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________________________________________________
Eu, Rivaldo Chabuca Francisco Cocote, autor da monografia intitulado “Análise do sistema
de fachadas ventiladas em edificações: caso de estudo cidade da Beira”, declaro que, salvo
fontes devidamente citadas e referenciadas, o presente documento é fruto de trabalho pessoal,
individual e original.
O mesmo é apresentado à Universidade Jean Piaget de Moçambique como parte dos requisitos
para a obtenção do grau de licenciatura em Engenharia Civil.
________________________________________________________
I
DECLARAÇÃO DO ORIENTADOR
Eu, Eng.ªMaury Chelsea Macuha declaro ter orientado ao estudante Rivaldo Chabuca Fran-
cisco Cocote do curso de Engenharia Civil na realização da presente memória monográfica
para obtenção do grau de Licenciatura.
____________________________________________________
II
AGRADECIMENTOS
Em primeiro lugar agradecer a Deus por tudo quanto tem feito em minha vida, pela
força, pelo dom da vida, pela inspiração que tem me dado dia após dia e por estar comigo em
todos os momentos.
Em segundo lugar agradecer a minha família especialmente ao meu pai Francisco Vie-
gas Cocote pelo suporte financeiro em meio a tantas dificuldades, pelos puxões de orelha
quando se fez necessário, pelos conselhos que sempre me deu na luta para que criasse não só
um filho que seja um profissional de sucesso, mas também um ser humano de sucesso.
Aos meus irmãos Vicente, Fortunato, Julieta, Ruvi, Pasquale e Charlene que sempre
estão comigo, que tem me dado o seu apoio incondicional e por estarem sempre ao meu lado
independentemente da situação.
Agradecer a minha avó Meldina Sitóe pelo acolhimento que me deu durante todos estes
anos de formação, a minha avó materna Maria Joaquim que lutou incansavelmente para que eu
tivesse uma educação de primeira, ao meu primo e irmão Francisco Cocote que sempre foi um
exemplo a seguir em minha vida e aos demais familiares.
Agradecer também a minha namorada Maríllia Dias que esta sempre comigo, por ser a
minha melhor amiga e melhor companhia de todos os dias e momentos, por ser a minha defi-
nição de amor e companheirismo.
Aos meus pastores que tem sido conselheiros espirituais e emocionais que ajudaram e
ajudam no meu desenvolvimento como pessoa.
Aos meus amigos e demais colegas que participaram activamente no meu processo de
formação, sendo companheiros em todos os sufocos que passamos.
Ao meu docente e padrinho Eng° Bearke Euadaba pelos ensinamentos que sempre me
deu e pela força, suporte e confiança depositada em mim.
A empresa que acolheu o meu estágio, na pessoa do Sr. Hélder de Sousa pelo acompa-
nhamento dado durante todo o processo de estágio.
A minha orientadora Engª Maury Chelsea Macuha pela paciência e orientação em todo
o processo de estágio e monografia. E por ultimo mas não menos importante a Coordenação
do Curso de Engenharia Civil na pessoa da Engª Nádia Farinha e demais docentes do curso.
III
DEDICATÓRIA
Dedico este trabalho primeiramente a Deus pela sabedoria que tem me dado sempre,
sem ele eu não seria nada.
Em segundo lugar dedico a minha falecida mãe que sempre foi o meu suporte enquanto
viva, ao meu pai que tem sido mais que um pai, tem sido um amigo.
Por ultimo as minhas avós, a minha namorada e futura esposa, meus irmãos, amigos e
família em geral.
IV
ÍNDICE
RESUMO .................................................................................................................................IX
ABSTRACT .............................................................................................................................. X
1.2. Justificativa.................................................................................................................. 2
1.4. Objectivos.................................................................................................................... 3
MARCO TEÓRICO................................................................................................................... 5
2.2. Fachada........................................................................................................................ 6
V
2.6.3. Impermeabilizante ................................................................................................. 18
2.6.7.7. Naturocimento.................................................................................................... 38
VI
2.8.1.2. Fixação das ancoragens...................................................................................... 43
4.3.3. Edifícios em que se usou o sistema de fachadas ventiladas na cidade da Beira ........ 52
4.4. Discussão....................................................................................................................... 52
VII
4.7. Quantidade de energia gasta em refrigeração ............................................................... 58
BIBLIOGRAFIA ..................................................................................................................... 62
VIII
RESUMO
Com a crescente demanda de exigências no que se refere a qualidade, a durabilidade e o con-
forto dos edifícios na engenharia civil, no caso especifico em fachadas, fez-se necessário a
criação de novos sistemas de fachadas para que se pudesse colmatar as deficiências apresenta-
das pelos outros sistemas. Desta feita, surge o sistema de fachadas ventiladas, uma solução
relativamente recente comparativamente aos tipos de fachada convencionais, mas que confere
um das melhores relações estética - funcionamento das fachadas. Este sistema é já vem sendo
amplamente usado no continente europeu, é um sistema considerado uma inovação construtiva
devido aos vários aspectos tanto estéticos, como funcional que este apresenta. O sistema de
fachadas ventiladas é composto basicamente por um suporte de fixação, por uma câmara-de-ar
em movimento, pelos elementos de fixação, pelo material de revestimento e pelas juntas aber-
tas. A câmara-de-ar ventilada e as juntas abertas são responsáveis pelo bom desempenho termo
acústico do sistema e pela estanqueidade à água quando correctamente dimensionadas. Posto
isso, feitas as revisões bibliográficas constata-se que este sistema apresenta ser um sistema
vantajoso em relação aos sistemas de fachadas convencionais em alvenaria, seja ele aderido ou
não. Vários outros aspectos ligados ao sistema de fachadas ventiladas lhe conferem um bom
sistema a ser adoptado em construções, sendo estas ligadas a redução do consumo de energia
nos edifícios devido a acção do sistema, as manifestações patológica e a gestão de resíduos
sólidos.
IX
ABSTRACT
With the growing demand for requirements in terms of quality, durability and comfort of struc-
tures in civil engineering, more focused on facades, it was necessary to create new façade sys-
tems so that the deficiencies presented by others could be overcome. systems. This time, the
ventilated façade system emerged, a relatively recent solution compared to several other types
of façade, but which provides one of the best aesthetic relationships - façade functioning. This
system is a system that has already been widely used on the European continent, this system is
a system considered a constructive innovation for both aesthetic and functional issues. It basi-
cally consists of a fastening support, a moving air chamber, fastening elements, lining material
and open joints. The ventilated air chamber and the open joints are responsible for the good
thermal and acoustic performance of the system and for the water tightness when correctly
dimensioned. That said, after the bibliographic reviews, it appears that this system is an advan-
tageous system in relation to the facade systems using masonry. Various aspects related to the
ventilated façade system give it a good system to be adopted in buildings, which are linked to
heating and pathological manifestations.
