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UNIVERSIDADE CIDADE DE SÃO PAULO

CIÊNCIAS BIOLÓGICAS E DA SAÚDE


CURSO DE PSICOLOGIA

Adriane Peroni de Santana RGM:22055754


Camila Rodrigues Costa RGM:21398640
Larissa V Nascimento RGM:22307818

RELATÓRIO FINAL DE ESTÁGIO SUPERVISIONADO ESPECÍFICO EM


PROCESSOS GRUPAIS.
E E PROF NEYDY DE CAMPOS MELGES

“LUGAR DE FALA”, RODA DE CONVERSA E REFLEXÕES COM


ADOLESCENTES

SÃO PAULO
2021
FOLHA DE APROVAÇÃO

Adriane Peroni de Santana RGM:22055754


Camila Rodrigues Costa RGM:21398640
Larissa V Nascimento RGM:22307818

RELATÓRIO FINAL DE ESTÁGIO SUPERVISIONADO ESPECÍFICO EM


PROCESSOS GRUPAIS

E E PROF NEYDY DE CAMPOS MELGES

“LUGAR DE FALA”, RODA DE CONVERSA E REFLEXÕES COM


ADOLESCENTES

Relatório Final de Estágio Supervisionado Específico em Processos


Grupais - apresentado como exigência do curso de Psicologia da
Universidade Cidade de São Paulo. Supervisor: Professor Me. Daniel
Vargas Castro

Prof. Me. Supervisor: Daniel Vargas Castro:

Assinatura e Carimbo

Clínica Escola de Psicologia


Universidade Cidade de São Paulo
Rua Antônio de Barros, 602 – Tatuapé
www.unicid.edu.br
RESUMO

Este trabalho teve como objetivo discorrer os resultados obtidos através de “uma roda
de conversa” desenvolvido em uma escola estadual com alunos do ensino médio do período
noturno com faixa etária de 17 a 20 anos, onde cada encontro um assunto de interesse do grupo
foi abordado proporcionando ao grupo um lugar de fala seguro e sem julgamentos em relação
a variedade de opiniões expostas pelos adolescentes participantes, os mesmos contaram sobre
suas experiências vividas e tiveram a possibilidade de conhecer outras histórias que os fizeram
pensar e refletir, transformando suas antigas opiniões e progredindo suas atitudes. Ao longo
dos capítulos apresentaremos os resultados, estratégias e assuntos que foram abordados, além
do local onde o estágio foi realizado e referencias teóricos que consultamos para auxiliar no
desenvolvimento do trabalho.

Palavras chaves: conversa; refletir; opiniões.


SUMARIO

1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................5

2 IDENTIFICAÇÃO ............................................................................................................................6

3 DESCRIÇÃO DA DEMANDA.....................................................................................................7-8

4 PROCEDIMENTOS .........................................................................................................................9

5 ANÁLISE DE DADOS..............................................................................................................10-14

6 REFLEXÕES FINAIS...............................................................................................................15-16

7 REFERÊNCIA................................................................................................................................17

8 ANEXOS..........................................................................................................................................18
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1 INTRODUÇÃO

Este trabalho se originou a partir da exigência do cumprimento de 40 horas de estagio


referente a matéria de processos grupais do 5°/6° semestre do curso de psicologia da
Universidade Cidade de São Paulo, este grupo foi formado por três alunas que estabeleceram
contato com a escola E.E Prof. Neydy de Campos Melges, apresentaram a proposta de estagio,
o qual seria “roda de conversas” com os alunos da instituição. Para isso, 12 alunos do ensino
médio com idades de 16 a 20 anos do período noturno, foram convidados a participar de
encontros que foram realizados na própria instituição todas as quartas-feiras do período de
15/09/21 a 17/11/21, os assuntos abordados durante os encontros foram de interesse e
relacionados a demanda que os alunos trouxeram para as estagiarias no primeiro encontro.
Sendo eles, bullying e preconceito, autoestima e influência das redes sociais, visão de
futuro e sonhos. Para estimular a interação entre os alunos, através das reuniões de supervisão
as estagiarias junto de seu supervisor adotaram como estratégia a aplicação de dinâmicas, para
que assim houvesse discussões e reflexões entre o grupo referente a cada assunto abordado. Ao
longo do texto será apresentado o procedimento utilizado, analise e reflexões que as estagiarias
obtiveram durante o trabalho realizado com o grupo.
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2 IDENTIFICAÇÃO:

