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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

CENTRO DE TECNOLOGIA
DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA CIVIL E AMBIENTAL
COORDENAÇÃO DO CURSO DE ENGENHARIA AMBIENTAL

USO E OCUPAÇÃO EM ZONA RIPÁRIA E SUA IMPLICAÇÃO NA


QUALIDADE DO SOLO E DA ÁGUA NA LAGOA DO BOQUEIRÃO,
TOUROS-RN

ANA CLARA PEREIRA DOS SANTOS

Natal – RN
2022
ANA CLARA PEREIRA DOS SANTOS

USO E OCUPAÇÃO EM ZONA RIPÁRIA E SUA IMPLICAÇÃO NA


QUALIDADE DO SOLO E DA ÁGUA NA LAGOA DO BOQUEIRÃO,
TOUROS-RN

Trabalho de Conclusão de Curso


apresentado à Coordenação do curso de
graduação em Engenharia Ambiental da
Universidade Federal do Rio Grande do
Norte como parte integrante dos requisitos
para a obtenção do título de Engenheira
Ambiental.

Orientadora: Profa. Msc. Giulliana Karine Gabriel


Cunha.

Coorientadora: Profa. Dra. Karina Patrícia Vieira da


Cunha.

Natal – RN
2022
Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN
Sistema de Bibliotecas - SISBI
Catalogação de Publicação na Fonte. UFRN - Biblioteca Central Zila Mamede

Santos, Ana Clara Pereira dos.


Uso e ocupação em zona ripária e sua implicação na qualidade
do solo e da água na lagoa do boqueirão, Touros-RN / Ana Clara
Pereira dos Santos. - 2022.
36 f.: il.

Monografia (graduação) - Universidade Federal do Rio Grande


do Norte, Centro de Tecnologia, Curso de Engenharia Ambiental.
Natal, RN, 2022.
Orientadora: Profa. Msc. Giulliana Karine Gabriel Cunha.
Coorientadora: Profa. Dra. Karina Patrícia Vieira da Cunha.

1. Recursos Hídricos - Monografia. 2. Erosão - Monografia. 3.


Monitoramento - Monografia. 4. Vegetação Nativa - Monografia. I.
Cunha, Giulliana Karine Gabriel. II. Cunha, Karina Patrícia
Vieira da. III. Título.

RN/UF/BCZM CDU 556

Elaborado por Fernanda de Medeiros Ferreira Aquino - CRB-15/301


ANA CLARA PEREIRA DOS SANTOS

USO E OCUPAÇÃO EM ZONA RIPÁRIA E SUA IMPLICAÇÃO NA


QUALIDADE DO SOLO E DA ÁGUA NA LAGOA DO BOQUEIRÃO-RN

Trabalho de Conclusão de Curso


apresentado à Coordenação do curso de
graduação em Engenharia Ambiental da
Universidade Federal do Rio Grande do
Norte como parte integrante dos requisitos
para a obtenção do título de Engenheira
Ambiental.

BANCA EXAMINADORA:

________________________________________________________________
Prof.ª Msc. Giulliana Karine Gabriel Cunha – Orientadora (UFRN)

________________________________________________________________
Prof.ª Dr.ª Karina Patrícia Vieira da Cunha – Coorientadora (UFRN)

________________________________________________________________
Msc. Radmila Salviano Ferreira – Examinadora Interna (UFRN)

________________________________________________________________
Msc. Ingredy Nataly Fernandes de Araújo – Examinadora Externa

Universidade Federal do Rio Grande do Norte


AGRADECIMENTOS

Em primeiro lugar, a Deus, pois Ele foi essencial em todas as minhas conquistas
e superações durante todos os anos de estudo. Principalmente, por ter me dado sabedoria,
determinação, saúde e forças quando achei que não conseguiria. Além de me permitir
ultrapassar todos os obstáculos encontrados ao longo da realização deste trabalho.
Aos meus pais, pelo amor, incentivo e apoio incondicional. Especialmente, a
minha mãe Dionalva, heroína que me deu apoio e incentivo nas horas mais difíceis, de
desânimo, cansaço e aperreios. Ela que é o meu maior exemplo como mulher guerreira,
enfrentou todos os obstáculos possíveis por mim, da mesma forma que me ensinou a sorrir
e ter fé mesmo em momentos de dor. Agradeço também a minha família do coração,
madrinha Jaira, Clodoaldo, Mauro e Marcelo, que sempre estiveram ao meu lado.
Aos meus tios, Dionaldo e Junior (in memoriam), que me ensinaram a ter valores
e ser a pessoa que sou hoje. Sei que, mesmo de longe, vocês participaram de cada segundo
nesta jornada. Amo vocês mais que tudo nesta vida.
Aos componentes do LabSolo que colaboraram com as coletas e análises da
pesquisa, em especial, Sofia Luiza Inacio da Silva, além de me ajudar, criamos um laço
de amizade e companheirismo, fazendo os meus dias de trabalho mais leves e alegres. E
obrigada, Davi de Macedo Sidrim, por todas as gordices, contribuindo para a motivação
da realização dos nossos TCC’s.
À técnica do laboratório de solos, Radmila Salviano, por toda paciência e
disponibilidade.
As minhas orientadoras, professoras e amigas, Karina Patrícia Vieira da Cunha e
Giulliana Karine Gabriel Cunha, por terem desempenhado tal função com dedicação e
amizade. Vocês nunca perderam a confiança no meu trabalho e sabiam o que fazer para
me impedir de escorregar durante os momentos mais desafiadores.
Ao meu grupinho incrível, Dallyane, Carlinhos, Nadja e Arthur, com quem
convivi intensamente durante os últimos anos na engenharia, pelo companheirismo e pela
troca de experiências que me permitiram crescer não só como pessoa, mas também como
formando. Obrigada por fazerem o ambiente acadêmico mais leve, vocês foram
fundamentais para minha formação. Também agradeço a Fernanda Monicelli, que sempre
nos ajudou com sua vasta experiência desde o início da mentoria do trabalho de
Limnologia.
Ao Instituto de Gestão das Águas do Estado do Rio Grande do Norte (IGARN),
que me concedeu a chance de fazer o estágio supervisionado e assim conhecer um pouco
mais da minha área de formação. Obrigada por confiarem em mim e nos conhecimentos
que adquiri durante a faculdade.
Deixo aqui a minha gratidão ao Professor Antonio Marozzi Righetto (in
memoriam), grande mentor, que acompanhou de perto a minha trajetória no órgão. E aos
amigos do Setor de Outorgas e Licenças, pela companhia e incentivo que me deram
durante esses dois anos.
Aos meus amigos da vida, agradeço pelos inúmeros conselhos, frases de
motivação e puxões de orelha. As risadas que vocês compartilharam comigo nessa etapa
tão desafiadora da vida acadêmica, também fizeram toda a diferença. Minha eterna
gratidão. Esse TCC também é de vocês!
Por fim e não menos importante, agradeço a Lili, pelo carinho, afeto, dedicação e
cuidado que tem comigo durante todos esses anos. Além de ser capaz de suportar todos
os meus momentos de estresse durante o processo. Gratidão infinita.
“Deixe o mundo um pouco melhor do que encontrou.”
― Robert Baden-Powell.
RESUMO

