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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO

Instituto de Ciências Agrárias e Tecnológicas


Engenharia Mecânica
UFMT

EM 49: CONFORMAÇÃO MECÂNICA

AULA 11
PROCESSO DE EXTRUSÃO

Profa.: Dra. Alexandra de Oliveira França Hayama

2016/1
EXTRUSÃO

 Processo de fabricação recente


→ Final do século XIX – extrusão de chumbo.
→ Maior avanço durante a II Guerra Mundial na produção
de perfis de alumínio para uso na indústria aeronáutica.

 Atualmente, não só metais mais dúcteis, como o alumínio


e suas ligas e o cobre e suas ligas, podem passar pelo
processo de extrusão. Também é possível fabricar produtos
de aço carbono e aço inoxidável por meio de extrusão.

 A extrusão é um processo de fabricação de produtos semi-


acabados, ou seja, produtos que ainda sofrerão outras
operações, tais como corte ou usinagem, antes de seu uso
final.
EXTRUSÃO

 Extrusão: É um processo de conformação mecânica no


qual modifica-se a geometria e as dimensões de um corpo
metálico e que consiste basicamente em forçar a passagem
de um bloco de metal através do orifício de uma matriz. Isso
é conseguido aplicando-se altas pressões ao material com o
auxílio de um êmbolo.
EXTRUSÃO

 Os produtos da extrusão são perfis, tubos e barras, como por


exemplo, tubos ou perfis de alumínio para portas ou janelas.

 O processo de extrusão também pode produzir barras de menor


diâmetro para serem trabalhadas pelo processo de trefilação.
EXTRUSÃO

 Nesse processo o comprimento do produto extrudado é


limitado pelo volume do lingote ou tarugo inicial.

 Com relação à matéria-prima utilizada no processo de


extrusão, define-se:

→ Lingote: peça proveniente do processo de fundição.


→ Tarugo: peça proveniente do processo de laminação de
barras.
EXTRUSÃO

COMPRESSÃO
 A extrusão é classificada como processo
de compressão indireta, pois o pistão
causa a compressão do lingote (ou tarugo)
que será extrudado exercendo a ação de
compressão direta sobre este e a reação do
tarugo com o equipamento de extrusão gera
forças de compressão indireta.
EXTRUSÃO

 A passagem do lingote pela ferramenta, com furo de seção


transversal menor do que a do lingote, provoca deformação
plástica.
 Após passar pelo processo de extrusão, a seção
transversal do lingote ou tarugo adquire a forma
correspondente ao orifício da matriz.

 Se o processo for
realizado a frio ocorre
encruamento do material,
se o processo for realizado
a quente ocorre a
recristalização do material.
EXTRUSÃO

 A classificação dos produtos extrudados é realizada de


acordo com a forma de seção transversal. Os produtos são:
barras (redondas, quadradas, hexagonais, etc.), tubos e
perfis (ocos ou maciços) de formas diversas.

 Os metais metálicos mais comumente extrudados são o


alumínio e suas ligas, o cobre e suas ligas.
EXTRUSÃO A QUENTE

 A maioria dos metais são extrudados a quente devido a


vantagem da diminuição da tensão de escoamento.

→ Entretanto, a temperatura não deve exceder a


temperatura solidus, onde se inicia a formação de fase
líquida.

Exemplo: Linha solidus


no diagrama Fe-Fe3C:

Obs.: A temperatura de
extrusão do aço
carbono varia de 875 a
1300°C, dependendo
da % de carbono.
EXTRUSÃO A QUENTE

 O material também não pode aquecer até uma temperatura


muito próxima da fusão, pois se existirem impurezas com
temperaturas de fusão inferiores à do metal ou liga, essas
impurezas fundirão nos contornos de grão, fragilizando o
material.
Perfis de alumínio
extrudados a quente:
EXTRUSÃO A QUENTE

 Normalmente, o processo de
extrusão é realizado a quente, em
temperaturas acima da temperatura
de recristalização do material,
normalmente a Ttrabalho > 0,5 Tfusão.

 Considerando-se que no trabalho


a quente ocorrem problemas de
oxidação do bloco de metal e das
ferramentas de extrusão, a
temperatura de trabalho deve ser a
mínima necessária para que a
deformação do metal ocorra sem
problemas, evitando, portanto, o
superaquecimento do metal a ser
extrudado.

Vídeos 1 e 2: Extrusão de alumínio


EXTRUSÃO A QUENTE

 Características da extrusão a quente:


→ Grandes reduções de seção numa só etapa;
→ Obtenção de produtos contínuos, como barras, perfis e
tubos;
→ Produtos com comprimento limitado ao volume do material
de partida.

