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33 | 2021
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Edição electrónica
URL: https://journals.openedition.org/geografares/3379
ISSN: 2175-3709
Editora
Universidade Federal do Espirito Santo
Refêrencia eletrónica
Denise Cristina Bomtempo e Kananda Beatriz Pinto Sena, «Migração internacional de africanos para o
Brasil e suas territorialidades no estado do Ceará», Geografares [Online], 33 | 2021, posto online no dia
15 dezembro 2021, consultado o 19 dezembro 2021. URL: http://journals.openedition.org/
geografares/3379
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Migração internacional de africanos para o Brasil e suas territorialidades no... 1
NOTA DO EDITOR
Artigo recebido em: 01/12/2021
Artigo aprovado em: 08/12/2021
Introdução
1 No período atual presenciamos coexistências de movimentos no que concerne à
migração internacional. Eles são marcados por intensos fluxos de pessoas que se
deslocam em diferentes escalas, sejam elas: regional, nacional ou global. Para fazer a
leitura da migração internacional no contexto da globalização, destacamos os
movimentos migratórios dos africanos para o território brasileiro, de maneira especial
no estado do Ceará, localizado na região Nordeste do país.
2 Com relação ao movimento migratório supracitado, destaca-se a presença de
estudantes que buscam qualificação profissional – nível superior e se inserem no país
por intermédio dos programas de cooperação estudantil fomentado pelo Governo do
Brasil; investidores e trabalhadores qualificados que se inserem no mercado formal de
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trabalho, mas também existem aqueles que permanecem no território brasileiro sem
documentação regular e por isso realizam trabalhos informais e precarizados
(BOMTEMPO, 2019).
3 Nesta perspectiva, o texto busca apresentar a recente migração internacional de
africanos, tendo como recorte empírico o território brasileiro, sobretudo o estado do
Ceará. Para tanto, as discussões estão centradas na explicação de um fenômeno
migratório, cuja relevância e significação só podem ser captadas pela utilização de
métodos apropriados com a complexidade inerente aos fatos, que integram aspectos
históricos, espaciais e sociais, de sociedades diversas, no caso a africana e a brasileira, e
sua inserção nos desdobramentos do capitalismo contemporâneo.
4 A metodologia utilizada na investigação se baseia no entendimento da migração de
africanos no território cearense. Diante da complexidade do período atual, referenciado
em Vettorassi e Dias (2018), procuramos articular caminhos teórico-metodológicos que
garantam explicar a migração como fenômeno espacial, social e temporal, formada por
sujeitos migrantes. Desse modo, a construção metodológica quali-quantitativa é o
caminho no qual escolhemos para a explicação do fenômeno na sua totalidade.
5 Nesse sentido, foram selecionadas categorias e conceitos pertinentes à leitura do
objeto, posteriormente foi realizado levantamento bibliográfico e documental, com
temas de interesse da pesquisa; levantamento de informações jornalísticas publicadas
em revistas e jornais eletrônicos; levantamento estatístico nas bases eletrônicas da
Organização das Nações Unidas (ONU), juntamente na Agência FAO (Organização das
Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura) e microdados do Sistema Nacional
de Cadastramento de Registro de Estrangeiros (SINCRE) – com destaque para as
seguintes variáveis estatísticas: migrações internacionais na escala global (mundo e
continentes), os principais destinos das migrações entre os países africanos, a migração
africana na escala mundo e suas características; e por fim, sustentado pelo referencial
teórico, leitura e interpretação de dados e informações foi realizada a pesquisa
empírica na cidade de Fortaleza, capital do estado do Ceará, um dos lugares de maior
concentração de migrantes africanos na região Nordeste do Brasil.
6 Com os resultados do estudo e sua publicação, nestas primeiras décadas do século XXI,
pretende-se contribuir para a explicação do conteúdo global e particular das migrações
internacionais materializadas nos territórios e movidas para o trabalho e qualificação
profissional, de forma especial para a migração de africanos no Brasil.
