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Imigrantes venezuelanos, vindos de Boa Vista (RR), são acolhidos numa paróquia do Distrito

Federal. Em 2018, cerca de 10 mil venezuelanos entraram no Brasil, fugindo da crise em


seu paísImagem: Valter Campanato/Agência Brasil
Antonio Carlos Olivieri, da Página 3 Pedagogia & Comunicação
2019-01-01-05:00
A migração tem se tornado uma das grandes polêmicas da atualidade. Por um lado, ela reflete
uma grande crise humanitária, a de populações que são forçadas a deixar seus países de origem,
em condições precárias, devido a guerras, a crises econômicas, governos ditatoriais, racismos e
catástrofes ecológicas. É justo deixá-los a sua própria sorte? Por outro lado, os países ricos ou
em desenvolvimento, que tradicionalmente acolhiam esses grupos, começaram a levantar
obstáculos à imigração, seja pela dificuldade econômica de abrigar quantidades crescentes de
imigrantes, seja por sentirem sua cultura ameaçada e a dificuldade da integração com povos
com valores diferentes ou até mesmo pelo medo do terrorismo ou da criminalidade. No final de
2018, a ONU aprovou um acordo mundial sobre a questão, ao qual o Brasil aderiu, mas do qual
o novo governo do país promete retirá-lo. Na coletânea de textos que acompanha esta proposta,
você pode se informar melhor sobre a questão e os pontos de vista opostos de políticos
brasileiros sobre isso. Com essas informações e com outras, que façam parte do seu repertório
pessoal, redija uma dissertação argumentativa, expondo seu ponto de vista sobre como nosso
país deve se posicionar diante da onda de imigração no mundo contemporâneo.

 Pacto Global sobre Migração

Marrakech (Marrocos) – Um novo acordo mundial para a migração, idealizado pela ONU, foi
confirmado, em 10 de dezembro de 2018, pela maioria dos países que fazem parte da
organização, apesar de dezenas de nações terem se recusado a participar. O pacto pretende
fortalecer a cooperação internacional por uma "migração segura, ordenada e regular" e pede o
fim de das prisões arbitrárias e das deportações imediatas de imigrantes, individual ou
coletivamente

Os termos do acordo haviam sido estabelecidos em julho, com apoio unânime de 193 Estados-
membros da ONU – inicialmente, apenas os Estados Unidos ficaram de fora. Nos meses
seguintes, porém, diversos governos desistiram de participar do pacto, afirmando que ele
poderia incentivar a imigração ilegal e ameaçar a soberania nacional. Segundo a agência AFP,
ao menos 15 países, a maioria europeus, se recusaram a participar. O Pacto Global sobre
Migração foi ratificado na Assembleia Geral da ONU em 19 de dezembro de 2018 por 152
países.

Apesar disso, a maioria deles manteve seu apoio ao documento, cujo texto foi defendido por
diversos líderes, incluindo a chanceler alemã Angela Merkel e o ex-presidente dos EUA Barak
Obama. Mas seu sucessor, Donald Trump, sempre se manteve crítico a ele e foi responsável
pela recusa de seu país a participar. Pelas estimativas da ONU há 258 milhões de imigrantes no
mundo e esse número deve continuar crescendo. Desde 2000, pelo menos 60 mil deles
morreram na tentativa de entrar em outro país.

Folha de S. Paulo (Editado)
 A favor da participação do Brasil

O ministro das Relações Exteriores brasileiro no governo Temer, Aloysio Nunes, afirmou que a
questão migratória é uma questão de direitos humanos e que o acordo é um compromisso para
garantir "os direitos e a segurança daqueles que cruzam terras e mares para sustentar suas
famílias e buscar uma vida mais segura".

"Devemos responder aos desafios humanitários e de proteção dos migrantes e fortalecer a


cooperação internacional para transformar esses desafios em oportunidades, estimular
economias, revitalizar o tecido social e gerar mais prosperidade para todos", disse, lembrando
que o Brasil foi formado por imigrantes.

Folha de S. Paulo (Editado)
 Retirar o Brasil do Pacto

O então presidente eleito, Jair Bolsonaro (PSL), disse em 18 de dezembro do ano passado que a
migração tornou "simplesmente insuportável" viver em algumas partes da França e voltou a
falar em barrar imigrantes que queiram vir ao Brasil. Ele lamentou que o atual governo tenha
assinado o pacto de migração da ONU e disse que vai revogar a participação quando assumir o
cargo.

"Todo mundo sabe o que está acontecendo com a França. (...) E a tendência é aumentar a
intolerância. Os que foram para lá, o povo francês acolheu da melhor maneira possível",
afirmou, "mas vocês sabem a história dessa gente, né? Eles têm algo dentro de si que não
abandonam as suas raízes e querem fazer valer a sua cultura, os seus direitos lá de trás e os seus
privilégios. Parte da população, das Forças Armadas e das instituições francesas começam a
reclamar quanto a isso. Nós não queremos isso para o Brasil".

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