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TRAJETÓRIAS LABORAIS E PRECARIZAÇÃO DO TRABALHO: O CASO DOS

1
REFUGIADOS SÍRIOS NO BRASIL

Melissa Gabriela Lopes Barcellos Coimbra2

INTRODUÇÃO

Os migrantes constituem uma grande parte do precariado mundial. Eles são


uma das razões de seu crescimento e perigam se tornar suas principais
vítimas, demonizados e transformados em bode expiatório dos problemas
não criados por eles. No entanto, com poucas exceções tudo o que estão
fazendo é tentar melhorar suas vidas.
Guy Standing

Nesse início de milênio tem-se aprofundado o processo de globalização,


caracterizado pela crescente fluidez de capitais, mercadorias e serviços,
possibilitadas por diversas inovações tecnológicas, sobretudo nas áreas de
informação e transportes. Todavia, se por um lado parece não existir fronteiras para
o movimento de capitais, mercadorias e serviços, por outro, muitas fronteiras são
postas para os movimentos de pessoas, principalmente a classe trabalhadora
imigrante, advinda de regiões socioeconomicamente precárias e/ou que tem
passado por situações de guerras e conflitos armados. Trata-se dos novos muros
(visíveis e invisíveis) do capitalismo contemporâneo.
Compreendemos os movimentos migratórios como um fenômeno
multifacetado e complexo, já que diversos povos se encontram em movimento,
especialmente os do Sul global, cujos territórios de origem localizam-se no Oriente
Médio, África e Sul da Ásia. Já os principais territórios receptores de refugiados no
mundo são a Turquia, diversos países europeus, Estados Unidos, além de Estados
considerados emergentes pertencentes aos BRICS, como México, Rússia e mais
recentemente o Brasil. Wenden (2016, p. 18-19) explica que “nos últimos trinta anos,
essas migrações se globalizaram. Desde meados dos anos de 1970, elas

1
Trabalho apresentado no XI Encontro Nacional sobre Migrações, realizado no Museu da Imigração
do Estado de São Paulo, em São Paulo, SP, entre os dias 9 e 10 de outubro de 2019.
2
Este artigo faz parte de resultados preliminares da Pesquisa de Doutorado “em andamento” em
Sociologia Política na Universidade Federal de Santa Catarina – (UFSC), intitulada: Refúgio, Trabalho
e Esperança: um Estudo Sobre as Trajetórias Laborais dos Sírios no Brasil, sob orientação da
professora Dra. Maria Soledad Etcheverry Orchard. A autora possui Licenciatura e Bacharelado em
Ciências Sociais pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). É especialista em Educação,
Sociedade e Cultura pela Universidade de Blumenau – SC (FURB) e Mestra em Sociologia Política
pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). Atualmente é Doutoranda em Sociologia
Política pela mesma Universidade (Possui Bolsa CAPES). E-mail: melissagagbarcellos@hotmail.com
triplicaram: 77 milhões em 1975, 120 milhões em 1999, 150 milhões no começo dos
anos 2000 e, em 2016, 244 milhões”.
Os deslocamentos humanos são estruturais e encontram-se relacionados
diretamente às guerras, crises políticas, perseguições (de ordem política,
étnico/racial, de gênero, religiosas) e problemas ambientais, que provocam as novas
expulsões de milhões de seres humanos de seus países (SASSEN, 2016). Não
obstante, as migrações internacionais são destaque nos meios de comunicação
internacionais, sobretudo, na agenda política de países receptores da América do
Sul, quando o imigrante e o refugiado são vistos como uma ameaça à segurança
nacional e são colocados em uma narrativa assimilacionista3.
A guerra da Síria já perdura mais que a 2ª Guerra Mundial, tendo
completado oito anos em 2019. A Síria é o país que mais gera refugiados no mundo
e o terceiro país que mais gerou solicitações de refúgio em 2018. Os países que
mais acolhem refugiados no mundo são: Turquia, Paquistão, Uganda, Sudão e
Alemanha (UNHCR, 2018). De acordo com o Relatório “Global Trends Forced
Displacement in 2018”, mais de 70 milhões de pessoas foram deslocadas
forçadamente em todo o mundo, dentre as quais 25,9 milhões são refugiados
(vítimas de perseguição, violência e outras violações de direitos humanos).
O governo brasileiro reconheceu 11.231 refugiados no período entre 2011 e
2018. Todavia, em março de 2018 viviam no Brasil 6.554 refugiados. Esta redução
se deve a diversos fatores: muitos se naturalizaram brasileiros, outros deixaram de
ser refugiados e optaram pela residência nos termos da Lei de Migração (Lei nº
13.445/17), outros simplesmente saíram do país (BRASIL, 2019). No Brasil, os sírios
representam 36% do total de refugiados reconhecidos, seguidos pelos congoleses
(15%) e angolanos (9%) (ACNUR, 2019). No ano de 2016, o Brasil contava com
2.591 refugiados e 1.209 solicitantes de refúgio de nacionalidade síria, totalizando
3.800 pessoas (SINCRE, 2016; BAENINGER; FERNANDES, 2018, p. 31).

