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Adoção e Devolução: Resgatando Histórias

Conselho Editorial

Profa. Dra. Andrea Domingues


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©2015 Patrícia Jakeliny F. S. Moraes


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em qualquer forma ou meio, seja eletrônico, de fotocópia, gravação, etc., sem a
permissão da editora e/ou autor.

M8275 Moraes, Patrícia Jakeliny F. S.; Faleiros, Vicente de Paula


Adoção e Devolução: Resgatando Histórias/Patrícia Jakeliny F. S. Moraes;
Vicente de Paula Faleiros. Jundiaí, Paco Editorial: 2015.

148 p. Inclui bibliografia.

ISBN: 978-85-8148-787-8

1. Adoção 2. Vínculo familiar 3. Filiação 4. Direitos da criança e do adoles-


cente. I. Moraes, Patrícia Jakeliny F. S. II. Faleiros, Vicente de Paula.

CDD: 150
Índices para catálogo sistemático:
Família 306.85
Relacionamento entre pais e filhos 306.874
Psicologia 150

IMPRESSO NO BRASIL
PRINTED IN BRAZIL
Foi feito Depósito Legal
A Ana Beatriz, Maria Eduarda e João Pedro
pelo tempo roubado e pelo prazer de viver a
maternidade e a fecundidade do afeto todos
os dias de nossas vidas.
Patrícia Jakeliny Ferreira de Souza Moraes

Para meu filho Álvaro e minha nora Rita,


que estão construindo uma família adotiva.
Vicente de Paula Faleiros
Sumário
Prefácio 11

Os porquês deste estudo 13

Capítulo 1 – Breve percurso histórico sobre a adoção 17


1. Adoção no Brasil 17

Capítulo 2 – Aproximação do conceito de família 35


1. Da família idealizada à família possível 35
2. Pensando família a partir da estrutura sistêmica 39
3. Aproximação teórica com o conceito de vínculo 43

Capítulo 3 – O fenômeno da adoção


em um contínuo desvelar-se 49
1. Análises dos fragmentos dos discursos:
a adoção a partir das falas das famílias e
da expressividade das crianças adotivas 49
2. Família [1][D] Joana e Isabel 51
3. Família [2][D] Janete e Cláudia 64
4. Família [3] [AP] Débora, Vilmar e Guilherme 74
5. Família [4][AP] Lilian, Mônica e Júlia 86

Capítulo 4 – Retomando as zonas de sentido 97


1. Indicadores favoráveis e indicadores
desfavoráveis no processo de adoção 97
2. O desejo e sua falta 98
3. A relação entre as motivações, o altruísmo e
a realidade vivenciada no processo de adoção 100
4. A desvelação da família de
origem como condição do vínculo 104
5. A criança imaginária e a criança real 109
6. A preparação da(s) criança(s) e do(s) requerente(s)
para adoção, a partir da viabilização institucional 114
7. Vínculo familiar estendido 120
8. A devolução: o silêncio dos pais
versus o sofrimento dos filhos 123

Considerações finais – Encontros e desencontros


nos processos de adoção 127

Referências 133

Glossário 141
SIGLAS

ABT Associação Brasileira Terra dos Homens


BPC Benefício de Prestação Continuada
BSB Brasília
CAPES Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível
Superior
CF Constituição Federal
CNAS Conselho Nacional de Assistência Social
CONANDA Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente

CRAS Centro de Referência da Assistência Social


CREAS Centro de Referência Especializado da Assistência Social
CT Conselho Tutelar
DF Distrito Federal
ECA Estatuto da Criança e do Adolescente
GT Grupo de Trabalho
IPEA Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada
LOAS Lei Orgânica de Assistência Social
MDS Ministério de Desenvolvimento Social e Combate à Fome
MP Ministério Público
NOB Norma Operacional Básica
ONG Organização Não Governamental
ONU Organização das Nações Unidas
PNAS Política Nacional de Assistência Social
PAIF Proteção e Atendimento Integral à Família
PAEFI Proteção e Atendimento Especializado a Famílias e Indivíduos

