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DIREITO CONSTITUCIONAL

ORGANIZAÇÃO DO ESTADO
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SUMÁRIO

1 DISTINÇÕES PRELIMINARES........................................................................................................................5
1.1 FORMAS DE GOVERNO........................................................................................................................5
1.1.1 Monarquia...................................................................................................................................6
1.1.2 República.....................................................................................................................................7
1.2 SISTEMAS DE GOVERNO......................................................................................................................8
1.2.1 Presidencialismo..........................................................................................................................8
1.2.2 Parlamentarismo.........................................................................................................................8
1.2.3 Semipresidencialismo ou Semiparlamentarismo.........................................................................9
1.3 FORMAS DE ESTADO.........................................................................................................................10
1.3.1 Unitário ou simples....................................................................................................................10
1.3.2 Composto..................................................................................................................................10
1.3.3 Histórico....................................................................................................................................11
1.3.4 Peculiaridades históricas da Federação Brasileira......................................................................11
1.3.5 Principais características do Estado Federal...............................................................................12
1.3.6 Autonomia dos “Entes Federativos”..........................................................................................13
1.3.7 Argumentos favoráveis ao Estado Federal.................................................................................13
1.3.8 Argumentos contrários ao Estado Federal.................................................................................13
1.4 TIPOS DE FEDERALISMO....................................................................................................................15
1.4.1 Quanto ao surgimento (ou origem)...........................................................................................15
1.5 QUANTO À REPARTIÇÃO DE COMPETÊNCIAS....................................................................................15
1.5.1 Federalismo Dualista/Dual........................................................................................................16
1.5.2 Federalismo de Integração........................................................................................................16
1.5.3 Federalismo Cooperativo...........................................................................................................16
1.6 QUANTO À HOMOGENEIDADE NA DISTRIBUIÇÃO DE COMPETÊNCIAS..............................................17
1.6.1 Ponto de vista externo...............................................................................................................17
1.7 CARACTERÍSTICAS ESSENCIAIS DO ESTADO FEDERAL........................................................................18
1.8 REQUISITOS PARA MANUTENÇÃO DA FEDERAÇÃO...........................................................................18
2 SOBERANIA E AUTONOMIA......................................................................................................................19
2.1 SOBERANIA.......................................................................................................................................19
2.2 AUTONOMIA.....................................................................................................................................20
3 REPARTIÇÃO DE COMPETÊNCIAS..............................................................................................................21
3.1 CAMPOS ESPECÍFICOS DE COMPETÊNCIA ADMINISTRATIVA E LEGISLATIVA......................................22
3.2 POSSIBILIDADE DE DELEGAÇÃO.........................................................................................................23
3
3.3 COMPETÊNCIA COMUM (ART. 23, CFRB)...........................................................................................24
3.4 COMPETÊNCIA CONCORRENTE (ART. 24, CRFB).................................................................................24
4 ORGANIZAÇÃO POLÍTICO-ADMINISTRATIVA.............................................................................................44
4.1 ESTADOS...........................................................................................................................................45
4.2 DISTRITO FEDERAL............................................................................................................................46
4.3 MUNICÍPIOS......................................................................................................................................46
4.4 TERRITÓRIOS.....................................................................................................................................47
5 CRIAÇÃO DE ESTADOS, TERRITÓRIOS E MUNICÍPIOS................................................................................47
5.1 ESTADOS E TERRITÓRIOS...................................................................................................................47
5.2 MUNICÍPIOS......................................................................................................................................49
6 DISPOSITIVOS PARA CICLOS DE LEGISLAÇÃO............................................................................................50
7 BIBLIOGRAFIA UTILIZADA.........................................................................................................................50
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ATUALIZADO EM 23/07/2018

ORGANIZAÇÃO DO ESTADO

Teoria Geral do Estado:

Perspectivas de análise: O tema pode ser tratado a partir de vários ângulos: a) perspectiva histórica e
sociológica, que aprecia o surgimento e a evolução do Estado; b) perspectiva jurídica, que aprecia a organização
e a personificação do Estado; c) perspectiva filosófica, que aprecia os fundamentos e os fins do Estado.

Conceito (JELLINEK): “É a corporação de um povo, assentado num determinado território e dotada de


um poder originário de mando”. Ou, de forma mais singela, é um povo organizado politicamente num
determinado território.

Elementos do Estado:

1) Povo: conjunto dos cidadãos (nacionais) de um Estado. Difere da ideia de população, que é a
expressão numérica dos habitantes de um Estado e difere da ideia de nação, que é uma comunidade histórica,
cultural, étnica, linguística e tradicionalmente homogênea.

2) Poder político (governo): em sentido amplo, pode ser entendido como uma espécie
institucionalizada (organizado e permanente) de poder social: possibilidade de alguém (Estado) impor sua
vontade sobre os outros e exigir o cumprimento de suas ordens (leis). É preciso ressaltar que o poder político
não é exclusivo: permite a existência de outros poderes paralelos (poder econômico, poder social, poder sindical
etc.), mas está acima de todos eles. PRINCIPAL CARACTERÍSTICA: capacidade de editar normas jurídicas e de
fazê-las cumprir. (CELSO BASTOS, cap. II).

3) Soberania: principal teórico: Jean Bodin, séc. XVI. Conceito: Poder de mando de última instância
numa sociedade política. Liga-se, portanto, à ideia de poder político. Características: indivisível, irrevogável,
perpétuo, supremo. Titular: Estado (pessoa jurídica). Efeitos: a) interno: poder superior a todos os demais. b)
independência em seu relacionamento com os outros Estados e com as organizações internacionais. Significado
atual: atualmente o princípio da soberania vem perdendo sua força, seja em razão da hipertrofia e da

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As FUCS são constantemente atualizadas e aperfeiçoadas pela nossa equipe. Por isso, mantemos um canal aberto de
diálogo (setordematerialciclos@gmail.com) com os alunos da #famíliaciclos, onde críticas, sugestões e equívocos,
porventura identificados no material, são muito bem-vindos. Obs1. Solicitamos que o e-mail enviado contenha o título do
material e o número da página para melhor identificação do assunto tratado. Obs2. O canal não se destina a tirar dúvidas
jurídicas acerca do conteúdo abordado nos materiais, mas tão somente para que o aluno reporte à equipe quaisquer dos
eventos anteriormente citados.
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influência exercida por organismos internacionais (ONU, FMI, etc.), seja em razão da influência cada vez maior
dos grandes conglomerados econômicos, estes sim cada vez mais influentes sobre Estados e governos.

4) Território (PAULO BONAVIDES, Ciência política): é o espaço dentro do qual o Estado exercita o
seu poder de mando (soberania). O território está para o Estado assim como o corpo está para a pessoa
humana. PRINCÍPIO DA TERRITORIALIDADE: em regra, a ordem jurídica de um Estado só é aplicável aos fatos
ocorridos no âmbito do seu território. PARTES INTEGRANTES DO TERRITÓRIO: a terra firme localizada dentro dos
limites territoriais, as águas ali compreendidas, o mar territorial (lei 8.617/93), o subsolo, a plataforma
continental e o espaço aéreo.

O problema da finalidade como elemento constitutivo do Estado: tradicionalmente, concebe-se o


Estado como uma organização comprometida com um determinado fim. Segundo Dallari, este fim é a
promoção do bem comum. Contudo, não se pode admitir a finalidade como um elemento constitutivo do
Estado já que um Estado não deixará de ser qualificado como tal caso não cumpra aquilo que se espera dele .
O mesmo não acontece com os verdadeiros elementos do Estado (povo; poder político; território).

1 DISTINÇÕES PRELIMINARES

FORMAS DE GOVERNO SISTEMAS DE GOVERNO REGIMES DE GOVERNO FORMAS DE ESTADO


Parlamentarismo
Autoritário

Presidencialismo
(poder baseado na força)
República Federal
E ainda (menos relevante)
Democrático
Monarquia Unitário
Semipresidencialismo
(poder baseado no
consentimento)
Sistema diretorial

1.1 FORMAS DE GOVERNO

As duas principais formas de Governo são: Monarquia e República.

1.1.1 Monarquia
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A palavra Monarquia, numa tradução literal, significa “governo de um só”, ou, “ poder de um só”.

Na Monarquia o poder fica concentrado com o Rei ou com o Monarca.

São as principais características da Monarquia:

a) Irresponsabilidade política do governante: o governante não responde politicamente perante os


demais poderes. O monarca ou o rei não praticam crime de responsabilidade (que são infrações politico
administrativa), e também não podem ser destituídos pelo Parlamento. The King can do no wrong.

b) Hereditariedade: na monarquia o poder é transmitido por laços consanguíneos, através da


ascendência e descendência. The King never dies.

c) Vitaliciedade: o poder na monarquia é um poder vitalício, o rei ou o monarca ficam no poder


enquanto tiverem vivos ou tiverem saúde para isso.

Monarquia constitucional (resistência ao absolutismo):

Fatos históricos: a) Revolução Gloriosa – 1688; b) limites jurídicos ao poder do Rei – Bill of Rights, 1689,
o Rei passa a ser parte do governo; c) adoção do sistema parlamentar de governo; d) distinção entre chefe de
Estado e chefe de governo: chefe de Estado é o Rei (função simbólica) e chefe de governo passa a ser o primeiro
ministro (chefe do gabinete de ministros escolhidos pelo Parlamento).

Argumentos favoráveis à monarquia:

 Governo forte: soluções mais rápidas nas épocas de crises políticas.

 Monarca é um fator de unidade no Estado (é considerado um elemento comum a todas as


correntes de opinião).

 Monarca garante a estabilidade das instituições (está à margem das disputas políticas).

 Monarca é alguém especialmente capacitado para o exercício do poder.

Argumentos contrários à monarquia:

 Monarquia sem governo é inútil.


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 A unidade do Estado deve estar fundada num elemento objetivo (ordem jurídica) e não num
elemento pessoal (o rei).

 Risco de um monarca ineficiente e incapaz.

 Caráter antidemocrático da monarquia.

1.1.2 República

Surge, contemporaneamente (Revolução Francesa para cá), como alternativa à monarquia absoluta.
Tanto na França como nos Estados Unidos, a república foi a forma de governo idealizada para implementar a
soberania popular.

República significa “coisa pública” ou “coisa de todos”.

Ela não é o Governo de um só, e sim, Governo de muitos ou da maioria.

São as principais características:

a) Responsabilização política do Governante: o Governante possui responsabilidade política. O


presidente da República pode praticar crime de responsabilidade (ex: impeachment).

b) Eletividade: a transmissão do poder se dar através da eleição, o poder não é transmitido de pai
para filho e sim através do voto popular.

c) Temporariedade: o poder não é vitalício, e sim, poder temporário, logo teremos eleições a cada
04 anos. A alternância de poder é uma ideia fundamental na república. Na República o poder tem que
ser transitório.

1.2 SISTEMAS DE GOVERNO

O critério que é utilizado para saber que tipo de Sistema de Governo utilizamos é a articulação entre os
poderes Legislativos e Executivos.
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São 03 os sistemas de Governo:

1.2.1 Presidencialismo

O sistema presidencialista foi criado nos EUA em 1787, para substituir a figura do monarca.

Desde o advento da República o sistema presidencialista vem sendo adotado.

São características do presidencialismo:

a) Concentração do poder: a função de chefe de estado e chefe de governo reúne-se em uma única
pessoa, ou seja, o Presidente é o chefe de Estado e de Governo, ele representa o país dentro e fora do
país.

b) Mandato Temporário: o Presidente da República tem um tempo fixo de mandato, ou seja, ao


contrário do parlamentarismo, que o primeiro ministro pode ser destituído a qualquer momento, no
presidencialismo, o presidente só pode perder o cargo se ele praticar algum tipo de crime (crime de
responsabilidade ou se praticar crime comum relacionado às suas funções) por mais que ele esteja
fazendo um péssimo governo.

* #OLHAOSUPERGANCHO: Você sabe o que se entende por presidencialismo de coalização?

O regime presidencialista brasileiro confere aos parlamentares um poder que vai além da elaboração e votação
de lei e outros atos normativos. Os parlamentares possuem intensa participação nas decisões de governo,
inclusive por meio da indicação de cargos no Poder Executivo. Essa dinâmica é própria do sistema
presidencialista brasileiro, que exige uma coalizão para viabilizar a governabilidade. Trata-se do chamado
“presidencialismo de coalizão”.

Não se pode esquecer, contudo, que a Constituição Federal atribui ao Congresso Nacional competência para
fiscalizar e controlar os atos do Poder Executivo, incluídos os da Administração Indireta (art. 49, X, da CF/88).
Vale lembrar, inclusive, que o Congresso Nacional possui poderes próprios de autoridade judicial quando
instituídas comissões parlamentares de inquérito para apuração de fatos determinados (art. 58, § 3º).
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Ademais, para evitar conflitos de interesses, os Deputados e Senadores são proibidos de: a) firmar ou manter
contrato com pessoa jurídica de direito público, autarquia, empresa pública, sociedade de economia mista ou
empresa concessionária de serviço público, salvo quando o contrato obedecer a cláusulas uniformes; e b)
aceitar ou exercer cargo, função ou emprego remunerado, inclusive os de que sejam demissíveis "ad nutum",
nas entidades constantes da alínea anterior.

