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Índice
Abreviaturas e Siglas..............................................................................................................iv

Índice de Tabelas.....................................................................................................................v

Declaração..............................................................................................................................vi

Dedicatória............................................................................................................................vii

Agradecimento.....................................................................................................................viii

Resumo...................................................................................................................................ix

Abstract..................................................................................................................................ix

Introdução..............................................................................................................................11

CAPITULO I: FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA E CONCEPTUAL.................................15

1.1. Enquadramento teórico..................................................................................................15

1.1.1. Teoria Construtivista...................................................................................................15

1.2. Conceptual......................................................................................................................16

1.2.1. Breve historial da violência.........................................................................................16

1.2.2. Violência Doméstica...................................................................................................17

1.2.3. Tipos de Violência Doméstica....................................................................................19

1.2.4. Violência doméstica como um fenómeno Social........................................................20

1.2.5. Violência doméstica contra os homens: alguns Estudos científicos sobre homens....21

1.2.6. Violência doméstica em Moçambique........................................................................22

1.2.6.1. A Lei nº 29/2009 de 29 de Setembro.......................................................................24

1.2.6.2. Tendências de Casos de Violência Doméstica.........................................................24

1.2.6.3. CAPITULO II: METODOLOGIA...........................................................................26

2.1. Métodos de abordagem..................................................................................................27

2.1.1. Tipo de Pesquisa..........................................................................................................27

2.2. Métodos de Procedimentos............................................................................................28

2.2.1. População e amostra....................................................................................................29

2.2.2. Local de estudo: Cidade de Nampula – Bairro de Natikiri.........................................29

2.2.2.1. Localização geográfica e limites da Cidade de Nampula........................................29


iii

2.2.2.2. Divisão Administrativa da Cidade de Nampula.......................................................30

2.2.3. Constrangimento da Pesquisa......................................................................................30

CAPITULO III: ANALISE E INTERPRETAÇÃO DOS RESULTADOS..........................31

3.1. Percepções sobre a Violência Doméstica entre casais...................................................31

3.2. Os tipos de violência sofrido pelos homens...................................................................32

3.3. As razões do silêncio dos homens acerca dos actos de violência praticados pelas........33

3.4. Formas de lidar com a violência....................................................................................35

3.5. Os indivíduos recorridos quando os homens são agredidos...........................................36

3.6. Razões que levam os homens vítimas de violência a continuarem vivenciar as............36

3.7. A relação com a parceira após as agressões...................................................................37

3.8. A importância da denúncia das agressões......................................................................38

1.9. Noções sobre as leis que protegem homens vitimas de violência domestica.................38

3.10. Razões que levam os homens vítimas de violência a não denunciarem as agressões..39

Conclusão..............................................................................................................................41

Sugestões...............................................................................................................................43

Bibliografia............................................................................................................................44

Apêndice................................................................................................................................46

Abreviaturas e Siglas
iv

INE Instituto Nacional de Estatística

LDH Liga Moçambicana dos Direitos Humanos

OMS Organização Mundial de Saúde

ONU Organização das Nações Unidas

UPN Universidade Pedagógica – Nampula

VD Violência Doméstica

WLSA Women and Lawin Southern Africa

Índice de Tabelas
v

Tabela 1 – Divisão Administrativa da Cidade de Nampula.....................................................29


vi

Declaração

Declaro que esta Monografia Científica é resultado da minha investigação pessoal e das
orientações do meu supervisor, o seu conteúdo é original e todas as fontes consultadas estão
devidamente mencionadas no texto, nas notas e na bibliografia final. Declaro ainda que este
trabalho não foi apresentado em nenhuma outra instituição para obtenção de qualquer grau
académico.

____________________________________

(Janete Patrício Maquina)


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Dedicatória

Dedico esta monografia aos meus, pais Patrício Máquina e Gema Paulino por tudo que
fizeram para que eu almejasse meus objectivos. E em especial ao meu namorado Octávio
Manuel Assane pelo suporte que ele deu durante o percurso.
viii

Agradecimento

A Deus por ter-me dado saúde nesta longa caminhada, e me ajudado a não me desviar
dos meus objectivos mostrando que tudo na vida tem um porquê; Aos meus pais, Patrício
Máquina e Gema Paulino, pelo amor incondicional, e também, ao trabalho árduo que tiveram
para me manter a estudar e pelos conselhos encorajadores.

Ao meu namorado Octávio Manuel Assane, que foi fonte de inspiração e


encorajamento para que ingressasse ao nível superior; A cada um dos meus irmãos, Jeremias
das Neves Patrício Máquina, Jerusa Patrício Máquina e Pilma Patrício Máquina, e também a
minha melhora amiga Yara Cossa pela força e coragem que prestaram nesses anos.

Ao meu supervisor, Dr. Aristides Mucopa. Pelo encorajamento acompanhamento deste


trabalho e aos docentes da Faculdade de ciências sociais e filosóficas, em especial aos de
sociologia com habilitações a desenvolvimento rural.

Ao Professor Dr. Arcenio Cuco por ter ajudado no levantamento de informação


necessária para o desenvolvimento do trabalho.

Por fim aos meus Colegas e amigos da turma 2015 que estiveram comigo nesta longa
caminhada e passaram a fazer parte da minha vida em todos momentos quanto puderam, em
particular a Cármen Américo simpueque, Djidjo Rabuca, Sofanias Armindo, Nura Cedubai,
Arsénia Ressique da Berta Amade e Albuquerque santos.

A todos, meu muito Obrigado!


ix

Resumo

A presente monografia com tema Violência Doméstica contra o homem: Estudo de caso do
bairro de Natikiri (2015 – 2018), tem como objectivo central analisar as causas que fazem com que os
homens, vítimas da violência doméstica, resolvam não denunciar os actos de violência praticados
pelas suas parceiras. E, de forma específica Identificar as causas que contribuem no silêncio dos
homens acerca dos actos de violência perpetrado pelas suas parceiras; Descrever como é que os
homens vítimas de violência lidam com a situação; Explicar porque que os homens vítimas de
violência optam em não denunciar os actos de violência. No que cerne a sua metodologia, foi uma
pesquisa qualitativa quanto a sua abordagem, exploratória no que concerne os seus objectivos, e foi
usada a entrevista semi-estrutura como ferramenta de recolha dos dados no terreno, foi usado uma
amostra simples ou conveniência, que envolveu 10 homens. Assim, de acordo com os resultados
constatou-se que o medo de divórcio, por ainda gostar da esposa ou por tentar manter a sua
masculinidade, leva os homens vítimas de violência doméstica a não optarem pela denúncia dos actos
de violência praticadas pelas suas esposas ou parceiras, que suportar os actos de violência, manter-se
no silêncio, afastar-se da promotora da violência, conversação com a promotora da violência e a sua
família ou recorrer bebida são as formas que os homens vítimas de violência encontram para lidar com
os actos de violência praticados pelas suas esposas e as principais causas que fazem com que os
homens vítimas de violência optam em não denunciar os actos de violência consistem na falta um
gabinete que se dedica dos casos de homens vitimas de violência, também por as autoridades não
resolver ou se dedicar com tanta eficácia nos casos em que o homem é vítima de violência. Por outra,
alguns homens não denunciam os actos de violência por questões pessoais, como a vergonha de ser
visto pela sociedade como homem fraco e subjugado pela esposa, assim esses, preferem não denunciar
a violência que passam para preservar a sua masculinidade. Com isso, sugere-se o seguinte: Que
alguns homens optem em denunciem os actos de violência que passam, seja para a família ou as
autoridades locais; Que os homens que sofrem os actos de violência não pautem pela preservação da
masculinidade, que recorram aos outrem para resolução dos problemas domésticos; Que homens
procurem saber sobre a existência das leis que os defendam da violência doméstica; Que as
autoridades procurem meios de promover os direitos ou benefícios dos homens perante a violência
domestica.

Palavras – Chave: Violência doméstica, Homens, Bairro de Natikiri


x

Abstract
This monograph on Domestic Violence against Man: A case study of the Natikiri neighborhood (2015-
2018), aims to analyze the causes that cause men, victims of domestic violence, to resolve not to report
acts of violence practiced by their partners. And, specifically, identify the causes that contribute to the
silence of men about the acts of violence perpetrated by their partners; describe how men who are
victims of violence deal with the situation; Explain why men who are victims of violence choose not
to report acts of violence. Regarding its methodology, it was a qualitative research regarding its
approach, exploratory regarding its objectives and the semi-structure interview was used as a data
collection tool in the field, a simple sample or convenience was used, which involved 10 men.
According to the results, it was found that the fear of divorce, by still liking the wife or trying to
maintain her masculinity, leads men who are victims of domestic violence not to choose to denounce
the acts of violence practiced by their wives or violence, to remain silent, to distance oneself from the
promoter of violence, to talk with the promoter of violence and to his family, or to resort to drinking
are the forms that men who are victims of violence find to deal with acts of violence committed by
their wives and the main causes that cause men who are victims of violence to choose not to report
acts of violence are a lack of a cabinet dedicated to the cases of men who are victims of violence, or to
devote himself so effectively in cases where man is a victim of violence. On the other hand, some men
do not denounce acts of violence on personal grounds, such as the shame of being seen by society as a
weak man and subjugated by the wife, so they prefer not to denounce the violence they suffer to
preserve their masculinity. Thus, it is suggested that: Some men choose to denounce the acts of
violence that they pass, be it for the family or the local authorities; That men who suffer acts of
violence do not rely on the preservation of masculinity, that they use others to solve domestic
problems; Let men seek to know about the existence of laws that defend them from domestic violence;
That the authorities seek means to promote the rights or benefits of men in the face of domestic
violence.
Key words: Domestic Violence, Men, Natikiri Ward
xi

Introdução
A presente monografia tem como tema Violência Doméstica contra o homem: Estudo
de caso do bairro de Natikiri (2015 – 2018), busca analisar as causas que fazem com que os
homens, vítimas da violência doméstica, resolvam não denunciar os actos de violência
praticados pelas suas parceiras.

