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Direito Internacional

Público e Privado

Estrangeiros /
Organizações
internacionais
A definição de conceito de “Estrangeiro” também está inserida dentro da
soberania dos estados. Por isso, não se pode dizer que estrangeiros
são “nacionais de outros Estados”, já que há casos de dupla cidadania,
apatria e etc.
No Brasil – CRFB/1988:

Estrangeiros Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer
natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes
no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à
segurança e à propriedade, nos termos seguintes (...)

O Estrangeiro sofre algumas limitações em seus direitos quando


comparados aos brasileiros, mas goza de algumas garantias como, por
exemplo, o Direito de permanecer no Brasil com direitos iguais:
Direito de permanecer no Brasil – hipóteses:

A) Estrangeiro com visto: O visto não assegura a entrada automática


do estrangeiro no Brasil e está sujeito à discricionariedade de uma
reavaliação posterior.
Os vistos no Brasil podem ser:
a) visita – concedido por 90 dias prorrogáveis por igual período, não
podendo exceder 180 dias em 12 meses; b) temporário – com

Estrangeiros prazos variados para estudantes, negócios, esportes, cientistas,


jornalistas, religiosos; c) diplomático; d) oficial; e) cortesia.
B) Estrangeiro residente: A Lei n. 13.445/2017 também inovou ao criar
a figura da residência. O estrangeiro com visto, ao ingressar no Brasil,
pode pedir residência provisória ou definitiva. A residência demonstra a
regularidade do estrangeiro e tem prazo vinculado ao exercício da sua
atividade. Após ingressar com visto, o estrangeiro pode converter sua
estadia em residência. Após quatro anos como residente regular, pode
solicitar, caso o queira, a nacionalidade brasileira
C) Direitos de asilo e de refúgio: Outra forma de permanência é por
meio do asilo político. O asilo político é a proteção concedida pelo
Estado nacional ao estrangeiro perseguido por suas opiniões políticas,
religiosas ou raciais. A proteção pode inclusive admitir força policial e
ajuda financeira do Estado receptor. Trata-se de um instituto clássico do
direito internacional. Hobbes escreveu o Leviatã enquanto estava

Estrangeiros asilado em Paris.


O asilo pode ser diplomático ou territorial.
• Brasil na conceção de asilo (e no papel de estado perseguidor)

Já o refúgio é fundamentado em uma perseguição a um grupo de


indivíduos, em função de sua raça, religião, nacionalidade ou opção
política. O refugiado deve ter fundado temor de perseguição em seu
país, onde não encontrará um julgamento justo, com o devido processo
legal.
Dever de sair do Brasil (medidas de retirada compulsória)

Em determinadas situações, o estrangeiro é obrigado a sair do Brasil.


Ocorre quando há violações de ordem administrativa ou criminal. Entre
as violações administrativas mais comuns, há a expiração do visto ou o
não atendimento às condições de permanência. Entre as violações
criminais que ensejam a retirada forçada do país destacam-se os
crimes mais graves, a exemplo do tráfico internacional de
Estrangeiros entorpecentes. As modalidades de retirada forçada do país são:

a) deportação: por se ter tornado irregular no Brasil, por questões


administrativas;
b) expulsão: por ter cometido crime no Brasil ou por questões de
segurança nacional;
c) extradição: por ter cometido crime no estrangeiro para lá ser julgado;
d) entrega: por crime contra a humanidade, a ser julgado pelo Tribunal
Penal Internacional
Deportação (arts. 50 a 53 da Lei de 13.445)

A deportação é a retirada do território nacional do estrangeiro irregular


no país.
A irregularidade pode ocorrer em virtude de diversas causas, como:

Deportação, • Entrada irregular no território nacional;


• Circulação por municípios para os quais o estrangeiro não tem

entrega, autorização de ir, o que ocorre com aqueles habitantes de municípios


fronteiriços e que podem circular por determinados municípios
expulsão e brasileiros sem visto;

extradição • Expiração do visto;


• Exercício de atividade remunerada pelo detentor de visto de turista,
de trânsito ou temporário.