As zonas ripárias são áreas de interferência hídrica, ou seja, regiões de conservação e


preservação da microbacia que está inserida. Garantem o funcionamento em equilíbrio de
todos os sistemas (fauna, flora e recurso hídrico) e reduzem a entrada de poluentes nos
corpos hídricos. O uso e ocupação desses espaços podem reduzir a qualidade do solo,
como por exemplo, aumentar a vulnerabilidade à erosão, devido ao escoamento
superficial de nutrientes existentes no solo para o corpo hídrico. Com isso, o objetivo
deste trabalho foi compreender a influência do uso e ocupação do solo em uma zona
ripária, nos atributos físicos e químicos do solo e na qualidade da água, de modo a
identificar indicadores dos processos de degradação ambiental decorrentes da ocupação
do solo ripário da Lagoa do Boqueirão no município de Touros/RN. Para o levantamento
dos dados foram coletadas amostras de solo em diferentes classes de uso e em seguida,
realizadas análises dos atributos: granulometria, densidade de solo, densidade de
partículas, porosidade total, pH, condutividade elétrica, matéria orgânica e fósforo
disponível. Em relação a Lagoa, foram utilizados os dados de monitoramento do IGARN
(Instituto de Gestão das Águas do Estado do Rio Grande do Norte) através das análises
dos atributos: pH, oxigênio dissolvido (OD), turbidez, fósforo total, sólido total,
nitrogênio amoniacal, Escherichia Coli, clorofila-a, condutividade, sólidos dissolvidos
totais, sólidos em suspensão totais, alcalinidade total e fitoplâncton - quantitativo. A
avaliação dos dados obtidos foi feita a partir da Correlação de Pearson e PCA - Análise
de Componentes Principais. A classe predominante na zona ripária da Lagoa do
Boqueirão é a vegetação nativa (68,92%) e em seguida, tem-se o solo exposto (24,90%).
Em virtude dessa mudança de paisagem para os usos antrópicos, houve uma redução da
qualidade de solo devido a compactação do solo e a erosão, além do aporte excessivo de
nutrientes. À vista disso, pode-se aumentar a capacidade de comprometer a qualidade de
água do corpo hídrico. A compactação do solo nas áreas de solos expostos está
relacionada ao pisoteio do gado, enquanto as perdas das partículas mais finas nas regiões
de agricultura e solo exposto, estão associadas aos processos erosivos. Ou seja, os
atributos físicos e químicos selecionados foram eficientes como indicadores de qualidade
do solo e de água, além da distinção de ambientes antrópicos e naturais.

Palavras-chave: Recursos hídricos; Erosão; Monitoramento; Vegetação Nativa.


ABSTRACT

The riparian zones are areas of water interference, that is, regions of conservation and
preservation of the watershed in which it is inserted. They ensure the balanced operation
of all systems (fauna, flora and water resources) and reduce the entry of pollutants into
water bodies. The use and occupation of these spaces can reduce soil quality, for example,
increase vulnerability to erosion, due to the surface runoff of existing nutrients in the soil
to the water body. Thus, the objective of this work was to understand the influence of
land use and occupation in a riparian zone, on the physical and chemical attributes of the
soil and on water quality, in order to identify indicators of the processes of environmental
degradation resulting from soil occupation riparian zone of Lagoa of Boqueirao in the
municipality of Touros/RN. For data collection, soil samples were collected in different
classes of use and then analyzes of the attributes were carried out: granulometry, soil
density, particle density, total porosity, pH, electrical conductivity, organic matter and
available phosphorus were performed. In relation to Lagoa, monitoring data from IGARN
(Rio Grande do Norte State Water Management Institute) were used through the analysis
of the attributes: pH, dissolved oxygen (DO), turbidity, total phosphorus, total solid,
ammonia nitrogen, Escherichia Coli, chlorophyll-a, conductivity, total dissolved solids,
total suspended solids, total alkalinity and phytoplankton - quantitative. The evaluation
of the obtained data was made from the Pearson Correlation and PCA - Principal
Component Analysis. The predominant class in the riparian zone of Lagoa do Boqueirão
is native vegetation (68,92%) followed by exposed soil (24,90%). As a result of this
change in the landscape towards anthropic uses, there was a reduction in soil quality due
to soil compaction and erosion, in addition to the excessive supply of nutrients. In view
of this, the ability to compromise the water quality of the water body can be increased.
Soil compaction in areas with exposed soils is related to cattle trampling, while losses of
finer particles in areas of agriculture and exposed soil are associated with erosive
processes. In other words, the physical and chemical attributes selected were efficient as
indicators of soil and water quality, in addition to distinguishing anthropic and natural
environments.