3
Ver texto de Green (2008).

2
MAPA 1 – Refugiados Sírios por país de destino

Fonte: Eaborado com base nos dados do ACNUR. Elaboração própria.

Em 2018, mais de 80 mil pessoas de diferentes nacionalidades, solicitaram


refúgio no Brasil, sendo que os solicitantes de nacionalidade venezuelana
ultrapassam 60 mil, correspondendo a 70% do total de solicitantes (BRASIL, 2019).
Enquanto aguardam os resultados da solicitação, os refugiados são
contemplados com determinadas formas de acesso aos serviços públicos (como
saúde, educação e registro em carteira de trabalho), no entanto, não se tem um
programa de acolhimento específico para os refugiados.
Segundo especialistas na área de estudos migratórios, a Lei Brasileira do
Refúgio (n. 9.474/97) é uma das mais avançadas no mundo em termos de
jurisprudência para o reconhecimento das pessoas refugiadas, pois contempla
sugestões da Declaração de Cartagena. No entanto, há uma lentidão enorme por
parte do Estado brasileiro, seja em decorrência da ausência de investimentos em
infraestrutura, ou da falta de recursos humanos direcionados às questões técnicas,
principalmente, relacionadas aos processos de acolhimento, a garantia de moradia,
à educação e ao acesso formal ao trabalho 4 (FREITAS, 2018). Portanto, torna-se
necessária uma política nacional de acolhimento para a população refugiada, que
contribua com a democratização do país, abrindo horizontes para a convivência dos
diferentes povos e suas múltiplas expressões culturais.

4
Informação verbal da Socióloga Patrícia Tavares de Freitas na Missão Paz – SP em 2018.

3
O Estado tem o dever de implementar políticas públicas que assegurem os
direitos trabalhistas, não apenas aos cidadãos de origem, mas a todas as pessoas
migrantes que necessitem ingressar no mercado de trabalho (FREITAS, 2018).
Nessa direção, pensamos ser necessário desfetichizar5 a categoria refúgio,
analisando as múltiplas dimensões do fenômeno, enquanto resultante de
deslocamentos em processos históricos e políticos que produziram e produzem o
desenraizamento (BOURDIEU, 2017). Uma das perguntas que fazemos é: o que faz
do refugiado um refugiado? Portanto, para desfetichizar o refúgio é preciso
compreender as relações sociais e os laços sociais envoltos no processo migratório.