X
LISTA DE FIGURAS
Figura 1. Funcionamento da fachada ventilada ......................................................................... 7
Figura 2.Perfil de uma fachada ventilada .................................................................................. 8
Figura 3.Esquema de ventilação na fachada ventilada nos diversos climas ............................ 10
Figura 4.Elementos que compõem a fachada ventilada ........................................................... 11
Figura 5.Lã mineral fixada a uma parede ................................................................................ 15
Figura 6.Aplicação do poliuterano projectado numa cobertura ............................................... 16
Figura 7.Aplicação de placas de poliusterano extrudido numa fachada ventilada .................. 17
Figura 8.Tipos de isolamento térmico ..................................................................................... 17
Figura 9.Funcionamento da câmara-de-ar no sistema de fachadas ventiladas ........................ 19
Figura 10.Painéis colocados sobre uma fixação oculta ........................................................... 20
Figura 11.Painéis colocados sobre uma fixação visível........................................................... 21
Figura 12.Fixação oculta para revestimento de espessura fina ................................................ 21
Figura 13.Fixação sobreposta para revestimento de espessura fina ........................................ 22
Figura 14.Sistema de fixação a vista para revestimento de espessura fina .............................. 22
Figura 15.Fixação para revestimento de espessura grande ...................................................... 23
Figura 16.Fixação por cavilhas ................................................................................................ 24
Figura 17.Ancoragem por grampos ......................................................................................... 24
Figura 18.Ancoragem linear .................................................................................................... 25
Figura 19.Fachada ventilada fixada por meio de parafusos ..................................................... 26
Figura 20.Laminas simples fixadas por encaixe e aerodinâmicas fixas e móveis ................... 26
Figura 21.Tipos de juntas ......................................................................................................... 27
Figura 22.Entrada de água na fachada ventilada ..................................................................... 29
Figura 23.Situação da junta em dia chuvoso ........................................................................... 29
Figura 24.Detalhe do sistema com acabamento em cerâmica ................................................. 32
Figura 25.Formas e fixação para revestimentos cerâmicos ..................................................... 32
Figura 26.Sistema de acoplamento oculto aplicado no tardoz de uma placa de grés
porcelanato ............................................................................................................................... 34
Figura 27.Camadas que compõem um painel fenólico ............................................................ 35
Figura 28.Formas de fixação de painéis fenólicos ................................................................... 36
Figura 29.Fachada ventilada de madeira ................................................................................. 37
Figura 30.Sistema de fixação para revestimento em vidro ...................................................... 38
Figura 31.Uso de naturocimento em fachadas ventiladas........................................................ 39
Figura 32.Variação da cor em painéis fenólicos ...................................................................... 40
XI
Figura 33.Prática de vandalismo em painel fenólico ............................................................... 40
Figura 34.Quebra do revestimento externo.............................................................................. 41
XII
LISTA DE TABELAS
Tabela 1.Configuração do sistema de fachadas ventiladas ...................................................... 12
Tabela 2.Grau de confiabilidade do substrato para a sua utilização como base de ancoragem
para revestimentos não aderidos .............................................................................................. 13
Tabela 3.Estudo de juntas abertas de 8mm em placas de grés porcelanato de 600mm x 600mm
.................................................................................................................................................. 28
Tabela 8.Processo de execução de fachadas ventiladas e cerâmica aderida ............................ 57
XIII
LISTA DE GRÁFICOS
Gráfico 1. Cargo ocupado na empresa ..................................................................................... 49
Gráfico 2. Nível académico ..................................................................................................... 50
Gráfico 3. Conhecimento e uso de fachadas convencionais .................................................... 50
Gráfico 4. Nível de conhecimento das fachadas ventiladas ..................................................... 51
Gráfico 5. Uso do sistema de fachadas ventiladas nas empresas ............................................. 51
Gráfico 6. Uso da fachada ventilada em edifícios na cidade da Beira ..................................... 52
Gráfico 7. Acção da chuva Vs Surgimento de patologias ....................................................... 54
Gráfico 8. Acção do calor Vs Uso do Ar condicionado .......................................................... 55
Gráfico 9. Preferência de uso entre os sistemas ....................................................................... 56
Gráfico 10.Percentagem de perdas de resíduos gerados entre os sistemas .............................. 57
Gráfico 11.Comparação de resultados de carga térmica .......................................................... 58
XIV
LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS
CSL – Construções Sousa Lda
Ph – Potencial de Hidrogénio
UV – Ultra Violeta
XV
CAPÍTULO I: INTRODUÇÃO
A fachada é a primeira parte da estrutura a que as pessoas se deparam, sendo este um
cartão-de-visita poderoso na questão estética e funcional do edifício, é por isso que se faz ne-
cessário que um edifício tenha uma fachada visualmente agradável, mas que também desem-
penhe um papel funcional de grande relevância.
Segundo Barth & Vefago (2007), as fachadas têm poder de produzir a imagem do edi-
fício e de criar a sua identidade visual. As fachadas podem, também, melhorar o desempenho
ambiental, actuando como elemento condicionador natural do edifício.
Desta feita, no que tange a construção de fachadas e com a necessidade do seu melho-
ramento, surgiu o sistema de fachadas ventiladas, com o intuito de melhorar ainda mais a ques-
tão estética e funcional dos edifícios. Segundo Campos (2011), as fachadas ventiladas são am-
plamente utilizadas nos países europeus. Esses sistemas destacam-se pelas qualidades de efici-
ência energética, beleza, resistência, potencial criativo e conforto, os quais são argumentos que
promovem as especificações entre os profissionais da indústria da construção civil.
1.1.Problematização
Com o passar dos anos, as fachadas dos edifícios começam a apresentar vários tipos de
manifestação patológica devido ao tipo de revestimento e o sistema de fachadas em utilização
nos mesmos, associado a isso, o uso do ar condicionado tem acarretado custos demasiado ele-
vados no que tange ao consumo de energia eléctrica, visto que em países com clima tropical
1
quente faz-se sempre necessário usar o ar condicionado para reduzir o calor que se faz sentir
dentro dos edifícios. Outra questão a ter em consideração é a gestão de resíduos sólidos, uma
vez que a utilização de métodos convencionais propicia a geração de vários residios sólidos
que se perdem durante a sua aplicação, propiciando uma maior utilização dos mesmos e con-
sequentemente o incremento do custo de obra.
O uso das fachadas convencionais em alvenaria não ventilada tem propiciado a uma
maior absorção dos raios solares incidentes sobre as fachadas tornando o ambiente interno
muito quente havendo a necessidade de utilizar sistemas de condicionamento artificial, para
além disso, no sistema de fachadas em convencionais, devido à fraca estanquidade a água da
chuva que incide sobre a fachada, propicia o aparecimento de patologias. Neste sentido com o
passar dos anos e com o avanço da tecnologia e da técnica no ramo da construção civil, desen-
volveu-se o sistema de fachadas ventiladas e sua posterior utilização com o ímpeto de reduzir
drasticamente os efeitos do calor no conforto térmico dos edifícios, bem como reduzir a acção
da água das chuvas sobre o interior do edifício diminuindo o risco da aparição de patologias
associadas ao mesmo e por ultimo diminuir a geração de resíduos sólidos nas construções.
Surge desta maneira a seguinte pergunta de partida: até que ponto o sistema de fachadas ven-
tiladas apresenta ser uma melhor solução em relação ao sistema de fachadas convencionais?
1.2.Justificativa
A necessidade do conhecimento e aprimoramento de novas técnicas construtivas vem
ganhando um espaço cada vez maior no nosso país, o mesmo visa a melhoria do desempenho
dos edifícios construídos no nosso país. O sistema de fachadas ventiladas apresenta vários as-
pectos que o tornam numa solução viável, agradável e sustentável para a utilização no nosso
país, desta feita, o motivo da escolha do tema recai sobre o facto do sistema em estudo ser novo
e pouco conhecido em Moçambique, este carece de estudos aprofundados e sua posterior apli-
cação.
2
vários aspectos antes não aplicados na área, concretamente no que tange a construção de fa-
chadas.
1.3.Delimitação do tema
A presente pesquisa sobre o sistema de fachadas ventiladas centra-se na cidade da beira,
Moçambique. Para o estudo do sistema foram levantadas informações em algumas empresas
ligadas ao ramo da construção civil na cidade da Beira, nomeadamente Arq Services Lda,
Construções Karina Lda, Octávio Chidengo Construções, Lda e Construções Sousa Lda.
1.4.Objectivos
1.4.1. Objectivo geral
O objectivo geral do presente trabalho é analisar o sistema de fachadas ventiladas em
edificações, com enfoque nas suas características, sua aplicabilidade e os métodos de execução
em edifícios.
1.5.Hipóteses
Conforme o problema de investigação e o objeto de estudo permite identificar as se-
guintes hipóteses:
3
H0 O sistema de fachadas ventiladas melhora consideravelmente a durabilidade dos edi-
fícios em vários parâmetros devido aos seus sistemas integrados que funcionam todos com
vista na melhora de desempenho desse sistema.
H1 O sistema de fachadas ventiladas, ajuda na diminuição dos efeitos do calor nos edi-
fícios, proporcionando assim menor uso do ar condicionado e maior conforto térmico dentro
das edificações tornando-o um ambiente agradável para os utentes.
1.6.Estrutura da monografia
A presente monografia encontra-se estruturada e distribuída em quatro (4) grandes capítu-
los, a saber:
4
CAPÍTULO II: REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
O presente capítulo consiste na busca de bibliografias relacionadas ao tema em estudo
“análise do sistema de fachadas ventiladas em edificações: Caso de estudo cidade da Beira”,
dando uma breve conceitualização sobre as fachadas em geral e posterior estudo sobre as fa-
chadas ventiladas no que tange a sua conceitualização, elementos que compõem este sistema,
tipos de materiais usados, os tipos de fixação, as vantagens e desvantagens do seu uso, as ma-
nifestações patológicas mais frequentes no sistema e os equipamentos usados na sua execução.