A instituição E.E Prof. Neydy de Campos Melges, está localizada na Rua Margarida
Carlos de Albuquerque n°288- Itaim Paulista, São Paulo- SP, a escola oferece aulas de ensino
fundamental I, ensino fundamental II, ensino médio e EJA nos períodos matutinos, vespertino
e noturno. Sua infraestrutura é composta por sala da diretoria, sala da coordenação, secretaria,
sala dos professores, salas de aulas, quadra de esporte, sala de vídeo, sala multimidia, cozinha
com alimentação fornecida, banheiros com acessibilidade e internet somente para os
funcionários, o número exato de funcionários não foi informado, porém, as estagiarias foram
atendidas pela vice diretora Marisa, que apresentou os funcionários da secretaria, o
coordenador, os professores e os inspetores.
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3 DESCRIÇÃO DA DEMANDA

Para desenvolver o trabalho as estagiarias selecionaram um grupo de adolescentes


heterógeno com idade entre 17 a 20 anos que estão no ensino médio, esses jovens estão se
preparando para entrar na vida adulta, este é um momento bem marcante, pois, é hora de decidir
quais rumos seguir, qual profissão? Qual curso na universidade? E junto com essas e outras
decisões também novas responsabilidades e planos para o futuro. Zimerman e Osorio (1997, p.
61) define que “o adolescente está fazendo uma importante separação entre o seu estado de
criança em dependência dos pais e a sua preparação para a condição de adulto emancipado”.
Segundo a OMS, Organização Mundial da Saúde

“A adolescência é definida como um período biopsicossocial que compreende,


segundo a Organização Mundial de Saúde - OMS (1965), a segunda década da vida,
ou seja, dos 10 aos 20 anos. Esse também é o critério adotado pelo Ministério da
Saúde do Brasil (Brasil, 2007a) e pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
– IBGE (Brasil, 2007b).”

Os grupos de adolescentes variam de acordo com atitudes, gostos,


comportamentos, valores e filosofia de vida. Serra (1997) diz que “há diversos mundos e
diversas formas de ser adolescente”, as experiencias que o indivíduo tem ao longo de sua vida
o marcam como sendo único mesmo que compartilhe características com outros jovens. Ao
mesmo tempo em que se sugere a ideia de universalidade do estágio da adolescência nota-se
que ela depende de como o jovem é introduzido historicamente e culturalmente na sociedade,
são esses os fatores que determinaram, portanto, as diversas formas de viver a fase da
adolescência, de acordo com o gênero, o grupo social e a geração. (Martins & col,2003).
A proposta de trabalhar com o grupo operativo de reflexão com adolescentes na
escola surge, com o intuito de investigar e intervir em situações de socialização entre os jovens
a fim de garantir um lugar de fala, para que eles possam expor suas questões de forma que se
sentissem seguros e confortáveis sobre os assuntos abordados. Os grupos operativos foram
criados por H. Pichon Riviere na década de 40 na Argentina, Pichon (1986) considera o
indivíduo “como um resultante dinâmico no interjogo estabelecido entre o sujeito e os objetos
internos e externos, e sua interação dialética através de uma estrutura dinâmica que Pichon
denomina de vinculo”. Ele definiu vinculo como “uma estrutura complexa que inclui um
sujeito, um objeto, e sua mutua inter-relação com processos de comunicação e aprendizagem”
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(Pichon,1988). O grupo operativo tem o objetivo de fornecer aos participantes, através da


técnica operativa, a capacidade de identificar e explorar suas fantasias básicas, gerando
condições de provocar e romper suas estruturas estereotipadas. Segundo Temas (1984),”
podemos resumir as finalidades e objetivos dos grupos operativos dizendo que sua atividade
está centrada na mobilização de estruturas estereotipadas, nas dificuldades de aprendizagem e
comunicação devido ao montante de ansiedade despertado por toda mudança”. O grupo
operativo enfatiza o aspecto operacional, o aspecto operativo, a ação, dessa forma Dellarossa
(1970) formou os grupos de reflexão que têm o objetivo de desenvolver as habilidades dos
participantes de “pensar” o próprio grupo através de experiencias compartilhadas, exigindo que
os membros constantemente questionem e reflitam sobre o assunto que está sendo abordado.
O objetivo do trabalho das estagiarias é de que os adolescentes reflitam de fato nos
assuntos que foram levados a cada encontro, gerando trocas de opiniões e experiencias entre os
membros, tornando-os mais capazes de ter a escuta ativa, empatia, comunicação e socialização.
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4 PROCEDIMENTOS

