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CARIOLOGIA

BÁRBARA TAVARES
“Não são os mais fortes ou os mais
inteligentes da espécie que sobrevivem, e
sim aqueles que se adaptam melhor às
mudanças”

Charles Darwin
CARIOLOGIA

É o estudo da doença cárie dentária

(cario = doença cárie, logia = estudo)


CÁRIE DENTÁRIA

É um desequilíbrio no processo

saúde-doença, e pode estar ou não

associada a determinados sinais.


Quantas
cataporas
esta
criança
tem?
14
cataporas
na face!
Quantas cáries esta
criança tem?
4 cáries
A

B
CÁRIE DENTÁRIA
“ É um processo dinâmico, que ocorre junto aos

depósitos bacterianos, resultando em alteração

no equilíbrio entre a superfície dentária e o

fluido da placa, que, com o passar do tempo,

levam à perda mineral.”

(Thylstrup, Fejerskov, 2001)


FATORES ETIOLÓGICOS

Microbiota

Cárie Dente

Substrat
o
Keyes, 1962
Microrganismos

Substrato Cárie Tempo

Hospedeiro

Newbrun, 1988
Comportamento Conhecimento
Saliva
(fluxo)

Depósito
Flúor
microbia Dente
no
Espécies Açúcar
microbianas (Remoção)
Atitudes Tempo Renda
Dieta Capacidade
Composição tampão
Freqüência Depósito
microbia Dente
no

Saliva(Composição)
Classe
Escolaridade
social
Fejerskov &
Manji, 1991
HOSPEDEIRO
(Dente)
•Mineralização dos tecidos dentais;

•Fluorapatita na composição do esmalte;

•Posicionamento do dente na arcada;

•Morfologia dental.
HOSPEDEIRO
(Saliva)
•Capacidade tampão (Bicarbonato e Fosfato);

•Atua no processo des-re (Cálcio e Fosfato);

•Lavagem e limpeza;

•Formação de película adquirida;

•Ação antibacteriana (proteínas e IG A).


MICROORGANISMOS
•Streptococcus Mutans

•Streptococcus Sobrinus;

•Lactobacillus.
MICROORGANISMOS

•Acidogênicos;

•Acidúricos (Mt e Lact);

•Capacidade de adesão (Mt e Sob);

•Transmissão vertical;

•Quantidade e época colonização.


pH cai

Produção de ácidos

Bactérias
acidogênicas Bactérias
acidúricas

>
P rod
Criação de pH cai

çã u
mais
ambiente mais

od
e
predisponente ao

cid á
desenvolvimento
s o
de lesões de
cárie
HIGIENE BUCAL = CONTROLE DE MOs
DIETA

•Composição (Sacarose);

•Consistência;

•Frequência de ingestão.
TEMPO

Biofilme maduro🡪 “espigas de


milho”
FATORES

MODIFICADORES
FATORES MODIFICADORES
•Dieta e higiene oral – Comportamento;

•Nível sócio-econômico, hábitos;

•Renda (Polarização da doença);

•Educação e desigualdade social;

•Fatores psicossociais (Estresse).


HISTOPATOLOGIA DA DOENÇA
CÁRIE
ácido Biofilme
Após 7 dias

Espaço
intercristalino

Cristais do
esmalte
LESÃO EM ESMALTE

Após 14 dias de
acúmulo do
biofilme......
LESÃO DE MANCHA BRANCA
Padrão inicial semelhante à superfície lisa
Lesões separadas que depois se unem

Início da Progressão União das lesões


lesão da lesão
Início da lesão na
superfície oclusal
Progressão da
lesão e
formação de
cavidade
Histopatologia das lesões de cárie

LESÃO EM ESMALTE
ZONAS (superfície ⇒ interior)
● Zona Superficial
● Corpo da lesão
● Zona Escura
● Zona Translúcida
LESÃO EM ESMALTE
● Paralisação da lesão de cárie –
da porosidade
● Remineralização modifica o aspecto clínico
● Processo de cicatrização
Histopatologia das lesões de cárie

LESÃO EM DENTINA
ZONAS (interior ⇒ superfície)

● Zona de dentina terciária ou reacional


● Zona de dentina hígida
● Zona de esclerose ou de dentina esclerótica
● Zona de desmineralização inicial
● Zona de invasão bacteriana
● Zona de desmineralização avançada
● Zona de destruição ou necrótica
Aspecto clínico das lesões de cárie

