,4466.T  25,3575.C  77,4868; (R² = 0,9567) (4.15)

Wad ( A, PP)  0,4552.T  25,8465.C  78,9810 ; (R² =0,9598) (4.16)

Os erros percentuais relativos ao cálculo dos trabalhos de adesão para as misturas


graviola/leite calculadas pelas Equações 4.10 e 4.11 estão listados na Tabela 4.8.

Thayse Naianne Pires Dantas, Fevereiro de 2018


73
Capítulo 4 – Resultados e Discussão

Tabela 4.8 – Erro percentual do trabalho de adesão calculado para as misturas graviola/leite
Erro (%)
PEAD PP
T (ºC) 30% L 40% L 50% L 30% L 40% L 50% L
30 2,67 1,50 1,78 2,41 1,09 1,98
40 2,75 0,54 0,88 2,90 0,18 0,80
50 0,08 6,21 3,14 0,09 5,89 2,71
60 1,24 3,38 2,13 1,08 3,12 1,29
70 1,10 3,14 8,14 1,45 2,96 6,90

Os erros percentuais relativos ao cálculo dos trabalhos de adesão para as misturas


graviola/albumina calculadas pelas Equações 4.12 e 4.15 estão listados na Tabela 4.8.

Tabela 4.9 – Erro percentual do trabalho de adesão calculado para as misturas


graviola/albumina
Erro (%)
PEAD PP
T (ºC) 30% A 40% A 50% A 30% A 40% A 50% A
20 2,99 1,71 0,23 2,96 1,53 0,48
30 0,66 0,29 1,50 0,64 0,33 1,84
40 0,03 2,17 1,61 0,12 2,26 1,92
50 0,49 0,86 0,30 0,53 0,69 0,41
60 3,11 2,18 1,98 3,06 2,36 2,23
65 6,86 3,16 2,11 6,92 3,29 2,35
70 6,49 1,37 3,59 6,55 1,43 3,64

Os trabalhos de adesão calculados pelas equações propostas para as misturas


graviola/leite e graviola/albumina apresentaram baixos erros quando comparadas aos valores
experimentais, comprovando a capacidade destes modelos em prever os valores desta
propriedade.

4.2 Partículas inertes e curvas fluidodinâmicas

As partículas inertes de PEAD e PP foram caracterizadas quanto ao diâmetro médio (dp),


densidade aparente (ρap), densidade real (ρPEAD/PP), e porosidade do leito (ε).
Na Tabela 4.10, estão apresentadas as características físicas das partículas de polietileno
de alta densidade (PEAD) e polipropileno (PP).

Thayse Naianne Pires Dantas, Fevereiro de 2018


74
Capítulo 4 – Resultados e Discussão

Tabela 4.10 – Caracterização física das partículas inerte


Inerte
Propriedade PEAD PP
dp (cm) 3,2.10-1 + 0,0011 4,1.10-1 + 0,0026
ρPEAD/PP (g/cm³) 0,875 + 3,3 0,946 + 4,1
ρap (g/cm³) 0,537 + 2,8 0,497 + 3,5
ε 0,386 0,476

Na Figura 4.14, estão ilustradas as curvas fluidodinâmicas características do leito de


jorro, considerando apenas a massa de 2500 g das partículas inertes sem adição das misturas
de graviola/leite ou graviola/albumina. Nas curvas, observa-se a queda de pressão no leito em
função da velocidade superficial do ar na coluna em experimentos realizados em duplicata e
no sentido decrescente da velocidade.

PEAD PP
800
80ºC 80ºC
500 70ºC 70ºC
60ºC 700 60ºC

600
400

500
300
P (Pa)

P (Pa)

400

200 300

200
100
100

0 0
0,0 0,2 0,4 0,6 0,8 1,0 1,2 1,4 1,6 0,0 0,2 0,4 0,6 0,8 1,0 1,2 1,4 1,6
A v (m/s) B v (m/s)

Figura 4.14 – Curva fluidodinâmica de vazão decrescente do leito de partículas: PEAD (A),
PP (B)
Fonte: Elaborado pela autora (2018).

Os experimentos com os dois tipos de inerte apresentaram boa reprodutibilidade e a


curva apresenta o comportamento fluidodinâmico típico de leito de partículas em leito de
jorro, conforme a casos relatados na literatura.
Nas curvas relativas ao inerte PEAD, verificou-se a velocidade de jorro mínimo de
0,97 m/s + 0,0024 m/s e queda de pressão de jorro estável de 331 Pa + 2,88 Pa. Considerando
a velocidade de jorro mínimo nas três temperaturas, segundo o teste estatístico de Tukey, a
95% de confiança, estes não são significativamente diferentes.
Nas curvas fluidodinâmicas relacionadas ao inerte PP, observou-se a velocidade de
jorro mínimo de 1,19 m/s + 0,00902 m/s e queda de pressão de jorro estável de

Thayse Naianne Pires Dantas, Fevereiro de 2018


75
Capítulo 4 – Resultados e Discussão

523 Pa + 5,39 Pa. Considerando a velocidade de jorro mínimo nas três temperaturas, segundo
o teste estatístico de Tukey, a 95% de confiança, estes não são significativamente diferentes.
Como verificado nas medidas de ângulo de contato, observou-se que em algumas
condições não existiram diferenças entre os inertes, mas a forma das partículas, como relatado
por Braga (2014), influencia na performance da secagem. As imagens das partículas inertes
(Figura 3.1) revelam que as partículas de PP são menos esféricas e irregulares, características
que interferem negativamente na remoção do filme durante o processo de secagem.
Conforme relatos de Machado (2015), os ensaios de secagem realizados por esta,
foram conduzidos à velocidade do ar 50% acima da velocidade de jorro mínimo. Nesta
condição, obtêm-se condições fluidodinâmicas estáveis e maiores taxas de remoção de pó,
sem ocorrer arraste de partículas no ciclone.

4.3 Processo de secagem

Os ensaios de secagem foram conduzidos, conforme a metodologia descrita no


Capítulo 3. Na Tabela 4.11, são apresentados os resultados, para cada ensaio de secagem dos
4 planejamentos experimentais independentes, da massa e a umidade dos pós produzidos, e a
eficiência de recuperação de pó.
Em todos os experimentos de secagem, observaram-se baixos teores de umidade.
Entretanto, nos experimentos realizados à temperatura e concentração de albumina ou leite
mais baixa, verificou-se um aumento no percentual de água, que pode se relacionar com uma
maior dificuldade de secagem em percentuais mais elevados de polpa de graviola e pelas
menores taxas de evaporação em níveis mais baixos de temperatura.
Considerou-se também, no balanço de massa de sólidos, que a umidade do material
acumulado no leito era igual ao do pó coletado no ciclone. Estudos de secagem de pastas de
ovo, lodo de esgoto e leite apontaram a partir da comparação entre os valores de umidade das
partículas inertes revestidas e a do pó recolhido na saída do secador que estas eram
semelhantes, confirmando que em um processo estabilizado, o leito de jorro se comporta
como um sistema bem misturado (Almeida et al., 2010).

