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UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES

ALINE NUNES PEREIRA

EMPREENDEDORISMO FEMININO:
Panorama e aplicabilidade mercadológica

VESPASIANO - MG

2021
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ALINE NUNES PEREIRA

EMPREENDEDORISMO FEMININO:
Panorama e aplicabilidade mercadológica

Monografia apresentada à Universidade


Cândido Mendes, como parte das exigências
para a obtenção do título de MBA Executivo
em Gestão de Negócios e Marketing.

VESPASIANO – MG

2021
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EMPREENDEDORISMO FEMININO:
Panorama e aplicabilidade mercadológica

Aline Nunes Pereira1

RESUMO

No atual cenário brasileiro, o crescimento do empreendedorismo feminino vem sendo notado de


maneira bastante significativa e tem sido uma forma da mulher conquistar cada vez mais
independência e autonomia, tanto financeira, quanto pessoal. O objetivo desta pesquisa é mostrar
como se deu o movimento de entrada da mulher no mercado de trabalho de forma mais expressiva
através da Revolução Industrial e como o Movimento Feminista, em especial nas décadas de 1960 e
1970, foi importante para que a mulher conquistasse seu espaço de forma cada vez mais marcante,
culminando no que é visto hoje com tantas mulheres no mundo dos negócios, além de apresentar
aspectos mercadológicos tais como estratégias voltadas ao empreendedorismo, ferramentas de
Marketing que auxiliam a empreendedora tanto na implantação, quanto na manutenção de seu
negócio e a importância da formalização. A metodologia adotada foi a revisão bibliográfica por meio
de livros, artigos científicos e sites especializados em Marketing e negócios. Através da pesquisa, foi
possível constatar a forte presença da mulher no mercado e observar que ainda são necessárias
mudanças, especialmente no que diz respeito à regulamentação do empreendedorismo no Brasil e
como as ferramentas de Marketing são de grande importância para o sucesso empresarial, sendo de
fácil acesso e não dependendo de grandes investimentos para serem aplicadas com eficácia.

Palavras-chave: Empreendedorismo. Negócios. Marketing. Mulheres.


Empoderamento.

1 Pós-graduanda em MBA em Gestão de Negócios e Marketing da Universidade Cândido Mendes;


Tecnóloga em Marketing pela Universidade do Oeste do Paraná. Currículo Lattes:
http://lattes.cnpq.br/9418162861697275
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LISTA DE IMAGENS

Imagem 1 - Concentração dos locais de trabalho de homens e mulheres ............... 16

Imagem 2 - Carga horária semanal de trabalho de homens e mulheres .................. 18

Imagem 3 - Rendimento de homens e mulheres ...................................................... 19

Imagem 4 - Modelo de Planejamento ....................................................................... 23

Imagem 5 - O modelo Canvas .................................................................................. 36

Imagem 6 - Representação gráfica da matriz SWOT ............................................... 42


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LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Formas de tributação de MEI, ME e EPP.. .............................................. 27

Tabela 2 - Modelo de plano de ação com 5W2H ...................................................... 41

Tabela 3 - Exemplo de plano de ação com 5W2H .................................................... 41


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SUMÁRIO

Introdução .................................................................................................................. 7
1 MULHER E MERCADO ........................................................................................... 9
1.1 Mulher, sociedade e mercado de trabalho ......................................... 10
1.2 A mulher no mundo dos negócios ...................................................... 12
1.3 O empreendedorismo feminino no Brasil em números .................... 15
2 APROVEITANDO OPORTUNIDADES EMPREENDEDORAS .............................. 20
2.1 Foco nas estratégias ............................................................................ 20
2.2 Formalização do negócio ..................................................................... 25
2.3 O impacto do Marketing Digital ........................................................... 28
3 EMPREENDENDO COM FERRAMENTAS DE MARKETING .............................. 34
3.1 O modelo Canvas ................................................................................. 35
3.2 Elaborando plano de ação com 5W2H ................................................ 39
3.3 A análise SWOT após implantação do negócio ................................. 41
CONCLUSÃO ........................................................................................................... 46
Referências ............................................................................................................. 48
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Introdução

Atualmente, o tema empreendedorismo feminino vem sendo bastante


focado, uma vez que as mulheres têm buscado novas posições na sociedade e,
através de seu trabalho, mostram sua força, vocação e capacidade para tocarem
seus negócios. A mulher, durante muito tempo, foi vista como sexo frágil e inferior e
houve necessidade de muita luta para que ela esteja hoje na posição que ocupa.
Mesmo assim, sua remuneração ainda é abaixo à do homem e os melhores postos
de trabalho são ocupados por eles, o que é um dos maiores motivos que levam a
mulher a empreender: a esperança de uma remuneração maior.
A Revolução Industrial e as duas Guerras Mundiais abriram portas para que
a mulher ocupasse um lugar no mercado de trabalho. Entretanto, com o final,
especialmente, da Segunda Guerra o homem volta a exigir que a mulher retorne
para uma posição de submissão, passando a ser o detentor dos direitos de
trabalhar, de gerir as finanças domésticas, sendo a mulher responsável pelos
cuidados com a casa e com os filhos, resultado de uma cultura patriarcal já
enraizada na sociedade.
Com as reivindicações dos Movimentos Feministas das décadas de 1960 e
1970, a realidade da mulher começou a trilhar novos rumos e foram tomadas
decisões importantes para que a mulher esteja na atual colocação no mercado e
socialmente. Porém, é uma luta que ainda não terminou, haja vista que problemas
estruturais profundos da sociedade ainda não foram resolvidos, como a questão do
machismo, da inferiorização da mulher em muitas situações e da desigualdade no
mercado, como pode ser observado nesta pesquisa através dos números do
empreendedorismo feminino no Brasil.
A mulher está empreendendo, conquistando espaços no mercado, mas ela
tem sabido planejar e gerenciar de forma eficaz para que se mantenha nesses
espaços conquistados de forma a obter lucro efetivamente?
Esta pesquisa levantou questões importantes não apenas para a
implantação do negócio, mas a preocupação da motivação da mulher para
empreender e de que forma ela lida com o empreendedorismo para que opere com
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boas margens de lucratividade e permaneça no mercado com suas finanças


saudáveis e bem estruturadas. Foram sugeridas algumas ferramentas de Marketing
específicas para que a empreendedora possa executar uma boa gestão da sua
empresa, evitando crises financeiras, conflitos internos e, até mesmo, a falência.
A observação da autora em muitos casos expostos na mídia, envolvimento
profissional com diversas mulheres que empreendem e seu interesse por assuntos
ligados ao empreendedorismo, sobretudo no Brasil, além da existência de tantos
projetos voltados para a mulher de negócios, evidenciando que o
empreendedorismo feminino é uma realidade atual, foram fatores preponderantes
para a elaboração desta pesquisa.
Foi feito levantamento bibliográfico em significativo número de livros e
artigos da área de negócios e Marketing, como também sobre assuntos relacionados
especificamente a questões da mulher e da sociedade, assim como estudos de
relatórios de entidades focadas nos números do empreendedorismo nacional para
obter respostas às questões que foram levantadas.
Este trabalho preocupou-se em apontar as demandas ligadas à abertura e
formalização dos negócios, levando em conta a observação das oportunidades
empreendedoras, as devidas estratégias para aproveitar tais oportunidades e como
o Marketing digital vem sendo um aporte de vital importância para alavancar os
negócios.
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1 MULHER E MERCADO
Para falar sobre o empreendedorismo feminino e suas atuais conquistas,
faz-se necessário remontar ao passado, relembrando as lutas enfrentadas pelas
mulheres para que hoje elas tenham a liberdade da qual gozam.
Ao longo dos tempos, uma série de mudanças afetou a vida social e familiar
das mulheres. Foi visto um movimento da mulher fazendo parte da força de trabalho
nas fábricas, pelo advento da Revolução Industrial, quando as mulheres eram mal
remuneradas, mas aceitavam tal posto para colaborar com a renda familiar.
Nos períodos das duas Guerras Mundiais, a mão de obra feminina também
foi um forte diferencial devido ao fato de muitos homens serem convocados para
servir ao Exército, deixando um déficit nas forças de trabalho. Enquanto os maridos
estavam em guerra, as mulheres eram responsáveis pela família e manutenção de
seu sustento. Quando os homens retornavam, muitos estavam incapacitados para o
trabalho, sem levar em conta as baixas que os Exércitos sofriam em batalha,
fazendo com que a mulher permanecesse no controle de algumas famílias.
O pós-Segunda Guerra mundial é um período marcante também, pois foi
quando o homem resolve retomar o comando da casa, da família e,
concomitantemente, das finanças, levando a mulher para o lugar que ocupava antes
das mudanças sociais provocadas pela Revolução Industrial: seu papel de mãe,
esposa, a que cuida para que tudo esteja ao gosto do marido quando este retorna
do trabalho.
Vendo-se perder direitos “conquistados”, as décadas de 1960 e 1970 foram
decisivas no que tange a movimentos de emancipação feminina. Houve vários
protestos mundo afora com o objetivo de restabelecer a liberdade de trabalhar,
garantir sua renda e sua autonomia.
Até hoje essa luta feminina perdura, entretanto, pode-se ver maior liberdade
entre as mulheres, muitos direitos foram, de fato, conquistados, mesmo que ainda
haja desvalorização da mão de obra feminina e que o número de mulheres na
posição de liderança de grandes empresas e na representatividade política ainda
seja pequeno, o número de mulheres empreendendo traz certo alento e esperança
para a realidade social e financeira feminina, colocando a mulher em uma condição
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que há, por exemplo, 40 anos, ela não imaginaria: a posição de dona da sua própria
vida e do seu próprio negócio.