MARCO TEÓRICO
2.1.Sustentabilidade na construção civil
O tema da sustentabilidade e do desenvolvimento sustentável se tornou cada vez mais
discutido a partir da primeira Revolução Industrial, na Inglaterra ainda no final do século
XVIII. Porém a época ainda privilegiava as questões do progresso que a indústria trazia. Assim,
apenas em 1968 com a formação do Clube de Roma, grupo de intelectuais que se reunia para
discussão de diversos assuntos, e com sua publicação The limits of growth (Os limites do cres-
cimento) em 1972, o desenvolvimento sustentável se tornou algo a ser discutido e pensado em
diversas ocasiões (COSENTINO & BORGES, 2016).
Para Spezia (2017), a construção civil é um dos sectores que mais consome recursos e
energia mundialmente, e consequentemente causa grandes prejuízos ao ambiente. Deste modo,
é necessário que se faça um consumo racional dos mesmos.
De acordo com Foster (2003), edifícios consomem metade da energia utilizada em pa-
íses desenvolvidos, enquanto mais um quarto é consumido pelo transporte. Apesar dos profis-
sionais da construção civil não serem capazes de salvar o planeta, eles podem fazer uma grande
diferença projectando edificações que equilibrem os gastos e influenciando as malhas urbanas,
para que o transporte seja flexível e optimizado (FOSTER, 2003).
5
2.2. Fachada
A fachada é um elemento fulcral para a valorização de um edifício. As suas funções
assumem um papel mais amplo, pelo facto desta, juntamente com a cobertura, constituírem o
invólucro da edificação e, portanto, serem responsáveis pela manutenção das condições ambi-
entais internas como é o caso do conforto térmico, conforto acústico e manutenção dos níveis
de segurança (CUNHA, 2006).
Ainda segundo Souza (2019), as fachadas constituem a interface entre interior e exterior
de uma edificação. São as partes mais marcantes e visíveis das obras, actuam na protecção
contra os agentes externos e são dos maiores responsáveis por criar ambientes confortáveis
uma vez que é ali que ocorrem os ganhos e perdas térmicas.
2.3.Fachadas ventiladas
O Sistema de Fachadas Ventiladas foi desenvolvido nas últimas décadas por laborató-
rios europeus, a partir da necessidade de redução dos custos com energia para refrigeração e
calefação das edificações (TÉCHNE, 2009).
Segundo Kiss (1999), citado por Causs (2009), em seu trabalhado, a fachada ventilada
foi descrita pela primeira vez em 1968 nas “Directives Communes pour l’Agrement dês Faça-
des Légeres”do CSTB, segundo esta norma francesa, a fachada é classificada como ventilada
quando há comunicação com o exterior por meio de orifícios que possibilitam uma ventilação
de forma permanente de baixo para cima.
6
Figura 1. Funcionamento da fachada ventilada
Siqueira Jr (2003) em seu trabalho utiliza o termo fachada ventilada para designar um sis-
tema composto por placas ou painéis fixados externamente ao edifício por uma subestrutura
auxiliar constituindo-se no revestimento externo ou na vedação vertical exterior.
7
Figura 2.Perfil de uma fachada ventilada
8
sistema de juntas abertas, que permite que o espaço entre as placas não receba vedação com-
pleta nas aberturas inferiores e superiores, possibilitando dessa forma a criação da lâmina de ar
na cavidade entre as duas paredes (LOPES, 2018).
Outra forma muito eficiente de se utilizar a fachada ventilada para qualidade da manu-
tenção ambiental interna é adicionando nesse espaço – entre a fachada ventilada e a alvenaria
– materiais isolantes térmicos como a lã de rocha, que irá manter o isolamento térmico entre o
ambiente interno e o externo. No hemisfério Norte, onde essas fachadas foram desenvolvidas,
como o inverno é rigoroso e a manutenção do calor nos ambientes internos é fundamental, é
muito comum o preenchimento com uma camada de material isolante, geralmente painéis de
lã de vidro ou lã de rocha (LOPES, 2018).
Ainda segundo o mesmo autor, no inverno, a fachada ventilada deve servir como um
acumulador de calor, que com a ajuda do isolante térmico (lã de rocha), não permite que o ar
mais quente do ambiente interno se dissipe para o ambiente externo. Como o revestimento
sofre com as dilatações térmicas durante o ano, as juntas abertas também funcionam no sentido
9
de prever o movimento das peças, evitando assim as patologias no revestimento, o que traz
maior longevidade ao revestimento externo e ao edifício num todo.
A fachada ventilada apresenta outro ponto muito positivo que a distingue das demais,
esta vantagem esta associada ao processo de revitalização dos edifícios, através da moderniza-
ção das suas instalações e readequacao de seu uso, este processo é denominado por revitaliza-
ção (retrofit).
Para Lopes (2018), Uma das grandes vantagens de se utilizar a fachada ventilada para
Retrofit é que as instalações podem ser feitas todas pela parte externa da edificação, sem ne-
cessidade de geração de entulhos e grandes reformas, desde que, é claro, seja viável a reutili-
zação da estrutura do edifício. Dessa forma geram-se menos resíduos sólidos nesse processo.
Também é um ganho trabalhar sem que seja necessário alterar a rotina interna da edificação.
Lunardelli (2011), diz que por oferecer protecção à edificação e promover isolamento
termo acústico, as fachadas ventiladas constituem excelente opção para a renovação de edifí-
cios já existentes. Além do desempenho energético e da mínima solicitação de manutenção, o
sistema elimina o contacto directo das paredes e lajes com as intempéries, protegendo-as de
possíveis patologias.
10
Podemos então afirmar que o sistema de fachadas ventiladas é um sistema altamente
funcional pelas diversas características que este compreende e que a possibilitam ter um de-
sempenho excelente em diferentes tipos de clima se adequando a cada uma delas.
Elemento Opções
Operatividade da câmara-de-ar Ventilação constante ou aberturas operacionalizáveis
Sistema de fixação Visível ou oculto
11
Juntas Abertas ou fechadas
Revestimento externo Betão polimérico; Alumínio perfilado e tricamada; Vi-
dro; Cerâmica (extrudada ou porcelanato); Compostos
fenólico e melamínico; Madeira modificada; Placas fo-
tovoltaicas; Naturocimento - fibrocimento; Rochas na-
turais e tecnológicas
Tabela 1.Configuração do sistema de fachadas ventiladas
Ainda segundo o mesmo autor, Além da resistência à flexão da base, é importante con-
siderar outros fatores que influenciam no desempenho da vedação como um todo. De acordo
com Carneiro (2015), a deformabilidade de seus componentes e elementos pode vir a compro-
meter o desempenho da vedação e consequentemente do Sistema de Fachadas Ventiladas.
A base suporte deve também deve ser protegida para evitar a ocorrência de manifesta-
ções patológicas. Na maioria das vezes é utilizado uma camada de isolamento térmico, porém,
ainda pode ser realizado uma pintura com aditivos hidrófugos ou ainda rebocar a fachada
(CAUSS, 2014).
A fixação dos revestimentos pode ser realizada de duas maneiras: direta ou pontual-
mente, quando o inserto metálico é afixado diretamente na base suporte, sendo a única ponte
12
entre o revestimento e a vedação; ou indiretamente, por meio da fixação dos insertos em uma
subestrutura auxiliar (CAMPOS, 2011). Para Kuester (2017), A fixação pontual, para fins de
aproveitamento das câmaras-de-ar, exige mais amplitude dos inserts e da ancoragem à vedação,
portanto o sistema com uso de subestrutura é o mais indicado, apesar de encarecer o sistema.
Caso a vedação externa não possa ser utilizada como suporte, a fixação das ancoragens
deve ser feita diretamente nos elementos estruturais, tais como pilares, vigas e lajes (SI-
QUEIRA Jr., 2003). Na tabela a seguir elaborada por Siqueira Jr (2003), tem-se traduzido o
grau de confiabilidade dos diferentes tipos de vedação (parede) como base para ancoragem.
13
2.6.2. Isolante térmico
Uma das preocupações da construção é a proteção do ambiente e redução do consumo
de energia, aliadas ao conforto térmico. Com isso é necessário isolar a envolventes dos edifí-
cios, diminuindo a troca de calor com o exterior do edifício, evitando assim o aquecimento e
tendo como resultado o conforto térmico (SILVA;SANTOS, 2018). O isolamento térmico, para
Mendes (2009), tem como função principal atenuar a transferência de calor ao longo dos ma-
teriais sobre os quais são aplicados.