Nos últimos tempos, a violência tornou-se um problema central para a sociedade sendo
um assunto discutido e estudado por várias áreas do conhecimento. Neste caso, os estudos
referem que a violência Doméstica é um problema de natureza social que vem afectando
centenas de mulheres em todo mundo. É uma amostra que traz como conceito a violência de
género atingindo mulheres de todas as faixas etárias e de diferentes classes sociais, regiões,
grupos étnicos, graus de escolaridade, orientação do desejo sexual e religião. (CÔRTES,
2012).

Assim, esses estudos incidiram sobre a violência doméstica, dando prioridade a


violência exercida contra a mulher. No entanto, em alguns casos, esta se refere apenas à
mulher como vítima e ao homem como seu respectivo agressor; sem a perspectiva de que o
oposto também possa ocorrer. (BUSH & ROSENBERG apud CAMPOS, 2016).

Na mesma ordem de ideias, MACHADO & MATOS (2012) sustentam que os estudos
defendem que a violência pode ser bi-direcional e multifacetada, sendo importante
compreender o fenómeno de violência doméstica como um todo, independentemente do sexo
da vítima ou perpetrador.

Com base nesta perspectiva, importa referenciar que nos últimos anos, o perfil de
vítima de violência doméstica tem-se transformando, evidenciando diferentes realidades,
como por exemplo, o aumento dos casos em que o homem é vítima de violência doméstica
(MATOS & SANTOS, 2014).

Internacionalmente, os dados revelam-se alarmantes. Segundo o National Crime


Victimization Survey (EUA), em 2014, a proporção de violência doméstica foi de 2.4 vítimas
por cada 1000 habitantes (US Department of Justice, 2015). Os estudos sobre a prevalência
são díspares, mas reflectem uma “nova” realidade: os homens são vítimas de violência
doméstica.

Neste contexto, a violência doméstica contra homens tem sido descurada na


investigação científica, não sendo ainda alvo de atenção social e científica.
xii

Esta realidade é notória em Moçambique, particularmente na cidade de Nampula, a


violência doméstica contra as mulheres tem sido alvo de atenções a nível social, cientifica,
judicial e entres outros, devido a vários casos de denúncia por parte das mulheres registados
nos gabinetes que se dedicam apenas em resolver casos de violências doméstica contras as
mulheres, deixando despercebido o lado oposto do caso, em que os homens são vitimas de
violência domestica pelas suas parceiras.

Assim, em Moçambique, a violência doméstica é indicada, segundo MINAYO e


CAPURCHANDE (2009: 49) como sendo um dos principais agravantes das taxas de
homicídio.

Neste caso, a sociedade civil moçambicana, representada por várias associações e


organizações não governamentais como a Liga Moçambicana dos Direitos Humanos (LDH),
o Fórum Mulher, Mulher Lei e Desenvolvimento, a Women and Lawin Southern Africa
(WLSA), a Associação das Mulheres de Carreira Jurídica, só para citar algumas, conscientes
da realidade trazida pelaviolência doméstica, conjuntamente envidaram esforços para que
oficialmente a violência doméstica fosse combatida.

Entretanto, várias são as instâncias que as mulheres recorrem para denunciar um


determinado acto de violência doméstica, e a estatística de violências doméstica apresentados
pelo INE (2013 – 2015), ilustram apenas os dados referentes a violência contras as mulheres
com base no levantamento das denúncias e registos de casos sobre a violência contra as
mulheres. Assim, com base na problemática descrita, levantou-se a seguinte questão: Quais
são as causas que fazem com que os homens, vítimas da violência doméstica, resolvam
denunciar os actos de violência praticados pelas suas parceiras?

Neste caso, para responder a problemática em questão, o trabalho tem como objectivo
principal, analisar as causas que fazem com que os homens, vítimas da violência doméstica,
resolvam denunciar os actos de violência praticados pelas suas parceiras. E, para se alcançar
esse objectivo, tem-se os seguintes objectivos específicos:

 Identificar as causas que fazem com que os homens denunciem os actos de violência
perpetrados pelas suas parceiras;
 Descrever como é que os homens vítimas de violência lidam com a situação;
 Explicar porque que os homens vítimas de violência optam em não denunciar os actos
de violência.
xiii

Hipóteses

 O intuito de preservar a sua masculinidade é uma das causas que faz com que os
homens optem em não denunciar sobre a violência que sofrem com suas parceiras;
 O desconhecimento das leis que defende os homens vítimas de violência contribui
para que os homens não denunciem sobre os actos de violência;
 A construção social sobre a personalidade e potencialidade do homem leva os
homens a não denunciar os actos de violência feitos pelas suas parceiras.

Assim, a escolha do tema surge na realidade vivida diariamente no bairro da Pedreira,


onde é notório nos últimos anos a inserção massiva de casos de violência contra os homens,
essa violência manifesta-se de diversos modos e é causada por vários factores, com isto, nota-
se o não pronunciamento dos homens que sofrem este fenómeno. É neste contexto que nasce
o intuído de procurar perceber as causas que influenciam na não denúncia dos homens vítimas
de violência doméstica.

Também, propôs-se em estudar esse tema por ser um fenómeno que preocupa muito as
entidades socais em relação a frequência da violência e procurar analisar sobre as razões que
levam os homens a não denunciar os actos de violências praticadas pelas suas parceiras e ao
passo que as mulheres fazem o contrario.

Neste caso, os resultados deste estudo podem ser usados para reflectir em torno da
violência contra os homens, que por vezes passa despercebido para muitos, as autoridades, a
comunidade científica e entre outros meios de produção de conhecimento. Também podem
contribuir na formulação de leis que possam vir privilegiar os homens que se encontram na
situação de violência doméstica, pois, os resultados revelam o lamentar dos homens sobre o
desconhecimento e não promoção das leis que beneficiam os homens vítimas de violência
doméstica.

Quanto ao contexto disciplinar o estudo enquadra-se na Sociologia das desigualdades


sociais, por esta preocupar-se em compreender ou estudar as desigualdades sociais em todas
suas dimensões.

No que concerne a estrutura do trabalho, ele é composto por três momentos ou


capítulos, a saber:

Capitulo I: Enquadramento Teórico e Conceptual: neste primeiro capítulo, faz-se


descrição de diferentes abordagens narradas sobre o assunto em estudos resultantes da
xiv

pesquisa bibliográfica, discute-se as questões relacionadas directa ou indirectamente a


violencia domestica contra o homem.

Capitulo II: Metodologia, neste segundo capítulo, faz-se referência dos


procedimentos metodológicos utilizados para posicionar os resultados alcançados, visto que,
são descritos os processos para a realização da monografia e bem como todas as complicações
encaradas no campo de pesquisa e por último apresenta-se as particularidades e o
posicionamento geográfico do local do estudo.

Capitulo III: Apresentação, Discussão e Interpretação dos resultados: neste terceiro e


último capitulo, é feita apresentação, analisa e interpretação dos dados colectados no campo,
não só, faz-se a revisão das hipóteses com objectivo de validar ou invalidar que foram
avançadas consoante o problema da pesquisa.
xv

CAPITULO I: FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA E CONCEPTUAL

Neste capítulo apresentamos e definimos os conceitos fundamentais que dão sustento


ao tema em estudo, seguindo diferentes perspectivas. Também, apresentarmos a teoria que
ajudou-nos a explicar o nosso estudo.

1.1. Enquadramento teórico

1.1.1. Teoria Construtivista

Para a concretização deste trabalho, sobretudo, no que diz respeito a teoria de base,
propôs-se no presente trabalho como teoria de base a teoria construtivista ou teoria de
construção social. Essa teoria facultou na percepção sobre as razões que fazem com que os
homens, vítimas da violência doméstica, resolvam não denunciar os actos de violência
praticados pelas suas parceiras.

Assim sendo, BERGER e LUCKMANN (1978:35), na sua obra “A Construção Social


da Realidade: Tratado de Sociologia do Conhecimento”, fundamentam que, “a vida
quotidiana apresenta-se como uma realidade interpretada pelos homens e subjectivamente
dotada de sentido para eles na medida em que forma um mundo coerente ou seja, cada
indivíduo possui a sua interpretação particular e pessoal da realidade da vida quotidiana”.

Consoante a abordagem acima, pode-se salientar que estas interpretações constituem o


senso comum e respondem às preocupações dos indivíduos, fazem o uso do conhecimento do
senso comum de forma natural, tomando o mundo da vida quotidiana como uma realidade
certa.

Na óptica de BACZKO (1985), a construção social de uma realidade, manifestada pelo


imaginário social, proporciona informações sobre a realidade, apelando a um certo
comportamento. Por via dessa apelação, susceptível de aderência dos membros de uma
sociedade, constitui-se um sistema de valores que modela os comportamentos destes, levando-
os a atitudes colectivas.

A construção social aqui referida ocorre por via de interacção entre os indivíduos no
seu quotidiano, tal como referem Berger e Luckmann que a existência no mundo da vida
quotidiana, está condicionada pela interacção com outros indivíduos, portanto, os dois autores
afirmam que “não se pode existir na vida quotidiana sem estar continuamente em interacção
e em comunicação com os outros”.
xvi

Com isto, percebe-se que a interacção e a comunicação com os outros só se tornam


possível se existir uma contínua correspondência entre os meus significados e os significados
do outro.

