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UNIVERSIDADE ESTADUAL DA PARAÍBA

CENTRO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS E SOCIAIS APLICADAS


CURSO DE RELAÇÕES INTERNACIONAIS
COMPONENTE CURRICULAR: HISTÓRIA DAS RELAÇÕES
INTERNACIONAIS II
TURNO: DIURNO
ALUNO: DANIELE CALÍOPE BARBOSA

Xenofobia em Portugal

Temos assistido, na Europa dos últimos anos, a um ascenso político e social de


forças de xenófobas e racistas. Um fenômeno que não pode ser unicamente explicado pela
crise econômica, mas sim por todos os fatos históricos que levaram uma espécie de cultura até
os dias atuais, seja de países como Alemanha, França e Suíça, países que não foram afetados
gravemente pela crise econômica ou de países como Espanha e Portugal, que em 2017, após a
criação de uma lei de combate a discriminação, teve sua maior alta de casos de xenofobia e
racismo.
As maiores vítimas de xenofobia e racismo na Europa são os Ciganos, principalmente
vindo da Romênia, os Africanos e sul-americanos, sejam eles refugiados, imigrantes ilegais
ou legais que trabalham e contribuem para o Estado, e os povos do Leste Europeu no geral,
como armênios, bósnios, croatas e outros. Esses preconceitos começam ainda na formação
dos Estados europeus, países como Portugal e Espanha eram dominadas pelos mouros e após
resoluções diplomáticas (casamentos eram a forma mais diplomática na época) formou-se a
Monarquia da Espanha e de Portugal, a partir disso com a ascensão dos Habsburgos e sua
ideia de hegemonia e mais ainda uma hegemonia católica, começando assim a onda de
perseguição por pagãos. Porém, sua onda discriminatória maior e a ação dessa cultura gerada
séculos atrás se reforçam quando Portugal vivencia a Primeira Guerra Mundial. Inicialmente o
país tinha uma tentativa de neutralidade, mas na questão de suas colônias na África, todos os
lados políticos concordaram que a República tinha como dever defender a integridade do
império colonial português, remetendo o processo de colonização do “homem branco
superior” e com uma visão que todos os não-europeus necessitavam de sua ajuda para se
tornarem civilizados, a cultura foi se formando, uma cultura que até hoje, prevalece. Os
africanos em Portugal, tentam obter mais direitos políticos e representatividade, esta
reivindicação não é de agora, mas continua atual. Apesar de alguns lugares conquistados no
seio das estruturas do poder local, a visibilidade de representantes das comunidades oriundas
dos países africanos de língua portuguesa é mínima, voltando para o século XIX e XX,
durante essa época quase não existiam empregos para africanos ou nenhum outro imigrante,
isso se modificou devido o fim da primeira guerra, durante o entre-guerras (1919-1939), não
só Portugal, mas toda Europa precisou de imigrantes para se reerguer.
Mas, a ajuda para recuperar a nação deles não foi o suficiente para afetar a onda
xenófoba que houve durante a crise de 1929, que afetou além dos Estados Unidos a sociedade
internacional, fazendo que discursos de ódios, incluindo o do ditador António de Oliveira
Salazar, que era líder de Portugal durante esse período, a simpatia do ditador estava com os
alemães e assim como os alemães, os portugueses praticavam crimes contra imigrantes, os
que mais sofreram foram os africanos, por terem uma “cor” diferente e uma história de
colonizado.
Quando questionado sobre essas questões o ministro dos negócios estrangeiros,
Augusto Santos Silva, afirma que Portugal livrou milhares de mortes de judeus e de outras
vítimas do nazismo para sublinhar o compromisso português com a defesa intransigente dos
direitos humanos. Porém, atualmente, Portugal luta contra uma onda xenófoba de seu povo
majoritariamente contra os imigrantes de origem já citadas, segundo o Serviços de
Estrangeiros e Fronteiras, os casos de Xenofobia contra brasileiros, em 2018, cresceram 150%
em relação a 2017, os portugueses cultivados a detestar a ideia de conviver com povos
africanos e brasileiros e sem perceberem eles fazem com que seu país, Portugal comece a
sofrer em sua economia e em sua política externa.
Atualmente a política externa do país se baseia em contribuir, promover, dinamizar,
estabelecer laços, procurando criar conexões que se prolonguem no tempo. Contudo, quando
chamada a fazer jus a esta política a mesma a nega. Sua última sanção, imposta pela União
Europeia, foi em relação aos refugiados, Portugal negou a recebê-los e não só isso, até hoje
muitos continuam em situação deplorável, Portugal chegou a perder investimentos de
empresas e exportações por conta de sua política controversa, ressalta ainda que o país tem
uma estatística pouco favorável quando se trata de brasileiros, um de seus maiores parceiros
comerciais.
O Relatório de Imigração, Fronteiras e Asilo 2017, elaborado pelo Serviço de
Estrangeiros e Fronteiras (SEF), aponta o recorde de 1.336 brasileiros impedidos de ingressar
no país no ano passado – 62,3% do universo de estrangeiros barrados. Em 2016, foram
devolvidos 968 brasileiros. E atualmente esses dados tendem a crescer, para as relações entre
Brasil e Portugal, analisar isso é importantíssimo, visto que temos diversas parcerias para
intercâmbio de estudantes, como algumas universidades portuguesas aceitarem o Exame
Nacional do Ensino Médio (ENEM) além de bolsas das faculdades/universidades brasileiras
para mestrado, doutorado e/ou graduação sanduíche, esses estudantes movimentam toda uma
economia e são recebidos com palavras esdrúxulas, o que gera um desapontamento e em
muitos casos o abandono do curso.
Nota-se que os casos de racismo cresceram logo após a eclosão dos refugiados Sírios,
a Alemanha os acolheu como uma dívida que detinha com o globo, França os acolheu, porém
não por um motivo “nobre”, a Alemanha estava lhe impondo ou cortava alguns fundos. Mas,
quando vamos a periferia desses Estados vemos que Portugal mau os acolheu, afirmando que
não detinha estrutura, ou que já havia recebido muitos. Num comunicado conjunto do
Ministério da Administração Interna e do Ministério da Presidência e da Modernização
Administrativa, desde 2015, o Governo já recebeu 1.870 pessoas refugiados, provenientes de
programas de recolocação, de reinstalação e de resgates no mar Mediterrâneo. E que ainda
tende a crescer, já que até agora as medidas implantadas não surgiram nenhum efeito, até
porque, como no caso em que um estudante brasileiro foi atacado com tomates e
xingamentos, vemos que não é apenas os idosos que detém esse repúdio, os jovens também
sentem que ao ter por perto os imigrantes existe uma perda da identidade nacional, vagas de
trabalho e o intercâmbio de culturas. Desmentindo esse medo de perder o emprego, vemos a
seguinte declaração: ​Coordenador do Observatório da Emigração defendeu, que Portugal
"precisa desesperadamente" de imigrantes e que, para resolver o problema de falta de mão
de obra, deve facilitar a entrada de estrangeiros e fazer campanhas de recrutamento no
exterior.
Percebe-se que as ondas de xenofobia que foram descritas, veem-se razões
semelhantes e intrínsecas de uma maioria portuguesa que detém uma repulsa por alguns
motivos, estes sendo semelhantes para outros países: a questão da superioridade
européia/branca/portuguesa, a partir de uma cultura repassada ao longo dos anos com a mente
ainda de colonizador da África e do Brasil. Ademais, temos também a questão econômica,
durante a época de crescimento como a época antes da primeira guerra e a década de 20/30,
pode-se notar que não havia muitos relatos de discriminação e que os portugueses conseguiam
conviver até mesmo com ciganos, porém, com a segunda guerra mundial e a crise do euro, a
onda xenófoba voltou com bastante força e sem muito controle, já que muitos portugueses
ficaram desempregados e viram imigrantes obtendo sucesso em seu território.
Bibliografia