14
De acordo com Dutra (2010), têm-se os seguintes materiais isolantes:
Lã mineral:
“A Lã mineral é um material isolante muito utilizado, produzido à base de rocha liquefeita, não
inflamável, com eficácia em isolamento térmico, sendo também um bom isolante acústico. As suas
propriedades incombustíveis asseguram total tranquilidade durante a sua montagem, aplicação e vida
útil.” (DUTRA, 2010:17).
Espuma de vidro:
Poliuterano:
15
Poliuterano Projetado:
O poliestireno expandido (EPS) é um dos materiais mais utilizados para isolamento térmico.
“O uso de poliestireno expandido tem várias vantagens, tais como: baixa condutibilidade tér-
mica, leveza, fácil manuseamento, resistente ao envelhecimento, higiênico e totalmente inó-
cuo”. (DUTRA, 2010:19).
16
Figura 7.Aplicação de placas de poliusterano extrudido numa fachada ventilada
Cortiça:
17
2.6.3. Impermeabilizante
Para Silva (2012), o deverá ser utilizado, preferencialmente, um cimento polimérico à
base de resina acrílica, ou qualquer outro, desde que especificado em projeto técnico constru-
tivo. O produto impermeabilizante deverá ser aplicado após o isolante térmico, caso seja espe-
cificado, e antes da instalação das ancoragens. No encontro das alvenarias com a estrutura de-
verão ser executados reforços com véu de poliéster, de forma que se evite fissuras, bem como
infiltração de água (KUESTER, 2017).
2.6.4. Câmara-de-ar
O afastamento entre a base de suporte e o revestimento externo dá o surgimento do que
se chama câmara-de-ar. É o principal motivo para que o sistema da fachada ventilada venha ter
sucesso e resultados positivos (SILVA;SANTOS, 2018). Segundo carneiro (2015), A ventila-
ção contínua no interior da câmara-de-ar é o mecanismo de funcionamento do Sistema de Fa-
chadas Ventiladas. O sistema de ventilação pode ser mecânico ou natural.
A câmara-de-ar deve possuir uma espessura mínima de dois centímetros, porém quanto
maior for essa medida, melhor será o efeito chaminé (CAUSS, 2014). De acordo com Carneiro
(2015) Quando a câmara-de-ar é projectada para uma ventilação natural, o aquecimento do ar
18
provocado pela radiação solar varia a densidade do mesmo, dando início a um movimento de
ascensão, conhecido como “Efeito Chaminé”. Segundo Dutra (2010) Esse fenómeno físico é
responsável pela eliminação do ar aquecido por convecção e pela remoção do vapor de água
no interior da câmara. Para a eficácia desse efeito é preciso assegurar que a zona de entrada e
saída de ar esteja sempre desimpedida.
19
nos revestimentos ou segundo os dispositivos de ancoragem na fachada da edificação, Esse
sistema tem por objectivo fixar o revestimento externo da fachada em sua estrutura de base.
Para Causs (2014), existem diversos tipos de fixação para sistemas de fachadas venti-
ladas. Os mais importantes entre eles são as fixações pontuais ou por sistemas intermediários
onde cada um deles ainda são divididos entre fixações ocultas ou visíveis. Segundo Dutra
(2010), as estruturas de fixação podem ser classificadas de duas maneiras, a saber:
Fixação oculta: quando a fixação nas placas de revestimento não fica exposta, são ge-
ralmente introduzidos atrás das placas;
Fixação visível: quando os clips que são utilizados para fixação do revestimento ficam
expostos.
20
Figura 11.Painéis colocados sobre uma fixação visível
Os sistemas de fixação tanto ocultos como visíveis, são feitas variados tipos de insertas
que vão garantir a sua segurança. É de ressaltar que existem quatro sistemas de fixação de-
pendendo da espessura do revestimento a ser aplicado. Nos mesmos são utilizados alguns
componentes que serão referenciados posteriormente.
21
2.6.5.2.Fixação sobreposta quando utilizado um revestimento de espessura fina
Esse tipo de fixação permite uma sobreposição dos painéis de modo a formar escamas le-
vemente sobrepostas. Dessa forma, garante-se a estanqueidade das juntas. Assim como o sis-
tema anterior, esse foi desenvolvido para cerâmicas, mas também se aplica às peças de pedra
natural delgadas, placas laminadas, placas de alumínio, entre outras (CONSTRULINK, 2006).
22
2.6.5.4.Fixação quando utilizados revestimento de espessura grande
Este tipo de fixação, de acordo com o Construlink (2006), é ideal para fachadas onde o
revestimento especificado tem espessura superior a 20 mm. É um sistema que foi desenvolvido
para pedras naturais, mas que é possível utilizar vários outros revestimentos, tais como: peças
de fibrocimento, painéis cerâmicos e outros elementos de maior espessura. Segundo Dutra
(2010), as peças são fixadas sobre as margens superior e inferior, de modo que os perfis hori-
zontais as acomodem e se fixem ao restante da estrutura dos perfis verticais, através de grampos
de aço.
Como foi citado anteriormente, o tipo de fixação a ser utilizado (tanto a vista como
oculta), ira depender da espessura do revestimento a que esta será colocada, é possível observar
nas imagens acima que em todos os tipos de suportes existem alguns componentes que os com-
põem que são denominados por inserts, a seguir passaremos a conceptualizar cada um dos
componentes que constituem as estruturas de fixação:
Uma cavilha é análoga a um prego sendo considerada uma fixação pontual, em que o
suporte é dado pela resistência transversal ao corte. As ancoragens pontuais encontram-se di-
rectamente fixadas à estrutura por meio de perfurações e utilizam-se resinas colantes para o
engaste com a base suporte (CAUSS, 2014). Segundo o pressuposto por Sousa (2010), Esse
tipo de ancoragem não utiliza estruturas de suporte auxiliares, tornando o sistema em geral
23
menos oneroso. No entanto, o aumento da quantidade de fixações ancoradas directamente sobre
o suporte condiciona a uma produtividade mais baixa. Se as cavilhas forem aplicadas em juntas
horizontais a sua função é resistir apenas aos esforços horizontais, mas se for aplicado nas
juntas verticais, para além dos esforços horizontais, deve resistir ao peso próprio do revesti-
mento. Este sistema é utilizado para revestimentos de fachada leves (SOUSA, 2010).
Sousa (2010) cita que um grampo é um elemento metálico que é fixado ao revestimento,
suportando o peso próprio do componente de revestimento e fixando-o à fachada. Geralmente,
esse tipo de ancoragem é tido como um sistema visível, podendo haver, em certas situações,
cavidade que permitam a sua ocultação. Aplica-se tanto para revestimentos leves como pesa-
dos, porém neste último caso devem-se ter algumas precauções em relação à segurança e ao
cálculo da resistência em projecto das fixações.
24
Ancoragem linear por encaixe
Sousa (2010) comenta que a sua instalação é realizada num orifício pré-perfurado do
revestimento, por meio do achatamento da outra ponta, quando o corpo do rebite preenche o
orifício, prendendo o mesmo à estrutura. O rebite necessita de ter acesso aos extremos do ori-
fício, para o seu posicionamento e posterior achatamento. A estrutura do sistema de fixação
pode ser em madeira ou metálica. Caso seja em madeira, a fixação dos painéis é com parafusos
e se for metálica, podem ser fixados em ambas as soluções (SOUSA, 2010).
25
Figura 19.Fachada ventilada fixada por meio de parafusos
A fixação de lâminas tem origem nas soluções de protecção solar, muito semelhante a um
brise funcionando da mesma forma que a fachada ventilada. Este sistema de fixação pode ser
fixo ou móvel, conforme opção arquitectónica, permitindo abrir ou fechar, modificando as con-
dições de luminosidade ou melhorando a estanqueidade. Se for um sistema fixo há a possibili-
dade de o sistema ser de encaixe. No entanto, se for móvel, os mecanismos já devem vir mon-
tado para apenas serem instalados em obra (SOUSA, 2010).