• Deportação de apátrida depende de prévia autorização de autoridade


competente
• Não se procederá à deportação se a medida configurar extradição
não admitida.
Expulsão (arts. 54 a 60)

A expulsão consiste em medida administrativa de retirada compulsória de


migrante ou visitante do território nacional, conjugada com o impedimento de
reingresso por prazo determinado.
A razão não é apenas administrativa, como na deportação, mas criminal ou
Deportação, política. Trata-se de ato unilateral do governo brasileiro. A Lei de Migrações prevê

entrega,
as seguintes hipóteses para a expulsão:
a) crime comum doloso, com pena privativa de liberdade;

expulsão e b) crimes de genocídio, contra a humanidade, de guerra ou crime de agressão,


conforme definidos pelo Estatuto de Roma, de 1988.

extradição • Ato discricionário do Executivo. O Poder Judiciário acompanha o processo


apenas no que tange à legalidade;
• A expulsão não pode ocorrer quando: i) o estrangeiro for casado com brasileira;
ii) estrangeiro tenha filho brasileiro sob sua guarda ou dependência; iii)
estrangeiro ingressou no país antes dos 12 anos, ou; iv) idosos com mais de
70 anos (desde que residam no país há mais de 10 anos).
• Uma vez decretada a expulsão o estrangeiro não pode mais retornar ao Brasil,
exceto com a revogação do decreto anterior.
Extradição (arts. 81 a 99)
Capítulo VIII – Das medidas de cooperação

Conceito - Extradição é a entrega, por um estado a outro, e a pedido


deste, de pessoa que em seu território deva responder ao processo penal

Deportação,
ou cumprir pena. (Francisco Rezek)

entrega, Admite-se a extradição de brasileiros que renunciaram à nacionalidade


brasileira, bem como do brasileiro que adquire outra nacionalidade

expulsão e derivada. Trata-se de um ato bilateral, pois depende, de um lado, da


solicitação do Estado interessado na extradição do estrangeiro que se
extradição encontra em território nacional e, de outro, da manifestação de vontade do
Estado brasileiro.

Lei 13.445/2017 – Lei de migração


Art. 81. A extradição é a medida de cooperação internacional entre o
Estado brasileiro e outro Estado pela qual se concede ou solicita a entrega
de pessoa sobre quem recaia condenação criminal definitiva ou para fins
de instrução de processo penal em curso.
Extradição (arts. 81 a 99)

Fundamentos:

Deportação, • Busca do ideal de justiça


• Solidariedade existente entre os Estados
entrega, • Cooperação internacional (Tratado)

expulsão e • Princípio da reciprocidade

extradição Princípios:

Princípio da especialidade – o extraditando deve ser julgado pelo crime


que motivou o pedido.
Princípio da identidade (art. 82, II, Lei nº 13.445/2017) – Dupla
tipicidade.
Extradição (arts. 81 a 99)

Extradição ativa x Extradição passiva

Condições para a concessão da extradição (art. 83)

Deportação, Art. 83. São condições para concessão da extradição:

entrega, I - ter sido o crime cometido no território do Estado requerente ou serem


aplicáveis ao extraditando as leis penais desse Estado; e

expulsão e II - estar o extraditando respondendo a processo investigatório ou a


processo penal ou ter sido condenado pelas autoridades judiciárias do
Estado requerente a pena privativa de liberdade.
extradição
Condições negativas para a concessão da extradição
a) brasileiro nato (art. 5º, LI, CRFB e art. 82, I, da Lei 13.445/2017);
b) Brasileiro naturalizado (art. 5º, LI, CRFB e art. 82, §3º, da Lei
13.445/2017);
Brasileiro naturalizado
CRFB/88
art. 5º (...) LI - nenhum brasileiro será extraditado, salvo o naturalizado,
em caso de crime comum, praticado antes da naturalização, ou de

Deportação, comprovado envolvimento em tráfico ilícito de entorpecentes e drogas

entrega,
afins, na forma da lei;

expulsão e Lei nº 13.445/2017

extradição Art. 82(...)


