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MIGRANTES E IMIGRANTES

Migrantes

O termo migrante se refere a toda pessoa que muda seu lugar de residência para outro por um tempo
indeterminado. Em geral, o migrante tenta buscar um novo lugar de convivência por onde as possibili-
dades de trabalho e o social sejam mais satisfatórios do que lugar que vivia anteriormente.

Também é possível que esta situação aconteça por motivos familiares ou por questões de namoro,
casamento, entre outros. Este processo de migração ocorreu desde os primórdios da humanidade e
teve como principal objetivo a busca por alimentos em áreas consideradas melhores para o cultivo.
Com o passar do tempo e o desenvolvimento das sociedades, a migração teve como finalidade abrir
rotas comerciais e fazer a colonização de diferentes povos em busca de novos recursos econômicos.

Na atualidade, o processo de emigração evidência as sociedades com baixos níveis de vida em rela-
ção às sociedades com melhor situação econômica. Os migrantes em geral têm como meta alcançar
melhores condições de vida. Em certas ocasiões, apesar dos problemas que podem acontecer em
um novo ambiente social, eles são menores do que os vivenciados em circunstâncias de origem. Mui-
tos países e processos históricos são baseados em função da figura do migrante.

Por exemplo, as primeiras comunidades que habitaram o território dos Estados Unidos foram os colo-
nizadores que migraram da Inglaterra por motivos religiosos. Outras circunstâncias parecidas aconte-
ceram com as colônias da Espanha, embora nestes casos a finalidade da migração seja política ou
econômica.

No século XX, a emigração teve a ver especialmente com as dificuldades derivadas das guerras mun-
diais; guerras que tiveram como consequência a devastação econômica da Europa, e isso proporcio-
nou grande significado para o novo continente.

Os migrantes podem vir de qualquer lugar do mundo e ir para outro, embora a maioria venha por
causa dos problemas econômicos que enfrentam e assim procuram zonas mais estáveis. Desta
forma, os últimos anos mostrou uma grande quantidade de africanos que migraram para países euro-
peus.

Este tipo de fenômeno deu lugar a uma polêmica dentro das sociedades acolhedoras que ainda não
puderam resolver estas questões. Com a melhora das crises econômicas, este processo tende a di-
minuir, embora não esteja de todo extinto. No entanto, é importante considerar que a locomoção de
migrantes sempre existirá. Á pouco mais de seis anos, o Brasil tem sido destino de um fluxo maior de
pessoas. Elas fogem de locais de conflitos, de tragédias naturais ou de nações que vivenciam proble-
mas econômicos e estruturais graves.

Em 2016, pessoas de 95 países diferentes solicitaram refúgio no Brasil. No caso de venezuelanos,


houve aumento de 307% em comparação com 2015.

De acordo com relatório da Secretaria Nacional de Justiça, até o início de 2017, o Brasil tinha reco-
nhecido 9.552 pessoas em situação de refúgio vindas de 82 países – um número bastante pequeno
perto do total de pedidos. Só em 2016 foram mais de 28 mil solicitações.

Em 2016, de acordo com o Comitê Nacional para Refugiados (Conare), os países com maior número
de solicitações de refúgio no Brasil foram Venezuela (3.375), Cuba (1370), Angola (1353) e Haiti
(646).

Fugindo de condições adversas, nem sempre encontram uma vida mais fácil no Brasil. A advogada
Gabriela Cunha Ferraz, mestre em direitos humanos pela Université de Strasbourg, França, explica
que é necessário refletir sobre as formas de violência cometidas contra os imigrantes e refugiados
que chegam ao Brasil e, principalmente, sobre que atividades profissionais a sociedade brasileira
está disposta a oferecer a essas pessoas.

Em se tratando do mercado de trabalho, Ferraz destaca que são legados a eles ocupações que exi-
gem, na maior parte das vezes, baixa carga intelectual. “Ou seja, se consegue acolher essa pessoa

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quando ela é útil para o projeto de país ou quando é possível ter uma mão de obra barata e de quali-
dade, mas o refugiado e o imigrante começam a incomodar muito quando resolvem exercer sua pró-
pria profissão como medicina, direito, arquitetura etc. Quando chegam aqui tentando exercê-la, as
portas são automaticamente fechadas”, diz.

Em 2010, por exemplo, logo após o terremoto atingir o Haiti, mais de 4 mil haitianos atravessaram a
fronteira. No entanto, as condições de trabalho encontradas nem sempre foram melhores. Em tese de
doutorado defendida por Luís Felipe Aires Magalhães, do Núcleo de Estudos de População Elza Ber-
quó, da Unicamp, há a constatação de que houve superexploração daqueles que foram trabalhar em
Santa Catarina, por exemplo.

