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Índice
Declaração.........................................................................................................................................iv
Dedicatória........................................................................................................................................vii
Agradecimento...................................................................................................................................x
Resumo.................................................................................................................................................xi
Introdução........................................................................................................................................11
1.2AbordagemConceptual................................................................................................................16
1.3Violência Doméstica...................................................................................................................17
1.6Violência doméstica contra os homens: alguns Estudos científicos sobre homens vítimas de
violência doméstica..........................................................................................................................21
3.3As razões de não recorrer as instâncias policiais para denunciar os actos de violência praticados
pelas parceiras..................................................................................................................................33
iii
3.6 Razões que levam os homens vítimas de violência a continuarem em vivenciar as agressões....37
Conclusão.........................................................................................................................................41
Constrangimento da Pesquisa...........................................................................................................43
Bibliografia......................................................................................................................................45
Apêndice..........................................................................................................................................47
Abreviaturas e Siglas
iv
VD Violência Doméstica
Declaração
Declaro que esta Monografia Científica é resultado da minha investigação pessoal e das
orientações do meu supervisor, o seu conteúdo é original e todas as fontes consultadas estão
devidamente mencionadas no texto, nas notas e na bibliografia final.
Declaro ainda que este trabalho não foi apresentado em nenhuma outra instituição para
obtenção de qualquer grau académico.
____________________________________
Dedicatória
Dedico esta monografia aos meus pais, Patrício Máquina e Gema Paulino por tudo que
fizeram para que eu alcançasse os meus objectivos.
vii
viii
Agradecimento
A Deus por me ter dado saúde nesta longa caminhada, e ter me ajudado a não me
desviar dos meus objectivos, mostrando que tudo na vida tem um motivo; Aos meus pais,
Patrício Máquina e Gema Paulino, pelo amor incondicional, e, também, ao trabalho árduo que
tiveram para me manter a estudar e pelos conselhos encorajadores.
Ao meu amigo Octávio Manuel Assane, que foi fonte de inspiração e encorajamento
para que ingressasse ao nível superior.
A cada um dos meus irmãos, Jeremias das Neves Patrício Máquina, Jerusa Patrício
Máquina e Pilma Patrício Máquina, e também a minha melhora amiga Yara Cossa pela força
e coragem que prestaram nesses anos.
Por fim aos meus Colegas e amigos da turma 2015, que estiveram comigo nesta longa
caminhada e passaram a fazer parte da minha vida em todos momentos quanto puderam,
registo em particular a Cármen Américo simpueque, Djidjo Rabuca, Sofonias Armindo, Nura
Cedubai, Arsénia Ressique da Berta Amade e Albuquerque santos.
Resumo
Esta monografia cujo título é A Violência Doméstica contra o homem: Estudo de caso do
bairro de Natikiri (2015 – 2018), tem como objectivo geral analisar as causas que levam os homens,
vítimas da violência doméstica, a não denunciar os actos de violência praticados contra eles. E, de
forma específica: (i) identificar as causas que levam os homens vítimas de violência doméstica a não
denunciar as instâncias policiais os actos de violência perpetrados contra eles; (ii) Descrever como é
que os homens vítimas de violência lidam com a situação; (iii) Descrever o motivo pelo qual os
homens vítimas de violência optem por não denunciar os actos de violência contra eles. No que
concerne a metodologia, foi uma pesquisa qualitativa quanto a sua abordagem, exploratória no que
concerne os seus objectivos, e foi usada, também, a entrevista semi-estruturada como ferramenta de
recolha de dados no terreno, foi usada uma amostra simples ou por conveniência, que envolveu 10
homens. Assim, de acordo com os resultados constatou-se que o medo de divórcio, o gosto pela suas
esposa e a tentativa de manter a sua masculinidade, leva os homens vítimas de violência doméstica a
não optarem pela denúncia dos actos de violência praticadas pelas suas esposas, portanto, suportar os
actos de violência, manter-se no silêncio, afastar-se da promotora da violência, conversação com a
promotora da violência e a sua família ou recorrer bebida são as formas que os homens vítimas de
violência encontram para lidar com os actos de violência praticados pelas suas esposas, por um lado,
as principais causas que fazem com que os homens vítimas de violência optam em não denunciar os
actos de violência consistem na falta de um gabinete que se dedica a casos de homens vitimas de
violência, também por as autoridades não resolverem ou se dedicarem com tanta eficácia nos casos em
que o homem é vítima de violência. Por outro, alguns homens não denunciam os actos de violência
por questões pessoais, como a vergonha de ser visto pela sociedade como homem fraco e subjugado
pela esposa, assim eles, preferem não denunciar a violência que passam para preservar a sua
masculinidade. Com isso, sugere-se o seguinte: (i) Que se desenvolvam ou que haja mais pesquisas
relacionadas a esta temática; sobretudo, no contexto moçambicano, de modo a demonstrar a
ocorrência e as consequências deste fenómeno no seio social; (ii) Que os estudos desenvolvidos acerca
desta temática não descartem a possibilidade dos homens também serem vítimas da violência
doméstica; (iii) Que os resultados da pesquisa relativo a violência doméstica contra homens sejam
apresentados as autoridades oficiais assim como os locais, de modo a não deixar passar despercebido
este fenómeno.