1.1 Mulher, sociedade e mercado de trabalho


Durante séculos houve exclusão das mulheres no âmbito social e político,
restando-lhes os afazeres domésticos e cuidados familiares e, na esfera pública, não
era considerado que as mulheres tivessem a mesma capacidade cível do homem
(ONGARATTO e MESSIAS, 2016).
Um marco importante para o início da mudança do papel da mulher na
sociedade é a Revolução Industrial, iniciada na Inglaterra no século XVIII. A
Revolução Industrial, de acordo com Rodrigues et al (2015, p.2):
Substituiu gradativamente o trabalho artesanal de produtos manufaturados
de produção unitária pela produção industrial, com o uso de máquinas que
produziam em série, portanto, mais barato, e inseriu a possibilidade da
utilização de uma mão de obra menos especializada, assalariada e sem
necessidade de uma grande força muscular.

Para Hobsbawm (1977), o mais importante não é questionar quando a


Revolução Industrial começou ou terminou, pois ela não foi um episódio com
começo, meio e fim. A maior importância da Revolução está na transformação
qualitativa e sua mudança social revolucionária.
Segundo Hobsbawm (2000, apud RODRIGUES et al, 2015), o início da
industrialização pedia mão de obra, mas que essa fosse de baixo custo, o que
possibilitou a contratação de mulheres e crianças, especialmente na indústria têxtil
inglesa, as quais se submetiam ao trabalho mal remunerado como forma de
complementação da renda doméstica.
Além da mão de obra mais barata que a masculina, Rodrigues et al (2015)
salientam a fraca organização sindical das mulheres, onde as tentativas de greve
logo eram dispersadas pela pouca adesão feminina e quase nula adesão masculina.
Na fase das duas grandes Guerras Mundiais, a mão de obra da mulher fez-
se mais necessária ainda, uma vez que os homens eram convocados a servir ao
Exército de seus países nos campos de batalha e, muitas vezes, voltavam para casa
feridos, mutilados, sem contar o grande número de homens que perdiam a vida nas
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guerras, ocasionando baixas no mercado de trabalho, sendo preenchidas por


mulheres.
De acordo com Corrêa (2019), estudos sobre o período pós-Segunda Guerra
Mundial ressaltam significativas mudanças nas atividades econômicas mundias, que
vão desde a organização social do trabalho, atividades de produção, educação,
comunicação e diversos outros aspectos, repercutindo de forma muito contundente
na estruturação familiar e sua relação com a sociedade, as transformações do
panorama econômico e alterações nos papéis relacionados ao gênero,
especialmente questionamentos sobre posições de poder e autoridade dentro das
famílias.
A mulher que, até então, estava habituada a ter seu trabalho, sua renda,
passa para o papel de origem: cuidadora dos filhos e dos afazeres domésticos,
enquanto o homem retorna à posição de detentor dos direitos de sair de casa,
conquistar seu espaço de trabalho e ser o responsável pela circulação da renda no
mercado.
Segundo Mendes, Vaz e Carvalho (2015), a representação da mulher
sempre foi de um ser destinado à reprodução, sendo um sexo mais frágil e devendo
ser submissa. Ideias que vêm sendo reforçadas desde a Grécia antiga, com
alegações de Aristóteles, por exemplo, que a mulher deveria ser submissa ao
homem devido à superioridade desses, sustentam, através dos séculos, as
afirmações a favor da sociedade patriarcal.
Nos anos de 1960 e 1970 houve uma busca mais intensa da mulher por seu
espaço, com movimentos, especialmente, nos Estados Unidos e Europa. As
mulheres reivindicavam, principalmente, o direto ao voto, a equiparação de gêneros
e gozarem de independência e autonomia para decidirem sobre assuntos mais
polêmicos, como o aborto e divórcio, por exemplo, além de requererem o direito de
poder sair de casa para trabalhar da mesma forma que os homens.
Tais manifestações são consideradas um marco do Movimento Feminista e
influenciam até hoje mulheres de diferentes gerações e nacionalidades. “No Brasil, a
primeira onda do feminismo também surge a partir da luta pelo direito da mulher ao
voto” (MENDES, VAZ e CARVALHO, 2015, p.90). Vale ressaltar que entre as
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décadas de 1960 a 1980 o Brasil estava sob o domínio de uma ditadura militar que
coibia manifestações e movimentos populares, dificultando as ações dos grupos
feministas, chegando, inclusive, a prisões e exílio de manifestantes.
O exílio dessas mulheres na década de 1970, especialmente em Paris,
possibilitou a troca de experiências e o contato com o feminismo europeu,
enriquecendo ainda mais o movimento feminista no Brasil (MENDES, VAZ e
CARVALHO, 2015).
No Brasil, a época de ebulição da militância feminista se deu na década de
1980, devido à redemocratização do regime político e, com isso, ocorreu a
aproximação de diversos grupos e coletivos à causa feminina, levantando assuntos
importantes como violência, igualdade no casamento, orientação sexual, dentre
outros (PINTO, 2010, p.17, apud MENDES, VAZ e CARVALHO, 2015).
A luta das mulheres é recorrente. Com o passar dos anos, novas pautas vão
sendo acrescentadas às reivindicações, conquistas vão sendo adicionadas ao
movimento feminista, falar sobre empoderamento feminino já não é mais algo tão
distante. Corrêa (2019) aponta que o empoderamento feminino como base na luta
pela equiparação de gêneros é uma forma da mulher ter consciência de sua força
individual e coletiva, resgatando sua dignidade como ser humano.
Emponderadas, mulheres vão à luta, conquistam espaço no mercado de
trabalho, têm autonomia para construírem conhecimento e assumirem seu
protagonismo. Sendo assim, pode-se afirmar que o empreendedorismo feminino tem
sua origem no empoderamento feminino e que este empoderamento faz o mercado
girar.

1.2 A mulher no mundo dos negócios


Mulheres enfrentam os desafios que já são intrínsecos ao mercado mais os
desafios pertinentes ao universo feminino: machismo, dificuldades para impor sua
autoridade, dupla jornada, cuidados com os filhos e outros. Mas, ainda assim, a
mulher está empreendendo.
Como é de conhecimento comum, a remuneração feminina ainda é menor
que a masculina, um dos fatores que motivam as mulheres a deixarem cargos em
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empresas, muitas vezes cargos de posição elevada, para desbravarem o mundo dos
próprios negócios, visando maior rentabilidade e autonomia sobre sua vida
profissional e pessoal.
De acordo com Núsia (2019), o número de mulheres nos negócios é grande
e suas histórias são referência de sucesso, entretanto, a barreira do preconceito em
relação ao gênero ainda é significativa, levando pessoas a pensar que a mulher é
menos capacitada para assumir posições de liderança.
Núsia (2019) chama atenção para o grande número de mulheres que não se
veem realizadas em carreiras corporativas e embarcam no mundo do
empreendedorismo, mas se frustram por enfrentarem dificuldades com seu negócio,
e salienta que é necessário que busquem sempre um diferencial num mundo que se
desenvolve cada vez mais e apresenta tantas oportunidades.
Para Lima (2019), diversas razões levam a mulher a empreender: o
desemprego, a aposentadoria e a vontade de atuar em uma área diferente. A autora
considera que o empreendedorismo é um movimento já arraigado no mercado
brasileiro, que vem promovendo transformações sociais e garantindo mais
independência para mulheres de todas as faixas etárias.
Ter o próprio negócio de fato pode proporcionar maior liberdade,
especialmente, para mulheres que necessitam conciliar o trabalho fora de casa com
os cuidados com os filhos e afazeres domésticos. Entretanto, não basta somente ter
a vontade de empreender. É necessário planejamento e investimento. Lima (2019)
ainda aponta que querer abrir um negócio seguindo tendências de mercado sem que
este não tenha propósitos semelhantes com a vida da empreendedora não é o
suficiente, caso contrário, corre-se o risco que esse empreendimento não se
consolide.
Segundo Machado (2012, apud TEIXEIRA e BOMFIM, 2016), os
empreendedores são bem-vistos socialmente, porém, há uma diferença entre
homens e mulheres: o empreendedorismo ainda é visto como “coisa de homem”,
sobretudo em algumas atividades ditas “menos femininas”. Teixeira e Bomfim (2016)
chamam atenção para as dificuldades enfrentadas pela mulher que toca seu próprio
negócio, em especial quando tentam expandir seu empreendimento.
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Outra dificuldade enfrentada pela mulher empresária é estabelecer um limite


entre a vida profissional e a pessoal, podendo ocasionar conflitos trabalho-família
(TEIXEIRA e BOMFIM, 2016). Muitas vezes, os negócios são mantidos de casa,
dentro da própria residência ou em espaços anexos, o que leva a mulher a estar
sempre no mesmo ambiente tanto para trabalhar, quanto depois de seu período
laboral, o que pode ocasionar perda do rendimento no trabalho.
Não se pode afirmar que essas questões são enfrentadas apenas pelas
mulheres, mas, conforme Teixeira e Bomfim (2016), o homem costuma ter
assistência da esposa para realizar suas atividades, o que diminui seu cansaço e
possíveis conflitos trabalho-família.
Kotler, Kartajaya e Setiawan (2017, p.53) afirmam que:
Em termos simples, o mundo das mulheres gira em torno da família e do
trabalho. O dilema que costumam enfrentar é optar por uma das duas
alternativas ou se equilibrar entre a família e a carreira. Só que, estando
mais adaptadas às multitarefas, as mulheres são intrisicamente melhores
gerentes quando se trata de atribuições complexas e multifacetadas, em
casa, no trabalho ou em ambos.