§ 3º Para determinação da incidência do disposto no inciso I, será
observada, nos casos de aquisição de outra nacionalidade por
naturalização, a anterioridade do fato gerador da extradição.
§ 5º Admite-se a extradição de brasileiro naturalizado, nas hipóteses
previstas na Constituição Federal.
Condições negativas para a concessão da extradição
Art. 82. Não se concederá a extradição quando:
I - o indivíduo cuja extradição é solicitada ao Brasil for brasileiro nato;
II - o fato que motivar o pedido não for considerado crime no Brasil ou
no Estado requerente;
Deportação, III - o Brasil for competente, segundo suas leis, para julgar o crime
imputado ao extraditando;
entrega, IV - a lei brasileira impuser ao crime pena de prisão inferior a 2 (dois)
anos;
expulsão e V - o extraditando estiver respondendo a processo ou já houver sido
condenado ou absolvido no Brasil pelo mesmo fato em que se fundar o

extradição pedido;
VI - a punibilidade estiver extinta pela prescrição, segundo a lei
brasileira ou a do Estado requerente;
VII - o fato constituir crime político ou de opinião;
VIII - o extraditando tiver de responder, no Estado requerente, perante
tribunal ou juízo de exceção; ou
IX - o extraditando for beneficiário de refúgio, nos termos da
Lei nº 9.474, de 22 de julho de 1997 , ou de asilo territorial.
Condições negativas para a concessão da extradição
c) Competência brasileira para julgar (art. 82, III, da Lei 13.445/2017)
CRFB/88
Art. 5º (...) LII - não será concedida extradição de estrangeiro por crime
político ou de opinião;

Deportação, Lei nº 13.445/2017, Art. 82 Não se concederá a extradição quando VII -

entrega,
o fato constituir crime político ou de opinião;
• Exceções

expulsão e Lei nº 13.445/2017


Art. 82 (...) § 1o A previsão constante do inciso VII do caput não

extradição impedirá a extradição quando o fato constituir, principalmente, infração


à lei penal comum ou quando o crime comum, conexo ao delito político,
constituir o fato principal. (...)
§ 4º O Supremo Tribunal Federal poderá deixar de considerar crime
político o atentado contra chefe de Estado ou quaisquer autoridades,
bem como crime contra a humanidade, crime de guerra, crime de
genocídio e terrorismo.
Deportação, Condições negativas para a concessão da extradição
c) Extinção da punibilidade pela prescrição

entrega, O Brasil não deverá deferir pedido de extradição se o delito praticado


expulsão e pelo extraditando estiver prescrito segundo as leis brasileiras,

extradição considerando que deverá ser respeitado o requisito da dupla


punibilidade. STF. Plenário. Ext 1362/DF, rel. Min. Edson Fachin, red. p/
o ac. Min. Teori Zavascki, julgado em 9/11/2016 (Info 846).
Transferência de Execução de pena e de Pessoa condenada

c) Extinção da punibilidade pela prescrição

A nova lei de migrações criou duas figuras próximas: transferência de execução


de pena e transferência de pessoa condenada. São formas de humanizar o

Deportação, cumprimento da pena, em que o preso pode ficar mais próximo da sua família ou
do local em que tem mais vínculos.
entrega, A transferência de execução de pena ocorre quando um brasileiro ou estrangeiro

expulsão e
residente ou com vínculos no Brasil cometeu crime no exterior. O país solicita a
sua prisão no Brasil, mas aceita que o estrangeiro cumpra no Brasil a pena a

extradição que foi condenado no exterior. O Superior Tribunal de Justiça homologa a


sentença estrangeira e autoriza a execução da pena em território nacional.
No caso de transferência de pessoa condenada, o próprio estrangeiro que
cometeu crime no Brasil pede para cumprir sua pena no exterior, no seu país de
origem, no local onde reside habitualmente ou onde tem mais vínculos.
Em qualquer situação, a pena restante deve ser de pelo menos um ano; exige-
se tratado ou promessa de reciprocidade entre os países; o fato que originou a
condenação deve constituir infração penal nos dois Estados; e a sentença deve
ter transitado em julgado.
Em resumo:

• A expulsão é a retirada forçada do estrangeiro do território nacional, por questões de ordem


criminal ou de interesse nacional.
• A deportação é a retirada do território nacional do estrangeiro irregular no país
• A extradição não atinge brasileiros natos.
• Atinge brasileiros naturalizados, por crime cometido antes da naturalização ou por tráfico

Deportação, •
internacional de entorpecentes.
Atinge os estrangeiros que estejam no Brasil.

entrega, •

A concordância do estrangeiro não é relevante.
Não pode haver extradição por crimes políticos ou de opinião.

expulsão e
• É necessário que o fato típico esteja previsto como crime no Brasil. Contravenção não é motivo
suficiente para extradição.