 Na extrusão a quente, as reduções de área conseguidas são da


ordem de 1:20 (um para vinte).
→ Isso significa que, se você tiver uma barra de 100 mm2 de
área de seção transversal, ela pode ter sua área reduzida para
5 mm2 de seção transversal em uma única etapa.

 A velocidade da prensa de extrusão normalmente é da ordem


de 5 m/min, dependendo de fatores como a complexidade do perfil
e o material a ser extrudado.
EXTRUSÃO A QUENTE

 O processo de extrusão a quente envolve as seguintes etapas:


→ Fabricação do lingote (fundição) ou tarugo (laminação) de
seção circular.
→ Aquecimento uniforme do lingote ou tarugo em forno.
→ Transporte do lingote ou tarugo aquecido para a câmara de
extrusão. Essa etapa deve ser executada o mais
rapidamente possível para diminuir a oxidação na superfície
do metal aquecido.
→ Execução da extrusão: com o lingote ou tarugo aquecido,
apoiado diante da câmara de extrusão, o pistão é acionado e
o material é empurrado para o interior da câmara.
→ Fim da extrusão: o pistão recua e é retirado o disco metálico
usado para proteger o pistão da alta temperatura e do atrito
com o metal deformado.
→ Remoção dos resíduos de óxido: com o auxílio de disco
raspador acionado pelo pistão.
EXTRUSÃO A QUENTE

1 – Tarugos ou 2 - Corte em pedaços 3 - Pré-aquecimento


lingotes de 5 a 6 m menores para extrusão

Pré-aquecimento das
matrizes

Mesa de arrefecimento

4 – Realização da 5 – Arrefecimento dos 6 – Corte em


extrusão produtos extrudados dimensões comerciais
EXTRUSÃO A FRIO

 Na extrusão a frio devido a intensa deformação produzida


durante o processo, ocorrerá aquecimento do metal.

 A temperatura do material na zona de deformação depende da


velocidade de deformação e do grau de compressão.
→ Isso significa que a temperatura na zona de deformação é
maior quando aumenta-se a velocidade de deformação, isso
ocorre devido ao atrito entre o material, a câmara de extrusão
e a matriz.

 Características da extrusão a frio:


→ Pequenas reduções de seção em vários estágios;
→ Obtenção de peças com boa precisão dimensional.
EXTRUSÃO A FRIO

Extrusão e corte
da barra

Formação da
cabeça do pino
PROCESSOS DE EXTRUSÃO

 De acordo com o tipo de movimento do material, o


processo de extrusão pode ser classificado como:

→ Extrusão direta

→ Extrusão inversa

→ Extrusão lateral

→ Extrusão em canal angular (ECAP – Equal-Channel


Angular Pressing)

→ Extrusão hidrostática
PROCESSOS DE EXTRUSÃO

 Extrusão direta: o bloco metálico é colocado em uma


câmara e forçado pelo êmbolo ou pistão a passar através do
orifício da matriz, provocando uma intensa ação de atrito
entre o bloco metálico e a câmara de extrusão. Este é o
processo de extrusão mais utilizado.

Vídeos 3 e 4:
Extrusão direta
PROCESSOS DE EXTRUSÃO
 Extrusão inversa: o êmbolo ou pistão, que é oco, é preso à matriz e
na extremidade oposta, a câmara é fechada com uma placa.

→ O pistão pode ser fixo e o recipiente com o tarugo avançar em


sua direção ou a câmara pode ser fixa e o pistão avançar em sua
direção.

→ Nesse tipo de extrusão o atrito é menor pela inexistência de


movimento relativo entre as paredes da câmara e o bloco metálico.

→ Como o êmbolo é oco


(apresenta um furo), as
cargas a serem utilizadas
são limitadas e não é
possível obter perfis com
formatos complexos.

Vídeo 5: Extrusão inversa


PROCESSOS DE EXTRUSÃO

 Extrusão lateral: o êmbolo


ou pistão pressiona o tarugo
contra uma matriz que forma
um ângulo de 90° com a
superfície do mesmo.