Por conta da dificuldade no idioma, muitos trabalhadores eram obrigados a assinar sem saber contra-
tos com termos nos quais abriam mão de direitos trabalhistas em caso de demissão. Esse contexto
fere diretamente os direitos previstos na Declaração Universal dos Direitos Humanos, que aponta que
todo ser humano tem direito a condições justas e favoráveis de trabalho.

“Há infração de direitos de forma indireta pelo governo; mas há infração de forma direta, às vezes por
pessoas físicas e jurídicas brasileiras e estrangeiras, contra esses estrangeiros vulneráveis que vie-
ram residir no Brasil. E a maioria tem residência legal, ou seja, estão autorizados a trabalhar aqui”, diz
Grover Calderón, advogado, presidente da Associação Nacional de Estrangeiros e Imigrantes no Bra-
sil (ANEIB).

Calderón, que também é professor de ética na Universidade São Judas, em São Paulo, aponta que
jornadas de mais de oito horas, salários muito abaixo do piso, falta de registro, cesta básica, seguro
de saúde, entre outros, são comuns a esses trabalhadores.

E a violência se apresenta em muitas facetas. Não só em termos trabalhistas, como também na lega-
lização de estadia, dificuldade de integração e até mesmo em casos de xenofobia. Lucia Sestokas,
formada em relações internacionais pela USP, especialista em direitos humanos e migração pela Uni-
versidad de Lanús, na Argentina, aponta que no Brasil a migração ainda está, para grande parte da
população, vinculada à criminalidade e xenofobia. Um exemplo dessa realidade foi o protesto anti-
imigração ocorrido em maio na Avenida Paulista, logo após a sanção presidencial da nova Lei de Mi-
gração, que entrará em vigor em novembro.

“Na visão geral da opinião pública ainda prevalece aquele discurso que o brasileiro é acolhedor, uma
nação formada historicamente por migrantes. Mas, nos últimos tempos, o que a gente tem visto é
uma agudização das expressões racistas”, aponta Pétalla Brandão Timo, mestre em direito internaci-
onal pelo Instituto de Altos Estudos Internacionais e do Desenvolvimento de Genebra, Suíça, e repre-
sentante da Conectas Direitos Humanos, em Brasília.

Nova Lei de Migração

A Presidência da República sancionou a nova Lei de Migração e vetou artigos considerados impor-
tantes, como a anistia a imigrantes residentes no Brasil por mais de cinco anos.

Apesar de algumas instituições promotoras dos direitos humanos criticarem os vetos, Gabriela Ferraz
explica que o processo de elaboração da lei foi composto por 44 audiências públicas, conferências
regionais, nacionais e estaduais, envolvendo a participação de representantes do Ministério da Jus-
tiça, das polícias e das organizações de classe.

“A nova Lei de Migração é um grande avanço, porque o que tínhamos era uma legislação da época
da ditadura militar, defasada, inconstitucional e com uma série de lacunas, que necessitava uma re-
formulação”, diz Pétalla Timo. Ela ressalta, no entanto, que nenhuma lei é perfeita e que a diferença
entre o direito garantido em lei e a ação na prática é muito grande, e depende de ações de capacita-
ção, fomento da discussão, e uma série de outros esforços.

“As pessoas não migram ou deixam de migrar por conta de ações normativas, não são motivadas por
uma lei. Daí a importância de regulamentar visando a regularização da situação das pessoas migran-
tes no país”, aponta Timo.

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As formas não físicas de violência acabam sendo menos evidentes, mas nem por isso pouco existen-
tes. O acesso à documentação é, de acordo com Gabriela Ferraz, também uma forma de violência
institucional provocada pelo Estado. “Está se negando ao migrante e ao refugiado um documento e
isso, do meu ponto de vista, é uma das violências mais brutais que podem existir”. Ela estima que
cerca de 40 mil pessoas estejam à espera de um documento de identidade no Brasil.

“O que temos insistido é que, independentemente da situação migratória, todos tenham acesso a
qualquer direito garantido constitucionalmente”, expõe Lucia Sestokas.

A Constituição Federal prevê que os mesmos direitos assegurados aos brasileiros sejam também diri-
gidos aos estrangeiros residentes no país, assim como a Declaração Universal dos Direitos Huma-
nos prevê o direito à liberdade, ao trabalho, à equidade de remuneração e a “uma existência em con-
formidade com a dignidade humana. ”

Imigrante

Imigrante tem raízes na língua latina, a mãe da língua portuguesa, e tem em sua formação o prefixo
“i” (de “in”, “aquele que chega” ou “que entra em algum lugar”), o verbo “migrare” (mudar de residên-
cia) e o sufixo “ente”, indicando o autor da ação.

Imigrante é, portanto, aquele que imigra, ou seja, aquele que entra em um país estrangeiro com o ob-
jetivo de fixar-se, de morar e de trabalhar. O imigrante é visto pela perspectiva do país que o acolhe,
é o indivíduo que veio do exterior para permanecer como residente.

