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APRENDIZAGEM DO ADOLESCENTE

AULA 1
17/11

PROFESSORAS: FLÁVIA CAMARGO E DÉBORA RITA DA SILVA


MÓDULO III

APRENDIZAGEM NA ADOLESCÊNCIA

Ementa: Entendimento e direcionamento das aprendizagens para a


adolescência considerando os aspectos cognitivos, psicossociais e
culturais desta fase única do desenvolvimento e também de cada
sujeito dentro do grupo
A adolescência é uma etapa de desenvolvimento
e transição rumo à vida adulta, que se caracteriza
por um ritmo acelerado de crescimento.
Durante o seu desenvolvimento, ocorrem
transformações neurológicas, cognitivas e
socioemocionais, além de uma maturação
física e sexual.
Todas essas experiências incluem a transição
para a independência social e econômica, o
desenvolvimento da identidade, um aumento do
egocentrismo, a aquisição das aptidões
necessárias para estabelecer relações nos
grupos e a prática de papéis.
ASPECTOS COGNITIVOS DA APRENDIZAGEM DO
ADOLESCENTE:

O CÉREBRO DO ADOLESCENTE:

A ADOLESCÊNCIA É UMA FASE IMPORTANTE DA


CAPACIDADE DO CÉREBRO DE REFAZER CONEXÕES E
CAMINHOS ENTRE OS NEURÔNIOS.
Podemos otimizar ambientes de aprendizagem para alinhar-se com as
necessidades específicas desse grupo. As regiões responsáveis ​pelo
pensamento crítico, a tomada de decisões e a regulação emocional estão
em pleno desenvolvimento, tornando crucial a adaptação de nossas
abordagens educacionais. Além disso, o estudo do cérebro adolescente
fornece insights importantes sobre a influência do ambiente e das
experiências no desenvolvimento neural.

Como educadores, estamos na linha de frente para moldar o futuro ao


inspirar e capacitar mentes jovens. Ao integrar o conhecimento
neurocientífico em nossas práticas, estamos melhor preparados para
estimular um ambiente educacional que atenda às demandas exclusivas do
cérebro adolescente.
“O Cérebro adolescente é extremamente sensível à experiência “
“É como um dispositivo de gravação que está ligado a um nível diferente de
sensibilidade”.
Steinberg,2004

ISSO SIGNIFICA QUE A ADOLESCÊNCIA É UMA JANELA DE


OPORTUNIDADES PARA FIXAR CERTOS APRENDIZADOS. AS
LEMBRANÇAS DA ADOLESCÊNCIA (MESMO OS EVENTOS MAIS
MUNDANOS) SÃO MAIS MARCANTES QUE QUALQUER OUTRO EVENTO
POSTERIOR DA VIDA.
Steinberg, L., & Lerner, R. M. (2004). The scientific study of adolescence: A brief history. The Journal of Early
Adolescence, 24, 45-54.
Nesta série de imagens de varreduras cerebrais feitas com indivíduos de
5 a 20 anos, vemos as áreas azuis que indicam redes mais maduras e
eficientes dentro do cérebro. Na adolescência, o cérebro amadurece
rapidamente, começando com a percepção espacial (linha central visível
de cima). As áreas frontais, que estão associadas ao pensamento crítico
e ao planejamento, continuam a se desenvolver da adolescência até o
início dos 20 anos, e o lobo temporal, localizado na curva inferior, que
está associado ao aprendizado e à memória, está entre as últimas áreas
a amadurecer completamente.

Fonte: “Dynamic Mapping of Human Cortical Development During


Childhood Through Early Adulthood,” Proceedings of the National
Academy of Sciences
Os neurônios apresentam três partes básicas:os dendritos, o axônio e o corpo celular.

Os neurônios são células especializadas em transmitir sinais elétricos e químicos para todo
corpo, ou seja, regulam nosso comportamento. São as células que identificam o que acontece
dentro e fora do corpo.
Cada neurônio recebe informações de muitos neurônios e os transmite para diversos outros.