LESÃO EM DENTINA
Fusayama et al (1979):

● Dentina infectada: Compreende as


zonas necrótica, desmineralização
avançada e invasão bacteriana

● Dentina afetada: Compreende as


zonas de desmineralização inicial,
esclerose dentária e dentina reacional
"A cárie ainda continua como um grande
desafio para a Odontologia neste milênio. A
opção por tecnologias preventivas e
terapêuticas mais adequadas passa pelo
conhecimento da gênese dessa doença nos
indivíduos e pelo reconhecimento da
importância dos fatores socioeconômicos,
culturais e ambientais na determinação de sua
distribuição nas populações."

Roncalli, 2004
Diagnóstico
Sintomas (anamnese)
+
Sinais clínicos (exame clínico e
complementar)

Decisão de Tratamento
Nyvad, 2004
Avaliação do risco de cárie
Diagnóstico da atividade de cárie
Detecção das lesões
AVALIAÇÃO DO RISCO DE CÁRIE

“É a ação de predizer
se um indivíduo ou
um grupo
populacional
desenvolverá ou não
lesão de cárie em um
dado período de
tempo.”
Bratthal, 2000
FATORES DE RISCO

• Fatores biológicos
- Microbiota
- Dieta
- Nível de higiene oral
- Experiência anterior de cárie

• Fatores sociais determinantes


“ Há mais na doença do que meramente biologia”
AVALIAÇÃO DO RISCO DE CÁRIE

- Ainda não há parâmetro único;


- Experiência anterior de cárie- maior
acurácia;
- Papel dos parâmetros sociais;
- População e não o indivíduo como
unidade de análise;
- Há a necessidade de métodos mais
precoces na identificação de riscos.
Presença ou Profundidade
ausência da lesão

Atividade da
doença
Atividade de cárie

Grau de progressão
ou
velocidade da doença
Importância da
avaliação da atividade
de cárie

Avaliação do risco Estabelecer


de modalidade de
desenvolvimento e tratamento
progressão de apropriada
lesões Aplicação de
programa
preventivo
(Nyvad & Fejerskov, 1997)
Avaliação da atividade depende:

Análise dos
fatores associados
com a patogênese
da doença

(Angmar-Mansson et al.,1998)
Presença ou Profundidade
ausência da lesão

Atividade das
lesões
Opaca, rugosa e porosa
Área de alto risco
Opacidade na entrada das fissuras
Fundo da fissura acastanhado claro Ativa
Dente abaixo do plano oclusal
Adjacente à outra lesão
Gengivite na papila adjacente
Lisa, brilhante e polida
Área de baixo risco
Ausência de opacidade na entrada
das fissuras Inativa
Fundo da fissura escurecido
Dente com oclusão estabelecida
Dente adjacente ausente
Presença de tecido amolecido
Cor amarelada /castanho claro
Ativa
Aspecto úmido
Opacidade esmalte adjacente
Tecido endurecido
Cor marrom escura ou negra
Aspecto seco
Inativa
Ausência opacidade esmalte
adjacente
Bactérias sujeitas à
ação da saliva e flúor
Bactérias
acidogênicas
Bactérias
inviáveis
+
Mineralização

Selamento biológico
Detecção das Lesões
de Cárie

Superfícies proximais
Radiografia interproximal
Saúde periodontal da papila
Separação temporária
Superfícies oclusais
Lesões sem cavidade evidente

Maior dificuldade
Métodos tradicionais
É preferível que o teste subestime
a doença 🡪 maior especificidade

Menor índice de invasão


desnecessária
✔ Boa iluminação e limpeza
✔ Secagem prolongada
✔ Precisão melhor que exame tátil
✔ Maior especificidade
✔ Avaliação da atividade da lesão
(Lussi, 1991; Ekstrand et al., 1998; Nyvad et al., 1999)
Grande acúmulo de placa

Camargo

Camargo

Camargo

Profilaxia com escova de Robinson Profilaxia com taça de borracha


nas superfícies oclusais em faces livres
Uso do fio dental OBRIGATÓRIO
para limpeza das superfícies proximais

Camargo
✔ Sonda exploratória
✔ Danos à superfície da lesão de cárie

✔ Precisão baixa
(Ekstrand et al., 1987; Lussi, 1991; Pitts, 1993)
(Ekstrand, 2000)
MÉTODOS TÁTIL + VISUAL
⬂ Sonda OMS (PSR ou CPI)
⬂ Uso cuidadoso da sonda