2.6.6. Juntas
As juntas de uma fachada ventilada constituem-se, basicamente, por espaços normal-
mente deixados abertos, que separa duas placas de revestimento, com o objectivo de promover
26
o alívio das tensões oriundo das movimentações intrínsecas e extrínsecas ao conjunto, caracte-
rizando um revestimento ventilado (CUNHA, 2006). A NBR 13755 (1996, p.3) traz a definição
de junta como sendo o “Espaço regular entre duas peças de materiais idênticos ou distintos”.
Para Siqueira Jr. (2003), A função das juntas consiste em absorver as deformações de origem
estrutural e as de retração e expansão, provenientes do material de revestimento e da base de
suporte, além de serem responsáveis pela estanqueidade do revestimento, denominadas hori-
zontais e verticais, podendo ser abertas ou fechadas.
Sousa (2010) cita que um dos elementos mais importantes para o funcionamento do
sistema da fachada ventilada é a junta entre os elementos descontínuos. Pode-se ter três tipos
de juntas: juntas abertas, juntas sobrepostas ou a utilização de perfis de juntas e dentro de cada
tipo existem várias soluções. A classificação segundo Sousa (2010) pode ser observada na fi-
gura a seguir.
Porem alguns autores subdividem as duas em dois tipos, juntas abertas e juntas fecha-
das, sendo que cada uma delas desempenha a sua função de maneiras distintas. Sousa (2010)
classifica as juntas deixando de lado as juntas fechadas porque estas segundo o autor não devem
ser adotadas em sistemas de fachadas ventiladas devido ao seu funcionamento necessitar de
aberturas para que permita a circulação de ar na câmara sem deixar a água entrar em contacto
27
com a camada isolante. Para Cunha (2006), as juntas são responsáveis pela estanquidade do
revestimento e devem permitir uma fácil manutenção, existindo por isso dois tipos de juntas:
Juntas abertas: as que não apresentam uma proteção contra a infiltração das águas
pluviais;
Juntas fechadas: as que apresentam uma proteção contra a infiltração das águas das
chuvas
2.6.6.1.Juntas abertas
Consideradas como aquelas que permitem a infiltração de águas pluviais, segundo Si-
queira Júnior (2003), não são indicadas para uso em locais com condições climáticas extremas,
ou onde o revestimento seja passível de dano por vandalismo. Quanto ao espaçamento das
juntas, há indicações de 3mm, desde que a câmara tenha no mínimo 45mm de espaçamento.
Estudos com placas de grés porcelanato com 600mm x 600mm, executadas com juntas de 8mm
apresentam resultados conforme os apresentados na tabela a seguir.
a) No caso em que apenas as juntas horizontais são abertas, a percentagem de águas plu-
viais que entra na caixa-de-ar é de 5,5%, sendo que desta, 0,3% atinge a lâmina in-
terna e apenas 0,1% é absorvida pela mesma.
28
b) No caso em que tanto as juntas horizontais como as verticais são abertas a percenta-
gem de água que entra na caixa-de-ar é de 16,1% sendo que desta p,4 atinge o parâ-
metro interno e 0,1% é absorvido pela parede e o restante é escoado pelo tardoz da
placa ou através da caixa-de-ar.
29
2.6.6.2.Juntas fechadas
As juntas fechadas possuem uma proteção externa contra a ação das águas de chuva.
Nesse caso, as aberturas e drenos são revestidos de modo a equalizar as pressões do vento e o
escoamento da água que penetre no sistema durante tempestades (SIQUEIRA Jr., 2003). Se-
gundo os estudos de Cunha (2006), estas juntas são caracterizadas pela utilização de uma pro-
teção externa contra a ação da chuva. Deve dotar-se o revestimento de aberturas e de drenos,
para se promover a equalização das pressões e o escoamento de água, que posteriormente pe-
netre para o interior do sistema durante as tempestades.
É necessário também, que os selantes que serão empregados sejam testados previa-
mente, especialmente os silicones, para prevenir possíveis questões de mudança de cor do
mesmo devido à sua exposição aos raios UV, bem como a sua incompatibilidade química com
o material escolhido como revestimento (KUESTER, 2017).
Outro aspeto importante a ser observado, se refere à absorção de água, este valor deve
ser baixo, uma vez que está intimamente ligado às questões estéticas, como lixiviação, resis-
tência à poluição e deposição de sujidades, além de funcionais, como segregação por congela-
mento (KUESTER, 2017).
30
o revestimento que se pretende usar e a posterior verificação se o mesmo responde as exigên-
cias de cada tipo de construção. A seguir serão classificados os tipos de revestimentos mais
utlizados no sistema de fachadas ventilada.
2.6.7.1.Cerâmica
Segundo Carneiro (2015), a fachada ventilada em cerâmica é um sistema muito efici-
ente em relação ao comportamento higrotérmico de um edifício. É uma solução que reúne as
vantagens desse tipo de sistema construtivo com as propriedades de inércia térmica do ele-
mento cerâmico. Para Causs (2014), Tradicionalmente, os revestimentos externos de fachada
ventilada mais utilizados eram as pedras naturais. Porém, devido ao desenvolvimento tecnoló-
gico, foi possível fabricar peças cerâmicas de grandes dimensões e formatos, os quais apresen-
tam muitas vantagens tanto técnicas como econômicas em relação aos revestimentos tradicio-
nais de fachada. Dentre as várias vantagens apresentadas por este tipo de revestimento podemos
encontrara os seguintes:
Dutra (2010) salienta que a leveza do sistema permite a redução do peso da estrutura
portante além de facilitar a instalação do mesmo. Além disso, deve-se sempre levar em conta
o peso da estrutura em geral, que inclui desde o revestimento externo até acessórios auxiliares.
Com isso, dispensa-se também a utilização de equipamentos especiais para o transporte vertical
das placas.
A solução mais comum desse tipo de fachada, segundo Construlink (2006), é composta
por uma perfilaria de suporte fixada ao pano de parede, onde este é devidamente isolado pelo
exterior. Os painéis são acoplados aos perfis por meio de encaixes metálicos tipo “clips”. Deve
ser considerada também a escolha da textura e do acabamento superficial das placas obser-
vando a compatibilidade do revestimento quanto à exposição durante um longo período de
tempo sem que haja alterações na cor pela ação de raios ultravioleta (SIQUEIRA Jr., 2003).
31
Figura 24.Detalhe do sistema com acabamento em cerâmica
Os sistemas de fixação mais empregados para este tipo de material são a ancoragem por
grampos, linear, no tardoz ou por sistemas de encaixe. A ancoragem no tardoz pode ser fixada
por parafusos ou por uma solução mista de parafusos com reforço de cola. Na imagem a seguir
serão ilustradas as formas e a fixação para revestimentos cerâmicos.
32
2.6.7.2.Alumínio perfilado
Segundo Silva (2013), são perfis de alumínio extrudido utilizados para construir a
subestrutura e os elementos de acabamento, as cantoneiras são arredondadas e pré-lacadas (pre-
viamente pintadas com resina). Os perfis podem ser fixados à subestrutura através de encaixes
especiais permitindo uma perfeita regulação sem a necessidade de fixação mecânica à vista.
Este tipo de revestimento permite resultados estéticos diferenciados de acabamento da fachada.
A montagem desse sistema é rápida e sua manutenção é simples. Possui boa resistência aos
agentes atmosféricos (água, sol, gelo e mudanças de temperatura) e a corrosão. Sua aplicabili-
dade é vasta: edifícios residenciais, comerciais, industriais, institucionais de grande ou pequeno
porte. Pode ser especificado tanto para edifícios novos quanto para reforma (CONSTRULINK,
2006). Os revestimentos em alumínio têm muitas características positivas, podendo-se destacar
as mais importantes:
Os tipos de fixação para esse tipo de revestimento podem ser por parafusos, pregos ou
r bites, moldura ou sistema de encaixe (CAUS, 2014).
2.6.7.3.Grés porcelanato
A NBR 15463 (2013) define porcelanato como sendo “placa cerâmica para revesti-
mento com baixa porosidade e elevado desempenho técnico. Pode ser esmaltada ou não, polida
ou natural, retificada ou não retificada”. O grés porcelânico conta, segundo Mendes (2009),
com uma elevada precisão dimensional (com espessura desde 8 mm e dimensões até 1,2 x 1,2
metros), uma grande homogeneidade das peças, não apresenta expansões significativas devido
à umidade, tem reduzidos coeficientes de dilatação térmica, grande resistência à abrasão, alta
resistência ao ataque químico de álcalis e ácidos, à radiação solar e ao congelamento e facili-
dade de manutenção (MENDES, 2009).