Thayse Naianne Pires Dantas, Fevereiro de 2018


76
Capítulo 4 – Resultados e Discussão

Tabela 4.11 – Eficiência de recuperação de pó, umidade e massas produzidas dos pós
Leite Albumina
C (%) Tge (ºC) mpó_exp Ef Ubu mpó_exp Ef Ubu
(g) (%) (%) (g) (%) (%)
30 60 4,72 14,87 5,26 4,30 12,87 6,98
30 80 6,51 20,59 3,65 5,16 15,54 5,65
50 60 10,53 33,89 4,12 7,26 21,88 5,26
PEAD 50 80 12,61 39,84 2,54 8,56 25,52 3,64
40 70 9,91 32,50 5,32 4,71 14,17 6,07
40 70 8,92 29,01 5,64 4,29 12,75 6,42
40 70 9,34 31,46 5,11 4,40 13,19 6,36
30 60 3,95 12,35 6,03 3,89 12,28 7,46
30 80 5,48 16,80 5,41 5,09 15,93 6,10
50 60 7,03 22,11 5,24 6,08 19,08 6,08
PP 50 80 9,77 30,48 3,25 7,75 24,22 4,51
40 70 5,95 18,66 4,68 5,02 15,74 6,54
40 70 5,36 16,70 4,31 4,71 15,18 6,71
40 70 5,07 16,09 4,96 4,80 15,65 6,16

A umidade do pó produzido ao longo de cada ensaio de secagem foi considerada


constante. Estudos relacionados à secagem, em leito de jorro, de leite com diferentes
quantidades de gordura indicaram que acontece uma queda repentina nos valores de umidade
do pó nos primeiros minutos do processo e depois um valor constante era atingido para todos
os tipos de leite e em todas as condições aplicadas (Nascimento et al., 2013).
Nascimento et al. (2011), na secagem de pasta de ovo homogeneizada em leito de
jorro, analisou a umidade do pó na saída do secador e do filme de recobrimento da partícula
inerte em coletas realizadas ao longo da secagem. Pelos resultados apresentados, percebe-se
que a umidade do pó tende a permanecer constante, em um mesmo experimento, com
variações inferiores a 0,5% em todas as secagens. Umidades semelhantes à do pó foram
verificadas no filme aderido à partícula, no respectivo ensaio, com desvios do valor da
umidade inferiores a 0,6%. Portanto, a consideração adotada no presente trabalho para o
cálculo dos balanços de massa e energia, de umidade constante do pó e igual do filme aderido
às partículas inertes, encontra-se respaldada na literatura.
Com base no planejamento experimental descrito no item 3.3 da metodologia, foi
realizada a análise estatística dos efeitos individuais e combinados das variáveis
independentes, concentração de leite ou albumina e temperatura do ar de secagem, sobre a

Thayse Naianne Pires Dantas, Fevereiro de 2018


77
Capítulo 4 – Resultados e Discussão

variável resposta eficiência de recuperação de pó. Os resultados são apresentados nos


diagramas de Pareto, ilustrados nas Figuras 4.15 e 4.16.

(1)C (%) 11,8427 (1)C (%) 8,72806

(2)T (ºC) 3,7193 (2)T (ºC) 4,773623

1by2 ,31842 1by2 1,459641

A B
p=,05 p=,05

Figura 4.15 – Diagrama de Pareto: efeito da concentração de leite e da temperatura do


gás na entrada na eficiência de recuperação de pó. PEAD (A), PP (B)
Fonte: Elaborado pela autora (2018).

(1)C (%) 10,2571 (1)C (%) 8,2664

(2)T (ºC) 3,4208 (2)T (ºC) 4,2038

1by2 ,08149 1by2 1,7297

A B p=,05
p=,05

Figura 4.16 – Diagrama de Pareto: efeito da concentração de albumina e da


temperatura do gás na entrada na eficiência de recuperação de pó. PEAD (A), PP (B)
Fonte: Elaborado pela autora (2018).

Considerando as misturas com leite e com albumina, a eficiência de recuperação de pó


de graviola é influenciada por todos os fatores na secagem utilizando PP e apenas pela
concentração do ingrediente adicionado à fruta, quando empregado PEAD como material
inerte. As melhores eficiências foram observadas para as secagens realizadas com partículas
de PEAD e, especialmente, utilizando leite com ingrediente carreador.

Thayse Naianne Pires Dantas, Fevereiro de 2018


78
Capítulo 4 – Resultados e Discussão

O melhor desempenho com o leite pode ser explicado pela presença significativa da
gordura, que auxilia na remoção da película de material seco que recobre as partículas inertes,
colaborando com o aumento da recuperação de pó. A gordura atua como agente atenuante dos
efeitos negativos, sobre o desempenho da secagem, de componentes como os açúcares
redutores, presentes na polpa de graviola e no próprio leite na forma de lactose, aumentando a
viabilidade do processo (Braga, 2014). Diversas pesquisas relacionaram a gordura com a
melhoria na recuperação de pó na secagem em leito de jorro, como os processos descritos por
Medeiros (2001), Souza (2009) e Braga (2014).
Nos experimentos realizados com os dois tipos de adjuvantes, percebe-se a forte
influência da concentração do leite ou da albumina na eficiência de recuperação de pó. Tanto
para as misturas com leite ou albumina, a elevação da temperatura resultou em um ligeiro
aumento da produção quando se utilizou o polipropileno como material inerte. Analisando os
experimentos, as variáveis independentes e de forma isolada representam os principais efeitos
sobre a produção. A concentração de leite ou albumina na mistura e temperatura mais elevada
disponibiliza maior quantidade de materiais que favorecem a secagem e aumentam a
capacidade de evaporação durante o processo, favorecendo o incremento na recuperação de
pó.
A adição de elementos carreadores às misturas aumenta a fluidez do pó e reduzem as
forças de adesão, aumentando significativamente a recuperação do produto (Benelli et al.
2013). Importantes estudos relatam a utilização destes ingredientes carreadores, como os
realizados por Medeiros et al. (2002) e Braga et al. (2015), com respeito a mistura de polpas
que favorecem o desempenho do processo. Estes trabalhos mostram perspectivas bastante
favoráveis à utilização do leito de jorro na secagem e produção de compostos de frutas em pó.
A secagem de pastas de amora e leite apontou para processos mais eficientes quando misturas
com maior percentual de leite era utilizado (Braga et al., 2015).
Processo de secagem com temperatura de ar mais elevada permite incrementar a taxa de
secagem e, portanto, alcançar condições de estabilidade mais rápido devido à evaporação da
água retida no leito (Spitzer Neto & Freire, 2000). A secagem de misturas de polpa de
graviola e leite integral em leito de jorro empregando alimentação intermitente apresentou
aumento de eficiência de recuperação do produto quando maiores proporções de leite e
temperaturas mais elevadas eram utilizadas (Machado, 2015).
Processos de secagem de misturas de extratos vegetais aromáticos em leito de jorro
resultaram em maiores eficiências de produção de pó com o incremento da temperatura e da
concentração de SiO2 (Benelli et al., 2013). Na secagem de mistura de polpa de açaí com

Thayse Naianne Pires Dantas, Fevereiro de 2018


79
Capítulo 4 – Resultados e Discussão

adição de maltodextrina, os experimentos realizados em condições de temperatura e