⬂ Limpar fundo da fissura

⬂ Avaliar textura da lesão


(Kramer et al., 1997; Nyvad et al., 1999)
MÉTODOS VISUAL + RADIOGRÁFICO
⬂ Radiografia interproximal
⬂ Aumentam sensibilidade do método
visual
⬂ Adequado em superfícies proximais
e lesões oclusais ocultas
Método mais indicado
(Maltz & Carvalho, 1997; Rodrigues et al., 2003)
Lesão de cárie Oculta
✔ Métodos quantitativos
✔ Detecção precoce
✔ Métodos objetivos
✔ Medir pequenas alterações
minerais
Métodos Modernos
Transiluminação por Fibra Ótica
DIAGNOdent
✔ Quantificação de fluorescência
✔ Laser de diodo 🡪 655 nm
✔ Aumento da fluorescência no
tecido cariado
✔ Disponível no Brasil
Ponta perpendicular,

encostada na lesão

Milicich, 2002
Movimentos
pendulares

Milicich, 2002
Valores no
Extensão da lesão
aparelho
Dente hígido ou início
de desmineralização
0 - 10

Lesão avançada
11-20
em esmalte
Lesão em dentina
21-30
– metade externa
Lesão profunda
> 30
em dentina
Métodos Modernos

(Pretty et al., 2005)


O método tem maior sensibilidade, mas menor
especificidade na detecção de lesões oclusais.
Portanto pode ser usado, mas requer métodos
confirmatórios adicionais por causa do risco de
falso positivos
E as lesões ativas???

SUPERFÍCIES COM
LESÃO EM ESMALTE

EVITAR PROGRESSÃO
DAS LESÕES
Considerações Finais
- O diagnóstico não se restringe a lesões;
- Avaliar o risco de cárie para uma
estratégia preventiva;
- A avaliação da atividade de cárie;
- O exame clínico no diagnóstico;
- Novas tecnologias para o diagnóstico;
- Fatores etiológicos e natureza dinâmica
da cárie.
MUDANDO A FORMA DE VER A
DOENÇA CÁRIE...
▪ Antes...
MUDANDO A FORMA DE VER A
DOENÇA CÁRIE...
▪ Então, buscava-se:
MUDANDO A FORMA DE VER A
DOENÇA CÁRIE...
▪ Prevenia-se...
MODELO
CIRÚRGICO-
RESTAURADOR
MUDANDO A FORMA DE VER A
DOENÇA CÁRIE...
▪ Tratava-se...
MUDANDO A FORMA DE VER A DOENÇA
CÁRIE...
▪ CONSEQUÊNCIA...
MUDANDO A FORMA DE VER A
DOENÇA CÁRIE...
▪ HOJE EM DIA...

A FORMA DE SE ENCARAR A
DOENÇA CÁRIE MUDOU!
MUDANDO A FORMA DE VER A
DOENÇA CÁRIE...
▪ Considera-se:
MUDANDO A FORMA DE VER A
DOENÇA CÁRIE...
▪ Procura-se:
MUDANDO A FORMA DE VER A
DOENÇA CÁRIE...
Previne-se:
MUDANDO A FORMA DE VER A
DOENÇA CÁRIE...
Trata-se:
“Chegará o dia em que os jovens compreenderão
a etiologia e patologia da cárie dentária e serão
capazes de combater seus efeitos destrutivos
através de medicações”

Black,
1908
Referências Bibliográficas
▪ FEJERSKOV, O; KIDD, E. Cárie Dentária: A Doença e seu
Tratamento Clínico. São Paulo: Editora Santos, 2005.
▪ IMPARATO JC & col. ART: Tratamento Restaurador Atraumático.
Curitiba: Editora Maio, 2005.
▪ IMPARATO JC; RAGGIO DP; MENDES FM. Selantes de fossas e
fissuras: Quando, Como e Por quê?. São Paulo: Editora Santos,
2008.
▪ PEREIRA, AC & col. Odontologia em saúde coletiva: Planejando
ações e promovendo saúde . Porto Alegre: Artmed, 2003.
▪ PINTO, VG. Saúde Bucal Coletiva. São Paulo: Editora Santos,
2000.

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