De acordo com sua etimologia, o imigrante é aquele que está, sob o ponto de vista de quem é do pró-
prio local, alguém que está buscando condições de sobreviver, que não encontrou em seu lugar natal
os meios para sobreviver.

O Brasil tem recebido, nos últimos anos, um grande número de imigrantes do Haiti, principalmente,
que estão buscando moradia e emprego. Da mesma maneira, a Europa está enfrentando uma situa-
ção desproporcional de chegada de imigrantes do Oriente Médio e do Norte da África, buscando con-
dições de sobrevivência depois de fugir de guerras e conflitos internos em seus países de origem.
Nos Estados Unidos, o problema de imigração acontece com a chegada de latino-americanos que
buscam melhores condições de vida.

A palavra imigrante só pode ser usada para fazer referência a movimentos de países estrangeiros
para os países de destino das pessoas que se locomovem, não servindo para os movimentos migra-
tórios internos ou inter-regionais, realizados dentro das mesmas fronteiras políticas.

O imigrante tem como condição essencial permanecer dentro do território escolhido e seguir as leis
de imigração estabelecidas em cada país.

Imigração e Emigração

Imigração e emigração referem-se ao mesmo tipo de movimento de pessoas de países diferentes. A


imigração é a entrada de grupos ou pessoas, considerados sob o ponto de vista do país que os aco-
lhe, podendo ser aplicados às pessoas que pretendem permanecer no país adotivo, adotando seus
costumes e participando de sua vida profissional e social.

A emigração, por seu lado, é o êxodo de pessoas ou grupos, considerados sob o ponto de vista de
seu país de origem. A emigração, para a sociologia, é o abandono voluntário do país de origem por
motivos econômicos, políticos ou religiosos, como podemos perceber nos movimentos emigratórios
dos países de onde provém os imigrantes.

Imigrantes no Brasil

A imigração no Brasil teve movimento mais significativo a partir de 1808, com a vinda da família real
de Portugal para cá e da abertura dos portos brasileiros aos países amigos. A partir de 1850, o nú-
mero de imigrantes teve aumento, quando foi proibido o tráfico de escravos, tornando necessária a
importação de mão de obra para a lavoura, principalmente a cafeeira, tendo sido iniciativa do Estado
e de particulares, principalmente de fazendeiros.

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O Brasil recebeu um grande número de imigrantes portugueses, italianos, espanhóis, japoneses, ale-
mães, holandeses, eslavos e sírio-libaneses, entre outros, durante diversas décadas. A imigração
teve redução drástica a partir de 1934, com a Constituição estabelecendo medidas restritivas à en-
trada de estrangeiros.

Resumo da História da Imigração no Brasil

A imigração no Brasil teve início em 1530 com a chegada dos colonos portugueses, que vieram para
cá com o objetivo de dar início ao plantio de cana-de-açúcar. Durante todo período colonial e monár-
quico, a imigração portuguesa foi a mais expressiva.

Nas primeiras décadas do século XIX, imigrantes de outros países, principalmente europeus, vieram
para o Brasil em busca de melhores oportunidades de trabalho. Compravam terras e começam a
plantar para sobreviver e também vender em pequenas quantidades. Aqueles que tinham profissões
(artesãos, sapateiros, alfaiates, etc.) na terra natal abriam pequenos negócios por aqui.

No começo da década de 1820, muitos imigrantes suíços se estabeleceram na cidade de Nova Fri-
burgo (estado do Rio de Janeiro). Neste mesmo período os alemães começaram a chegar à Santa
Catarina e Rio Grande do Sul. Estes imigrantes passaram a trabalhar em atividades ligadas à agricul-
tura e pecuária.

Já os italianos, que vieram em grande quantidade para o Brasil, foram para a cidade de São Paulo
trabalhar no comércio ou na indústria. Outro caminho tomado por eles foi o interior do estado de São
Paulo, para trabalharem na lavoura de café que estava começando a ganhar fôlego em meados do
século XIX.

Já os japoneses começaram a chegar ao Brasil em 1908. Grande parte destes imigrantes foi traba-
lhar na lavoura de café do interior paulista, assim como os italianos.

Por que estes imigrantes vieram para o Brasil?

No século XIX, o Brasil era visto na Europa e na Ásia (principalmente Japão) como um país de muitas
oportunidades. Pessoas que passavam por dificuldades econômicas enxergaram uma ótima chance
de prosperarem no Brasil.

Vale lembrar também que, após a abolição da escravatura no Brasil (1888), muitos fazendeiros não
quiseram empregar e pagar salários aos ex-escravos, preferindo assim o imigrante europeu como
mão de obra. Neste contexto, o governo brasileiro incentivou e chegou a criar campanhas para trazer
imigrantes europeus para o Brasil.

Muitos imigrantes também vieram para cá, fugindo do perigo provocado pelas duas grandes guerras
mundiais que atingiram o continente europeu.

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