PNCFC Plano Nacional de Promoção, Proteção e Defesa do Direito


de Crianças e Adolescentes à Convivência Familiar e
Comunitária
PSE Proteção Social Especial
SAC Serviço de Ação Continuada
SEDH Secretaria Especial de Direitos Humanos
SGD Sistema de Garantia de Direitos
SNAS Secretaria Nacional de Assistência Social
Suas Sistema Único de Assistência Social
SUS Sistema Único de Saúde
UNICEF Fundo das Nações Unidas para Infância
VIJ Vara da Infância e Juventude
PREFÁCIO
O título impactante deste livro, resultante da dissertação de
mestrado desenvolvida no Programa de Pós-Graduação Stricto
Sensu em Psicologia da Universidade Católica de Brasília por
Patrícia Moraes sob a orientação de Vicente Faleiros - e a qual
também acompanhei na qualidade de co-orientadora - reflete de
imediato a coragem e a sensibilidade de ambos os autores. Cora-
gem na escolha do tema, sensibilidade na sua abordagem, poesia
no título da obra.
Mas a poesia de que falam aqui os autores não é aquela que
apenas embeleza, enleia, floreia ou torna a vida mais amena. A
poesia aqui declarada é realista, de denúncia e revelação do que
há de mais humano, mas também de mais sofrido e contunden-
te, conflituoso e paradoxal: o gesto de amor – adotar uma criança
– mostrando também sua outra face, de violência, simbólica ou
visceral – devolver esta mesma criança à instituição de origem.
O poema aqui enunciado não é aquele que se faz em versos,
mas é daqueles que se faz em prosa, descrevendo sistemática e
analiticamente os diversos aspectos que favorecem ou dificultam
o processo de filiação adotiva, a partir do contato com quatro
famílias e seus respectivos filhos adotivos. Ele revela, simultanea-
mente, a alegria, a dor e a coragem destas famílias e suas crianças
que compartilharam com a pesquisadora suas experiências subje-
tivas e relacionais, inclusive aquelas mais sombrias e que culmina-
ram na “rejeição” dos filhos adotados ou das famílias requerentes.
E se a poesia dos dados oficiais sobre a adoção no país tende a
apresentar sempre um final feliz, a poesia aqui expressa vem mos-
trar a complexidade da transposição de um vínculo de filiação,
que muitas vezes não se realiza na sua inteireza. Sem dúvida, isto
é pleno de impactos sobre a criança devolvida à instituição de
acolhimento depois de um período de convivência com os seus

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Patrícia Jakeliny F. S. Moraes | Vicente de Paula Faleiros

pais adotivos, requerendo um olhar mais atento por parte dos


profissionais que lidam com o tema da adoção.
E se em lugar de ver poesia, o leitor preferir ver esta obra
como sendo objetivamente de teor acadêmico, científico e psi-
cossocial, terá ao menos que se convencer que aqui não há lugar
para uma visão meramente reducionista, na medida em que o
trabalho proclama e promove uma profunda reflexão sobre am-
bos os lados da moeda: a) de um lado, o percurso das famílias
requerentes da adoção e suas próprias vicissitudes no processo
de constituição do vínculo com a criança adotada; e b) de outro
lado, o percurso do filho adotivo e seu processo de vinculação a
essa nova família, processo esse que passa também e necessaria-
mente pelo modo como essa criança elabora – ou não – o luto
pela perda de sua família de origem.
Considerar os dois lados da moeda – o da família e o da
criança - deixa de ser, agora, apenas uma metáfora poética ou me-
ramente uma preocupação técnico-científica para se tornar uma
questão de ordem sobretudo ética. Onde o bem e onde o mal?
Onde há mal no bem ou bem no mal? A sensibilidade de ambos
os autores os levam para um caminho muito além daquele que
seria o mais trivial: o de simplesmente buscarem identificar quem
é a vítima ou quem é o vilão nas histórias que buscam resgatar
neste estudo. Em vez disso, tal resgate permite aprofundar uma
perspectiva compreensiva e proativa, contemplando os fatores le-
gais, culturais, sociais, psicodinâmicos, emocionais e relacionais
envolvidos na realidade da adoção e respectiva dinâmica de filia-
ção, incluindo-se aqui o relevante papel dos agentes mediadores,
sejam os das próprias instituições de acolhimento ou os membros
da família de extensão.

Marta Helena de Freitas


Programas de Mestrado e Doutorado em Psicologia
Universidade Católica de Brasília – UCB
mhelenadefreitas@gmail.com

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Os porquês deste estudo
A sobrevivência da ligação diante das “tempestades
emocionais” ou das pequenas “ventanias” dá aos in-
tegrantes do grupo familiar o sentimento de uma
vinculação sólida e real. Estamos falando aqui do
que eu chamaria da verdadeira adoção, que é a que
todos almejam, e se caracteriza pelo sentimento vivo
de estar ligado e em sintonia com alguém importan-
te. (Levinzon, 2004, p. 133)