Isso demonstra que os parlamentares devem manter independência em relação ao Poder Executivo para o
exercício de suas atribuições. Nesse contexto, se um parlamentar recebe vantagens indevidas em troca de
sustentação política a um diretor da Petrobrás, isso significa evidente omissão em sua função de fiscalizar a
lisura dos atos do Poder Executivo.

O exercício ilegítimo da atividade parlamentar, mesmo num governo de coalizão, é apto a caracterizar o crime
de corrupção passiva. Esse tipo penal tutela a moralidade administrativa e tem por finalidade coibir e reprimir a
mercancia da função pública, cujo exercício deve ser pautado exclusivamente pelo interesse público. O STF
afastou o argumento da defesa de que se estaria “criminalizando a atividade político-partidária”. Não é nada
disso. A atividade política continua sendo permitida, sendo lícito que partidos políticos apoiem determinada
pessoa para os cargos de destaque do governo (exs: ministérios, diretorias etc.). O que se está punindo, neste
caso, são atos que transbordaram os limites do exercício legítimo do mandato, ou seja, puniu-se um Deputado
que recebia propina para dar sustentação política a um Diretor de estatal.

Obs: Informação retirada no Informativo Comentado 904 do STF pelo Dizer o Direito2.

1.2.2 Parlamentarismo

É o sistema de Governo mais antigo, originou – se na Inglaterra, no sec. XVIII.

O único período da história brasileira que foi adotado o sistema de governo Parlamentarista foi nos anos
de 61 a 63.

São características do parlamentarismo:

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Determinado Deputado Federal integrava a cúpula de um partido de sustentação do governo federal. Como importante
figura partidária, ele exercia pressão política junto à Presidência da República a fim de que Paulo Roberto Costa fosse
mantido como Diretor de Abastecimento da Petrobrás. Como “contraprestação” por esse apoio, o Deputado recebia
dinheiro do referido Diretor, quantia essa oriunda de contratos ilegais celebrados pela Petrobrás. O STF entendeu que esta
conduta se enquadra no crime de corrupção passiva (art. 317 do CP). Obs: foi a primeira condenação do STF envolvendo a
chamada “operação Lava Jato”. STF. 2ª Turma. AP 996/DF, Rel. Min. Edson Fachin, julgado em 29/5/2018 (Info 904).
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Divisão de funções do Executivo: as duas funções exercidas pelo executivo são dividas para duas pessoas
distintas, existe a função de chefe de Estado e a função de chefe de Governo.

No parlamentarismo o chefe de estado vai depender se o sistema é parlamentarismo republicano ou


parlamentarismo monárquico, assim o chefe de estado pode ser um monarca ou um rei, se o parlamentarismo
for monárquico (ex: Japão, Espanha). No parlamentarismo republicano o chefe de estado é o presidente da
república (ex: Áustria, Índia, África do Sul, Alemanha).

No parlamentarismo o chefe de estado é mais uma figura simbólica de representação do estado, ou


seja, uma função mais formal, mas protocolar, ele não desempenha funções políticas dentro do estado. É o
chefe de governo que exerce as unções políticas mais importantes. No parlamentarismo o chefe de poder é o
primeiro ministro que governa com auxilio do gabinete. O gabinete é uma espécie de ministério.

O nome parlamentarismo se dá devido à forma de escolha do primeiro ministro, o primeiro ministro é


escolhido pelo parlamento. A qualquer momento o parlamento pode destituir o primeiro ministro, ou seja, no
parlamentarismo não a prazo fixo de mandato. Enquanto o parlamento confiar no primeiro ministro, ele
permanece no poder.

Noção de desconfiança, quando ocorrer o primeiro ministro e seu gabinete é todo alterado.

1.2.3 Semipresidencialismo ou Semiparlamentarismo

É um sistema híbrido, que conjuga o parlamentarismo com o presidencialismo.

Surgiu em 1958, na França, é o mais recente.

Portugal, Polônia, Colômbia adotam este sistema.

Nesse sistema possui a mesma articulação política do parlamentarismo, ou seja, nele nós também
temos a divisão entre o chefe de estado e o chefe de governo, porem o chefe de estado será sempre o
presidente da república, o presidente da republica é eleito diretamente e exerce funções políticas importantes
(ele não é uma figura meramente simbólica).

É o Presidente da República que escolhe o primeiro ministro, cujo nome deve ser chancelado pelo
parlamento, então não é o parlamento que vai escolher o chefe de governo e sim o presidente.
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Modo de controle no parlamentarismo: a) questão de desconfiança; b) moção de censura.

Modo de controle no presidencialismo brasileiro: a) ação popular (art. 5°, LXXIII, CF/88); b)
questionamento das contas municipais (art. 31, § 3°, CF/88); c) denúncia de irregularidades ao Tribunal de
Contas competente (art. 74, § 2°, CF/88); d) controle exercido por meio do voto nas eleições seguinte.

#OBS: Estado de direito: “Estado em que todos – governantes e governados – estão submetidos à lei e à
jurisdição”. Estado despótico é diferente de Estado de direito: forma de governo que quem detém o poder
mantém, em relação aos súditos, o mesmo tipo de relação que o senhor (em grego, despotes) tem para com os
escravos que lhe pertencem.

1.3 FORMAS DE ESTADO

Na forma de governo o critério é a relação entre o governante e os governados.

Nas formas de estado o critério é distribuição espacial do poder político, ou seja, o que diferencia é a
maneira com a Constituição distribui o poder no Estado.

1.3.1 Unitário ou simples

Nós temos um centro de poder, ou seja, apenas um poder para toda população.

Aqui no Brasil nós adotamos a forma de estado unitário desde a primeira constituição em 1824, até
1889 com a proclamação da república.

A grande maioria dos Estados Unitários possui descentralização (ou administrativa, ou político
administrativa [é a capacidade de elaborar leis, escolher representantes e executar determinados comandos
legais]).

Teremos uma centralização política, que significa pouca autonomia dos entes do Estado.

1.3.2 Composto
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Temos mais de um centro de poder incidindo sobre a mesma população e o mesmo território.

A) União Pessoal

B) União Real

C) Confederação

D) Federação

O termo federação vem de “foedrs” ou “foedus”, significa pacto, aliança, união.

Na federação a essência é a união entre os entes que compõe a federação.

A origem costuma ser atribuída a Constituição Norte Americana de 1787.

1.3.3 Histórico

Fenômeno moderno. Primeiro Estado Federal: EUA. Independência em 1776 – 13 colônias se tornam 13
estados independentes e soberanos. 1781 – 13 estados soberanos assinam os Artigos da Confederação, um
tratado para cooperação mútua a fim de preservar a independência. 1787 (ano da constituição dos EUA - 17 de
setembro de 1787) – Revisão dos Artigos da Confederação, na cidade de Filadélfia, em que esteve ausente o
Estado de Rhode Island. Duas correntes: uma pretendia a revisão puramente formal do tratado e a outra
pretendia transformar a confederação em federação. Isto implicaria na perda da independência e da soberania
dos estados. Os representantes não tinham mandato, não tinham autorização para implementar a
transformação. Ficou estabelecido então que a conversão da confederação em federação seria realizada assim
que houvesse a ratificação de 9 entre as 13 ex-colônias. Publica-se em Nova York, a partir de então, uma série
de artigos explicando à população as vantagens da formação de um Estado federal. Posteriormente, estes
artigos foram todos compilados e publicados com o nome de O Federalista (Hamilton, Jay e Madison foram os
autores). 1789 – ano em que ocorreu a ratificação do nono estado, surgindo os Estados Unidos da América
como o primeiro Estado Federal.

1.3.4 Peculiaridades históricas da Federação Brasileira


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Estado federal no Brasil surge com a Constituição de 1891 (primeira Constituição da fase republicana 3).
As províncias, que eram subdivisões administrativas do território brasileiro no período monárquico, são
alçadas à categoria de estados-membros e recebem autonomia do Poder Central. No Brasil, houve um
processo diverso do americano: lá, cada um dos Estados soberanos abriu mão de sua soberania em prol da
criação de um só Estado Federal soberano que os abrangesse a todos. Aqui, o Estado Unitário (monárquico)
embora descentralizado administrativamente, transformou-se em Estado Federal. A Constituição de 1891
transferiu para os Estados-membros um feixe de atribuições (competências) que antes pertencia ao Poder
Central. Por isso, diz-se que a federação americana surgiu de um movimento centrípeto, ao passo que a
federação brasileira surgiu de um movimento centrífugo.

1.3.5 Principais características do Estado Federal

a) Surgimento de um novo Estado e desaparecimento dos Estados que se uniram;

b) O Estado federal se forma a partir de uma Constituição ao passo que a Confederação está
baseada num Tratado;

c) Na Federação não existe direito de secessão4;

d) Numa federação, só o Estado federal tem soberania (estados-membros têm autonomia);

e) No Estado federal não há hierarquia entre a União e os Estados-membros. Cada entidade possui
suas próprias competências delineadas pela Constituição sem possibilidade de alteração (obs.:
tradicionalmente, as constituições delimitam o elenco de poderes da União cabendo aos Estados-
membros as competências remanescentes);

f) Cada entidade tem sua própria fonte de renda;

g) O poder político é compartilhado pela União e pelas unidades federadas;


h) Os cidadãos do Estado que adere à federação adquirem a cidadania do Estado federal e perdem
a anterior;

3
Essa referência histórica foi cobrada na prova do TRF3/2016, sendo considerada correta a seguinte alternativa: “A forma
federativa de Estado foi prevista na Constituição de 1891, mas ainda assim não foi assegurada autonomia aos Municípios na
condição de entes federados”.
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A seguinte assertiva foi considerada incorreta (DPE/PR – 2017 – FCC): O pacto federativo é indissolúvel. Excepcionalmente,
é possível a regulamentação da secessão desde que atendidos os seguintes requisitos: edição de Lei Complementar
específica; consulta direta, através de plebiscito, aos moradores do Estado; e comprovação de viabilidade financeira e
orçamentária da proposta.
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i) Existência de um órgão de cúpula do Poder Judiciário responsável pela interpretação e defesa da


Constituição.

1.3.6 Autonomia dos “Entes Federativos”

Utilizei aqui “entes federativos” por duas razões: a primeira é porque não há uma nomenclatura única
utilizada universalmente para designar as unidades federadas dos Estados Federais: nos Estados Unidos e no
Brasil, a designação utilizada é de Estado-membro, na Argentina as unidades federadas são chamadas de
províncias e na Suíça chamam-se Cantões. Outra razão é que no Brasil, particularmente, também os municípios
fazem parte da federação. Muitos criticam esta peculiaridade brasileira por sua falta de rigor técnico, mas a
verdade é que os municípios no Brasil gozam da mesma autonomia que possuem os Estados-membros. Mas,
afinal, o que vem a ser autonomia? Autonomia, constitucionalmente falando, significa o direito que os “entes
federativos” têm de se reger (de se autogovernar) por leis próprias. Significa a liberdade de ação dentro de um
círculo de competências delimitado pela Constituição, sendo esta liberdade restringida apenas por princípios
da própria Constituição. Em razão de sua autonomia os Estados e Municípios têm o direito de se auto-
organizar, ou seja, de terem Constituições próprias no caso dos Estados-membros ou Leis Orgânicas próprias,
no caso dos municípios; têm ainda o direito de se autogovernar, ou seja, de eleger diretamente os membros
dos seus próprios poderes Legislativo e Executivo (e de organizar o Poder Judiciário, no caso dos Estados-
membros); e por fim, têm o direito de se auto-administrar, ou seja, podem exercer livremente as competências
legislativas, tributárias e executivas delimitadas pela Constituição.

1.3.7 Argumentos favoráveis ao Estado Federal

1) Mais democrático em virtude da descentralização política;

2) Maior dificuldade para a concentração de poder;

3) Promove mais facilmente a integração entre as regiões e os cidadãos do Estado.

1.3.8 Argumentos contrários ao Estado Federal

1) Dispersão exagerada de recursos públicos para manutenção de vários aparelhos burocráticos;


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2) Dificuldade de implementação de planos políticos nacionais, menos custosos e mais eficientes;

3) Ocorrência de conflitos políticos e jurídicos.