33
Mendes (2009) ainda acrescenta que o grés porcelanato tem apresentado as seguintes
vantagens em relação às placas em pedra natural:
Figura 26.Sistema de acoplamento oculto aplicado no tardoz de uma placa de grés porcelanato
2.6.7.4.Placas fenólicas
Os compostos fenólicos são substâncias naturais, que são base da produção de uma
resina plástica de alta resistência. No processo de transformação de aglomerados de madeira,
essa resina pode ser utilizada como adesivo interior para as fibras, o que proporciona grande
resistência química e mecânica a esses aglomerados (CONSTRULINK, 2006).
34
Segundo Mendes (2009), são constituídos por diversas camadas de fibras de celulose,
impregnadas com resinas fenólicas e melamínicas e submetidas a tratamento com elevadas
temperaturas e pressões que faz com que os componentes se fundam e, posteriormente, endu-
reçam. Deste processo de fabricação, resulta um produto homogêneo e com baixa porosidade,
cuja composição é, basicamente, celulose (cerca de 60%) e resinas de fenol-formaldeído cura-
das (cerca de 40%). Os painéis fenólicos são constituídos basicamente por três partes que pode-
se observar na imagem a seguir:
Os tipos de fixação existentes para os painéis fenólicos podem ser observados na ima-
gem a seguir:
35
Figura 28.Formas de fixação de painéis fenólicos
2.6.7.5.Madeira
É uma solução que faz uso da madeira bruta como revestimento para a fachada venti-
lada. Para que resista às condições do meio externo, a madeira bruta é submetida a um processo
de modificação. Esse processo consiste em retirar a maior parte da umidade da madeira através
da elevação da temperatura. Esse tratamento faz com que a resistência térmica da madeira mo-
dificada aumente em relação a sua forma bruta. Ele também a torna mais leve e escurecida,
aumenta sua resistência à deterioração e diminui sua capacidade de absorção de água (CONS-
TRULINK, 2006)
36
Figura 29.Fachada ventilada de madeira
2.6.7.6.Vidro
A fachada ventilada em vidro aparenta-se, no seu aspecto visual, a uma fachada cortina;
a diferença reside no sistema construtivo. Esse sistema deve ainda prever a limpeza do vidro
pelo lado interior, garantindo o seu acesso por meio de aberturas ou pela criação de uma galeria
técnica no espaço da câmara-de-ar (SOUSA, 2010). Ainda segundo Sousa (2010), as fachadas
em vidro são muito utilizadas em retrofit de edifícios em casos que não necessite a manutenção
da fachada original.
37
Figura 30.Sistema de fixação para revestimento em vidro
2.6.7.7.Naturocimento
O naturocimento surge como alternativa frente aos outros materiais e atende a muitos
requisitos ambientais, pois exige um baixo consumo de recursos naturais. É constituído por
cimento Portland, fibras de reforço em PVA (acetato polivinílico), fibras de celulose, sílica
amorfa, aditivos e água. O naturocimento veio substituir o tradicional fibrocimento, sendo este
novo material isento de amianto que liberava poeiras prejudiciais à saúde e que é proibido em
diversos países (SOUSA, 2010).
38
Figura 31.Uso de naturocimento em fachadas ventiladas
39
Figura 32.Variação da cor em painéis fenólicos
2.7.3. Vandalismo
As práticas de vandalismo são frequentes nas mais variadas classes sociais. Ela pode se
apresentar de diversas formas, como uma simples mancha de fácil remoção, até quebras pro-
positais e degradação do revestimento. Apesar da elevada constatação deste tipo de ações, o
desenvolvimento das práticas de manutenção e da tecnologia dos sistemas, tenderá a apresentar
soluções antivandalismo. A figura a seguir mostra exemplos desse tipo de prática (CAUSS,
2014).
Outro problema causado é na infiltração para dentro da edificação, já que a base suporte
não tem uma proteção especial. Apenas a parte interna do edifício que geralmente é rebocada
e protegida com pintura ou outro material de acabamento. Sendo assim, caso haja uma umidade
excessiva, a água pode percolar pela parede gerando manifestações patológicas dentro da edi-
ficação (CAUSS, 2014).
41
2.8.Projecto de fachada ventilada
Segundo Causs (2014), para a boa execução de uma fachada ventilada, é imprescindível
a existência de um projeto completo de todo o sistema. Segundo Siqueira Jr. (2003), o projecto
do sistema de fachada ventilada possui duas fases distintas. A primeira envolve a escolha de
materiais, o estudo de viabilidade, a análise dos custos do sistema em função das necessidades
técnicas e estéticas, a definição dos parâmetros gerais e detalhes construtivos da obra, além das
especificações técnicas das placas de revestimento.
Para Dutra (2010), esse projecto deve considerar as soluções técnicas que serão adop-
tadas na obra, sendo imprescindível considerar também: os equipamentos existentes no can-
teiro e os que deverão ser adquiridos; o espaço físico disponível para estocagem, preparação e
montagem dos componentes; a possibilidade de interferência com as demais mãos de obra e o
cronograma da obra. O projecto de uma fachada ventilada deve obedecer alguns critérios como
fora supracitados. De acordo com Dutra (2010), o pleno conhecimento dos mesmos é funda-
mental tanto para os projectistas como para os executores. Alguns factores construtivos influ-
enciarão no custo e no desempenho final do sistema, tais como:
Cunha (2006) cita que tanto projetistas como os executores de obra devem possuir todo
o conhecimento das características do sistema para executar a edificação da maneira mais ade-
quada.
42
2.8.1. Método executivo da fachada ventilada
No método executivo das fachadas ventiladas podem-se encontrar algumas etapas des-
tintas entre si, mas que as mesmas funcionam com um todo para a execução das fachadas ven-
tiladas. As etapas que compreendem esta fase são apresentadas nos subcapítulos que se seguem.
2.8.1.1.Verificações iniciais
Cunha (2006) recomenda que, quando possível, a instalação da fachada ventilada não
se inicie até que a estrutura do edifício esteja totalmente executada. Causs (2014), ainda adverte
que, Este procedimento permite a verificação do prumo do edifício e verificação de nível hori-
zontal, procedendo-se às correções quando se avaliar necessário, garantindo assim, que o re-
vestimento seja colocado de uma forma aceitável. Para Cunha (2006), Caso se opte por iniciar
a instalação da fachada antes da conclusão da estrutura da edificação, a fachada poderá sofrer
danos pela queda de concreto ou outros materiais e pela deformação da estrutura que induz
esforços na estrutura de fixação da fachada e a distorção da mesma.
Segundo Siqueira Jr. (2003), para a instalação dos sistemas de fixação, os montantes
devem ser posicionados com o auxílio de equipamentos laser, topográficos, níveis e/ou arames
com prumo.
43
como no substrato de forma a alinhá-los. Depois de realizado o orifício, as buchas são presas
com pregos fixando o isolamento térmico à base suporte (CAUSS, 2014).
2.8.1.4.Fixação de perfis
Para sistemas de fixação com estruturas intermediárias, é necessária a instalação de
perfis metálicos para posterior encaixe das peças de revestimentos. No caso da instalação de
estrutura do sistema de fixação com acoplamento oculto, Siqueira Júnior (2003) explica que
deve-se marcar sobre um dos montantes, o posicionamento da primeira guia, transferindo-se
então, este ponto para a outra extremidade com a utilização de aparelhos a laser, níveis de
bolha, entre outros. Ainda segundo o mesmo autor, a guia é presa ao primeiro montante de
forma fixa, de maneira a impedir seu deslocamento em qualquer direção. Os montantes seguin-
tes são fixados com a implantação de rebites ou parafusos nos furos pré-existentes nas guias.
O perfeito alinhamento dos perfis é a grande chave do sistema já que um serviço bem realizado
neste sentido resulta em uma fachada plana e bem acabada.
As juntas entre as placas devem ser alinhadas e uniformizadas pela utilização de espa-
çadores plásticos. Entre perfis e as placas, é frequente a utilização de selantes ou de uma guar-
nição têxtil com o intuito de impedir as vibrações provocadas pelo vento, já que é admitida
uma folga de até 2 mm entre o sistema de fixação e a parte superior da peça de revestimento
externo (SIQUEIRA Jr, 2003).