concentrações do polissacarídeo mais elevadas promoveram maiores rendimentos de pó,
sendo observada maior influência da maltodextrina na produção (Costa et al., 2015).
A secagem de pasta proteica de pescado em leito de jorro, utilizando partículas inertes
de polietileno de alta densidade e alimentação contínua, revelou menor produção de pó
quando o sistema era operado com o nível de temperatura mais baixo e maior vazão de
alimentação da pasta. Este comportamento pode ser atribuído ao aumento da espessura do
filme que cobre a superfície de partículas inertes, o que resulta em maior teor de água,
formação de aglomerados e aumento do tempo de exposição do produto ao ar quente (Moraes
& Pinto, 2015).
Para a mistura graviola e albumina, a queda no desempenho da recuperação do pó
averiguada no ponto central (70ºC e 60% em massa de graviola) foi verificada principalmente
no processo com o PEAD. De acordo com Christ et al. (2005), este comportamento pode ser
explicado pela desnaturação das proteínas da albumina quando a secagem é realizada acima
da temperatura de coagulação desta proteína, modificando o estado de agregação das suas
macromoléculas, o que dificulta a remoção do material seco, mesmo com um menor teor de
umidade interno. Christ et al. (2005) estudaram a secagem de clara de ovo em leito de jorro,
utilizando temperaturas entre 55 e 95ºC, e relataram a redução da eficiência de produção de
pó com o aumento da temperatura.
Conforme pode se observar na literatura consultada e apresentada nos parágrafos
anteriores, os resultados referentes à recuperação de pó nos ensaios de secagem da polpa de
graviola, com adição de leite ou albumina, corroboram com os encontrados pelos autores
citados.
Utilizando as Equações 4.1 a 4.16 referentes à mistura graviola/leite, calcularam-se os
valores das propriedades físicas, relacionando a eficiência de produção de pó nos
experimentos de secagem realizados com graviola/leite. A Figura 4.17 ilustra o efeito das
propriedades sobre a eficiência de recuperação de pó de graviola/leite.
Nas misturas de graviola/leite, para cada tipo de inerte polimérico, observa-se uma
tendência linear entre a variação da propriedade e a eficiência de recuperação de pó. Em todos
os casos, percebe-se que maiores percentuais de leite favorece o incremento da eficiência de
recuperação de pó.

Thayse Naianne Pires Dantas, Fevereiro de 2018


80
Capítulo 4 – Resultados e Discussão

PEAD PEAD
45 PP 40 4
PP
1/8:0,3L, 60ºC 1/8:0,3L, 60ºC
40 4 2/9:0,3L, 80ºC 2/9:0,3L, 80ºC
35 3
3/10:0,5L, 60ºC 3/10:0,5L, 60ºC
4/11:0,5L, 80ºC 4/11:0,5L, 80ºC 5
35
5,6,7/12,13,14: 30 5,6,7/12,13,14: 6 11
5

Eficiência (%)
3 0,4L, 70ºC 7
0,4L, 70ºC
Eficiência (%)

30 6
11 7 25

25 10
1
2 20 12
20 10
12 8 13
13 1 15 14
9 2
15 14
9
8 10
10 1,070 1,075 1,080 1,085 1,090 1,095
A 1,0 1,5 2,0 2,5 3,0 3,5 4,0
B Densidade (g/cm³)
Viscosidade aparente (g/cm.s)

PEAD
4 40 4 PEAD
40 PP PP
1/8:0,3L, 60ºC 1/8:0,3L, 60ºC
2/9:0,3L, 80ºC 35 3 2/9:0,3L, 80ºC
35 3 3/10:0,5L, 60ºC 5 3/10:0,5L, 60ºC
5 4/11:0,5L, 80ºC 30 11 6 4/11:0,5L, 80ºC
30 6 5,6,7/12,13,14:
7 5,6,7/12,13,14:

Eficiência (%)
Eficiência (%)

11 0,4L, 70ºC
7 25 0,4L, 70ºC
10
25 2
20
10 12
20 2 13 1
12 15
14 9
13
15 9 1 8
14 10

8
10 5
24 26 28 30 32 34 36 38 30 32 34 36 38 40 42 44 46 48 50

C Tensão superficial (mN/m) D Trabalho de adesão (mN/m)

A
Figura 4.17 – Efeito das propriedades físicas das misturas graviola/leite na eficiência de
produção de pó: viscosidade aparente (A), densidade (B), tensão superficial (C), trabalho de
adesão (D)
Fonte: Elaborado pela autora (2018).

Avaliando a relação entre a eficiência de recuperação de pó e a viscosidade aparente,


percebe-se que a influência sobre esta resposta devido à mudança do tipo de inerte é muito
mais evidente em condições em que esta propriedade apresenta menores valores, resultado do
aumento da temperatura e, principalmente, do maior percentual de leite na mistura. Na
condição de menor concentração de leite e, consequentemente, maior viscosidade, o tipo de
material polimérico não interfere de forma tão intensa. Isso reflete a importância na avaliação
conjunta das propriedades físicas e da composição dos materiais na avaliação do desempenho
da secagem. Em resultados relatados por Donida (2004), os processos de recobrimento
realizados em leito de jorro com fluidos mais viscosos favorecem o crescimento das
partículas, o que promoveria uma diminuição na produção de pó.
A relação entre a eficiência de recuperação de pó com a densidade está centrada na
variação da concentração de leite, em que misturas com maior percentual deste ingrediente

Thayse Naianne Pires Dantas, Fevereiro de 2018


81
Capítulo 4 – Resultados e Discussão

resultavam em densidades e, consequentemente, maior produção de pó. Verificou-se a pouca


influência da temperatura do processo na variação desta propriedade física.
A relação da eficiência de recuperação de pó com a tensão superficial indica que
tensões com valores mais baixos implicam em rendimentos mais elevados, que se relacionam
com o aumento da temperatura e do percentual de leite na mistura.
Percebeu-se um crescimento mais importante na eficiência de recuperação com o
incremento das variáveis de processo, concentração de leite e temperatura do ar de secagem,
quando a secagem foi realizada com PEAD, conforme indicam os valores de trabalho de
adesão, que aponta que este inerte é mais adequado para a secagem destes materiais.
Analisando os dados das misturas de graviola/leite de forma geral, a secagem realizada
a 80ºC, 50% em leite e empregando o PEAD como partículas inertes, culminou em uma
eficiência de produção de pó mais elevada, com propriedades físicas em patamares
condizentes com situações mais eficientes em geração de pó, segundo a literatura citada.
Utilizando as Equações 4.1 a 4.16 referentes à mistura graviola/albumina,
relacionaram-se os valores das propriedades físicas com a eficiência de produção de pó nos
experimentos de secagem realizados. A Figura 4.18 ilustra o efeito das propriedades sobre a
eficiência de produção de pó de graviola/albumina.
Para a viscosidade, as condições mais eficientes em produção de pó foram verificadas
quando esta propriedade apresentou os maiores e menores valores, relacionados com a maior
quantidade de albumina. Para estas misturas, também se observou uma mudança de
comportamento da viscosidade quando estas atingiam a condição de coagulação.
Nas duas regiões de agregação das misturas graviola/albumina, a redução da tensão
superficial e do trabalho de adesão provocou a melhoria da eficiência de produção de pó.
Segundo Boyce (2017), o aumento da tensão superficial promove a aglomeração das
partículas e a estabilidade destes aglomerados.
Avaliando de forma global, verifica-se que entre as concentrações de 30 e 40% em
albumina, a variação das propriedades físicas, não implicaram em melhoria na eficiência da
produção de pó. Apenas quando a secagem é operada com misturas a 50% em massa de
proteína do ovo ocorre aumento na produção de pó.