Conforme relata Rodrigues (2019), em uma pesquisa feita pela Rede Mulher
Empreendedora em 2018, o perfil da empreendedora brasileira são jovens com
curso superior, média de idade de 39 anos, casadas e com filhos. Outra informação
levantada pela pesquisa é que a motivação de empreender dessas mulheres está na
possibilidade de trabalhar com o que gostam, no horário flexível, em poder estar
mais perto da família, melhoria na renda e possibilidade de ser inspiração para
outras pessoas que também desejam ter o próprio negócio.
Um ponto importante a ser elucidado no empreendedorismo é a diferença na
gestão de empresas por homens e por mulheres. De acordo com Robins e Coulter
(1998 apud FRANCO, 2014, p.4):
As diferenças nos valores e princípios morais cultuados por homens e
mulheres muitas vezes levam estas a preferirem um formato organizacional
diferente do tradicional, de estrutura burocrática e rigidez hierárquica, o que
permite caracterizar o modelo feminino de gestão como aquele que mais
valoriza os indivíduos como seres humanos.

Segundo Villas Boas (2010, p.51, apud FRANCO, 2014, p.5) :


Existem importantes diferenças entre os estilos de empreender masculino e
feminino. Elas têm uma ótima capacidade de persuasão e se preocupam
com clientes e fornecedores, o que contribui para o progresso da empresa.
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Pesquisas apontam que empresas dirigidas por mulheres têm obtido tempo
de vida maior que os padrões médios de micro e pequenas empresas em geral, o
que aponta a gestão feminina como encorajadora para a participação de outras
pessoas, que as mulheres estimulam, valorizam e motivam mais os outros para o
trabalho (OLIVEIRA; SOUZA NETO, 2010; GOMES, 2004, apud FRANCO, 2014).
Com base nessas afirmações, pode-se concluir que a tendência da mulher
a ser mais paciente e tranquila que os homens é um diferencial nos negócios.
Entretanto, não se deve prender-se a sentimentos e deixar de lado o investimento
em aprendizado e aperfeiçoamento profissional, que faz grande diferença no
sucesso de uma empresa.
Olhando para o panorama mercadológico atual, não é difícil perceber o
quanto o empreendedorismo feminino tem sido um fato tangível e a forma que isso
aquece a economia do país, uma vez que, como foi dito acima, empresas lideradas
por mulheres têm uma tendência menor à falência e maior propensão a engajar mais
pessoas a empreenderem também, fazendo com o que o mercado fique cada vez
mais em movimento.
A mulher gera renda, postos de trabalho, transformação social, mas não está
sozinha nesse processo. Organizações como o Sebrae (Serviço de Apoio às Micro e
Pequenas Empresas) promovem cursos e programas de capacitação, como “Sebrae
para mulheres de negócios”, “Sebrae Delas” e uma série de outros projetos que
visam oferecer apoio para acelerar e expandir empresas, ofertar qualificação e
ferramentas de gestão e inovação, ampliar a visão de mercado e auxiliar na
formalização dos negócios.

1.3 O empreendedorismo feminino no Brasil em números


Com base ao que é observado na sociedade, já é possível afirmar que o
empreendedorismo feminino vem transformando não apenas a vida das mulheres
que se lançam ao mundo dos negócios, mas também de uma rede que funciona
movida por essas mulheres, como o comércio aquecido, colaboradores contratados,
impostos arrecadados, sem contar a melhoria na qualidade de vida de suas famílias.
Segundo o Relatório Especial Empreendedorismo Feminino no Brasil, do Sebrae
(2019a), o Brasil ocupa a sétima posição entre as mulheres empreendedoras, e em
16

cada dez novos empreendimentos femininos, 3,9 se firmam no mercado. O relatório


do Sebrae (2019a) chama a atenção para a significativa diferença entre homens e
mulheres que trabalham nos próprios domicílios:

Imagem 1: Concentração dos locais de trabalho de homens e mulheres


Fonte: Sebrae (2019a)

De acordo com Zuffo (2020):


Dados da última Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua
(PNADC), realizada pelo IBGE, mostram que cerca de 9,3 milhões de
mulheres estão à frente de negócios no Brasil e que em 2018 elas já eram
34% dos “donos de negócio”. O GEM (Global Entrepreneurship Monitor),
que é a principal pesquisa sobre empreendedorismo no mundo, com dados
de 49 países, mostrou, em sua última edição (2018), que o Brasil ficou em
sétimo lugar no ranking de proporção de mulheres à frente de
empreendimentos iniciais (menos de 42 meses de existência).

Entretanto, Zuffo (2020) avalia problemas ainda presentes, mesmo diante


desses números, uma vez que a média de rendimento das mulheres ainda é menor
que a dos homens, as mulheres ainda encontram mais dificuldade para conseguir
crédito, entre outras questões. Porém, a autora considera que tais empecilhos
sirvam como incentivo para que mais mulheres queiram fortalecer esse movimento
empreendedor.
De acordo com o Sebrae (2019a), a proporção de mulheres que abrem
negócios por necessidade é de 44%, contra 32% dos homens, conforme apontou a
17

pesquisa GEM de 2018. A pesquisa do Sebrae mostra que essa proporção de


empreendimentos femininos por necessidade vem caindo desde 2015, quando a
taxa era de 55% de mulheres que empreendiam por necessidade, contra 33% de
homens.
Um dado que mostra a necessidade da mulher empreender é a média da
população feminina no país (52%) e a quantidade de mulheres que ocupam posição
de destaque nas 500 maiores empresas do país: apenas 13%. Dessa forma, o
empreendedorismo serve como ferramenta para diminuir as diferenças de
oportunidade de crescimento de carreira entre homens e mulheres (FIA – Fundação
Instituto de Administração, 2020).
Spitaliere (2020) pondera que, mesmo com tantos desafios para enfrentar
um espaço historicamente masculino, as empreendedoras estão ocupando seu
espaço e conquistando reconhecimento e igualdade de oportunidades.
De acordo com a pesquisa do Sebrae em 2019, em parceria com a GEM,
naquela data, existiam 24 milhões de mulheres empreendedoras no Brasil. Em
pesquisa anterior do Sebrae, em 2014 esse número era de 7,9 milhões de
empreendedoras, ou seja, crescimento de mais de 200% no total de
empreendedoras brasileiras num período de 5 anos (FIA, 2020).
A pesquisa do Sebrae (2019a) afirma que entre homens e mulheres, apenas
30% de mulheres e 28% de homens possuem CNPJ de seus empreendimentos,
mostrando que a questão da formalização dos negócios no Brasil ainda é um ponto
muito delicado não só entre as mulheres, mas com os empreendedores em geral.
De acordo com o Sebrae (2019a), os negócios conduzidos por mulheres têm
porte menor, sendo, consequentemente, menor a parcela de mulheres
empregadoras e, mesmo as que têm empregados, os tem também em número
menor:
Homens
• Nenhum funcionário: 82,8%
• De 01 a 05 funcionários: 12,4%
• De 06 a 10 funcionários: 2,4
• De 11 a 50 funcionários: 1,8%
• 51 funcionários ou mais:0,5%
18

Mulheres
• Nenhum funcionário: 86,5%
• De 01 a 05 funcionários: 9,9%
• De 06 a 10 funcionários: 1,9%
• De 11 a 50 funcionários: 1,3%
• 51 funcionários ou mais: 0,4%

De acordo com os dados levantados pelo Sebrae (2019a), a média de


escolaridade das mulheres empreendedoras é maior que a dos homens, sendo que
48% dos homens possuem apenas Ensino Fundamental (completo ou incompleto),
enquanto 32% das mulheres estão na mesma situação. Em relação aos
empreendedores com Ensino Médio, as mulheres são 42% e os homens 34%. Já
com curso superior ou mais, a porcentagem é de 25% para as mulheres e 17% para
os homens.
A pesquisa do Sebrae (2019a) aponta ainda a diferença entre as horas
semanais que homens e mulheres trabalham, conforme mostra o gráfico abaixo:

Imagem 2: Carga horária semanal de trabalho de homens e mulheres


Fonte: Sebrae (2019a)

Mesmo a mulher passando menos tempo dedicando-se às atividades do seu


negócio, pode-se deduzir que uma parcela enfrenta mais uma jornada ao chegar em
casa e, como já foi dito anteriormente, os homens gozam de maior privilégio no
ambiente doméstico em relação à divisão de tarefas.
Salienta-se que no mercado de trabalho é sabido que a média salarial entre
homens e mulheres ainda não é equiparada, mesmo fato observa-se também entre
19

os rendimentos de homens e mulheres empreendedores, conforme mostra o gráfico

abaixo:

Imagem 3: Rendimentos de homens e mulheres


Fonte: Sebrae (2019a)

Por fim, uma informação relevante obtida pelo Sebrae (2019a) diz respeito
às sociedades formadas por mulheres: 81% das mulheres empreendedoras não
possuem sócios, 19% estão em sociedades entre uma a cinco pessoas e apenas
0,2% têm entre seis ou mais sócios.

2 APROVEITANDO OPORTUNIDADES EMPREENDEDORAS


20

De acordo com Chiavenato (2006), empreendedor não é simplesmente a


pessoa que funda uma nova empresa ou constitui um novo negócio. O autor
caracteriza o empreendedor como aquela pessoa que “fareja” boas oportunidades e
sabe aproveitar a dinâmica de novas ideias.
Saber o momento de entrar no mercado, saber quando investir mais ou
menos, determinar os próprios limites. Sem ter essas ideias em mente, muito
dificilmente uma nova empreendedora conseguirá obter êxito.
No caso do empreendedorismo feminino, será que o que chamam de
“intuição feminina” pode fazer efeito e trazer resultados? De certo que sim, uma vez
que a mulher é considerada mais cautelosa que os homens e têm mais receio de
perder dinheiro fazendo maus investimentos.

