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Cachoeiro de Itapemirim

PLANEJAMENTO EM PRÓTESE DENTÁRIA


Barbara Moulin
Camila Valpasso
Priscilla Zanoteli
Tarcyla Moraes
Victoria Schiavo
1. Introdução
O planejamento é uma sequência de procedimentos para a execução de um
tratamento proposto após a confirmação de um diagnóstico, obtido pelos
exames clínicos e complementares. Para auxiliar o planejamento pode-se
obter um modelo de estudo em articulador, enceramento diagnóstico e fazer
uso de fotografias. Com posse de todas essas informações será possível
prever o que se pretende executar e relatar ao paciente as suposições do
que é possível acontecer, estabelecendo dessa forma um correto
prognóstico.

2. DESENVOLVIMENTO

2.1 Anamnese

Nesta primeira fase do exame clínico, deve-se determinar o estado de saúde


geral do paciente. Essa informação desempenha um importante papel e deve
sempre ser considerada antes do início do tratamento, uma vez que pode indicar
a necessidade de cuidados especiais.

o importante a pesquisa de hábitos parafuncionais, principalmente nos casos de


tratamento com prótese. O apertamento e o bruxismo estão comumente
associados ao desgaste dentário e, possivelmente, à perda de dimensão vertical
(DV). Outro fator que contribui ao desgaste dentário é a ação química de ácidos
de origem intrínseca ou extrínseca, denominada erosão. A prevalência da erosão
tem aumentado significativamente e também pode causar perda de DV. O
objetivo desta fase é coletar o maior número de informações sobre o paciente,
considerando-o um todo, e não como um dente, grupo de dentes ou áreas
edêntulas a serem restauradas. Essa coleta de dados, porém, deve ser
ordenada, e o objetivo deste capítulo é fornecer ao profissional uma orientação
sobre como realizar essa tarefa.

2.2 Exame extraoral


Após uma conversa inicial com o paciente, realiza-se o exame físico extraoral,
iniciando-se pela observação da pele da face e pela palpação dos te- cidos de
suporte. Na presença de lesões, como um carcinoma, um tratamento com
prótese pode ser um problema de menor importância ao paciente.

Descartada a presença de alguma lesão, faz-se a avaliação da musculatura e da


articulação temporomandibular (ATM): masseter, temporal, demais músculos da
face, músculos cervicais e ATM devem ser palpados. A sensibilidade à palpa-
ção deve sempre ser levada em consideração quando se pretende executar
tratamentos restauradores. Essa sensibilidade pode ser reflexo de uma alteração
da tonicidade muscular ou de problemas intra-articulares que, por sua vez,

podem alterar a posição de repouso mandibular e o seu arco de fechamento,


dificultando a execução e a reprodução dos registros intermaxilares. Portanto,
para a execução de um trabalho de prótese, é necessário que o paciente não
apresente sinais e sintomas de disfunção temporomandibular.

A fala do paciente também deve ser aferida. Caso exista alguma alteração ou
queixa, é interessante que o profissional discuta as possibilidades de correção,
uma vez que alguns problemas podem ser resolvidos por meio de alterações nos
contornos das próteses. Isso já pode ser verificado na fase das coroas
provisórias e torna-se mais evidente nos casos de próteses anteriores.
2.3 Exame Intraoral
Nesta fase inspecionam-se tecidos moles, músculos, dentes, periodonto e
relações oclusais. A queixa principal do paciente deve ser avaliada neste
momento, embora um exame sistemático de toda a cavidade bucal deva ser
feito.