extradição
A pena a cumprir, já considerada eventual detração, deve ser superior a um ano.
• Não pode ter ocorrido prescrição da pena.
• Pode haver extradição durante o processo penal, aplicando-se as hipóteses supra, no crime in
abstrato.
• As penas de prisão perpétua ou de morte devem ser comutadas.
• Se for acusado ou condenado por diversos crimes, dos quais alguns já estejam prescritos ou não
sejam considerados crimes no Brasil, é preciso restringir os li
• mites da extradição para os correspondentes.
• Não pode haver agravamento da pena por motivos políticos.
• No direito internacional contemporâneo, tem-se relativizado o direito de não extradição por crimes
praticados por chefes de Estado.
Abdução forçada

Um caso emblemático foi analisado pela Suprema Corte dos Estados


Unidos.
Humberto Álvarez-Machaín, obstetra mexicano de Guadalajara,

Deportação, foi acusado de estar envolvido no sequestro, tortura e morte de um

entrega,
agente americano da Agência de Combate a Entorpecentes (DEA) e
seu piloto. O médico teria prolongado a vida do agente aprisionado,

expulsão e para que o mesmo pudesse ser torturado e interrogado pelos traficantes
por mais tempo. Os agentes da DEA foram ao México, em 1990, e

extradição prenderam o médico mexicano, alugaram um avião particular e


retornaram aos Estados Unidos, entregando-o para julgamento. O réu
pediu a anulação da prisão por sua irregularidade, o que foi concedido
pelos juízes de primeira e segunda instâncias. A Suprema Corte, no
entanto, adotou outra interpretação. Conforme a sentença, não havia
nada no tratado de extradição entre os Estados Unidos e México
proibindo a abdução forçada.
Abdução forçada

Por isso, ela era lícita. Um dos juízes da Suprema Corte, no entanto, dissentiu,
emitindo seu voto, que merece ser citado:
“O significado dos precedentes desta Corte é ilustrado por uma recente decisão da
Corte de Apelações da República da África do Sul. Fundado no amplo

Deportação, entendimento da importância dos casos desta Corte [Suprema Corte dos EUA] –
incluindo a decisão no caso Ker – que a Corte adotou na acusação de um réu

entrega, sequestrado por agentes sul-africanos em outro país deveria ser extinto sem
julgamento de mérito. Sv. Ebrahim, S. Afr.L.Rep. (abril-junho de 1991). A Corte de

expulsão e Apelações da África do Sul, entretanto – como acredito que a maioria dos tribunais
no mundo civilizado –, ficaria profundamente perturbada pela ‘monstruosa’ decisão

extradição que esta Corte anuncia hoje. Qualquer nação que tenha interesse em preservar o
Estado de Direito se sentirá afetada, direta ou indiretamente, por uma decisão com
este caráter. Thomas Paine preveniu, que a ‘avidez de punir é sempre um perigo à
liberdade’, porque ele direciona uma nação ‘a flexibilizar, interpretar de forma
errônea e aplicar de forma ruim mesmo as melhores leis’. (...) Ele nos lembra que:
‘Aquele que deseja construir sua própria liberdade de forma segura precisa guardar
até mesmo o inimigo da opressão; porque se ele viola esta regra, ele estabelece
um precedente que pode atingir a ele mesmo.’” in The Complete Writings of
Thomas Paine 588 (P. Foner ed. 1945).
Abdução forçada

c) Extinção da punibilidade pela prescrição

A nova lei de migrações criou duas figuras próximas: transferência de execução


de pena e transferência de pessoa condenada. São formas de humanizar o

Deportação, cumprimento da pena, em que o preso pode ficar mais próximo da sua família ou
do local em que tem mais vínculos.
entrega, A transferência de execução de pena ocorre quando um brasileiro ou estrangeiro

expulsão e
residente ou com vínculos no Brasil cometeu crime no exterior. O país solicita a
sua prisão no Brasil, mas aceita que o estrangeiro cumpra no Brasil a pena a

extradição que foi condenado no exterior. O Superior Tribunal de Justiça homologa a


sentença estrangeira e autoriza a execução da pena em território nacional.
No caso de transferência de pessoa condenada, o próprio estrangeiro que
cometeu crime no Brasil pede para cumprir sua pena no exterior, no seu país de
origem, no local onde reside habitualmente ou onde tem mais vínculos.
Em qualquer situação, a pena restante deve ser de pelo menos um ano; exige-
se tratado ou promessa de reciprocidade entre os países; o fato que originou a
condenação deve constituir infração penal nos dois Estados; e a sentença deve
ter transitado em julgado.
Entrega de nacionais ou de estrangeiros