As células da GLIA, que protegem os neurônios e fornecem nutrientes, oxigênio, além de ajudar
a remover a “sujeira” deste outro tipo de célula.
Quando as células do cérebro se comunicam os impulsos
nervosos são transformados em impulsos químicos em
decorrência da presença de sinalizadores químicos
(neurotransmissores) . Desse modo temos as sinapses que é a
região de proximidade entre a extremidade de um neurônio e
uma célula vizinha.
Uma única célula nervosa pode fazer mais de 1.000 sinapses, que geralmente ocorre entre o axônio de um
neurônio e o dendrito de outro.
As células de Glia que produzem uma substância branca, chamada mielina.
A mielina cresce bastante durante a adolescência. Ela faz com que a
informação chegue mais rápido pelo axônio.
Ou seja, a mielina age como uma espécie de revestimento de cabos
elétricos: faz com que as informações passem mais rápido entre os
neurônios.
O CÉREBRO DO ADOLESCENTE ESTÁ PREPARADO PARA APRENDER :

1- APARECIMENTO DE NOVAS CÉLULAS CEREBRAIS.


2- “PODA” DE PARTE DO CRESCIMENTO EXTRA.
3- FORTALECIMENTO DAS CONEXÕES.

APESAR DESTAS MUDANÇAS SEREM RÁPIDAS , ESTES PROCESSOS


LEVAM TEMPO. DIFERENTES PARTES DO CÉREBRO SE DESENVOLVEM
EM DIFERENTES MOMENTOS, COM A PARTE DO CÉREBRO
RESPONSÁVEL PELO PENSAMENTO ABSTRATO, PLANEJAMENTO E
TOMADA DE DECISÕES SE DESENVOLVENDO POR ÚLTIMO.
O cérebro é um músculo, precisamos exercitá-lo”
(Dr. Arne May, professor assistente de neurologia da
Universidade de Rosenborg, Alemanha
https://neuroconecte.com)

Atividades saudáveis para o cérebro auxiliam a :


Memória, atenção, coordenação, equilíbrio, melhora o
humor.
Eu tenho meu plano de vida totalmente completo,
formado na minha cabeça.
Traçado já?
Quero fazer psicologia, quero investir em bolsa de
valores, quero ter a minha própria empresa, dentro da
bolsa de valores, e ter o meu escritório para mim,
fazer atendimento em relação ao meu trabalho.
Sem ser pelo governo, de forma particular.
COGNIÇÃO E O DESENVOLVIMENTO MORAL DO ADOLESCENTE

Para alguns adolescentes


vivenciar eventos traumáticos
Alguns adolescentes podem se Os adolescentes podem diferir
podem mudar sua visão de
conectar mais facilmente com em seu nível de otimismo , bem
mundo. Além das terapias
problemas no mundo em geral e como consideram as coisas do
cognitivas e abordagens como
se concentrarem em problemas ponto de vista prático ou
cuidados informados sobre
que afetam todo o mundo. idealista.
traumas, a religião e a
espiritualidade podem ajudar.

Os membros da família
Uma vez que os adolescentes
frequentemente são os primeiros
experimentam uma série de
professores de uma pessoa sobre
pontos de vista, eles aprendem a
como um mundo funciona ,
refletir, questionar e refinar suas
estabelecendo normas e
próprias visões.
tradições culturais .
É. Cansado de ir na escola. Ah porque eu ia, não
entendia nada, aí ninguém me explicava nada, eu
pensei, ah! Vou ficar em casa dormindo.
Tipo, várias vezes professor, falou que eu não ia ter
futuro e que eu não ia ser ninguém, e tipo, eu não ia
vencer na vida.
FORTALECIMENTO DE CONEXÕES E O DESENVOLVIMENTO COGNITIVO
PIAGETIANO
Estágio operatório formal:
PENSAMENTO ABSTRATO

Compreensão de ideias mais amplas e abstratas.

RACIOCÍNIO AVANÇADO

Os adolescentes podem prever resultados de suas ações utilizando a


lógica para imaginar várias opções e situações diferentes. Planejamento
de futuro.

METACOGNIÇÃO

Uma nova habilidade é desenvolvida: “pensar sobre o pensamento”.