TRAJETÓRIAS LABORAIS A PRECARIZAÇÃO


Nessa pesquisa, atribuímos destaque para as trajetórias laborais dos
refugiados sírios, conceito que se legitima como recurso conceitual e operacional
privilegiado, para desvelar as estratégias laborais e o processo de integração dos
refugiados. Balerdi (2014) define as trajetórias laborais como um instrumento
analítico que abarca e contextualiza modelos sociopolíticos, econômicos e do
mercado de trabalho das sociedades - assim como modelos de estratificação social
de um país e a sua configuração institucional. Por outro lado, essa categoria
analítica permite interpretar o que os atores sociais atribuem às suas próprias
trajetórias laborais. Como analisa Balerdi (2014, p. 508), os atores sociais “dão conta
de uma reflexividade sobre a posição ocupada no espaço social; e é essa
articulação que a torna uma ferramenta útil para se aproximar um pouco mais da
complexidade das experiências de vida dos atores”. As trajetórias de trabalho são
entendidas como os itinerários visíveis, os cursos e orientações que tomam as vidas
dos indivíduos no campo do trabalho, e que são resultado de ações e práticas
desenvolvidas pelas pessoas em situações específicas através do tempo. [...] O
conceito de trajetória, segundo é sustentado, possibilita apreender a interação entre
dinâmicas estruturais e decisões individuais, e também conjugar ações com as
significações e representações do sujeito (GOMES, 2002, p. 32).
Segundo a análise de trajetória de Gomes (2002, p. 32) “a categoria
temporal representa um eixo central da abordagem da realidade”. Outro aspecto da
categoria de trajetória, destacado pela autora, é a associação intrínseca desse

5
Sentido marxista do termo. Desfantasiar ou descortinar o refúgio.

4
conceito com o de transição, já que “ambas representariam linhas temporais
entrelaçadas no curso da vida pessoal”. Ela explica que as trajetórias consistem em
percursos temporais de mais amplo espectro, enquanto as transições correspondem
a um espectro temporal mais curto, já que apontam para o momento de mudança
que se expressa no processo temporal correspondente ao intervalo entre esses
estados.
Afirmando a fecundidade dessa perspectiva conceitual, Gomes remete à
utilidade do conceito, “quando se estuda carreiras profissionais, porque permite
analisar as transformações de curso decorrentes de períodos de desocupação e
mudança de posições, os quais podem estar caracterizados por situações de
privação e/ou por novas oportunidades de trabalho” (GOMES, 2002, p. 32).
Entendemos nessa pesquisa que a dimensão do trabalho é central na constituição
das identidades pessoais e sociais (DUBAR, 1998; 2005; CASTEL, 1990). Nesse
sentido, contextualizamos os percursos sociais e individuais dos refugiados, nas
atuais condições do capitalismo global e da reestruturação produtiva, com todas as
restrições e exigências que isso traz para o mundo do trabalho (precarização,
flexibilização, desemprego, informalidade e precariedade em todas as dimensões da
vida) (ANTUNES, 1997; CASTELS, 1999; BRAGA, 2017; RAMALHO, 2000;
STANDING, 2017). Além dessas questões, consideramos profícua nesta pesquisa a
ideia de “precariedade” em Judith Butler. Tal ideia remete à vida social, ao “fato de
que a vida de alguém está sempre mas mãos do outro”. Nesse sentido, a vida
demanda que direitos sociais e econômicos sejam atendidos para que a as
condições de vida sejam garantidas. Nas palavras de Butler, “a vida exige apoio e
condições possibilitadoras para poder ser uma vida vivível” (BUTLER, 2018, p. 31 e
40).
Podemos pensar o migrante, sobretudo o refugiado, como constituinte de
uma parcela significativa do “precariado mundial”. O termo foi empregado por Guy
Standing (2017, p. 23), que faz a junção entre o termo “precário” e o termo
“proletariado”. Para o autor, o precariado seria uma “classe-em-formação”. Portanto,
o mundo globalizado teria produzido fragmentações de “classes nacionais”. Como
explica o autor “à medida que as desigualdades aumentaram e que o mundo se
moveu na direção de um mercado de trabalho aberto e flexível, a classe não
desapareceu. Em vez disso, surgiu uma estrutura de classe global e fragmentada”
(STANDING, 2017, p. 24).