A entrega é o envio de um indivíduo para ser julgado pelo Tribunal Penal


Internacional. Pode ocorrer com brasileiros natos, naturalizados ou
estrangeiros. Não há violação da Constituição Federal, porque o proibido

Deportação, pela Constituição Federal é a extradição de brasileiros natos que nada prevê
sobre a entrega. Trata-se de um instituto recente, criado pelo Tratado de

entrega, Roma, que criou o Tribunal Penal Internacional (TPI), em vigor desde 2002,
para punir crimes de genocídio, crimes de guerra e crimes contra a
expulsão e humanidade. Na entrega, o Estado não estará enviando seu nacional para

extradição ser julgado por outro Estado, porque o Estado que envia o nacional integra o
Tribunal Penal Internacional. Portanto, faz parte do órgão que julga. Assim:
a) a entrega não se confunde com a extradição, a deportação ou a expulsão;
b) a entrega pode ocorrer tanto com brasileiros natos ou naturalizados como
com estrangeiros;
c) é promovida pela autoridade brasileira;
d) deve ter a concordância do acusado;
e) o estrangeiro será julgado pelo TPI do qual o Brasil é membro.
Organizações Internacionais ou intergovernamentais são pessoas jurídicas
de direito internacional. Têm ordens jurídicas próprias, diferentes dos
Estados que as integram.

Organizações As Organizações Internacionais são resultado de manifestação da vontade


dos sujeitos de direito internacional e não de sujeitos de direito interno.

internacionais Desta forma, uma Organização Internacional não poderá ter como
membros pessoas físicas ou jurídicas de direito interno, tais como
indivíduos, empresas ou organizações não governamentais. Quando uma
organização que opera no âmbito internacional tem membros que não são
Estados (ainda que tenha também Estados--membros), ela não será uma
Organização Internacional, mas uma organização não governamental
(ONG).
• Caso Bernadotte - Em 1948, o Conde Foke Bernadotte foi enviado pela
ONU para mediar o conflito entre Israel e a Palestina. Bernadotte era
um respeitado militar sueco, responsável por salvar mais de 20 mil
internos de campos de concentração, durante a Segunda Guerra

Organizações Mundial. Durante sua missão, propôs o retorno das famílias árabes ao
território de Israel, fazendo muitos inimigos. Ainda em Jerusalém,

internacionais durante as negociações, foi assassinado por extremistas judeus, junto


com outros funcionários internacionais. A Assembleia Geral consultou,
então, a CIJ sobre a possibilidade da ONU solicitar a responsabilização
internacional de Israel. A CIJ concluiu em seu parecer que a
Organização Internacional tem o direito de exigir a reparação dos danos
sofridos por ela e pelas vítimas, seus funcionários ou seus bens.
Organização intergovernamental ou interestatal:
a) Formada pelo Estado por meio de tratado
multilateral;
b) É regida pelo DIP;
c) Possui personalidade de DIP.

Exemplos:
FMI; OIT; OMC; OMS; ONU; UNESCO, etc

Distinções entre
Organizações Organizações
internacionais e
Organizações não Organização não governamental:
internacionais governamentais
(ONGs)
a)Tem como membros os particulares;
b) É pessoa de natureza privada;
c) Como pessoa jurídica privada, é regida pela lei do
local em que foi constituída (art; 11 da LINDB);
d) É constituída por meio de contrato ou estatuto social.

Exemplo: Greenpeace, Cruz Vermelha internacional;


Anistia internacional; Médicos sem fronteiras, etc.
ONU – Organização das Nações UNIDAS

Fundação: 1945
Depositário da Carta da ONU: Estados Unidos da América

Organizações
Sede: a Assembleia Geral e o Conselho de Segurança têm sede em Nova
York, Estados Unidos.

internacionais Secretário Geral: António Guterres (Português. Desde 2017).