Thayse Naianne Pires Dantas, Fevereiro de 2018


82
Capítulo 4 – Resultados e Discussão
30 PEAD PP
1/8:0,3L, 60ºC 2/9:0,3L, 80ºC
26 3/10:0,5L, 60ºC 4/11:0,5L, 80ºC
4 4
25 5,6,7/12,13,14: 0,4L, 70ºC
24 11 11
3
22 3
20

Eficiência (%)
10
Eficiência (%)

20 12
10 PEAD 13 9
18 PP 15 14 2
12 1/8:0,3A, 60ºC 1
2 5
16 13 9 2/9:0,3A, 80ºC 8 6
14 2 3/10:0,5A, 60ºC 10 7
14 5 4/11:0,5A, 80ºC
1 6 5,6,7/12,13,14:
12 8 7 0,4A, 70ºC
5
1,02 1,03 1,04 1,05 1,06 1,07 1,08
1,0 1,5 2,0 2,5 3,0 3,5 4,0 4,5 5,0
A Viscosidade aparente (g/cm.s)
B Densidade (g/cm³)

30 PEAD PP 30
PEAD PP
1/8:0,3L, 60ºC 2/9:0,3L, 80ºC
1/8:0,3L, 60ºC 2/9:0,3L, 80ºC
3/10:0,5L, 60ºC 4/11:0,5L, 80ºC 4
4 3/10:0,5L, 60ºC 4/11:0,5L, 80ºC
25 5,6,7/12,13,14: 0,4L, 70ºC 25
11 5,6,7/12,13,14: 0,4L, 70ºC
11
3
3
20 20 10
Eficiência (%)

Eficiência (%)
10
12 9 12
9 13
15 2 15 13
14 2 5 14 1
5 1
6 8
6 8
10 10 7
7

5 5
24 26 28 30 32 34 36 36 38 40 42 44 46 48 50 52 54

C Tensão superficial (mN/m) D Trabalho de adesão (mN/m)

D B
Figura 4.18 – Efeito das propriedades físicas das misturas graviola/albumina na eficiência de
B
produção de pó: viscosidade aparente (A), densidade (B), tensão superficial (C), trabalho de
adesão (D)
Fonte: Elaborado pela autora (2018).

Considerando esta concentração mais elevada, percebe-se o efeito positivo da


temperatura. Quando as secagens acontecem a 60ºC, percebe-se diferença entre as eficiências
de produção dos processos utilizando PEAD e PP, entretanto, nas operações realizadas a
80ºC, não existe uma diferença entre estas eficiências em que se pode afirmar ser
significativa.
Portanto, as condições de produção de pó de graviola/albumina com maiores
eficiências foram verificadas a 80ºC e 50% em albumina, condição de mistura coagulada,
podendo ser empregado como partículas inertes o PEAD ou PP.

Thayse Naianne Pires Dantas, Fevereiro de 2018


83
Capítulo 4 – Resultados e Discussão

4.4 Taxa de secagem

Os resultados experimentais da umidade do ar na saída do secador foram inicialmente


utilizados para a determinação das taxas de secagem em cada ensaio, calculadas conforme a
Equação 3.16. Em função da alimentação intermitente, calculou-se uma taxa de secagem, por
ensaio, uma para o período com fornecimento de suspensão e outra para o intervalo da parada
da alimentação. Estas taxas foram consideradas constantes, durante cada experimento, em
cada etapa da intermitência.
Segundo Dantas (2013), que estudou o comportamento da secagem de misturas de
polpas de frutas empregando alimentação intermitente, a vazão do fluido era a variável com
maior influência na taxa de secagem, especialmente durante a etapa de alimentação.
Considerando esta referência e analisando os resultados, percebeu-se pouca variação entre as
taxas de secagem em cada etapa do tempo de intermitência, de todos os materiais. Em virtude
das altas taxas de transferência de calor e massa do secador, a maior parte da água já evapora
durante a etapa de injeção de suspensão, portanto, as taxas de secagem no período de parada
caem consideravelmente.
A secagem de graviola e leite, considerando os dois tipos de inertes, apresentou taxas
média, mínima e máxima, para a etapa com alimentação, iguais a 0,1066 g/s, 0,1017 g/s e
0,1103 g/s, respectivamente. Para o período de interrupção da alimentação, as taxas de
secagem fornecidas foram, na mesma ordem anterior, iguais a 0,0339 g/s, 0,0315 g/s e
0,0370g/s.
A secagem de mistura de graviola e albumina gerou taxas média, mínima e máxima,
para a etapa com alimentação, iguais a 0,1070 g/s, 0,1013 g/s e 0,1148 g/s, respectivamente.
Na etapa em que ocorreu a suspensão da alimentação, estas taxas, nessa mesma ordem, foram
0,0319 g/s, 0,0243 g/s e 0,0309g/s.
Para a realização do balanço de energia e de massa de água, foram consideradas as
médias de cada período de intermitência e de cada mistura analisada.

4.5 Balanço de energia e produção de pó

Para o modelo do balanço de energia para a determinação da temperatura do ar na


saída do secador, considerando o acúmulo material no interior do equipamento, além das
condições operacionais e das correlações e considerações das taxas de secagem, empregam-se

Thayse Naianne Pires Dantas, Fevereiro de 2018


84
Capítulo 4 – Resultados e Discussão

também as equações que preveem o acúmulo de material no secador. Este balanço é realizado
empregando a Equação 3.18.
Para o balanço de energia, foi necessário determinar a perda de calor entre as paredes
do secador e o ar ambiente, Q, e os parâmetros de ajuste relativos às equações da produção de
pó. Para a estimação deste parâmetro, empregou-se a metodologia de otimização PSO com
minimização da função objetivo de mínimos quadrados. Considerou-se que os valores de Q e
dos parâmetros das equações de produção de pó foram constantes em cada experimento.
Após a estimação destes parâmetros de ajuste, calcularam-se as médias dos valores Q,
dividindo em grupos de acordo com a temperatura do ar de secagem, e dos valores de a, b, c,
d das equações da vazão de pó, divididos em misturas com leite ou albumina.

4.5.1 Modelos da produção de pó

A execução do balanço de energia gerou parâmetros a, b, c, d da equação da taxa de


produção para cada experimento, entretanto, com o objetivo de gerar uma única equação que
representasse a vazão de produção de pó para cada tipo de mistura de graviola, calculou-se a
média entre estes parâmetros. As equações com os parâmetros considerados estão descritas
abaixo.
Considerando os dados experimentais da produção de pó de graviola/leite, os
parâmetros médios estimados para a regressão foram: a = 3,04.10-6, b = -2,44, c = 2,29 e
d = -6,23, resultando na seguinte relação matemática definida na Equação 4.17.

2 , 44 2 , 29
   m   Wad 
 6 ,13

w pó _ L  3,04.10 . 1 / 3 1 / 2
6  . aç  .  (mgor . )0,5 (4.17)
  . .m 1 / 6  m    
 gor   gor 

A partir da Equação 4.17, determinaram-se as vazões teóricas médias de pó de


graviola/leite. Para verificar a qualidade do ajuste desta equação, foi realizado o teste F, em
que se compararam estas vazões médias com as vazões de pó experimentais médias.
As vazões experimentais médias foram obtidas através da razão entre a massa de pó
produzida pelo tempo total. Esta relação é justificada pelo comportamento da massa
acumulada com tempo apresentar uma tendência linear em todos os casos. Produção
acumulada de pó com comportamento linear também foi observado durante a secagem de
misturas de amora e leite (Braga & Rocha, 2014) e de polpa graviola com leite (Machado,
2015) em leito de jorro.

Thayse Naianne Pires Dantas, Fevereiro de 2018


85
Capítulo 4 – Resultados e Discussão

A Equação 4.17 permite quantificar a vazão de pó de graviola e leite na saída do


secador. Para verificar a qualidade do ajuste do modelo aos dados experimentais, realizou-se a
avaliação do coeficiente de determinação (R²) e a aplicação do teste estatístico F ao resultado
da regressão. O índice de determinação encontrado (R² = 0,9523) demonstra que 95,23% da
variação de Wpó é explicada pela equação de regressão, o que indica que a equação é
adequada. A Tabela 4.12 apresenta a análise de variância, através do teste F, ao nível de
significância de 5%, em que se verifica que a regressão pode ser aceita com 95% de
confiança, visto que o F calculado é superior ao F tabelado. A Figura 4.19 apresenta o
comparativo entre os valores experimentais e preditos da vazão de pó de graviola e leite.