Vídeo 6: Extrusão
lateral

 Extrusão em canal angular:


o êmbolo ou pistão pressiona o
tarugo contra uma matriz fixada
em um ângulo maior ou igual a
90° (φ ≥ 90°).
PROCESSOS DE EXTRUSÃO

 Extrusão hidrostática: transmissão de pressão ao tarugo por meio de


um fluido hidráulico.
→ A pressão (da ordem de 1400 MPa) é transmitida ao tarugo
através de um pistão.
→ Possibilidade de grandes reduções de seção a frio devido a
redução do atrito, pois não há atrito com as paredes da câmara.
→ O diâmetro do tarugo é menor que o diâmetro da câmara, que é
preenchida por um fluido hidráulico.
→ A extrusão hidrostática é realizada usualmente à temperatura
ambiente, em geral usando óleo vegetal como fluido, combinando as
qualidades de viscosidade e lubrificação.

Tarugo
GEOMETRIA DA FERRAMENTA
 As ferramentas de superfícies planas, isto é, com ângulos de cone de
180°, e com pequenos raios de concordância apresentam uma
deformação menos uniforme do material do que as de abertura cônica.

 Nas ferramentas cônicas não surge uma zona morta na região


adjacente ao furo de entrada, como a que se forma nas planas, tornando
o escoamento mais uniforme.

→ Zonas mortas são


locais onde o metal fica
praticamente estacionário
nos cantos da matriz.

→ Devido a isso deve-se


projetar matrizes com
ângulos adequados.

Ilustração da modificação do
modo de deformação com o Zona morta
ângulo da matriz cônica e reta.
PRENSA DE EXTRUSÃO

 A máquina de extrusão é
uma prensa hidráulica,
comumente horizontal, de
1.000 a 8.000 toneladas.

 A prensa de extrusão é
essencialmente um conjunto
cilindro-pistão hidráulico.

 Além do conjunto cilindro-pistão hidráulico, e do sistema


acoplado de alimentação do fluido sob pressão, que vai
movimentar o pistão, deve-se considerar ainda as seguintes
partes básicas de uma máquina de extrusão: pistão de
extrusão, recipiente ou câmara, conjunto suporte da
ferramenta (também chamada de fieira ou matriz).
PRENSA DE EXTRUSÃO

 O pistão de extrusão, solidário ao pistão do cilindro hidráulico. Esse


pistão pode ser trocado por outros de dimensões diferentes em função
das dimensões dos tarugos e peças extrudadas.

 Entre o pistão de extrusão e o tarugo coloca-se um disco metálico,


usado para proteger o pistão da alta temperatura e do atrito resultantes do
processo de extrusão direta.

 Após o pistão ter completado o curso de extrusão, o recipiente se


afasta para a retirada do disco e o pistão é recuado.
PRENSA DE EXTRUSÃO

 Ciclo do processo de extrusão:

Vídeos 7 e 8: Extrusão
PRENSA DE EXTRUSÃO

 O conjunto suporte de fieira é constituído de vários


componentes com a finalidade de aumentar a resistência
mecânica, posicionar e facilitar a troca de fieira.

 Esses componentes são: apoio da fieira, porta-fieira e encaixe


do porta-fieira.

 Como esses componentes


não entram em contato direto
com o metal aquecido, podem
ser fabricados com aços-liga
de custo menor que os aços-
liga resistentes ao calor.
PRENSA DE EXTRUSÃO

 O pistão de extrusão, solidário ao pistão do cilindro hidráulico, é


o componente em que se concentra todo o esforço da máquina de
extrusão, devendo ser fabricado de aço-liga resistente ao calor.

 Os materiais usados na fabricação de êmbolos ou pistões de


extrusão e recipientes variam de acordo com o tipo de trabalho a
ser executado:
→ Trabalho a quente: aços ligados ao Cr, V, Mo, W e Ni
→ Trabalho a frio: aços ligados ao Cr, V, Mo e W
PRENSA DE EXTRUSÃO

 Equipamentos auxiliares:
→ Sistemas de corte de barras;
→ Sistemas de retrocesso do pistão;
→ Fornos para aquecimento dos tarugos ou lingotes;
→ Controle da atmosfera de aquecimento (se
necessário).

 Observação: No processo de laminação também podem


ser obtidos perfis, mas para os metais não-ferrosos, é usual
a utilização do processo de extrusão ao invés do processo
de laminação, para obtenção dos perfis de formas variadas,
apesar da limitação do comprimento do produto extrudado
obtido.
PRENSA DE EXTRUSÃO

 Vantagens do processo de extrusão quando comparado


ao processo de laminação de perfis:
→ Manutenção da temperatura de trabalho em níveis
mais constantes;
→ Pequeno contato do tarugo, ou lingote, com o meio
ambiente durante o processamento, devido a isso a
superfície do produto final é menos atacada por oxidação.