2.1 Foco nas estratégias


Pense na situação: uma mulher teve uma boa ideia para um
empreendimento, tem certa quantia para investir, domina a forma com que o produto
é feito ou o serviço é prestado. Então vem a dúvida: como colocar tudo isso em
prática, alinhar todos os pontos para que a empresa comece a funcionar e a gerar
lucro? A solução para esse questionamento está na estratégia.
A estratégia tem origens militares e um exemplo da utilização das
estratégias militares nos negócios é a inspiração no livro A arte da Guerra, de Sun
Tzu, por grandes escritores da área e grandes nomes do negócio mundial.
Importante ressaltar que o referido livro foi escrito durante o século IV a.C. e que
Sun Tzu foi um grande estrategista, detentor de inúmeras vitórias em batalhas e
profundo conhecedor de estratégias de combate e de guerra.
Em relação às estratégias empresariais, estas começaram a ser aplicadas
com a Revolução Industrial, uma vez que as empresas começaram a ganhar
tamanho e ocorreu também o surgimento do mercado de massa. Maiores, as
empresas detinham a influência sobre o mercado, começando a criar um ambiente
competitivo no segmento em que atuavam (PINTO, 2016).
O planejamento estratégico é o que guiará a empreendedora em sua
empreitada, servindo como bússola para investimentos, para definição de metas,
21

como irá enfrentar a concorrência e todos os aspectos que envolvam a nova


empresa.
Pinto (2016) aponta uma relação entre estratégia e objetivo, sendo que “os
objetivos representam os fins que se quer alcançar, enquanto a estratégia é o meio
para alcançar esses fins” (PINTO, 2016, p.10).
Brodsky e Burlingham (2009) chamam atenção para a importância da
empreendedora se preparar para tempos bons e tempos ruins nos negócios através
de uma boa observação prévia: “Você realmente verá o que está acontecendo, vai
enxergar o sentido de tudo. O quadro se tornará mais claro e a sensação mais forte,
até você perceber que vai vencer” (BRODSKY e BURLINGHAM, 2009, p.32).
De acordo com Chiavenato (2006), para formular a estratégia de uma
empresa são feitas variadas análises, que englobam:
• Definição de missão, valores e objetivos globais
• Fatores internos da empresa
• Fatores externos do mercado
• Compatibilização entre visão interna da empresa e externa do ambiente

A criação de valor, tanto para os consumidores como para os acionistas e


stakeholders, se dá pela satisfação das necessidades e dos desejos dos
consumidores. Portanto, para que uma empresa possa criar maior valor que
seus concorrentes, ela deve atender de forma superior as necessidades e
desejos de seus consumidores. (PINTO, 2016, p.13)

A estratégia também está ligada com a forma que um empreendedor avalia


as oportunidades de mercado, como apostar em negócios com forte diferencial
competitivo, oferecendo serviços inovadores e com baixo investimento
(CHIAVENATO, 2006).
Segundo Brodsky e Burlingham (2009, p.21):
O objetivo inicial de qualquer negócio é sobreviver por tempo suficiente para
ver se ele é viável ou não. Não importa que tipo de negócio se esteja
falando ou de quanto capital você disponha. Você nunca tem certeza se um
negócio é realmente viável até pô-lo em prática no mundo real.

Através de estratégias bem elaboradas, é possível analisar a viabilidade de


um negócio antes mesmo de lança-lo ao mercado, evitando assim, gastos
desnecessários e prejuízos futuros. Pesquisar nichos de mercado, a aceitação de
determinado serviço ou produto na região em que pretende-se atuar, observar
22

bastante a atuação e situação da concorrência naquele mesmo nicho, são formas de


estratégias de negócios.
De acordo com Ribeiro (2016), para que sejam implantados organização,
planejamento, direcionamento e controle, maximizando objetivos e minimizando
deficiêcias, as empresas devem adotar um bom planejamento estratégico, sendo
uma excelente oportunidade para fazer uma observação da realidade do
empreendimento e compreender o papel que o mesmo exercerá no mercado.
Para Ribeiro (2016), o planejamento estratégico é uma forma de pensar
sistêmicamente, com organização e estrutura estabelecidas, de modo que a
empresa alcance o que é almejado. Devido ao fato das estratégias serem colocadas
no papel ou computador, o planejamento estratégico é considerado uma ferramenta
física, que monitora e avalia com regularidade os resultados.
Ter uma ideia e encontrar oportunidades e estratégias para colocá-la em
prática faz parte do processo empreendedor. Sendo assim, a futura empresária
deverá investigar minunciosamente cada detalhe necessário para colocar em
atividade seu empreendimento, registrando as informações obtidas no seu plano de
negócios, que integram seu planejamento estratégico, indo, em seguida, procurar as
fontes financeiras para a realização (JULIANO, 2016).
Pinto (2016) utiliza um exemplo bem popular, citando um time de futebol que
tem como objetivo conquistar o título de um campeonato. Para atingir esse objetivo,
o time precisa usar estratégias, como observar jogos anteriores do time rival, qual o
estilo de jogo mais utilizado, observar as habilidades dos jogadores, criar novas
formas de treinamento, desenvolver um bom trabalho com a equipe técnica e, caso
necessário, até contratar novos jogadores com habilidades específicas, desde que o
objetivo seja alcançado: ganhar o campeonato.
Glitz, Maisonnave e Englert (2019) apontam para a necessidade de olhar
para o longo caminho existente entre o sonho do negócio e sua realização, pois não
bastam boa vontade, conhecimento e disposição. É de suma importância o olhar
panorâmico para o empreendimento, vendo a empresa como uma estrutura de
múltiplas engrenagens, sendo necessário que todas essas peças funcionem em
consonância, maximizando talentos individuais a favor da coletividade.
23

Juliano (2016) considera o cuidado do empreendedor para não abraçar a


primeira ideia de negócio que lhe vier à cabeça, mas sim, que considere outras
ideias também, para, enfim, decidir pela que mais lhe for oportuna.
O autor ainda aborda os perigos de se empreender na chamada zona de
conforto, circunstância em que a pessoa se sente acomodada pela situação em que
está. O empreendedorismo na zona de conforto então seria basear o novo negócio
apenas em áreas ditas mais “fáceis” de negociar, de vender ou prestar seus
serviços.
Ribeiro (2016) elaborou um modelo de planejamento estratégico muito útil
para novos empreendimentos e para que seja usado também ao longo da vida da
empresa para verificar se os pontos iniciais se mantêm e também para que sejam
observados pontos que necessitam de readequação:

Imagem 4: Modelo de Planejamento


Fonte: Ribeiro (2016)

Nesse modelo de planejamento, é importante destacar o ítem Análise de


Cenário para que fique claro que a Análise do Macroambiente diz respeito ao
empreendimento propriamente dito e tudo que gira em torno dele, como
24

fornecedores, legislação, logística, clientes e diversos outros fatores. O fato é que o


macroambiente empresarial não está sob o controle do empreendedor. Por outro
lado, a Análise do Microambiente trata somente do que é inerente à empresa
(projetos, investimentos, colaborares, etc), sendo assim, o microambiente está sob o
controle do empreendedor.
Mesmo utilizando boas estratégias de planejamento, Chiavenato (2006)
salienta que não são todas as oportunidades de negócios que irão se encaixar com
todo empreendedor. É necessário que haja compatibilidade entre quem pretende
fazer com o que precisa ser feito, respeitando-se caracteristicas individuais.
De nada adiantaria alguém com forte queda para vendas decidir que vai
prestar serviços em uma área que acaba de conhecer, e vice-versa. Portanto, além
de ficar de olho nas oportunidades, não é uma boa escolha lançar mão de um bom
planejamento estratégico e avaliar todas as probabilidades de um possível negócio.
Todas as estratégias são válidas e importantes e uma delas, que pode
passar despercebida ou não ser considerada uma estratégia é buscar auxílio em
programas e projetos focados especificamente no empreendedorismo feminino.
Muitos projetos trabalham desde as instruções básicas para se apoiar nas
estratégias que foram citadas, até a finalização do negócio, já na parte do
investimento financeiro.
Um bom exemplo é o IRME (Instituto Rede Mulher Empreendedora). Criado
em 2017, é uma entidade sem fins lucrativos que atua ligada a causas sociais e
políticas públicas, desenvolvendo projetos visando a capacitação da mulher no
Brasil inteiro, proporcionando a geração de renda através do empreendedorismo e
empregabilidade.
Um dos projetos mantidos pelo IRME é o Potência Feminina, que é realizado
com o apoio do Google.org, que é um desdobramento filantrópico do Google. O
projeto está focado em gerar capacitação para cerca de 50 mil mulheres de 10
comunidades de diversas partes do Brasil. Com duração de dois anos, o
empreendedorismo é uma das bases do projeto, que também conta com um
processo de aceleração e investimento de capital para empreendimentos liderados
25

pelas participantes, propondo-se a apoiar pequenos novos negócios liderados por


mulheres.
Outro trabalho importante realizado pelo IRME é o Elas Prosperam, que tem
apoio da VISA e promove conexão entre mulheres de negócios, realizando cursos
com conteúdo especializado focado no empreendedorismo feminino, mentorias
coletivas e eventos.

