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Extradição (art. 5º, LI e LII).

1) Conceito.

É o ato pelo qual um Estado entrega um indivíduo, acusado de um delito ou já


condenado como criminoso, à justiça do outro, que o reclama, e que é competente para
julgá-lo e puni-lo.

2) Espécies.

a) Ativa é a requerida pelo Brasil a outro Estado soberano.

b) Passiva é a que se requer ao Brasil, por parte de Estados soberanos.

3) Hipóteses Constitucionais para a extradição;

a) Brasileiro nato.

Nunca será extraditado.

b) Brasileiro naturalizado.

Será extraditado: em caso de crime comum, praticado antes da naturalização;


comprovado envolvimento em tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, na forma
da lei.

c) Estrangeiros.

Poderão ser extraditados, exceto em caso de crime político ou de opinião.

4) Requisitos infraconstitucionais para a extradição.

a) Reciprocidade – o pedido extradicional somente poderá ser atendido quando o Estado


estrangeiro requerente se fundamentar em tratado internacional ou quando, inexistente
este, promete reciprocidade de tratamento ao Brasil.

b)) Competência exclusiva da justiça do Estado requerente para processar e julgar o


extraditando.

c) Existência de título penal condenatório ou de mandado de prisão emanados de juiz,


tribunal ou autoridade competente do estado estrangeiro.

d) Ocorrência de dupla tipicidade. Não será possível a concessão da extradição se o fato,


apesar de crime no ordenamento jurídico estrangeiro, for tipificado como contravenção
ou fato atípico no ordenamento jurídico brasileiro.

e) Inocorrência de prescrição da pretensão punitiva ou executória pelas leis brasileiras e


pelas leis do estado estrangeiro.

f) ausência de caráter político da infração atribuída ao extraditado.


g) não sujeição do extraditando a julgamento, no Estado requerente, perante tribunal ou
juízo de exceção.

h) não cominar a lei brasileira, ao crime, pena igual ou inferior a um ano de prisão.

i) Compromisso formal do Estado requerente em:

i1) Efetuar a detração penal, computando o tempo de prisão que, no Brasil, foi cumprido
por força da extradição.

i2) Comutar a pena de morte em pena privativa de liberdade.

i3) Não agravar a pena ou situação do sentenciado por motivos políticos.

i4) Não efetuar nem conceder a reextradição.

5) Procedimento e decisão.

O pedido deve ser feito elo governo de Estado estrangeiro por via diplomática e
endereçado ao Presidente da República.

Realizado o pedido, ele será encaminhado ao STF, pois não se concederá extradição
sem seu prévio pronunciamento sobre a legalidade e a procedência do pedido, que
somente dará prosseguimento ao pedido se o extraditando estiver preso e a disposição
da justiça.

Uma vez preso o extraditando, dar-se-á início ao processo de extradição, que é de


caráter especial, sem dilação probatória, pois incumbe ao estado requerente o dever de
subsidiar a atividade extradicional, apresentando ao governo brasileiro os elementos de
instrução documental considerados essenciais.

A concordância do extraditando em retornar ao seu país não dispensa o controle de


legalidade do pedido.

Se a decisão do STF for contrária à extradição, vinculará o Presidente da República.


Porém, se a decisão for favorável, o Presidente, discricionariamente, determinará a
extradição, pois não pode ser obrigado a concordar com o pedido de extradição, uma
vez que o deferimento ou recusa do pedido de extradição é inerente à soberania.

6) Atuação do judiciário à extradição.

O sistema extradicional vigente no direito brasileiro permite ao STF exercer fiscalização


concernente à legalidade extrínseca do pedido extradicional formulado pelo Estado
estrangeiro, mas não no tocante ao mérito, salvo na análise da ocorrência de prescrição
penal, da observância do princípio da dupla tipicidade ou da configuração
eventualmente política do delito imputado ao extraditando.

7) Princípio da especialidade e pedido de extensão.


De acordo com o princípio da especialidade, o extraditado somente poderá ser
processado e julgado pelo país estrangeiro pelo delito do pedido extradição.

O pedido de extradição consiste na permissão, solicitada pelo país estrangeiro, de


processar pessoa já extraditada por qualquer delito praticado antes da extradição e
diverso daquele que motivou o pedido extradicional, desde que o Estado requerido
expressamente autorize. Nestas hipóteses, deverá ser realizado o estrito controle
jurisdicional da legalidade.

8) Extradição e expulsão.

A expulsão é uma medida tomada pelo Estado em retirar forçadamente de seu território
estrangeiro que, de qualquer forma, atentar contra a segurança, a ordem política ou
social, a tranqüilidade ou moralidade pública e a economia popular, ou cujo
procedimento o torne nocivo à conveniência e aos interesses nacionais.

Diferente da extradição, a expulsão se dá quando o delito for cometido dentro do


território nacional.

A expulsão prescinde de provocação de autoridade estrangeira.

Não se procederá a expulsão quando: a) o estrangeiro tiver cônjuge brasileiro, do qual


não esteja divorciado ou separado, de fato ou de direito, e desde que o casamento tenha
sido celebrado há mais de 5 anos; b) ou se tiver filho brasileiro que, comprovadamente,
esteja sob sua guarda e dele dependa economicamente.

9) Extradição e deportação.

A deportação é a saída compulsória do estrangeiro. Fundamenta-se no fato de ou


estrangeiro entrar ou permanecer irregularmente no território nacional.

10) Expulsão e deportação de brasileiros.

Não há expulsão nem deportação de brasileiro. O envio compulsório de brasileiro para o


exterior constitui banimento.

Provas ilícitas (art. 5º, LVI)

As provas ilícitas são consideradas inválidas pela Constituição Federal.

Com base no princípio da proporcionalidade, a doutrina vem atenuando a vedação das


provas ilícitas. Em caráter excepcional e em casos extremamente graves, as provas
ilícitas poderão ser utilizadas, pois nenhuma liberdade pública é absoluta.

No direito brasileiro, somente se admite o princípio da proporcionalidade pro reo,


entendendo-se que a ilicitude é eliminada por causas excludentes de ilicitude, em prol
do princípio da inocência.
As liberdades públicas não podem ser utilizadas como um verdadeiro escudo protetivo
das práticas de atividades ilícitas, nem tão pouco como argumento para afastamento ou
diminuição da responsabilidade civil ou penal por atos criminosos, sob pena de total
consagração ao desrespeito a um verdadeiro Estado de Direito.

Não se trata do acolhimento de provas ilícitas em desfavor dos acusados e,


conseqüentemente, em desrespeito ao art. 5º, inciso LVI, da Constituição Federal. O que
ocorre na hipótese é a ausência de ilicitude dessa prova, vez que aqueles que a
produziram agiram em legítima defesa de seus direitos fundamentais, que estavam
sendo ameaçados ou lesionados em face das condutas anteriormente ilícitas. Assim
agindo em legítima defesa, a ilicitude na colheita da prova é afastada.

Teoria dos frutos da árvore envenenada.

De acordo com a teoria dos frutos da árvore envenenada, a prova ilícita originária
contamina todas aquelas que dela derivarem.

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