Keywords: Water Resources; Erosion; Monitoring; Native Vegetation.


LISTA DE FIGURAS

Figura 1 – Localização da zona ripária da Lagoa do Boqueirão situada no município de


Touros, Rio Grande do Norte. ........................................................................................ 16
Figura 2 – Uso e Ocupação do solo da zona ripária da Lagoa do Boqueirão situada no
município de Touros, Rio Grande do Norte. .................................................................. 20
Figura 3 – Diagrama dos valores dos Coeficientes da Correlação Pearson entre os dados
de solo da vegetação nativa com os de usos antrópicos. Na matriz, os círculos escuros
representam valores máximos, enquanto os claros representam valores mínimos para cada
propriedade (colunas) nos locais de amostragem (linhas). Além de que, o vermelho se
relaciona aos valores negativos e os azuis, relações positivas. ...................................... 23
Figura 4 – Análise de Componentes Principais (ACP) dos atributos físicos e químicos do
solo sob diferentes usos de ocupação do solo da Lagoa do Boqueirão. Atributos do Solo:
Ds = Densidade do Solo; Dp = Densidade de Partículas; MO = Matéria Orgânica; P =
Fósforo Disponível; CE = Condutividade Elétrica; PT = Porosidade Total. ................. 25
Figura 5 – Fluxograma do Gradiente de Degradação. .................................................... 28
Figura 6 – Fluxograma do Gradiente de Degradação com e sem Vegetação Nativa. .... 30
LISTA DE QUADROS

Quadro 1 – Metodologia utilizada para determinação dos atributos físicos e químicos em


amostras de solo da zona ripária da Lagoa do Boqueirão, localizada em Touros/RN.
.........................................................................................................................................18
Quadro 2 – Metodologia utilizada para determinação das variáveis limnológicas
utilizadas para a avaliação da qualidade da água. .......................................................... 19
Quadro 3 – Área e porcentagem dos usos e ocupação do solo na zona ripária da Lagoa do
Boqueirão, localizada em Touros- RN. .......................................................................... 20
Quadro 4 – Médias dos atributos físicos e químicos do solo sob diferentes uso e ocupação
do solo da zona ripária da Lagoa do Boqueirão – Touros/RN. Atributos: Méd = Média;
DP = Desvio Padrão; Mín = Mínimo; Máx = Máximo. ................................................. 22
Quadro 5 – Dados Limnológicos da Lagoa do Boqueirão monitorados pelo Instituto de
Gestão das Águas do Estado do Rio Grande do Norte (IGARN) no período de 2018 a
2022. ............................................................................................................................... 26
LISTA DE SIGLAS

ACP Análise de Componentes Principais


APHA American Public Health Association
APP Áreas de Preservação Permanente
IET Índice de Estado Trófico
IGARN Instituto de Gestão das Águas do Estado do Rio Grande do Norte
OD Oxigênio dissolvido
TFSE Terra fina seca em estufa
SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ..........................................................................................................14

2 MATERIAIS E MÉTODOS ......................................................................................16

2.1 Área de estudo ...................................................................................................... 16

2.2 Delimitação e classificação das zonas ripárias ..................................................... 17

2.3 Coleta do solo e análises dos atributos físicos e químicos ................................... 17

2.4 Qualidade da água ................................................................................................ 18

2.5 Análises estatísticas dos dados ............................................................................. 19

3 RESULTADOS ...........................................................................................................20

3.1 Uso e ocupação do solo das zonas ripárias ........................................................... 20

3.2 Qualidade do solo ................................................................................................. 21

3.3 Qualidade da água ................................................................................................ 25

4 DISCUSSÕES .............................................................................................................28

5 CONCLUSÃO.............................................................................................................31

REFERÊNCIAS ............................................................................................................32

APÊNDICE - A ..............................................................................................................36
14

1 INTRODUÇÃO

A ocupação antrópica com base na exploração dos recursos naturais modifica a


paisagem, altera o fluxo natural dos sistemas ambientais e causa alterações nos
ecossistemas, diminuindo a qualidade ambiental e intensificando os processos de
degradação ambiental. O solo degradado deixa de agir como filtro de contaminantes e
pode passar a ser fonte de poluição difusa de corpos hídricos (CUNHA, 2021).
Zonas ripárias são áreas vistas ao longo das margens dos corpos aquáticos e nas
cabeceiras da rede de drenagem, que prestam serviços ecossistêmicos, para a manutenção
da saúde ambiental, dos leitos dos rios, proteção das nascentes, conservação do solo
contra erosão, e atuam como filtro natural de sedimentos e nutrientes e estabilizam o solo
nas margens (ATTANASIO et al., 2012).
No Brasil, as zonas ripárias são consideradas Áreas de Preservação Permanente
(APP) (BRASIL, 2012). Como existe poucos que considerem o monitoramento e o
manejo adequado dessas áreas, ocorre uma ocupação desordenada, o que resulta na
ampliação das atividades antrópicas nestas zonas, e por consequência, a extensão da
degradação ambiental (CUNHA et al., 2021; OLIVEIRA et al., 2021). A proteção e
manutenção das zonas ripárias são de extrema importância, pois visam a continuidade das
suas funções ecossistêmicas (ATTANASIO et al., 2012).
As consequências da degradação de zonas ripárias não se restringem ao solo. As
atividades antrópicas aceleram os processos erosivos naturais, intensificando e
favorecendo o transporte de sedimentos e nutrientes particulados e solúveis que podem
alcançar outras partes da bacia hidrográfica, como os ecossistemas aquáticos (BRITO,
BRAGA, NASCIMENTO, 2010; KAISER, OSTO, FACCO, 2017). Dessa forma, o solo
ripário passa a atuar como fonte de poluição difusa para os corpos hídricos, aumentando
os riscos de assoreamento e eutrofização (SODRÉ, 2012).
O potencial de o solo ripário atuar como fonte de contaminantes para os corpos
hídricos tem sido investigada em diversas regiões do mundo evidenciando uma relação
negativa entre densidade de ocupação antrópica e qualidade da água. Na Lagoa de
Boqueirão foi verificado que há degradação por erosão em áreas desnudas e incremento
de nutrientes em áreas agrícolas, facilitando os transportes de sedimentos e nutrientes para
o corpo aquático (MELO, 2019), ressaltando a importância de se manter o monitoramento
da qualidade do solo nessa área.
15