Discurso xenófobo volta às ruas sem censura em vários países da Europ​a. G1.
Disponível em:
<​https://g1.globo.com/mundo/noticia/2018/08/28/discurso-xenofobo-volta-as-ruas-se
m-censura-em-varios-paises-da-europa.ghtml​> Acesso em 30 de outubro de 2019.

Dispara número de estudantes brasileiros em Portugal: já são mais de 12 mil​.


Disponível em:
<​https://canalportugal.pt/dispara-numero-de-estudantes-brasileiros-em-portugal-ja-sao
-mais-de-12-mil/​> Acesso em: 05 de novembro de 2019.

Importação e Exportação de Portugal. ​Disponível em:


<​https://oec.world/pt/visualize/tree_map/hs92/export/prt/show/all/2017/​> Acesso em: 30 de
outubro de 2019.

​ONU alarmada com expansão da xenofobia e racismo na Europa. ​Observador.


Disponível em:
<​https://observador.pt/2018/03/07/onu-alarmada-com-expansao-da-xenofobia-e-racismo-na-e
uropa/​> Acesso em 30 de outubro de 2019.

Portugal quer mais imigrantes, mas barrou 1.336 brasileiros no ano passado.
Disponível em:
<​https://veja.abril.com.br/mundo/portugal-quer-mais-imigrantes-mas-barra-1-336-brasileiros-
no-ano-passado/​> Acesso em: 05 de novembro de 2019.

Xenofobia e migração: os africanos são europeus só para o futebol ​- Carta Maior:


<​https://www.cartamaior.com.br/?/Editoria/Sociedade-e-Cultura/Xenofobia-e-migracao-os-afr
icanos-sao-europeus-so-para-o-futebol/52/40992​> Acesso em 30 de outubro de 2019.

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