FEDERAÇÃO CONFEDERAÇÃO
É uma pessoa jurídica de direito público, composta
É um Estado para a comunidade internacional.
por vários Estados.
Os membros são unidos, em regra, por um tratado
Os estados membros são unidos por uma
internacional, porém nada impede que haja uma
Constituição.
Constituição unindo os membros.
Os membros possuem autonomia. No estado Federal
quem tem soberania é a República Federativa (Estado
Os membros possuem soberania.
Federal), nenhum ente que compõe a Federação tem
soberania, porém todos os entes possuem autonomia.
É vedado o direito de secessão (é o direito de
abandonar, se separar dos demais Estados). Principio
da indissolubilidade do pacto federativo art. 1º CF Os Estados membros têm direito de secessão, a
Art. 1º A República Federativa do Brasil, formada pela qualquer momento que eles queiram eles podem se
união indissolúvel dos Estados e Municípios e do separar dos demais Estados.
Distrito Federal, constitui-se em Estado Democrático
de Direito e tem como fundamentos:
As decisões dos órgãos centrais são obrigatórias para Os membros possuem o direito de nulificação (esse
todos, numa federação quando o órgão central cria termo, significa que numa confederação como os
uma lei estabelecendo normas gerais, estas normas se estados que o compõe são soberanos se eles não
estiverem dentro da competência da união estas quiserem acatar determinadas normas eles não são
normas gerais são obrigatórias para todos, todos os obrigados). As normas feitas pelo parlamento não são
entes da federação devem respeitá-las. obrigatórias.
Exerce atividades relacionadas a assuntos internos e
Exerce atividades relacionadas ao plano externo, ou
externos, ou seja, numa federação temos a União
seja, em uma confederação quem cuida dos assuntos
exercendo atividades no plano internacional e
internos de cada país são os próprios países.
atividades no plano nacional.
As pessoas não tem apenas uma nacionalidade, as
Os cidadãos possuem a nacionalidade do Estado
pessoas possuem a nacionalidade de seu próprio país.
Federal, ou seja, numa federação só existe uma
Cada cidadão preserva a nacionalidade do seu
nacionalidade. Ex: todos que vivem no Brasil só
respectivo Estado. Ex: no MERCOSUL cada um possui
possuem uma nacionalidade, a brasileira.
sua nacionalidade, brasil – brasileiro, argentina –
A nacionalidade é do país e não dos Estados.
argentino, não existe “mercosunianos”.
O poder central é dividido em Legislativo, Executivo e Há apenas um órgão comum a todos os estados que é
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o Congresso Confederal, ou seja, a confederação em
Judiciário. regra só tem o legislativo. O Judiciário e o Executivo
permanecem sendo restrito a cada país.

1.4 TIPOS DE FEDERALISMO

1.4.1 Quanto ao surgimento (ou origem)

Esta classificação baseia-se com o tipo de movimento responsável pelo surgimento da Federação.

A) Por agregação:

Surge quando estados soberanos cedem uma parcela da sua soberania para formar um ente único.

Esse tipo de federalismo também é chamado de Federalismo por Associação, ou por Aglutinação ou por
Estado Perfeito.

Existem vários Estados Soberanos esses estados se unem para formar um ente único que é o estado
federal, quando isso ocorre eles tem que ceder uma parcela da sua soberania para o ente principal∕ central. O
poder que era soberano passa a ser autônomo.

Aqui o poder é deslocado da periferia para o centro (movimento centrípeto). Ex: Estados Unidos.

B) Por segregação

Surge com a descentralização política de um Estado Unitário, ou seja, neste caso o movimento é inverso
(movimento centrífugo), aqui existe um Estado unitário e nele o poder está concentrado no centro, este poder
será dividido entre os Estados Membros. Ex: Brasil.

1.5 QUANTO À REPARTIÇÃO DE COMPETÊNCIAS

O critério utilizado é a forma de distribuição de competências entre os entes federativos, ou seja, de que
maneira a CF vai distribuir a competências entre os entes federativos.
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São 03 as espécies de federalismo:

1.5.1 Federalismo Dualista/Dual

Caracteriza-se por uma repartição horizontal de competências entre a União e os Estados Membros, ou
seja, nessa espécie de federalismo a CF divide de forma equilibrada as competências entre a União e os Estados.

A relação entre a União e Estados é de coordenação, eles se encontram no mesmo plano∕ patamar. A
divisão é feita de maneira rígida, não há interferência de ente com o outro.

Este modelo de Estado Dualista geralmente é dotado pelos Estados Liberais Clássicos, a principal
característica destes é o abstencionismo, ou seja, aquele estado que não intervém nas relações econômicas,
sociais e laborais. Ex: EUA até 1929.

1.5.2 Federalismo de Integração

É exatamente o oposto do Federalismo Dualista.

Caracteriza-se pela repartição vertical de competências nas quais há uma relação de sujeição dos
Estados em relação à União, ou seja, nesta repartição vertical de competências a relação entre a União e os
Estados é uma relação de subordinação (e não coordenação∕ equilíbrio). Os Estados Membros estão submetidos
às normas da União. Ex: Brasil durante a CF de 1967 e 1969.

#OUSESABER: Ao contrário do que o nome sugere, o federalismo de integração estabelece uma relação de
subordinação entre as entidades federativas, mediante o fortalecimento do ente central em detrimento dos
entes periféricos. Opõe-se, pois, ao federalismo de equilíbrio que pressupõe a coexistência harmônica e linear
dos entes federados.

1.5.3 Federalismo Cooperativo

Caracteriza-se por possuir tanto uma repartição horizontal quanto uma repartição vertical de
competências, sendo estas tuteladas pela União. Não há hierarquia entre as Leis federais e estaduais. Ex: CF
brasileira de 1988; EUA após 1929; CF Alemã.
18

Art. 23. É competência comum da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios:
Parágrafo único. Leis complementares fixarão normas para a cooperação (FEDERALISMO COOPERATIVO) entre a
União e os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, tendo em vista o equilíbrio do desenvolvimento e do
bem-estar em âmbito nacional.

No Brasil, há uma descentralização especial, denominada de TRÍPLICE ou de MODELO TRICOTÔMICO:


União, Estados, DF e Municípios. JOSÉ AFONSO DA SILVA entende que os Municípios não são entes federados,
mas, a posição majoritária é a de que são (STF). Assim, na verdade, é quádruplo porque considera também do
Distrito Federal.

O Brasil reconhece a autonomia dos MUNICÍPIOS, construindo uma Federação tripartite, um modelo
diferente de federalismo – de 3º grau. O Município tem competência nas matérias de interesse local. Alguns
autores afirmam que os municípios não podem ser equiparados aos Estados, têm autonomia, mas não é a
mesma que os Estados.

1.6 QUANTO À HOMOGENEIDADE NA DISTRIBUIÇÃO DE COMPETÊNCIAS

O critério adotado para classificar o Federalismo em Simétrico ou Assimétrico é a simetria na


distribuição de competências entre Entes federativos de mesmo grau, ou seja, nós vamos comparar a
competência dos Estados Membros entre si (Estados Membros com Estados Membros). Ex: As competências
atribuídas aos municípios são as mesmas?

Repare que estamos fazendo uma comparação interna dentro da federação brasileira, estamos
analisando se a competência é distribuída de forma simétrica entre os Estados Membros.

1.6.1 Ponto de vista externo

A) Simétrico (ou Homogêneo):

É o federalismo típico.
19
Pressupõe a adoção de um modelo tradicional com as características dominantes de uma federação
clássica, ou seja, quando um país adota um modelo simétrico ou clássico de federação aquele modelo adotado
pelo país é simétrico ou homogêneo.

Há uma simetria entre o modelo adotado na Constituição e o modelo Federalismo Clássico.

#EXEMPLO: São características de uma Federação Clássica: o Poder judiciário com órgãos nacionais e estaduais;
o poder constituinte originário e o poder constituinte decorrente; a organização bicameral do Poder Legislativo.

B) Assimétrico (ou Heterogêneo):

É o federalismo atípico.

É aquele em que há um rompimento com as linhas tradicionais do federalismo simétrico.

#EXEMPLO: na federação brasileira nós temos algumas características que nenhuma outra federação do mundo
possui: a consagração de um Município ser um ente federativo.

José Tarcísio de Almeida Melo considera o Federalismo Brasileiro Assimétrico.

1.7 CARACTERÍSTICAS ESSENCIAIS DO ESTADO FEDERAL

São 03 as principais características de uma federação:

DESCENTRALIZAÇÃO POLÍTICO ADMINISTRATIVA ESTABELECIDA PELA CONSTITUÇÃO: no


Estado unitário quando há esta descentralização é feita pelo próprio ente∕ poder central é que
delega competências administrativas e legislativas, não é a Constituição que delega. No estado federal quem
descentraliza é a Constituição.

PARTICIPAÇÃO DAS VONTADES PARCIAIS NA FORMAÇÃO DA VONTADE NACIONAL


(PRINCÍPIO DA PARTICIPAÇÃO): em um estado federal os entes que compõe a federação
participam da formação da vontade nacional através do Senado.
20
AUTOORGANIZAÇÃO DOS ESTADOS MEMBROS POR MEIO DE CONSTITUIÇÕES PRÓPRIAS: é a capacidade que
os Estados membros possuem de se organizar através de Constituição própria.

1.8 REQUISITOS PARA MANUTENÇÃO DA FEDERAÇÃO

IMUTABILIDADE DA FORMA FEDERATIVA: a forma federativa do Estado deve ser consagrada


como cláusula pétrea, assim isso impede que o federalismo seja extinto.

RIGIDEZ CONSTITUCIONAL

ÓRGÃO ENCARREGADO DE EXERCER O CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE: devem existir


órgão de fiscalização para verificar efetivamente se a Constituição está sendo ou não
respeitada.

AUTONOMIA FINANCEIRA DOS ESTADOS E DOS MUNICÍPIOS: é decorrência da


descentralização, já que para a possibilidade de cumprimento de tarefas específicas, é preciso
que haja autonomia de recursos.

AUTONOMIA RECÍPROCA: não há hierarquia entre as entidades federadas, cada uma tem a sua
parcela de autonomia, que é recíproca.

2 SOBERANIA E AUTONOMIA

2.1 SOBERANIA

É o poder político supremo e independente.

É um poder supremo, pois internamente a soberania não está limitada por nenhum outro poder, então
o poder soberano dentro de um país é um poder soberano (todos os poderes estão subordinados a ele). Na
ordem interna é um poder supremo, não há nenhum poder acima dele.

Poder Independente porque na ordem internacional não pode ser obrigado a acatar normas que não
sejam voluntariamente aceitas, e, por estar em condição de igualdade com os poderes supremos de outros
países, ou seja, no plano internacional o poder soberano é independente porque ele não é obrigado a aceitar
nenhuma norma de outro país.
21
Quem detém a soberania não é a União, esta é um ente federativo como os demais (Estados, Municípios
e DF), estes possuem autonomia. Quem tem o atributo da soberania é a República Federativa do Brasil, ou seja,
o Estado brasileiro, agora quem exerce a soberania em nome do Estado brasileiro é a União.

A União possui “dupla personalidade”, pois assume um papel interno e outro internacionalmente.

Internamente, ela é uma pessoa jurídica de direito público interno, componente da Federação brasileira
e autônoma na medida em que possui capacidade de auto-organização, autogoverno, autolegislação e
autoadministração, configurando, assim, autonomia financeira, administrativa e política (FAP).

Internacionalmente, a União representa a República Federativa do Brasil (vide art. 21, I a IV).

Observe-se que a soberania é da República Federativa do Brasil, representada pela União Federal.

2.2 AUTONOMIA

A palavra autonomia surgiu do grego: auto – próprio; nomia - norma, ou seja, significa a elaboração de
normas próprias.

Os entes (União, Estados Membros, DF e Municípios) possuem 04 autonomias básicas:

1) Auto-organização: é a capacidade de se estruturar e organizar através de normas próprias. A


União se auto organiza pela CF; os Municípios e DF se organizam por Leis orgânicas art. 29 e art. 32, CF;
os Estados se organizam pela CF.

2) Auto legislação: os entes federativos possuem capacidade de elaborar suas próprias leis.

3) Autogoverno: é a capacidade para eleger seus próprios representantes. A União escolhe o


Presidente da República, deputados e senadores; no âmbito dos municípios prefeitos e vereadores; no
âmbito estadual governador e deputado estadual.

4) Autoadministração: é a capacidade para execução dos próprios negócios, daquilo que está
previsto em lei. Quadro próprio de servidores.

#OBS: TODAS AS AUTONOMIAS ACIMA SÃO LIMITADAS PELA CRFB∕ 88.


22

#OBS: CONSTITUIÇÃO NACIONAL X CONSTITUIÇÃO FEDERAL: a Constituição Nacional é aquela parte da CRFB∕
88 que se refere a todos os entes da federação (U, E, DF e M), ex: art. 19, CF; art. 37, CF. Já a Constituição
Federal é a parte da CRFB que se refere apenas a União, ex: art. 59 e ss., CF.