44
proteção contra entrada de água da chuva ou executar abas tipo marquises na própria estrutura,
nota-se que deve ser deixado um espaço entre a última peça e a marquise para a ventilação da
câmara-de-ar (CAUSS, 2014).
As juntas também devem ser executadas obedecendo a espessura de projeto, pois a es-
tanqueidade da edificação depende tanto das juntas verticais, como horizontais. Para uma cor-
reta execução de juntas, os sistemas de fixação também devem estar alinhados, em nível e no
prumo. Nos locais onde há a presença de esquadrias, os arremates devem ser executados com
o maior cuidado possível para não ocasionar manchas no revestimento. Para isso, deve-se dei-
xar uma abertura para a passagem de ar e também prever um avanço do peitoril para escoa-
mento da água (CAUSS, 2014).
2.8.1.7.Camara de ar
De acordo com Causs (2014), a câmara-de-ar deve seguir rigorosamente as especifica-
ções de projeto. Caso a câmara-de-ar não seja executada com as medidas previstas, pode ocor-
rer má ventilação e consequentemente um acúmulo de umidade e calor ocasionando manifes-
tações patológicas.
Para Siqueira Júnior (2003), O equipamento mais comum e conhecido para a execução
do sistema de fachada ventilada é o balancim, que é um item importante para o aumento da
produtividade os balancins devem ser dotados de espuma de poliuretano frontal ou outro tipo
de proteção para evitar avarias ao revestimento externo já executado.
45
CAPITULO III: METODOLOGIA
A investigação científica depende de um conjunto de procedimentos intelectuais e téc-
nicos, para que os seus objectivos sejam atingidos.
3.1.Tipo de pesquisa
A metodologia de pesquisa pode ser classificada de varias formas dependendo dos ob-
jectivos traçados e da abordagem de cada autor, para a elaboração do presente trabalho de pes-
quisa foi usada a metodologia que passaremos a seguir a menciona-la.
Quanto a abordagem:
Quanto a natureza:
Quanto ao objectivo:
Quanto ao procedimento:
46
segundo os mesmos autores caracteriza-se pelas investigações em que, além da pesquisa bibli-
ográfica e/ou documental, se realiza coleta de dados junto a pessoas, com o recurso de diferen-
tes tipos de pesquisa.
3.2.Fonte de dados
Gerhardt & Silveira (2009), definem os dados como sendo primários e secundários:
a) Fonte Primários:
São aquelas que não foram antes colectadas estando ainda em posse dos pesquisados e
que são colectados com o propósito de atender as necessidades específicas da pesquisa em
andamento. Para a coleta de dados primários teve-se o apoio do seguinte instrumentos:
b) Fontes Secundários:
São aquelas que já foram colectadas, tabuladas, ordenadas e, as vezes, até analisadas e
que estão catalogadas a disposição dos interessados. Sendo assim será usada a seguinte fonte
secundária:
3.3.Colecta de dados
a) Descrição da população
47
b) Técnica de amostragem
c) Amostra
Segundo Markoni & Lakatos (2013) Para que os dados obtidos num levantamento se-
jam significativos, é necessário que a amostra seja constituída por um número adequado de
elementos. Para o estudo será definido uma amostra 4 empresas de construção, nomeadamente,
CSL,Lda, Construções Karina, Lda, OCC, Lda e Arq Services, Lda.
3.4.Tratamento de dados
A tabulação de dados colectados fez-se com o auxílio de pacotes para processamentos
de dados estatísticos como o SPSS (software Package for Social Sciences), bem como a utili-
zação do Microsoft Excel no sentido de fazer ilustrações dos resultados em reforma de gráficos.
48
CAPITULO IV: ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DE DADOS
Neste capítulo que concerne ao estudo de caso será feito um estudo dos resultados ob-
tidos na pesquisa de campo relativamente ao sistema de fachadas ventiladas e o sistema de
fachadas tradicionais. Será ainda feito um estudo comparativo entre o sistema de fachadas ven-
tiladas e o sistema de fachadas tradicionais apoiando-se em algumas bibliografias já existentes
com o objectivo de ilustrar as potencialidades do sistema de fachadas ventiladas em relação ao
sistema de fachadas tradicionais.
25%
Técnico de construção
50%
Engenheiro
Director técnico
25%
O gráfico acima, ilustra a distribuição de cargos e funções nas empresas em que se fez
a entrevista, como pode se verificar 50% dos entrevistados ocupam o cargo de técnico de cons-
trução, 25% o cargo de engenheiro e 25% o cargo de director técnico.
49
Técnico básico 25%
Superior 75%
0 20 40 60 80
As informações no gráfico acima mostram que 75% dos entrevistados possuem o grau
de licenciatura e apenas 25% possui o grau de técnico básico. Esta informação é importante
pois permite perceber se o nível de conhecimento sobre as fachadas convencionais e ventiladas
estariam associadas ao seu nível de formação dos entrevistados.
100%
50
4.3. Conhecimento e uso das fachadas ventiladas
4.3.1. Nível de conhecimento sobre as fachadas ventiladas
Pode-se verificar claramente que todas as empresas de construção, isto é, 100% das
empresas entrevistadas não tinham conhecimento sobre o sistema de fachada ventilada, o que
nos diz muito sobre o nível de conhecimento do mesmo na cidade da Beira, tendo por isso,
aprendido um pouco sobre o mesmo no decorrer do presente pesquisa.
100%
0
20 40
60
80
100
Nunca
100%
51
4.3.3. Edifícios em que se usou o sistema de fachadas ventiladas na cidade da Beira
O gráfico que se segue ilustra os resultados obtidos quando os entrevistados foram ques-
tionados sobre se alguma vez viram um edifício na cidade da Beira em que se tenha usado o
sistema de fachadas ventiladas, podemos observar que 75% dos entrevistados diz que nunca
viu e apenas 25% diz que já viu, concluindo desta forma que este sistema se usado é muito
pouco usado.
Já viu 25%
0 20 40 60 80
4.4. Discussão
Através dos dados obtidos em campo e das informações encontradas na revisão biblio-
gráfica, é possível se fazer um estudo comparativo entre os sistemas de fachada ventilada e o
de fachadas convencionais. Todo o tipo de sistema projetado apresenta vantagens e desvanta-
gens, neste sentido, no sistema de fachadas ventiladas não é diferente. Nos itens que se seguem
serão ilustradas algumas vantagens e desvantagens comparativas entre o sistema de fachadas
ventiladas e o sistema de fachadas tradicionais.
4.4.1. Vantagens
De acordo com Souza (2004), O sistema de fachada ventilada, comparado ao sistema
de revestimento externo aderido, possui as seguintes vantagens:
52
Fácil instalação: os elementos são montados “secos” no local sem o uso de adesivos,
por meio de montagem mecânica e dispositivos de ancoragem;
Maior durabilidade: a estrutura da parede é protegida contra cargas climáticas diretas;
Maior economia de energia: não há pontes térmicas e há um aumento da inércia tér-
mica de todo o edifício;
Maior controle de umidade: eliminação de condensações de superfície no isolamento
(a presença de uma cavidade de ar que expulsa o vapor de água do interior, reduzindo
a infiltração);
Redução de entulhos, escórias de argamassas: eliminação dos revestimentos arga-
massados externos, que possuem perdas consideráveis. Estas não podem ser reutiliza-
das e devem ser descartadas como entulho gerando elevado passivo ambiental;
Redução no consumo de argamassados: os desaprumos das fachadas que devem ser
preenchidos com revestimentos argamassados são facilmente ajustados na regulagem
dos perfis, permitindo uma economia de recursos e redução da degradação do meio
ambiente através da retirada dos insumos básicos da argamassa;
Patologias: o risco de ocorrência e patologias no sistema de fachadas ventiladas é me-
nor em relação as fachadas convencionais, em grande parte devido ao seu desempenho
comprovado contra a acção da chuva.
4.4.2. Desvantagens
Como fora supracitado, todos os sistemas existentes apresentam vantagens e desvanta-
gens, no sistema de fachadas ventiladas podem-se encontrar as seguintes desvantagens:
Custo elevado comparativamente aos demais tipos de revestimento
Exigência de mão-de-obra especializada na matéria para a sua montagem
Alto custo inicial tornando
Falta de normas que regulamenta o uso do mesmo, especialmente no caso do nosso
país.
