LESÕES CERVICAIS NÃO CARIOSAS
Autoras: Carine Cristina Miranda e Taiane da Silva Martins*
Orientador: Prof. Renato Veloso
Uninassau Rio de Janeiro; email: taimartins1001@gmail.com
INTRODUÇÃO
A estrutura dentária pode ser perdida após sua formação por vários fatores além dos casos mais
comuns relacionados à doença cárie ou fraturas traumáticas. A destruição do esmalte coronário
pode ser iniciada por meio de abrasão, atrição, erosão ou abfração, podendo começar nas
superfícies da dentina ou do cemento por reabsorção interna ou externa.
A maioria dos pesquisadores acredita que a prevalência do desgaste dentário está aumentando e
por isso o objetivo deste trabalho é, através de uma revisão, conscientizar profissionais ligados a
área de saúde sobre a importância de reconhecerem sinais na cavidade oral que podem ser de
grande auxílio para o diagnóstico diferencial de diversas patologias sistêmicas, alterações do
comportamento e distúrbios gástricos permitindo o controle multidisciplinar dos fatores etiológicos
das lesões não cariosas e seu efetivo tratamento.
METODOLOGIA
As lesões cervicais não cariosas (LCNC) são caracterizadas por apresentarem
perda da estrutura dentária na região cervical dos dentes e podem ocasionar
problemas estéticos e hipersensibilidade dentinária. Com isso, objetivou-se a
verificar e revisar a literatura que estão associados as lesões cervicais não
cariosas.
Para o presente revisão foi realizado uma ampla pesquisa bibliográfica em
artigos científicos nacionais anexados nos bancos de dados Biblioteca virtual
de Saúde e Google Acadêmico, utilizando as palavras-chaves ”lesão cervical
não cariosa (LCNC)”, “atrição”, “erosão”, “abrasão”, “abfração” e “etiologia
LCNC”. Dissertações, teses e livros de referência no tema do trabalho também
foram consultados.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
As Lesões cervicais não cariosas são lesões encontradas na região cervical na face vestibular dos
dentes, podendo ser encontradas também na face Oclusal (atrição e erosão), incisal (atrição) e em
faces palatinas/lingual(erosão) são caracterizado por não possuir envolvimento bacteriano. Todas
essas lesões para chegar ao correto diagnóstico é importante entender a causa.
1. Abrasão: É uma lesão que pode aparecer de forma rasa e com contornos bem regular que
apresenta supragengival e é encontrada em mais de 1 dente. Sua causa é definida por: Desgaste
mecânico, normalmente sendo os hábitos deletérios, ou seja, hábitos que causam danos as
estruturas dentais, como por exemplo, escovar com muita força ou cerdas das escovas muito
duras ou até mesmo outros hábitos que causem essa injúria ou pastas dentais abrasivas.
2. Abfração: Lesão em forma de cunha na cervical dos dentes podendo ser profunda, ela pode ser
sub ou supra gengival. Está relacionada ao estresse oclusal, sua causa é definida por: bruxismo
ou oclusão patológica ou fisiológica (forças oclusais mal dirigidas).
3. Atrição: Desgaste dentário normalmente oclusal e incisal, devido ao contato entre os dentes
antagonistas durante a oclusão e a mastigação, mas podendo ser subgengival na cervical. Tendo
sua causa definida por: oclusão patológica ou fisiológica.
Figura 1 – Tipos de LCNCS
Fonte: Dr. Bedrossian (2018).
4. Erosão: São lesões extensas que podem acometer as faces oclusais e palatina/lingual dos
incisivos (apesar de que essas faces dos incisivos possuem mais proteção pela saliva devido a
embocadura do ducto ser bem próximo a esses). Sua causa é definida por: Está relacionado com
a xerostomia e a perimólise (perda da capacidade de tampão da saliva), além disso está
associado a dietas muito ácidas, como exemplo de frutas cítricas, refrigerantes, etc..
O tratamento de uma LCNC consiste na remoção do agente causador (Abrasão) ou reeducar sobre a
dieta (erosão) orientando nesse caso a consumir alimentos mais alcalinos (leite e fazer bochecho
com bicarbonato de sódio). Para todos os casos, quando necessário, pode se tomar algumas
medidas clínicas. Como por exemplo em casos que há hipersensibilidade. Pode-se aplicar agentes
dessensibilizantes: Nitrato de potássio ou Hidróxido de cálcio. Adesivos ou verniz para promover a
impermealidade dentinária, já para a restauração pode ser realizada utilizando-se técnicas e
materiais restauradores vários, os quais são selecionados de acordo com requisitos mecânicos e/ou
estéticos do caso em particular, como por exemplo: Resinas, CIV, Restauração indireta:
Procedimentos de Restauração; Laser em alta ou baixa intensidade.
Em caso de erosão: além da orientação da dieta deve -se aplicar fluoretos em alta concentração e
recomendar o uso das pastas alcalinas antes de dormir e não se deve escovar os dentes
imediatamente após comer alimentos ácidos, refluxos ou regurgitação e quando for escovar dessa
de forma suave e verticalizada.
CONCLUSÃO/CONSIDERAÇÕES
FINAIS
As lesões cervicais não cariosas decorrem de um processo sem envolvimento bacteriano, e a sua
progressão aumenta conforme o avanço da idade do paciente. Tais lesões são geralmente encontradas
no terço cervical das faces vestibulares, acometendo principalmente os pré-molares.
O cirurgião dentista deve estar atento a origem da lesão cervical bem como às suas características
clínicas. As LCNC podem estar associada aos processos mecânicos repetitivos agregados à abrasivos, à
dissolução ácida e às sobrecargas oclusais, bem como as forças exercidas fora do longo eixo do dente ou
à interação multifatorial. Além disso, podem apresentar formato de pires, cunha ou serem mistas. As
lesões denominadas abfrativas apresentam o componente oclusal, sendo associadas à hábitos
parafuncionais e trauma oclusal por impacção de forças excêntricas, além da presença de facetas de
desgaste.
Conclui-se que compreender o processo evolutivo das LCNC é importante para evitar novas lesões além
de direcionar uma correta terapêutica.
Para o tratamento das lesões cervicais não-cariosas, é indispensável identificação e remoção do fator
causal antes da restauração da(s) área(s) acometida. A restauração pode ser realizada utilizando-se
técnicas e materiais restauradores vários, os quais são selecionados de acordo com requisitos mecânicos
e/ou estéticos do caso em particular.
REFERÊNCIAS
1. ALVARENGA, G. F. LESÕES CERVICAIS NÃO CARIOSAS E HIPERSENSIBILIDADE DA DENTINA.
Revista Odontológica do Hospital de Aeronáutica de Canoas, [S. l.], v. 1, n. 002, p. 47–54, 2020. DOI:
10.47095/issn.2675-3995.rohaco.ed01-2020.art07.
2. Amaral, Simone de Macedo et al. Lesões não cariosas: o desafio do diagnóstico multidisciplinar.
Arquivos Internacionais de Otorrinolaringologia [online]. 2012, v.16, n.1, pp. 96-102.
3. Pegoraro LF, Scolaro JM, Conti PC, Telles D, Pegoraro TA. Noncarious cervical lesions in adults:
prevalence and occlusal aspects. J Am Dent Assoc. 2005 Dec;136(12):1694-700. doi: 10.14219/
jada.archive.2005.0113. Erratum in: J Am Dent Assoc. 2006 Apr;137(4):447. PMID: 16383052.