Art. 19. É vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios:
I - estabelecer cultos religiosos ou igrejas, subvencioná-los, embaraçar-lhes o funcionamento ou manter com
eles ou seus representantes relações de dependência ou aliança, ressalvada, na forma da lei, a colaboração de
interesse público;
II - recusar fé aos documentos públicos;
III - criar distinções entre brasileiros ou preferências entre si.

Art. 59. O processo legislativo compreende a elaboração de:


I - emendas à Constituição;
II - leis complementares;
III - leis ordinárias;
IV - leis delegadas;
V - medidas provisórias;
VI - decretos legislativos;
VII - resoluções.

Art. 60. A Constituição poderá ser emendada mediante proposta:

Toda e qualquer dívida contraída pelos entes políticos depende de aprovação do legislativo federal
(senado). Toda operação externa de natureza financeira de interesse da União, estados, Distrito Federal e
municípios deve ser aprovada previamente pelo plenário do Senado. O mesmo se dá em relação aos limites e
condições para as operações de crédito interno e externo das unidades federadas, bem como de suas dívidas
mobiliárias. O limite total da dívida consolidada de cada membro da federação também tem de passar pelo crivo
do Senado, assim como a concessão de garantia da União para obtenção de créditos (art. 52, incs. V a X).

3 REPARTIÇÃO DE COMPETÊNCIAS

Modelos de repartição de competência:

O modelo clássico busca a sua fonte na Constituição norte-americana de 1787, refletindo aspirações do
final do século XVIII.
23
Nesse sentido, compete à União exercer os poderes enumerados e aos Estados os poderes não
especificados, em um campo residual.

Conforme bem anota Paulo Branco, o rigorismo da enunciação taxativa é flexibilizado pela doutrina dos
poderes implícitos.

O modelo moderno, por sua vez, passou a ser verificado após a Primeira Guerra Mundial, estando
descritas nas constituições não somente as atribuições exclusivas da União, como, também, as hipóteses de
competência comum ou concorrente entre a União e os Estados.

No modelo horizontal, não se verifica concorrência entre os entes federativos. Cada qual exerce a sua
atribuição nos limites fixados pela Constituição e sem relação de subordinação, nem mesmo hierárquica.

No modelo vertical, por sua vez, a mesma matéria é partilhada entre os diferentes entes federativos,
havendo, contudo, uma certa relação de subordinação no que tange à atuação deles.

Essa repartição não é exclusiva da CRF/88, são critérios estabelecidos nas Constituições mais modernas.

As atribuições são estabelecidas pelo constituinte originário e, em tese, poderiam ser objeto de
modificação (por emenda), desde que a novidade, a ser introduzida, não violasse a forma federativa de Estado,
bem como as demais cláusulas pétreas.

A diretriz que informa a repartição das competências é o Princípio da Predominância do Interesse. De


acordo este princípio, o Poder constituinte vai distribuir as competências, assim se o interesse for
predominantemente geral, a competência será da União. Se o interesse é predominantemente local, a
competência será atribuída aos Munícipios, por fim se o interesse for predominantemente regional, a
competência será dos Estados.

#OBS: EXCEÇÃO - SERVIÇOS LOCAIS DE GÁS CANALIZADO É COMPETENCIA ESTADUAL – art. 25,§2º, CRFB.

Art. 25. Os Estados organizam-se e regem-se pelas Constituições e leis que adotarem, observados os princípios
desta Constituição.
 § 1º - São reservadas aos Estados as competências que não lhes sejam vedadas por esta Constituição.
§ 2º - Cabe aos Estados explorar diretamente, ou mediante concessão, os serviços locais de gás canalizado, na
forma da lei, vedada a edição de medida provisória para a sua regulamentação.
24
§ 3º - Os Estados poderão, mediante lei complementar, instituir regiões metropolitanas, aglomerações urbanas
e microrregiões, constituídas por agrupamentos de municípios limítrofes, para integrar a organização, o
planejamento e a execução de funções públicas de interesse comum.

*#OUSESABER: A União pode instituir, mediante lei complementar, microrregiões para integrar a organização, o
planejamento e a execução de funções públicas de interesse comum? A resposta é NÃO. Conforme se extrai do
§3º do art. 25 da Constituição Federal, é da competência dos Estados: (a) a decisão política quanto à
conveniência e a oportunidade de criação de regiões metropolitanas, aglomerações urbanas e microrregiões; (b)
a escolha de municípios a serem agrupados e das funções comuns; (c) a organização da região (forma, órgãos,
competências internas, processo de deliberação e decisão, mecanismos de custeio, etc). Assim, é fato que a
União não pode instituir, através de qualquer lei, tais agrupamentos, mesmo que para integrar a organização, o
planejamento e a execução de funções públicas de interesse comum. Repita- se: essa instituição é de
competência dos Estados e através de LEI COMPLEMENTAR ESTADUAL (e não por lei ordinária). Interessante
lembrar ainda que o STF já definiu que o caráter compulsório da integração metropolitana não esvazia a
autonomia municipal, nos termos do que restou julgado na ADI 1842. Recomendável também a leitura da Lei nº
13.089/2015, denominada Estatuto da Metrópole, que deve ser vista com atenção por quem presta concursos
de procuradorias, já que a matéria envolve diretamente o interesse dos Estados e Municípios.

3.1 CAMPOS ESPECÍFICOS DE COMPETÊNCIA ADMINISTRATIVA E LEGISLATIVA

Nestes campos específicos a Constituição faz uma repartição horizontal de competências.

A União tem poderes enumerados pela Constituição (no art. 21, CF competências administrativas e art.
22, CF competências legislativas). Além da União, a Constituição enumera os poderes dos Munícipios (possuem
poderes enumerados ou poderes indicativos – art. 30, CF). Em relação aos Estados Membros, a CF, não
enumera, nem indica os poderes que estes possuem, os poderes destes são chamados de poderes residuais∕
remanescentes∕ reservadas (art. 25, §1º, CF). O DF não tem poderes específicos, ele detém as competências
atribuídas aos Municípios e Estados (art. 32, §1º, CF).

Nestes campos específicos não existe hierarquia entre Leis federais, estaduais e municipais, ou seja,
quando a CF estabelece essa repartição horizontal entre os entes federativos, não há qualquer hierarquia entre
eles, todos estão submetidos à Constituição, cada um dos entes tem campos materiais distintos estabelecidos
pela Constituição.
25
Art. 25. Os Estados organizam-se (CAPACIDADE DE AUTO-ORGANIZAÇÃO) e regem-se pelas Constituições e leis
que adotarem (CAPACIDADE DE AUTO-LEGISLAÇÃO), observados os princípios desta Constituição.
 § 1º - São reservadas aos Estados as competências que não lhes sejam vedadas por esta Constituição. (AQUILO
QUE NÃO É VEDADO AOS ESTADOS EXPRESSA OU IMPLICITAMENTE, E NÃO É DE COMPETÊNCIA DA UNIÃO E
DOS MUNICÍPIOS).

3.2 POSSIBILIDADE DE DELEGAÇÃO

A possibilidade de delegação está contida no art. 22, parágrafo único, CF (competência privativa da
União)5. Apenas a União pode delegar esta delegação só pode ser feita para os Estados e DF, devendo delegar a
todos os estados e DF, sem exceção (art.19,III, CF).

Esta delegação somente poderá ser feita através de Lei Complementar.

A União não pode delegar aos Estados toda matéria, ela só pode delegar aos Estados questões
específicas relacionadas a estas matérias.

3.3 COMPETÊNCIA COMUM (ART. 23, CFRB)

As competências comuns são competências essencialmente administrativas, porém quem vai


administrar indiretamente acaba legislando.

As competências comuns são atribuídas a todos os entes da federação sem exceção, ou seja, é uma
competência que pode ser exercida pela U, E, DF e M.

Em relação à competência comum (cumulativa, concorrente, administrativa ou paralela), de maneira


bastante interessante, o art. 23, parágrafo único, estabelece que leis complementares fixarão normas para a
cooperação entre a União e os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, tendo em vista o equilíbrio do
desenvolvimento e do bem-estar em âmbito nacional.

E se ocorrer o conflito entre os entes federativos? Nesse caso, observam Mendes, Coelho e Branco que
“se o critério da colaboração não vingar, há de se cogitar do critério da preponderância de interesses. Mesmo

5
A seguinte assertiva foi considerada correta (DPE/PR – 2017 – FCC): É consagrada a possibilidade de delegação de certas
competências legislativas privativas da União aos Estados, através da edição de lei complementar especificando a matéria,
não podendo ser desigual entre os Estados.
26
não havendo hierarquia entre os entes que compõem a Federação, pode-se falar em hierarquia de interesses,
em que os mais amplos (da União) devem preferir aos mais restritos (dos Estados)”.

A regra de ouro da atuação do administrador (direito administrativo) = o administrador somente pode


fazer o que a lei autoriza. Assim, os atos materiais da União decorrentes de sua competência exclusiva serão
legislados pela própria União. Há uma correspondência entre a competência material e a competência
legislativa. Assim, se todos os entes políticos praticam os atos materiais todos poderão legislar sobre ele.

3.4 COMPETÊNCIA CONCORRENTE (ART. 24, CRFB)

As competências concorrentes são competências essencialmente legislativas, porém quem vai legislar
indiretamente acaba administrando, pois nada impede que eles executem estas leis.

É um dispositivo relacionado ao federalismo cooperativo.

Essa repartição é uma repartição vertical de competências não cumulativas, ou seja, ao tratarem da
matéria, cada um tratará de um ponto específico.

A competência da União para estabelecer normas gerais, não exclui a competência suplementar dos
estados, que estabelecem normas específicas, por isso não se fala em competência cumulativa.

Se a União não legislar? Os estados terão a competência legislativa plena = normas gerais e específicas.

Alguns autores fazem a seguinte diferença (André Ramos Tavares e Alexandre de Morais): competência
complementar x supletiva (são espécies da competência suplementar). Complementar seria aquela que
depende da prévia existência de lei federal – art. 24, §2º. Supletiva é aquela que surge em virtude da inércia da
União para estabelecer as normas gerais – art. 24, §3º.

*#DEOLHONAJURIS #DIZERODIREITO: As disposições legais sobre a forma de cobrança do Imposto sobre


Transmissão “Causa Mortis” e Doação de quaisquer Bens ou Direitos (ITCMD) pela Procuradoria Geral do Estado
e de sua intervenção em processos de inventário, arrolamento e outros de interesse da Fazenda Pública são
regras de procedimento que não violam o Código de Processo Civil. Neste caso, são normas eminentemente
procedimentais, autorizadas pelo art. 24 da CF/88, que prevê a competência concorrente da União e dos
Estados. A possibilidade de a Procuradoria-Geral do Estado intervir e ser ouvida nos inventários, arrolamentos e
outros feitos em nada atrapalha o processo. STF. Plenário. ADI 4409/SP, Rel. Min. Alexandre de Moraes, julgado
em 6/6/2018 (Info 905).
27

#ATENÇÃO #IMPORTANTE: Atenta-se que essa diferença foi adotada pelo CESPE:

A CF também prevê regras de competência concorrente entre a União, os estados e o Distrito Federal (DF) no
art. 24. Assim, compete à União dispor sobre normas gerais, e aos estados e DF sobre as peculiaridades da
matéria, de acordo com as realidades locais. Trata-se da denominada competência suplementar dos estados e
do DF, fundada no conteúdo do § 2.º do art. 24 da CF.

A competência suplementar dos estados e do DF é dividida em duas espécies: a) a competência complementar


(existe lei federal); e b) a competência supletiva (não existe lei federal). Assim, caso a União tenha editado
normas gerais sobre determinado tema, os estados e o DF podem exercer sua competência complementar. Não
obstante, se a União não tiver editado a norma geral sobre a matéria, os estados e o DF adquirem a
competência plena, ou seja, para a edição da norma de caráter geral e da norma de natureza específica
(competência supletiva). Essas são as regras emanadas dos § 3.º e § 4.º do art. 24 da CF.

Não há possibilidade de delegação da União em favor dos Estados e do DF para que estes disponham sobre as
matérias consignadas no art. 24 (só cabe delegação na competência privativa da União do art. 22, par. único,
CF).

O que há é o exercício ou não, pela União, do âmbito de competência que lhe é próprio para a edição de normas
gerais sobre determinada matéria, com os desdobramentos supramencionados. Todavia, cabe ressaltar ainda
que os estados e o DF não dispõem de autorização constitucional para o exercício da competência legislativa
plena em caráter definitivo. Ao contrário, trata-se de competência temporária, de modo que a superveniência
de lei federal sobre normas gerais suspende a eficácia da lei estadual no que lhe for contrária, na forma
expressamente disposta no § 4.º do art. 24 da CF.

#OBS: lei federal pode revogar lei estadual? Em termos técnicos a revogação de um ato só pode ser feita por um
ato de mesma densidade normativa (mesmo hierarquia) e emana do mesmo poder. Dessa, forma a
superveniência de lei federal sobre normas gerais não revoga a lei estadual sobre normas gerais. Ela suspende a
eficácia da norma geral estadual.