A primeira visita a instituição aconteceu no dia 15 de setembro de 2021 as 20 horas,


neste encontro as estagiarias puderam definir o grupo que iriam trabalhar, alunos do ensino
médio do período noturno com faixa etária de 17 a 20 anos, como estratégia de atuação junto
com o supervisor definiriam que abordariam assuntos de interesse dos participantes e como
forma de interação e participação do grupo aplicariam dinâmicas para que o encontro pudesse
ser mais produtivo.
O grupo teve o total de sete encontros, sendo que o primeiro as estagiarias explicaram
sobre as regras, as quais foram definidas junto de seu supervisor em reunião de orientação; onde
todos deveriam estar cientes da importância de segui-las para que o grupo se tornasse funcional
e cumprisse com o objetivo, após foram feitas as apresentações dos membros do grupo. Os
demais encontros foram abordados os seguintes assuntos: bullying, autoestima, sonhos e futuro
e o último encontro foi utilizado para feedback e encerramento do grupo.
Todos os encontros ocorreram na própria instituição, todas as quartas-feiras no
período noturno das 20:00 as 21:00 na sala de vídeo. Antes de ir ao encontro as estagiarias
realizavam sempre uma pesquisa do assunto e dinâmica que iria ser abordado no dia. Conforme
seu orientador lia os relatos através dos relatórios semanais, orientava as estagiarias sobre qual
seria a melhor forma de conduzir o grupo e quais temas interessantes de ser abordado com os
participantes.
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5 ANÁLISE DE DADOS

A primeira visita na instituição foi dia 15 de setembro de 2021 as 20hrs, neste


encontro as estagiarias conheceram sua tutora externa a qual foi responsável por acompanhar
todo o trabalho realizado na escola, foram apresentadas ao coordenador e alguns professores
além de toda a infraestrutura da escola. Como proposta de trabalho a ser realizado na escola as
estigarias propuseram, um grupo operativo de reflexão com o número máximo de 15
participantes adolescentes sendo heterogêneos. Os encontros aconteceram todas as quartas-
feiras no próprio colégio no período noturno das 20hrs às 21hrs, o objetivo do grupo foi de
trazer assuntos de interesse dos participantes, dar lugar de fala para os adolescentes exporem
suas questões, experiencias resultando assim em discussões e reflexões entre eles.
Tivemos o total de sete encontros com o grupo, em cada encontro foi abordado um
tema diferente, as estagiarias levaram a maioria das vezes uma dinâmica relacionada ao assunto
que seria discutido no dia, como forma de incentivar a participação dos adolescentes. No dia
29 de setembro de 2021 as 20 horas as estagiarias foram até a escola para realizar o convite aos
alunos, explicaram sobre como os encontros iriam funcionar e 15 alunos se inscreveram para a
participação, o grupo formado é heterogêneo com a faixa etária entre 17 e 20 anos, com duração
limitada e fechado.
Dia 20 de outubro de 2021, 20:00 horas, tiveram a presença de 12 participantes,
este foi o primeiro encontro das estagiarias com o grupo, onde foram feitas as apresentações
das integrantes que conduziram o grupo e para que os encontros fossem funcionais e
cumprissem seus objetivos algumas regras foram passadas aos membros que foram: o respeito,
quando um colega estiver falando não ser interrompido e caso alguém quisesse falar deveria
sinalizar com a mão levantada e assim aguardar sua vez; respeitar a opinião do outro, pois, a
finalidade do grupo não é debater e sim criar uma discussão saudável do assunto do dia, pediram
também para que os celulares não fossem utilizados para que o foco não seja perdido, chegar
sempre no horário e por último informaram que sempre umas das estagiarias estariam fazendo
anotações, este procedimento é chamado de enquadre (setting), segundo Zimerman e Osorio
(1997, p. 35),”o enquadre é conceituado como a soma de todos os procedimentos que
organizam, normatizam e possibilitam o funcionamento geral do grupo”. Em seguida as
estagiarias aplicaram uma dinâmica de grupo chamada “a teia da amizade”, onde os membros
deveriam segurar a ponta do barbante falar seu nome, idade e o que gosta de fazer nas horas
livres, deveriam jogar o rolo do barbante para o próximo participante fazer o mesmo e assim ao
final uma enorme teia se formou no meio do círculo ligando uns aos outros, todos foram
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participativos neste dia e ao final a estagiaria informou que a dinâmica foi aplicada como forma
de “quebrar o gelo” e para que pudessem se conhecer.
Ao longo dos encontros as estagiárias adotaram como estratégia a aplicação de
dinâmicas de grupo possibilitando assim a participação de todos e interação do grupo como um
todo.
Tavares e Lira (2001) classificam as dinâmicas de grupo em:

“quatro tipos: a) dinâmicas de apresentação: são aquelas que visam eliminar as tensões
e proporcionar um ambiente de cordialidade e aceitação mútua; b) dinâmicas de
descontração: são aquelas que têm o objetivo de descontrair, eliminando a monotonia
e proporcionando o despertar do interesse do grupo por temas específicos com devida
liberdade em seus comentários; c) dinâmicas de aplicação: são as que contribuem para
a aquisição do conteúdo, potencializando a assimilação deste pelos participantes; d)
dinâmicas de avaliação: é o tipo que contribui para que, após as atividades, os
participantes avaliem o desenvolvimento do estudo, assim como a apresentação de
sugestões para possíveis melhoramentos”

Dia 27 de outubro de 2021 20:00 horas, terceiro encontro, estiveram presentes 10


alunos e o assunto abordado foi bullying, de modo geral o bullying é abuso de poder físico ou
psicológico entre pares, envolve dominação e prepotência por um lado e submissão, sentimento
de impotência, raiva, medo e conformismo por outro. São diversas as formas de pratica do
bullying, colocar apelidos, discriminar, bater, humilhar, excluir socialmente, roubar, dentre
outras a Associação Brasileira Multiprofissional de Proteção à Infância e à Adolescência
(Abrapia, 2000: 5), caracteriza o bullying como:

“Todas as formas de atitudes agressivas, intencionais e repetidas que ocorrem sem


motivação evidente, adotadas por um ou mais estudantes contra outro(s), causando
dor e angústia, e executadas dentro de uma relação desigual de poder. Portanto, os
atos repetidos entre iguais (estudantes) e o desequilíbrio de poder são as características
essenciais, que tornam possível a intimidação da vítima”.

As estagiarias começaram falando sobre o tema, e fizeram a seguinte pergunta,


quem aqui já sofreu bullying? E nove dos participantes afirmaram já ter sofrido, seja pelo seu
cabelo ser diferente, estilo de se vestir, pelo seu tipo de corpo ou até mesmo por conta de seu
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nome ser diferente. As agressões sofridas foram mais frequentes durante o período do ensino
fundamental (7 a 11 anos). Quando perguntado sobre como eles lidavam com essas agressões
a maioria respondeu que ficavam tristes, se sentiam mal, mas que sempre tinham o apoio de
pessoas de sua convivência e que foi de muita importância para saberem lidar com as situações
sem que tivessem maiores danos.
A estagiaria então pergunta, quais as consequências que a pratica do bullying pode
causar na vítima? Tiveram respostas como, isolamento, transtornos psicológicos, sentimento de
culpa por achar que a culpa é sua da agressão que está sofrendo e até tentativa de suicídio. Ao
questionarem se os participantes ainda sofriam bullying, disseram que nesta escola não, mas
que em sua antiga era frequente presenciar o ato com outros alunos, foi questionado também se
o assunto é tratado com frequência pela escola, como resposta disseram que é mais abordado
no mês de setembro em que a campanha “setembro amarelo” funciona e que sentem falta de
mais campanhas durante o ano letivo, acreditam que faria diferença na forma como os alunos
se portam.
Ao final a estagiaria perguntou como eles se sentiram falando deste assunto? Todos
disseram que mais leves, que ajudou a entender melhor e ter noção do quão delicado e perigoso
é o tema, que é muito bom saber que tem recursos para superar e se conscientizarem sobre.
Dia 03 de novembro de 2021 20:00 horas, quinto encontro, neste dia estiveram
presentes 12 alunos e o tema abordado foi “sonhos e futuro”, o grupo está em uma fase de
conquista de independência e junto com essa fase vários sentimentos de incerteza sobre o
futuro.
Para Erikson et al (2003):