Este livro é fruto da dissertação de mestrado Ressignificando o


processo de adoção: encontros e desencontros, defendida em junho de
2011, na Universidade Católica de Brasília – UCB. Essa jornada
teve início no Abrigo Lar de São José, situado em Ceilândia, cidade
do Distrito Federal, no ano de 2005, período em que foram rea-
lizados os primeiros contatos com a realidade de crianças1 e ado-
lescentes que vivenciam situações de abandono, e aguardam seu
retorno às suas famílias de origem ou uma colocação em família
afetiva. Nesta obra, as famílias adotivas são chamadas de famílias
afetivas, que juridicamente recebem o título de substitutas.
Este estudo surgiu de várias indagações que foram respondidas
ao longo dos cinco capítulos descritos neste livro. Dentre as prin-
cipais instigações destacam-se: quais as motivações dos requerentes
para a adoção? Qual o espaço que a criança adotada tem na família,
para expressar sua história, seus medos e desejos? Como uma boa
orientação favorece a vinculação da criança aos pais adotivos? Qual
a contribuição da família e amigos no processo de adoção? Como
a interrupção de um processo de adoção, por meio da devolução,
pode reeditar o abandono na criança adotada? O que faz com que
a adoção se torne um verdadeiro encontro ou um verdadeiro de-
sencontro para o requerente e para a criança envolvida? Como esse
processo pode ressignificar a vida dos envolvidos?
1. No decorrer deste trabalho todas as referências às crianças adotivas incluem o
adolescente adotado.

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Patrícia Jakeliny F. S. Moraes | Vicente de Paula Faleiros

Essas curiosidades foram o ponto de partida que iniciou uma


jornada de dois anos de estudo, mas sobretudo, uma autorre-
flexão sobre o processo de vinculação adotiva entre pais e filhos
biológicos ou adotados. As respostas às questões apresentadas
acima foram obtidas a partir da interação e entrevistas com qua-
tro famílias adotantes e seus respectivos filhos adotados, sendo
que dois dos casos estudados dizem respeito a duas adolescentes
“devolvidas” ao serviço de acolhimento, devido a não efetivação
do vínculo parental com a família adotiva. Acreditamos que os
estudos que verdadeiramente respondem a questões tã complexas
como a vinculação adotiva estejam vinculados a vivências muito
próxima dos pesquisadores, sendo esta nossa realidade. Assim,
para um melhor entendimento desta discussão este livro foi divi-
dido em cinco capítulos.
No primeiro capítulo, encontra-se uma revisão teórica sobre
o tema, onde há considerações sobre a legislação da adoção, sobre
o processo da adoção no Brasil, os procedimentos técnicos e os
parâmetros institucionais que nortearam a prática do acolhimen-
to institucional.
O segundo capítulo foi dedicado ao estudo da família fun-
damentado na teoria sistêmica abordada por Minuchin (1982) e
Andolfi (1989) e a discussão do vínculo interno e externo referen-
ciado por Pichon-Rivière (1986). Este estudo está contextualizado
aos paradigmas apresentados pela Política Nacional de Assistência
Social (PNAS/2004), ao Plano Nacional de Promoção, Proteção
e Defesa dos Direitos da Criança e do Adolescente à Convivência
Familiar e Comunitária (PNCFC/2006) e a Lei 12.010/09.
No terceiro capítulo, é apresentado uma discussão da meto-
dologia utilizada para acessar os sujeitos da pesquisa. Como re-
ferência utiliza-se González-Rey (2002) que considera o conhe-
cimento como uma produção não linear que envolve aspectos
passíveis de uma construção interpretativa e interativa com os
sujeitos pesquisados e a significação da singularidade como nível
legítimo da produção do conhecimento científico.

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Adoção e Devolução: Resgatando Histórias

O quarto capítulo refere-se à análise dos resultados da pes-


quisa, realizada com as famílias e seus respectivos filhos adotados,
no qual onde se discute algumas reflexões teóricas a partir da
fala e interpretações dos desenhos realizados pelos filhos adoti-
vos. Esse momento é dedicado a uma reflexão teórica a partir dos
autores que são referência nesse tema: Levinzon (2004), Ghirardi
(2008), Schettini (2009), Hamad (2010) e Lévy-Soussan (2010).
No quinto capítulo, a partir de uma análise mais aprofunda-
da, retomam-se as zonas de sentido identificadas nos discursos
dos pais e nos desenhos dos seus respectivos filhos. Essa costura
com a teoria possibilitou vislumbrar alguns indicadores que faci-
litaram a construção dos vínculos de filiação e alguns indicadores
que inviabilizaram o encontro parental no processo de adoção.
As considerações finais apontam para uma reflexão sobre o
não dito por aqueles que estão direta ou indiretamente envolvi-
dos no processo de vinculação adotiva.

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