Segundo Von GlaserFeld (1994, 1995) apud MORAIS (2002), “o indivíduo constrói o
conhecimento através de suas crenças com os alicerces da sua construção do mundo”.

Mediante disso, a realidade deve ser vista como uma construção social desenvolvida
através de práticas sociais específicas de cada contexto histórico. Trata-se de considerar o
imaginário social expressado mediante símbolos, condutas, rituais, mitos, que de forma
contínua ou descontinuada, reflectem as ideologias e utopias que tornam estáticas ou
dinâmicas as visões sobre o mundo em geral.

Neste sentido, a vida quotidiana impõe-se á nossa consciência de forma maciça,


urgente e intensa sendo difícil ignorá-la e diminuir a sua presença imperiosa.

Portanto, a partir desta teoria pode captar as reais motivações que fazem com os
homens, vítimas da violência doméstica, resolvam manter o silêncio sobre os actos de
violência praticados pelas suas parceiras.

1.2. Conceptual

1.2.1. Breve historial da violência


Etimologicamente, o termo violência provém do latim violentia, relacionado a vis e
violare, porta os significados de força em acção, força física, potência, essência, mas também
de algo que viola, profana, transgride ou destrói. (XAVIER, 2008:21).

Neste sentido, a definição de Violência doméstica, embora complexa e distinta de


cultura para cultura é inequívoca para os profissionais que se debruçam sobre este fenómeno.
Assim, a violência doméstica adquiriu relevo na década de 60, como uma violação dos
Direitos Humanos, no entanto pode-se constatar que de acordo com a história da sociedade
este fenómeno não é novo, uma vez que, tradicionalmente a sociedade apresentava como parte
integrante dinâmicas violentas familiares.

Na sociedade pré-industrial, de acordo com GELLES (1997) citado por ANDRADE


(2004:6) as crianças podiam ser mortas por chorarem demasiado, ou se nascessem
deformadas. Este infanticídio acontecia maioritariamente aos filhos de mães solteiras,
meninas e gémeos. E por isso podemo-nos deparar com uma sociedade violenta, em que
comportamentos hoje considerados criminosos, eram aceites.
xvii

Para TELES e MINAYO (2011) apud MUENDANE (2012:19) “a violência é, no


geral, entendida como um fenómeno sócio-histórico complexo e que deve ser abordado
respeitando as dimensões espaço e temporais”.

Com base no posicionamento dos autores supra mencionados reside a ideia de que a
modalidade da manifestação da violência e a sua motivação devem ser reflectidos dentro de
um contexto sócio-histórico específico. Assim, se entre a Antiguidade e a Idade Média a
violência era motivada por questões ligadas à mera sobrevivência dos indivíduos e exploração
de uns pelos outros, na Modernidade a manifestação desta é justificada por factores como
pobreza, desemprego, exclusão sócio-política, desigualdades sociais e a falta de acesso aos
recursos básicos para a sobrevivência na sociedade moderna.

No entanto, foi na segunda metade do século XX que a violência doméstica saiu da


esfera privada e se torna uma questão pública, tendo vindo a ganhar uma maior visibilidade.
Hoje é foco de atenção da ciência, da política e do discurso dos media.

Partindo desse pressuposto importa ressaltar que o termo “violência doméstica” vem
sendo alterado ao longo do tempo, tal como destaca DIAS (2014:15) “a violência entre
parceiros íntimos teve várias denominações ao longo do tempo, durante a primeira metade
do século XX, foi retratada como intrafamiliar, nos anos 70, passou a ser denominada de
violência contra a mulher, na década de 80, passou a ser chamada de violência doméstica;
por fim, a partir da década de 90, intitulou-se violência de género”.

Assim, após todas estas definições, actualmente a violência específica entre casais tem
se intitulado como violência entre parceiros íntimos. Esse termo não faz limitações apenas à
violência contra a mulher ou somente em relações heterossexuais, mas abrange as novas
configurações familiares presentes na contemporaneidade.

Contudo, cada sociedade de acordo com as suas regras e normas terá critérios
diferentes para a designação do que é a violência na própria cultura.

1.2.2. Violência Doméstica


MACHADO & GONÇALVES (2002) nas suas abordagens sustentam que,

Considera-se violência doméstica qualquer acto, conduta ou


omissão que sirva para infligir, reiteradamente e com
intensidade, sofrimentos físicos, sexuais, mentais ou
económicos, de modo directo ou indirecto (por meio de
ameaças, enganos, coacção ou qualquer outro meio) a qualquer
pessoa que habite no mesmo agregado doméstico privado
xviii

(pessoas – crianças, jovens, mulheres adultas, homens adultos


ou idosos a viver em alojamento comum) ou que, não habitando
no mesmo agregado doméstico privado que o agente da
violência, seja cônjuge ou companheiro marital ou ex-cônjuge
ou ex-companheiro marital.

A conceptualização dos autores supracitados focaliza que a violência doméstica pode


ser vista como um comportamento violento continuado ou um padrão de controlo coercivo
exercido, directa ou indirectamente, sobre qualquer pessoa que habite no mesmo agregado
familiar ou que, mesmo não coabitando.

Ainda com mesmo teor MACHADO e GONÇALVES avançam que este padrão de
comportamento violento continuado resulta, a curto ou médio prazo, em danos físicos,
sexuais, emocionais, psicológicos, imposição de isolamento social ou de privação económica
à vítima, visa dominá-la, fazê-la sentir-se subordinada, incompetente, sem valor ou fazê-la
viver num clima de medo permanente.

De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS, 1998:7), “a violência


doméstica consiste em ameaça ou utilização intencional da força física e/ou força psíquica,
que pode ser usada contra si mesmo, contra outros, grupo ou comunidade; que ameaça ou
coloca fortemente em risco de um traumatismo, ou de prejuízo para as suas acções
psicológicas, um mau desenvolvimento ou privações”.

Assim, o relatório Mundial da Saúde de 2002 da OMS enfatiza que a violência tem
aumentado a mortalidade entre os indivíduos e é responsável por um elevado índice de
morbilidade, sequelas tardias em populações de idosos, crianças e mulheres, considerados
mais vulneráveis.

É neste contexto que a Organização Mundial de Saúde, assume a violência doméstica


como sendo um problema que não afecta apenas a família mas a sociedade em geral,
considerando-a um problema ao nível da saúde pública que compromete o desenvolvimento
saudável da pessoa agredida, mas também de toda a sociedade.

A Organização das Nações Unidas (ONU) (2004) citada por QUARESMA (2012), por
seu turno fomenta que “a violência doméstica consiste na violência que ocorre na esfera da
vida privada, geralmente entre indivíduos que estão relacionados por consanguinidade ou
por intimidade”.
xix

Com base na definição dada pela ONU compre-se que a violência domestica é um
fenómeno social que abrange a todos indivíduos, sem distinção de género ou sexo, visto que a
violência doméstica consiste me qualquer acção intencional, perpetrada por indivíduo, grupo,
instituição, classes ou nações dirigida a outrem, que cause prejuízos, danos físicos, sociais,
psicológicos e (ou) espirituais.

A perspectiva acima nos remete a visão da MANITA (2004:19), quando afirma que
“no âmbito conjugal a violência doméstica é um fenómeno transversal, que não se reporta
apenas à violência do homem para com a mulher, mas também a situação inversa, estando
presente também em casais homossexuais, tanto femininos como masculinos”.

A autora acima mencionada ressalva este factor de transversalidade da violência nas


relações conjugais devido o início do estudo da violência entre parceiros íntimos, se baseava
na tese de a mulher ser a única vítima deste; porém e embora os relatórios médicos,
estatísticas, entre outros, mostrem que estas são as principais vítimas da violência doméstica,
outros autores, baseados em estudos.

Contudo, a violência doméstica considera-se um fenómeno transversal a todas as


sociedades, no entanto a sua definição não é universal. Esta pode ser, entendida como um
comportamento contínuo praticado, directa ou indirectamente sobre qualquer indivíduo que
habite o mesmo agregado familiar ou que não coabitando seja companheiro, ex-companheiro
ou familiar.

1.2.3. Tipos de Violência Doméstica

Na óptica GUERRA (2016:31), a violência doméstica ou conjugal é exercida de


múltiplas formas e tende a aumentar em frequência, intensidade e, logo, gravidade dos actos
perpetrados (e risco para a vítima). Assim a tipologia mais frequentemente utilizada distingue
os seguintes tipos de violência doméstica:

 Violência Física – consiste no uso da força física com o objectivo de ferir ou causar
dano físico ou orgânico, deixando ou não marcas evidentes. Engloba actos como
empurrar, puxar o cabelo, dar estaladas, murros, pontapés, apertar os braços com
força, apertar o pescoço, bater com a cabeça da vítima na parede, armários ou outras
superfícies;
xx

 Violência Psicológica – consiste em actos, condutas, omissões ou exposição a


situações que alterem ou possam alterar o estado afectivo necessário para o
desenvolvimento psicológico normal, tais como: insultos, ameaças, humilhações e
isolamento;
 Violência Sexual – consiste em toda a forma de imposição de práticas de cariz sexual
contra a vontade da vítima (violação, exposição a práticas sexuais com terceiros,
forçar a vítima a manter contactos sexuais com terceiros, exposição forçada a
pornografia), recorrendo a ameaças e coação ou, muitas vezes, à força física para a
obrigar. Dito de outro modo, é toda a actividade dirigida a realização de actos sexuais
contra a vontade da mulher; esta vai desde qualquer tipo de contacto sexual não
desejado até a intenção de violar ou a própria violação;
 Violência Económica – é controlo e limitação de recursos económicos e acções que
impedem o acesso aos bens e serviços;
 Violência Social – são actos e comportamentos que limitam as relações sociais e
familiares, que isolam a mulher e não lhe permitem a utilização das redes de apoio.