Abstract
This monograph entitled The Domestic Violence against Man: A case study of the Natikiri
neighborhood (2015-2018), aims to analyze the causes that lead men, victims of domestic violence,
not to report acts of violence against they. And, specifically, identify the causes that lead men who are
victims of domestic violence to resolve not to report to the official bodies the acts of violence
perpetrated against them; Describe how men who are victims of violence deal with the situation;
Explain why men who are victims of violence choose not to report acts of violence against them.
Regarding the methodology, it was a qualitative research regarding its approach, exploratory regarding
its objectives, and the semi-structured interview was used as a data collection tool in the field, a simple
sample or convenience was used, involving 10 men. According to the results, it was found that the fear
of divorce, by still liking the wife or trying to maintain her masculinity, leads men who are victims of
domestic violence not to choose to denounce the acts of violence practiced by their wives or violence,
to remain silent, to distance oneself from the promoter of violence, to talk with the promoter of
violence and to his family, or to resort to drinking are the forms that men who are victims of violence
find to deal with acts of violence committed by their wives and the main causes that cause men who
are victims of violence to choose not to report acts of violence are a lack of a cabinet dedicated to the
cases of men who are victims of violence, or to devote himself so effectively in cases where man is a
victim of violence. On the other hand, some men do not denounce acts of violence on personal
grounds, such as the shame of being seen by society as a weak man and subjugated by the wife, so
they prefer not to denounce the violence they suffer to preserve their masculinity. With this, it is
suggested the following: That are developed or that there is more research related to this subject;
especially in the Mozambican context, in order to demonstrate the occurrence and consequences of
this phenomenon within the social sphere; That the studies developed on this subject do not rule out
the possibility of men also being victims of domestic violence; That the results of the survey on
domestic violence against men be presented to the official authorities as well as the local ones, so as
not to let this phenomenon go unnoticed
Keywords: Domestic Violence, Men, Natikiri Ward
xi
Introdução
Alguns estudos como de CORTES (2012), mostram que nos últimos tempos, a
violência tornou-se um problema central para a sociedade sendo um assunto discutido e
estudado por várias áreas do conhecimento. Neste caso, os estudos referem que a violência
doméstica é um problema de natureza social que vem afectando centenas de mulheres em
todo mundo. A violência do género tem atingindo mulheres de todas as faixas etárias e de
diferentes classes sociais, regiões, grupos étnicos, graus de escolaridade, orientação do desejo
sexual e religião.
Na mesma ordem de ideias, MACHADO & MATOS (2012) sustentam que a violência
pode ser bi-direcional e multifacetada, sendo importante compreender o fenómeno de
violência doméstica como um todo, independentemente do sexo da vítima ou perpetrador.
Com base nesta perspectiva, importa referenciar que nos últimos anos, o perfil de
vítima de violência doméstica tem-se transformando, evidenciando diferentes realidades,
como por exemplo, o aumento dos casos em que o homem é vítima de violência doméstica
MATOS & SANTOS, (2014).
O trabalho tem como objectivo geral: analisar as causas que levam os homens, vítimas
da violência doméstica, a não denunciar os actos de violência praticados contra eles. E como
objectivo específico, os seguintes:
O intuito de preservar a sua masculinidade é uma das causas que faz com que os
homens optem em não denunciara violências que sofrem com suas parceiras;
O desconhecimento das leis que defendem os homens vítimas de violência contribui
para que os homens não denunciem os actos de violência;
A construção social sobre a personalidade e potencialidade do homem leva os
homens a não denunciar os actos de violência contra eles.
Como se pode notar há vários estudos que falam sobre a violência doméstica, os
mesmos mostram que a situação é bastante preocupante, e mostram também uma necessidade
de a gente procurar entender esses processos de violência dentro do contexto moçambicano,
porque Moçambique não está inócuos os debates sobre a violência doméstica, e por causa
disso criou-se uma lei sobre a violência doméstica em 2009.
Portanto, é relevante falar deste estudo, neste caso, a violência contra o homem, pois já
existem vários estudos que apontam simplesmente a violência doméstica contra a mulher. Dai
que, é preciso perceber a violência como sendo bi-direccional, pois acontece para ambas as
partes (homens e mulheres). É notória a violência doméstica para mulheres e crianças porque
denunciam em instâncias que tutelam este assunto enquanto, raramente os homens fazem-na.
Devidas as razões acima mencionadas, por isso que é difícil notarmos a violência doméstica
contra os homens.
Como foi referenciado, o estudo foi feito no bairro de Natikiri onde a pesquisadora
notou a ocorrência desse fenómeno, o que justifica fazer este estudo para nos levar a
compreende-lo.
Dai que, os resultados deste estudo podem ser usados para reflectir em torno da violência
contra os homens, que por vezes este assunto passa despercebido para muitos: as autoridades
e a comunidade científica.
Portanto, os resultados dessa pesquisa são lastimáveis, pois os informantes neste caso, homens
mostram-se preocupados pelo desconhecimento das leis que não promovem a violência
doméstica contra eles, temos visto que na própria lei 29, apenas frisa-se, ou faz-se menção à
violência contra a mulher, nos cartazes e até mesmo nas mídias é raro ver a representação dos
homens como paciente ou sofredores desta violência, por esta razão os resultados revelam que
estes são os motivos que fazem com que eles não recorram as autoridades policiais para fazer
denúncia da violência doméstica por parte das suas parceiras.
xiv
As leis e as mídias ou a sociedade não beneficiam ou favorecem aos homens para que eles
possam fazer denúncia desses actos.
