Você está na página 1de 5

DIREITO EMPRESARIAL

CPIII
1º PERÍODO 2022
TEMAS

Tema 13:
CÉDULAS E NOTAS DE CRÉDITO RURAL, INDUSTRIAL, COMERCIAL E À
EXPORTAÇÃO. Noções gerais. Requisitos. Garantias reais e privilégios. Inscrição.
Regime Jurídico. Aval. Endosso. Vencimento. Pagamento. Protesto. Capitalização
de juros. Ação cambial. Ação de locupletamento, ação causal e ação monitória.
Cédula de produto rural.

1ª QUESTÃO:
Cooperativa Agrícola de Arapeva Ltda interpôs agravo de instrumento nos autos da ação
de execução de cédula de produto rural movida por Augusto, contra decisão que
suspendeu a entrega da soja à agravante. Esclareceu a recorrente que a decisão agravada
determinou o bloqueio do numerário destinado à futura satisfação do crédito trabalhista,
em virtude do crédito constituído contra o agravado.
Defende a recorrente que os bens vinculados à cédula de produto rural não são
passiveis de constrição por outras dívidas, nos termos da legislação vigente, por tratar-se
de garantia exclusiva do credor cedular, que se sobrepõe ao privilégio trabalhista. Por
fim, aduziu que, tratando a cédula de produto rural de verdadeira garantia exclusiva do
credor, são absolutamente impenhoráveis os bens ou os resultados assegurados pelo
título.
Tem razão o agravante?

RESPOSTA:
RECURSO ESPECIAL. VIOLAÇÃO AO ART. 535 DO CPC/1973. NÃO
OCORRÊNCIA. SISTEMA PRIVADO DE FINANCIAMENTO DO SETOR
AGRÍCOLA. CÉDULA DE PRODUTO RURAL. TÍTULO DE CRÉDITO. LEI N.
8.929/1994. IMPENHORABILIDADE LEGAL DO BEM VINCULADO À CPR QUE
PREVALECE MESMO DIANTE DA PENHORA QUE GARANTE O CRÉDITO
TRABALHISTA. PRELAÇÃO JUSTIFICADA PELO INTERESSE PÚBLICO.
1. Não há falar em omissão ou contradição do acórdão recorrido se as questões pertinentes
ao litígio foram solucionadas, ainda que sob entendimento diverso do perfilhado pela
parte.
2. O Sistema Privado de Financiamento do Agronegócio identifica-se pelo patrocínio
privado da agricultura comercial profissionalizada e da agroindústria, assim como por
uma política pública de renegociação das dívidas dos agropecuaristas e pela criação de
bancos especializados e de títulos de crédito do agronegócio.
3. A Cédula de Produto Rural (Lei n. 8.929/1994) é instrumento-base do financiamento
do agronegócio, facilitadora da captação de recursos. É título de crédito, líquido e certo,
de emissão exclusiva dos produtores rurais, suas associações e cooperativas, traduzindo-
se na operação de entrega de numerário ou de mercadorias, com baixo custo operacional
para as partes.
4. Tendo em vista sua função social e visando garantir eficiência e eficácia à CPR, o art.
18 da Lei n. 8.929/1994 prevê que os bens vinculados à CPR não serão penhorados ou
sequestrados por outras dívidas do emitente ou do terceiro prestador da garantia real,
cabendo a estes comunicar tal vinculação a quem de direito.
5. A impenhorabilidade criada por lei é absoluta em oposição à impenhorabilidade por
simples vontade individual. A impenhorabilidade absoluta é aquela que se constitui por
interesse público, e não por interesse particular, sendo possível o afastamento apenas
desta última hipótese.
6. O direito de prelação em favor do credor cedular se concretiza no pagamento
prioritaritário com o produto da venda judicial do bem objeto da garantia excutida, não
significando, entretanto, tratamento legal discriminatório e anti-isonômico, já que é
justificado pela existência da garantia real que reveste o crédito privilegiado.
7. Os bens vinculados à cédula rural são impenhoráveis em virtude de lei, mais
propriamente do interesse público de estimular o crédito agrícola, devendo prevalecer
mesmo diante de penhora realizada para garantia de créditos trabalhistas.
8. Recurso especial provido.
(REsp 1327643/RS, Rel. Ministro LUIS FELIPE SALOMÃO, QUARTA TURMA,
julgado em 21/05/2019, DJe 06/08/2019)