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Tabela 1 – Quantidade de migrantes internacionais no mundo (em milhões), por região dos
continentes (2000, 2010 e 2017)
Fonte: United Nations, Department of Economic and Social Affairs (2017). Elaborado pelas autoras.
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Fonte: United Nations, Department of Economic and Social Affairs (2017). Elaborado pelas autoras.
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uma irmã que estuda na França (Bordeaux) faz mestrado em Finanças e atualmente
tem um estágio na agência bancária. Minha mãe atualmente mora na Suíça, se casou
com um suíço e trabalha lá como enfermeira (Migrante de nacionalidade Gabonês –
junho de 2018).
31 Este depoimento reforça a ideia de que os recentes fluxos migratórios coexistem no
espaço – tempo, bem como apresentam características de circularidade e
transescalaridade, já que sua configuração se faz de maneira articulada: a) entre países
vizinhos (com destaque para Camarões e Gabão); b) fluxos para além do continente
africano, haja vista os deslocamentos para países da Europa e da América Latina. Ainda,
é possível ressaltar que a motivação que impulsiona a migração é plural, ou seja,
motivada pelo trabalho e conflitos a mãe migrou no próprio continente africano e
posteriormente adentrou ao continente europeu, sendo que sua condição – de
trabalhadora migrante – sustenta direta ou indiretamente uma migração entre
gerações com vistas ao trabalho e qualificação profissional em diversos países,
conformando assim uma migração para o trabalho e qualificação profissional, circular,
transescalar e geracional, sustentada pelas redes técnicas informacionais.
32 Nessa perspectiva, podemos inferir que, os fluxos migratórios originários na África e
que se configura de maneira transescalar, estão atrelados a uma gama de processos que
perpassam pela instabilidade econômica e política dos países do próprio continente,
como também pelos elementos históricos, tais como: melhores condições de vida,
conflitos étnicos, religiosos e territoriais que ainda induzem com maior pujança aos
movimentos migratórios.
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Figura 2 –Evolução dos fluxos migratórios de africanos no Brasil, por Unidade da Federação (2002,
2007, 2012, 2017)
Fonte: Sistema Nacional de Cadastro e Registro de Estrangeiros (SINCRE). Elaborado pelas autoras.
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migrantes africanos), Distrito Federal (225 migrantes africanos), Goiás (167 migrantes
africanos) Bahia (156 migrantes africanos) e Pernambuco (115 migrantes africanos).
44 Com relação ao perfil dos migrantes africanos que residem no Brasil podemos
evidenciar que são: trabalhadores qualificados (profissões: engenheiros, eletricistas,
médicos, biólogos, escritores, economistas, professores, enfermeiros, cozinheiros,
aeronautas, farmacêuticos, administradores ou funcionários executivos, dentre outras
profissões); trabalhadores com qualificação técnica ou que possuem experiência sem
obter uma qualificação estudantil (profissões: carpinteiro, garimpeiros, mecânicos,
trabalhadores domésticos, vendedores viajantes, pedreiros, entre outras); os estudantes
e bolsistas que buscam qualificação profissional nas instituições de ensino brasileiras;
os profissionais liberais que podem, ou não, ter qualificação profissional; e os
investidores que podem assumir cargos de diretores, gerentes ou proprietários. Além
disso, de caráter mais particular, temos as migrações também de sacerdotes, atletas,
aposentados, artistas e oficiais, entre outras especificidades.
45 Destarte, na figura 3 elencamos as principais nacionalidades dos migrantes
provenientes do continente africano no Brasil e com isso conseguimos compreender
tanto o lugar de origem do migrante africano, como também em qual estado da
federação eles residem no Brasil.
Fonte: Sistema Nacional de Cadastro e Registro de Estrangeiros (SINCRE). Elaborado pelas autoras.
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Rio de Janeiro; enquanto os ganeses estão concentrados em Santa Catarina, São Paulo,
Distrito Federal, e Rio Grande do Sul.
53 Para tanto, os autores Tedesco e Mello (2015) ressaltam que a maioria dos senegaleses
migram para o Brasil com o objetivo de morar e trabalhar, além da forte formação de
redes que produzem e alimentam os fluxos; são redes constituídas por fatores de
localização, regionalização, amizade, interconhecimento entre os migrantes (TEDESCO
E MELLO, 2015).