Reflexão de como chegaram a uma resposta ou conclusão. Também ajuda
o jovem a pensar sobre como ele aprende melhor e encontrar maneiras de
melhorar como eles absorvem a nova informação.
FORTALECIMENTO DE CONEXÕES E O DESENVOLVIMENTO COGNITIVO
PIAGETIANO

Piaget divide os períodos de desenvolvimento de acordo com o aparecimento de novas qualidades do


pensamento, o que, por sua vez, interfere no desenvolvimento global. Os períodos do desenvolvimento são
caracterizados por aquilo de melhor que o indivíduo consegue fazer nas faixas etárias, como: sensório-motor,
pré-operatório, operatório concreto e por último, operatório formal. Neste último estágio, Piaget considerou
que o atributo mais geral deste pensamento é o reconhecimento de que a realidade é nada mais que um
conjunto de todas as possibilidades.
Podia ter dez pessoas fazendo merda, a mesma coisa
que você tá fazendo, eles implicavam só com você.
Tava todo mundo gritando na sala, você abria a boca,
professor ia lá gritava com você e mandava para a
secretaria. Tenho certeza que muita gente já passou
por isso.
Contribuições teóricas de Piaget no desenvolvimento
cognitivo do adolescente:

A teoria oferece insights valiosos para os educadores,


especialmente ao trabalho com adolescentes.

Ele argumentou a favor de abordagens pedagógicas que


estimulem a exploração, a descoberta e a construção ativa do
conhecimento.
Conectar o Novo ao Conhecimento Existente:

Ajude os alunos a conectar novos conhecimentos ao que já sabem. Isso


está alinhado com a ideia de assimilação de Piaget, onde os indivíduos
incorporam novas informações ao seu entendimento existente.
Promover a Autonomia e Responsabilidade:

Dê aos adolescentes responsabilidades e autonomia em seu


aprendizado.
Isso reflete o conceito de equilíbrio em Piaget, onde os indivíduos buscam
equilibrar novas informações com seu conhecimento existente.

Lembrando que cada aluno é único, e as estratégias podem precisar ser


ajustadas de acordo com as necessidades individuais. Integrar os princípios
da teoria de Piaget pode contribuir para um ambiente de aprendizagem
mais eficaz e envolvente na adolescência.
Pensamento abstrato e lógico. Proponha atividades
que desafiem os alunos a pensar criticamente e a
resolver problemas complexos.

Atividades Interativas e Experienciais:

Adaptação ao Nível de Desenvolvimento:


Adapte as atividades de ensino ao nível de
desenvolvimento cognitivo dos alunos.
Evite abordagens demasiado simplistas ou complexas
para garantir uma aprendizagem eficaz.
.

Estímulo à Curiosidade e Descoberta:

Promova a curiosidade e o desejo de descobrir. Os adolescentes estão em uma


fase em que desejam compreender o mundo de maneira mais profunda. Estimule
perguntas e investigações.

Favorecer a Colaboração e Discussão:

Incentivo à colaboração entre os alunos. Piaget destacou a importância da


interação social no desenvolvimento cognitivo. Discussões em grupo e atividades
colaborativas podem enriquecer o aprendizado.

Feedback Construtivo:

Forneça feedback construtivo que estimule o pensamento crítico e a reflexão.


Ajude os adolescentes a compreender seus erros como parte do processo de
aprendizagem e encorajar a autorreflexão.
ASPECTOS ÚNICOS NO DESENVOLVIMENTO COGNITIVO