1.2.4. Violência doméstica como um fenómeno Social

Na análise da violência doméstica, enquanto fenómeno social, é necessário ter em


conta a forma como cada indivíduo a percepciona. Percepção esta que é influenciada pelo
contexto sociocultural em que se insere e pelas suas percepções pessoais (DIAS, 2004).

Assim sendo, para a análise deste fenómeno importa perceber o significado que o
sujeito atribui aos actos violentos, perceber como este configura a violência doméstica, tendo
em conta a cultura que o rodeia. Visto que, os indivíduos e grupos ao atribuir sentido às suas
condutas e compreender a realidade através do seu próprio sistema de referências.

Com base nesta perspectiva, GONÇALVES e MACHADO (2002:86) mencionam que


a crescente visibilidade deste fenómeno se deve à alteração das valorizações de certos actos
ou seja à forma como os indivíduos e as sociedades representam e percepcionam os actos
cometidos. Por isso, a violência doméstica permaneceu, segundo os mesmos autores, dentro
de portas, só o passar do tempo foi mostrando a família como um lugar de violência.

Assim, a violência doméstica é, consensualmente vista como sendo, um fenómeno que


faz parte da experiência de muitos lares e a casa é considerada o espaço privilegiado da
violência. E, é ainda mais, vista como sendo transversal a todas as classes sociais,
xxi

diferenciando-se contudo quando analisada segundo as suas motivações e formas de


manifestação.

Segundo estudos feitos sobre o fenómeno, a violência doméstica não atinge só os lares
de estratos mais baixos, pois classes de posição social elevada (médicos, políticos e
professores universitários), cometem também esta prática (Idem).

Em geral, vários são os factores apontados como estando por detrás da manifestação
da violência doméstica, desde factores da ordem psicológica a factores de ordem cultural.

Desses factores, segundo ALVES (2005), “consistem em perturbações mentais;


frustração; alcoolismo ou toxicodependência; problemas financeiros; desemprego; vivências
infantis de agressão ou violência parental”.

Entretanto, pode-se afirmar que desde problemas psicológicos do indivíduo (agressor)


a questões ligadas a uma trajectória social exposta á situações de violência, podem levar o
indivíduo a se tornar num potencial actor de violência doméstica.

1.2.5. Violência doméstica contra os homens: alguns Estudos científicos sobre homens
vítimas de violência doméstica

As literaturas sobre a violência doméstica contra o homem revelam que este fenómeno
é ainda uma realidade pouco estudada, em parte devido à resistência face à denúncia e à
partilha de vivências por parte dos mesmos. Pode afirmar-se que embora os registos
demonstre que as mulheres sofram as mais elevadas taxas de violência, também os homens se
vêem envolvidos em relações conjugais violenta.

Assim, os estudos defendem que a violência pode ser bi-direcional e multifacetada


sendo importante compreender o fenómeno de violência doméstica como um todo,
independentemente do sexo da vítima ou perpetrador. Para tal, é crucial admitir que a
violência doméstica não se circunscreve só a vítimas no feminino e que a investigação não se
deve focar apenas em quem perpetra mais, nem em quem é mais vítima deste fenómeno.
(MACHADO & MATOS, 2012).

Ainda na óptica dos autores supracitados, segundo os dados mais recentes do National
Crime Victimization Survey, 18% dos homens inquiridos foram vítimas de violência
doméstica. E a nível europeu, dados da organização Parity revelaram que aproximadamente
40% das vítimas de violência doméstica eram homens.
xxii

A revisão da literatura de Desmarais, Reeves, Telford, e Fiebert (2012) revelou que


um em cada cinco homens é vítima de violência doméstica. Costa, Lindert, Hatzidimitriadou,
Sundin, Toth, Ioannidi-Kapolo e Barros (2015) avaliou a prevalência de violência doméstica
na Europa, revelou que homens e mulheres apresentavam prevalências similares para a
vitimação e para a perpetração, exceptuando a coerção sexual que é maioritariamente
perpetrada por homens. O mesmo estudo informou ainda que a mulher tendencialmente
pratica mais violência física do que o homem, dados que são congruentes com a meta-análise.
(CAMPOS, 2016:6).

Num estudo de estudo de 1994 de Carrato et all apresentado no trabalho de SILVA


(2012:39), demonstra que noventa por cento das mulheres que agridem os homens fazem-no
porque se encontram furiosas, ciumentas, sobre efeito de drogas ou álcool, devido a impulsos
violentos ou para o controlar e não em auto-defesa.

Além desta perspectiva o estudo revela ainda que a não representatividade da realidade
da violência doméstica contra o homem deve-se ao facto destes:

 Não serem considerados em recolhas de dados;


 Em alguns estudos realizados foi impossível concretizar a análise estatística uma vez
que a violência doméstica contra o homem foi muito pouco referida;
 Normalmente as pesquisas neste sentido indicam que os homens têm mais recursos
para sair das relações íntimas violentas antes mesmo de ocorrer um abuso violento
considerado grave.

No entanto, os pontos acima referenciados sobre as dificuldades existentes em abordar


sobre a violência doméstica contra os homens, verifica-se no contexto Moçambicano, visto
que, os dados estatísticos e os estudos científicos realizados se cingem muitos mais na
violência doméstica que ocorre contra a mulher.

1.2.6. Violência doméstica em Moçambique


A violência doméstica, é uma violação dos direitos fundamentais do Homem e pode
ter impacto na saúde física e psíquica da vítima no momento da ocorrência e assim como no
futuro. Na maioria dos países africanos a prática de violência doméstica é comum.
Moçambique, não é excepção, pois, o país conta com mais de 20 mil casos de violência
doméstica reportados, com destaque violência contra mulheres e crianças. Este número de
casos reportados pode não corresponder a realidade do que se passa no país todo, pois muitas
xxiii

vítimas podem preferir manterem-se no silêncio por necessidade de protecção do agressor ou


considerar como uma situação normal (INE, 2017:7).

Em Moçambique a prática de violência doméstica é crime e é punível por lei. Segundo


o Inquérito de Indicadores Múltiplos (MICS, 2008) as atitudes de aceitação de violência
doméstica são mais frequentes nas áreas rurais que nas áreas urbanas.

Na actualidade, a principal fonte de dados sobre a violência doméstica são as


autoridades policiais, de onde as vitimas tem se dirigido para denunciar as ocorrências. No
entanto, a outra parte de informação é captada a partir dos serviços de saúde, quando vitimas
se dirigem para os cuidados e tratamento pós-violência, que são denunciados as autoridades
policiais. Umas das fontes de informação sobre violência doméstica são os inquéritos por
amostragem realizados pelo INE, por exemplo: O Inquérito Demográfico e de Saúde (IDS) e
o Inquérito de Indicadores Múltiplos (MICS). (Idem).

Na óptica de MINAYO & CAPURCHANDE (2009: 49), “em Moçambique, a


violência doméstica é indicada, como sendo um dos principais agravantes das taxas de
homicídio”.

Neste sentido, a sociedade civil moçambicana, representada por várias associações e


organizações não governamentais como a Liga Moçambicana dos Direitos Humanos (LDH),
o Fórum Mulher, Mulher Lei e Desenvolvimento, a Women and Law in Southern Africa
(WLSA), a Associação das Mulheres de Carreira Jurídica, só para citar algumas, conscientes
da realidade trazida pela violência doméstica, conjuntamente envidaram esforços para que
oficialmente a violência doméstica fosse combatida.

Assim, foi num longo processo de campanhas e debates promovidos a nível nacional
sobre o combate á violência doméstica contra a mulher que foi elaborado um dispositivo legal
exclusivamente virado para a luta contra a violência doméstica praticada contra a mulher, a
Lei 29/2009.

Portanto, a elaboração da proposta de Lei contra a violência doméstica foi baseada nos
princípios defendidos na Constituição da República de Moçambique e na Declaração
Universal dos Direitos Humanos. Tanto a Constituição da República assim como a
Declaração Universal dos Direitos Humanos defendem o princípio de igualdade de direitos
entre os homens e as mulheres.
xxiv

1.2.6.1. A Lei nº 29/2009 de 29 de Setembro


A Lei 29/2009 de 29 de Setembro – consiste na violência doméstica praticada contra a
mulher, foi aprovada pela Assembleia da República aos 21 de Julho de 2009 e promulgada no
dia 1 de Setembro de 2009 e, entrou em vigor 180 dias após a sua publicação.

Esta Lei defende, nos três primeiros artigos do seu primeiro capítulo, o seguinte:

Artigo 1:

1- A presente Lei tem como o objecto a violência praticada contra a mulher, no


âmbito das relações domésticas e familiares e de que não resulte a sua morte.

2- Nos casos em que dos actos de violência resulte a morte, são aplicadas as
disposições do Código Penal.

Artigo 2:

É objectivo desta Lei prevenir, sancionar os infractores e prestar às mulheres vítimas


da violência doméstica a necessária protecção, garantir e introduzir medidas que forneçam
aos órgãos do Estado os instrumentos necessários para a eliminação da violência doméstica.

Artigo 3:
A presente Lei visa proteger a integridade física, moral, psicológica, patrimonial e
sexual da mulher, contra qualquer forma de violência exercida pelo seu cônjuge, parceiro,
ex-parceiro, namorado, ex-namorado e familiares.

Entretanto, os artigos acima citados mostram claramente que, a lei em alusão foi criada
para servir como um dispositivo legal que proteja a mulher da prática da violência doméstica.
Esta lei prevê igualmente as formas de sancionar os agressores.