Os gráficos que se seguem, ilustram a opinião dos entrevistados em relação aos dois
sistemas, relativamente a questões relacionadas ao surgimento de patologias, uso de ar condi-
cionado entre outros.
53
4.4.3. Surgimento de patologias na fachada convencional
Como pode se observar no gráfico que se segue, 100% dos entrevistados concordam
que nas fachadas convencionais, devido a acção da chuva, estas são mais propensas ao apare-
cimento de patologias, pois as mesmas tem uma capacidade de absorção e retenção de água
elevados, mesmo se usados revestimentos impermeabilizantes, devido a acção directa e cons-
tante das intempéries estas perdem algumas propriedades durante o tempo que lhe propiciam o
aparecimento e desenvolvimento de patologias.
120
100
80
60
40
20
0
Concorda
54
100
80
60 100%
40
20
0
Concorda
Como ilustra o gráfico anterior, 100% dos entrevistados concordam que devido a acção
do calor que incide directamente sobre as fachadas, esta propicia a um maior uso do ar condi-
cionado, já nas fachadas ventiladas pode-se reduzir o uso do ar condicionado em aproximada-
mente 50%, como já referenciado anteriormente por Lopes (2018).
55
80
70
60
50 75%
40
30
20 25%
10
0
Fachada ventilada Fachada
convencional
Um estudo realizado por Gonçalves e Lopes (2019), demostra claramente que o sistema
de fachadas ventiladas é mais eficaz tanto nos seus componentes ligados a estética, eficiência
energética, bem como as etapas de preparação e montagem das mesmas. A tabela a seguir
mostra um resumo das vantagens deste sistema em relação ao sistema de fachada convencional
com revestimento aderido cerâmico no que tange ao processo de execução das fachadas.
56
Tabela 4.Processo de execução de fachadas ventiladas e cerâmica aderida
57
É possível perceber uma redução significativa de perdas de materiais e geração de resí-
duos entre os sistemas, visto que os números no sistema de fachada ventilada ficam em torno
de 1 a 3%, enquanto no sistema convencional esse número é no mínimo quatro vezes maior,
atingindo um percentual entre 12 e 20% (GONÇALVES;LOPES, 2019).
58
mentos mais absorvem o sol, os mais escuros, onde o consumo de carga térmica para refrige-
ração apresenta maior diferença, de 19%. O uso com o revestimento claro não destacou seu
potencial como sistema ventilado (KUESTER, 2017).
Por estes e outros motivos o sistema de fachadas ventiladas é sem dúvidas um sistema
que vale a pena ter em consideração nos próximos anos, a medida que o tempo vai avançando
e as técnicas na construção civil vão melhorando.
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CAPÍTULO V: CONCLUSÃO E RECOMENDAÇÕES
4.1. Conclusão
Questões relacionadas com a sustentabilidade na construção civil vêm sendo uma pre-
ocupação constante, pois é necessário que sejam adotadas técnicas que permitam uma maior
sustentabilidade na construção civil, melhorando desta forma os métodos construtivos exis-
tente. Desta feita os edifícios dos mais variados tipos, apresentam algumas características que
comprometem a sustentabilidade dos meios e recursos.
No que tange as fachadas dos edifícios essas representam uma parte muito importante
dos edifícios porque através delas incidem grandes quantidades de raios solares que quando
utlizados processos construtivos antigos ou não inovadores absorvem uma quantidade de radi-
ação solar elevada. Desta forma, o sistema de fachadas ventiladas surge como resposta aos
vários problemas relativos a questões estéticas, funcionais e económicas devido a sua acção
climatérica que diminui consideravelmente o uso dos sistemas de refrigeração artificiais, bem
como por ser uma construção que não requer a utilização de argamassas por exemplo, a utili-
zação deste sistema contribui para menor geração de resíduos sólidos.
Não obstante, questões ligadas a patologias também compreendem uma grande preocu-
pação na construção civil e este sistema vem responder positivamente a ocorrência de patolo-
gias em fachadas devido ao seu funcionamento que não permite a presença de humidade nas
paredes por exemplo. De acordo com os estudos feitos concernentes a este sistema, o mesmo
apresenta varias vantagem desde os métodos de execução ate a sua vida útil.
Os materiais para revestimento, fixação e que são utlizados neste sistema podem ser
considerados amigos do meio ambiente pois permitem um melhor desempenho deste sistema.
Porem ainda assim existem algumas desvantagens no uso do mesmo. Em suma, o sistema mos-
tra ser um sistema muito funcional, amigo do ambiente e que pode afetar diretamente no custo
de uma edificação e na vida útil do mesmo.
Como fora supracitado, o sistema é relativamente novo e nos últimos tempos tem ga-
nhado espaço nos mercados ao redor do mundo devido as suas inovações técnicas que propi-
ciam um ambiente agradável para os utentes do edifício em relação aos edifícios em que são
usados sistemas de fachadas com revestimento aderido.
60
4.2. Recomendações
O sistema de fachadas ventiladas apresenta várias vantagens como foi abordado no de-
correr do trabalho. Este sistema tem ganhado mais força e mais mercado ao redor do mundo,
sendo um sistema de muito proveito para países com o clima tropical como o predominante em
nosso país.
Desta feita, recomenda-se que este sistema seja objecto de estudo e posterior aplicação
em nosso mercado pelas várias vantagens que este oferece. Porém antes que este seja incorpo-
rado no mercado nacional carece de estudos mais aprofundados sobre o seu funcionamento,
adequando-o assim ao clima predominante em Moçambique.
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BIBLIOGRAFIA
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ladas-anclajepuntual/> acesso em 13/01/2020, 12:44.
CATAI, Rodrigo E. - Materiais, técnicas e processos para isolamento acústico. Artigo. Foz
do Iguaçu, 2006.
GALVÃO, Telma; LOUREIRO, Carla; RODRIGUES, Carlos; BEÇA, Vítor; PINTO, Horário.
Dossier Técnico – Económico – Fachada Ventilada. Outubro 2006.
62
GERHARDT, Tatiana E.; SILVEIRA, Denise T. Métodos de pesquisa. Universidade Federal
do Rio Grande do Sul. 1ª Edição, 2009.
63
SOUZA UEL, et. al. Diagnóstico e combate à geração de resíduos na produção de obras
de construção de edifícios: uma abordagem progressiva. Ambiente Construído, v.4, nº 4,
p.33-46, 2004
SILVA, Fernando Benigno da. Fachadas com revestimento cerâmico não aderido. Revista
Téchne. São Paulo, ed. 184, p. 58-62, jul. 2012.
TÉCHNE REVISTA. Fachadas respirantes. Edição 144, 2009. Disponível em: <http://te-
chne.pini.com.br/engenharia-civil/144/fachadas-respirantes-fachadasventiladas-combinam-
funcoes-esteticas-com-bom-287636-1.aspx> Acesso em: 22 fevreiro de 2020, 21:02.
Normas
______ NBR 15463: Placas cerâmicas para revestimento — Porcelanato. Rio de Janeiro, 2013.
______ NBR 13755: Revestimento de paredes externas e fachadas com placas cerâmicas e com
utilização de argamassa colante - Procedimento. Rio de Janeiro, 1996.
64
APÊNDICE – Questionário utlizado na recolha de informações relativamente ao sistema
de fachadas ventiladas
Esta entrevista tem por objectivo recolher dados sobre o conhecimento e uso das enti-
dades (individuais e coletivas), do sistema de fachadas ventiladas em todos os seus
parâmetros.
Dados de identificação
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
3. Nível de formação?
______________________________________________________________________
Sim ( ) Não ( )
65
2. Considera a fachada convencional ecologicamente sustentável? Porquê?
___________________________________________________________________________
_________________________________________________________________
3. Com a acção da chuva que actua directamente sobra as fachadas, acha que isso propi-
cia o aparecimento de patologias nas mesmas? Porquê?
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
Sim ( ) Não ( )
2. Alguma vez utilizou sistema das fachadas ventiladas em alguma construção feita pela
instituição?
Sim ( ) Não( )
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
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4. Alguma vez viu algum edifício na cidade da Beira em que foi aplicado este sistema?
Sim ( ) Não ( )
Se sim, onde?___________________________________________________________
5. Acha que o nosso país esta preparado pra aplicar este tipo de sistema? Porquê?
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
6. Até que ponto acredita que o sistema de fachadas ventiladas é uma solução melhor em
relação as fachadas convencionais?
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
67