O desenvolvimento cognitivo, bem como o desenvolvimento físico, acontece


em um ritmo diferente para cada adolescente. As habilidades de
pensamento e raciocínio podem não ser as mesmas para cada adolescente.
Outro ponto relevante a se considerar é que o pensamento de um
adolescente pode não corresponder a sua aparência.
No desenvolvimento cognitivo, a medida que o cérebro se desenvolve os
jovens se predispõem a assumirem mais riscos que os adultos. A capacidade
de raciocinar e pensar sobre as consequências dá um salto adiante. No
entanto, nem sempre os adolescentes tomam as decisões mais saudáveis
porque outros fatores além da avaliação de risco, como suas emoções ou
recompensas sociais entram em ação. Os adultos podem auxiliar os jovens
contra riscos não saudáveis, conscientes destes fatores e criando
ambientes que orientem para escolhas saudáveis.
SISTEMA DE RECOMPENSAS:
No cérebro, a molécula dopamina é um neurotransmissor. Ela é
responsável por levar informações para várias partes do corpo e, quando
liberada provoca a sensação de prazer e aumenta a motivação.
Os adolescentes possuem um terço dos receptores para dopamina, assim
sendo, precisam de experiências intensas que estimulam a liberação da
substância para sentirem mais prazer .
Alguns comportamentos percebidos nos adolescentes remetem a este
fato:
Busca por novidades.
Excessos (ex:música alta).
Comportamento de risco (euforia).
Procura por sexo., entre outros.
TOMADA DE DECISÕES:
Cognição quente:
A decisão é tomada rapidamente em um ambiente “quente”.
O adolescente precisa fazer uma escolha.
Estes ambientes “quentes” tendem a ter mais emoções ligadas a eles.
Cognição Fria:
Os adolescentes tem tempo para refletir e pesar suas opções.
É aquilo, revolta gera revolta, se a escola agir com
uma revolta com a gente a gente vai se revoltar
contra ela. Da mesma forma, a professora trata a
gente mal, a gente vai trata ela mal também. É uma
forma de autodefesa.
Muitas vezes eles pensam e sentem como os adultos. Mas
não raro se comportam como crianças. A explicação é
neurobiológica: algumas regiões cerebrais responsáveis
pela autorregulação emocional amadurecem mais
tardiamente.

Capacidade de controlar e gerir pensamentos e ações.


Importância do trabalho com as funções executivas
Memória de Trabalho: Capacidade de reter e manipular informações temporárias
para realizar tarefas complexas.

Inibição: Habilidade de controlar impulsos, bloquear distrações e manter o foco.


o
Flexibilidade Cognitiva: Capacidade de se adaptar a novas situações e ajustar o
pensamento de acordo.

Planejamento e Organização: Habilidade de criar planos, organizar tarefas e repetir-


las de maneira eficaz.

Raciocínio Resumo: Capacidade de analisar informações complexas e resolver


problemas.

Controle Emocional: Habilidade de regular as emoções em diversas situações.


O que vocês falam pra mim de sucesso escolar?
É tipo você ter uma convivência boa, igual a gente
tem aqui no ECAH, é você conseguir passar de ano,
ter pessoas te apoiando, não é só ser o melhor aluno,
você ser a melhor pessoa, mas é você ter evoluções
dentro da escola como pessoa e como aluno em
relação a aprendizagem.
Eu tive uma aula de racismo. Eu nunca tive uma aula de racismo.
Nunca?
Nunca tive uma aula desses paranauê que a gente dá ideia. Tipo,
é da hora fala sobre trabalho, racismo, nunca tive uma aula assim
em outra escola.
A gente nunca pode ter aula assim de outras religiões, uma aula
formada mesmo, as outra eles falavam só por cima. Em relação a
homofobia também, a gente quase não conversava. A maioria dos
professores não podia entrar nesse assunto.
FAÇA UM EXERCÍCIO:

Lembre-se como você foi na adolescência?

Como eram seus:


Sentimentos, escolhas, linguagem, crenças,
valores ?
A maturidade emocional nem sempre acompanha o rápido desenvolvimento físico e
cognitivo durante a adolescência. Os adolescentes, muitas vezes, enfrentam
desafios na regulação emocional, lidando com mudanças de humor intensas,
impulsividade e conflitos interpessoais. Eles podem experimentar uma ampla gama
de emoções, desde entusiasmo e alegria até ansiedade e tristeza, muitas vezes sem
entender completamente a causa dessas emoções.
Oferecer um ambiente seguro e de apoio, incentivar a comunicação aberta, validar
as emoções dos adolescentes e fornecer recursos e estratégias para lidar com o
estresse e os desafios emocionais podem ajudar os adolescentes a navegar com
sucesso pelo seu desenvolvimento psicoemocional.
E vale ressaltar que é através da família que o ser humano forma a sua estrutura
mental, desenvolve sua personalidade e é inserido no desenvolvimento emocional, o
qual balizará seu comportamento social.
Vocês conversam com a gente, vocês tipo, não falam
que é nada obrigado a forma que vocês tratam a
gente faz a gente, faz a gente ter...
Convence a gente.
Convence, a gente a querer fazer.
Verdade!
Não é nada entediante, chato, a gente faz porque
quer, porque gosta da matéria.
Os professores, nem sempre tratam a gente só
como aluno. Eles tratam a gente com colegas,
amigos, eles são gentis com a gente, eles
respeitam a gente. A gente tem o mesmo respeito
que eles têm por nós. Por isso que não tem
intriga com o professor e aluno igual nas outras
escolas.
A escola A qualidade da educação influencia fortemente o desempenho do
estudante. A boa escola
de ensino secundário tem um ambiente organizado e seguro, recursos
materiais adequados, uma
equipe de professores estável e um senso de comunidade positivo. A cultura
escolar coloca uma forte
ênfase nos estudos e cursos e promove a crença de que todos os estudantes
podem aprender. Ela também oferece oportunidades para atividades
extracurriculares, que mantêm os estudantes envol-
vidos e impede que eles se metam em apuros após a escola. Os professores
confiam, respeitam e se preocupam com os estudantes e têm altas
expectativas para eles bem como confiança em sua própria
capacidade de ajudar os estudantes a ter sucesso (Eccles, 2004).
SABER PEDAGÓGICO PARA O AGORA