Por isso fim, o estudo termina com uma conclusão em que serão apresentados os
resultados obtidos na análise e apresenta-se-ão os pontos mais importantes para a contribuição
da promoção da violência doméstica contra os homens. Possuem igualmente uma referência
bibliográfica onde contem os autores mencionados neste estudo.
xv
Para a concretização deste trabalho, sobretudo, no que diz respeito a teoria de base,
propôs-se a teoria de construção social. Essa teoria facultou a perceber as razões que fazem
com que os homens, vítimas da violência doméstica não denunciem os actos de violência
praticados pelas suas parceiras.
Como se pode notar, na citação acima, deixa bem claro que existem vários conceitos
para cada individuo relativo a ocorrência de um dado fenómeno, o modo como a sociedade
concebe a mulher é diferente de homem, pois o homem é aquele ser dotado de podere a
mulher submissa, ou por outra o homem o elo mais forte e a mulher o elo mais fraco.
Dai que, se o homem sofre de violência doméstica prefere calar-se a não denunciar
porque talvez entre em risco a sua masculinidade e é assim que a sociedades concebe, porém,
vai sofrendo a violência pacificamente, enquanto a mulher vai sobressaindo como a que mais
sofre esta violência.
Portanto, é por causa desta construção social que ate hoje desconhece-se a ocorrência
de violência doméstica contra o homem. Os homens são levados pelos conhecimentos do
senso comum e passam agir de acordo a esse, de forma natural, com medo da reacção da
sociedade.
A construção social aqui referida ocorre por via de interacção entre os indivíduos no
seu quotidiano, tal como referem os autores acima mencionados que a existência no mundo da
vida quotidiana, está condicionada pela interacção com outros indivíduos, portanto, os autores
xvi
afirmam que não se pode existir na vida quotidiana sem estar continuamente em interacção e
em comunicação com os outros.
Assim, a realidade da vida quotidiana para estes autores é a que se apresenta como
sendo a realidade por excelência. Neste sentido, a vida quotidiana impõe-se á nossa
consciência de forma maciça, urgente e intensa sendo difícil ignorá-la e diminuir a sua
presença imperiosa.
1.2AbordagemConceptual
Partindo desse pressuposto importa ressaltar que o termo “violência doméstica” vem
sendo alterado ao longo do tempo, tal como destaca DIAS (2014:15):
A violência entre parceiros íntimos teve várias denominações ao longo do
tempo, durante a primeira metade do século XX, foi retratada como intra
familiar, nos anos 70, passou a ser denominada de violência contra a mulher,
na década de 80, passou a ser chamada de violência doméstica; por fim, a
partir da década de 90, intitulou-se violência de género.
Assim, após todas estas definições, actualmente a violência específica entre casais tem
se intitulado como violência entre parceiros íntimos. Esse termo não faz limitações apenas à
violência contra a mulher ou somente em relações heterossexuais, mas abrange as novas
configurações familiares presentes na contemporaneidade.
Contudo, cada sociedade de acordo com as suas regras e normas terá critérios
diferentes para a designação do que é a violência na própria cultura.
1.3Violência Doméstica
Ainda, na mesma vertente MACHADO & GONÇALVES (2012) avançam que este padrão de
comportamento violento continuado resulta, a curto ou médio prazo, em danos físicos,
sexuais, emocionais, psicológicos, imposição de isolamento social ou de privação económicaà
vítima, visa dominá-la, fazê-la sentir-se subordinada, incompetente, sem valor ou fazê-la viver
num clima de medo permanente.
Assim, o relatório Mundial da Saúde de 2002 da OMS enfatiza que a violência tem
aumentado a mortalidade entre os indivíduos e é responsável por um elevado índice de
morbilidade, sequelas tardias em populações de idosos, crianças e mulheres, considerados
mais vulneráveis.
A Organização das Nações Unidas (ONU) (2004) apud Quaresma (2012), por seu
turno fomenta que “a violência doméstica consiste na violência que ocorre na esfera da vida
privada, geralmente entre indivíduos que estão relacionados por consanguinidade ou por
intimidade”.
Com base na definição dada pela ONU compreende-se que a violência doméstica é um
fenómeno social que abrange a todos indivíduos, sem distinção de género ou sexo, visto que a
violência doméstica consiste em qualquer acção intencional, perpetrada por indivíduo, grupo,
instituição, classes ou nações dirigida a outrem, que causa prejuízos, danos físicos, sociais,
psicológicos e (ou) espirituais.
