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Periodontia Diagnóstico – Reavaliação e Avaliação de Risco 1

AULA 16 DE PERIODONTIA II – REAVALIAÇÃO E AVALIAÇÃO DE RISCO

REAVALIAÇÃO

CASO CLÍNICO 1

• 19 anos, sexo feminino


• Saúde geral boa
• Notou “problema na gengiva” há 3 anos
• Nunca recebeu tratamento periodontal

Na época o diagnóstico foi de periodontite


agressiva, terminologia não utilizada atualmente.
Pensando na classificação atual, o estádio (dado pelo
sítio com maior PCS) foi estabelecido em III (CAL ≥
5mm, sem perdas dentárias).

A graduação foi feita a partir da divisão do sítio


Na maior parte dos sítios não apresenta sinais
de maior perda óssea radiográfica (80%) pela idade da
muito evidentes de inflamação.
paciente (19), que é igual a 4,2. Se esse fator é maior
que 1, o caso é determinado como Grau C, que foi o
caso.

Fechado o diagnóstico, é determinado o plano


de tratamento. O primeiro passo é a modificação
comportamental, principalmente em orientação de
higiene bucal, seguida da terapia não-cirúrgica,
constituída por:
O índice de placa é de 43%, considerado alto,
embora exista um grande acúmulo em poucos sítios. • OHB
• Raspagem, alisamento e polimento coronário-
radicular (RAPCR) por sextante, devido a gravidade
e extensão da doença apresentada

Como é um caso grave, com bolsas profundas


e sangramento à sondagem, qual os resultados
esperados após o tratamento inicial?

Observando o periograma é possível ver vários


sítios com PCS aumentada (bolsas periodontais);
mobilidade tanto na arcada superior, quanto na
inferior, por vestibular e palatina.

Nas radiografias periapicais, se vê uma perda


Será se a terapia periodontal é eficaz nesse
óssea acentuada, chegando até o terço apical em
caso e consegue eliminar as bolsas e sangramentos?
alguns dentes e ao terço médio em outros.
O que podemos esperar após o tratamento não
cirúrgico é respondido pelo exame de reavaliação.
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meses. Na FOUSP esperamos 4 semanas para


Resultados do caso clínico
reavaliação.
A paciente apresentava várias bolsas profundas,
sangramento em vários sítios e alguns com supuração. EXAME DE REAVALIAÇÃO

Após a terapia não cirúrgica, ocorreu retração da Como dito anteriormente, nesse exame serão
margem gengival, diminuição dos sítios com coletados todos os dados que foram coletados no
sangramento e eliminação dos sítios com supuração. exame inicial:

Ocorreu também a redução da profundidade de • Índice de placa


sondagem, por conta da retração e do ganho clínico de • Índice de sangramento a sondagem (número e
inserção porcentagem de sítios)
• Mobilidade
• Atividade de cárie
• Profundidade de sondagem
• Recessão gengival (JEC-MG)
• Nível cínico de inserção
• Lesão de furca – presença e gravidade

O QUE ACONTE COM OS TECIDOS PERIODONTAIS


APÓS A TERAPIA INICIAL?
Em relação ao estado inicial antes da terapia,
temos como alterações histológicas:

• Redução da inflamação – menor edema,


CONCEITO E OBJETIVOS vermelhidão e sangramento a sondagem
A reavaliação é a análise completa dos • Formação do epitélio juncional longo –
resultados obtidos após a terapia não-cirúrgica. biocompatibilização da superfície radicular; ocorre
Portanto, nada mais é do que um novo exame, como em aproximadamente 2 semanas
feito na fase inicial. • Reparo da matriz do tecido conjuntivo – ocorre
entre 4-8 semanas
Essa etapa tem como objetivos:
Clinicamente, observamos a redução da
• Verificar os resultados da terapia inicial profundidade de sondagem. Essa redução depende da
• Realizar tomada de decisão com relação ao plano severidade inicial do caso.
de tratamento periodontal

Se após a terapia periodontal ainda houverem


sítios com bolsas residuais e sangramento à sondagem,
pode ser necessária reinstrumentação ou cirurgia
periodontal.

Por outro lado, se foi possível reduzir as bolsas,


podemos tomar a decisão clínica de que o paciente vai
direto para terapia de manutenção.

MOMENTO DA REAVALIAÇÃO A bolsa reduz por 2 motivos:

Quanto tempo após o término da terapia não • Retração gengival – ocorre pelo fim da inflamação,
cirúrgica devemos fazer a reavaliação? A literatura que diminui o edema e, consequentemente, o
diverge nesse assunto, variando de 4 semanas a 6 volume gengival. Além disso, o nível gengival tende
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a acompanhar o nível ósseo, que já diminuiu por cálculo. Nesse processo há uma reação dos tecidos,
conta da doença como a ulceração do epitélio da bolsa e, quando
• Ganho clínico de inserção – reestruturação do colocamos a sonda, ela provoca o sangramento na
epitélio (volta a se aderir a raiz), junto com parede, que não está mais íntegra.
reorganização das fibras colágenas e matriz do
A sondagem é, portanto, um estímulo ao
tecido conjuntivo. Isso faz com que a sonda
sangramento.
penetre menos. Não confundir com regeneração.