a
A maioria dos professor só passava as coisa no
quadro, se tivesse alguma dúvida perguntava, se não,
tinha que fazer sozinha.

Eu aprendo aqui, mas pra mim é igual as outra. Eu só


aprender, só eu focá e tiver força de vontade.
A LINGUAGEM DO EDUCADOR – COMUNICAÇÃO ASSERTIVA
O que é tratar como aluno?
Tratar, tipo com autoridade, tipo, nem todo
professor trata um aluno, tipo alguém...ah não de
uma forma desrespeitosa, igual, é alguém igual a ele,
tratar com desdém,
tratar com autoridade, como se fosse, se ele
mandasse ali, a gente não tem direito de falar nada
dentro da sala de aula.
O Lucão mesmo chega e ele conversa com a gente
como se fosse amigo contando história, do que
aconteceu no passado.
Eu acho que é o fato de ensinar conversando. Cara
chegar e falar: não, porque lá atrás o mano fez isso e
fez isso.
A maioria de nós, tipo, dos alunos aqui do ECAH
tiveram uma parte de rejeição das escolas,
“os atentado!”
Os professores ficavam implicando com a gente. É
tipo...
Por exemplo eu, eu odeio ficar escrevendo no
caderno, eu aprendo mais ouvindo as pessoas falar,
oral, e as professoras sempre me xingavam, porque eu
não gosto de escrever, mas aí sempre tirava nota
baixa por causa disso, mas eu sempre tirava nota alta
nas provas. E eu bombei várias vezes por causa disso
também.
A última vez que eu reprovei foi por conta de bullying
na escola. Porque eu era bem acima do peso e a
maioria ficava pegando no meu pé. Aí todo dia eu ia
chorando pra escola. Aí minha mãe falou, então vamos
tirar você da escola. Aí eu fiquei a metade do ano sem
ir pra escola. Ano passado eu reprovei porque
ninguém gostava de mim na escola, aí eu ficava com
medo de apanhar e não ia, eu matava aula. Ia pro
parque municipal.
Aprende-se pela cognição, mas sem dúvida alguma,
aprende-se pela emoção.
O desafio é unir conteúdos coerentes, desejos,
curiosidades e afetos para uma prazerosa
aprendizagem.

“Aprender é uma questão de foco, organização e ritmo neural.” (Relvas, 2010)


APRENDIZAGEM DO ADOLESCENTE

AULA 2
18/11

PROFESSORAS: FLÁVIA CAMARGO E DÉBORA RITA DA SILVA


Pontos para reflexão:

A Arte faz parte das juventudes;


O jovem precisa estar próximo de seus interesses;
Fazer coisas medíocres não faz parte da vida dos
jovens;
Saída política para a juventude;
Como envolver o jovem nesse engajamento;
Ava l i a ç ã o d e c o m p e t ê n c i a s d o s é c u l o 2 1

A extinção de postos de emprego e profissões acenderam um alerta


na sociedade sobre qual seria a ocupação dos alunos que estão se
formando hoje. Contudo, o mais importante é que alguns dos mais sérios
problemas que o mundo enfrenta – sustentabilidade, intolerância,
dominação e exterminação de culturas etc. – só serão resolvidos no longo
prazo e por um tipo muito raro de pessoas: as muito ponderadas, críticas,
com iniciativa, que aceitem e valorizem a diversidade, que saibam
pensar sistêmica e estrategicamente, que sejam líderes não autoritários
etc. Esse cidadão precisa ser formado nas escolas agora e, para isso,
elas precisam fazer um trabalho inovador.
Competências Socioemocionais ,
criatividade e pensamento crítico do avanço como ser humano

O que significa formar alunos “mais humanos”?