A ideologia acima remete-nos a visão de MANITA (2004:19), que afirma “no âmbito
conjugal a violência doméstica é um fenómeno transversal, que não se reporta apenas à
violência do homem para com a mulher, mas também a situação inversa, estando presente
também em casais homossexuais, tanto femininos como masculinos”.
xix
Violência Física – consiste no uso da força física com o objectivo de ferir ou causar
dano físico ou orgânico, deixando ou não marcas evidentes. Engloba actos como
empurrar, puxar o cabelo, dar estaladas, murros, pontapés, apertar os braços com
força, apertar o pescoço, bater com a cabeça da vítima na parede, armários ou outras
superfícies;
Violência Psicológica – consiste em actos, condutas, omissões ou exposição a
situações que alterem ou possam alterar o estado afectivo necessário para o
desenvolvimento psicológico normal, tais como: insultos, ameaças, humilhações e
isolamento;
Violência Sexual – consiste em toda a forma de imposição de práticas de cariz sexual
contra a vontade da vítima (violação, exposição a práticas sexuais com terceiros,
forçar a vítima a manter contactos sexuais com terceiros, exposição forçada a
pornografia), recorrendo a ameaças e coação ou, muitas vezes, à força física para a
obrigar. Dito de outro modo, é toda a actividade dirigida a realização de actos sexuais
contra a vontade da mulher; esta vai desde qualquer tipo de contacto sexual não
desejado até a intenção de violar ou a própria violação;
xx
Assim sendo, para a análise deste fenómeno importa perceber o significado que o
sujeito atribui aos actos violentos, perceber como este configura a violência doméstica, tendo
em conta a cultura que o rodeia. Visto que, os indivíduos e grupos ao atribuir sentido às suas
condutas e compreender a realidade através do seu próprio sistema de referências.
Segundo estudos feitos sobre o fenómeno, a violência doméstica não atinge só os lares
de estratos mais baixos, pois classes de posição social elevada (médicos, políticos e
professores universitários), cometem também esta prática.
Em geral, vários são os factores apontados como estando por detrás da manifestação
da violência doméstica, desde factores da ordem psicológica a factores de ordem cultural.
As literaturas sobre a violência doméstica contra o homem revelam que este fenómeno
é ainda uma realidade pouco estudada, em parte devido à resistência face à denúncia e à
partilha de vivências por parte dos mesmos. Pode afirmar-se que embora os registos
demonstrem que as mulheres sofram as mais elevadas taxas de violência, também os homens
se vêm envolvidos em relações conjugais violenta.
Ainda na óptica dos autores supracitados, segundo os dados mais recentes do National
Crime VictimizationSurvey, 18% dos homens inquiridos foram vítimas de violência
doméstica. E a nível europeu, dados da organização Parity revelaram que aproximadamente
40% das vítimas de violência doméstica eram homens.
O mesmo estudo informou ainda que a mulher tendencialmente pratica mais violência
física do que o homem, dados que são congruentes com a meta-análise. (CAMPO 2016:6).
Num estudo de CARROTO et al (1994) apud SILVA (2012:39), demonstra que 90%
das mulheres que agridem os homens fazem-no porque se encontram furiosas, ciumentas,
sobre efeito de drogas ou álcool, devido a impulsos violentos ou para o controlar e não em
auto-defesa.
xxii
Além desta perspectiva o estudo revela ainda que a não representatividade da realidade
da violência doméstica contra o homem deve-se ao facto destes:
Assim, foi num longo processo de campanhas e debates promovidos a nível nacional
sobre o combate à violência doméstica contra a mulher que foi elaborado um dispositivo legal
exclusivamente virado para a luta contra a violência doméstica praticada contra a mulher, a
Lei 29/2009.
Portanto, a elaboração da proposta de Lei contra a violência doméstica foi baseada nos
princípios defendidos na Constituição da República de Moçambique e na Declaração
Universal dos Direitos Humanos. Tanto a Constituição da República como a Declaração
Universal dos Direitos Humanos defendem o princípio de igualdade de direitos entre os
homens e as mulheres.
Esta Lei defende, nos três primeiros artigos do seu primeiro capítulo, o seguinte:
Artigo 1:
Artigo 2:
xxiv
Artigo 3:
A presente Lei visa proteger a integridade física, moral, psicológica, patrimonial e
sexual da mulher, contra qualquer forma de violência exercida pelo seu cônjuge, parceiro,
ex-parceiro, namorado, ex-namorado e familiares.
Entretanto, os artigos acima citados mostram claramente que, a lei em alusão foi criada
para servir como um dispositivo legal que proteja a mulher da prática da violência doméstica.
Esta lei prevê igualmente as formas de sancionar os agressores.
1.10Masculinidade
a permanente tensão gerada pela tentativa, por parte dos homens, de agir de acordo com esse
papel socialmente estabelecido COCHRAN, (2010) apud GUERRA (2014: 156).
Com base nos conceitos acima, compreende-se que o termo masculinidade consiste
naquilo que possui qualidades ou características consideradas típicas ou necessárias para um
homem.
Portanto, não é possível falar desse conceito sem que antes se compreenda a
construção da identidade de género, bem como a dinâmicas das relações entre homens e
mulheres, a normalização da homossexualidade e a categorização de grupo.
Neste sentido, como afirma GROSSI (2004:5), que este aspecto precisa ser conside-
rado enquanto “uma categoria de análise”. Ou seja, o conceito de género permite a
problematização do que vem a ser o masculino e o feminino em nossa sociedade, uma vez que
é por meio das experiências de género que homens e mulheres dão forma e significado às suas
representações e práticas.
xxvi
Neste capítulo, pretendemos mostrar qual foi a metodologia usada para a recolha de
dados, o universo com qual trabalhamos, a composição do nosso corpus. Portanto, Para
LAKATOS& MARCONI (1992, p. 40) metodologia é a explicação minuciosa detalhada,
rigorosa e exacta de toda a acção, desenvolvimento no método do trabalho de pesquisa”.
Segundo GIL (2008:8) conceitua método como o “caminho que se usa para chegar a
um determinado fim”.