A avaliação deve começar pelos tecidos moles: mucosas, língua e demais


tecidos devem ser palpados e inspecionados, já que a prioridade do tratamento
pode ser drasticamente alterada na presença de alguns tipos de lesões, como
processos neoplásicos ou, mais frequentemente, aftas ou lesões herpéticas. A
presença de depressões nas bordas laterais da língua, representativas das faces
linguais dos dentes, pode significar uma característica típica do apertamento
dentário, hábito do qual o paciente pode estar total- mente inconsciente. O
suporte do lábio também deve ser observa- do. Em alguns casos de PPF,
podem-se encontrar situações clínicas nas quais houve grande perda de
estrutura do rebordo alveolar na região anterior (Fig. 1.4). Nesses casos, o
paciente deve ser alertado sobre a provável necessidade de um au- mento
cirúrgico do rebordo por meio de enxerto ósseo ou de tecido conjuntivo. Caso a
cirurgia seja contraindicada ou o paciente não aceite submeter-se a ela, pode-
se usar uma gengiva artificial removível (feita de resina acrílica em laboratório)
ou fixa (feita de cerâmica na cor rosa).

A linha do sorriso é outro aspecto a ser observado e assume extrema importância


nos casos estéticos, sendo classificada como alta, média ou baixa.

Dentes

Em relação ao exame dos dentes remanescentes, é importante realizar uma


análise criteriosa de determinados fatores decisivos no planejamento, os quais
serão detalhados a seguir.

Cáries e restaurações existentes

É necessário identificar pacientes que pertencem ao grupo de risco à cárie antes


da realização do trata- mento, por meio de recursos clínicos, como verificação
da presença de manchas brancas e da localização e da profundidade de lesões
cariosas;
Oclusão

O exame da oclusão deve ser realizado clinicamente e complementado por meio


da análise dos modelos de estudo, devidamente montados em articulador
semiajustável (ASA).

Estética

Durante o exame, é necessário um diálogo entre o profissional e o paciente em


relação às suas expectativas sobre o tratamento. Para que exista uma integração
harmoniosa durante a elaboração do trabalho.

Número e disposição dos dentes

Inclinação
Uma situação clínica frequente é a inclinação dos dentes em decorrência de
perdas dentárias, que resulta em uma desarmonia na posição dos dentes
remanescentes.
Tamanho da coroa clínica
Para que uma restauração desempenhe sua função, é imprescindível que
permaneça imóvel no dente preparado. O tamanho da coroa clínica está
intimamente relacionado com o grau de retenção e estabilidade da restauração
protética.
Vitalidade pulpar
Se uma restauração for realizada sobre um dente sem vitalidade ou com
tratamento endodôntico insatisfatório,

2.4 Periodonto
De forma geral, os pacientes que procuram trata- mento podem ser divididos em
dois grupos:
a) Pacientes que não pertencem ao grupo de risco à doença periodontal, cujos
tecidos periodontais estão normais: o nível ósseo frequentemente está de 1 a 2
mm da união amelocementária, e, quando existe algum sinal de inflamação, este
está confinado ao tecido gengival marginal.
b) Pacientes que pertencem ao grupo de risco à doença periodontal, os quais
podem apresentar sinais clínicos de intensidade variável: mobilidade; migração;
tecido gengival flácido, avermelhado e muitas vezes sem contorno adequado;
perda óssea (localizada ou generalizada) de graus diversos; entre outros.
Durante o exame, é essencial identificar a que grupo o paciente pertence (com
ou sem risco).
• Índice de Sangramento
• Exudato
• Recessão Gengival
• Envolvimento de Furcas
• Mobilidade
• Índice de Placa

2.5 EXAME RADIOGRÁFICO


Para que se possa fazer um diagnóstico completo e executar um adequado plano
de tratamento, são necessárias algumas informações que somente as
radiografias podem fornecer. Após o exame clínico inicial e a avaliação da
radiografia panorâmica, determinam-se as áreas de interesse e realizam-se
radiografias periapicais, em busca de maiores detalhes sobre essas regiões.
Essas radiografias devem ser executa- das preferencialmente pela técnica do
paralelismo, para que se evitem maiores distorções. Podem-se analisar
questões como altura da crista óssea, lesões periapicais incipientes, qualidade
do tratamento endodôntico, comprimento dos núcleos e proporção coroa-raiz,
dentre outros. Radiografias interproximais também podem ser solicitadas e são
particularmente úteis na avaliação da adaptação de próteses antigas e recidivas
de cáries, além de serem mais precisas na visualização da crista óssea, em vir-
tude da angulação utilizada.
2.6 PLANEJAMENTO
MODELOS DE ESTUDO