O sentido por trás dessa pergunta é a formação de


alunos autônomos intelectual e moralmente, que se
preocupam com o próprio desenvolvimento: o avanço
em seu conhecimento e também em seu senso ético,
sua capacidade de interagir com outros, ser solidário,
pensar no coletivo e respeitar valores democráticos.
Como avaliar e desenvolver então? Utilizando
situações autênticas (sobretudo as que acontecem
dentro das escolas), desenhando e
provocando novas vivências, propondo desafios e
projetos de intervenção social que permitam gerar
soluções e produtos criativos. As escolas inovadoras
revitalizaram a aprendizagem por projetos, por
problemas e por casos.
O livro “Aprendizagem poderosa: o que sabemos sobre
o ensino para a compreensão”, de Linda Darling-
Hammond, mostra que escolas que fazem bem o
caminho dos problemas, projetos e casos têm,
consistentemente, resultados melhores nos testes de
larga escala. Dylan Wiliam e John Hattie, outros dois
estudiosos do tema, comprovam que investir em
processos de avaliação formativa é o que traz maior
impacto no desempenho dos alunos em avaliações de
larga escala.
Alguns exemplos de quem hoje no Brasil faz uso de tudo isso:

professores de informática educativa da rede municipal de São Paulo e seus


alunos, que trabalham com aprendizagem por projetos e avaliação por rubricas
há vários anos, para o desenvolvimento de competências do século 21;

professores das redes municipal e estadual e do Senai de Chapecó (PR) e


seus alunos, que participam de um projeto internacional em colaboração com
a OCDE em mais 15 países, coordenado no Brasil pelo Instituto Ayrton Senna,
para o desenvolvimento de criatividade e pensamento crítico, que usam
rubricas e portfólios para registro e avaliação;

escolas de Campinas e Paulínia (SP), que trabalham no desenvolvimento


moral e da convivência ética que usam rubricas, rotinas de pensamento e
registros por meio de narrativas. A avaliação precisa ser ela mesma inovadora
para ser viabilizadora dos avanços desejados.
Foi só no final do século 19 que a Educação começou a tomar
forma como um direito efetivamente universal, e só em
meados do século 20 que a ideia de uma Educação de igual
qualidade para todas as classes sociais passou a ser
majoritariamente aceita. No Brasil, só alcançamos a
universalização na última década – mais de cem anos depois
de virarmos uma república. Portanto, a ideia de Educação
universal, de qualidade, pública e gratuita talvez seja o mais
ousado, difícil e ambicioso projeto do século 21,
principalmente para um país em desenvolvimento.
O modelo de escola que conhecemos expirou. Deixou de
fazer sentido para boa parte dos estudantes, estressa os
professores, não gera os resultados esperados na
aprendizagem nem consegue preparar as novas
gerações para enfrentar os desafios da vida
contemporânea. Assim como um medicamento com
prazo de validade vencido, começa a provocar efeitos
colaterais tão nocivos quanto o mal que busca combater.
Os alunos perdem o interesse pelos estudos, passam a
acreditar que são incapazes de aprender e, muitas
vezes, acabam por abandonar a sala de aula.
Quadrinhos – Turma da Jovenilda: Professor Marcos Roberto da Silva Moreira e alunos da Escola
Municipal EF Joaquim Osório Duque Estrada, zona leste de São Paulo. Desafio: O que existe de ciência
sobre adolescência por meio de histórias. (UNIFESP - www.adole-sendo.info.)
(https://tinyurl.com/yck2xb9c)
Tudo está em discussão:
currículo, práticas e
materiais Vamos falar
pedagógicos,
sobre isso?
organização
de espaços, tempos,
papéis e
relações no ambiente
escolar.
APRENDIZAGEM DO ADOLESCENTE

Foi um
prazer!
PROFESSORAS: FLÁVIA CAMARGO E DÉBORA RITA DA SILVA

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