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PSICOLOGIA DO

DESENVOLVIMENTO
TAINÁ THIES

Unidade 02
Unidade 2 | Introdução

Vamos ver um breve histórico da Psicologia da


Educação para levantar as concepções e
implicações pedagógicas mais relevantes.
Você também irá estudar as noções de uma área
muito ampla, a Psicopedagogia, e de uma área
que vem ganhando campo pelo mundo,
especialmente no Brasil, a Neuropsicopedagogia.
OBJETIVOS
1. Recordar os marcos históricos da Psicologia da
Educação.
2. Diferenciar as concepções acerca da Psicologia
da Educação.
3. Enunciar as diferentes implicações
pedagógicas inerentes às diferentes
concepções.
4. Examinar as bases da Psicopedagogia e da
Neuropsicopedagogia.
EVOLUÇÃO DA PSICOLOGIA DA EDUCAÇÃO

Inicialmente, não havia uma disciplina que desse conta


dos processos psicológicos na educação. Assim como a
psicologia, a educação também era permeada pelas
ideias filosóficas até o século XIX.
Posteriormente, com diferentes conhecimentos
levantados pelas pesquisas em Psicologia é que foi
possível chegar a um campo que se preocupasse com a
aplicação de tais conhecimentos na educação.
TEORIAS DE 1890-1920

Alguns dos pioneiros da Psicologia também


podem ser reconhecidos como os pioneiros
da Psicologia da Educação, como Wundt,
Titchener, James, Thorndike e Pavlov.
JAMES MCKEEN CATTELL (1860-1944)

Funcionalista americano que estudou


as capacidades humanas por meio de
testes mentais, os quais mediam a
velocidade dos movimentos dos
alunos, a sensibilidade dos dedos na
escrita ou ao toque, pressão
necessária no corpo para se provocar
dor, tempo em que o aluno levava
para reagir ao som ou à luz, entre
outros.
GRANVILLE STANLEY HALL (1844-1924)

Hall estudou o desenvolvimento humano


focando o desenvolvimento infantil. Para
testar suas teorias, o psicólogo
americano aplicou inúmeros testes com
as crianças, desenvolvendo a teoria da
recapitulação: as crianças recapitulam a
evolução da espécie humana, passando
de um estágio quase selvagem quando
bebês até chegar a uma fase civilizada, a
adulta.
TRÊS GRANDES ÁREAS NA PSICOLOGIA DA
EDUCAÇÃO
A Psicologia da Educação se interessa por
inúmeros temas, desde os materiais utilizados
na educação até problemas de ordem emocional
envolvidos na aprendizagem. Assim, três grande
áreas de pesquisa se desenvolveram no início da
Psicologia da Educação:
1. Medição das diferenças individuais por meio
de testes.
2. Análise dos processos de aprendizagem.
3. Psicologia infantil.
MEDIÇÃO DAS DIFERENÇAS INDIVIDUAIS POR
MEIO DE TESTES

Alfred Binet (1857-1911) foi um


psicólogo que desenvolveu testes
para identificar o desenvolvimento
intelectual com base na idade
mental da criança. O teste levava
em consideração três fatores
básicos: compreensão, raciocínio e
capacidade de julgamento.
ANÁLISE DOS PROCESSOS DE
APRENDIZAGEM
Charles H. Judd (1873-1946) foi um
psicólogo americano que tinha um
enfoque prático de estudo sobre a
real aplicação dos conceitos da
Psicologia na escola. Preocupou-se
ao longo de sua vida em fazer com
que tal conhecimento fosse útil
para professores e alunos. Assim,
debruçou-se sobre o currículo e a
organização escolares.
PSICOLOGIA INFANTIL
Esta área de estudos se tornou muito
importante com base nas concepções de
que para ensinar melhor o aluno, é preciso
conhecê-lo.
Para o pesquisador suíço Edouard
Claparède (1873-1940), a educação deveria
focar o interesse do aluno pelo estudo, não
em castigos e recompensas. Assim, é papel
do professor estimular a criança a buscar
informações partindo de seus interesses e
mostrar motivação para com as atividades
realizadas.
TEORIAS DE 1920-1955
Esse foi um período muito propício para o
florescimento da Psicologia da Educação,
pois permitiu que a própria pedagogia
obtivesse um status de ciência.
Os três campos constituintes do primeiro
período da Psicologia da Educação
continuaram a se desenvolver, ampliando
seus escopos, bem como suas ferramentas.
Três grandes pensadores fazem parte desse
período: Henri Wallon, Jean Piaget e Lev
Vygotsky.
HENRI WALLON (1879-1962)
ESTÁGIO IDADE DESCRIÇÃO