2.2 Formalização do negócio


Muitas das empreendedoras no Brasil começam seu negócio em casa,
aproveitando um cantinho da residência ou um quartinho de fundos, por exemplo.
Mas onde o negócio está instalado não importa quando o assunto é formalização.
Todo empresária necessita seguir algumas regras básicas e, além de ter
uma boa ideia na cabeça, colocar seu empreendimento no papel. Isso ajuda a
empresa de várias formas, como abertura de conta jurídica, obtenção de
financiamentos, possibilidade de contratar funcionários dentro das normas da
legislação trabalhista, emitir notal fiscal e, ainda, separar a vida financeira pessoal
da profissional, o que também é muito importante para manter as finanças do
negócio em ordem.
Segundo Eloi (2020), mesmo com as dificuldades que o mercado enfrenta,
novas tecnologias e novos modelos de negócios têm sido um incentivo para o
empreendedorismo, trazendo mudanças nos hábitos do brasileiro e abertura de
novos mercados. Entretanto, a falta de formalização no Brasil, sobretudo das
pequenas empresas, ainda dificulta muito para que haja mais eficácia nos negócios
e na manutenção da economia, sendo necessário que esse fator seja ajustado para
deixar de ser um entrave para o empreendedorismo nacional.
Nem sempre a empreendedora conta com auxílio profissional para entender
e decidir como formalizar seu negócio. CNPJ, recolhimento de impostos, declaração
de renda e diversas outras práticas habituais na administração de uma empresa não
são assuntos comuns ao dia a dia da maioria das pessoas. É possível contratar um
profissional (contador, administrador de empresas, advogado – depende do serviço)
26

e simplesmente ir fornecendo informações pessoais e da empresa e ter toda


documentação em mãos sem necessidade de conhecimento burocrático.
Porém, como ficaria a situação da empreendedora que não puder arcar com
os custos da contratação de um profissional ou que deseja arregaçar as mangas e
cuidar também da parte burocrática de seu negócio? Para esses casos, existem
organizações como o Sebrae, que foi criado em 1972 com o objetivo de estimular
novos negócios, prestando atendimento e consultoria a empreendedores de
qualquer ramo de atuação, desde a fase da concepção do negócio, passando pela
abertura e auxílio para permanência no mercado, através de projetos, cursos e
palestras.
Fomentar o empreendedorismo feminino é fundamental para que as
mulheres possam aumentar seus rendimentos, gerar empregos, ter
sustentabilidade no mercado e, sobretudo, ser independentes e
protagonistas de suas vidas. (SEBRAE, 2019b)

Segundo Lima (2019) a formalização traz segurança para o negócio, uma


vez que estará operando dentro dos trâmites legais. A autora reforça que a
informalidade, além de limitar as possibilidades de crescimento, também é um risco,
pois podem acontecer, por exemplo, situações de apreensão de mercadorias,
proibição de prestação de serviços, dentre outros transtornos que inviabilizariam o
negócio.
Antinoro (2014) destaca três tipos de empresa para que a empreendedora
faça seu registro, elencando cada tipo e as vantagens e benefícios de cada
modalidade:

• MEI – Micro Empreendedor Individual


◦ Cobertura previdenciária
◦ Contratação de um funcionário com menores custos
◦ Isenção de taxa de registro
◦ Possibilidade de registro via internet, pela própria empreendedora
◦ Acesso a crédito bancário
◦ Comprar e vender em conjunto
◦ Redução de carga tributária
27

◦ Emissão de alvará via Internet


◦ Benefícios governamentais
◦ Segurança jurídica

• ME – Micro Empresa e EPP – Empresa de Pequeno Porte


◦ Pouca burocracia
◦ Tratamento tributário diferenciado
◦ Vantagens em processos licitatórios
◦ Vantagens no crescimento empresarial

Antinoro (2014) destaca as diferentes formas de tributação entre MEI, ME e


EPP, conforme tabela abaixo:

Tabela 1: Formas de tributação de MEI, ME e EPP


Fonte: A autora (2021), adaptado de Antinoro (2014)

Existem outras modalidades de registro, entretanto, foram salientadas as


três acima baseadas nos tipos de negócios que a mulher mais se destaca no Brasil.
Segundo dados da FIA (2020), as empreendedoras representam 48% dos registros
como MEI, destacando-se nos setores de beleza, moda e alimentação.
Outro dado muito importante referente à formalização é a cobertura
previdenciária, que cobre a empreendedora e se estende à família, com garantia ao
auxílio-doença, aposentadoria após período de carência, salário maternidade,
pensão e auxílio-reclusão. A contribuição mensal tem tarifa reduzida para MEI, ME
e EPP: 11% do salário mínimo (ANTINORO, 2014).
28

De acordo com a Receita Federal (s.d.), é possível que microempresas e


empresas de pequeno porte optem pelo Simples Nacional, que é uma modalidade
de tributação em regime compartilhado de arrecadação, cobrança e fiscalização, que
abrange os seguintes tributos: IRPJ, CSLL, PIS/Pasep, Cofins, IPI, ICMS, ISS e a
Contribuição para a Seguridade Social destinada à Previdência Social a cargo da
pessoa jurídica (CPP). O recolhimento desses impostos pode ser feito por meio de
um documento único de arrecadação (DAS).
Todos os benefícios concedidos pela Receita Federal e órgãos
governamentais são importantes, entretanto, cabe ressaltar que a formalização traz
à empreendedora maior liberdade e segurança para tocar seu negócio. Uma vez
fora da economia informal, a mulher sente-se cada vez mais apta profissionalmente
e consciente do seu papel na sociedade.

2.3 O impacto do Marketing Digital


Atualmente, é difícil imaginar um negócio fora da Internet. Cada vez mais
surgem soluções inovadoras para o mercado, permitindo à empreendedora usar
novas estratégias de divulgação e vendas, geralmente, com investimento menor e
maior alcance.
Em uma fração de segundos pode-se comunicar e obter informações de
empresas e pessoas de qualquer lugar do mundo devido ao fato de vivermos em
uma sociedade digital, através de dispositivos móveis como tablets, notebooks e
smartphones e também através de computadores de mesa (ROCHA e VALIM,
2018).
Toda essa inovação tecnológica vem sendo utilizada por empresas para
facilitar suas transações e divulgação de seus produtos ou serviços e também para
promover o relacionamento com o cliente, que passa a ser mais ágil e eficaz.
Imme (2020) trata do tema Marketing digital como algo de alcance sem
limites, citando dados da Síntese de Indicadores Sociais (SIS) feita em 2018 pelo
IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), onde 79,9% dos lares
brasileiros possuiam acesso à Internet, seja móvel ou fixa, facilitando a entrega de
conteúdo a públicos diferenciados, de diversos locais.
29

Independente do porte do empreendimento, o Marketing digital mostra sua


utilidade e versatilidade. Existem negócios que são 100% digitais, utilizando
plataformas próprias através de seus sites ou as redes sociais para divulgação e
comercialização. Mas mesmo os empreendimentos físicos se beneficiam com a
Internet, visto que a gama de possibilidades na rede é muito grande.
Imme (2020) aponta ampla oportunidade de crescimento e aumento de
resultados baseando-se no Marketing digital, entretanto, pontua a necessidade de
investimento em capacitação, estudos de mercado e das ferramentas de gestão
adequadas para cada situação. A autora ressalta, ainda, que hoje em dia tecnologia
e inovação devem ser uma das principais pautas dentro das organizações.
Entretanto, mesmo com toda essa força com que o Marketing digital vem
desempenhando seu papel, Kotler, Kartajaya e Setiawan (2017) afirmam que seu
objetivo não é o de substituir o Marketing convencional.
Pelo contrário, ambos devem coexistir, com papéis permutáveis, ao longo
do caminho do consumidor. No estágio inicial de interação entre empresas e
consumidores, o Marketing tradicional desempenha papel importante ao
promover a consciência e o interesse. À medida que a interação avança e
os clientes exigem relacionamentos mais próximos com as empresas,
aumenta a importância do Marketing digital. O papel mais importante do
Marketing digital é promover a ação e a defesa da marca. Como o
Marketing digital é mais controlável que o Marketing tradicional, seu foco é
promover resultados, ao passo que o foco do Marketing tradicional é iniciar
a interação com os clientes. (KOTLER, KARTAJAYA e SETIAWAN, 2017,
p.69)

Para entendermos o Marketing digital de uma maneira bem simples, Benetti


(2020) explica que é o Marketing realizado em ambiente digital e utiliza recursos
como redes sociais, e-mail marketing e sites, e esse ambiente é de fundamental
importância para que as empresas se aproximem mais de seus públicos, mas é
necessário que sejas utilizadas linguagens e tecnologia apropriadas para que tal
comunicação seja acertiva e atinja os resultados esperados.
Pereira e Bernardo (2016, p.293) afirmam que “fazer negócios no meio
digital popularizou-se diante do barateamento da infraestrutura de telecomunicações
e nesse ambiente a competitividade torna-se cada vez mais acirrada”. Por esse
motivo, é de grande importância que a empreendedora esteja atenta às soluções
inovadoras para o mercado.
30

Macedo (2018, apud ROCHA e VALIM, 2018), afirma que é preciso buscar
sempre novidades, especialmente, em um segmento regido pelo dinamismo, sendo
necessário encontrar uma metodologia que ofereça novas soluções para questões já
existentes.
Pereira e Bernardo (2016, p.295) apontam que:
Apesar de ser um ambiente de grandes empresas consagradas, as micro e
pequenas empresas também podem beneficiar-se das oportunidades
trazidas pela Internet e do desenvolvimento das Tecnologias da Informação
e Comunicação (TICs). Entra em cena a discussão sobre o
empreendedorismo, que tem se consolidado no Brasil e no mundo como
fator de desenvolvimento social e econômico, estando associado
principalmente à geração de emprego e renda.