1.2.6.2. Tendências de Casos de Violência Doméstica


No período de 2014 a 2016, o país apresentou aumento de casos de violência
doméstica reportados, ao passar de mais de 23 mil para 25 mil, o que resultou também no
aumento do rácio em cada 10000 pessoas (INE, 2017:9).

No geral, mais de 60 % de casos de violência doméstica foram reportados em adultos e


40 % em crianças. Segundo os resultados de uma pesquisa apresentados pelo INE de 2014-
2016 o número de casos de vítimas de violência doméstica aumentou em 3% em adultos e
15% em crianças.
xxv

Assim, portanto, os resultados demonstram também que o número acumulado de casos


de adultos e crianças vítimas de violência doméstica de 2014 a 2016 por província, onde
Nampula registou mais casos de crianças vítimas de violência doméstica com um total de
5534, enquanto a Província de Tete registou menos casos com 902 registos. As províncias de
Sofala, Maputo e Cidade de Maputo, foram as que registaram mais casos de violência
doméstica em adultos com 6136, 5939 e 5583 respectivamente. (Idem)
xxvi

CAPITULO II: METODOLOGIA

Os procedimentos metodológicos que tornaram possível à materialização deste


trabalho estão classificados segundo a sua natureza, em método de abordagem e método de
procedimento.

Assim sendo, no presente trabalho foi usado o método indutivo como método de
pesquisa, visto que, parte de algo particular para uma questão mais ampla, mais geral.

Para LAKATOS e MARCONI (2003:86):

Indução é um processo mental por intermédio do qual, partindo de


dados particulares, suficientemente constatados, infere-se uma
verdade geral ou universal, não contida nas partes examinadas.
Portanto, o objectivo dos argumentos indutivos é levar a conclusões
cujo conteúdo é muito mais amplo do que o das premissas nas quais se
basearam.

De acordo com a perspectiva acima, importa ressaltar que essa generalização não
ocorre mediante escolhas a priori das respostas, visto que essas devem ser repetidas,
geralmente com base na experimentação. Isso significa que a indução parte de um fenómeno
para chegar a uma lei geral por meio da observação e de experimentação, visando a investigar
a relação existente entre dois fenómenos para se generalizar.

Na mesma ordem ideia, GIL (2008:10) sustenta que “O método indutivo procede
inversamente ao dedutivo: parte do particular e coloca a generalização como um produto
posterior do trabalho de colecta de dados particulares”.

Neste contexto, o raciocínio indutivo, a generalização deriva de observações de casos


da realidade concreta. As constatações particulares levam à elaboração de generalizações.
Entre as críticas ao método indutivo, a mais contundente é aquela que questiona a passagem
(generalização) do que é constatado em alguns casos (particular) para todos os casos
semelhantes (geral).

Com base nos aspectos acima, reside a ideia de que no método indutivo, partimos da
observação de factos ou fenómenos cujas causas desejamos conhecer. A seguir, procuramos
compará-los com a finalidade de descobrir as relações existentes entre eles. Por fim,
procedemos à generalização, com base na relação verificada entre os fatos ou fenómenos.
xxvii

2.1. Métodos de abordagem

2.1.1. Tipo de Pesquisa

A pesquisa quanto ao tipo é classificada, quanto a abordagem, natureza e objectivos.

No que diz respeito a abordagem, o presente trabalho foi usado abordagem qualitativa.
Porque neste tipo de abordagem, o pesquisador vai se cingir nas abordagens dos entrevistados
ou dos dados originais fornecidos pelos entrevistados.

Para MINAYO (2001) apud GERHARDT e SILVEIRA (2009:32), “a pesquisa


qualitativa trabalha com o universo de significados, motivos, aspirações, crenças, valores e
atitudes, o que corresponde a um espaço mais profundo das relações, dos processos e dos
fenómenos que não podem ser reduzidos à operacionalização de variáveis”.

Com base na visão supracitada, compreende-se que a pesquisa qualitativa não se


preocupa com representatividade numérica, mas, sim, com o aprofundamento da compreensão
de um grupo social, de uma organização.

E, quanto a sua natureza, o presente trabalho é carácter aplicada, porque objectiva


gerar conhecimentos para aplicação prática, dirigidos à solução de problemas específicos.
Envolve verdades e interesses locais.
Na óptica de SILVEIRA (s.d), “A pesquisa de natureza aplicada é aquela em que o
investigador é movido pela necessidade de contribuir para fins práticos, maior ou menos
imediatos, buscando soluções para problemas concretos”.

Trilhando na perspectiva acima exposta, percebe-se que a pesquisa aplicada objectiva


gerar conhecimentos para aplicação prática, dirigidos à solução de problemas específicos.
Envolve verdades e interesses locais.

No entanto, em relação ao objectivo a pesquisa em questão é exploratória, pelo facto


de a pesquisadora pretender familiarizar-se com a problemática da violência doméstica contra
os homens e analisar de forma geral as causas que levam os homens vítimas de violência a
manter o silêncio sobre os actos de violência praticados pelas suas parceiras.

Segundo GIL (2002:41) “as pesquisas exploratórias têm como objectivo proporcionar
maior familiaridade como problema, com vistas a torná-lo mais explícito ou a constituir
hipóteses. Pode-se dizer que estas pesquisas têm como objectivo principal o aprimoramento
de ideias ou a descoberta de intuições”.
xxviii

Na maioria dos casos, essas pesquisas envolvem: levantamento bibliográfico;


entrevistas com pessoas que tiveram experiências práticas como problema pesquisado; e
análise de exemplos que estimulem a compreensão.

2.2. Métodos de Procedimentos


Quanto ao método de procedimentos, o estudo foi de campo. Este estudo procura o
aprofundamento de uma realidade específica. É basicamente realizada por meio da
observação directa das actividades do grupo estudado e de entrevistas com informantes para
captar as explicações e interpretações que ocorre naquela realidade. (GIL, 2002:52)

Na óptica de VENTURA (2002:79) “a pesquisa de campo deve merecer grande


atenção, pois devem ser indicados os critérios de escolha da amostragem (das pessoas que
serão escolhidas como exemplares de certa situação), a forma pela qual serão colectados os
dados e os critérios de análise dos dados obtidos”.

Os dados foram colhidos por meio de três (3) técnicas: entrevista, observação simples
e história oral. Segundo HAGUETTE (1999:86), “a entrevista é um processo de interacção
social, no qual o entrevistador tem a finalidade de obter informações do entrevistado, através
de um roteiro contendo tópicos em torno de um problema central”.

O tipo de entrevista que foi usado é entrevista semi-estruturada. Neste caso,


GONÇALVES (2004:182) sustenta que, “entrevista semi-estruturada intercala perguntas do
roteiro e outras que surgem com o desenvolver da entrevista”.

A razão da escolha deste tipo de entrevista deu-se pelo facto de a mesma permitir o
entrevistado a possibilidade de expressar as suas experiências a partir dos pontos principais
elaborados para a entrevista, e permitindo de igual modo respostas livres e espontâneas do
informante e ao entrevistador colocar perguntas ao longo da conversação que não estavam
previstas no roteiro.

A observação simples é aquela em que o pesquisador, permanecendo alheio à


comunidade, grupo ou situação que pretende estudar, observa de maneira espontânea os factos
que aí ocorrem. (GIL, 2008:101).

Neste procedimento, o pesquisador é muito mais um espectador que um actor. Daí por
que pode ser chamado de observação reportagem, já que apresenta certa similaridade com as
técnicas empregadas pelos jornalistas.
xxix

A história oral, “é uma técnica de colecta de dados baseada no depoimento oral,


gravado, obtido através da interacção entre o especialista e o entrevistado, actor social ou
testemunha de acontecimentos relevantes para a compreensão da sociedade”. (HAGUETTE,
1999:95).

2.2.1. População e amostra


A amostra é uma parcela convenientemente relacionada do universo ou população em
estudo, isto é, é um subconjunto do universo (MARCONI & LAKATOS, 2007:175).

A amostra da nossa pesquisa é constituída pelos homens vítimas de violência


doméstica praticada pelas suas parceiras. Neste caso, será usada uma mostra simples ou
convencional, que consistem em o pesquisador, permanecendo alheio à comunidade, grupo ou
situação que pretende estudar, observa de maneira espontânea os factos que aí ocorrem.

No entanto, amostra da população alvo para esta pesquisa será de 10 indivíduos,


sobretudos, os homens que sofrem ou sofreram alguma violência doméstica pelas suas
parceiras ou companheiras.

Baseando assim, nos registos de tendência de casos de violência doméstica


apresentados pelo INE no período de 2014 a 2016, onde Moçambique apresentou um aumento
de casos de violência doméstica, ao passar de mais de 23 mil para 25 mil, o que resultou
também no aumento do rácio em cada 10000 pessoas (INE, 2017:9).

Neste contexto, no geral mais de 60 % de casos de violência doméstica foram


reportados em adultos e 40 % em crianças. Segundo os resultados de uma pesquisa
apresentados pelo INE de 2014-2016 o número de casos de vítimas de violência doméstica
aumentou em 3% em adultos e 15% em crianças.

2.2.2. Local de estudo: Cidade de Nampula – Bairro de Natikiri

2.2.2.1. Localização geográfica e limites da Cidade de Nampula


A cidade de Nampula localiza-se aproximadamente no Centro do espaço geográfico do
distrito que respondo por Nampula, também, um pouco afastado para o norte e ocupa uma
área de 404 km2. Do este para oeste tem uma extensão de 24,5 km entre os meridianos 39 o 23’
28” e 39o 10’ 00” Este; no sentido norte. Sul estende-se por 20,25 km a partir da barragem do
rio Monapo a um altitude de 15o 01’33” S ate ao riacho Muepelume no paralelo 15o 13’15”S”.
(ARAÚJO, 2005: 210).
xxx

De acordo com Lopes (1995: 5), fundamenta que “a cidade de Nampula encontra-se
rodeado taxativamente pelo distrito de Nampula, pelo qual ocupa uma posição sensivelmente
central”.