Dai que, é importante frisar que, para este trabalho usou se o método indutivo como
sendo aquele que mais espelha ou se aproxima ao nosso estudo. Portanto para GIL (2008:10)
“o método indutivo procede parte do particular e coloca a generalização como um produto
posterior do trabalho de colecta de dados particulares”.
Indução é um processo mental por intermédio do qual, partindo de dados
particulares, suficientemente constatados, infere-se uma verdade geral ou
universal, não contida nas partes examinadas. Portanto, o objectivo dos
argumentos indutivos é levar a conclusões cujo conteúdo é muito mais amplo
do que o das premissas nas quais se basearam1.
De acordo com a perspectiva acima, importa ressaltar que essa generalização não
ocorre mediante escolhas a priori das respostas, visto que essas devem ser repetidas,
geralmente com base na experimentação. Isso significa que a indução parte de um fenómeno
para chegar a uma lei geral por meio da observação e de experimentação, visando a investigar
a relação existente entre dois fenómenos para se generalizar.
para colecta de dados, quanto a abordagem do estudo. Portanto, tendo em conta a estes
critérios, o presente trabalho pode ser:
O tipo de abordagem adaptada para este estudo será a qualitativa. Segundo MINAYO (2001)
apud GERHARDT e SILVEIRAL (2009:32), “a pesquisa qualitativa trabalha com o universo
de significados, motivos, aspirações, crenças, valores e atitudes, o que corresponde a um
espaço mais profundo das relações, dos processos e dos fenómenos que não podem ser
reduzidos à operacionalização de variáveis”.
Como se pode notar, quando compreender o fato pelo qual as vítimas de violência
doméstica que é objecto de estudo, não denunciam, no entanto, não nos importaremos em
levantar dados estatísticos, apenas de forma indutiva vamos aprofundando e analisando os
dados que obtivemos dos informantes, mostrando as causas sobre as quais a maioria dos
homens vítimas de violência doméstica fica no silêncio.
2.1.2Quanto à natureza
2.1.3Quanto ao objectivo
2
A violência doméstica contra o homem: Estudo de caso do bairro de Natikiri (2015-2018)
xxviii
Portanto, para GIL (2002:41) “as pesquisas exploratórias têm como objectivo
proporcionar maior familiaridade com problema, com vistas a torná-lo mais explícito ou a
constituir hipóteses. Pode-se dizer que estas pesquisas têm como objectivo principal o
aprimoramento de ideias ou a descoberta de intuições”.
Portanto, este tipo de estudo objectiva esclarecer de forma profunda o como e o porque
de uma determinada situação que se supõe ser única em muitos aspectos, procurando
descobrir o que há nela de mais essencial e característico.
Dai que nesta pesquisa faz-se um estudo de caso no bairro de Natikiri, portanto, este é
o único caso, em que se procuram as causas de não denúncia da violência doméstica
perpetrada pela mulher para com os homens.
Os dados foram colhidos por meio de três (3) técnicas: entrevista, observação simples
e história oral.
2.2.1 Entrevista
Para GIL (1994, p. 112) “a entrevista é uma técnica em que o investigador se apresenta
frente a frente ao investigado e lhe formula perguntas, com o objectivo de obtenção dos dados
que lhe interessam à investigação”
A razão da escolha deste tipo de entrevista deu-se pelo facto de a mesma permitir o
entrevistado a possibilidade de expressar as suas experiências a partir dos pontos principais
elaborados para a entrevista, e permitindo de igual modo respostas livres e espontâneas do
informante e ao entrevistadora colocar perguntas ao longo da conversa que não estavam
previstas no roteiro.
A população alva da presente pesquisa foi seleccionada de forma aleatória, e é composta por
10 (dez) informantes. A amostra, como foi citado, foi de 10 (dez). Dessa selecção aleatória, os
informantes foram submetidos às técnicas acima mencionadas.
No entanto, a partir dessa amostra foi possível obter o corpus que constitui a matéria de
analise do presente estudo e que permitiu verificar a existência de homens vitimas de
violência perpetrada pelas esposas, cujos homens não denunciam aqueles comportamentos
macabros.
xxx
De acordo com Lopes (1995: 5), “a cidade de Nampula encontra-se rodeado taxativamente
pelo distrito de Nampula, pelo qual ocupa uma posição sensivelmente central”.
A cidade está organizada em 6 postos administrativos urbanos que estes por sua vez
são compostos por 18 bairros, consoante a exposição da tabela abaixo.
Neste capítulo, faz-se análise dos dados colhidos no campo, de acordo com os
objectivos específicos previamente traçados. Assim, fez-se a apresentação, análise e
interpretação de dados, a discussão e validação das hipóteses tendo como suporte os dados
colectados por meio da entrevista, com intuito de responder a questão ou o
problema3levantado.
Neste ponto, tivemos como objectivo avaliar o nível de percepção dos nossos
entrevistados acerca da violência doméstica entre casais. Assim sendo, constatamos que os
nossos entrevistados possuem percepções diferenciadas sobre a violência doméstica entre
casais, mas todas abordagens por eles apresentadasvão ao encontro da ideia da falta de
conversa no relacionamento e também na ideiade agressão, seja ela, física, psicológica, sexual
e entre outros. Tal como ilustram os depoimentos que se seguem:
É falta de entendimento entre os casais, por exemplo, quando uma mulher ou homem
não cumpre com os seus deveres, e cada um começa a falar muito e faltando respeito
ao outro (MIGUEL, possui nível básico).