 Desvantagens do processo de extrusão quando


comparado ao processo de laminação de perfis:
→ Custo maior de aquisição de equipamento;
→ Limitação no comprimento do perfil;
→ Velocidade de trabalho menor.
FERRAMENTA DE EXTRUSÃO

 As ferramentas para extrudar (matrizes ou fieiras) podem


apresentar diversos tipos de perfis, sendo que a escolha
depende do tipo do metal a ser trabalhado e da condição de
trabalho.

 As seguintes condições devem ser observadas no


estabelecimento dos perfis das ferramentas de extrusão:
→ Propriedades do metal a ser extrudado;
→ Tolerâncias de distorção no extrudado;
→ Níveis das tensões aplicadas;
→ Contração térmica no extrudado;
→ Escoamento (deformação) do metal
pela matriz.
FERRAMENTA DE EXTRUSÃO
 As matrizes ou fieiras podem ser divididas em dois grandes grupos:
→ Matriz para perfis maciços: consiste em uma parte que forma a seção
transversal do perfil.

→ Matriz para perfis ocos: consiste de duas ou mais partes. Na primeira o metal
passa por entre aberturas de modo que ao passar pelas partes seguintes, a
combinação das deformações causadas permite a criação da seção transversal do
perfil.
FERRAMENTA DE EXTRUSÃO

 Cada material é
extrudado utilizando a
geometria adequada da
ferramenta:

a) Al puro, AlMn, AlMgSi


b) AlCuMg, AlMg, AlZnMg
c) MgAl, MgZnZr
d) PbCu, PbSb
e) CuZnPb
f) CuCd, CuSb
g) Ligas de Zn
h) Aços
i) Ligas de Ti
k) Ligas de Ni, Cr
FERRAMENTA DE EXTRUSÃO

 Um pequeno raio de concordância é colocado na entrada da


ferramenta, para evitar a quebra ou deformação da mesma em condições
elevadas de pressão, e para evitar o aparecimento de fissuras superficiais
(trincas) nos extrudados de metais duros.

 As ferramentas com ângulos de entrada de 120 a 160° são usadas


comumente na extrusão de tubos.

 Material da ferramenta: aço ligado (aços ligados ao Cr, V, Mo, W e Ni)


com a característica de manter elevada dureza em temperaturas de
trabalho que podem ultrapassar 600°C.

 Durante a vida útil das matrizes, as dimensões das mesmas devem ser
corrigidas, devido ao desgaste. Esse trabalho deve ser cuidadoso e
dependendo do material das ferramentas, estas podem ainda passar pelo
tratamento termoquímico de nitretação para haver novamente o
endurecimento superficial das mesmas.
FERRAMENTA DE EXTRUSÃO

 Tubos e barras de aço podem ser produzidos a partir do


processo de extrusão, mas isso ocorre de forma limitada pelas
dificuldades operacionais.

→ Alguns materiais tais como os aços inoxidáveis e alguns


aços-liga, exigem elevadas temperaturas e pressões de
trabalho que criam dificuldades de operação e, em
consequência, impõem, baixas velocidades de trabalho e
pequenas reduções.

→ Devido às dificuldades operacionais, como o elevado grau


de encruamento, na extrusão a frio desses materiais são
produzidas somente peças pequenas.

Vídeo 9: Extrusão de
alumínio
DEFEITOS DOS PRODUTOS EXTRUDADOS

 Entre os defeitos que podem aparecer nos produtos extrudados


tem-se:

→ Vazios internos na parte final


do extrudado: uma velocidade de
extrusão muito grande
principalmente no final do
processo, pode acentuar a
presença desse defeito (aspecto
similar ao rechupe).

→ Trincas de extrusão: de direção perpendicular à direção de


extrusão, decorrentes de defeitos no lingote ou no tarugo, ao ser
empregada uma temperatura de trabalho muito alta, associada ou
não a uma velocidade elevada de extrusão.
DEFEITOS DOS PRODUTOS EXTRUDADOS

→ Escamas superficiais: ocasionadas pela aderência de


material na superfície das ferramentas, provenientes de
desgaste ou de quebra de camadas superficiais do recipiente
de extrusão.

→ Riscos de extrusão: causados por irregularidades


superficiais na ferramenta ou por resíduos de óxidos retidos
em sua superfície.

→ Arrancamento: perda
de material da superfície
quando o material passa
rapidamente pela matriz.
DEFEITOS DOS PRODUTOS EXTRUDADOS

→ Bolhas superficiais: causadas por gases retidos na


fundição do lingote utilizado na extrusão.

Vídeo 10: Extrusão de


alumínio

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