Em bolsas mais profundas, é esperada maior


recessão gengival e maior ganho de inserção, quando
comparado a bolsas rasas, que podem apresentam
perda de inserção após a terapia (instrumentar com
muito cuidado).

O sangramento a sondagem é reduzido a 15- Os estudos mostram que, os sítios que


20%, independente da profundidade de sondagem apresentam repetidamente sangramentos a sondagem
inicial. apresentam maior risco de perda de inserção futura,
quando comparados a sítios apenas com inflamação e
CONCLUSÕES sítios sem inflamação.

1. Após o tratamento não-cirúrgico, os tecidos Além disso, os dentes com sítios sangrantes
periodontais se reparam, havendo redução da PCS apresentam maior chance de ser perdidos.
e ganho clínico de inserção
2. O exame de reavaliação é fundamental para Por conta disso, usamos esse sinal para avaliar
tomada de decisão de tratamento. o risco global do paciente. Isso é feito calculando a
porcentagem de sítios com sangramento (sitos com
AVALIAÇÃO DE RISCO sangramentos divididos pelo número total de sítios):

Esse exame é feito no momento da terapia de • SS < 10% - risco baixo


manutenção/suporte, quando o paciente não • SS > 10% e < 25% - risco moderado
apresenta bolsas residuais ou já passou pela terapia • SS > 25% - risco alto
cirúrgica.
Essa porcentagem é feita desconsiderando os
Com os dados obtidos na avaliação de risco, terceiros molares.
podemos determinar:
2. PREVALÊNCIA DE BOLSAS RESIDUAIS (≥ 5MM)
• Maior risco de perda de inserção adicional
• Maior risco de recidiva da doença (voltar a ter A presença de bolsas residuais maiores que 5
bolsas, supuração etc.) mm são indicativo de maior risco de recidiva da
doença.
DOMÍNIOS DE AVALIAÇÃO

OBS: Essa avaliação pode ser feita em alguns sites, que


ajudam a calcular o risco

1- PORCENTAGEM DE SANGRAMENTO A
SONDAGEM
É um sinal de doença periodontal e ocorre, O normal é a bolsa diminuir após o tratamento
pois, durante a doença periodontal, a bolsa fica não-cirúrgico. Se ela não reduz, alguma coisa no sítio
exposta a MOs e seus produtos/toxinas, além do está impedindo a melhora (concavidade, cálculo etc.).
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O risco é classificado de acordo com o número de 6. FATORES AMBIENTAIS (FUMO)


bolsas residuais:
Tabagismo é o único fator ambiental que é de
• Até 4 bolsas – risco baixo risco para periodontite.
• 5-8 bolsas – risco moderado
• Não fumantes e ex-fumantes (+ que 5 anos) – baixo
• > 9 bolsas residuais – risco alto risco
Também é necessário desconsiderar terceiros • Fumantes ocasionais ou menos que um maço (< 20
molares cigarros) – risco moderado
• Fumantes pesados (1 ou + maços/dia) – risco alto
3. NÚMERO DE DENTES PERDIDOS
DETERMINAÇÃO DO RISCO INDIVIDUAL
Quem perde dentes no passado por doença
periodontal, tem mais chance de perdas futuras. • Risco baixo – todos os parâmetros na categoria
baixo e, no máximo, um na categoria moderado;
• Até 4 dentes perdidos – baixo risco • Risco moderado – pelo menos dois parâmetros na
• 5-8 dentes – risco moderado categoria moderado e, no máximo, um alto;
• > 9 dentes- alto risco • Risco alto – pelo menos 2 parâmetros na categoria
alto
Também é necessário desconsiderar terceiros
molares

4. PERDA DE SUPORTE RADIOGRÁFICO EM


RELAÇÃO A IDADE

Estimativa de perda feita na região posterior


(sítio posterior mais afetado) – a não ser na ausência
de dentes posteriores. É feito o percentual de perda
em relação ao comprimento radicular.

A medição é feita a partir da JEC até o ápice,


comparando com a medida do ápice até a crista óssea,
tirando um milímetro de cada uma das medidas. Uma
vez calculada a porcentagem de perda óssea, essa
porcentagem é dividida pela idade, resultando em um
fator. Quanto maior a idade, menor o fator, que é
categorizado da seguinte maneira:

• Até 0,5 – baixo risco


• 0,5-1 – risco moderado
• > 1 – risco alto

5. CONDIÇÕES SISTÊMCIAS E GENÉTICAS


Atualmente, a condição sistêmica que é um
fator de risco para doença periodontal é a diabetes.

• Não tem diabetes – baixo risco


• Tem diabetes – alto risco

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