Segundo Rocha e Valim (2018), o Marketing digital vem transformando e


moldando muitos setores de negócios em todo o mundo, e o papel dos
consumidores conectados vêm derrubando barreiras sociais e culturais através da
integração e sinergia dessas pessoas cada vez mais conectadas individualmente e
em grupos na web. Tais mudanças têm feito com que as empresas invistam sua
verba publicitária em mídias digitais. Abaixo, serão elencadas as ferramentas que
mais vêm sendo utilizadas atualmente.
Como afirmam Rocha e Valim (2018), o Marketing de conteúdo transformou-
se em uma das principais ferramentas de Marketing digital e seu objetivo é fazer
despertar o interesse do consumidor através de informações para que o conteúdo
seja compartilhado, deixando a marca em evidência através da empatia criada com
o público. É importante prestar atenção à qualidade desse conteúdo compartilhado,
pois quanto mais shares (compartilhamentos), maior será a lembrança da marca.
Vale ressaltar que o Marketing de conteúdo é diferente de anúncio, uma vez
que seu objetivo é engajar o cliente através de um conteúdo que ele realmente
deseje consumir e, para isso, é necessário que a empresa conheça seu cliente,
através do acompanhamento de seus passos, o que se faz necessário entender sua
jornada de consumo. Como a efetiva tarefa de divulgação é feita pelo consumidor
através do compartilhamento de informações, o Marketing de conteúdo dimunui os
investimentos em divulgação.
Outra estratégia muito utilizada quando o assunto é Marketing digital é o
SEO (Search Engine Optimization ou Sistema de Otimização de Busca de Páginas
31

na Web) que, de acordo com Moussinho (2020) “é um conjunto de técnicas de


otimização para sites, blogs e páginas na web”. O objetivo dessas técnicas é colocar
os sites e blogs nas primeiras posições nos resultados de sites de buscas, visando
alcançar bons rankings orgânicos, gerando tráfego e autoridade para um site ou
blog. Dessa forma, quanto mais conhecido um empreendimento se torna, mais
aumentam suas chances de transformar suas visitas em negócios.
Hoje em dia já não concebemos a ideia de uma empresa que não perceba o
poder de divulgação de produtos e serviços que o Facebook possui. Uma das redes
sociais mais acessadas da época atual, com uma audiência de 1,84 bilhões de
usuários gastando em média 58,5 minutos ativos diariamtente, de acordo com o
levantamento de Ahlgren (2021). Um dos recursos conhecidos da gigante rede
social é o Facebook Ads, que é uma plataforma específica para anúncios pagos que
possui uma série de vantagens de ser utilizada, como:
• Alcance: Os próprios números da rede social já são suficientes para justificar
a importância de uma empresa utilizar o Facebook Ads. É indiscutível a
capacidade de disseminar e viralizar informações através da rede social.
• Refinamento de público: Os anúncios podem ser mais direcionados,
oferecendo maior facilidade de atingir o público-alvo do negócio, havendo a
possibilidade de escolher faixa etária, região, sexo, preferências, formação,
renda entre outros aspectos.
• Opções para formato dos anúncios: É possível fazer anúncios de vídeo, de
imagem, carrossel com várias imagens, anúncios que mesclam imagens e
vídeos, anúncios de coleção com vários produtos ou serviços e outras
opções.
• Mensuração: O Facebook Ads oferece uma vasta gama de opções e
ferramentas para que o desempenho das campanhas seja acompanhado
praticamente em tempo real, permitindo fazer pequenos ajustes para
melhorar o desempenho e utilizar filtros ainda mais refinados.

Além do Facebook Ads, a rede social também permite que usuários criem
perfis empresariais, conhecidos como fanpages, que não oferecem nenhum custo ao
32

usuário e funciona como uma página institucional, sendo de grande relevância para
a distribuição de Marketing de conteúdo.
Ainda falando de ferramentas voltadas para o Marketing digital, um aplicativo
aparentemente simples, mas capaz de atingir uma quantia exorbitante de público é o
Instagram que, conforme Rocha e Valim (2018), foi criado primeiramente para a
plataforma de celulares iOS (Apple) e depois para os demais dispositivos e, embora
possa ser acessado também pelo computador, tem seu foco na utilização pelos
smartphones.
O Instagram funciona como um mural de fotos, geralmente descritas em
textos curtos, seguidos das já populares hashtags, que são palavras ou expressões
precedidas do símbolo “#” que, ao serem postadas, transformam-se em links que
levam para uma página com outras publicações relacionadas ao mesmo tema.
O Instagram também oferece um recurso chamado Instagram Stories que,
de acordo com Rocha e Valim (2018), é um exemplo de uso de realidade
aumentada, onde se misturam imagens reais estáticas ou em movimento captadas
pelas câmeras dos celulares, com animações e figuras do próprio aplicativo.
Os Instagram Stories permitem uma interação bem dinâmica entre os
usuários, principalmente pelo fato de só ficarem no ar durante 24 horas, e não
arquivados como o feed, como é chamado o mural principal do aplicativo. Assim
como o Facebook, o Instagram é uma boa ferramenta para a utilização do Marketing
de conteúdo e também permite que sejam feitas postagens patrocinadas para
divulgar um produto ou serviço, de maneira semelhante ao Facebook Ads.
Por fim, mas não menos importante para uma campanha de Marketing
digital, existe o e-mail marketing, que, segundo Borges (2019), trata-se de uma
estratégia que baseia-se no envio de e-mails, seja para uma lista de contatos
cadastrada anteriormente ou gerada através da captura de leads gerados por outras
estratégias. Já considerado spam ou comunicação intrusiva, o autor considera o e-
mail marketing uma das melhores maneiras de entregar as mensagens certas, para
as pessoas certas, na hora certa.
Apesar de popular e ser uma estratégia simples de ser aplicada, Rocha e
Valim (2018) afirmam que é necessário alto conhecimento de produto/marca e uma
33

clara compreensão do perfil, necessidades e expectativas do público, além de


conhecimento de mercado e ferramentas tecnológicas oferecidadas.
Erros como enviar e-mail sem a permissão do contato, não otimizar o uso de
imagens (o que torna lento o carregamento do e-mail), não trabalhar mensagens
personalizadas, não incentivar a interatividade, não inovar nos formatos, não se
atentar à segmentação e ao design e não mensurar o resultado de cada ação
podem colocar toda uma campanha a perder e, ainda pior, ter um efeito inverso do
que se esperava, manchando a marca entre os clientes.
34

3 EMPREENDENDO COM FERRAMENTAS DE MARKETING


Ocasionalmente, pensa-se que o Marketing está relacionado somente à
divulgação de produtos e serviços e, às vezes, seu papel é até confundido com o
que é exercido pela Publicidade e Propaganda. Toda ação relacionada ao
planejamento, aos projetos da empresa, à venda, ao relacionamento com clientes,
pesquisas de mercado e outros pontos, é Marketing.
O Marketing oferece diversas ferramentas que visam facilitar a rotina das
empreendedoras, sobretudo, no início do negócio, oferecendo modelos e planos de
negócios que são fundamentais para empresas de qualquer porte.
Um empreendimento bem planejado, bem fundamentado, está bem menos
propenso à crises ou mesmo falência que um que foi implantado sem os devidos
planejamentos mercadológicos.
O objetivo das empresas deve ser fortalecer o relacionamento com o cliente,
em especial, através da satisfação, que é quando a empresa se esforça para
oferecer algo além daquilo que é esperado, focando na superiodade de seus
produtos ou serviços; da experiência, ou seja, ofertar algo diferenciado que o cliente
não encontraria com o concorrente e, por fim, o engajamento, que é a culminância
da satisfação com a experiência, alcançando um patamar diferenciado, promovendo,
através da relação com o cliente, uma ação de transformação baseada em anseios e
desejos, que vai muito além de uma experiência de compra (Kotler, Kartajaya e
Setiawan, 2017).
Com tudo que foi dito até agora, compreende-se que empreender não é uma
tarefa tão simples e que diversos processos estão relacionados com a abertura de
uma nova empresa. A empreendedora pode acabar sobrecarregada, especialmente,
no começo de suas atividades.
É de substancial importância que se faça uma avaliação estratégica sobre
quais procedimentos serão úteis para cada tipo de empresa, avalie o mercado, os
investimentos necessários e trace um plano que guie a empreendedora no seu
percurso.
35

3.1 O modelo Canvas


Ao criar um negócio, além de uma boa ideia, é fundamental que seja
aplicado um modelo de negócio, ou seja, um demonstrativo que relate como será a
rentabilidade e lucratividade. Para tal, é necessário descrever como a empresa
transformará em dinheiro seu produto ou serviço e como repassará ao cliente por
um preço adequado. (CAMARGO, 2018)
Kaplan (2013) observa a importância da adoção de uma linguagem objetiva,
que seja da compreensão de todos e facilite o compartilhamento de ideias durante
reuniões e, principalmente, que o entendimento sobre o que de fato é um modelo de
negócio preceda a elaboração do mesmo, gerando uma consciência coletiva acerca
do assunto.
Segundo Juliano (2016,p. 81):
A metodologia Canvas é uma modelagem que permite visualizar a
descrição do empreendimento e das partes que o compõem, de modo que a
ideia sobre o negócio seja compreendida por quem o examina, da mesma
maneira como o proponente do modelo concebeu-a.