Diante do exposto, o objetivo deste trabalho é estudar e compreender a influência


do uso e ocupação de solo da zona ripária da Lagoa do Boqueirão, localizada no
município de Touros/RN, nos atributos físicos e químicos do solo e na qualidade da água,
servindo como base para a implementação de estratégias de manejo sustentável nesse
ecossistema.
16

2 MATERIAIS E MÉTODOS

2.1 ÁREA DE ESTUDO

O estudo foi realizado na Lagoa do Boqueirão, localizada no município de Touros


no estado do Rio Grande do Norte (Latitude: 5°13'32" S e Longitude: 35°31'45" O) e com
uma área de 3,72 km2 (Figura 1). A Lagoa de Boqueirão apresenta uma cota mínima de
8,78 m, máxima de 10,78 m, volume mínimo de 6.971.440 m³ e máximo de 11.074.800
m³ (SEMARH, 2022). A lagoa está localizada na bacia hidrográfica do Boqueirão
(SEMARH, 2022) e o seu bioma é a Mata Atlântica (SOS MATA ATLÂNTICA, 2022).

Figura 1 – Localização da zona ripária da Lagoa do Boqueirão situada no município de


Touros, Rio Grande do Norte.

Fonte: Elaborado pelo autor, 2022.

O clima, considerando a classificação climática Kõpper, é do tipo As’, isto é, um


clima tropical chuvoso com verão seco e estação chuvosa (ALVARES et al., 2013). As
precipitações médias anuais em Touros variam de 1.100 mm, na foz, para 600 mm, nas
cabeceiras (IGARN, 2022). E a classe de solo encontrada na totalidade da zona ripária
desta área é o Latossolo Amarelo Distrófico (IBGE, 2021).
17

A pluviometria mensal é definida por índices pluviométricos que variam de 4 mm


a 158 mm mensais, através do posto TELEPLU - TOUROS localizado na latitude
5°11’24” S e longitude 35°27’57.96” W (EMPARN, 2022).

2.2 DELIMITAÇÃO E CLASSIFICAÇÃO DAS ZONAS RIPÁRIAS

Segundo o Código Florestal Brasileiro e a Lei que dispõe sobre a Preservação da


Vegetação Nativa, delimita-se uma faixa máxima de Área de Preservação Permanente
(APP) de 100 m no entorno de áreas rurais (BRASIL, 2012). Essa delimitação foi feita
através de um buffer com o auxílio dos softwares ArcGis (versão 10.5) e Google Earth
Pro.
Para a identificação, além da visita ao campo, obteve-se o auxílio do programa
Google Earth Pro para ajudar na confirmação dos tipos de uso e ocupação existentes nessa
zona ripária.
Na delimitação de cada área da zona ripária foram realizadas vetorizações de
forma manual, a partir da criação de polígonos do tipo shapefile para cada tipo de uso.
Como também, foi utilizado o próprio mapa base do ArcGis, já que as imagens
encontradas do satélite Sentinel-2 não estavam de boa qualidade.
As classes de uso e ocupação do solo que foram utilizadas na classificação são:
água (corpo hídrico), vegetação nativa (áreas com cobertura vegetal típica do bioma
daquela região), agricultura (áreas que são ocupadas por atividades agrícolas) e solo
exposto (áreas sem cobertura vegetal e de pecuária).

2.3 COLETA DO SOLO E ANÁLISES DOS ATRIBUTOS FÍSICOS E QUÍMICOS

Para caracterização do solo, em 3 de junho de 2022, foram coletadas amostras de


solo em diferentes classes de uso: vegetação nativa e usos antrópicos (agricultura e solo
exposto). Pontos de vegetação natural foram considerados como área de referência de
qualidade para fins de comparação com as demais áreas. As amostras compostas foram
formadas pela mistura de cinco amostras simples coletadas na profundidade de 0-20 cm,
para cada ponto foram realizadas três repetições, coletadas de forma aleatória.
Essas parcelas amostrais foram acondicionadas em sacos plásticos, etiquetadas,
lacradas e mantidas em temperatura ambiente até serem levadas ao laboratório. Para
alcançar a terra fina seca em estufa (TFSE), a amostra foi seca, destorroada e passada por
uma peneira com malha de 2 mm.
18

Os atributos físicos e químicos do solo foram examinados de acordo com os


métodos de análise de solo sugeridos por Teixeira et al. (2017), como mostrado no
Quadro 1.

Quadro 1 – Metodologia utilizada para determinação dos atributos físicos e químicos


em amostras de solo da zona ripária da Lagoa do Boqueirão, localizada em Touros/RN.
Atributo do solo Método utilizado
Granulometria Método da Pipeta
Densidade do Solo (Ds) Método da Proveta
Densidade de Partículas (Dp) Método do Balão Volumétrico
Porosidade Total (PT) Relação entre Dp e Ds
pH pH em água 1:2,5
Condutividade Elétrica (CE) Em água 1:2,5
Matéria Orgânica (MO) Oxidação com Dicromato de Potássio em
Meio Sulfúrico
Fósforo Disponível (P) Colorimetria após extração com extrator
Mehlich -1
Fonte: Teixeira et al., 2017.