I. Norte, o Rio Monapo, que separa do Posto Administrativo de Rapale;


II. Oeste, os Postos Administrativos de Rapale, Namaita e Anchilo,
III. Sul e Este, ainda pelo Posto Administrativo de Anchilo.

2.2.2.2. Divisão Administrativa da Cidade de Nampula


A cidade está organizada em 6 posto administrativos urbanos que estes por sua vez são
compostos por 18 bairros, consoante a exposição da tabela abaixo.

Assim, o posto administrativo central constitui a cidade de cimento, com 6 bairros,


além disso, a distribuição administrativa é de maneira radical e em cada bairro estende-se o
limite do posto administrativo central que faz limite com o distrito de Nampula. (LOPES,
1995: 6).

Tabela 1 - Divisão administrativa da cidade de Nampula

No POSTO BAIRROS
01 Central Bombeiros, 25 de Setembro, 1o de Maio,
Limoeiro, Liberdade e Militar
02 Muhala Muhala, Namutequeliua e Muahivire
03 Muatala Muata e Mutuanha
04 Natikiri Marrere, Natikiri e Murrapaniua
05 Napipine Napipine e Carrupeia
06 Namicopo Namicopo e Mutave Rex

Fonte: ARAÚJO (2013: 205)

2.2.3. Constrangimento da Pesquisa


Durante a pesquisa enfrentamos certas limitações, essas limitações foram registados
em duas fases, a fase bibliográfica e na fase de trabalho de campo.

Assim sendo, na fase bibliográfica do trabalho enfrentamos dificuldade na aquisição


de matérias bibliográficos que abordam sobre a violência doméstica contra os homens no
contexto moçambicanos. E na fase de trabalho de campo, registamos dificuldade durante a
entrevista, onde os entrevistados numa primeira fase demonstraram recusa da entrevista, mas
foi ultrapassada, após lhes garantir confidencialidade das informações.
xxxi

CAPITULO III: ANALISE E INTERPRETAÇÃO DOS RESULTADOS

Neste capítulo, faz-se análise dos dados colhidos no campo, de acordo com os
objectivos específicos previamente traçados. Assim, fez-se a apresentação, análise e
interpretação de dados assim como a discussão e validação das hipóteses tendo como suporte
os dados colectados por meio da entrevista, com intuito de responder a questão ou o problema
levantado.

Neste contexto, para a materialização do presente trabalho a amostra consistiu em


homens que vivem maritalmente e que os mesmos se encontram em situação de violência
doméstica, tal como indicam os nossos objectivos.

Assim, durante a recolha de dados garantiu-se a confidencialidade das identidades dos


nossos entrevistados, de modo a colaborarem durante o processo de entrevista, por isso os
dados colhidos foram codificados, com vista a manter aquilo que foi o acordo na obtenção dos
dados no campo. Portanto, os nomes que foram arrolados neste trabalho não são nomes reais,
são nomes fictícios ou imaginários.

3.1. Percepções sobre a Violência Doméstica entre casais

A violência doméstica entre casais ocorre de diversos modos, por isso, julgamos
necessário procurar compreender a percepção que os nossos entrevistados têm acerca deste
fenómeno. Assim sendo, os nossos entrevistados possuem percepções diferenciados sobre a
violência doméstica entre casais, mas todos vão ao encontro da ideia da falta de algo no
relacionamento e também na ideia de agressão, seja ela, física, psicológica, sexual e entre
outros. Tal como ilustram os depoimentos que se seguem:

“Eu considero a violência doméstica entre os casais como a falta de diálogo ou


compreensão entre os casais e falta de um bom gesto dentro do lar” (SAMUEL,
casado, possui nível médio).

“É falta de entendimento entre os casais, por exemplo, quando uma mulher ou homem
não cumpre com os seus deveres, e cada um começa falar muito e faltando respeito ao
outro” (MIGUEL, casado, possui nível básico).

Além dessa perspectiva, outros olham como sendo uma forma de agressão ao outrem
dentro do relacionamento marital, o mesmo pode confirmar-se no depoimento a baixo:
xxxii

“Violência doméstica entre casais é quando um homem agride sua esposa, batendo
ela ou falar-lhe coisas desrespeitosas”. (ANTÓNIO, casado, nível básico de
escolaridade).

“Para mim, violência domestica e quando um homem bate uma mulher e uma mulher
bate num homem” (ABDUL, casado, nível médio de escolaridade).

Com estes depoimentos, percebe-se que a VD (violência domestica), é um acto de


desvio social praticado contra alguém de modo a feri-lo. No entanto, essa percepção dos
nossos entrevistado vão encontro do pensamento que sustenta que considera-se violência
doméstica qualquer acto, conduta ou omissão que sirva para infligir, reiteradamente e com
intensidade, sofrimentos físicos, sexuais, mentais ou económicos, de modo directo ou
indirecto (por meio de ameaças, enganos, coacção ou qualquer outro meio) a qualquer pessoa
que habite no mesmo agregado doméstico privado (pessoas – crianças, jovens, mulheres
adultas, homens adultos ou idosos a viver em alojamento comum) ou que, não habitando no
mesmo agregado doméstico privado que o agente da violência, seja cônjuge ou companheiro
marital ou ex-cônjuge ou ex-companheiro marital1.

3.2. Os tipos de violência sofrido pelos homens

Para compreender o tipo de violência que os homens abrangidos pela pesquisa sofrem,
primeiro procuramos saber como forma de sondagem se os nossos entrevistados já tinham
passado ou ainda passam por uma situação de violência perpetrada pelas suas parceiras ou
esposas. Onde no mesmo questionamento, esses afirmaram terem passado ou ainda sofrem
actos de violências oriundos nas suas esposas ou parceiras.

Nesta contenda, quanto aos tipos de violências que os homens vítimas de violência sofrem, os
nossos entrevistados revelaram que o tipo de violência que mais sofrem é a violência física,
psicológica e psicologia. Os depoimentos que se seguem ilustram essa realidade:

“Foi física, aconteceu quando eu estava desconfiando de ela, que estava me traindo e
quando quis tirar satisfação com isso, ela exaltou-se e acabamos em espancamento,
onde ela bateu-me com pau no rosto e fiquei inchado toda cabeça”. (HÉLDER, união
de facto).

“Física, ela me bate sempre que chego tarde e embriagado a casa, mas eu a deixo”.
(CARLOS, união de factos, nível médio de escolaridade).
1
Machado & Gonçalves (2002)
xxxiii

No entanto, a violência física pode consistir muitas vezes no uso da força física com o
objectivo de ferir ou causar dano físico ou orgânico, deixando ou não marcas evidentes.
Englobando assim, actos como empurrar, puxar o cabelo, dar estaladas, murros, pontapés,
apertar os braços com força, apertar o pescoço, bater com a cabeça da vítima na parede,
armários ou outras superfícies2.

Assim, na mesma linha de pesquisa, outros nossos entrevistados sublinham a violência


psicológica e económica, como as que mais sofrem, a mesma acontece por via discussão,
onde as mulheres depreciam os seus esposos ou companheiro, de modo a inferioriza-los na
relação.

“Já sofri e até hoje sofro violência psicológica, ela sempre está a me chamar de
nomes feios, nomes que fazem sentir-me mal”. (VALENTIM, Casado, nível médio de
escolaridade).

“Económica, eu quando recebo meu salário, ela me obriga a entrega-la todo


dinheiro, para ela fazer compras de mantimentos da casa e coisas pessoais dela, e
para mim nada sobra”. (SAMUEL, casado, nível médio de escolaridade).

Entretanto, de acordo com os depoimentos dos nossos entrevistados, constatamos que


o tipo de violência que se manifesta no seio dos nossos entrevistados consiste na violência
física, económica e psicológica.

3.3. As razões do silêncio dos homens acerca dos actos de violência praticados pelas
parceiras

Neste ponto, nos interessamos em procurar saber se os homens vítimas de violência


doméstica (os entrevistados) por parte das suas parceiras denunciam os actos de violência que
passam. Assim, de acordo com os nossos entrevistados, constatamos que certos os homens
vítimas de violência denunciam os actos de violência que sofrem, mas essa denuncia
normalmente ocorre a nível local, isto é, eles não optam recorrer logo a prior a esquadra ou a
qualquer posto policial meter queixa do ocorrido.

Esses, quando se sente violentados ou desrespeitados pelas suas esposas, recorre


primeiro aos chefes do bairro ou a família, onde denunciam os actos de violência que as
esposas praticam contra eles. Tendo assim, uma sentada com a família com intuito de
persuadir a mulher a não pautar pela violência. As declarações a baixo revelam essa vertente:

2
GUERRA (2016)
xxxiv

“Sim já denunciei, denunciei para ela diminuir o seu comportamento de violência,


denunciei aos secretários do bairro, para que falassem com ela”. (CARLOS, união de
factos, nível médio de escolaridade).

“Sim já denunciei, porque sinto-me descriminado por ela e dependente dela”.


(ANIFO, casado, nível superior de escolaridade).

Com estes depoimentos, compreende-se que os homens que vivem o seu dia-a-dia
repleto de actos de violência vindos por parte das suas esposas ou parceiras, sente a
necessidade de denunciar esses actos de violência com intuito de amenizar, de modo que não
volte acontecer. Toda via, a razão de fazer denúncia consiste na necessidade persuadir a
mulher a não optar a violência como modo de resolver os problemas caseiros e procura de um
bem-estar para ambos. Como a declaração a baixo elucida:

“Sim denunciei porque denunciando podemos resolver o problema e voltar a ter um


lar de sossego e feliz”. (VALENTIM, Casado, nível médio de escolaridade).