Um ponto muito importante é


Durante o Neste estágio, a criança não se difere do mundo que a
IMPULSIVO EMOCIONAL primeiro cerca. Seus movimentos são descoordenados, mas em
a ênfase dada em suas
ano de vida desenvolvimento com o ambiente. pesquisas ao movimento,
sendo o ato de brincar uma
SENSÓRIO-MOTOR E
Desenvolvimento de uma inteligência prática e linguística, atividade essencial no
1-3 anos pela interação do corpo com os objetos e pelo
PROJETIVO
desenvolvimento da fala.
desenvolvimento, da mesma
forma que, brincando,
PERSONALISMO 3-6 anos Formação da personalidade. desenvolvem-se as emoções,
6-11/12 Início e desenvolvimento das capacidades cognitivas de
por meio da resolução dos
CATEGORIAL
anos abstração conflitos que aparecem em
grupo.
Transformações físicas e psicológicas da puberdade.
A partir dos
PREDOMINÂNCIA FUNCIONAL Desenvolvimento afetivo em busca de autoafirmação e
12 anos
compreensão dos conflitos internos.
JEAN PIAGET (1896-1980)
PRINCIPAIS CONCEITOS
Para Piaget, o processo de
Criação de estruturas cognitivas complexas; padrões de aprendizagem se fundamenta
ORGANIZAÇÃO comportamento que auxiliam na adaptação ao ambiente, seu
modo de pensar e agir. no desenvolvimento cognitivo
do indivíduo. Sem tal
ADAPTAÇÃO Forma como a criança lida com novas informações. desenvolvimento não é
possível a construção de
Receber a informação e incorporá-la
Assimilação aos esquemas cognitivos já saberes. Assim, a escola e os
existentes. mediadores têm o papel de
facilitar o desenvolvimento
Ajuste nos esquemas cognitivos
Acomodação existentes para inserir uma nova
cognitivo infantil, por meio de
informação. desafios, uma vez que a criança
constrói seus saberes com a
EQUILIBRAÇÃO Esforço para equilibrar a assimilação e a acomodação.
elaboração das experiências.
LEV VYGOTSKY (1896-1934)

"A criança, segundo Vygotsky, aprende através


da interação social. Ela adquire habilidades
cognitivas como parte de sua indução a um
modo de vida. Atividades compartilhadas
ajudam a criança a internalizar os modos de
pensar da sociedade, cujos hábitos passam a ser
seus”. (PAPALIA; OLDS; FELDMAN, 2010, p. 38).
TEORIAS A PARTIR DE 1955

Fatores sociais (políticos, culturais e econômicos) também foram de grande


importância e repercutiram na Psicologia da Educação. Prosperidade econômica
nos EUA, desenvolvimento tecnológico, crença de que a educação pode ser
utilizada como um instrumento de progresso, reformas educativas e ampliação do
tempo escolar obrigatório são alguns dos fatores que influenciaram esse período.
Neste contexto, ganhou muita força a Psicologia Cognitiva, que intenta explicar os
processo ligados à aprendizagem, como memória, atenção, visão entre outros.
AS CONCEPÇÕES DE PSICOLOGIA DA EDUCAÇÃO E
IMPLICAÇÕES PEDAGÓGICAS
As teorias atuais em Psicologia da Educação derivam de três
grandes concepções:

1. O desenvolvimento se deve a um processo interno e a


educação tem por finalidade acompanhar tal processo.
2. O desenvolvimento é fruto da aprendizagem e, sendo assim,
a educação tem papel fundamental na construção dos
indivíduos.
3. Desenvolvimento e aprendizagem caminham juntos, uma vez
que há certo grau de processos internos que guiam o
desenvolvimento, independentemente da aprendizagem como
escolaridade, como descrito por Piaget.
CONSTRUTIVISMO
Em linhas gerais, o construtivismo
defende a ideia de que há grande
importância na participação construtiva
do indivíduo em seu processo de
aprendizagem, permeando inúmeros
movimentos atuais sobre o assunto.
Como um exemplo, podemos citar as
metodologias ativas e o movimento
maker, ambos focados em fazer o
indivíduo se tornar ativo em seu processo
de aprendizagem.
SOCIOCONSTRUTIVISMO
Para o socioconstrutivismo, o aprendizado
provém de um processo de construção que
considera na aprendizagem tanto os
processos internos e individuais quanto,
principalmente, o grupo do qual faz parte o
aluno e como esse grupo age para que seus
indivíduos aprendam. Assim, para esta
teoria são importantes o ambiente, os
colegas, os professores e as experiências
que o aluno passa na busca pelo
aprendizado.
TEORIAS DO ENFOQUE E CONTEXTO CULTURAL

Essas teorias buscam comprovar a importância da


interação entre as pessoas e seus contextos para
o pleno desenvolvimento dos processos
psicológicos como raciocínio lógico, linguagem,
memória, atenção.
Para elas, só é possível avaliar tais processos
psicológicos na interação entre o indivíduo e o
meio, não apenas verificando como funcionam
tais processos no cérebro.
ESTUDO DOS CONTEÚDOS ESCOLARES
Outra área que tem se desenvolvido
muito, e de forma rápida, é a dos
conteúdos escolares como: leitura,
matemática, ensino de ciências etc.
Esse campo busca compreender as
melhores formas de ensinar o aluno
em cada um dos conteúdos, levando
em consideração as descobertas
acerca de como se dão o aprendizado
e as especificidades de cada
componente.
NOVAS PRÁTICAS EDUCACIONAIS