Na grande maioria dos casos de prótese, é necessário que modelos de estudo


sejam montados em ASA na posição de RC. Para tanto, devem ser obtidos
moldes em alginato e modelos em gesso especial tipo III que reproduzam
fielmente as estruturas anatômicas da maxila e da mandíbula. Após a realização
dos exames clínicos e radiográficos e da montagem dos modelos de estudo em
articulador, pode-se iniciar o planejamento e fundamentais utilidades dos
modelos de estudo montados em ASA:

• Registro da situação inicial do paciente.


• Observação dos contatos que conduzem a mandíbula da RC para a MIH.
• Observação do movimento que a mandíbula executa de RC para MIH.
• Observação facilitada das relações intermaxilares.
• Observação dos efeitos de um possível ajuste oclusal.
• Observação facilitada das inclinações das unidades dentais.
• Enceramento diagnóstico.
• Confecção de coroas provisórias.
• Confecção de guia cirúrgico para instalação de implantes.

De acordo com a extensão da prótese e das características do caso clínico, o


planejamento poderá ser apenas preliminar, sendo definido após a colocação
das coroas provisórias e a realização das cirurgias periodontais.
3.CONCLUSÃO

Existem várias alternativas de planejamento em reabilitação oral,


Independentemente de a PPF ser confeccionada sobre dentes ou implantes, em
metalocerâmica ou em cerâmica pura, a prótese deverá sempre ter como
objetivos principais o restabelecimento correto das funções mastigatória,
fonética e estética. Para isso, o planejamento deverá ser o mais simples e
conservativo possível e ser realista em relação ao que pode ser obtido
clinicamente. Além disso, os princípios de oclusão devem minimizar o efeito de
cargas adversas ao periodonto, a biologia dos tecidos deve ser respeitada e a
prótese deve possibilitar uma higiene efetiva, a fim de preservar a homeostasia
da área e manter a prótese pelo maior tempo possível. Por isso deve-se sempre
evitar soluções, projetos e próteses mirabolantes; ouvir sempre o desejo do
paciente antes de definir o tratamento; compatibilizar o plano de tratamento com
a idade/ saúde do paciente; valorizar a boca, o sorriso, o bem-estar, a autoestima
e a qualidade de vida; enfatizar a importância da boca e dos dentes para a saúde
geral; ter várias opções de resolução protética, se possível; auxiliar (sem induzir)
o paciente na seleção do tipo de tratamento com honestidade e profissionalismo;
não omitir que os procedimentos demandam tempo, são cansativos,
desconfortáveis, incômodos, desagradáveis, dolorosos, limitantes
funcionalmente e custosos; e adequar o planejamento e o plano de tratamento
as possibilidades financeiras do paciente.
4.REFERÊNCIAS

McGIVNEY, G. P., CASTLEBERRY, D.J. Prótese parcial removível de


McCracken 12ª Ed. São Paulo: Artes Médicas, 2011.

ROSENSTIEL, S.F.; LAND, M.F.; FUJIMOTO, J. Prótese Fixa Contemporânea.


3ª Ed. São Paulo, Livraria Editora Santos, 2005.

BALDISSEROTTO et al., Revista Odonto Ciência – Fac. Odonto/PUCRS, v. 21,


n. 53, jul./set. 2006.

HOU G L, TSAI C C, WEISGOLD A S. Periodontal and prosthetic therapy in


severely advanced periodontites by the use of the crown sleeve coping telescope
denture. A longitudinal case report. Aust Dent J; 42(3): 169-173; 1997.

PEGORARO,Luiz Fernando ;VALLE, Acacio Lins do; ARAUJO, Carlos dos Reis
Pereira de; BONFONTE, Gerso- Protese Fixa: Bases para planejamento em
reabilitação Oral.

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