5
Para Standing (2017), o precariado consiste em pessoas que tem relações
de confiança quase inexistentes com o Estado e com o capital, e são completamente
opostos aos assalariados, porque não possuem nenhum contrato que lhes dê
alguma garantia. Outra contribuição do autor - e que pensamos corresponder a
situação do refugiado – é que “a precariedade também implica a falta de uma
identidade segura baseada no trabalho” (STANDING, 2017, p. 27).
Essa questão vai ao encontro da situação de imigrantes e refugiados que
possuem alta escolaridade e, no entanto, passam por sérias dificuldades em validar
seus diplomas, o que limita as possibilidades de encontrar empregos de qualidade,
ficando a mercê de subempregos de intensa exploração e/ou baixa remuneração. A
maioria dos refugiados sírios tinha uma ocupação estável na Síria, antes da guerra,
sendo que quase todos possuem nível educacional superior. Porém, no país de
acolhida (no caso, o Brasil), os refugiados tiveram de trabalhar por conta própria,
sendo que grande parte montou o seu próprio negócio (no ramo da culinária árabe)
como forma de sobrevivência.
Sobre essa questão, Standing (2017) explica que muitos imigrantes e
refugiados podem conseguir residência permanente a longo prazo no país receptor,
no entanto, “encontram-se relativamente seguros”, porque enfrentam barreiras
estruturais no que diz respeito aos direitos sociais de uma efetiva cidadania. Eles
possuem “qualificações que não são reconhecidas” (tendo problemas com a
validação dos diplomas), ou são submetidos a testes de qualificação do idioma,
distantes de suas especificidades educacionais. Essas dificuldades, nas palavras de
Standing (2017, p. 148), resultam num “desperdício cerebral”. Trata-se de uma das
principais barreiras para uma efetiva integração dos refugiados.
Segundo Ager e Strang (2008, p. 166), a integração encontra-se no escopo
do acesso ao emprego, à moradia, à educação, à saúde, a repertórios de cidadania
e de direitos. Assim como as barreiras estruturais que ocorrem nesse processo,
sobretudo no que diz respeito à língua, à cultura local e ao espaço social. Para os
autores, a perspectiva do capital social dos refugiados é uma dimensão importante
no processo de integração, entendendo-o uma “estrutura de domínios inter-
relacionados, assegurando, que os outros recursos essenciais a integração sejam
reconhecidos”.

6
Análise das Trajetórias Laborais por meio das narrativas biográficas
A guerra da Síria representa um marco na trajetória de vida experimentada
pelos refugiados e refugiadas e que impactará significativamente suas possibilidades
de inserção ocupacional (ETCHEVERRY, 2004). Essas pessoas vivenciam uma
transição, ou muitas vezes uma crise nos seus projetos ou percursos anteriores.
Nesse sentido, procuramos responder as seguintes questões centrais, a partir de
referenciais bibliográficos e relatos obtidos na pesquisa de campo: como era
organizada a vida laboral em seu país de origem? Quais são as suas profissões e
suas áreas de formação? Mediante a transição vivida, desde o seu país de origem
até o país receptor (Brasil), como passou a ser organizada a sua vida laboral e a sua
inserção social nas outras esferas da vida? Quais são as áreas de atuação laboral
no país receptor? Quais as suas estratégias de sobrevivência? Quais as suas
principais demandas por inserção, nas diferentes áreas da vida social? Como os
refugiados e refugiadas mobilizam os seus recursos (redes de relações e diferentes
formas capital) para a inserção laboral e de integração nas sociedades receptoras?
A estratégia metodológica utilizada nesta pesquisa é a narrativa, que
privilegia o método biográfico. Tendo como prisma a compreensão da história dos
indivíduos, atribui-se destaque aos seus relatos, sobretudo, no que diz respeito aos
marcos decisivos de suas vidas6. Além do registro dos testemunhos, complementa-
se essa abordagem por meio da coleta de documentos (DENZIN, 1989; CLOSS;
OLIVEIRA, 2015). A intenção é a reconstrução das trajetórias biográficas, assim
como as construções biográficas do presente. Aqui se considera a ação social 7 dos
indivíduos e o sentido que os mesmos atribuem em seus percursos sociais.
Entender a fala de um indivíduo, na perspectiva biografada, é se debruçar sobre o
seu passado (em temas específicos), interpretando o contexto atual de sua vida e as
suas perspectivas futuras (ROSENTHAL, 2014). Essa perspectiva metodológica
entende que o entrevistado favoreça a criação de sua “[...] Gestalt biográfica, o que,
por sua vez, ao contrário de ser reificada, torna-se ela própria parte importante da
análise para a compreensão de fenômenos sociais” (SANTOS; OLIVEIRA; SUSIN,
2014, p. 373).