Membros:
1945: 51 Estados originários
1960: 99 Estados-membros
1975: 144 Estados-membros
1990: 159 Estados-membros
2014: 193 Estados-membros
As principais estruturas da ONU são:

a) Assembleia Geral – Apenas não serão da atribuição da AG as matérias


de competência do Conselho de Segurança. Hoje considera-se que as

Organizações
resoluções da AG não são obrigatórias;
b) Conselho de Segurança – Cinco membros permanentes com poder de

internacionais veto e demais membros eleitos pela AG para um período de dois anos;
c) Conselho Econômico e Social;
d) Conselho de Tutela;
e) Secretário Geral;
f) Corte Internacional de Justiça (ou Tribunal Internacional de Justiça) – é o
mais importante órgão judiciário da ONU, com competência para
julgamento de contenciosos estabelecidos entre Estados.
Organização Mundial do Comércio

O objetivo da Organização Mundial do Comércio (OMC) é promover a


expansão do comércio global. Os principais instrumentos para tanto são a
institucionalização de um ambiente permanente de negociações

Organizações
multilaterais comerciais e a consolidação de um sistema de solução de
controvérsias entre os Estados.

internacionais A OMC incorporou todos os documentos negociados no âmbito do GATT,


além daqueles decorrentes de sua sexta rodada de negociações,
conhecida por rodada Uruguai. A lógica desse subsistema jurídico é
fundada no princípio da igualdade entre os Estados. Dois princípios
derivam do princípio da igualdade:
• o princípio da reciprocidade;
• o princípio da não discriminação.
Em resumo

• Organizações Internacionais ou intergovernamentais são pessoas jurídicas de direito


internacional. Têm ordens jurídicas próprias, diferentes dos Estados que as integram.
• O ato constitutivo das Organizações Internacionais é sempre um tratado. Em geral, denomina-
se Estatuto. O Estatuto determina a estrutura, competências, finalidades, meios de execução,
procedimentos para sua alteração e suas formas de extinção.
• A estrutura mais comuns nas diversas Organizações Internacionais, com algumas variações
de nomenclatura, é: assembleia geral ou conselho ministerial, secretário geral, órgão de

Organizações solução de controvérsias e órgãos específicos.


• Os membros podem ser permanentes, temporários ou observadores. Membros permanentes

internacionais são aqueles que podem participar ativamente de todas as atividades da Organização
Internacional, com direito de voz e voto. Observadores têm acesso às reuniões e podem ter
inclusive direito de voz, mas não terão direito a voto.
• As Organizações Internacionais têm autonomia jurídica.
• As organizações têm uma capacidade funcional, ou seja, para as funções para as quais foram
criadas, e não uma capacidade universal, como os Estados, que têm irrestrito poder de agir no
âmbito de sua soberania. Suas capacidades dependem dos Estados-membros. Em geral, têm
capacidade para: celebrar tratados com outros sujeitos de direito internacional, enviar e receber
representantes diplomáticos, promover e participar de conferências internacionais, fazer
reclamações perante tribunais internacionais, ser depositários de tratados, operar navios e
aeronaves com bandeira própria, decidir sobre sua legislação interna e sobre a administração
de seus bens
Em resumo

• Em geral, seguem-se as regras trabalhistas do Estado-sede, devendo-se recolher os


mesmos encargos e atribuir os mesmos direitos conferidos a um nacional. Em
Organizações Internacionais com muitos funcionários, pode-se encontrar um regime
trabalhista próprio. As Organizações Internacionais têm o poder de promover a defesa de
seus próprios agentes, ingressando em juízo, no âmbito interno ou internacional, contra
os Estados ou mesmo exercendo a violência quando em legítima defesa de um de seus
agentes.

Organizações • Existe uma modalidade específica de integração entre o direito dos Estados e o direito
das Organizações Internacionais. O direito destas integra-se ao direito dos Estados pelos

internacionais procedimentos tradicionais, com a ratificação dos tratados da Organização Internacional.


As normas posteriores dos Estados são revistas, quando consideradas ilegais por
Organizações Internacionais mais influentes, não porque sejam ilegais do ponto de vista
interno, mas porque o governo dos Estados considera necessário manter relação de
coerência entre seu direito interno e o direito internacional, para garantir a legitimidade
de uma Organização Internacional e do sistema jurídico por ela instaurado. Os Estados
influenciam uns aos outros, e o direito comum dos Estados (conjunto de direitos
nacionais), identificado pelo direito comparado, influencia a evolução do direito das
Organizações Internacionais.
• A extinção da Organização Internacional ocorre com a desconstituição da personalidade
jurídica pelos membros. A sucessão ocorre quando outra Organização Internacional é
criada a partir daquela que foi extinta.

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