Por fim, uma área que atrai grande interesse


por parte dos pesquisadores da Psicologia da
Educação é a de novas práticas, levando-se
em consideração o aluno como protagonista
de seu processo de aprendizagem.
NOÇÕES DE PSICOPEDAGOGIA

"A psicopedagogia nos permite conhecer a situação do processo de


aprendizagem dos sujeitos com a intenção de melhorar e atuar sobre ele,
para fazer o aluno aprender efetivamente. Ela pode agir na vida do aluno,
intervindo em seu processo de estudo e aprendizagem, ou na vida do
docente e dos recursos externos, incorporando conhecimentos e técnicas
para a melhoria da aprendizagem do aluno" (SOBRINHO, 2016, pp. 23-24).
O PSICOPEDAGOGO
O profissional da Psicopedagogia é alguém que tem
como foco o processo de aprendizagem do
indivíduo em seu contexto. Muitas vezes,
pensamos apenas em termos de escola, porém, um
psicopedagogo pode atuar em diferentes locais:
• Empresas
• Ongs
• Hospitais
• Clínicas
• Instituições para menores infratores
• Lares e abrigos
DIFICULDADE X TRANSTORNO
Dificuldade de aprendizagem – Obstáculo no avanço da aprendizagem de um
indivíduo, a qual pode ser resolvida com intervenções no método de ensino
ou nas relações que envolvem o aprendiz.

Transtorno de aprendizagem – Caracteriza-se por uma disfunção neurológica,


isto é, um funcionamento distinto do cérebro e de suas conexões neuronais.
Esta disfunção faz com que o aprendiz apresente dificuldades de aprendizado
que não estão ligadas apenas ao método ao à desmotivação, embora esses
dois possam influenciar no trabalho de intervenção.
NOÇÕES DE NEUROPSICOPEDAGOGIA

A Neuropsicopedagogia se coloca
como uma ciência que se alia aos
conhecimentos produzidos pela
Neurociência, pela Psicopedagogia e
pela Psicologia Cognitiva. Seu principal
objetivo é estudar as relações entre a
aprendizagem e o sistema nervoso,
visando ao desenvolvimento
biopsicossocial do ser humano.
PLASTICIDADE CEREBRAL
Modelagem do cérebro por meio de
experiências e modificações nos
neurotransmissores e nas estruturas
sinápticas, refletindo no comportamento.
Ocorre em 3 níveis:
• Neuroquímico
• Hedológico
• Comportamental
NÍVEL NEUROQUÍMICO

Mudança na forma de atuação dos


neurotransmissores, que podem
passar a se combinar ou serem mais
ou menos liberads na sinapse,
diminuindo ou aumentando
velocidade de informações em
determinadas áreas do cérebro.
NÍVEL HEDOLÓGICO

Quando a plasticidade muda o cérebro a um


nível hedológico, queremos dizer que na
verdade o neurônio consegue modificar as
sinapses, fazendo ou desfazendo ligações
com neurônios vizinhos.
NÍVEL COMPORTAMENTAL

Ao modificarmos padrões nas sinapses e


na atuação dos neurotransmissores,
permitimos que o cérebro estabeleça
novas rotas para o pensamento. Dito isto,
quer dizer que conseguimos encontrar
novas formas de resolver nossos
problemas e isto se reflete em nosso
comportamento, ou seja, naquilo que
conseguimos observar no outro.
REFERÊNCIAS
• COLL, C. et al. Psicologia da educação. Porto Alegre: Penso, 1999.
• COLL, César; MARCHESI, Álvaro; PALACIOS, Jesus et al. Desenvolvimento psicológico e educação: Psicologia da educação escolar. v. 2.
Porto Alegre: Artmed, 2004.
• FREITAS, Riane Conceição F.; SILVA, Gilmar Pereira da. Privação de escolaridade: a situação do jovem em conflito com a lei e a
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Acesso em: 15 set.2020.
• GATTI, Bernadete. Psicologia da educação: conceitos, sentidos e contribuições. São Paulo, n. 31, p. 7-22, 4 jan. 2010. Disponível em:
https://bit.ly/3bY2b1M . Acesso em: 14 set.2020.
• LA TAILLE, Y. de; OLIVEIRA, M. K. de; DANTAS, H. Piaget, Vygotsky, Wallon: teorias psicogenéticas em discussão. São Paulo: Summus,
2016.
• PAPALIA, D.; OLDS, S.; FELDMAN, R. Desenvolvimento humano. Porto Alegre: AMGH, 2010.
• ROTTA, N.T.; BRIDI FILHO, C.A.; BRIDI, F.R.S. (orgs.) Neurologia e aprendizagem: abordagem multidisciplinar. Porto Alegre: Artmed,
2016
• SOBRINHO, Patrícia Jerônimo. Fundamentos da psicopedagogia. São Paula: Cengage Learning, 2016.
• SPINILLO, Alina Galvão; ROAZZI, Antônio. A atuação do psicólogo na área cognitiva: reflexões e questionamentos. Psicologia Ciência e
Profissão, Brasília, v. 9, n. 3, p. 20-25, 2 jan. 1989.

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