54 Ainda, conforme informações da reportagem publicada pelo jornal O globo em 2014
« [...] 8.766 ganeses obtiveram visto de turismo para o período da Copa do Mundo de
futebol de 2014 ocorrida no Brasil. Pelas regras do visto, eles têm 90 dias para
permanecer no país. Mas a Polícia Federal (PF) já sabe que ao menos 500 deles pediram
refúgio. E outros estão na fila para entrar com o pedido [...] » (SANCHES e ILHA, 21 jul.
2018, Jornal O globo). Desta forma, inferimos que tanto os senegaleses, quanto os
ganeses são migrantes que chegaram no Brasil na perspectiva de adentrar ao mercado
de trabalho brasileiro e com isso construir suas trajetórias de vida e trabalho no país.
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Considerações finais
69 Neste texto, foi apresentado um panorama dos movimentos migratórios entre os países
do continente africano e também de africanos para outros continentes. Além disso,
ressaltamos as principais características desses fluxos populacionais internacionais,
pois a partir dos dados levantados da Organização das Nações Unidas, em 2017,
conseguimos verificar os principais destinos da migração internacional do continente
africano, que se apresenta de maneira inter e transescalar, já que coexistem fluxos
migratórios entre países no próprio continente africano, como também para países do
continente europeu e latino americano.
70 Diante das possibilidades de fazer a leitura da migração internacional no contexto da
globalização, a elaboração inicial da nossa proposta foi motivada pela tentativa de
explicar os movimentos migratórios de africanos para o território brasileiro (que
ocorrem não sem conflitos de múltiplas naturezas), com ênfase no entendimento do
perfil dos sujeitos envolvidos na mobilidade, quais sejam: a migração com objetivo de
qualificação profissional – nível superior que se inserem no país por intermédio dos
programas de cooperação estudantil fomentado pelos Governos da República Brasileira
(2003 -2010; 2011 – 2016 – com interrupção devido ao Golpe de Estado realizado pelos
partidos de Extrema Direita); a migração de investidores e trabalhadores qualificados
que se inserem no mercado formal e não formal de trabalho.
71 Verificamos também, que a migração internacional africana no contexto Sul-Sul é um
fenômeno que permitiu ampliação dos fluxos e construção de territorialidades dos
africanos no Brasil em diferentes unidades federativas, assim como em diversas cidades
do estado do Ceará. A presença de africanos tem aumentado significativamente do
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NOTAS
1. De acordo com ONU o Norte da África é formado por sete países: Argélia, Egito, Líbia, Marrocos,
Saara Ocidental, Sudão, Tunísia. Enquanto a África subsaariana é composta por 47 países: África
do Sul, Angola, Benin, Botsuana, Burkina Fasso, Burundi, Camarões, Cabo Verde, Chade, Congo,
Costa do Marfim, Djibuti, Guiné Equatorial, Eritréia, Etiópia, Gabão, Gâmbia, Gana, Guiné, Guiné-
Bissau, Ilhas Comores, Lesoto, Libéria, Madagáscar, Maláui, Mali, Mauritânia, Maurício,
Moçambique, Namíbia, Níger, Nigéria, Quênia, República Centro-Africana, Ruanda, República
Democrática do Congo, São Tomé e Príncipe, Senegal, Seychelles, Serra Leoa, Somália, Sudão do
Sul, Suazilândia, Tanzânia, Togo, Uganda, Zâmbia e Zimbábue.
2. Para compreender a dinâmica vinculada à presença dos africanos no Brasil nas primeiras
décadas do século XXI, foi realizado um recorte temporal de cinco anos. Além disso, destacamos
que os dados são referentes à quantidade de migrantes registrados pela Polícia Federal no
Sistema Nacional de Cadastro e Registro de Estrangeiros (SINCRE) e não necessariamente o ano de
entrada no Brasil.