#OBS: Se a norma geral feita pela União for revogada por uma nova lei da União geral, haverá o retorno da
norma estadual suspensa = efeito repristinatório tácito.

Será que os municípios podem tratar das matérias do art. 24 já que eles não estão elencados no caput?
Embora não esteja elencado no art. 24, os municípios poderão exercer uma competência suplementar para
28
tratar de assuntos de interesse local (art. 30, I e II). Essa competência suplementar dos Municípios só não pode
ser exercida quando se tratar de competência privativa ou exclusiva da União ou dos estados.

Qual a diferença entre competência privativa e exclusiva? Privativa pode ser objeto de delegação. O
único caso é o art. 22, parágrafo único. Obs. o art. 84 traz ainda uma competência privativa do Presidente da
República. Exclusiva é aquela que não pode ser objeto de delegação. DICA – EXCLUSIVA = EXCLUI a possibilidade
de delegação. A CF/88 não faz distinção entre as duas espécies, razão pela qual alguns autores sustentam que
ela não deve permanecer.

*#DIZERODIREITO #JURISPRUDÊNCIA #STF: É constitucional lei estadual que concede o desconto de 50% no
valor dos ingressos em casas de diversões, praças desportivas e similares aos jovens de até 21 anos de idade.
STF. Plenário. ADI 2163/RJ, rel. orig. Min. Eros Grau, red. p/ o ac. Min. Ricardo Lewandowski, julgado em
12/4/2018 (Info 897)

 Competência tributária expressa: art. 153 (estudar especialmente em direito tributário);

 Competência tributária residual: art. 154, I (instituição, mediante lei complementar, de


impostos não previstos no art. 153, desde que sejam não cumulativos e não tenham fato gerador ou
base de cálculo próprios dos discriminados na CF);

 Competência tributária extraordinária: art. 154, II (instituição, na iminência ou no caso de


guerra externa, de impostos extraordinários, compreendidos ou não em sua competência tributária, os
quais serão suprimidos, gradativamente, cessadas as causas de sua criança).

COMPETÊNCIAS MATERIAIS OU COMPETÊNCIAS LEGISLATIVAS


COMPETÊNCIAS ADMINISTRATIVAS
Tratam da responsabilidade pelo exercício É a competência para a edição de normas. Os entes federados
não podem legislar sobre assuntos de competência uns dos
de determinados serviços públicos / outros, evitando a superposição de atividade legislativa, mesmo
administrativos na competência legislativa comum do artigo 24.

UNIÃO
EXCLUSIVAS EXCLUSIVAS Cada ente tem a sua, excluindo os demais.
(artigo 21)

Da UNIÃO (artigo 22 e parágrafo único).


Pode ser delegada aos Estados para
PRIVATIVAS legislarem sobre determinada matéria, por
meio de Lei complementar. Desde que, sobre
questões específicas.
29
Os municípios estão excluídos, cabem
somente a União, Estados e Distrito Federal,
que poderão legislar concorrentemente
sobre os assuntos constantes no artigo 24,
COMUNS, mas, não há superposição. §§ 1º a 4º (à
união competem às normas gerais; os
Todos os
CUMULATIVAS OU CONCORRENTES Estados têm competência suplementar; se a
entes
PARALELAS (artigo 24) União não emitir as normas gerais, os
federados
Estados poderão exercer a competência
(artigo 23) plena sobre o assunto; se após o exercício da
competência plena dos Estados, surgir
supervenientemente regulamentação sobre
normas gerais da União, a norma dos
Estados terá a eficácia suspensa.

(artigo 24, § 2º; art. 30, II) no primeiro artigo


trata-se competência LEGISLATIVA
SUPLEMENTARES SUPLEMENTAR DOS ESTADOS e o segundo
artigo fala da competência LEGISLATIVA
SUPLEMENTAR DOS MUNICÍPIOS.

MNEMÔNICA: COMPETÊNCIA LEGISLATIVA

PRIVATIVA CONCORRENTE
(União) (União e Estados/DF)
CÓDIGOS “DINHEIRO PÚBLICO”

Eleitoral Tributário

Processual Financeiro

Penal Econômico (forçado)

Civil URBANISMO

Comercial (já existiu) OBS: não é competência só do Município (lembrar do


Estatuto da Cidade)
Trabalho
PENITENCIÁRIO
Aeronáutico
OBS: Segurança Pública é precipuamente dever dos
Mineração Estados/DF.

Exceção: Tributário OBS2: LEP é lei geral.

MÃE INTERESSES DIFUSOS

Marítimo Meio-ambiente

Agrário Patrimônio cultural (sentido amplo)

Espacial Saúde
30

(outro recurso seria: mar, terra e – falta de – ar).


Educação
TRANSPORTE, NAVEGAÇÃO e PORTOS.
Consumidor
Exceção: exploração do transporte rodoviário
municipal (MUNICÍPIO) e intermunicipal (ESTADOS). Deficientes

“ATIRE” Regras sobre a competência legislativa concorrente:

Águas  União = normas gerais;

Telecomunicações6  Estados = mantêm competência


SUPLEMENTAR;
Informática
 Inexistência de lei federal = Estados então
Radiodifusão gozam de competência legislativa plena;

Energia  Superveniência de lei federal (norma geral) =


SUSPENSÃO DA EFICÁCIA da lei estadual (a lei
(...) desapropriação, serviço postal etc. não é revogada);

Lei complementar poderá autorizar os ESTADOS a  Municípios têm competência para legislar
legislar sobre QUESTÕES ESPECÍFICAS das matérias sobre assuntos de interesse local.
relacionadas acima.

Horário de estabelecimento comercial Município


Horário de Banco União
Tempo de espera em fila de banco Município

*#NOVIDADELEGISLATIVA: A Lei nº 13.640, de 26 de Março de 2018 (Lei do Uber) alterou a Lei nº 12.587, de 3
de janeiro de 2012, para regulamentar o transporte remunerado privado individual de passageiros e conferiu
aos Municípios (e ao Distrito Federal) competência exclusiva para regulamentar e fiscalizar o serviço de
transporte remunerado privado individual de passageiros.

#OUSESABER: “O Município não pode legislar sobre direito do consumidor”. A assertiva está ERRADA.
Segundo o art. 24, incisos V e VII, da CF88, compete concorrentemente à União, Estados e DF legislar sobre
produção e consumo, além de responsabilidade por danos ao consumidor.  No entanto, nada impede que os
municípios possam legislar sobre matéria de defesa dos consumidores, desde que o assunto seja de interesse
local. Exemplos: Tempo de filas em bancos e obrigatoriedade de instalação de bebedouros e sanitários em
agência bancária. Insta registrar que tais exemplos são frutos de julgamentos do STF.

#ATENÇÃO #DEFENSORIA # JÁCAIUEMPROVA:

6
A prova do TRF/2016 considerou correta a seguinte alternativa: “Lei estadual não poderá disciplinar a respeito de
validade de crédito de telefone celular pré-pago, projetando-o no tempo, sob pena de violação à competência
exclusiva da União Federal para legislar sobre telecomunicações.”
31
OLHEM A PEGADINHA TRAZIDA PELA FCC NA PROVA DA DPE/BA, EM 2016. A banca considerou INCORRETA a
seguinte alternativa: “Compete privativamente à União legislar sobre organização da Defensoria Pública do
Distrito Federal e dos Territórios”.

#ATENÇÃO: A competência para legislar sobre Defensoria Pública do DF é do próprio DF e não da União. Cabe
à União apenas a competência de legislar sobre Defensoria Pública de Territórios (que sequer existem no
Brasil). Assim, vejamos: Art. 22. Compete privativamente à União legislar sobre: (...) XVII - organização judiciária,
do Ministério Público do Distrito Federal e dos Territórios e da Defensoria Pública dos Territórios, bem como
organização administrativa destes;

#CONCLUSÕESIMPORTANTES:

- Reparem que o Poder Judiciário e o Ministério Público do DF continuam a ser organizados pela União.

- Somente cabe ao DF a legislação da Defensoria Pública do DF.

- Atualmente, não temos nenhum Território, mas se for criado algum, a Defensoria Pública de lá também será
de competência da União.

#DEOLHONAJURISPRUDÊNCIA #STF
É inconstitucional lei estadual que preveja punições a empresas privadas e a agentes públicos que exijam a
realização de teste de gravidez e a apresentação de atestado de laqueadura para admissão de mulheres ao
trabalho. STF. Plenário. ADI 3165/SP, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 11/11/2015 (Info 807).

Os Municípios com mais de 20 mil habitantes e o Distrito Federal podem legislar sobre programas e projetos
específicos de ordenamento do espaço urbano por meio de leis que sejam compatíveis com as diretrizes fixadas
no plano diretor. Isso significa que nem sempre que o Município for legislar sobre matéria urbanística, ele
precisará fazê-lo por meio do Plano Diretor. O Plano Diretor é o instrumento legal que dita a atuação do
Município ou do Distrito Federal quanto ao ordenamento urbano, traçando suas linhas gerais, porém a sua
execução pode se dar mediante a expedição de outras lei e decretos, desde que guardem conformidade com o
Plano Diretor. STF. Plenário. RE 607940/DF, Rel. Min. Teori Zavascki, julgado em 29/10/2015 (Info 805).

Súmula vinculante 46-STF: A definição dos crimes de responsabilidade e o estabelecimento das respectivas
normas de processo e julgamento são da competência legislativa privativa da União. STF. Plenário. Aprovada em
09/04/2015 - Info 780.
32
É INCONSTITUCIONAL lei estadual que crie, como requisito de admissibilidade para a interposição de recurso
inominado no âmbito dos juizados especiais, o depósito prévio de 100% do valor da condenação. Tal norma
viola a competência privativa da União para legislar sobre direito processual, além de vulnerar os princípios do
acesso à jurisdição, do contraditório e da ampla defesa. STF. Plenário. ADI 2699/PE, Rel. Min. Celso de Mello,
julgado em 20/5/2015 (Info 786).

É constitucional lei estadual que preveja a possibilidade de empresas patrocinarem bolsas de estudo para
professores em curso superior, tendo como contrapartida a obrigação de que esses docentes ministrem aula de
alfabetização ou aperfeiçoamento para os empregados da empresa patrocinadora. Essa lei insere-se na
competência legislativa do Estado-Membro para dispor sobre educação e ensino, prevista no art. 24, IX, da
CF/88. STF. Plenário. ADI 2663/RS, Rel. Min. Luiz Fux, julgado em 8/3/2017 (Info 856).

Os Municípios podem legislar sobre Direito Ambiental, desde que o façam fundamentadamente. STF. 2ª Turma.
ARE 748206 AgR/SC, Rel Min. Celso de Mello, julgado em 14/3/2017 (Info 857).

#OUSESABER: É constitucional lei estadual que veda revista íntima praticada por empregadores em seus
estabelecimentos?  Segundo o STF, não, por ofender competência privativa da União para legislar sobre Direito
do Trabalho(art. 22, I, CF/88). Vejamos: Matéria concernente a relações de trabalho. Usurpação de competência
privativa da União. Ofensa aos arts. 21, XXIV, e 22, I, da CF. Vício formal caracterizado. (...) É inconstitucional
norma do Estado ou do Distrito Federal que disponha sobre proibição de revista íntima em empregados de
estabelecimentos situados no respectivo território. [ADI 2.947, rel. min. Cezar Peluso, j. 5-5-2010, P, DJE de 10-
9-2010.

É inconstitucional lei estadual que regulamenta a atividade da “vaquejada”. Segundo decidiu o STF, os animais
envolvidos nesta prática sofrem tratamento cruel, razão pela qual esta atividade contraria o art. 225, § 1º, VII,
da CF/88. A crueldade provocada pela “vaquejada” faz com que, mesmo sendo esta uma atividade cultural, não
possa ser permitida. A obrigação de o Estado garantir a todos o pleno exercício de direitos culturais,
incentivando a valorização e a difusão das manifestações, não prescinde da observância do disposto no inciso
VII do § 1º do art. 225 da CF/88, que veda práticas que submetam os animais à crueldade. STF. Plenário. ADI
4983/CE, Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em 06/10/2016 (Info 842).

*#NOVIDADELEGISLATIVA #ATUALIZAOVADEMECUM #IMPORTANTE 7: EC 96/2017

Houve a chamada reação legislativa com a promulgação da EC 96/2017: Veja a íntegra do § 7º que foi inserido
pela EC 96/2017 no art. 225 da CF/88: Art. 225. (...) § 7º Para fins do disposto na parte final do inciso VII do § 1º

7
Mais informações em: http://www.dizerodireito.com.br/2017/06/breves-comentarios-ec-962017-emenda-da_7.html.
33
deste artigo, não se consideram cruéis as práticas desportivas que utilizem animais, desde que sejam
manifestações culturais, conforme o § 1º do art. 215 desta Constituição Federal, registradas como bem de
natureza imaterial integrante do patrimônio cultural brasileiro, devendo ser regulamentadas por lei específica
que assegure o bem-estar dos animais envolvidos.