3
Porque é que os homens vítimas de violência doméstica não denunciam as suas parceiras nas autoridades
policiais?
xxxii
Além dessa perspectiva, outros olham a violência doméstica como sendo uma forma
de agressão ao outrem dentro do relacionamento marital, o mesmo pode confirmar-se nos
depoimentos a baixo:
Violência doméstica entre casais é quando um homem agride sua esposa, batendo ela
ou falar-lhe coisas desrespeitosas. (ANTONIO, nível básico de escolaridade).
Para mim, violência domestica e quando um homem bate uma mulher e uma mulher
bate num homem (ADDUL, nível médio de escolaridade).
Para compreender o tipo de violência que os homens abrangidos pela pesquisa sofrem,
primeiro procuramos saber como forma de sondagem se os nossos entrevistados já tinham
passado ou ainda passam por uma situação de violência perpetrada pelas suas parceiras ou
esposas. Portanto, no mesmo questionamento, eles afirmaram terem passado ou ainda sofrem
actos de violências oriundos nas suas esposas ou parceiras.
4
Machado & Gonçalves (2002)
xxxiii
Foi física, aconteceu quando eu estava desconfiando de ela, que estava me traindo e
quando quis tirar satisfação com isso, ela exaltou-se e acabamos em espancamento,
onde ela bateu-me com pau no rosto e fiquei inchado toda cabeça. (HÈLDER).
Física, ela me bate sempre que chego tarde e embriagado a casa, mas eu a deixo.
(Carlos, nível médio de escolaridade).
No entanto, a violência física pode consistir muitas vezes no uso da força física com o
objectivo de ferir ou causar dano físico ou orgânico, deixando ou não marcas evidentes.
Englobando assim, actos como empurrar, puxar o cabelo, dar estaladas, murros, pontapés,
apertar os braços com força, apertar o pescoço, bater com a cabeça da vítima na parede,
armários ou outras superfícies5.
Já sofri e até hoje sofro violência psicológica, ela sempre está a me chamar de nomes
feios, nomes que fazem sentir-me mal. (VALENTIM, nível médio de escolaridade).
Económica, eu quando recebo meu salário, ela me obriga a entrega-la todo dinheiro,
para ela fazer compras de mantimentos da casa e coisas pessoais dela, e para mim
nada sobra. (SAMUEL, nível médio de escolaridade).
3.3As razões de não recorrer as instâncias policiais para denunciar os actos de violência
praticados pelas parceiras
5
GUERRA (2016)
xxxiv
Sim já denunciei, porque sinto-me descriminado por ela e dependente dela. (ANIFO,
nível superior de escolaridade).
Esse acto dos homens de não recorrer de antemão às instâncias policiais para submeter
denúncia dos actos de violência por eles sofridos consiste na consciencialização social de que
os problemas conjugais ou matrimoniais resolvem-se no antes seio da família com intuito de
preservar certos valores matrimoniais.
Com os depoimentos acima, compreende-se que os homens que vivem o seu dia-a-dia
repleto de actos de violência vindos por parte das suas esposas ou parceiras, sentem a
necessidade de denunciar esses actos de violência com intuito de amenizar, de modo que não
volte a acontecer. Todavia, a razão de fazer denúncia consiste na necessidade de persuadir a
mulher a não optar pela violência como modo de resolver os problemas caseiros e procura de
um bem-estar para ambos. Como ilustra a declaração abaixo:
Sim denunciei porque denunciando podemos resolver o problema e voltar a ter um lar
de sossego e feliz. (VALENTIM, nível médio de escolaridade).
Ainda na mesma linha de pensamento, verificamos que para além destes que optam
em denunciar os actos de violência que sofrem, existem outros que preferem não denunciar os
actos de violência porque têm medo de a mulher pedir divorcio, ainda gostando das esposas e
por querer preservar a sua masculinidade. As declarações a baixo demonstram essa realidade:
Eu não denuncio o que ela me faz, porque tenho medo de ela divorciar-se de mim.
(HÈLDER).
Não denuncio nada, porque ainda gosto dela e quero viver com ela. (ANTONIO,
nível básico de escolaridade).
xxxv
Assim, enquanto uns não denunciam por medo de divórcio e por ainda gostar da sua
esposa, outros não denuncia porque querem preservar a sua masculinidade. Tal como revela o
depoimento que se segue:
Eu não denuncio, porque eu não sou mulher, mulher é que faz isso, eu sou homem e
posso resolver isso com ela. (MIGUEL, possui nível básico).
Entretanto, o medo de divórcio, por ainda gostar da esposa ou por tentar manter a sua
masculinidade, leva os homens vítimas de violência doméstica a não optarem pela denúncia
dos actos de violência praticadas pelas suas esposas ou parceiras. Neste caso, dos 10
entrevistados, 6 não denunciam a violência que sofre e o restante denuncia os actos de
violência que sofre pelas suas esposas. Contudo, há menos homens a fazerem denúncia sobre
os actos de violência praticadas pelas mulheres contra os homens.
Geralmente para mim a melhor opção é manter-me calado e fazer de tudo para
afastar-me do local onde ela está. (ANIFO, nível superior de escolaridade).
A minha forma de lidar com isso é suportar os actos de violência que sofro.
(MIGUEL, possui nível básico).