RESUMOS
Este texto explica as territorialidades construídas na migração internacional dos africanos para o
Brasil, de maneira especial para o Estado do Ceará nas primeiras décadas do século XXI. Para
fundamentar a discussão, o caminho teórico-metodológico foi construído a partir de: seleção de
conceitos; levantamento bibliográfico e de dados, e pesquisa empírica. Diante do que foi
investigado, afirmamos que no Brasil verifica-se a presença desses migrantes em inúmeras
unidades federativas: São Paulo, Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Rio de Janeiro, Ceará, Paraná
e Minas Gerais. A presença dos africanos no Ceará permite com que tenhamos territorialidades e
circularidades migratórias múltiplas, já que diversos são os perfis dos sujeitos em mobilidades
(estudantes, trabalhadores e investidores). Numa primeira fase da migração, eles fixam
residência na cidade de Fortaleza, Redenção e Acarape, mas ao longo do tempo, por não
retornarem ao país de origem, constroem territorialidades e realizam circularidade por diversos
bairros da cidade de Fortaleza e por diferentes cidades no território cearense. Vale ressaltar que
a presença desses migrantes, no recorte empírico evidenciado, tem aumentado
significativamente, demonstrando, o papel de centralidade do Ceará nas novas rotas e dinâmicas
migratórias configuradas no território brasileiro.
This paper explains the territorialities built in the international migration of Africans to Brazil,
especially to Ceará state in the first decades of the 21st century. To support the discussion, the
theoretical-methodological path was built from: the selection of concepts, the bibliographic and
data survey, and the empirical research. In light of what was investigated, we affirm that in
Brazil, the presence of migrants is verified in numerous federative units: São Paulo, Rio Grande
do Sul, Santa Catarina, Rio de Janeiro, Ceara, Parana and Minas Gerais. The presence of Africans
in Ceara causes multiple migratory territorialities and circularities, since the profiles of
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individuals in mobility are diverse (students, workers and investors). In a first phase of the
migration process, the subjects settled residence in Fortaleza, Redenção and Acarape, but over
time, because they did not return to their country of origin, they circulated through different
neighborhoods in Fortaleza and in other Ceara cities. It is worth mentioning that the presence of
these migrants, according to the empirical profile evidenced, has increased significantly,
demonstrating the role of Ceara's centrality in the new routes and migratory dynamics
configured in the Brazilian territory.
L’article cherche à comprendre les territorialités construites dans la migration internationale des
africains vers le Brésil, en particulier vers l'État du Ceará dans les premières décennies du XXIe
siècle. Pour étayer la discussion, le parcours théorico-méthodologique a été construit à partir de
la sélection de concepts pour traiter la thématique, d’une investigation bibliographique, la
collecte de données et, aussi bien, par une recherche empirique. Sur la base de ce qui a été
enquêté, nous affirmons qu'au Brésil il y a une présence de ces migrants dans de nombreuses
unités fédérées : São Paulo, Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Rio de Janeiro, Ceará, Paraná et
Minas Gerais. La présence des africains au Ceará nous permet de constater de multiples
territorialités et circularités migratoires, car il existe différents profils de sujets en mobilité
(étudiants, travailleurs et investisseurs). Dans la première phase de la migration, ils se sont
installés dans les villes de Fortaleza, Redenção et Acarape, mais au fil du temps, comme ils ne
sont pas retournés dans leur pays d'origine, ils ont construit des territorialités et ont circulé dans
différents quartiers de la ville de Fortaleza et dans différentes villes du territoire du Ceará. Il est à
noter que la présence de ces migrants a augmenté de manière significative, démontrant le rôle
central du Ceará dans les nouvelles routes et dynamiques migratoires configurées sur le
territoire brésilien.
ÍNDICE
Keywords: International migration, Africans, Territorialities, Ceará, Brazil
Palavras-chave: Migração internacional, Africanos, Territorialidades, Brasil
Palabras claves: Migración internacional, Africanos Territorialidades, Ceará, Brasil
Mots-clés: Migrations internationales, Africains, Territorialités, Ceará, Brésil
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AUTORES
DENISE CRISTINA BOMTEMPO
Universidade Estadual do Ceará
denibomtempo@hotmail.com
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