#OLHAOGANCHO: Efeito Backlash: A EC 96/2017 é um exemplo do que a doutrina constitucionalista denomina


de “efeito backlash”. Em palavras muito simples, efeito backlash consiste em uma reação conservadora de
parcela da sociedade ou das forças políticas (em geral, do parlamento) diante de uma decisão liberal do Poder
Judiciário em um tema polêmico.

#POLÊMICA: A EC 96/2017 é inconstitucional? Este será um belíssimo e imprevisível debate. No caso de


reversão jurisprudencial (reação legislativa) proposta por meio de emenda constitucional, a invalidação somente
ocorrerá nas restritas hipóteses de violação aos limites previstos no art. 60, e seus §§, da CF/88. Em suma, se o
Congresso editar uma emenda constitucional buscando alterar a interpretação dada pelo STF para determinado
tema, essa emenda somente poderá ser declarada inconstitucional se ofender uma cláusula pétrea ou o
processo legislativo para edição de emendas.

#RELEMBRAR: Com essa novidade cabe relembrar as conclusões do STF na ADI 5105 (Info 801):
a) O STF não subtrai ex ante a faculdade de correção legislativa pelo constituinte reformador ou legislador
ordinário. Em outras palavras, o STF não proíbe que o Poder Legislativo edite leis ou emendas constitucionais
em sentido contrário ao que a Corte já decidiu. Não existe uma vedação prévia a tais atos normativos. O
legislador pode, por emenda constitucional ou lei ordinária, superar a jurisprudência. Trata-se de uma reação
legislativa à decisão da Corte Constitucional com o objetivo de reversão jurisprudencial.

b) No caso de reversão jurisprudencial (reação legislativa) proposta por meio de emenda constitucional, a
invalidação somente ocorrerá nas restritas hipóteses de violação aos limites previstos no art. 60, e seus §§, da
CF/88. Em suma, se o Congresso editar uma emenda constitucional buscando alterar a interpretação dada pelo
STF para determinado tema, essa emenda somente poderá ser declarada inconstitucional se ofender uma
cláusula pétrea ou o processo legislativo para edição de emendas.

c) No caso de reversão jurisprudencial proposta por lei ordinária, a lei que frontalmente colidir com a
jurisprudência do STF nasce com presunção relativa de inconstitucionalidade, de forma que caberá ao legislador
o ônus de demonstrar, argumentativamente, que a correção do precedente se afigura legítima.

A novel legislação que frontalmente colida com a jurisprudência (leis in your face) se submete a um controle de
constitucionalidade mais rigoroso.
34
Para ser considerada válida, o Congresso Nacional deverá comprovar que as premissas fáticas e jurídicas sobre
as quais se fundou a decisão do STF no passado não mais subsistem. O Poder Legislativo promoverá verdadeira
hipótese de mutação constitucional pela via legislativa.

#SELIGANOSINÔNIMO #VAICAIRNASUAPROVA
Reação retrógrada ou reação legislativa ou leis in your face.

#AJUDAMARCINHO: A grande dúvida será a seguinte: a proibição de que os animais sofram tratamento cruel,
prevista no art. 225, § 1º, VII, da CF/88, pode ser considerada como uma garantia individual (art. 60, § 4º, IV)?
Penso que sim. Conforme já explicado, o direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado é um direito
fundamental de terceira geração, não podendo ser abolido nem restringido, ainda que por emenda
constitucional. Resta saber, no entanto, como o STF entenderá o tema após o  backlash, considerando que a
primeira decisão foi extremamente apertada.

#DEOLHONAJURISPRUDÊNCIA #STF
O Município tem competência para legislar sobre meio ambiente e controle da poluição, quando se tratar de
interesse local. Ex: é constitucional lei municipal, regulamentada por decreto, que preveja a aplicação de multas
para os proprietários de veículos automotores que emitem fumaça acima de padrões considerados aceitáveis.
STF. Plenário. RE 194704/MG, rel. orig. Min. Carlos Velloso, red. p/ o ac. Min. Edson Fachin, julgado em
29/6/2017 (Info 870).

*#ATENÇÃO #OUSESABER: Para o STF, é cabível que os Municípios, no exercício da competência suplementar,
adotem legislação ambiental mais restritiva em relação aos estados-membros e à União?

Sim. A competência para legislar sobre Direito Ambiental está inscrita no rol do art.24 da CF que veicula as
competências concorrentes. Apesar dos Municípios não constarem expressamente no rol do art. 24, entende-se
que tais entes podem sim suplementar a legislação da União que tenha editado as normas gerais que norteiam
o tema, desde que vinculadas ao interesse local, conforme art. 30, I da CF/88.

A despeito da competência suplementar aferível no “condomínio legislativo” que caracteriza o rol de


competências concorrentes, a atuação legiferante municipal só poderá ser exercida quando houver a prévia
edição de normas gerais pela União. Caso estas não existam, não haverá o que suplementar e apenas os
estados-membros poderão exercer a dita competência legislativa plena, conforme art.24,§3º da CF/88.

Fixadas tais premissas, no exercício da competência suplementar, o STF entendia, em tese fixada em
repercussão geral, que o município seria competente para legislar sobre o meio ambiente com a União e o
35
Estado, vinculado ao seu interesse local e desde que tal regramento esteja limitado pela disciplina
estabelecida pelos demais entes federados (RE 586.224).

Recentemente, entretanto, a 2ª Turma do STF fundada na diretriz de conferir a maior proteção possível ao meio
ambiente, entendeu ser cabível que os municípios, no exercício da competência suplementar, adotem
legislação ambiental mais restritiva em relação aos estados-membros e à União, desde que haja a devida
motivação (ARE 748206/SC, Rel. Min. Celso de Mello, julgamento em 14.3.2017, Segunda Turma).

#DEOLHONAJURISPRUDÊNCIA #STF
Lei estadual que impõe a prestação de serviço de segurança em estacionamento a toda pessoa física ou jurídica
que disponibilize local para estacionamento é inconstitucional, quer por violar a competência privativa da União
para legislar sobre direito civil, quer por violar a livre iniciativa. Lei estadual que impõe a utilização de
empregados próprios na entrada e saída de estacionamento, impedindo a terceirização, viola a competência
privativa da União para legislar sobre Direito do Trabalho. STF. Plenário. ADI 451/RJ, Rel. Min. Roberto Barroso,
julgado em 1º/8/2017 (Info 871).

Lei estadual que torna obrigatória a prestação de serviços de empacotamento nos supermercados é
inconstitucional por afrontar o princípio constitucional da livre inciativa. Lei estadual que exige que o serviço de
empacotamento nos supermercados seja prestado por funcionário do próprio estabelecimento é
inconstitucional por violar a competência privativa da União para legislar sobre Direito do Trabalho. STF.
Plenário. ADI 907/RJ, Rel. Min. Alexandre de Moraes, red. p/ o ac. Min. Roberto Barroso, julgado em 1º/8/2017
(Info 871).

É inconstitucional lei estadual que estabelece a obrigatoriedade de que os rótulos ou embalagens de todos os
produtos alimentícios comercializados no Estado contenham uma série de informações sobre a sua composição,
que não são exigidas pela legislação federal. STF. Plenário. ADI 750/RJ, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em
3/8/2017 (Info 871).

Em tese, o Estado-membro detém competência para legislar sobre controle de resíduos de embarcações,
oleodutos e instalações costeiras. Isso porque o objeto dessa lei é a tutela ao meio ambiente, sendo essa
matéria de competência concorrente, nos termos do art. 24, VI e VIII, da CF/88. STF. Plenário. ADI 2030/SC, Rel.
Min. Gilmar Mendes, julgado em 9/8/2017 (Info 872).

#IMPORTANTE:
As leis estaduais que proíbem o uso do amianto são constitucionais. O art. 2º da Lei federal nº 9.055/95, que
autorizava a utilização da crisotila (espécie de amianto), é inconstitucional. Houve a inconstitucionalidade
36
superveniente (sob a óptica material) da Lei nº 9.055/95, por ofensa ao direito à saúde (art. 6º e 196, CF/88); ao
dever estatal de redução dos riscos inerentes ao trabalho por meio de normas de saúde, higiene e segurança
(art. 7º, inciso XXII, CF/88); e à proteção do meio ambiente (art. 225, CF/88). STF. Plenário. ADI 3937/SP, rel.
orig. Min. Marco Aurélio, red. p/ o ac. Min. Dias Toffoli, julgado em 24/8/2017 (Info 874) 8.

É constitucional lei estadual que obrigue os planos de saúde a fornecerem aos consumidores
informações e documentos justificando as razões pelas quais houve recusa de algum procedimento, tratamento
ou internação. O Mato Grosso do Sul editou uma lei estadual prevendo que, se o plano de saúde recusar algum
procedimento, tratamento ou internação, ele deverá fornecer, por escrito, ao usuário, um comprovante
fundamentado expondo as razões da negativa. O STF entendeu que essa norma não viola competência privativa
da União, considerando que ela trata sobre proteção ao consumidor, matéria inserida na competência
concorrente (art. 24, V, da CF/88). STF. Plenário. ADI 4512/MS, Rel. Min. Cármen Lúcia, julgado em 7/2/2018
(Info 890). A lei atacada cumpre a função estatal de proteção ao consumo, não havendo interferência nos
contratos firmados entre as operadoras e os usuários nem representando equilíbrio atuarial das operadoras de
planos e seguros privados de assistência à saúde. Conforme explicou a Min. Cármen Lúcia: “A entrega do
documento informativo expondo as razões pelo qual um determinado tratamento ou procedimento foi negado
não amplia o rol de obrigações contratuais entre a operadora e o usuário. Pelo contrário, o que se tem é apenas
uma transparência maior para cumprimento dos termos legislados” (Min. Cármen Lúcia). Em outras palavras, as
operadoras já tinham esse dever por força do próprio CDC e a lei estadual apenas explicitou o comando. A lei
estadual impugnada não limita a livre iniciativa. Ao contrário, fomenta o desenvolvimento de um mercado mais
sustentável. Além disso, conforme preconiza o inciso V do art. 170, a livre iniciativa deverá ser exercida
observando-se como um dos seus princípios a defesa do consumidor.

