Você está na página 1de 7

UNIVERSIDADE ANHEMBI MORUMBI

Ana Claudia Grozinski Silva

Políticas de saúde – População Imigrantes


Tópico 4 – Curiosidades

São Paulo
2020
 A influência dos imigrantes na formação
cultural brasileira

O processo de imigração no Brasil começou a partir de 1850 com o fim do


tráfico de pessoas escravizadas. Querendo apagar a herança escravocrata
brasileira, o governo passa a estimular a entrada de imigrantes europeus, a fim
de promover o "branqueamento" da população.
O governo imperial adotou a teoria de branqueamento como medida adequada
para melhoria do Brasil e visou além da teoria, o imigrante como solução para
os problemas demográficos que o Brasil apresentava, problemas estes que
poderiam acarretar perda parcial das terras brasileiras para outras nações. Para
incentivar a vinda dos imigrantes fez-se uma propaganda na Europa acerca dos
benefícios de se viver nos trópicos, do povo brasileiro cordial e das terras
produtivas e abundantes em riquezas.
Tornou-se necessário ao governo imperial, a substituição gradual dos negros
escravos por trabalhadores brancos e livres afim de disseminar ideologicamente
o Brasil como uma nação moderna e civilizada nos trópicos, tornando essa a
política central a ser adotada na época. Deste modo, a imigração foi importante
para a substituição da mão de obra escrava principalmente nas fazendas de café
que se localizavam em maioria na região oeste do estado de São Paulo, o que
caracterizou a região até os dias atuais como a detentora de maior concentração
de imigrantes presentes em território brasileiro. Foi decretado, após a
proclamação da República, que todos os estrangeiros residentes no Brasil em
15 de novembro de 1889 e que possuíam residência no país por dois anos,
seriam considerados brasileiros.
As transformações que as imigrações trouxeram para a sociedade brasileira
ficaram intrinsecamente marcadas na história do Brasil. Cada imigrante, de cada
nacionalidade, trouxe consigo uma carga cultural que se fixou de algum modo
no Brasil agregando ingredientes essenciais para a constituição da cultura
brasileira. Os portugueses construíram uma relação de irmandade com os
brasileiros, os espanhóis contribuíram no sotaque nordestino, assim como os
italianos contribuíram no sotaque paulistano, além da cultura apreciativa de
massas, especialmente as pizzas paulistanas que são consideradas as melhores
do país, a culinária alemã ganha cada

O brasileiro por si só é fruto da miscigenação, o que o tornou único em um mundo


que cultuava a unidade de raças. O mundo contemporâneo está globalizado,
todos estamos “conectados”, mas mesmo com essa rede de acesso ao outro o
preconceito ainda perdura, as intolerâncias ainda são geradoras de violências e
massacres. O brasileiro dificilmente entra de maneira decisiva em conflitos
internacionais e é visto de maneira estereotipada como um povo pacato, com um
alto nível de aceitação das mais diversas situações desfavoráveis e a
passividade dos negros, por exemplo, que historicamente sofrem preconceitos e
reflete de maneira incisiva em tais estereótipos.
Apesar de todas as contribuições que os imigrantes trouxeram para o Brasil, o
governo foi deixando cada vez mais de lado as políticas relacionadas à
imigração. Mesmo nos dias de hoje, há apenas uma única secretaria no
Itamaraty que centraliza a questão dos estrangeiros no país
O imigrante que chega ao Brasil hoje, não obtém garantias como cidadão, o
governo federal argumenta perante as críticas, que há o Sistema Único de
Saúde, que possui o sistema de atendimento universalizado, ou seja, qualquer
indivíduo independente de questões de raça, gênero ou nacionalidade pode ser
atendido gratuitamente nos hospitais públicos do país, assim como as escolas
públicas, segundo o governo atendem à demanda tanto nacional, quanto à
população de imigrantes, mas os relatos dos imigrantes bolivianos, por exemplo,
são opostos ao posicionamento governamental.
No Brasil, as políticas de legalização dos imigrantes são executadas de modo
extremamente burocrático e muitas vezes destitui o imigrante de direitos básicos
o obrigando a viver ilegalmente no país. A partir destes fatores, o imigrante ilegal
se submete a condições análogas ao trabalho escravo, colocando em questão
sua própria dignidade para conseguir continuar residindo no país
A tendência é que as imigrações atuais no Brasil continuem aumentando,
sobretudo de populações advindas de países subdesenvolvidos ou com uma
precária situação econômica, além de povos de regiões marcadas por grandes
conflitos, com destaque para povos da Palestina.

Da mesma forma que o número de estrangeiros no Brasil vem aumentando, o


número de brasileiros no exterior vem diminuindo. Entre 2004 e 2012, a presença
de brasileiros fora do país caiu pela metade, de 4 milhões para 2 milhões, com
o principal destino de moradia sendo Portugal.

O que se percebe é que as recentes evoluções do Brasil no cenário econômico,


além da relativa prosperidade dos países emergentes frente à crise financeira no
mundo desenvolvido, vêm contribuindo para que países em desenvolvimento –
principalmente os do grupo do BRICS – tornem-se lugares atrativos para as rotas
migratórias internacionais.