Tabela 4.12 – Análise de variância: equação da vazão de pó de graviola/leite


Soma Graus de Média a
Fcalculado
Quadrática Liberdade Quadrática
Regressão 6,76.10-5 4 1,17.10-5 577
Residual 2,92.10-7 10 2,93.10-8 Ftabelado
Total 6,79.10-5 14 3,47

0,0040

4
0,0035
Valores preditos: vazão de pó (g/s)

0,0030 3
5
11
7
6
0,0025

10
0,0020
2
12
9 13
0,0015 14 1, 8: 30%L, 60ºC
1
2, 9: 30%L, 80ºC
8
3, 10: 50%L, 60ºC
0,0010 4, 11: 50%L, 80ºC
5-7, 12-14: 40%L, 70ºC
0,0005
0,0005 0,0010 0,0015 0,0020 0,0025 0,0030 0,0035 0,0040
Valores observados: vazão de pó (g/s)

Figura 4.19 – Valores preditos e experimentais: vazão de pó de graviola/leite


Fonte: Elaborado pela autora (2018).

O maior desvio entre o valor calculado e o experimental foi observado no experimento


a 80ºC, 30% de leite e PP. Como a variável concentração influencia mais intensamente nos
ajustes, este experimento, assim como todos os realizados com PP, cuja eficiência é

Thayse Naianne Pires Dantas, Fevereiro de 2018


86
Capítulo 4 – Resultados e Discussão

influenciada pela temperatura, ficou mais prejudicado pelo cálculo da média e pela baixa
produção de pó.
Realizando o mesmo processo empregado nas misturas graviola/leite, os parâmetros
estimados para a regressão da vazão de pó de graviola/albumina foram: a = 1,35.10-3, b =
0,58, c = -0,078 e d = -5,49, resultando na seguinte relação matemática definida na Equação
4.18.

0 , 58 0 , 078
    m   Wad 
 5 , 49

w pó _ A  1,35.10 . 1 / 3 1 / 2
3  . aç  .  (m prot . )0,5 (4.18)
  . .m 1 / 6  m    
 prot   prot 

A Equação 4.18 calcula a vazão de pó de graviola e albumina na saída do secador.


Para se avaliar qualidade do ajuste do modelo aos dados experimentais, realizou-se a
avaliação do coeficiente de determinação (R²) e a aplicação do teste estatístico F ao resultado
da regressão. O índice de determinação encontrado (R² = 0,9419) demonstra que 94,19% da
variação de Wpó é explicada pela equação de regressão, o que indica que a equação é
satisfatória. A Tabela 4.13 apresenta a análise de variância, através do teste F, ao nível de
significância de 5%, em que se verifica que a regressão pode ser aceita com 95% de
confiança, visto que o F calculado é superior ao F tabelado. A Figura 4.20 apresenta o
comparativo entre os valores experimentais e preditos da vazão de pó de graviola e albumina.
Conforme se verifica nas Equações 4.17 e 4.18, o trabalho de adesão e a tensão
superficial apresentam a maior influência na estimação da vazão de pó na saída do secador,
fato observado pelos valores mais elevados dos expoentes no termo destas propriedades,
quando comparados aos demais termos. Isto reflete a importância da interação entre o fluido e
a partícula inerte utilizada na secagem.

Tabela 4.13 – Análise de variância: equação da vazão de pó de graviola/albumina


Soma Graus de Média a
Fcalculado
Quadrática Liberdade Quadrática
Regressão 3,33.10-5 4 8,44.10-6 592
Residual 1,42.10-7 10 1,42.10-8 Ftabelado
Total 3,39.10-5 14 3,47

Thayse Naianne Pires Dantas, Fevereiro de 2018


87
Capítulo 4 – Resultados e Discussão

0,0026

0,0024 4

Valores observados: vazão de pó (g/s)


0,0022 11

3
0,0020

0,0018
10

0,0016
2 1, 8: 30%A, 60ºC
129
0,0014 14 2, 9: 30%A, 80ºC
13 5
1 7 3, 10: 50%A, 60ºC
6
0,0012 4, 11: 50%A, 80ºC
8
5-7, 12-14: 40%A, 70ºC
0,0010

0,0008
0,0008 0,0010 0,0012 0,0014 0,0016 0,0018 0,0020 0,0022 0,0024 0,0026

Valores preditos: vazão de pó (g/s)

Figura 4.20 – Valores preditos e experimentais: vazão de pó de graviola/albumina


Fonte: Elaborado pela autora (2018).

Os maiores desvios entre os valores calculados e experimentais dos dados de vazão de


pó de graviola/albumina são verificados nos pontos centrais dos experimentos realizados com
PEAD. Estes desvios podem ser explicados pela baixa produção de pó nestas condições. Na
análise da linearidade através do planejamento experimental, considerando as variáveis
independentes temperatura do ar e concentração de albumina, foi confirmada a necessidade de
pontos axiais através do teste da curvatura.
A Figura 4.21 ilustra as massas acumuladas de pó de das misturas de graviola em
função do tempo. As curvas ajustadas apresentam leves sinuosidades em função das pequenas
variações na vazão em cada. Estas vazões foram calculadas para cada tempo do processo, em
que ocorrem mudanças de temperatura do ar na saída do secador, e, consequentemente,
variações no valor das propriedades físicas.

Thayse Naianne Pires Dantas, Fevereiro de 2018


88
Capítulo 4 – Resultados e Discussão

10
30% L, 60ºC 30% L, 60ºC
12
30% L, 80ºC 30% L, 80ºC
50% L, 60ºC 50% L, 60ºC
8
10 50% L, 80ºC 50% L, 80ºC
40% L, 70ºC 40% L, 70ºC
Massa acumulada (g)

Massa acumulada (g)


8 6

6
4

2
2

0 0
0 500 1000 1500 2000 2500 3000 3500 4000 0 500 1000 1500 2000 2500 3000 3500 4000
A Tempo (s) B Tempo (s)

30% A, 60ºC 30% A, 60ºC


8 30% A, 80ºC 8 30% A, 80ºC
50% A, 60ºC 50% A, 60ºC
50% A, 80ºC 50% A, 80ºC
40% A, 70ºC 40% A, 70ºC

Massa acumulada (g)


Massa acumulada (g)

6 6

4 4

2 2

0 0
0 500 1000 1500 2000 2500 3000 3500 4000 0 500 1000 1500 2000 2500 3000 3500 4000
C Tempo (s) D Tempo (s)

Figura 5.21 – Massa de pó acumulada e ajuste do modelo linear: graviola/leite e PEAD (A),
graviola/leite e PP (B), graviola/albumina e PEAD (C), graviola/albumina e PP (D).
Fonte: Elaborado pela autora (2018).

Os erros médios relativos percentuais entre os valores das massas totais recuperadas e
as massas calculadas pela equação de vazão de pó (Equação 4.17 e Equação 4.18) estão
listados na Tabela 4.14.

Thayse Naianne Pires Dantas, Fevereiro de 2018


89
Capítulo 4 – Resultados e Discussão

Tabela 4.14 – Erro percentual da massa de pó total recuperada calculada para as misturas de
graviola
Erro (%)
Leite Albumina
C (%) Tge (ºC) PEAD PP PEAD PP
30 60 4,26 9,17 1,59 6,66
30 80 7,68 12,83 0,02 9,51
50 60 8,11 4,63 1,90 3,72
50 80 0,21 1,80 0,22 0,91
40 70 2,35 1,09 7,31 9,87
40 70 6,99 9,09 11,68 3,16
40 70 2,42 11,18 12,37 5,32

Os erros elevados e os desvios em alguns experimentos no ponto central são


justificados pela variação de massa recuperada nesses processos. Apesar de reproduzidos, as
baixas massas geradas acabam prejudicando os erros de produção de pó nestes experimentos.
Realizou-se a validação destas equações de vazão de produção de pó, utilizam dados
de produção de pós de graviola não contemplados nos planejamentos experimentais. Os dados
de massa dos pós de graviola/leite foram consultados em Machado (2015). Na validação da
equação da vazão de pó de misturas com albumina, foram utilizados dois experimentos com
variáveis independentes, concentração e temperatura, que contemplavam pontos axiais do
planejamento experimental da secagem com misturas de graviola/albumina.
As misturas de graviola/leite possuíam 30 e 50% em leite e as secagens foram
conduzidas a 70ºC e utilizando PEAD. Os dados experimentais de massa e as curvas
calculadas a partir da Equação 4.17 estão ilustrados na Figura 4.22.