MATÉRIA JULGADO/PRECEDENTE COMPETÊNCIA PARA LEGISLAR


Loterias e jogos de bingo. Regras ADI 2.847/DF, Rel. Min. Carlos União – art. 22, I (direito penal) e
de exploração. Sistemas de Velloso. DJ de 26.11.2004; ADI art. 22, XX (sistema de consórcios e
consórcios e sorteios. Direito 2.948/MT, Rel. Min. Eros Grau, DJ sorteio).
Penal. de 13.05.2005; ADI 2.690, Rel. Min.
Gilmar Mendes, DJ de 16.06.2006;
ADI 3.259, Rel. Min. Eros Grau, DJ
de 24.02.2006; ADI 2.995, Rel. Min.
Sepúlveda Pertence, DJ de
21.08.2006; ADI 3.148, Rel. Min.
Celso de Mello, DJ de 28.09.2007.
SV nº 2/2007-STF: “É
8
Esse julgado é muito importante. Você precisa ler todo e ter conhecimento da fundamentação para compreender, ok?
Que tal dar uma pausa na FUC e correr para os comentários do nosso amigo Marcinho? #AJUDAMARCINHO. Basta acessar
o link: / http://www.dizerodireito.com.br/2017/09/e-proibida-utilizacao-de-qualquer-forma.html.
37
inconstitucional a lei ou ato
normativo estadual ou distrital que
disponha sobre sistemas de
consórcios e sorteios, inclusive
bingos e loterias”.
ADI 3.710/GO, Rel. Min. Joaquim
Gratuidade de estacionamento em Barbosa, 09.02.2007
estabelecimento privado (shopping (reconhecimento de vício formal União – art. 22 (direito civil –
centers, hipermercados, em relação à Lei nº 15.223/2005, limitação genérica ao exercício do
instituições de ensino, rodoviárias do Estado de Goiás). Nesse sentido, direito de propriedade).
e aeroportos). cf. ADI 1.623, Rel. Min. Joaquim
Barbosa, j. 17.03.2011.
ADI 3.438/PA, Rel. Min. Carlos
Aquisição de propriedade União – art. 22, I (direito civil).
Velloso, 19.12.2005 (Inf. 413/STF).
Lei nº 2.089/93, do Estado do Rio
de Janeiro, que estabelecia a
obrigatoriedade da numeração dos
Precedente citado: ADI 750-MC/RJ
rótulos ou tampinha das bebidas
(DJU de 11.09.1992). ADI 910-RJ, União – art. 22, VIII (comércio
comercializadas no mencionado
Rel. Min. Maurício Corrêa, exterior e interestadual).
Estado, independentemente de sua
20.08.2003 (Inf. 317/STF).
procedência, para efeito de
arrecadação de impostos estaduais
– Inconstitucional.
Lei nº 10.553/2000, do Estado de
São Paulo, que impunha condições Precedentes citados: ADI 1.991-
para a cobrança pelo Poder Público MC/DF (DJU de 25.06.1999); ADI
de multas provenientes de 2.064-MC/MS (RTJ 171/138) e ADI União – art. 22, XI (trânsito e
aparelhos eletrônicos sobre 2.101-MC/MS (DJU de 28.04.2000); transporte)
infrações cometidas por motoristas ADI 2.328/SP, Rel. Min. Maurício
condutores de veículo Corrêa, 17.03.2004 (Inf. 340/STF).
automotores – Inconstitucional.
Lei nº 11.604/2001, do Estado do Precedentes citados: ADI 2.064-MS União – art. 22, XI (trânsito e
Rio Grande do Sul, de iniciativa (DJU de 17.08.2001); ADI 2.137- transporte).
parlamentar, que dispunha sobre a MC/RJ (DJU de 12.05.2000) e ADI
sinalização de rodovias estaduais, 2.328-MC/SP (DJU de 15.12.2000).
estabelecendo o controle ADI 2.802-RS, Rel. Min. Ellen
eletrônico de velocidade, a forma Gracie, 09.10.2003 (Inf. 324/STF)
de sua sinalização e divulgação nos
38
meios de comunicação, a
estipulação de velocidade mínima
nas rodovias, a obrigatoriedade da
construção de vias laterais de
circulação e as formas de
notificação das multas lavradas –
Inconstitucional.
Precedentes citados: ADI 2.328-
Lei nº 13.279/2001, do Estado do
MC/SP (DJU de 15.12.2000); ADI
Paraná, que fixava em no máximo
2.137-MC/RJ (DJU de 12.05.2000) e
20% do valor do automóvel as União –art. 22, XI (trânsito e
ADI 2.432-MC/RN (DJU de
multas impostas pelo DETRAN/PR, transporte).
21.09.2001), ADI 2.644-PR, Rel.
autuadas a partir de janeiro de
Min. Ellen Gracie, 07.08.2003 (Inf.
2000 – Inconstitucional.
315/STF).
Película de filme solar nos vidros ADI 1.704-MT, Rel. Min. Carlos União – art. 22, XI (trânsito e
dos veículos automotores Velloso, 1º.08.2002 (Inf. 275/STF). transporte).
Lei do Estado da Bahia nº 6.457/93
que obrigou, dentro do prazo de
120 dias a contar de sua
ADI 874, Rel. Min. Gilmar Mendes, União – art. 22, XI (trânsito e
publicação, as empresas de
j. 03.02.2011, Plenário, DJE de transporte).
transporte coletivo de passageiros,
28.02.2011. No mesmo sentido: RE Inexistência de LC autorizando os
que operam no território do
215.325-RS; RE 227.384-SP, Rel. Estados a legislar sobre questão
referido Estado, a instalarem cinto
Min. Moreira Alves, 17.06.2002 específica, nos termos do art. 22,
de segurança na totalidade dos
(Inf. 273/STF). parágrafo único, da CF/88.
veículos que compõem as
respectivas frotas –
Inconstitucional.
Lei Distrital nº 1.925/98 que torna
obrigatória, sob pena pecuniária a
ser definida pelo Poder Executivo,
ADI 3.625, Rel. Min. Cezar Peluso, j.
a iluminação interna dos veículos União – art. 22, XI (trânsito e
04.03.2009, Plenário, DJE de
fechados, no período das dezoito transporte).
15.05.2009.
às seis horas, quando se
aproximem de blitz ou barreira
policial – inconstitucional.
Lei Distrital ou Estadual que ADI 3.269, Rel. Min. Cezar Peluso, j. União – art. 22, XI (trânsito e
comine penalidades a quem seja 1º.08.2011, Plenário, DJE de transporte).
flagrado em estado de embriaguez 22.09.2011.
39
na condução de veículo automotor
– Inconstitucional.
Lei nº 11.766/97, do Estado do
Paraná, que torna obrigatório a
qualquer veículo automotor
ADI nº 3.055, Rel. Min. Carlos
transitar permanentemente com União – art. 22, XI (trânsito e
Velloso, j. 24.11.2005, Plenário, DJ
os faróis acesos nas rodovias do transporte).
de 03.02.2006.
Estado do Paraná, impondo a pena
de multa aos que descumprirem o
preceito legal – Inconstitucional.
Lei nº 10.884/2001, do Estado de
São Paulo, que estabelece a
obrigatoriedade de reserva de
espaço para o tráfego de
motocicletas nas vias públicas de ADI 3.121, Rel. Min. Joaquim
União – art. 22, XI (trânsito e
grande circulação da Região Barbosa, j. 17.03.2011, Plenário, DJ
transporte).
Metropolitana de São Paulo, assim de 14.04.2011.
consideradas pela autoridade de
trânsito, sob pena das penalidade
do Código de Trânsito Brasileiro –
Inconstitucional.
Legislação sobre mototáxi. Serviço
de transporte individual de
ADI 3.679, Rel. Min. Sepúlveda
passageiros prestado por meio de União – art. 22, XI (trânsito e
Pertence, j. 18.06.2007, Plenário,
ciclomotores, motonetas e transporte).
DJ de 03.08.2007. Precedentes
motocicletas (sistema de moto- A matéria foi regulamentada pela
citados: ADI 2.606; ADI 3.135; ADI
service – transporte remunerado Lei Federal nº 12.009/2009.
3.136.
de passageiros com uso de
motocicletas).
Lei distrital ou estadual que
disponha sobre condições de
União – art. 22, I, XI e XVI (direito
exercício ou criação de profissão, ADI 3.610, Rel. Min. Cezar Peluso, j.
do trabalho, trânsito e transporte e
sobretudo quando esta diga 1º.08.2011, Plenário, DJE de
condições para o exercício de
respeito à segurança de trânsito, 22.09.2011.
profissões.
como, no caso, à profissão de
motoboy – Inconstitucional.
Art. 185 da Constituição do Estado Precedentes citados: Rp 1.130/RS União – art. 22, XXVI (atividades
de Santa Catarina, que estabelecia (DJU de 30.11.1984) e Rp 1.233/RJ nucleares de qualquer natureza).
40
que a implantação de instalações (DJU de 06.09.1985); ADI 329/SC,
industriais para produção de Rel. Min. Ellen Gracie, 1º.04.2004
energia nuclear no mencionado (Inf. 342/STF).
Estado dependeria de autorização No mesmo sentido: ADI 1.575, Rel.
prévia da Assembleia Legislativa Min. Joaquim Barbosa, j.
local, ratificada por plebiscito – 07.04.2010, Plenário, DJE de
Inconstitucional. 11.06.2010.
ADI 2.665/SC, Rel. Min. Carlos
Velloso, 27.10.2004 – a norma
impugnada não invade a
Contratação de controladores de
competência privativa da União
velocidade para fins de fiscalização Estados – art. 25, §1º.
para legislar sobre trânsito e sobre
nas rodovias estaduais.
normas gerais de licitação e
contratação (CF, art. 22, XI e XXVII)
(Inf. 367/STF).
RE 240.406/RS (DJU de
Limite de tempo de espera em fila 30.04.2004); AI 506.487 AgR/PR Municípios – interesse local – art.
dos usuários dos serviços (DJU de 17.12.2004); RE432.789/SC 30, I.
prestados pelos cartórios (DJU de 05.05.2006); RE 418.492 DF – lei distrital de natureza
localizados no seu respectivo AgR/SP (DJU de 03.03.2006); RE municipal (art. 32, §1º, c/c art. 30,
território. 397.094/DF, Rel. Min. Sepúlveda I) – cf. RE 397.094/DF.
Pertence, 29.08.2006.
Lei estadual nº 12.775/2003, de
Santa Catarina, que determinou às
agências bancárias estabelecidas
no território catarinense a
obrigatoriedade do uso de ADI. 3.515, Rel. Min. Cezar Peluso,
equipamento para atestar a j. 1º.08.2011, Plenário, DJE de União – arts. 21, VIII, 22, VII, e 192.
autenticidade de cédulas de 29.09.2011.
dinheiro nas transações bancárias,
devendo tal equipamento ser
aquele indicado pelo Banco Central
do Brasil – Inconstitucional.
Bancos – Lei Municipal que AI 347.717-AgR/RS, Rel. Min. Celso Municípios – interesse local – art.
determina medidas de conforto de Mello (cf. Inf. 394/STF). 30, I.
aos usuários (clientes ou não),
como instalações sanitárias,
fornecimento de cadeiras de
41
espera, ou, ainda, colocação de
bebedouros, bem como
equipamentos destinados e
proporcionar-lhes segurança, tais
como portas eletrônicas e câmaras
filmadoras.
Meia-entrada para estudantes do
União, Estados e DF – competência
valor cobrado para o ingresso em ADI 1.950/SP, Rel. Min. Eros Grau,
concorrente – art. 24, I (direito
eventos esportivos, culturais e de 03.11.2005 (Inf. 407/STF).
econômico).
lazer.
Lei nº 7.737/2004, do Estado do
Espírito Santo. Garantia de meia-
entrada aos doadores regulares de União, Estados e DF – competência
ADI 3.512, Rel. Min. Eros Grau, j.
sangue. Acesso a locais públicos de concorrente – art. 24, I (direito
15.02.2006, DJ de 23.06.2006.
cultura, esporte e lazer. econômico).
Competência concorrente entre a
União.
União, Estado e DF – competência
Lei Estadual reservando assentos ADI 2.477-MC/PR, Rel. Min. Ilmar
concorrente – proteção e
para as pessoas obesas em salas de Galvão (Inf. 265/STF – matéria
integração social das pessoas
projeções, teatros e espaços pendente de julgamento do mérito
portadoras de deficiência física
culturais no Estado do Paraná. pelo STF).
(obesidade mórbida – art. 24, XIV).
Lei Estadual disciplinando sobre o HC 90.900 – Rel. p/ o acórdão Min.
interrogatório por Menezes Direito, j. 30.10.2008, União – art. 22, I (direito
videoconferência – Plenário, DJE de 23.10.2009, Inf. processual).
Inconstitucional. 526/STF.
Lei Municipal legislando sobre
horário de funcionamento de
comércio local, como o das S. 645/STF: “é competente o
farmácias (não abrangendo – já município para fixar o horário de Municípios – interesse local – art.
que extrapolaria e transcenderia o funcionamento de 30,I.
interesse local – o horário de estabelecimento comercial”.
funcionamento de instituição
financeira).
Lei Municipal legislando sobre S. 646/STF: “ofende o princípio da cf., art. 170, IV, CF/88.
instalações de estabelecimentos livre-concorrência lei municipal
comerciais do mesmo ramo – que impede a instalação de
inconstitucional. estabelecimentos comerciais do
mesmo ramo em determinada
42
área”.
União – arts. 21, VI, e 22, I e XXI.
A competência exclusiva da União
Lei nº 1.317/2004, do Estado de para legislar sobre material bélico,
Rondônia, que autoriza a ADI 3.258, Rel. Min. Joaquim complementada pela competência
utilização, pelas polícias civil e Barbosa, j. 06.04.2005, Plenário, DJ para autorizar e fiscalizar a
militar, de armas de fogo de 09.09.2005. produção de material bélico,
apreendidas – Inconstitucional. abrange a disciplina sobre a
destinação de armas apreendidas e
em situação irregular.
União – arts. 21, X e 22, V.
ADI 3.080, Rel. Min. Ellen Gracie, j. IMPORTANTE: em relação à
Legislar sobre serviço postal 02.08.2004, Plenário, DJ de manutenção do monopólio dos
27.08.2004. Correios (art. 21, X), cf. capítulo 20,
ADPF 46, j. 05.08.2009.
Lei nº 1.314, de 1º.04.2004, do
Estado de Rondônia, que impõe às
empresas de construção civil, com
obras no Estado, a obrigação de
fornecer leite, café e pão com ADI 3.251, Rel. Min. Carlos Brito, j. União – art. 22, I (direito do
manteiga aos trabalhadores que 18.06.2007, DJ de 19.10.2007. trabalho).
comparecerem com antecedência
mínima de 15 (quinze) minutos ao
seu primeiro turno de labor –
Inconstitucional.
Lei Distrital. Notificação mensal à
secretaria de saúde. Casos de
câncer de pele. Obrigação imposta União, Estados e DF – competência
a médicos públicos e particulares. concorrente – Arts. 23, II, e 24, XII,
Admissibilidade. Saúde Pública. da CF (proteção e defesa da saúde
ADI 2.875, Rel. Min. Ricardo
Matéria inserida no âmbito de – notificação compulsória).
Lewandowski, j. 04.06.2008, DJE de
competência comum e União – art. 22, I, a imputação de
20.06.2008.
concorrente do Distrito Federal. responsabilidade civil (havendo,
Agora, CUIDADO: a imputação de nesse ponto, portanto, vício
responsabilidade civil ao médico formal).
por falta de notificação caracteriza
ofensa ao art. 22, I (direito civil).
Matéria concernente a relações de ADI 2.947, Rel. Min. Cezar Peluso, j. União – art. 22, I (direito do
43
trabalho. Lei estadual ou distrital
que disponha sobre proibição de
revista íntima em empregados de 05.05.2010, Plenário, DJE de trabalho). Cf., também, art. 21,
estabelecimentos situados no 10.09.2010. XXIV (inspeção do trabalho).
respectivo território –
Inconstitucional.
União – arts. 21, XI, 22, IV e 175,
Lei Distrital nº 3.449/2004 e Lei
parágrafo único, III.
Amapaense nº 1.336/2009 que
O STF entendeu que, embora se
vedam a cobrança de tarifas e
tratasse de relação de consumo, as
taxas de consumo mínimas ou de ADI 3.343 e ADI 4.478, Rel. p/ o ac.
regras deveriam ser dilatadas pelo
assinatura básica, impostas por Min. Luiz Fux, j. 1º.09.2011,
poder concedente, ou seja,
concessionárias prestadoras de Plenário (Inf. 638/STF). No mesmo
incumbiria à União estabelecer
serviços de água, luz, gás, tv a cabo sentido: ADI 3.847, ADI 4.369, ADI
quais seriam os preços compatíveis
e telefonia – no caso da lei distrital 4.401.
com a manutenção de serviços e
– e por prestadoras de serviço de
com o equilíbrio econômico-
telefonia fixa e móvel – no caso da
financeiro do contrato
lei estadual – Inconstitucional.
previamente firmado.
Leis fluminenses nº 3.915/2002 e
4.561/2005 que obrigam as União – arts. 21, XI e XII, “b”; e, 22
ADI 3.558, Rel. Min. Cármen Lúcia,
concessionárias dos serviços de IV (deve ser respeitada a relação
j. 17.03.2011, Plenário, DJE de
telefonia fixa, energia elétrica, firmada entre a União e suas
06.05.2011.
água e gás e instalar medidores de concessionárias).
consumo – Inconstitucionais.
Lei Distrital nº 3.426/2004 que ADI 3.322, Rel. Min. Gilmar União – art. 22, I (ônus da prova –
obriga as empresas Mendes, j. 02.12.2010, Plenário, direito processual).
concessionárias, prestadoras de DJE de 29.03.2011. No mesmo União – art. 21, XI, 22, IV
serviços de telefonia fixa, a sentido, cf. ADI. 4.083. (telecomunicações) e 175.
individualizar determinadas Necessidade de obediência aos
informações nas faturas, bem contratos firmados entre o Poder
como fixa ônus de prova para Público Federal concedente e as
referidas empresas em caso de concessionárias de serviços
contestação das cobranças pelos públicos.
consumidores – Inconstitucional. “A lei a que se refere o parágrafo
único do art. 175 deve ser editada,
necessariamente, pelo ente político
responsável pela prestação do
serviço. Nesse sentido, cabendo à
44
União explorar, diretamente ou
mediante autorização, concessão
ou permissão, os serviços de
telecomunicações (art. 21, XI,
acrescente-se), compete-lhe
privativamente legislar sobre o
regime das concessionárias,
questões relativas a contrato,
direitos dos usuários, política
tarifária e a obrigação de manter
serviço adequado” (voto do Min.
Gilmar Mendes).
Município – art. 30, V (serviço
público de interesse local, incluído
o transporte coletivo).
A Constituição do Amapá garantiu
Estadual – art. 25, §1º
o direito à “meia-passagem” aos
(competência residual estadual
estudantes, nos transportes
para legislar sobre transporte
coletivos municipais –
intermunicipal).
inconstitucional por invadir
União – art. 21, XII, “e”, que diz ser
matéria de interesse local.
competência da União explorar,
Agora, CUIDADO: a competência
diretamente ou mediante
para legislar sobre a prestação de ADI 845, Rel. Min. Eros Grau, j.
autorização, concessão ou
serviços públicos de transporte 22.11.2007, Plenário, DJE de
permissão, os serviços de
intermunicipal é dos Estados- 07.03.2008.
transporte rodoviário
membros. “Não há
interestadual e intermunicipal de
inconstitucionalidade no que toca
passageiros.
ao benefício, concedido pela
CUIDADO: a) transporte dentro do
Constituição Estadual, de “meia-
Município – competência
passagem” aos estudantes nos
municipal; b) transporte
transportes coletivos
intermunicipal – competência
intermunicipais”.
estadual; c) transporte
interestadual ou internacional –
competência da União.
Lei distrital nº 3.426/2004, que ADI 3.322/DF, Rel. Min. Gilmar União – arts. 21, XI; 22, IV; e 175
dispunha sobre a obrigatoriedade Mendes, j. 02.12.2010 (cf. Inf. (telecomunicações).
de as empresas concessionárias, 611/STF).
45
prestadoras de serviços de
telefonia fixa, individualizarem, nas
faturas, as informações que
especificam, sob pena de multa –
Inconstitucional.
“Mensalidades escolares. Fixação
da data de vencimento. Matéria de
direito contratual. (...) Os serviços
de educação, sejam os prestados
pelo Estado, sejam os prestados
União – art. 22, I (direito civil).
por particulares, configuram
ADI 1.007, Rel. Min. Eros Grau, j. Não se enquadra como “educação”
serviço público não privativo,
1º.08.2005, Plenário, DJ de (art. 24, IX)
podendo ser desenvolvidos pelo
24.02.2006. Trata-se de direito civil:
setor privado independentemente
No mesmo sentido: ADI 1.042, Rel. “obrigações, contraprestações ou
de concessão, permissão ou
Min. Cezar Peluso, j. 12.08.2009, outros aspectos típicos de
autorização. Nos termos do art. 22,
Plenário, DJE de 6.11.2009. contratos de prestação de serviços
I, da Constituição do Brasil,
escolares ou educacionais”.
compete à União legislar sobre
Direito Civil”.
Trata-se de Lei nº 10.989/93, do
Estado de Pernambuco –
Inconstitucional.
Lei estadual que regula obrigações ADI 1.646, Rel. Min. Gilmar União – art. 22, I e VII (direito civil,
relativas a serviços de assistência Mendes, j. 02.08.2006, Plenário, DJ comercial e política de seguros).
médico-hospitalares regidos por de 07.12.2006.
contratos de natureza privada, Precedente: ADI 1.595, Rel. Min.
universalizando a cobertura de Eros Grau, j. 03.03.2005, Plenário,
doenças (Lei nº 11.446/97 do DJ de 07.12.2006.
Estado de Pernambuco) –
Inconstitucional.
A definição das condutas típicas ADI 2.222, Rel. Min. Cármen Lúcia, União – arts. 22, I (matéria penal e
configuradoras do crime de j. 16.11.2011, Plenário, DJ de processual).
responsabilidade e o 07.12.2011. O assunto deve ser tratado em lei
estabelecimento de regras que S. 722/STF: “são da competência nacional especial (art. 85, CF/88).
disciplinem o processo e legislativa da União a definição dos
julgamento dos agentes políticos crimes de responsabilidade e o
federais, estaduais ou municipais estabelecimento das respectivas
envolvidos. normas de processo e julgamento”.
46