6
“A pesquisa a partir de material biográfico produzido diretamente a partir de relatos de entrevistados
é, hoje, considerado um campo de pesquisa autônomo na sociologia, reconhecido pela Associação
Internacional de Sociologia (ISA)” (SANTOS; OLIVEIRA; SUSIN, 2014, p. 373).
7
Ação Social e Compreensão no sentido de Max Weber.

7
Atribuímos destaque à perspectiva da narrativa biográfica atribuída por Fritz
Schütze (1983), que foi interpretada posteriormente por Gabriele Rosenthal e
encontra-se presente no arcabouço teórico da sociologia de Alfred Schütz (1979, p.
73; 2014). Tal perspectiva avalia que a “narrativa é uma interpretação realizada a
partir de uma situação biográfica específica”, nessa direção, analisar a biografia de
um indivíduo é apresentar as vivências e representações experienciadas pelo
indivíduo (SANTOS; OLIVEIRA; SUSIN, 2014, p. 374). Na condução das entrevistas
narrativas, avalia-se e registra-se relatos longos, no que diz respeito às histórias de
vida ou sobre algum tema específico, como por exemplo, histórias de comunidades
e/ou grupos sociais, movimentos sociais, instituições, processos, trajetórias
migratórias, entre outros temas, que eventualmente podem ser elaboradas com
poucas interferências do entrevistador (a) (ROSENTHAL, 2014)8.
A investigação inicial desta pesquisa se deu por meio de entrevistas com
três refugiados sírios na cidade de São Paulo, em julho de 2018, sendo dois homens
e uma mulher. Também foi entrevistado um funcionário da Cáritas de São Paulo,
capital, a fim de compreender como se dá a dinâmica de acolhimento, integração e a
inserção laboral e social desse grupo étnico no tecido social brasileiro. Na cidade de
Florianópolis-SC9, entrevistamos quatro refugiados, sendo três homens e uma
mulher. Ou seja, ao todo, foram entrevistados sete refugiados e um funcionário da
Cáritas10.
Dos sete refugiados entrevistados, três iniciaram o curso superior na Síria,
mas não conseguiram concluir quando começou a guerra. Os outros quatro
terminaram o curso superior, entretanto, ainda não conseguiram revalidar os seus
diplomas universitários no Brasil, enfrentando obstáculos diversos para validar os
seus diplomas nas universidades brasileiras (RODRIGUES; BLANES SALA;
SIQUEIRA, 2017). Dois entrevistados continuaram os seus estudos universitários em
instituições particulares de Florianópolis-SC.
Um relato que nos chamou a atenção foi o de Zayn (29 anos, SP), que
atuava como Engenheiro de Computação e Design na Síria e, em 2015, veio de Alepo

8
Referencial acadêmico da produção intelectual Alemã.
9
No ano de 2015 foi dada a entrada de 120 refugiados sírios. Dados divulgados pelo Grupo de Apoio
a Imigrantes e Refugiados de Florianópolis e região (GAIRF) (LODETTI, 2018).
10
A Cáritas é uma instituição ligada à Igreja Católica. Essa instituição atua em vários países e atende
diversas nacionalidades. No campo das migrações ela desempenha suas ações no trabalho de
acolhimento e socorro aos refugiados (Informação verbal do Centro de Estudos Migratórios – CEM –
Missão Paz – SP, 2018).