2.4 QUALIDADE DA ÁGUA

Os dados das variáveis limnológicas da Lagoa do Boqueirão, no período de 2018


a 2022, foram obtidas através do banco de dados do setor de monitoramento ambiental
do Instituto de Gestão das Águas do Estado do Rio Grande do Norte (IGARN). As
variáveis limnológicas consideradas para a avaliação da qualidade da água foram: pH,
oxigênio dissolvido (OD), turbidez, fósforo total, sólido total, nitrogênio amoniacal,
Escherichia Coli, clorofila-a, condutividade, sólidos dissolvidos totais, sólidos em
suspensão totais, alcalinidade total e fitoplâncton - quantitativo.
As variáveis limnológicas foram analisadas com base nas metodologias da
American Public Health Association (APHA) e do Standard Methods for the examination
of Water and Wastewater, 22th Edition, como estão descritas no Quadro 2.
19

Quadro 2 – Metodologia utilizada para determinação das variáveis limnológicas


utilizadas para a avaliação da qualidade da água.
Variável Limnológica Método utilizado
pH SM 4500 H+P
Fósforo Total SM 4500 - P A/E
Sólidos Totais SM 2540 B
Nitrogênio Amoniacal SM 4500 𝑁𝐻3 E
Escherichia Coli SM 9223 B
Clorofila “A” SM 10200
Sólidos Dissolvidos Totais SM 2540
Sólidos em Suspensão SM 2540 D
Alcalinidade Total SM 2320 B
Fonte: IGARN, 2022.

2.5 ANÁLISES ESTATÍSTICAS DOS DADOS

Os dados obtidos foram submetidos a correlação linear de Pearson e a Análise de


Componentes Principais (ACP) realizadas no GraphPad e PCORD, mas os dados de
qualidade de água não foram submetidos a essas análises devido à ausência de uma base
de dados sem lacunas.
Essas análises têm como objetivo quantificar e identificar como os diferentes usos
antrópicos influenciam na qualidade do solo e da água, da zona ripária da Lagoa do
Boqueirão.
20

3 RESULTADOS

3.1 USO E OCUPAÇÃO DO SOLO DAS ZONAS RIPÁRIAS

As classes de uso e ocupação do solo encontradas na zona ripária da Lagoa de


Boqueirão foram: vegetação nativa, solo exposto, agricultura e água (Figura 2 e Quadro
3).

Figura 2 – Uso e Ocupação do solo da zona ripária da Lagoa do Boqueirão situada no


município de Touros, Rio Grande do Norte.

Fonte: Elaborado pelo autor, 2022.

Quadro 3 – Área e porcentagem dos usos e ocupação do solo na zona ripária da Lagoa
do Boqueirão, localizada em Touros- RN.
Classes de Uso km² %
Vegetação Nativa 1,086387 68,92
Agricultura 0,097438 6,18
Solo Exposto 0,392501 24,90
Fonte: Elaborado pelo autor, 2022.
21

3.2 QUALIDADE DO SOLO

Os menores teores de areia foram encontrados nas parcelas de vegetação nativa,


(556,97 g kg-1). À vista disso, nos usos antrópicos, verificou-se que houve um acúmulo
de areia (Quadro 4 e Apêndice 1). Houve diminuição dos valores médios de argila e silte
nos usos antrópicos, quando comparados com a área de vegetação natural.
Como previsto, a densidade de solo dos usos antrópicos (solo exposto – 1,35 g
cm-3 e agricultura – 1,28 g cm-3) foram superiores que o de vegetação nativa (1,06 g cm-
3
). Além de que, a vegetação natural apresentou um menor valor médio de porosidade
total.
O maior valor médio de densidade de partículas foi encontrado no solo exposto, e
o menor valor médio na vegetação nativa. A alteração da vegetação nativa do solo para
os usos antrópicos, ocasionou o aumento do pH na agricultura (7,51) e no solo exposto
(7,69). Houve incremento dos teores médios de fósforo disponível na agricultura,
enquanto no solo exposto houve redução (Quadro 4). A matéria orgânica, foi menor no
solo exposto (3,06 g kg-1) e maior na vegetação nativa (5,18 g kg-1).
22

Quadro 4 – Médias dos atributos físicos e químicos do solo sob diferentes uso e ocupação do solo da zona ripária da Lagoa do Boqueirão –
Touros/RN. Atributos: Méd = Média; DP = Desvio Padrão; Mín = Mínimo; Máx = Máximo.
Vegetação Natural Solo Exposto Agricultura
Variáveis
Méd DP Mín Máx Méd DP Mín Máx Méd DP Mín Máx
Areia (g kg-1) 556,97 52,90 490,30 619,70 736,83 153,34 571,02 894,01 706,36 127,21 519,77 898,34
Silte (g kg-1) 148,83 36,01 108,00 195,60 82,34 63,90 4,43 161,28 116,09 54,58 6,16 188,82
Argila (g kg-1) 294,20 17,12 272,30 314,10 202,15 72,80 118,40 281,40 177,55 86,06 63,40 319,20
Densidade do Solo (g cm-3) 1,06 0,10 0,94 1,18 1,35 0,08 1,26 1,45 1,28 0,22 0,95 1,57
Densidade de Partículas (g cm-3) 2,54 0,07 2,46 2,62 2,57 0,16 2,40 2,86 2,49 0,23 2,13 3,08
Porosidade (%) 58,26 2,79 54,96 61,79 46,90 2,32 42,63 49,40 48,77 6,88 35,83 58,77
pH 6,47 0,12 6,30 6,57 7,51 0,15 7,34 7,69 7,45 0,47 6,90 8,22
Condutividade Elétrica (µs cm-1) 266,87 71,87 165,60 325,00 84,62 4,36 78,70 92,80 211,31 171,84 29,20 561,00
Matéria Orgânica (g kg-1) 5,18 0,20 4,96 5,44 3,06 1,35 2,15 5,99 5,06 3,60 0,29 10,79
Fósforo Disponível (mg kg-1) 2,53 0,32 2,10 2,87 1,00 0,09 0,83 1,11 3,83 4,57 0,39 13,66
Fonte: Elaborado pelo autor, 2022.
23