Ainda na mesma linha de pensamento, constatamos que alem destes que optam em
denunciar os actos de violência que sofrem, existem outros que preferem não denunciar os
actos de violência porque têm medo de a mulher pedir divorcio, por ainda gostar da esposa e
por querer preservar a sua masculinidade. As declarações a baixo demonstram essa realidade:

“Eu não denuncio o que ela me faz, porque tenho medo de ela divorciar-se de mim”.
(HÉLDER, união de facto).

“Não denuncio nada, porque ainda gosto dela e quero viver com ela”. (ANTÓNIO,
casado, nível básico de escolaridade).

Assim, enquanto uns não denunciam por medo de divórcio e por ainda gostar da
esposa, outros não denuncia porque querem preservar a sua masculinidade. Tal como revela o
depoimento que se segue:

“Eu não denuncio, porque eu não sou mulher, mulher é que faz isso, eu sou homem e
posso resolver isso com ela”. (MIGUEL, casado, possui nível básico).

Entretanto, o medo de divórcio, por ainda gostar da esposa ou por tentar manter a sua
masculinidade, leva os homens vítimas de violência doméstica a não optarem pela denúncia
dos actos de violência praticadas pelas suas esposas ou parceiras.
xxxv

3.4. Formas de lidar com a violência

Por via dos depoimentos dos nossos entrevistados, constatamos que vários são as
formas de lidar com a violência doméstica que os homens passam, essas formas consistem
geralmente suportar os actos de violência e manter-se no silêncio e se distanciar ou afastar-se
sempre da promotora da violência, de modo a evitar a sua ocorrência frequente.

“Geralmente para mim a melhor opção é manter-me calado e fazer de tudo para
afastar-me do local onde ela está”. (ANIFO, casado, nível superior de escolaridade).

“A minha forma de lidar com isso é suportar os actos de violência que sofro”.
(MIGUEL, casado, possui nível básico).

Além deste que optam pelo silêncio, outros lidam de um modo diferente, pautando
assim pela conversação com a esposa ou com a família, mas os mesmos revelam que não é
uma tarefa fácil de lidar com a violência, porque quem a comete é uma pessoa que tanto a
querem e a mãe dos filhos, por essa razão continuam na relação, mesmos com as ocorrências
dos actos de violência e alguns. Como se pode notar nas declarações a baixo:

“As vezes tenho chamado os familiares dela para mediar o conflito, depois disso, tudo
volta a normalidade”. (HÉLDER, união de facto).

“Acontece, são coisas da vida, é minha esposa e mãe dos meus filhos, apenas
conversamos depois de tudo e fica tudo ok”. (PEDRO, união de facto, nível médio de
escolaridade).

Nem todos optam pela conversão e nem pelo afastamento do local, recorrem ao álcool
como forma de lidar com a violência, isto é, estando embriagado esquecem tudo que passam
pelas suas esposas.

“Eu normalmente quando isso acontece, vou beber muito para esquecer isso, saio
com amigos para conversar e beber, mas eles não costumam saber que estou a beber
para esquecer alguma coisa”. (JANEIRO, unidos, nível médio de escolaridade).

Todavia, com base nos depoimentos supracitados reside a ideia de que suportar os
actos de violência, manter-se no silêncio, afastar-se da promotora da violência, conversação
com a promotora da violência ou a sua família, beber são as formas que os homens vítimas de
violência encontram para lidar com os actos de violência praticados pelas suas esposas.
xxxvi

3.5. Os indivíduos recorridos quando os homens são agredidos

Com intuito de levantar informações quem os homens recorrem quando são agredidos,
constatamos que os homens vítimas de violência, recorrem os seus familiares ou os familiares
da esposa, os padrinhos do casamento, com intuito de resolver os problemas que originam as
agressões que passam. Essa perspectiva é ilustrada pelas declarações que se seguem:

“Sim tenho a quem recorrer, quando isso acontece recorro aos nossos padrinhos de
casamento”. (SAMUEL, casado, possui nível médio).

“Sim, aos familiares da minha esposa, se caso não haver uma boa concordância
única entre nós, recorro nas estruturas de base”. (VALENTIM, Casado, nível médio
de escolaridade).

Com base nessas declarações, constata-se que recorrer a família é o meio que homens
vítimas de violência encontram para resolver os problemas. Alem dos familiares, os homens
vítimas de violência recorrem também aos secretários do bairro. Tal como ilustram os
depoimentos que se seguem:

“Sim tenho, normalmente recorro os secretários do bairro”. (CARLOS, união de


factos, nível médio de escolaridade).

Contudo, os nossos entrevistados têm a quem recorrer quando são violentados, esses
consistem em familiares, padrinhos e secretários do bairro.

3.6. Razões que levam os homens vítimas de violência a continuarem vivenciar as


agressões

Neste ponto, tínhamos como objectivo fulcral procurar saber as razões que fazem com
que os homens vítimas de violência a continuar na relação, mesmos com as agressões que têm
passado.

Assim sendo, constatamos que vários são as razões que fazem com que homens
vitimas de violência continuem vivenciando os actos de violência na relação. Porem, esses
revelaram que continuam vivenciando as agressões vindas das suas esposas por causa dos
filhos, isto é, com intuito de fazer acompanhamento do crescimento dos filhos, os homens se
sentem obrigados a continuarem na relação, também por causa dos bens e de tudo que juntos
constituíram.
xxxvii

“O que me leva a suportar tudo isso, é por causa das crianças”. (CARLOS, união de
factos, nível médio de escolaridade).

“Os filhos, os bens que temos juntos, são coisas que me levam ainda a permanecer no
casamento”. (JANEIRO, unidos, nível médio de escolaridade).

Para além deste que continuam numa relação repleta de agressões devido os filhos, os
bens, nos deparamos com alguns homens que são movidos por outras razões para continuar
vivenciando as agressões, como ainda gostar e amar a esposa e não querer a perder, por não
querer estar a trocar de mulheres, sustentando assim, que em qualquer relação existem
qualquer tipo de violência, por isso continuam com as suas esposas.

“O que me leva a continuar vivenciado as agressões que tenho passado, é porque


amo muito minha esposa e não quero perde-la”. (ANIFO, casado, nível superior de
escolaridade).

“O que me leva a suportar tudo isso, porque evito trocar de esposas e para não
deixar os meus filhos vivendo nas trevas”. (VALENTIM, casado, nível médio de
escolaridade).

A partir desses dados, nota-se que os homens vitimas de violência continuam


vivenciando os actos de violência perpetrados pelas suas parceiras ou esposas por causa dos
seus filhos, dos bens e por ainda amar a esposa ou parceira.

3.7. A relação com a parceira após as agressões

Quanto ao estado da relação entre os casais após as agressões, captamos dos nossos
entrevistados diversas perspectivas, as mesmas confluem na medida que todos afirmam que
após as agressões a relação tem sido tensa no começo e com tempo tudo volta a sua
normalidade. Como ilustram o depoimento que se segue:

“Geralmente nos primeiros instantes é muito frustrante, mas após algum tempo tudo
volta a normalidade e pelo amor que sentimos um para com outro”. (ANIFO, casado,
nível superior de escolaridade).

A mesma realidade compartilha também por JANEIRO, (unidos, nível médio de


escolaridade) ao afirma que “nos primeiros momentos ninguém fala com outro, mas depois
tudo volta ao normal”.
xxxviii

Contudo, com base nos depoimentos acima percebemos que por mais sejam as
agressões que ocorrem na relação, a relação sempre volta a sua normalidade. Isto é, após as
agressões vindas das esposas que homens vivenciam a relação volta a sua normalidade, que é
uma relação de amor, respeito e paz.

3.8. A importância da denúncia das agressões

A decisão de denunciar os actos de violência depende de cada um que se encontra


numa situação de violência na sua relação. Assim sendo, de acordo com os nossos dados,
demonstram que os nossos entrevistados acham importante fazer denúncia das agressões que
passam pelas esposas, assim encontram soluções para que essas agressões cheguem ao seu
fim e não se tornem rotineiras.

Esses, acreditam que denunciando, a promotora das agressões será persuadida a não
pautar pela agressão ao resolver os problemas domésticos. Tal como demonstram as
declarações a baixo:

“Acho importante porque lá ambos recebemos conselhos para não resolver os nossos
problemas com base na violência”. (SAMUEL, casado, nível médio de escolaridade).

“Sim acho importante porque denunciando evita que as agressões se tornem uma
rotina”. (ANTÓNIO, casado, nível básico de escolaridade).

Com base nesses aspectos, reside a ideia de que homens olham a denúncia dos actos
de violência que passam pelas suas esposas como uma forma de resolver o problema, isto é,
denunciando, a mulher recebera conselhos, oriundos das pessoas que ficarão em frente do
caso, assim a relação volta ao seu estado normal.

Assim, para além desses, nos deparamos com uns que preferem não denunciar os actos
de violência que passam sob pretexto de resolver tudo entre casal, não envolvendo assim,
outros indivíduos no caso. A declaração que se segue aclara essa realidade:

“Eu que não é importante, porque o problema é de nós os dois e então devemos
resolver apenas nós”. (JANEIRO, unidos, nível médio de escolaridade).