8
para o Brasil11. Zayn apresentou uma narrativa com alta capacidade de adaptação e
flexibilidade em suas ocupações laborais. Atualmente, ele trabalha como
responsável administrativo de uma Mesquita de SP, na qual realiza vários trabalhos,
tendo passado por muitos empregos desde que chegou ao Brasil.
A noção de flexibilidade corresponde ao abnegar da burocracia, assim como
das longas carreiras e requerer que os trabalhadores estejam sujeitos às mudanças
em um período curto de tempo, e, principalmente, que estejam preparados para os
projetos que envolvam riscos (SENNETT, 2009). O exemplo e a experiência de Zayn
não são únicos. Trata-se de uma experiência coletiva, que não só abrange o grupo
de trabalhadores refugiados, mas toda a massa de trabalhadores no contexto do
capitalismo “flexível”. Sistema este, que, nas palavras de Sennett (1999, p. 32), “[...]
trata a incerteza e o correr risco como desafios no emprego”, a experiência do
“aproveitar” o “tempo, o lugar e o trabalho”, até porque lida com a ideia de “manter-
se aberto à mudança” (SENNETT, 1999, p. 17). As pressões estruturais que advém
do contexto econômico, na lógica do capitalismo global e “flexível”, alimentam o que
Sennett (1999, p. 27) chama de “experiência com a deriva no tempo, de lugar em
lugar, de emprego a emprego”, roendo o caráter, eliminando reconhecimentos com
os seus pares, especialmente as novas gerações.
Zayn teve muitas dificuldades no começo com a língua portuguesa, o que é
uma realidade e um desafio para este grupo quando chega ao Brasil. Todos os
entrevistados se apresentaram como fluentes em inglês, no entanto, a língua não os
ajudou muito quando chegaram ao Brasil, pois precisaram da língua portuguesa para
conseguirem trabalho.
No caso dos sete refugiados sírios entrevistados, cinco deles já tiveram ou
tem um negócio próprio no mercado de alimentos, atuando em suas próprias
residências, ao mesmo tempo em que possuem outros trabalhos. Um entrevistado
(Naim, 45 anos, SP) formado em Engenharia, na Síria, trabalha com comida síria em
sua casa na cidade de São Paulo, e vende roupas infantis na feira Brás durante a
madrugada. Aysha (28, SP) é Arqueóloga, veio de Damasco e atua em SP como
maquiadora e tradutora. Abu-Jamal (34, SC) possui formação em contabilidade em
Damasco, e atua como vendedor de uma loja de roupas de proprietários de origem
árabe em Florianópolis - SC. Jesus (28, SC) é formado em Economia em Damasco;

11
Os nomes dos entrevistados são todos fictícios.

9
no Brasil atua como comerciante autônomo (importação e exportação), já tendo
administrado um restaurante de comida árabe na capital catarinense, além de ter
tido diversas outras profissões, como modelo, marketing digital, professor de árabe,
motorista de veículo de transporte de aplicativo. Safira (31, SC) é formada em
Designer de Moda em Damasco; atualmente ela trabalha no ramo de alimentos de
comida árabe, além de ser maquiadora e tatuadora de Henna. Omar (32, SC) é
formado em sistema de Informação em Damasco; atualmente ele é funcionário de
um restaurante de comida árabe no centro de Florianópolis-SC.
A partir da nossa análise, trata-se de um grupo de trabalhadores (as)
refugiados que não se diferencia da classe trabalhadora brasileira no atual contexto
de crise econômica e de precarização do trabalho. Para sobreviver, muitos
trabalhadores precisam trabalhar em vários serviços ou atuar em mais de um
emprego. Entretanto, existe um agravo quando os trabalhadores são refugiados de
um país cuja maioria é de religião islâmica, possuindo língua e hábitos bem
diferentes dos nacionais e estando à mercê de ideologias que os criminalizam.
Quanto as formas de associação, redes de ajuda e acolhimento entre os
entrevistados, é comum à sua relação com as mesquitas, a chamada comunidade
muçulmana. É importante destacar que existem especificidades étnicas (drusos,
curdos árabes) e religiosas (muçulmanos, cristãos, etc.) entre os refugiados sírios.
Há casos de refugiados sírios que dispensam ajuda da comunidade islâmica, por
diversos motivos. Todavia, a maioria dos refugiados recebe suporte da Mesquita,
além da Cáritas12, de movimentos sociais e instituições como a Migraflix 13 e I Know
My Rights14.
Mediante as características das redes de ajuda e as características
associativas dos nossos entrevistados no campo de pesquisa, consideramos
adequado conceder destaque ao conceito de redes atribuído por Alain Caillé (1998),
que se encontra imbricado aos estudos de Marcel Mauss (2003).