A luz disso, essas todas formas de lidar com a violência doméstica vivida dia após dia,
consiste na vergonha de se expor no acto de prestar queixa nas instâncias policiais como um
homem fraco e dominado pela esposa porque socialmente o homem é dominador perante a
mulher e não o contrário.
Assim, para além desses que optam pelo silêncio, existem outros que lidam de um
modo diferente, pautando assim pela conversa com a esposa ou com a família, mas os
mesmos revelam que não é uma tarefa fácil, lidarcom a violência, porque quem a comete é
uma pessoa que tanto a querem e a mãe dos filhos, por essa razão continuam na relação
mesmo com as ocorrências dos actos de violência. Como se pode notar nas declarações a
baixo:
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As vezes tenho chamado os familiares dela para mediar o conflito, depois disso, tudo
volta a normalidade. (HÈLDER).
Acontece, são coisas da vida, é minha esposa e mãe dos meus filhos, apenas
conversamos depois de tudo e fica tudo ok. (PEDRO, nível médio de escolaridade).
Nem todos optam pela conversa e nem pelo afastamento do local, alguns recorrem ao
álcool como forma de lidar com a violência, pois, estando embriagado esquecem tudo que
passam pelas suas esposas.
Eu normalmente quando isso acontece, vou beber muito para esquecer isso, saio com
amigos para conversar e beber, mas eles não costumam saber que estou a beber para
esquecer alguma coisa. (JANEIRO, nível médio de escolaridade).
Todavia, com base nos depoimentos supracitados reside a ideia de que suportar os
actos de violência, manter-se no silêncio, afastar-se da promotora da violência, conversa com
a promotora da violência ou a sua família, beber são as formas que os homens vítimas de
violência encontram para lidar com os actos de violência praticados pelas suas esposas.
Sim, aos familiares da minha esposa, se caso não haver uma boa concordância única
entre nós, recorro nas estruturas de base. (VALENTIM, nível médio de escolaridade).
Com base nessas declarações, constata-se que recorrer a família é o meio que homens
vítimas de violência encontram para resolver os problemas. Esse acto dos homens de
recorrerem a família quando são agredidos ou violentados consiste na construção social de
que a família é uma instância apropriada para resolução dos problemas conjugais ou
matrimoniais. Neste caso, a família continua sendo uma instância crucial e principal na
resolução de problemas maritais.
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Além dos familiares, os homens vítimas de violência recorrem também aos secretários
do bairro. Tal como ilustram os depoimentos que se seguem:
Contudo, os nossos entrevistados têm a quem recorrer quando são violentados, esses
consistem em familiares, padrinhos e secretários do bairro.
Neste ponto, tínhamos como objectivo principal procurar saber as razões que fazem
com que os homens vítimas de violência a continuar na relação, mesmos com as agressões
que têm passado.
Assim sendo, constatamos que várias são as razões que fazem com que homens
vitimas de violência continuem vivenciando os actos de violência na relação. Porem, esses
revelaram que continuam vivenciando as agressões vindas das suas esposas por causa dos
filhos, isto é, com intuito de fazer acompanhamento do crescimento dos filhos, os homens se
sentem obrigados a continuarem na relação, também por causa dos bens e de tudo que juntos
constituíram.
O que me leva a suportar tudo isso, é por causa das crianças. (CARLOS, nível médio
de escolaridade).
Os filhos, os bens que temos juntos, são coisas que me levam ainda a permanecer no
casamento. (JANEIRO, nível médio de escolaridade).
Para além destes que continuam numa relação repleta de agressões devido a filhos, os
bens, deparamo-nos com alguns homens que são movidos por outras razões para continuar
vivenciando as agressões, como ainda gostar e amar a esposa e não querer perde-la, por não
querer estar a trocar de mulheres, sustentando assim, que em qualquer relação existem
qualquer tipo de violência, por isso continuam com as suas esposas.
O que me leva a continuar vivenciadas as agressões que tenho passado, é porque amo
muito minha esposa e não quero perde-la. (ANIFO, nível superior de escolaridade).
O que me leva a suportar tudo isso, porque evito trocar de esposas e para não deixar
os meus filhos vivendo nas trevas. (VALENTIM, nível médio de escolaridade).
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Geralmente nos primeiros instantes é muito frustrante, mas após algum tempo tudo
volta a normalidade e pelo amor que sentimos um para com outro. (ANIFO, nível
superior de escolaridade).
Contudo, com base nos depoimentos acima percebemos que por mais sejam as
agressões que ocorrem na relação, a relação sempre volta a sua normalidade. Portanto, após as
agressões vindas das esposas que homens vivenciam, a relação volta a sua normalidade, que é
uma relação de amor, respeito e paz.
Neste ponto o objectivo central era de perceber dos nossos entrevistados se tinham
noção da importância da denúncia da violência doméstica por eles sofrido as autoridades
policiais. A decisão de denunciar os actos de violência depende de cada um que se encontra
numa situação de violência na sua relação. Assim sendo, de acordo com os nossos dados,
demonstram que os nossos entrevistados acham importante fazer denúncia das agressões que
passam pelas esposas, assim encontram soluções para que essas agressões cheguem ao seu
fim e não se tornem rotineiras.