A correlação de Pearson (Figura 3) foi realizada com as parcelas amostrais dos


usos antrópicos, teve correlação de areia negativamente com o silte (r=-0,887, p<0,05),
argila (r=-0,916, p<0,05), porosidade total (r=-0,460, p<0,05), pH (r=-0,501, p<0,05) e
matéria orgânica (r=-0,579, p<0,05), mas positivamente com a densidade do solo
(r=0,589, p<0,05) e de partículas (r=0,445, p<0,05).
O silte ficou correlacionado positivamente com a argila (r=0,648, p<0,05) e
matéria orgânica (r=0,533, p<0,05), mas negativamente com a densidade do solo (r=-
0,491, p<0,05). A argila ficou correlacionada positivamente com a porosidade total
(r=0,444) e negativamente com a densidade do solo (r=-0,572, p<0,05).
Na densidade de partículas (r=0,601, p<0,05) a correlação foi positiva, isto é, que
as variáveis estão diretamente correlacionadas. Já a porosidade total (r=-0,864, p<0,05),
pH (r=-0,919, p<0,05), condutividade elétrica (r=-0,590, p<0,05), matéria orgânica (r=-
0,954, p<0,05) e fósforo (r=-0,579, p<0,05) foram negativamente, isto é, que as variáveis
são inversamente relacionadas.
O pH com a matéria orgânica também tiveram uma correlação positiva de r=0,860,
p<0,05. Além disso, a condutividade elétrica também teve uma correlação positiva com
o fósforo (r=0,967, p<0,05).

Figura 3 – Diagrama dos valores dos Coeficientes da Correlação Pearson entre os dados
de solo da vegetação nativa com os de usos antrópicos. Na matriz, os círculos escuros
representam valores máximos, enquanto os claros representam valores mínimos para
cada propriedade (colunas) nos locais de amostragem (linhas). Além de que, o vermelho
se relaciona aos valores negativos e os azuis, relações positivas.

Fonte: Elaborado pelo autor, 2022.


24

A Análise de Componentes Principais (Figura 4) explicou 76,82% da


variabilidade dos dados nos dois primeiros eixos (PC1= 47,78%, PC2=29,04%). Os
atributos mais importantes na ordenação do eixo 1 foram: densidade do solo (0,9414),
densidade de partículas (0,5216), porosidade total (-0,8563, eixo negativo), condutividade
elétrica (-0,8664, eixo negativo), matéria orgânica (-0,9618, eixo negativo) e fósforo (-
0,8433, eixo negativo). Em relação ao eixo 2, foram: areia (0,8213), silte (0,6692), argila
(0,9242) e pH (0,7879).
O eixo 2 segregou os usos antrópicos (solo exposto e agricultura) da vegetação
nativa. No lado positivo do eixo 2 ficaram as unidades amostrais da agricultura e do solo
exposto relacionadas com areia, argila, silte e pH. No lado negativo do eixo 2 ficaram as
unidades amostrais da vegetação nativa, relacionadas com a porosidade total,
condutividade elétrica, fósforo e densidade de partículas.
O eixo 1 separou as parcelas amostrais de usos antrópicos entre si pela ocorrência
da degradação física e química. A maioria das parcelas amostrais da agricultura, além da
vegetação nativa, foram ordenadas no eixo negativo e estão correlacionando aos maiores
teores de matéria orgânica, silte, pH e argila e menores teores de densidade do solo e da
densidade de partículas. Enquanto isso, grande parte das parcelas amostrais de solo
exposto foram ordenados no eixo 1 positivo e estão associados aos maiores incrementos
de densidade do solo e densidade de partículas. Apenas uma parcela de solo exposto ficou
no eixo 1 negativo, pois esse solo era numa área de restaurante.
25

Figura 4 – Análise de Componentes Principais (ACP) dos atributos físicos e químicos


do solo sob diferentes usos de ocupação do solo da Lagoa do Boqueirão. Atributos do
Solo: Ds = Densidade do Solo; Dp = Densidade de Partículas; MO = Matéria Orgânica;
P = Fósforo Disponível; CE = Condutividade Elétrica; PT = Porosidade Total.

Fonte: Elaborado pelo autor, 2022.

3.3 QUALIDADE DA ÁGUA

As variáveis limnológicas que apresentaram maiores valores foram: sólidos totais


(408,72 mg L-1), sólidos dissolvidos totais (401,39 mg L-1), condutividade elétrica
(709,47 µS cm-1) e fitoplâncton (13469,00 células/100mL) (Quadro 5).
26

Quadro 5 – Dados Limnológicos da Lagoa do Boqueirão monitorados pelo Instituto de


Gestão das Águas do Estado do Rio Grande do Norte (IGARN) no período de 2018 a
2022.
Variáveis limnológicas Média Desvio Padrão Mínimo Máximo
pH 7,72 0,43 7,10 8,20
OD (mg L-1) 7,91 0,24 7,58 8,27
Turbidez (NTU) 2,06 1,50 0,36 5,28
Fósforo Total (mg L-1 de P) 0,05 0,08 0,00 0,26
Sólidos Totais (mg L-1) 408,72 71,50 245,20 496,00
Sólidos Dissolvidos Totais (mg L-1) 401,39 71,79 236,20 491,00
Sólidos em Suspensão Totais (mg L-1) 7,29 4,51 1,00 18,50
Nitrogênio Amoniacal (mg L-1 de NH3) 0,24 0,16 0,00 0,56
Escherichia Ecoli (NMP/100 mL) 15,52 16,21 1,00 50,40
Clorofila a (µg L-1) 1,28 1,11 0,00 3,50
Condutividade Elétrica (µS cm-1) 709,47 77,84 578,00 828,70
Alcalinidade total (mg L-1 CaCO3) 41,29 26,50 0,00 68,15
Fitoplâncton – Quantitativo (células/100mL) 13469,00 16821,36 0,00 44600,00
Fonte: Elaborado pelo autor, 2022.