12
A Cáritas é uma instituição ligada à Igreja Católica. Essa instituição atua em vários países e atende
diversas nacionalidades. No campo das migrações ela desempenha suas ações no trabalho de
acolhimento e socorro aos refugiados (Informação verbal do Centro de Estudos Migratórios – CEM –
Missão Paz – SP, 2018).
13
A Migraflix é uma organização não-governamental sem fins lucrativos criada em 2015 com o
objetivo de integrar refugiados e imigrantes social e economicamente. Disponível em:
https://www.migraflix.com.br/quem-somos. Acesso em: 02 jun. 2019.
14
KMR – Eu Conheço Meus Direitos – é uma ONG brasileira, fundada em 04/06/12, com atuação em
São Paulo. IKMR é uma ONG que se dedica de forma específica, às crianças refugiadas, sendo
regida pelas disposições contidas na Convenção Internacional dos Direitos das Crianças, no Estatuto
da Criança e do Adolescente. Acesso em: 30 ago. 2019.

10
A rede é o conjunto das pessoas em relação às quais a manutenção de
relações interpessoais, de amizade ou de camaradagem, permite conservar
e esperar confiança e fidelidade, mais do que em relação aos que estão fora
da rede, em todo caso. A única coisa que falta a priori nessas análises é
reconhecer que essa aliança generalizada que constitui as redes,
atualmente, como nas sociedades arcaicas, só se cria a partir da aposta da
dádiva e da confiança (CAILLÉ, 1998, p. 14).

CONTEXTOS DE DISCRIMINAÇÃO NOS PERCURSOS LABORAIS DOS


REFUGIADOS
Na perspectiva da estigmatização, identificamos, através de algumas das
entrevistas, casos de islamofobia e xenofobia. De acordo com Farah (2017, p. 13),
faz parte do imaginário racista e xenófobo considerar que os imigrantes “importam”
maldades de seus países de origem. Dessa maneira, estes podem, muitas vezes,
serem vítimas de difamações e violências de várias ordens. Nesse sentido, o
racismo, ou mais especificamente, a arabofobia, corresponde à atitude de
sentimento de ódio a um povo; a xenofobia diz respeito ao ódio a uma ou mais
nacionalidades e a islamofobia corresponde aversão à religião islâmica. Essas ações
tendem a complementar-se, alimentados, muitas vezes, pelos Estados Nacionais e
pela indústria midiática (FARAH, 2017)15.
Zayn (29) relatou que se sentiu ofendido em uma entrevista de emprego em
uma escola de Inglês, na qual ele não foi contratado e que ouviu representações
preconceituosas sobre a sua religião. Já Jesus (28), relatou que foi ofendido por uma
cliente em seu restaurante, no qual a pessoa que o ofendeu disse que pessoas da
religião muçulmana eram más e perigosas. Em outra situação ele foi abordado por
um homem em supermercado quando falava em árabe com um amigo. O homem
que o abordou disse que ele não poderia estar falando a língua dele (árabe) em local
público. Safira (31) tem duas filhas, é casada e muçulmana, ela optou por não usar o
hijab16 no Brasil e instrui as suas filhas a não falarem a língua árabe publicamente,
sobretudo nos transportes públicos.

15
O termo “islamofobia” surgiu na França, nos anos de 1920, como “islamophobie”, e ressurgiu na
década de 1970. Entretanto, nesses momentos distintos, o termo contou com diferenças de
significado. No primeiro momento, o termo referia-se às disputas e diferenças no interior do Islã e, no
segundo momento, ao repúdio aos muçulmanos e ao islamismo (LORENTE, 2012 apud SANTOS,
2016, p. 2).
16
Vestimenta que cobre a cabeça na qual mulheres da religião islâmica podem optar a vestir ou não.