“A vivência da adolescência envolve o sujeito em descobertas, anseios, escolhas e


desafios, e têm como consequência marcante sua reestruturação psíquica, bem como
a mudança de seu papel na sociedade” (Erikson, 1987; Cole e Cole, 2003; Santrock,
2003).

No início do encontro foi aplicado uma dinâmica onde os participantes deveriam


escrever quais seus sonhos em uma folha que serviria como uma espécie de quadro das
realizações para cada um, em seguida a seguinte pergunta foi feita “como você se imagina daqui
a cinco anos?”. Tiveram várias respostas tanto negativas como “prefiro não pensar, pois, se
decepcionaria já que o futuro dependeria dele” ou que “eu mudo muito de opinião, não sei como
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será meu futuro”, mas também respostas positivas como de estar na faculdade e estar bem
estruturado. Quando indagados sobre de quem eles dependiam para que aqueles sonhos fossem
realizados? Um dos participantes respondeu “de nos mesmos” a discussão sobre o assunto
seguiu até o momento em que foi aplicado a dinâmica do balão, onde os participantes receberam
um balão que deveriam encher e um palito de dente, o objetivo era que ao final do tempo o
participante estivesse com sua bexiga, pois, ela representava seus sonhos, dado início vários
participantes logo trataram de estourar a bexiga de seu colega. Poucos sobraram com a bexiga,
a finalidade da dinâmica foi de mostrar a eles que para você realizar seus sonhos não precisa
destruir o do seu colega e que por mais que sonhos se acabem sempre haverá novos para ir em
busca de realizar.
Dia 10 de novembro de 2021 20:00 horas, sexto encontro, estiveram presentes 12
membros, neste dia abordamos sobre “autoestima”, Rosenberg (1965) definiu a autoestima
como “a avaliação do indivíduo sobre seu próprio valor e adequação, o que se reflete em
sentimentos, pensamentos e atitudes de aprovação ou desaprovação de si”. O encontro começou
com a seguinte pergunta o que é autoestima para você? As respostas dadas foram
“autoconfiança, movimento, estar bem e feliz comigo mesmo”, um dos participantes iniciou
contando sobre sua experiencia de aceitação, sobre se comparar com outras pessoas em relação
ao seu corpo, cabelo e estilo, mas que com o tempo e ajuda externa aprendeu a se ver de forma
positiva, um outro participante contou que quando mais nova estava com sua autoestima muito
baixa que ouvia muitos comentários negativos sobre seu corpo e que nessa época morava em
um prédio e que pensava em cometer suicídio por conta da pressão que estava sofrendo, mas
que também buscou ajuda e conseguiu superar a fase.
Harter e Rogers afirmam que

“Apenas gradualmente, à medida dos avanços desenvolvimentistas e da


experimentação de vários papéis e de situações, é que os jovens vão sendo capazes
tanto de realizar autoavaliações mais equilibradas e precisas em relação a si próprios,
como de definir os seus autoconceitos” (Harter, 2008, 1999; Rogers, 1981).