2ª QUESTÃO:
ROGER emitiu três cédulas de crédito rural, com data e condições de pagamento lançados
na cártula, em favor do BANCO ABC S/A, todas avalizadas por ADALTO.
Verificado o inadimplemento relativo por parte do emitente, o Banco credor ajuizou ação
de execução. Ocorre que o magistrado de primeiro grau acolheu a exceção de pré-
executividade manejada pelos herdeiros do falecido avalista, reconhecendo a nulidade do
aval.
Irresignada, a instituição financeira recorre sustentando a legalidade do aval, na medida
em que a proibição contida no § 2º do artigo 60 do Decreto-Lei n. 167/67 diz respeito,
exclusivamente, ao aval conferido em nota promissória rural ou duplicata rural, não sendo
aplicável aos demais títulos de crédito não elencados (Cédula Rural Pignoratícia, Cédula
Rural Hipotecária, Cédula Rural Pignoratícia e Hipotecária e Nota de Crédito Rural).
Diante dessa situação hipotética, decida fundamentadamente.

RESPOSTA:
CIVIL. AGRAVO INTERNO NOS EMBARGOS DE DECLARAÇÃO NO RECURSO
ESPECIAL. CÉDULA DE CRÉDITO RURAL EMITIDA POR PESSOA FÍSICA.
GARANTIA DE AVAL PRESTADA POR TERCEIRO. VALIDADE.
INTERPRETAÇÃO SISTEMÁTICA DO ART. 60, § 3º, DO DECRETO-LEI N.º
167/1967. PRECEDENTES. INCIDÊNCIA DA SUMULA N. 568/STJ.
1. É válido o aval prestado por pessoa física nas cédulas de crédito rural, uma vez que a
vedação prevista no § 3º do art. 60 do Decreto-Lei n. 167/67 não se aplica às cédulas de
crédito rural.
2. "A interpretação sistemática do art. 60 do Decreto-lei nº 167/67 permite inferir que o
significado da expressão também são nulas outras garantias, reais ou pessoais, disposta
no seu § 3º, refere-se diretamente ao § 2º, ou seja, não se dirige às cédulas de crédito rural,
mas apenas às notas e duplicatas rurais" (REsp n. 1.483.853/MS, Relator Ministro Moura
Ribeiro, Terceira Turma, julgado em 4/11/2014, DJe 18/11/2014) 3. Incidência da
Súmula n. 568/STJ.
4. Agravo interno a que se nega provimento.
(AgInt nos EDcl no REsp 1874676/SC, Rel. Ministro ANTONIO CARLOS FERREIRA,
QUARTA TURMA, julgado em 30/11/2020, DJe 09/12/2020)

Tema 14:
CÉDULA DE CRÉDITO BANCÁRIO. Noções gerais. Requisitos. Garantias.
Registro. Aval. Circulação. Pagamento. Protesto. Execução. Liquidez da cédula de
crédito bancário. Certificado.

1ª QUESTÃO:
BANCO POVÃO S.A ajuizou ação de execução em face de ALBEMIR MONTES,
aparelhando a inicial com uma cédula de crédito bancário vinculado a contrato de abertura
de crédito rotativo, bem como com o demonstrativo dos valores utilizados por ABEMIR,
no valor total de R$ 30.000,00.
Regularmente citado, ABEMIR embargou a execução, requerendo a extinção do feito
executivo, alegando a inexistência de título executivo, uma vez que, a despeito de estar
aparelhada a execução em Cédula de Crédito Bancário, o contrato subjacente é de
abertura de crédito rotativo em conta corrente, o qual não é considerado título executivo.
Como juiz da causa, analise o mérito da presente demanda à luz do entendimento do E.
Superior Tribunal de Justiça. A resposta deve ser fundamentada, apresentando os
dispositivos legais aplicáveis à hipótese. (Resposta em até 15 linhas).

RESPOSTA:
A pretensão do Banco Povão S.A. deve ser acolhida. A Cédula de Crédito Bancário é
título executivo extrajudicial, representativo de operações de crédito de qualquer
natureza, circunstância que autoriza sua emissão para documentar a abertura de crédito
em conta-corrente, nas modalidades de crédito rotativo ou cheque especial. O título de
crédito deve vir acompanhado de claro demonstrativo acerca dos valores utilizados pelo
cliente, trazendo o diploma legal, de maneira taxativa, a relação de exigências que o
credor deverá cumprir, de modo a conferir liquidez e exequibilidade à Cédula (art. 28, §
2º, incisos I e II, da Lei n. 10.931/2004).