Com a finalidade de classificar e avaliar a qualidade de água do corpo hídrico em


questão, foi calculado o Índice de Estado Trófico (IET) que avalia a qualidade da água
quanto ao enriquecimento por nutrientes e seu efeito relacionado ao crescimento
excessivo do fitoplâncton (CETESB, 2013).
A classificação de estado trófico abordada no trabalho foi baseada nos valores de
concentrações de fósforo total (PT) e clorofila-a (CHL-a) para categorizar o estado trófico
do reservatório (CETESB, 2013).
Para reservatórios, as fórmulas são:

IET (CL) = 10x(6-((0,92-0,34x(ln CL))/ln 2))


IET (PT) = 10x(6-(1,77-0,42x(ln PT)/ln 2))
IET = [ IET ( PT ) + IET ( CL) ] / 2
Onde:
PT: concentração de fósforo total medida à superfície da água, em µg.L-1;
CL: concentração de clorofila a medida à superfície da água, em µg.L-1;
ln: logaritmo natural.

Sendo assim, após os cálculos, o Índice de Estado Trófico da Lagoa do Boqueirão


de Touros/RN resultou em 38,08. Segundo Lamparelli (2004) e a CETESB (2007),
valores de IET menor que 47 são classificados como Ultraoligotrófico, que são corpos
27

d’água limpos, de produtividade muito baixa e concentrações insignificantes de nutrientes


que não acarretam prejuízos aos usos da água.
28

4 DISCUSSÕES

O uso e ocupação solo através dos usos antrópicos na zona ripária da Lagoa do
Boqueirão além de transformarem o ambiente, podem alterar as características dos solos,
evidenciando a degradação do solo. Nossos resultados evidenciaram um gradiente de
degradação do solo, no qual os principais processos de degradação causados pelos usos
antrópicos seguiram uma sequência: compactação, erosão e incremento de nutrientes
(Figura 5).

Figura 5 – Fluxograma do Gradiente de Degradação.

Fonte: Elaborado pelo autor, 2022.

O aumento da densidade de solo em conjunto a redução da porosidade total nos


solos dos usos antrópicos está associado à compactação do solo. Nas áreas de solos
exposto a compactação está bem relacionada com pisoteio do gado (EMBRAPA, 2009),
e com as áreas impermeáveis da urbanização. A compactação afeta o crescimento das
raízes, além da aeração do solo, retenção de água, inclusive, aumentando a
susceptibilidade do solo à erosão (SÁ, JUNIOR, 2005).
A perda de partículas finas, como argila e silte, em conjunto com o aumento dos
teores de areia, dá indícios de erosão, nas áreas de usos antrópicos em comparação com
a área de qualidade ambiental (vegetação nativa). A intensificação de processos erosivos
facilita o transporte de sedimentos e nutrientes para os ecossistemas aquáticos (NETO,
2018), causando processos como assoreamento, além de gerar de instabilidade nas
margens do corpo hídrico (BING et al., 2013; VALLE JUNIOR et al., 2014; MENESES
et al.,2015).
Além disso, o assoreamento de corpos hídricos é causado pelo carreamento de
partículas sólidas, aumentando o aporte de sedimentos nos corpos d'água e assim
29

reduzindo a capacidade de armazenamento do volume de água, aumentando a frequência


de inundações nas regiões ribeirinhas (MOURI, TAKIZAWA, OKI, 2011).
Na agricultura o fósforo disponível obteve um maior valor médio, isso pode ser
devido ao uso de fertilizantes para a melhoria do cultivo (HAGYÓ, 2018). O aumento da
disponibilidade de nutrientes do solo, em conjunto com a aceleração da erosão, e
transporte de sedimentos com nutrientes, auxilia na intensificação da eutrofização de
corpos aquáticos, transformando-o esse processo em um perigo para o meio ambiente
(HAN et al., 2021). Os solos arenosos, ou que sofreram erosão provavelmente reterão
menos fósforo do que solos com presença de argila, isso se dá pelo fato dos solos argilosos
apresentarem cargas negativas, que fazem com apresente maior resiliência ambiental.
Com as alterações das superfícies devido aos usos antrópicos, origina-se a
impermeabilização do solo, diminuindo a infiltração e aumentando o escoamento
superficial (TARGA et al., 2012). Sendo assim, carreando os nutrientes, matéria orgânica
e contaminantes que foram adsorvidos aos coloides de solo durante o uso da agricultura
e pecuária (por causa das excretas dos animais, que aumentam a fertilidade do solo),
alcancem os corpos hídricos.
Os estudos mostraram que a qualidade da água da Lagoa do Boqueirão levando
em consideração os cálculos do Índice de Estado Trófico é caracterizada como
Ultraoligotrófico. Apesar dessa definição, deve-se ter um manejo adequado com a Lagoa,
pois com a redução da vegetação nativa, o uso excessivo do recurso hídrico e o
crescimento abundante das atividades antrópicas, com o passar dos anos a Lagoa pode ir
sofrendo algumas alterações na sua qualidade, como ocorreu com o aumento da clorofila
e sólidos totais.
Os valores de pH, condutividade elétrica e sólidos dissolvidos totais na Lagoa de
Boqueirão indicam presença de sais, que podem estar relacionadas com o uso de
fertilizantes da agricultura, como também a irrigação dessas áreas (REICHERT,
SUZUKI, REINERT, 2007). Além disso as áreas de solo exposto podem contribuir para
salinização da água a partir da urbanização, com áreas de escoamento superficial.
Em síntese, a qualidade do solo é reduzida quando se tem a conversão do ambiente
natural para os usos antrópicos, acontecendo tanto degradação física como química,
porém, esses usos antrópicos eles representam um percentual de ocupação da zona ripária
menor do que o uso que mantém a qualidade, que é a vegetação nativa. Em razão disso,
com a presença de mata ciliar, têm-se como resultado a manutenção da qualidade da água
devido ao seu papel de proteção. Além de que, caso não haja monitoramento e/ou mude
30

o uso e ocupação dessa região, pode ocorrer as degradações do lado direito do fluxograma
(Figura 6).