Thayse Naianne Pires Dantas, Fevereiro de 2018


90
Capítulo 4 – Resultados e Discussão

18
70ºC 30% L
16
70ºC 50% L
14

12

Massa acumulada (g)


10

0
0 10 20 30 40 50 60
Tempo (min)

Figura 4.22 – Ajuste do modelo de produção de pó aos dados de massa de pó de graviola/leite


Fonte: Elaborado pela autora (2018).

O modelo conseguiu prever o comportamento da produção de pó destas secagens, com


erros de 4,75% para o pó com 30% em leite e 1,26% para o pó com 50% em leite.
As misturas de graviola/albumina possuíam 40% em leite e as secagens foram
conduzidas a 56ºC e 84ºC e utilizando PEAD. Os dados experimentais de massa e as curvas
calculadas a partir da Equação 5.18 estão ilustrados na Figura 4.23.

10

56ºC 40% A

8 84ºC 40% A
Massa acumulada (g)

0
0 10 20 30 40 50 60

Tempo (min)

Figura 4.23 – Ajuste do modelo de produção de pó aos dados de massa de pó de


graviola/albumina
Fonte: Elaborado pela autora (2018).

Thayse Naianne Pires Dantas, Fevereiro de 2018


91
Capítulo 4 – Resultados e Discussão

O modelo conseguiu prever o comportamento da produção de pó destas secagens, com


erros de 4,68% para o pó processado a 84ºC e 8,73% para o pó obtido a 56ºC.
Utilizando as propriedades físicas experimentais da graviola na Equação 4.17, já que o
comportamento da polpa de graviola se assemelha muito mais ao comportamento das misturas
de graviola/leite, verificou-se que a massa resultante, tanto a 60ºC como 80ºC, tende a zero.
Conforme averiguado experimentalmente, a secagem de polpa de graviola sem a presença de
agentes carreadores não foi viável, ocorrendo colapso do jorro e sem produção de pó.

4.5.2 Acúmulo de pó no sistema

Considerando-se os resultados experimentais, a partir das correlações da vazão do pó na


saída do secador e a vazão média de alimentação observada em cada experimento, realizou-se
o balanço de massa para determinação do acúmulo de pó, conforme a Equação 3.15, que
relaciona a massa total de sólidos que entra no sistema e a massa de sólidos que sai na forma
de pó.
Na Figura 4.24, é apresentado o acúmulo de pó, previsto pelo modelo diferencial, no
interior do leito e nas paredes do equipamento em função do tempo para os testes realizados
com alimentação intermitente das misturas.
Para a realização do balanço de massa da produção de pó, considerou-se que a
umidade do sólido acumulado no leito é igual ao do coletado no ciclone, sendo constante
durante todo do processo de secagem.

Thayse Naianne Pires Dantas, Fevereiro de 2018


92
Capítulo 4 – Resultados e Discussão

60 ºC 30% L
30
60 ºC 50% L
80 ºC 30% L
25 80 ºC 50% L
70 ºC 40% L
m pó acumulada (g)

20

15

10

0
10 20 30 40 50 60
A Tempo (min) B

60 ºC 30% A 30
60 ºC 30% A
30
60 ºC 50% A 60 ºC 50% A
80 ºC 30% A 80 ºC 30% A
25 80 ºC 50% A 25 80 ºC 50% A
70 ºC 40% A 70 ºC 40% A

m pó acumulada (g)
m pó acumulada (g)

20 20

15 15

10 10

5 5

0 0
10 20 30 40 50 60 10 20 30 40 50 60
C Tempo (min) D Tempo (min)

Figura 4.24 – Massa de pó acumulada no sistema de secagem: graviola/leite e PEAD (A),


graviola/leite e PP (B), graviola/albumina e PEAD (C), graviola/albumina e PP (D)
Fonte: Elaborado pela autora (2018).

A massa de sólido acumulada observada experimentalmente e predita pelo modelo


refere-se ao pó aderido às partículas inertes e também às paredes do equipamento, mas sem
considerar uma parcela importante elutriada, mas que não foi contabilizada. Isto pode ser
confirmado pelas condições de estabilidade do leito de jorro verificadas em todos estes
ensaios, com poucas variações na altura do leito e na queda de pressão. Massas acumuladas
nestas proporções são suficientes para provocar condições de instabilidade e até colapso do
leito. Segundo Souza (2009), que estudou a secagem de polpas de frutas em leito de jorro, o
percentual médio de material elutriado foi de 23,8% + 3,7%.
Os erros calculados, observados na Tabela 4.15, revelaram a boa capacidade de
previsão do modelo do balanço de massa. As maiores concentrações de elementos
carreadores, leite ou albumina, e temperatura elevada aumentam a eficiência de recuperação
de pó e reduzem a massa acumulada no sistema de secagem.

Thayse Naianne Pires Dantas, Fevereiro de 2018


93
Capítulo 4 – Resultados e Discussão

Tabela 4.15 – Erro percentual da massa de pó total acumulada calculada para as misturas de
graviola
Erro (%)
Leite Albumina
C (%) Tge (ºC) PEAD PP PEAD PP
30 60 4,01 5,31 0,97 1,14

30 80 3,14 7,75 0,01 1,3

50 60 4,66 2,92 1,31 1,26

50 80 1,72 1,17 0,02 1,07

40 70 1,1 0,95 2,65 4,47


40 70 5,26 4,89 4,36 2,26
40 70 1,22 0,92 5,24 2,59

Como as equações propostas que determinaram a produção de pó e o acúmulo de


material no sistema de secagem se mostraram capazes de predizer dados consistentes com os
experimentais, estas foram utilizadas no balanço de energia que determinou a temperatura do
ar na saída do secador.

4.5.3 Balanço de energia para determinação da temperatura do ar na saída do secador

Para o modelo do balanço de energia para a determinação da temperatura do ar na


saída do secador, considerando o acúmulo material no interior do equipamento, além das
condições operacionais e das correlações e considerações das taxas de secagem e da
temperatura da parede do equipamento, empregam-se também as equações que preveem o
acúmulo de material no secador. Este balanço é realizado empregando a Equação 3.18.
Para o balanço de energia, foi necessário determinar a perda de calor entre as paredes
do secador e o ar ambiente. Para a estimação deste parâmetro, empregou-se a metodologia de
otimização PSO com minimização da função objetivo de mínimos quadrados. Assim como os
parâmetros das equações de vazão de pó, considerou-se o valor de Q constante em cada
experimento, determinando um valor de calor perdido para cada experimento.
Para se avaliar simultaneamente a concordância dos dados experimentais com os
valores preditos pelos modelos, considerando os efeitos da temperatura do ar na entrada do
secador, da concentração dos ingredientes carreadores e do acúmulo de material no

Thayse Naianne Pires Dantas, Fevereiro de 2018


94
Capítulo 4 – Resultados e Discussão

equipamento, nas Figuras 4.25 a 4.28 são ilustrados os dados da temperatura do ar na saída do
leito de jorro em todas as condições experimentais e as respectivas simulações.