O melhor momento para a utilização do Business Model Canvas ou,


simplesmente, Canvas, é após estudar as estratégias que serão usadas para
colocar o empreendimento em prática, quando a ideia do negócio é consolidada e
todas as anotações preliminares estão feitas (JULIANO, 2016).
A maior facilidade encontrada no Canvas é tratar-se de um mapa visual,
composto por nove quadrantes de cores diferentes, como um cartaz, onde serão
preenchidos:
⚫ Proposta de valor
⚫ Segmento de clientes
⚫ Canais de distribuição
⚫ Atividade-chave
⚫ Recursos principais
⚫ Parcerias principais
⚫ Fontes de receita
⚫ Estrutura de custos
36

Imagem 5: O modelo Canvas


Fonte: Camargo (2018)

Entender o preenchimento do modelo Canvas e como ele pode ser útil ao


negócio não é tarefa difícil. Como ele é separado por cores, é possível montar um
modelo de negócio Canvas até utilizando post-its (etiquetas autocolantes coloridas),
especialmente bem no começo do planejamento, quando muitas ideias vão
aparecendo ao mesmo tempo e é comum que várias delas sejam descartadas.
O quadrante azul refere-se a COMO e está relacionado à infraestrutura do
negócio. Logo em seguida, vem o quadrante vermelho, que faz referência a O QUE,
que está ligado aos produtos ou serviços que serão oferecidos e a proposta de valor
dos mesmos. O quadrante verde está ligado a QUEM, ou seja, diz respeito ao
relacionamento com os clientes e canais de entrega de produtos e serviços. Por
último, o quadrante amarelo, que faz referência a QUANTO, estando ligado às
finanças do negócio, como gastos e lucratividade.
Não existe uma regra específica sobre a ordem de preenchimento dos
quadros do Canvas, porém, uma das formas mais práticas é fazer o preenchimento
da esquerda para a direita, já que entende-se que é mais fácil definir primeiro o que
será feito, depois como será feito, para só depois definir os compradores do que foi
feito (JULIANO, 2016).
37

O modelo Canvas pode ser preenchido facilmente em um editor de textos ou


planilhas, desenhado à mão em uma cartolina ou até mesmo em uma lousa, ou ser
baixado em sites que oferecem modelos prontos para a inserção das informações,
como o BMDESIGNER, disponível em <http://bmdesigner.com>. Acesso em: 03 de
Fevereiro de 2021.
A importância de utilizar um modelo de negócio é a possibilidade de avaliar a
viabilidade da ideia inicial, servindo como auxílio para unificação dos diversos
elementos que compõem o empreendimento, facilitando sua estruturação (JULIANO,
2016).
De acordo com Kaplan (2013, p.39):
Os modelos de negócios são projetados para criar valor para o cliente ou
usuário final. O ponto de partida lógico para começar a contar qualquer
história de modelo de negócios é articulando claramente a maneira como o
modelo cria valor e para quem. Que tipo de problema o modelo soluciona?
A que tipo de necessidade não satisfeita o modelo precisa atender? Que
atrativo o modelo oferece em termos de experiência do cliente? Que
promessa de valor você faz a seus clientes?

Adotar um modelo de negócio e ter entendimento sobre ele proporciona à


empresa a possibilidade de avaliar melhor sua vantagem competitiva, que é o
diferencial que o negócio tem no mercado. Esse diferencial pode estar ligado à
qualidade do produto ou serviço, ou ao preço atrelado a eles.
Segundo Vicelli e Tolfo (2016, p.2):
A busca pela vantagem competitiva é uma questão recorrente que exige
iniciativas que visam à concepção, a manutenção e a evolução de um
negócio tanto no segmento industrial, como nos setores de serviços e de
comércio. Contudo, para almejar a vantagem competitiva é necessário o
entedimento do que é valor para o negócio. Além disso, a capacidade de
gerar valor normalmente está relacionada à capacidade de inovar e ao
conhecimento de como a sua organização funciona, qual produto ou serviço
entrega, quem são os seus clientes, dentre outras informações que formam
o modelo de negócio da empresa.

Juliano (2016) afirma que é necessário que o empreendedor busque pela


vantagem competitiva para diferenciar seu produto ou serviço da concorrência, o
que facilita que o cliente opte por escolher uma empresa ou outra para comprar ou
contratar serviços. A vantagem competitiva pode ser vista através de um preço mais
baixo do mesmo produto ou serviço do concorrente, melhor qualidade, ou maior
rendimento, mais comodidade etc.
38

Para Chiavenato (2010, apud VICELLI e TOLFO, 2016, p.3):


Quando uma empresa oferece um produto ou serviço, ela embute um
conjunto de caracteristicas que o tornam mais valioso ou aumentam sua
utilidade para o cliente. Em uma comparação com os produtos ou serviços
oferecidos pelos concorrentes, o produto ou serviço mais valioso é o que
apresenta maior utilidade e valor para o usuário.

É através de ideias inovadoras e “faro” para os negócios que uma


empreendedora faz a diferença no mercado. Por exemplo, um restaurante oferece
determinado prato muito famoso e apreciado por seus frequentadores, porém, o
valor não é muito convidativo e sem reserva prévia, o cliente sempre precisa
enfrentar fila.
Uma empreendedora tem a ideia de comercializar um kit com os
ingredientes para montar o mesmo prato, com produtos de qualidade e ainda
entrega na porta do cliente, vendendo também a comodidade, por um valor bem
menor do que é cobrado pelo restaurante. O diferencial competitivo está na inovação
de poder montar o próprio prato em casa, oferecendo uma experiência nova, a
comodidade de não precisar fazer reserva nem enfrentar fila, além do preço
reduzido.
Segundo Tidd e Bessant (2015, apud BIAVA, 2017, p.60):
A inovação é caracterizada pela habilidade de conseguir estabelecer
relações, detectar oportunidades e tirar benefícios delas. Grande parte do
sucesso esperado nos objetivos planejados, dependem da inovação como
fator principal para alcançá-los. Para os empreendedores, inovar pode ser a
sua sobrevivência no mercado.

Então, o que o Canvas tem tanto a ver com inovação e mercado? Através do
planejamento é possível programar e planejar com uma ferramenta que oferece
respostas objetivas, possibilitando relacionar os blocos do modelo Canvas entre si,
tendo uma visão panorâmica do negócio, proporcionando rápidas tomadas de
decisão e ajustes que se façam necessários tanto no começo do negócio, quanto
depois, quando ele já estiver em operação.
Dentro do modelo Canvas é viável observar questões técnicas,
mercadológicas e os rescursos financeiros e de pessoal de forma integrada, o que
pode determinar sucesso ou fracasso de um novo negócio. O Canvas é baseado na
inovação, visando o desenvolvimento de novas tecnologias de produtos e serviços
39

de maneira que a entrega do empreendimento alcance sempre um patamar acima


do que se espera (BIAVA, 2017).

3.2 Elaborando plano de ação com 5W2H


Suponha que uma empreendedora já esteja segura em relação ao seu
empreendimento, já tenha traçado uma boa estratégia de negócio, esteja com
recursos financeiros disponíveis, porém, não sabe ao certo como começar por ainda
não ter clareza de como fazer um planejamento ou administrar tantas informações
(ENDEAVOR, 2020).
Um empreendimento precisa ser administrado desde os primeiros momentos
de existência. Juliano (2016) aponta quatro principais funções administrativas a
serem observadas: Planejamento, Organização, Direção e Controle. O autor
descreve cada uma dessas funções da seguinte forma:
• Planejamento: O planejamento é o que evita a improvisação em um
empreendimento, pois vislumbra os planos de ação adequados para alcançar
os objetivos desejados para o negócio. Uma administração com improvisos é
uma péssima ideia e pode até levar uma empresa à falência.
• Organização: É a função que busca eficiência nas operações, com o objetivo
de racionalizar o trabalho, diminuindo desperdícios, o que eleva a
produtividade e a realização dos objetivos propostos.
• Direção: Esta que é também chamada liderança, conduz, coordena e lidera
pessoas para que executem o que foi planejado. É a direção que emite as
ordens e orienta os colaboradores para que os planos de ação sejam
executados, atingindo as metas estabelecidas.
• Controle: Através do controle é medido e corrigido o desempenho dos
departamentos da empresa, garantindo o desenvolvimento das atividades que
confirmem que os objetivos planejados sejam alcançados. Por meio do
controle é feita a verificação se o que foi planejado confere com aquilo que foi
entregue.
40

Para auxilar a empreendedora nessa gestão, existe uma ferramenta


chamada 5W2H. O 5W2H deriva-se das palavras em inglês What (O que?), Why
(Para que?), Who (Quem?), When (Quando?), Where (Onde?), How (Como?) e How
much (Quanto?) e pode ser utilizada por empresas de qualquer porte, inclusive na
fase da implantação.
O 5W2H é descrito por Polacinski (2012, apud Silva et al, 2013) como uma
ferramenta baseada em planos de ação para desenvolver atividades pré-
estabelecidas, funcionando como um mapeamento das atividades.
De acordo com Paula (2016), a ferramenta funciona como um checklist que
administra atividades, prazos e compromissos de cada um que estiver envolvido
com o projeto e sua função central é estabelecer o que será feito, porque, onde,
quem irá fazer, quando será feito, como e quanto custará.
O planejamento através do 5W2H fica mais fácil, pois, através das respostas
às perguntas, vai-se avaliando o grau de importância de cada ação planejada. De
acordo com Silva et al (2013), deve haver alto grau de detalhamento nesse
processo, respeitando informações de prazos, valores e pessoas envolvidas, a fim
de chegar ao melhor resultado. O autor afirma que a utilização do 5W2H oferece a
garantia de definição de todas as ações básicas e fundamentais de forma clara e
minunciosa.
Paula (2016) afirma que, devido a simplicidade e facilidade para utilizar o
5W2H, a ferramenta traz bastante objetividade na execução dos planos de ação e
costuma ser utilizada em diversas áreas de gestão empresarial, como: Gestão de
Projetos, Gestão de Riscos, Gestão Orçamentária, Elaboração de Planos de
Negócio, Elaboração do Planejamento Estratégico, dentre outros. O autor ressalta
ainda que a metodologia 5W2H auxilia no crescimento saudável e acelerado de
empresas que buscam manter o controle das finanças, auxiliando com praticidade o
processo de tomada de decisões.
A ferramenta 5W2H é fácil e simples de aplicar, podendo ser utilizado um
programa de edição de textos, dividindo a página em blocos, onde cada um contém
uma das sete perguntas ou em uma folha grande que facilite o preenchimento dos
41

quadros. Existem também sites que oferecem tabelas prontas para utilização, com
formatação padrão, para que até a parte visual facilite o uso.