11
DISCRIMINAÇÃO X REDES DE ACOLHIMENTO
Mediante o atual contexto das migrações internacionais, um dos nossos
objetivos é identificar os casos de discriminação (como xenofobia, arabofobia e
islamofobia) ocorridos no Brasil17. Ademais, pensamos que se faz importante
identificar e mapear relações sociais de polarização (extremos opostos) e
ideológicas no contexto político-institucional do recente fluxo de novos imigrantes no
Brasil. De forma preliminar, começamos a identificar estas questões por meio de
entrevistas narrativas.
Citamos como exemplo um ato de xenofobia ocorrido no Brasil, o caso de
um refugiado sírio que foi agredido e seu carrinho de esfirras derrubado, na cidade
do Rio de Janeiro, capital, no dia 03 agosto de 2017, por um trabalhador ambulante.
O homem que cometeu a agressão, um brasileiro não identificado, segurava
pedaços de madeira na mão e dizia “saia do meu país! Eu sou brasileiro e estou
vendo meu país ser invadido por esses homens-bomba miseráveis que mataram
crianças, adolescentes. São miseráveis. Vamos expulsar ele!". No dia 12 de agosto
do mesmo ano, foi organizada uma rede de ajuda pela internet por um empresário
para que o refugiado sírio adquirisse o seu Food Truck. O empresário que promoveu
a rede de ajuda também teria promovido o dia do “esfirraço”, na qual as pessoas
foram convidadas a comer esfirra na barraca do refugiado sírio. No momento em que
o sírio era homenageado, um grupo com cerca de vinte pessoas protestavam na
região do Arpoador, no RJ, atacando pessoas muçulmanas por meio de cartazes. As
pessoas estavam vestidas de preto e seguravam cartazes com os seguintes dizeres:
“muçulmanos, assassinos, sequestradores, estupradores"18.
Este caso nos leva a pensar que as redes de ajuda convivem, muitas vezes,
nos mesmos espaços ocupados por indivíduos e grupos sociais que promovem a
discriminação, por meio de manifestações de xenofobia e intolerância em relação a
população imigrante e refugiada. Mediante este caso, é possível, no contexto
brasileiro atual, que o número de pessoas que têm aversão aos refugiados seja
superior aos que têm simpatia ou empatia? Se o fenômeno da imigração produz e
reproduz uma camada da sociedade que se posiciona e vê os imigrantes e

17
Hoje não temos mais política de fluxos, agora é o “levantar muros”. Política de contenção, discursos
xenófobos e anti-imigração (CAVALCANTI, 2019).
18
Cariocas fazem fila em “esfirraço” para apoiar refugiado sírio agredido em Copacabana. Disponível
em: https://g1.globo.com/rio-de-janeiro/noticia/apos-agressao-refugiado-sirio-diz-que-nao-quer-
problemas-so-quer-trabalhar.ghtml. Acesso em: 29 ago. 2019.

12
refugiados como inimigos na sociedade receptora, por outro lado, existe uma
significativa camada da sociedade civil que oferece acolhimento aos refugiados no
âmbito dos direitos humanos, a exemplo de organizações como a Cáritas, vinculada
à Igreja Católica, o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados
(ACNUR), além de inúmeros movimentos sociais.

CONSIDERAÇÕES FINAIS
Buscamos identificar por meio das entrevistas narrativas, as trajetórias
laborais dos refugiados (as) sírios, levando em consideração o problema da
xenofobia e as manifestações de islamofobia em percursos laborais no Brasil.
Conforme a última contagem da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios
Contínua (PNAD Contínua), no último trimestre de 2019, o desemprego subiu para
12,7%, correspondendo a 13,4 milhões de pessoas. Diante desse contexto de crise
econômica, política e social, é de se supor (porém, de maneira nenhuma, se
justifica) que certos grupos reajam de maneira hostil em relação aos refugiados e
imigrantes (LOPES, 2015). Para alguns trabalhadores brasileiros, os refugiados são
considerados uma ameaça à empregabilidade. As transformações políticas recentes
podem inviabilizar a vinda de imigrantes e refugiados no Brasil. Embora o racismo e
a xenofobia sejam constituintes do longo processo histórico e social brasileiro,
políticas sociais adotadas pelos governos Lula e Dilma, como o Programa Bolsa-
Família, acesso ao crédito para pessoas de baixa renda, programas de cotas,
direitos trabalhistas assegurados às (aos) empregadas (os) domésticas, entre
outros, contribuíram para fomentar o descontentamento de uma classe média e de
uma elite econômica, que antes dos governos petistas se viam numa condição ainda
mais privilegiada. Podemos concluir que vivenciamos um momento de tensão entre
os que lutam por direitos e os que adotam posições de intolerância (racismo,
xenofobia, islamofobia, misoginia e homofobia) contra grupos sociais em condições
de vulnerabilidade. Estes últimos não querem direitos e sim privilégios.

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