Mas a expansão das imigrações atuais no Brasil vem acompanhada por uma
série de fatores, a saber:

 A) aumento da xenofobia: o Brasil, apesar de sua internacionalmente


reconhecida receptividade, vem aumentando os casos de xenofobia,
sobretudo para com as populações advindas de países
subdesenvolvidos. Para parte da população, os grupos estrangeiros
trazem doenças, “roubam” vagas de empregos e “ameaçam” a identidade
cultural do país. O curioso é que esses argumentos são semelhantes aos
impostos aos brasileiros no exterior, notadamente na Europa.
 B) condições de vida precárias: muitos dos estrangeiros no Brasil
sofrem com as precárias condições de vida que aqui encontram,
sobretudo quando chegam, quando ainda não dispõem de emprego,
moradia, comida e dinheiro, além de sequer conhecerem o idioma
português. Isso demanda maiores esforços das autoridades para atender
as necessidades básicas desses povos, a fim de que condições básicas
de direitos humanos sejam cumpridas. Não são poucos os casos de
trabalhos análogos ao escravo praticados no país, sobretudo com
migrantes haitianos na região Norte.
 C) aumento do tráfico de pessoas: com o Brasil tornando-se um novo
centro de atração de imigrantes ilegais, aumenta o número de tráfico de
pessoas. Atualmente, os principais esforços do governo brasileiro é de
investigar e punir a prática desses grupos, que além de cobrarem alto pela
“ajuda” na imigração ilegal, cometem vários crimes contra os direitos
humanos durante o percurso.
 Imigrantes e o corona vírus

São imigrantes, emigrantes, refugiados, solicitantes de refúgio, apátridas,


desalojados, deslocados, vítimas de tráfico de pessoas, estudantes
internacionais, entre outros. Pessoas que se deslocam por motivos econômicos,
estudos, reunião familiar, deslocamento forçado (refúgio), questões ambientais,
e que lutam para reconstruir suas vidas longe de sua cultura.

Historicamente, o Brasil foi destino de variados fluxos migratórios, e ainda hoje


segue sendo. A situação dessa população, que já enfrentava problemas antes
da pandemia, ficou ainda mais grave. Faltam empregos e aumentou ainda mais
a demora na obtenção do Registro Nacional Migratório. Além disso, apesar de
haver legislações específicas para refugiados e imigrantes – a Lei nº 9.474, de
22 de julho de 1997, para refugiados, e a Lei nº 13.445, de 24 de maio de 2017,
a Lei de Migração – faltam políticas públicas para essas pessoas. Para superar
os entraves, elas buscam apoio mútuo em associações e contam com a
solidariedade de organizações da sociedade civil.

A pandemia do COVID-19 teve fortes impacto sobre os imigrantes que vivem no


Brasil. Com muitos perdendo empregos e chegando a uma situação de não ter
o que comer. Obviamente, essa situação atinge toda a população brasileira, mas
coloca os imigrantes em uma situação de muita preocupação e incerteza, uma
vez que a permanência no país muitas das vezes depende da comprovação do
vínculo empregatício
A maioria dos que trabalhavam antes da pandemia, atuam no setor de serviços,
como vendedores de lojas ou no ramo de hotelaria os demais são autônomos,
microempreendedores, estudantes ou trabalhadores informais.
Imigrantes por razão econômica, são comerciantes ambulantes por conta da
falta de emprego, conforme aponta o presidente da Associação dos
Senegaleses, Mor Ndiaye. Sabemos que o Brasil em seus últimos anos está em
seus piores momentos, economicamente falando, e isso afetou bastante os
imigrantes que estavam no mercado formal. Isso levou os imigrantes para o
mercado informal, trabalhando para sobreviver. Por conta da pandemia, os
imigrantes que trabalham com o comércio de rua, impossibilitados de vender,
estão em casa., ou seja, se não tem gente circulando, não tem venda, se não
tem venda não tem renda

 Auxílio Emergencial

Apesar de alguns imigrantes conseguirem acessar o Auxílio Emergencial, a


maioria não consegue devido à documentação. É preciso lembrar que a
Constituição Federal de 1988, em seu artigo 5º, assegura aos estrangeiros plena
igualdade de tratamento com os nacionais e a nacionalidade não deve ser critério
para a concessão do benefício de caráter assistencial. Para mais, a concessão
desse auxílio é crucial para que as pessoas em situação de vulnerabilidade
social possam cumprir as medidas de distanciamento social que visam reduzir a
velocidade da transmissão do vírus”.
Os migrantes que já estão no Brasil a mais tempo com a documentação de
residência puderam acessar com mais facilidade o auxílio. Mas as pessoas
recém-chegadas, que são 40% dos migrantes, não conseguiram acessar e
dependem de ajuda do Município e do Estado, mas ambos são nulos ou quase
nulos na assistência das necessidades básicas aos migrantes.
 Referências

 A.S., KERBAUY, M.T.M., TRUZZI, O. Mudança de fronteiras étnicas e


participação política de descendentes de imigrantes em São Paulo. RBCS Vol.
27 n° 80, outubro/2012.
 COLBARI, Antonia. Familismo e Ética do Trabalho: O legado dos imigrantes
italianos para a cultura brasileira. São Paulo: Rev. bras. Hist., Vol. 17, n.34, 1997.
 KATCIPIS, Luiz Felipe Guarise. Memórias, contribuições e permanências da
colônia grega em Florianópolis. Florianópolis: UFSC, 2014.
 OLIVEIRA, Lucia Lippi de. O Brasil dos imigrantes. Rio de Janeiro: Jorge Zahar
Editor, 2001. 2º Edição.
 ROVINA, Melina Roberto. A Grande Emigração: O êxodo dos italianos do Venêto
para o Brasil, de Emilio Franzina. Cad. AEL, Vol.15, n.27, 2009

Você também pode gostar