60ºC 30% L 60ºC 50% L


70ºC 40% L 80ºC 50% L
70 80ºC 30% L 70 ____
____
Simulado
Simulado
65 65
Temperatura (ºC)

Temperatura (ºC)
60
60

55
55

50
50

45
45
10 20 30 40 50 60 10 20 30 40 50 60
A Tempo (min) B Tempo (min)

Figura 4.25 – Comportamento da temperatura do gás na saída do secador: leite 30 e 40% e PP


(A), leite 50% e PP (B)

60ºC 30% L 60ºC 50% L


70ºC 40% L 80ºC 50% L
70 80ºC 30% L 70 ____
Simulado
____
Simulado
65 65
Temperatura (ºC)
Temperatura (ºC)

60 60

55 55

50 50

45 45

10 20 30 40 50 60 10 20 30 40 50 60
A Tempo (min) B Tempo (min)

Figura 4.26 – Comportamento da temperatura do gás na saída do secador: leite 30 e 40% e


PEAD (A), leite 50% e PEAD (B)
Fonte: Elaborado pela autora (2018).

Thayse Naianne Pires Dantas, Fevereiro de 2018


95
Capítulo 4 – Resultados e Discussão

60ºC 30% A 60ºC 50% A


70ºC 40% A 80ºC 50% A
70 80ºC 30% A 70 ____
____
Simulado
Simulado
65 65

Temperatura (ºC)
Temperatura (ºC)

60 60

55 55

50 50

45 45

10 20 30 40 50 60 10 20 30 40 50 60

A Tempo (min) B Tempo (min)

Figura 4.27 – Comportamento da temperatura do gás na saída do secador: albumina 30 e 40%


e PEAD (A), albumina 50% e PEAD (B)

60ºC 30% A 60ºC 50% A


70ºC 40% A 80ºC 50% A
70 80ºC 30% A 70
____
____ Simulado
Simulado
65 65
Temperatura (ºC)

Temperatura (ºC)

60
60

55
55

50
50

45
45
10 20 30 40 50 60 10 20 30 40 50 60
A B
Tempo (min) Tempo (min)

Figura 4.28 – Comportamento da temperatura do gás na saída do secador: albumina 30 e 40%


e PP (A), albumina 50% e PP (B)
Fonte: Elaborado pela autora (2018).

A partir da análise dos dados experimentais de temperatura do ar na saída do secador,


observa-se que estes valores apresentaram pequenas variações, quando processados a uma
mesma temperatura do ar de entrada, independente da concentração e tipo de ingrediente
adicionado à graviola e do tipo de inerte, conforme as Figuras 4.21 a 4.24. Nestes dados,
verifica-se que em cada experimento, nos períodos de introdução e interrupção da mistura no
sistema de secagem, as temperaturas tendem a atingir os mesmos patamares em cada ciclo da
intermitência.
Esta mesma estabilização na temperatura, contudo sem observar estes ciclos de
máxima e mínima temperatura, foi observado em estudos de modelagem do comportamento
da secagem de leite, considerando como respostas dos modelos a temperatura e umidade do ar

Thayse Naianne Pires Dantas, Fevereiro de 2018


96
Capítulo 4 – Resultados e Discussão

na saída do secador, contudo em condições de alimentação contínua, os parâmetros avaliados


tendiam a patamares constantes quando as condições fluidodinâmicas eram estáveis e
próximos aos valores iniciais quando as vazões de alimentação eram baixas (Vieira et al.,
2015; Nascimento et al., 2013).
Analisando as Figuras 4.21 a 4.24, observa-se a boa concordância das estimativas
feitas pelo modelo estruturado nos balanços de massa e de energia com os dados
experimentais coletados. Os valores dos erros médios relativos aos dados experimentais
aparecem na Tabela 4.16. Os baixos erros verificados, inferiores a 5%, refletem a boa
capacidade do modelo em prever o comportamento do processo de secagem e representar os
dados experimentais.

Tabela 4.16 – Erros médios relativos da temperatura do ar na saída


Erro (%)
Leite Albumina
C (%) Tge (ºC) PEAD PP PEAD PP
30 60 1,28 2,81 3,47 1,41

30 80 1,12 1,05 2,63 1,09

50 60 2,09 3,26 2,95 2,06

50 80 1,74 3,11 2,85 2,14

40 70 3,24 2,65 2,52 2,31

40 70 2,76 3,34 2,67 2,25

40 70 2,97 2,89 2,88 2,04

Os modelos macroscópicos de balanço de massa e energia também foram utilizados


com sucesso para descrever o comportamento do secador leito de jorro com alimentação da
suspensão de forma constante, através da umidade e da temperatura do ar de secagem na
saída, para a secagem de leite, lodo de esgoto, evaporação de água, suspensão de CaCO3 e
rejeito da produção de suco de laranja. Nestas descrições matemáticas dos processos, foram
utilizadas técnicas de rede neural e métodos de resolução de equações diferenciais e a boa
concordância entre os dados experimentais e os valores previstos pelo modelo foi observado,
o que sugere que as técnicas usadas funcionaram de forma eficiente (Vieira et al., 2015;
Morais Filho, 2013).
Os resultados determinados para o calor perdido para o ambiente foram iguais a
203,71 W + 4,69 W, 232,88 W + 3,72 W e 281,63 W + 5,85 W, para os experimentos

Thayse Naianne Pires Dantas, Fevereiro de 2018


97
Capítulo 4 – Resultados e Discussão

realizados à 60ºC, 70ºC e 80ºC, respectivamente. Estes valores médios foram empregados na
definição das curvas representadas nas Figuras 4.25 a 4.28. Os valores do calor estimados
podem ser utilizados em outros experimentos realizados a estas temperaturas sem ser
verificada elevada sensibilidade a variações numéricas.
Os valores encontrados para os coeficientes convectivos do balanço de energia,
utilizando a técnica PSO, por Morais Filho (2013) e Dantas (2013) apresentavam elevada
sensibilidade às mudanças numéricas, impossibilitando a utilização destes modelos sem a
existência de dados experimentais.
Estes valores de calor perdido corroboram com os resultados de Machado (2015).
Neste trabalho, encontraram-se os valores experimentais iguais a 267 W, quando a mistura era
composta por 30% de leite e processada a 70ºC, e 222 W, para misturas com 50% de leite e
processada a 70ºC.
A validação da Equação 3.18, utilizando o acúmulo de pó calculado e valores de Q
médios, foi realizada empregando os dados de temperatura do ar na saída dos experimentos de
Machado (2015) e dos experimentos de secagem dos dois pontos axiais da mistura
graviola/albumina citados anteriormente na validação dos dados de recuperação de pó. As
misturas de graviola/leite possuíam 30 e 50% em leite e as secagens foram conduzidas a 70ºC
e utilizando PEAD. As misturas de graviola/albumina possuíam 40% em leite e as secagens
foram conduzidas a 56ºC e 84ºC e utilizando PEAD. Os dados experimentais de temperatura e
as curvas obtidas pelo modelo estão ilustrados na Figura 4.29.
Nestas simulações de validação, utilizaram-se os valores de calor perdido obtidos
pelos ajustes experimentais das misturas de graviola deste trabalho: calor perdido médio
estimado nos experimentos conduzido a 70ºC, aplicados aos dados de graviola/leite de
Machado (2015); calor perdido médio estimado nos experimentos conduzido a 60ºC, para o
ponto axial 40% e 56ºC da mistura de graviola/albumina; e calor perdido médio estimado nos
experimentos conduzido a 80ºC, para o ponto axial 40% e 84ºC da mistura de
graviola/albumina.
Conforme observado nas curvas ajustadas aos resultados experimentais, o modelo
conseguiu prever o comportamento da temperatura do ar na saída do secador nestes
experimentos. Os desvios mais evidentes observados na Figura 4.29 B se devem à dificuldade
enfrentada no controle da vazão de alimentação da mistura neste experimento, em que em
alguns períodos da intermitência, a vazão da pasta se distanciou da média prevista.