Figura 6 – Fluxograma do Gradiente de Degradação com e sem Vegetação Nativa.

Fonte: Elaborado pelo autor, 2022.

Dessa forma, o uso e ocupação, dados sobre a qualidade da água e do solo podem
fornecer uma base científica para redução da erosão, compactação e do incremento de
nutrientes, servindo como apoio para o gerenciamento de bacias hidrográficas, auxiliando
nas tomadas de decisão.
31

5 CONCLUSÃO

• A classe de uso e ocupação que prevalece na zona ripária da Lagoa do Boqueirão


é a vegetação nativa, que atua na manutenção da qualidade da água;
• O solo exposto e a agricultura estão associadas aos processos erosivos e não
tiveram uma atuação homogênea;
• Futuramente, a agricultura pode agir como fonte difusa de fósforo para o corpo
hídrico, caso não tenha uma gestão adequada;
• As atividades antrópicas degradaram a qualidade solo, através das mudanças de
alguns indicadores, como os teores de areia, silte e argila, da mesma forma que, o
pH, matéria orgânica e fósforo disponível. Essas alterações dos atributos físicos e
químicos, dos solos da zona ripária da Lagoa do Boqueirão, podem diminuir a
qualidade da sua água no futuro;
• É indispensável que os procedimentos de recuperação dessas zonas ripárias sejam
executadas de acordo com as características daquela região.
32

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36

APÊNDICE - A

Apêndice 1 – Média dos atributos físicos e químicos dos solos rurais estudados.
Atributos: Ds = Densidade do Solo; Dp = Densidade de Partículas; PT = Porosidade Total;
CE = Condutividade Elétrica; MO = Matéria Orgânica; P = Fósforo Disponível, Méd =
Média; DP = Desvio Padrão, Mín = Mínimo; Máx = Máximo.

pH
Areia Silte Argila Ds Dp PT CE MO P
Área H2O
Solos µs cm-
Rurais g kg-1 g cm-3 % 1
g kg-1 mg kg-1
1 490,30 195,60 314,10 0,94 2,46 61,79 6,30 325,00 5,14 2,87
2 619,70 108,00 272,30 1,07 2,55 58,04 6,55 310,00 5,44 2,63
3 560,90 142,90 296,20 1,18 2,62 54,96 6,57 165,60 4,96 2,10
4 571,02 161,28 267,70 1,26 2,49 49,40 7,69 81,50 2,81 0,96
5 590,06 128,54 281,40 1,29 2,40 46,25 7,69 78,70 3,00 1,07
6 589,81 144,91 274,55 1,28 2,45 47,83 7,60 85,10 5,99 1,03
7 894,01 35,11 141,10 1,39 2,69 45,97 7,36 92,80 2,15 0,83
8 890,02 19,77 129,75 1,45 2,86 49,30 7,34 83,80 2,25 0,97
9 886,03 4,43 118,40 1,44 2,51 42,63 7,40 85,80 2,15 1,11
10 893,53 43,07 63,40 1,57 2,71 42,07 7,21 29,20 0,38 0,40
11 898,34 6,16 95,50 1,57 2,56 38,95 6,97 39,70 0,47 0,43
12 876,22 28,68 95,10 1,54 2,40 35,83 6,93 33,50 0,29 0,39
13 649,48 188,82 161,70 1,46 2,52 42,06 6,90 148,30 2,98 0,71
14 648,53 176,97 174,50 1,46 2,57 43,19 6,95 115,00 2,54 0,72
15 661,90 171,50 166,60 1,46 2,67 45,32 6,94 123,50 3,41 0,69
16 660,93 118,18 220,90 1,27 3,08 58,77 7,34 169,20 3,80 2,58
17 664,80 101,50 233,70 1,28 2,50 48,80 7,32 184,90 3,72 2,03
18 660,25 112,74 227,00 1,30 2,54 48,82 7,35 183,40 3,92 2,09
19 816,45 86,95 96,60 1,09 2,42 54,96 7,71 496,00 7,67 13,66
20 802,23 100,87 96,90 1,14 2,45 53,47 7,75 561,00 6,93 10,82
21 789,31 121,19 89,50 1,10 2,40 54,17 7,74 553,00 8,20 13,54
22 532,84 159,66 307,50 0,97 2,23 56,50 8,20 188,30 10,27 3,12
23 520,88 159,92 319,20 0,95 2,13 55,40 8,19 193,20 10,79 2,97
24 519,77 165,13 315,10 1,01 2,16 53,24 8,22 151,50 10,53 3,23

Méd 695,30 111,75 198,28 1,27 2,52 49,49 7,34 186,58 4,57 2,96
DP 138,71 58,69 86,10 0,20 0,20 6,60 0,51 151,31 3,05 3,81
Mín 490,30 4,43 63,40 0,94 2,13 35,83 6,30 29,90 0,29 0,39
Máx 898,34 195,60 319,20 1,57 3,08 61,79 8,22 561,00 10,79 13,66
Fonte: Elaborado pelo autor.

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