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“RESENHA”
NOVEMBRO/2022
Resenha
Resenhado por: Alexandre Coelho Soares¹, Patrícia Fernandes dos Santos², Shaiane Araújo
Nunes³.
O artigo do professor Paulo Borges nos convida a uma reflexão sobre a importância das
variáveis sociais no processo de mudança do português brasileiro, a partir do estudo sobre a
inserção e a propagação do pronome a gente em peças teatrais de autores gaúchos; as peças
objeto de análise correspondem a um período histórico de cem anos (1896 a 1995). Cabe
observar que o mesmo possui sólida formação profissional e acadêmica, sendo professor
associado da Universidade Federal de Pelotas. Também, possui doutorado e pós-doutorado
pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul.
Em termos gerais, o artigo de Borges nos apresenta um aporte teórico sobre as dimensões
sociais da mudança linguística na perspectiva de sua difusão e das evidências social, histórica
e linguística. A partir de uma amostra, composta por onze peças teatrais de autores gaúchos,
ele analisa os diálogos das referidas peças, como forma de investigar as mudanças nos textos,
enfatizando a forma expressa do pronome a gente em variação com o pronome nós.
O tópico 2- Concepções teóricas sobre variação linguística tem como escopo os estudos
da língua, nos seus diferentes estágios (sincrônico/diacrônico). Borges evidencia que o estágio
sincrônico da língua é resultado de um desenvolvimento passado que continua no presente.
No que tange à diacronia, Labov (1994, p.26) entende que o objetivo principal da utilização
de dados diacrônicos “é poder determinar o que ocorreu na história de uma língua ou de uma
família linguística”, levando-se em conta os aspectos sociais que contribuíram para a
ocorrência de determinadas mudanças. Também cita três pontos imprescindíveis dos quais
Labov (1972, p. 160-161) se refere aos problemas relacionados as mudanças na linguística:
Na primeira evidência, a social a idade seria um dos principais aspectos, pois diante de
alguns estudos de evidência em progresso falantes mais novos tendem a usar formas mais
atuais que os mais velhos. E ainda na evidência social alguns grupos sócios aceitam mais
rapidamente algumas formas inovadoras, enquanto outros tendem demorar mais para aceitar.
No tópico 4- Os critérios para a escolha das obras: textos de teatro de autores gaúchos-
1896 até 1995, Borges esclarece que escolheu como ponto de partida para seu estudo o século
XIX (1896), já que esse período diz respeito à própria formação histórica do R.S, uma vez que
foi a partir de 1830 que as atividades culturais como a imprensa, a literatura e as artes teatrais
começaram a florescer, principalmente nos grandes centros como Porto Alegre, Rio Grande e
Pelotas. Segundo Borges: “os textos selecionados buscam refletir, da melhor forma possível, o
O tópico 5, intitulado A análise dos dados: o uso do pronome a gente nas peças de teatro,
traz uma análise dos resultados obtidos a partir do estudo. O professor Paulo Borges apresenta
um quadro com o nome das peças analisadas, bem como o período histórico correspondente a
cada uma dessas peças e também o número de ocorrências de nós e a gente. Na análise das
peças, foi encontrado um total de 712 ocorrências de nós e a gente. Conforme esclarece
Borges, os dados foram computados levando-se em conta as variantes selecionadas, as
ocorrências encontradas nas onze peças de teatro, o número de ocorrências e os percentuais
atribuídos a cada uma das formas utilizadas pelos personagens.