Thayse Naianne Pires Dantas, Fevereiro de 2018


98
Capítulo 4 – Resultados e Discussão

70ºC 30% L 70ºC 50% L


60 60
____ ____
Simulado Simulado
58 58

56 56
Temperatura (ºC)

Temperatura (ºC)
54 54

52 52

50 50

48 48

46 46
10 20 30 40 50 60 10 20 30 40 50 60
A Tempo (min) B Tempo (min)

56ºC 40% L 84ºC 40% L


56 76
____ ____
Simulado Simulado
54 74

52 72
Temperatura (ºC)

Temperatura (ºC)
50 70

48 68

46 66

44 64

42 62

40 60
10 20 30 40 50 60 10 20 30 40 50 60

C Tempo (min) D Tempo (min)

Figura 4.29 – Comportamento da temperatura do gás na saída do secador: leite 30% (A), leite
50% (B) albumina 40%, 56ºC e PP (C), albumina 40%, 84ºC e PP (D)
Fonte: Elaborado pela autora (2018).

Os desvios para os pontos axiais, especialmente nos notados na Figura 4.29 C


podem ser explicados pelo uso do calor perdido para o ambiente médio, estimado em
patamares de temperatura diferentes dos aplicados nestes ensaios. Devido ao uso de
temperaturas diferentes nestes experimentos, os valores reais possivelmente são
ligeiramente diferentes, causando estes desvios na estimativa da temperatura.
Os erros observados para estas simulações foram 2,35%; 4,82%, 2,08% e
2,96%, para os experimentos representados pela Figura 4.25 nas posições (A), (B), (C)
e (D), respectivamente.

Thayse Naianne Pires Dantas, Fevereiro de 2018


CAPÍTULO 5
CONCLUSÕES

Thayse Naianne Pires Dantas, Fevereiro de 2018


100
Capítulo 5 – Conclusões

5. Conclusões

Foram avaliadas as propriedades físicas da graviola pura e das misturas com leite ou
albumina, observando-se importantes interferências da adição tanto do leite como da
albumina em relação às propriedades da polpa pura (viscosidade, tensão superficial, ângulo de
contato, densidade e trabalho de adesão). Embora mantendo o mesmo comportamento não
newtoniano com característica pseudoplásticas, a densidade das misturas aumentou enquanto
as demais propriedades diminuíram com a adição tanto do leite como da albumina. Todas as
propriedades analisadas diminuíram linearmente com o aumento da temperatura e com a
concentração do ingrediente adicionado. Todavia, para as misturas com adição de albumina e
temperatura superior a 50°C, o comportamento das propriedades em função da temperatura se
inverteu, passando a diminuir com o aumento da mesma. Este comportamento foi observado e
justificado pela coagulação da mistura com adição da albumina acima de 50°C. Através das
relações entre as propriedades físicas e a temperatura e concentração de leite ou albumina, foi
possível encontrar correlações para predição das propriedades em função destas variáveis. A
avaliação de erros entre os valores observados experimentalmente e preditos pelas
correlações, demonstrou a boa aplicabilidade das equações na predição das propriedades.
Com relação à secagem, a eficiência de recuperação de pó foi baixa. Os maiores
valores foram obtidos com as misturas de graviola/leite, favorecidos dentre outros fatores,
pela presença da gordura em sua formulação, especialmente utilizando 50% de leite. A
coagulação da albumina não prejudicou efetivamente a secagem, todavia somente com 50%
deste ingrediente a eficiência de recuperação do pó foi mais elevada. As variáveis
independentes temperatura e concentração de leite ou albumina apresentaram efeitos positivos
e significativos sobre a produção de pó, sendo mais importante o efeito da concentração do
que o da temperatura.
A relação entra a eficiência de recuperação de pó e as propriedades físicas revelou que
em condições de viscosidades aparentes mais baixas, ou mais elevadas, em função da
mudança de comportamento, para misturas com albumina, e de tensões superficiais e
trabalhos de adesão mais baixos, as massas de pó produzidas são maiores. Isso reflete a
importância na avaliação conjunta das propriedades físicas e da composição dos materiais na
avaliação do desempenho da secagem

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101
Capítulo 5 – Conclusões

Analisando os dados de secagem e das misturas de graviola/leite, o processo realizado


a 80ºC, 50% em leite e empregando o PEAD como partícula inerte culminou em uma
eficiência de recuperação mais elevada. As condições de produção de pó de graviola/albumina
com maiores eficiências foram verificadas a 80ºC e 50% em albumina, podendo ser
empregadas como partículas inertes o PEAD ou PP.
A resolução analítica das equações obtidas pelo teorema de π de Buckingham gerou
equações empíricas capazes de prever o comportamento da taxa de produção de pó,
considerando as variáveis de processo e as propriedades físicas. Este modelo foi empregado
no balanço de energia, na determinação da temperatura do ar na saída do secador,
considerando o acúmulo de material no sistema de secagem. As equações desenvolvidas
foram testadas com experimentos não inclusos nos planejamentos experimentais, sendo
confirmada a capacidade de previsão de produção de pó na secagem das misturas de polpa de
graviola com adição de leite ou albumina. O grupo adimensional que mais influenciou na
estimação da vazão de pó foi o termo que envolvia o trabalho de adesão e a tensão, o que
retrata a importância da interação do fluido e da partícula.
O modelo descrito pelas equações diferenciais adaptadas para a condição de
alimentação intermitente considerando o acúmulo de massa no leito foi capaz de descrever os
fenômenos de transferência de calor e massa ocorridos durante o processo de secagem de
misturas de graviola em leito de jorro sob operação estável. De acordo com as análises
realizadas, pode-se afirmar que é possível prever de forma satisfatória a massa de material
acumulado no secador e a temperatura do ar na saída do equipamento. Tais conclusões foram
confirmadas pela validação do modelo através da comparação dos dados preditos com os
dados obtidos experimentalmente. Esta validação revelou a capacidade de predição do
modelo, considerando uma faixa de temperatura próxima da utilizada durante a estimação dos
parâmetros.
O estudo das propriedades físicas possibilitou um melhor entendimento do processo de
secagem, em que se verificou a necessidade de uma análise conjunta tanto das características
tanto das pastas ou suspensões alimentadas como do material inerte e das condições de
processo. O emprego de líquidos, pastas ou suspensões e de materiais inertes com
características que potencializem a melhoria da eficiência de recuperação do pó pode ser uma
maneira de trabalhar em situações otimizadas de secagem em leito de jorro.
Dada à análise global deste trabalho, sugerem-se as seguintes abordagens para o
desenvolvimento de trabalhos futuros nesse mesmo tema:

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102
Capítulo 5 – Conclusões

• Quantificar a massa de pó elutriada pelo ciclone;


• Definir modelo de massa de pó elutriada;
• Avaliar a influência das propriedades físicas da polpa e das misturas nas
características do pó recuperado.
• Analisar o efeito da forma das partículas inertes na eficiência de recuperação de pó.
• Estudar a ampliação de escala do processo.

Thayse Naianne Pires Dantas, Fevereiro de 2018


103
Capítulo 5 – Conclusões

CAPÍTULO 6
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

Thayse Naianne Pires Dantas, Fevereiro de 2018


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Capítulo 6 – Referências bibliográficas

6. Referências bibliográficas

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