Outras experiencias semelhantes foram compartilhadas, as estagiarias perguntaram


também sobre qual o impacto que as redes sociais causam na autoestima, e a maioria dos
participantes responderam que negativas, pois, as redes mostram que as pessoas são perfeitas e
que você também precisa ser, dificultando assim o processo de aceitação do indivíduo.
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Para finalizar o encontro foi aplicado uma dinâmica de sorteio de perguntas, onde
cada participante precisava sortear uma pergunta relacionada a autoestima e responder, a
finalidade da dinâmica era de que eles refletissem não somente as suas respostas e experiencias,
mas também de seus colegas. E também como complemento desta dinâmica uma outro sobre
atribuir qualidades sobre o seu colega, eles atribuíram qualidades ao colega ao lado escrevendo
em um post it que estava colado nas costas sendo assim, tiveram a percepção de que mesmo
que o outro não seja tão próximo, você sempre terá qualidades que serão demonstradas.
Dia 17 de novembro de 2021 20:00 horas, sétimo e último encontro, estiveram
presentes 12 alunos neste dia e aqui foi o encerramento do grupo de reflexão. As estagiarias
iniciaram pedindo um feedback de cada membro do grupo, todos foram positivos, tiveram como
resposta da maioria de que o grupo foi de suma importância para se aprofundarem nos assuntos
que foram abordados; que querem que nos próximos anos tenham mais trabalhos como este na
escola, que pode ajudar muitos adolescentes, assim como foi com eles; que se sentiram à
vontade com “total liberdade” para dividir suas experiencias e opiniões sem que fossem
julgados; alguns disseram que sempre tiveram vontade de escutar ou conversar com o colega,
mas que não tiveram essa oportunidade antes e que o grupo ajudou para isso acontecer. Que
por mais que tenham sido poucos encontros conseguiram sempre refletir e se identificar na fala
do outro e que através de cada reunião conseguiram também mudar não somente seus
pensamentos, mas suas atitudes referentes aos assuntos e as pessoas.
Como última proposta as estagiarias levaram a “dinâmica da mala”, cada
participante recebeu uma folha em forma de mala com seus nomes, no centro da sala seria a
plataforma onde embarcariam no trem para a sua viagem e cada vez que a música tocasse
deveriam anda pela sala refletindo na música, ao parar iriam trocar as malas com o colega mais
próximo e deveriam escrever uma palavra positiva para cada colega, e assim a dinâmica ocorreu
até que todas as malas estivessem cheias de boas palavras, o intuito era mostrar que essa viagem
representava a nova jornada de cada participante, alguns estavam saindo do ensino médio,
outros ainda iriam continuar. Mas que sempre em suas vidas pessoas iriam passar e deixar algo
e levar algo deles, as estagiarias entregaram a cada um uma carta de agradecimento, desejaram
boa sorte e boas festas a todos finalizando assim o grupo e o encontro desse dia, Zirmeman e
Osorio (1997 p.39) conceituam que “saber terminar algo, que pode ser uma tarefa, um
tratamento, um casamento etc., representa um significativo crescimento mental”.
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6 REFLEXÕES FINAIS

Ao longo dos encontros a evolução do grupo não era tão clara para as estagiarias,
talvez pelo fato de cada encontro ser abordado um assunto, os participantes sempre eram bem
participativos e dispostos a realizar as dinâmicas que eram propostas. Em alguns momentos
eles fugiam do foco, com algumas conversas paralelas, mas alertados pelas estagiarias voltavam
ao assunto sem maiores problemas.
No quarto encontro as assunto discutido foi bullying, os alunos dividiram muitas
experiencias e disseram que a escola poderia abordar mais sobre esses assuntos e não somente
na campanha do setembro amarelo como ocorre atualmente.
No quinto encontro o tema abordado foi futuro e sonhos, as estagiarias notaram que
os participantes não ficaram tão empolgados e poucos tem um objetivo pré-definido, como
sugestão a escola poderia criar algum projeto, como por exemplo sobre orientação profissional
e outros assuntos relacionados.
No sétimo e último encontro as estagiarias solicitaram o feedback de cada
participante e foram surpreendidas, escutaram as seguintes falas: “Eu tinha muita vontade de
conversas com algumas pessoas daqui, mas eu ficava com vergonha e graças aos encontros
agora eu tenho essa “liberdade” de chegar e conversar, vou levar cada um aqui pra minha vida.
O grupo me ajudou, pois, eu sempre fui de guardar as coisas pra mim e aqui eu consegui colocar
pra fora o que eu sinto”. “Gostei muito dos encontros, foi muito produtivo, coloquei muita coisa
que foi conversado aqui em pratica e estou conseguindo me abrir mais com as pessoas que
nunca me abriria antes”. “Todo encontro eu chegava em casa empolgada e contava pra minha
mãe o tema que tinha sido discutido no dia, deveria ter esses encontros durante o ano todo na
escola”. “Sou muito quieta, mas aprendi muito com cada um que falava e cada assunto trazido”
Neste último encontro as estagiarias tiveram noção de que fizeram a diferença na vida
dos participantes e que mesmo que os encontros tenham sido poucos e algumas dificuldades ao
longo do estágio como atrasos dos alunos ou falta de cadeiras na sala onde ocorreu os encontros,
foi possível perceber que os alunos conseguiram absorver conteúdo e refletir, trocar
experiencias, socializar, pois, alguns se aproximaram se tornaram amigos ao longo dos
encontros. As estagiarias questionaram se os encontros fizeram “mudar os pensamentos” e
todos responderam que sim, um participante acrescenta: “Não só pensamentos, mas atitudes”.
Sendo assim as estagiarias saem deste estagio com o sentimento de missão cumprida.
Para as três alunas a experiencia de conduzir um grupo de reflexão foi de grande
evolução, mesmo com algumas adversidades enfrentadas ao longo do estágio, como alguns
16