1.9. Noções sobre as leis que protegem homens vitimas de violência domestica

Quanto as leis que defendem ou protegem homens vítimas de violência doméstica,


constatamos a partir dos nossos dados de campo que os homens vítimas de violência não têm
noção de existência de uma lei que o protege e o defende das agressões oriundas da sua
xxxix

esposa. Esse desconhecimento consiste na falta de divulgação das leis ou na não existência
das mesmas. Como demonstram o depoimento a baixo:

“Não existem, aliás não me recordo ter visto em alguma parte porque a maior parte
das leis estão mais centradas na mulher”. (ANIFO, casado, nível superior de
escolaridade).

Este pensamento de desconhecimento das leis, é manifestada por muitos dos nossos
entrevistados, os mesmos olham o desconhecimento das leis como sendo uma das razões que
levam os homens vítimas de violência a não pautarem pela denúncia das agressões que sofrem
pelas esposas. O depoimento que se segue ilustra essa realidade:

“Não conheço nenhuma lei, por isso muitos de nós homens não temos hábito de
denunciar uma violência doméstica”. (SAMUEL, casado, nível médio de
escolaridade).

3.10. Razões que levam os homens vítimas de violência a não denunciarem as agressões
que sofrem

Quanto a este ponto, constatamos que várias são as razões que homens vítimas de violência
encontram para não denunciar os actos de violência que sofrem. Assim, as principais razões
apontadas por esses consistem na falta um gabinete que se dedica dos casos de homens
vitimas de violência, também por as autoridades não resolver ou se dedicar com tanta eficácia
nos casos em que o homem é vítima de violência.

“Porque não tem um sítio que resolve os problemas de homem, um gabinete por
exemplo não existe”. (CARLOS, união de factos, nível médio de escolaridade).

“Porque até na polícia vão me mandar voltar para casa e ir resolver com ela, então
não vejo porque perder meu tempo indo denunciar”. (JANEIRO, unidos, nível médio
de escolaridade).

Com estes dados, percebe-se que a não existência de gabinete que se dedica nos casos de
homens que saem como vítimas, limita os homens na denúncia da violência que sofrem no
seu lar.

Pare além desses, nos deparamos também com alguns homens que não denunciam os actos de
violência por questões pessoais, como a vergonha de ser visto pela sociedade como homem
fraco e subjugado pela esposa. Assim, esses homens preferem não denunciar o que passam
para preservar a sua masculinidade. Tal como ilustram os depoimentos a baixo:
xl

“Porque muitas das vezes tem sido por vergonha, não quero ser visto como um
homem dominado pela esposa”. (PEDRO, união de facto, nível médio de
escolaridade).

“Muitos ou a maior parte dos homens vítimas de violência não denunciam as


agressões que sofrem por vergonha, nesse caso naquilo que a sociedade irá pensar de
mim”. (ANIFO, casado, nível superior de escolaridade).
xli

Conclusão
A presente monografia tem como tema Violência Doméstica contra o homem: Estudo
de caso do bairro de Natikiri (2015 – 2018), procurou perceber as causas que fazem com que
os homens, vítimas da violência doméstica, resolvam não denunciar os actos de violência
praticados pelas suas parceiras.

Assim, para uma percepção profunda da problemática que o trabalho continha, este
teve como objectivo principal analisar as causas que fazem com que os homens, vítimas da
violência doméstica, resolvam não denunciar os actos de violência praticados pelas suas
parceiras. E de forma específica procurava-se Identificar as causas que contribuem no silêncio
dos homens acerca dos actos de violência perpetrado pelas suas parceiras; Descrever como é
que os homens vítimas de violência lidam com a situação; Explicar porque que os homens
vítimas de violência optam em não denunciar os actos de violência.

Neste contexto, por via dos dados obtidos no campo através de uma entrevista com os
nossos entrevistados, chegamos a determinadas conclusões de acordo com os nossos
objectivos específicos, previamente traçados, respondendo assim a nossa questão da
problemática que consistia: Quais são as causas que fazem com que os homens, vítimas da
violência doméstica, resolvam não denunciar os actos de violência praticados pelas suas
parceiras?

Assim sendo, com base nossos dados constatamos que o tipo de violência que se
manifesta no seio dos homens que foram o nosso grupo alvo consiste na violência física,
económica e psicológica.

No entanto, constatamos também que o medo de divórcio, por ainda gostar da esposa
ou por tentar manter a sua masculinidade, leva os homens vítimas de violência doméstica a
não optarem pela denúncia dos actos de violência praticadas pelas suas esposas ou parceiras.

Assim, em relação a forma de lidar com os actos de violência, constatamos que


suportar os actos de violência, manter-se no silêncio, afastar-se da promotora da violência,
conversação com a promotora da violência e a sua família ou recorrer bebida são as formas
que os homens vítimas de violência encontram para lidar com os actos de violência praticados
pelas suas esposas.

Ainda com o mesmo intuito, notamos que os homens vitimas de violência continuam
vivenciando os actos de violência perpetrados pelas suas parceiras ou esposas por causa dos
seus filhos, dos bens e por ainda amar a esposa ou parceira.
xlii

Quanto as leis que defendem ou protegem homens vítimas de violência doméstica,


constatamos os nossos entrevistados não têm noção de existência de uma lei que o protege e o
defende das agressões oriundas da sua esposa. Esse desconhecimento consiste na falta de
divulgação das leis ou na não existência das mesmas.

De um modo geral, concluímos que as principais causas que fazem com que os
homens vítimas de violência optam em não denunciar os actos de violência consistem na falta
um gabinete que se dedica dos casos de homens vitimas de violência, também por as
autoridades não resolver ou se dedicar com tanta eficácia nos casos em que o homem é vítima
de violência. Por outra, alguns homens não denunciam os actos de violência por questões
pessoais, como a vergonha de ser visto pela sociedade como homem fraco e subjugado pela
esposa, assim esses, preferem não denunciar a violência que passam para preservar a sua
masculinidade.

No que concerne as hipóteses, houve a necessidade de valida-las ou consolidar de


acordo com os argumentos dos entrevistados. Assim sendo, avança-se o seguinte:

Primeira hipótese: “O intuito de preservar a sua masculinidade é uma das causas que
faz com que os homens optem em não denunciar sobre a violência que sofrem com suas
parceiras”. Confirmar-se com o seguinte depoimento dos entrevistados: “Porque muitas das
vezes tem sido por vergonha, não quero ser visto como um homem dominado pela esposa”.

Segunda hipótese: “O desconhecimento das leis que defende os homens vítimas de


violência contribui para que os homens não denunciem sobre os actos de violência”,
confirma-se com o seguinte argumento: “Não conheço nenhuma lei, por isso muitos de nós
homens não temos hábito de denunciar uma violência doméstica”.

Terceira hipótese: “A construção social sobre a personalidade e potencialidade do


homem leva os homens a não denunciar os actos de violência feitos pelas suas parceiras”,
valida-se com a seguinte declaração dos entrevistados: “Eu não denuncio, porque eu não sou
mulher, mulher é que faz isso, eu sou homem e posso resolver isso com ela”.

Contudo, a teoria construtivista ou teoria de construção social ajudou-nos a


compreender que a construção social sobre a personalidade e potencialidade do homem leva
alguns homens a não denunciar os actos de violência feitos pelas suas parceiras.
xliii

Sugestões
De acordo com as conclusões e com aquilo que foi constatado durante a pesquisa,
sugere-se o seguinte:

 Que alguns homens optem em denunciem os actos de violência que passam, seja para
a família ou as autoridades locais;
 Que os homens que sofrem os actos de violência não pautem pela preservação da
masculinidade, que recorram aos outrem para resolução dos problemas domésticos;
 Que homens procurem saber sobre a existência das leis que os defendam da violência
doméstica;
 Que as autoridades procurem meios de promover os direitos ou benefícios dos homens
perante a violência domestica.
xliv

Bibliografia
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XAVIER, M. Arendt, Young e Humanismo: um olhar interdisciplinar sobre a


violência, Saúde Social, 2008.
xlvi

Apêndice
xlvii

Questionário

Bom dia!
Sou estudante do curso de Sociologia – Universidade Pedagógica – Nampula. Pretendo com o
presente questionário, recolher dados referentes a Violência Doméstica contra o homem:
Estudo de caso do bairro de Natikiri (2015 – 2018), para aquisição de grau de licenciatura em
Sociologia com habilitações em Desenvolvimento Rural. As suas respostas e o nome não
serão revelados a nenhuma outra pessoa. Agradecemos desde já pela sua colaboração!

1. O que você entende por Violência Doméstica entre casais?

___________________________________________________________________________
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____________________________________________________________

2. Você já foi vítima de violência doméstica por parte de sua


esposa/companheira/namorada? Sim ( ) Não ( )

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___________________________________________________________________________
____________________________________________________________

3. Que tipo de violência sofre ou sofreu?

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___________________________________________________________________________
____________________________________________________________

4. Já denunciou os actos de violência, praticados pela sua esposa? Porque?

___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
____________________________________________________________

5. Como lida com a violência que tem passado?

___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
____________________________________________________________
xlviii

6. Quando o senhor é agredido tem a quem recorrer? Se sim, quem?

___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
____________________________________________________________

7. O que leva o senhor a continuar vivenciando as agressões que tem passado?

___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
____________________________________________________________

8. Como fica a sua relação com a sua parceira após as agressões?

___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
____________________________________________________________

9. Acha importante fazer denúncia das agressões? Porque?

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___________________________________________________________________________
____________________________________________________________

10. Conhece alguma lei que protege os homens vítimas de violência doméstica? Qual?

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11. Porque os homens vítimas de violência não denunciam as agressões que sofrem?

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Dados demográficos

1. Nome (opcional): ______________________________


2. Nível de escolaridade: Básico____ Médio_____ Superior_____ Nenhum____
3. Estado civil: _________________________________

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