AGRAVO INTERNO NO RECURSO ESPECIAL - AÇÃO DECLARATÓRIA -


DECISÃO MONOCRÁTICA QUE NEGOU PROVIMENTO AO RECLAMO -
INSURGÊNCIA RECURSAL DOS AUTORES.
1. A Súmula 83 do STJ, a despeito de referir-se somente à divergência pretoriana, é
aplicável à alínea "a" do art. 105, III, da Constituição Federal. Precedentes.
2. Esta Corte tem entendimento no sentido de que a cédula de crédito bancário é título de
crédito executivo. O § 2° do art. 28 da Lei de n.° 10.931/2004 tem aplicabilidade,
exclusivamente, para instruir demanda executiva da cédula de crédito bancário, não sendo
necessária a sua aplicação no momento da contratação.
3. Agravo interno desprovido.
(AgInt no REsp 1659322/PR, Rel. Ministro MARCO BUZZI, QUARTA TURMA,
julgado em 04/05/2020, DJe 07/05/2020)

2ª QUESTÃO:
BANCO ÔMEGA S.A ajuizou ação de execução em face de ALMIR, visando a cobrança
de uma cédula de crédito bancário no valor de R$ 12.000,00 (doze mil reais), emitido em
10/10/2016.
Em sua defesa, ALMIR defende ter ocorrido a prescrição, pois a prescrição neste caso
seria trienal.
Decida a questão.

RESPOSTA:
PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO INTERNO NO AGRAVO EM RECURSO
ESPECIAL. EXECUÇÃO. APRECIAÇÃO DE TODAS AS QUESTÕES
RELEVANTES DA LIDE PELO TRIBUNAL DE ORIGEM. AUSÊNCIA DE
NEGATIVA DE PRESTAÇÃO JURISDICIONAL. PRESCRIÇÃO TRIENAL. LUG.
DECISÃO MANTIDA.
1. Inexiste negativa de prestação jurisdicional quando o acórdão recorrido pronuncia-se,
de forma clara e suficiente, acerca das questões suscitadas nos autos, manifestando-se
sobre todos os argumentos que, em tese, poderiam infirmar a conclusão adotada pelo
Juízo.
2. "Nos termos do que dispõe o art. 44 da Lei n. 10.931/2004, aplica-se às Cédulas de
Crédito Bancário, no que couber, a legislação cambial, de modo que se mostra de rigor a
incidência do art. 70 da LUG, que prevê o prazo prescricional de 3 (três) anos a contar do
vencimento da dívida" (AgRg no AREsp n. 353.702/DF, Relator Ministro LUIS FELIPE
SALOMÃO, QUARTA TURMA, julgado em 15/5/2014, DJe 22/5/2014).
3. Agravo interno a que se nega provimento.
(AgInt no AREsp 1508950/SE, Rel. Ministro ANTONIO CARLOS FERREIRA,
QUARTA TURMA, julgado em 10/08/2020, DJe 14/08/2020)

AGRAVO INTERNO NO AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL. CÉDULA DE


CRÉDITO BANCÁRIO. EXECUÇÃO. PRAZO TRIENAL DE PRESCRIÇÃO. NÃO
APLICAÇÃO DO CÓDIGO CIVIL.
1. Hipótese em que a parte recorrente alega que a Lei Uniforme de Genebra não poderia
incidir no caso dos autos, uma vez que seria aplicável apenas a letras de câmbio e notas
promissórias e que, in casu, a discussão gira em torno de Cédula de Crédito Bancário.
2. Consoante jurisprudência do STJ, considerando o disposto no art. 44 da Lei n.
10.931/2004, aplica-se às Cédulas de Crédito Bancário, no que couber, a legislação
cambial, de modo que, à falta de prazo específico na mencionada norma, mostra-se de
rigor a incidência do art. 70 da LUG, que se apresenta, no cenário jurídico, como uma
espécie de norma geral do direito cambiário.
3. É inaplicável o prazo do atual Código Civil ao caso em exame, que trata de execução
de título de crédito, haja vista que o referido Diploma fez expressa reserva de
subsidiariedade nos arts. 206, § 3º, inciso VIII e 903. Precedentes.
4. Agravo Interno não provido.
(AgInt no AREsp 1525428/PR, Rel. Ministro LUIS FELIPE SALOMÃO, QUARTA
TURMA, julgado em 05/11/2019, DJe 12/11/2019)

Você também pode gostar