participantes que não tiveram 100% de presença, atrasos ou falta de cadeiras na sala onde os
encontros ocorriam. As estagiarias conseguiram contornar os pequenos problemas e conduzir
o grupo e cumprir com o objetivo definido junto com seu supervisor, o qual deixam aqui seu
agradecimento por toda orientação e suporte durante o trabalho realizado.
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7 REFERÊNCIAS

ZIMERMAN, David E; OSORIO, Luiz Carlos. Como trabalhamos com grupos. 1 ed. Porto
alegre: Artemed, 1997

ALBERTI, TAÍS FIM ET AL. DINÂMICAS DE GRUPO ORIENTADAS PELAS


ATIVIDADES DE ESTUDO: DESENVOLVIMENTO DE HABILIDADES E
COMPETÊNCIAS NA EDUCAÇÃO PROFISSIONAL. REVISTA BRASILEIRA DE
ESTUDOS PEDAGÓGICOS, V. 95, P. 346-362, 2014. DISPONÍVEL EM
https://www.scielo.br/j/rbeped/a/hPc6CRnw4C4TMp6jF5P4ZWQ/?format=pdf&lang=pt
ACESSO EM 29/11/2021 AS 13H40MIN.

GOUVEIA-PEREIRA, MARIA ET AL. DINÂMICAS GRUPAIS NA ADOLESCÊNCIA.


ANÁLISE PSICOLÓGICA, V. 18, N. 2, P. 191-201, 2000. DISPONÍVEL EM
http://publicacoes.ispa.pt/publicacoes/index.php/ap/article/view/414 ACESSO EM 26/11/21
AS 14H00MIN.

RAMOS, MARIA MEIRELES. AUTOESTIMA, AUTOCOMPAIXÃO E BEM-ESTAR


PSICOLÓGICO NA ADOLESCÊNCIA. 2017. TESE DE DOUTORADO. DISPONÍVEL
EM https://repositorio.ul.pt/bitstream/10451/32861/1/ulfpie049132_tm.pdf ACESSO EM
30/11/2021 AS 18H30MIN.

RODRIGUES, ANELISE LOPES ET AL. PERCEPÇÃO DE PRECONCEITO E


AUTOESTIMA ENTRE ADOLESCENTES EM CONTEXTO FAMILIAR E EM
SITUAÇÃO DE ACOLHIMENTO INSTITUCIONAL. ESTUDOS E PESQUISAS EM
PSICOLOGIA, V. 14, N. 2, P. 389-407, 2014. DISPONÍVEL EM
https://www.scielosp.org/article/rsap/2017.v19n1/66-72/ ACESSO EM 29/11/2021 AS
16H50MIN.

SCHOEN-FERREIRA, TERESA HELENA; AZNAR-FARIAS, MARIA; SILVARES,


EDWIGES FERREIRA DE MATTOS. ADOLESCÊNCIA ATRAVÉS DOS SÉCULOS.
PSICOLOGIA: TEORIA E PESQUISA, V. 26, P. 227-234, 2010. DISPONÍVEL EM
https://www.scielo.br/j/ptp/a/MxhVZGYbrsWtCsN55nSXszh/abstract/?lang=pt ACESSO
EM 26/11/2021 AS 17H38MIN.
18

8 ANEXOS

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