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Esses, acreditam que denunciando, a promotora das agressões será persuadida a não
pautar pela agressão ao resolver os problemas domésticos. Tal como demonstram as
declarações a baixo:
Acho importante porque lá ambos recebemos conselhos para não resolver os nossos
problemas com base na violência. (SAMUEL, nível médio de escolaridade).
Sim acho importante porque denunciando evita que as agressões se tornem uma
rotina. (ANTONIO, nível básico de escolaridade).
Com base nestes depoimentos, reside a ideia de que homens olham a denúncia dos
actos de violência que passam pelas suas esposas como uma forma de resolver o problema,
isto é, denunciando, a mulher recebera conselhos, oriundos das pessoas que ficarão em frente
do caso, assim a relação volta ao seu estado normal.
Para além desses, deparamo-nos com uns que preferem não denunciar os actos de
violência que passam sob pretexto de resolver tudo entre casal, não envolvendo assim, outros
indivíduos no caso. A declaração que se segue aclara essa realidade:
Não existem, aliás não me recordo ter visto em alguma parte porque a maior parte
das leis estão mais centradas na mulher. (ANIFO, nível superior de escolaridade).
Este pensamento de desconhecimento das leis, é manifestado por muitos dos nossos
entrevistados, os mesmos olham o desconhecimento das leis como sendo uma das razões que
levam os homens vítimas de violência a não pautarem pela denúncia das agressões que sofrem
pelas esposas. O depoimento que se segue ilustra essa realidade:
Não conheço nenhuma lei, por isso muitos de nós homens não temos hábito de
denunciar uma violência doméstica. (SAMUEL, nível médio de escolaridade)
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Primeira hipótese: “O intuito de preservar a sua masculinidade é uma das causas que faz com
que os homens optem em não denunciar sobre a violência que sofrem com suas parceiras”.
Confirmar-se com o seguinte depoimento dos entrevistados: “Porque muitas das vezes tem
sido por vergonha, não quero ser visto como um homem dominado pela esposa”.
Conclusão
A presente monografia tem como tema Violência Doméstica contra o homem: estudo
de caso do bairro de Natikiri (2015 – 2018), procurou se analisaras causas que levam os
homens, vítimas da violência doméstica, a não denunciar os actos de violência praticados
contra eles.
A partir dessa questão formulamos as seguintes hipóteses: (i) O intuito de preservar a sua
masculinidade é uma das causas que faz com que os homens optem em não denunciar a
violência que sofrem com suas parceiras; (ii) O desconhecimento das leis que defendem os
homens vítimas de violência contribui para que os homens não denunciem os actos de
violência; (iii) A construção social sobre a personalidade e potencialidade do homem leva os
homens a não denunciar os actos de violência contra eles.
Assim sendo, com base nossos dados constatamos que os tipos de violência que se
manifestam no seio dos homens que foram o nosso grupo alvo consistem na violência física,
económica e psicológica.
No entanto, constatamos também que o medo de divórcio, por ainda gostar da esposa
ou por tentar manter a sua masculinidade, leva os homens vítimas de violência doméstica a
não optarem pela denúncia dos actos de violência praticadas pelas suas esposas ou parceiras.
Neste caso, a construção social de que o homem é o zelador ou provedor da sua família, a
potencialidade do homem perante a mulher, e na tentativa de preservar essa superioridade em
relação a mulher leva esses homens a continuarem vivenciando as agressões nas suas
relações, com receio de se divorciar e ter que expor as reais motivações do divorcio a
sociedade.
conversação com a promotora da violência e a sua família ou recorrer bebida são as formas
que os homens vítimas de violência encontram para lidar com os actos de violência praticados
pelas suas esposas. A luz disso, essas todas formas de lidar com a violência doméstica vivida
dia após dia, consiste na vergonha de se expor no acto de prestar queixa nas instâncias oficiais
como um homem fraco e dominado pela esposa porque socialmente o homem é dominador
perante a mulher e não o contrário.
Concluímos que as principais causam que fazem com que os homens vítimas de
violência optem em não denunciar os actos de violência esta no facto de as autoridades não
resolver e se dedicar com tanta eficácia nos casos em que o homem é vítima de violência. Por
outra, alguns homens não denunciam os actos de violência por questões pessoais, como a
vergonha de ser visto pela sociedade como homem fraco e subjugado pela esposa, assim, eles
preferem não denunciar a violência que passam para preservar a sua masculinidade.
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Constrangimento da Pesquisa
Sugestões
De acordo com as conclusões e com aquilo que foi constatado durante a pesquisa,
sugere-se o seguinte:
Bibliografia
GIL, António Carlos. Como elaborar projectos de pesquisa. 4.ed, editora atlas, São
Paulo, 2002.
Apêndice
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Questionário
Bom dia!
Sou estudante do curso de Sociologia – Universidade Pedagógica – Nampula. Pretendo com o
presente questionário, recolher dados referentes a Violência Doméstica contra o homem:
Estudo de caso do bairro de Natikiri(2015 – 2018), para aquisição de grau de licenciatura em
Sociologia com habilitações em Desenvolvimento Rural. As suas respostas e o nome não
serão revelados a nenhuma outra pessoa. Agradecemos desde já pela sua colaboração!
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4. Já denunciou os actos de violência, praticados pela sua esposa? sim/ não. porque
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10. Conhece alguma lei que protege os homens vítimas de violência doméstica? Qual?
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11. Porque os homens vítimas de violência não denunciam as agressões que sofrem?
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Dados demográficos