Tabela 2: Modelo de plano de ação com 5W2H


Fonte: A autora (2021)

Paula (2016) afirma que a medotologia 5W2H funciona também como uma
ponte, ligando as diferentes áreas de uma empresa que conta com vários
colaboradores, com atividades completamente distintas.
O 5W2H pode ser usado para funções variadas, como por exemplo, a
expansão de um empreendimento, a contratação de um colaborador, um calendário
de treinamentos, um planejamento para atender clientes mais rapidamente, e assim
por diante. Para entendimento do 5W2H de maneira prática, segue o exemplo de um
modelo 5W2H para a ampliação em uma confecção que uma empreendedora fictícia
pretende fazer:

Tabela 3: Exemplo de plano de ação com 5W2H


Fonte: A autora (2021)

3.3 A análise SWOT após implantação do negócio


Empreendedoras têm sonhos, ideias, colocam a mão na massa, correm
atrás de tudo que se faça necessário para que seu negócio esteja de portas
42

abertas. Mas e depois, o que pode ser feito para que esse empreendimento continue
rentável, saudável e, principalmente, matenha-se em funcionamento?
Um dos caminhos que a empreendedora deve seguir é fazer um bom
planejamento estratético que, segundo Albuquerque et al (2017, p.222):
[…] é um assunto de fácil compreensão, basicamente ele é um método que
busca aprimorar os objetivos a serem alcançados de uma organização, é
como um diagnóstico das ações passadas, das ações do presente, podendo
então projetar alternativas a fim de obter metas para o futuro e conseguir
permanecer em um mercado dinâmico e competitivo. Para que isso
aconteça, uma das ferramentas principais para conduzir os rumos de uma
companhia é a análise SWOT.

A análise SWOT (também conhecida como matriz FOFA, em sua versão em


português) é um acrônimo formado pelas letras iniciais de:
• Strenghts (Forças)
• Weaknesses (Fraquezas)
• Opportunities (Oportunidades)
• Threats (Ameaças)

Imagem 6: Representação gráfica da matriz SWOT


Fonte: A autora (2021)

De acordo com Juliano (2016) análise ou matriz SWOT é como se denomina


a técnica usada para analisar o ambiente onde o empreendimento está inserido e
desempenhando suas funções. A análise SWOT é considerada uma técnica simples,
43

ideal para ser aplicada em organizações de qualquer porte, inclusive para o


empreendedor individual.
Albuquerque et al (2017) afirmam quem um número muito grande de
empreendimentos são criados todos os dias, deixando os consumidores imersos em
um “mar” de opções, entretanto, são poucos que conseguem alcançar êxito e
permanecerem no mercado. Através da matriz SWOT é possível também definir uma
trajetória visando atrair maior vantagem competitiva, facilitando que o negócio se
firme no mercado e com boas margens de lucratividade.
O planejamento estratégico possibilita que a empreendedora observe
fatores internos e externos de seu negócio, um dos fatos que faz da análise SWOT
uma ferramenta ideal, pois sua utilização se dá através da análise também de
fatores internos e externos, sendo os internos Forças e Fraquezas e o externos,
Oportunidades e Ameaças.
De acordo com Oliveira (2010, apud ALBUQUERQUE et al, 2017, p.224):
A análise externa tem por estudo a relação existente entre a empresa e seu
ambiente, nos termos de oportunidades e ameaças. O gestor deve observar
componentes de relevância, verificando quais as situações de oportunidade
ou ameaças para a empresa. O ambiente externo oferece essas duas
variáveis para a organização, as oportunidades e as ameaças, porém a
empresa deve procurar aproveitar as oportunidades, assim como amortecer
os impactos gerados pelas ameaças.

Sendo assim, são exemplos de ameaças:


• Novas empresas do mesmo segmento entrando no mercado
• Oscilações no mercado financeiro
• Problemas com logística tercerizada
• Atrasos na entrega de matéria-prima
• Problemas climáticos ou desastres ambientais

Seguem também alguns exemplos de oportunidades:


• Taxa de câmbio favorável
• Grande procura pelo produto ou serviço
• Reforço midiático indireto
• Menos custo de tecnologias que ampliem a produtividade
• Mudanças na legislação
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Oliveira (2010, apud ALBUQUERQUE et al, 2017, p.225) fala também sobre
a análise do ambiente interno:
A análise de ambiente interno tem como finalidade saber quais os pontos
fortes e fracos que a empresa apresenta, evidenciando as qualidades e os
defeitos diante do seu segmento de mercado. Nesse ponto devem ser
levadas em conta as perspectivas de comparação com outras organizações,
fazendo assim um benchmarking, ou seja, processos de avaliação de uma
empresa em relação a outra. A empresa deve ter ciência de quais são os
seus pontos fracos para que eles passem a ser trabalhados e não se
tornem um problema, evitando que outras empresas ataquem essa falha,
bem como de seu ponto forte, para saber qual o seu diferencial dentre as
outras, tornando esse ponto um meio de ser competitiva.

Conhecer suas forças não quer dizer que a empresa pode se convencer que
é melhor que seus concorrentes e se acomodar no mercado. A utilidade de conhecer
suas forças está em poder investir mais em determinado ponto do negócio, já com a
consciência que o resultado será promissor.
Saber quais são suas fraquezas também não implica em desanimar porque
alguns pontos não vão bem, pelo contrário, deve-se considerar como uma
oportunidade de reparar o que for preciso para se sobressair no mercado. Abaixo,
exemplos de forças e fraquezas.
Forças:
• Bom posicionamento no mercado
• Preços competitivos
• Indicações feita por clientes
• Qualidade dos produtos ou serviços prestados
• Rede própria de distribuição

Fraquezas:
• Baixa capacidade técnica
• Problemas interpessoais entre colaboradores
• Preço alto
• Baixa qualidade
• Ponto comercial em local desfavorável
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Para Barney e Hesterly (2001, apud Albuquerque et al, 2017), aplicar a


análise SWOT tem como propósito final viabilizar que a empresa escolha por um
plano estratégico que leve a uma vantagem competitiva. Apesar de não ser uma
tarefa fácil, os autores ressaltam que a escolha das estratégias não é um feito difícil
de se realizar.
46

Conclusão

Através desta pesquisa foi possível entender com mais clareza a relação da
mulher com o mercado de trabalho a partir da Revolução Industrial, as
transformações não só na economia, mas também na sociedade. Após o término da
Segunda Guerra Mundial houve um movimento da mulher retornando ao seu papel
de “rainha do lar”, onde cabiam-lhes os cuidados domésticos e maternos, sendo o
homem o responsável pela liderança e sustento familiar.
Este trabalho levantou informações, através de pesquisa bibliográfica, sobre
como a mulher retornou ao mercado de trabalho, após muita luta e reivindicações
dos Movimentos Feministas pelo mundo, principalmente nos Estados Unidos e
Europa, em especial, das décadas de 1960 e 1970. O Brasil também participou de
tais movimentos, sendo os anos de 1980 o período mais intenso de movimentações,
mesmo o país estando sob um estado de ditadura militar.
Com essas tentativas de emancipação e busca de maior liberdade feminina,
foi possível constatar o número de mulheres que buscam sua independência,
sobretudo financeira, através de ideias para terem seu próprios negócios, que estão
em maior número na área da alimentação, da moda e da beleza.
Através da pesquisa, conclui-se que esse número de mulheres
empreendedoras é crescente, todavia, da mesma forma que no mercado de trabalho
a mulher ainda é menos remunerada que o homem, no mundo empreendedor isso
também acontece, além da mulher empenhar mais horas do seu dia no seu
empreendimento.
De acordo com dados levantados, o número de empreendedores ainda é
maior que de empreendedoras e foi constatado também que o porte dos negócios
masculinos é maior que dos femininos, sendo assim, a mulher ainda gera menos
empregos. Um dado importante é que as pesquisas mostraram que os
empreendimentos das mulheres têm sobrevivido por mais tempo e o grau de
escolaridade das mulheres empreendedoras é mais alto em relação aos homens.
Um fato que foi observado em todos os materiais avaliados é que todos os
especialistas na área de negócios e Marketing concordam que ainda falta muita
47

atenção por parte dos empreendedores na questão da avaliação das oportunidades


empreendedoras e de estratégias baseadas na viabilidade competitiva dos negócios,
o que, além de prejudicar o crescimento dos mesmos, faz com o que o número de
falências seja maior.
Salienta-se também o impacto que o Marketing digital tem provocado nos
negócios atuais, surgindo cada vez mais soluções inovadoras no quesito divulgação,
vendas e relacionamento com o cliente, de uma forma mais prática, rápida e com
redução de custos. Sendo assim, é possível constatar que a empreendedora que
hoje não investir no Marketing digital, além de não estar em concordância com as
inovações da época, pode estar deixando de obter lucro a baixo investimento.
No que diz respeito às ferramentas sugeridas para planejamento e gestão de
negócios, entendeu-se, através dos exemplos dados, que não são recursos
dispendiosos de serem utilizados, nem tampouco, complicados.
Foram apresentadas as ferramentas: Modelo Canvas, 5W2H e a Matriz
SWOT, comprovando que o Marketing oferece uma série de procedimentos que
objetivam auxiliar na rotina administrativa empreendedora, tanto no início do
negócio, quanto durante sua vida útil e, quando bem aplicados, tais metodologias
são responsáveis por manter saudáveis as finanças, com menor propensão aos
prejuízos e, em último caso, até ao fechamento.
48

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