#DEOLHONAJURISPRUDÊNCIA #STF: Lei estadual que disponha sobre bloqueadores de sinal de celular em
presídio invade a competência da União para legislar sobre telecomunicações. STF. Plenário. ADI 3835/MS, Rel.
Min. Marco Aurélio, ADI 5356/MS, red. p/ o acórdão Min. Marco Aurélio, ADI 5253/BA, Rel. Min. Dias Toffoli,
ADI 5327/PR, Rel. Min Dias Toffoli, ADI 4861/SC, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgados em 3/8/2016 (Info 833).

4 ORGANIZAÇÃO POLÍTICO-ADMINISTRATIVA

O art. 1º trata da indissolubilidade do pacto federativo, que veda o direito de secessão. Qual o
mecanismo que impede a secessão? A intervenção federal = art. 34, I.

A nossa federação é formada por 4 entes:

 União

 Estados

 Distrito federal

 Municípios

Todos possuem autonomia, mas não soberania.

#OBS: união do art. 1º é sinônimo de reunião. União no art. 18 é ente federativo.

4.1 ESTADOS

A autonomia dos estados possui limites. Limites ao poder constituinte decorrente – normas de
observância obrigatória.

Os princípios constitucionais podem limitar o poder constituinte decorrente. São classificados em:

a) Princípios constitucionais sensíveis = são normas que tratam da essência, organização


constitucional da federação brasileira. Art. 34, VII. Especula-se que eles têm esse nome pois a sua
47
violação pode ocasionar uma intervenção federal nos estados, mas Pontes de Miranda nunca falou o
porquê.

b) Princípios constitucionais extensíveis = são normas organizatórias da União, que devem ser
estendidas aos estados. Alguns devem ser estendidos por previsão expressa (ex. art. 27, § 1º e 2º -
regime de subsídios dos deputados estaduais segue o dos deputados federais, art. 28 eleição de
Governador, art. 75 que trata do TCU) e outros por previsão implícita (ex. requisitos básicos para a
criação de CPI, princípios básicos do processo legislativo – art. 59, separação dos poderes).

c) Princípios constitucionais estabelecidos = são aqueles que se encontram espalhados, de forma


assistemática ao longo do seu texto. Ex. Art. 19 CF. São vedações. Servem de limites à autonomia dos
estados. Q - normas de imitação - o estado pode optar por repetir ou não.

Princípio da simetria.

LEI NACIONAL/CONSTITUIÇÃO NACIONAL LEI FEDERAL/CF


Normas que se referem a todos os entes da federação
Normas que se referem apenas à União. Ex: art. 58,
– União, Estados, Distrito Federal e Municípios. Ex: Lei
§3º e 59 e seguintes.
de Licitações, CTN, art. 19 e 37.

O §3º do art. 25 da CF/88 estabelece que os Estados Federados poderão instituir regiões
metropolitanas, aglomerações urbanas e microrregiões. Referida instituição dar-se-á por meio de lei
complementar estadual, pelo agrupamento de Municípios limítrofes, para integrar a organização, o
planejamento e a execução de funções públicas de interesse comum.

4.2 DISTRITO FEDERAL

É um território neutro, ou seja, não faz parte de nenhum estado da federação. Foi criado para ser sede
do Governo Federal.

Qual a natureza do DF? ADI 3756 no STF contra lei de responsabilidade fiscal que determinou o limite de
gastos com Poder Legislativo igual ao limite dos Estados – STF julgou constitucional, por entender que e
estrutura é mais próxima dos estados que dos municípios. STF decidiu que o DF não é estado e nem Município,
mas sim uma unidade federada com competência parcialmente tutelada pela União. É um quarto tipo.
48
Como o DF é sede do Governo Federal, a União fica responsável por alguns setores - Poder Judiciário,
MP, Polícia militar, Polícia civil e bombeiro militar. Art. 21, XIII e XIV; Art. 22, XVII.

EC 69/2012 transferiu a DPDF do DF para o próprio DF.

4.3 MUNICÍPIOS

Doutrina AMPLAMENTE MAJORITÁRIA – Município é ente federativo. Por quê? (1) Art. 1º coloca na
união indissolúvel os municípios. Art. 18 também elege o Município como ente autônomo.

José Afonso da Silva – não é ente federativo. É mera autarquia territorial. Por quê? (1) Não existe
federação de municípios (no mundo), razão pela qual se o município fosse considerado ente federativo, ele teria
a natureza de um estado. (2) Os Municípios não participam da formação da vontade nacional. Os estados têm os
senadores.

4.4 TERRITÓRIOS

Não são entes federativos, mas na CF/69 eles o eram e os municípios não eram. Eles são meras
autarquias territoriais pertencentes à União (natureza jurídica).

Governador de território – escolhido pelo Presidente.

Deputados de Território – número fixo de 4. Art. 45, §2º.

Senadores de Território – não tem, afinal não são entes.

A divisão em municípios: ao contrário o que ocorre com o Distrito Federal, o art. 33, §1º, estabelece a
possibilidade de os Territórios, quando criados, serem divididos em Municípios.

Apesar disso, é perfeitamente possível a criação de novos territórios federais, que, com certeza,
continuarão a ser mera autarquia, sem qualquer autonomia capaz de lhes atribuir a característica de entes
federativos. O processo de criação dar-se-á da seguinte forma:
49
Lei complementar: a criação de novos territórios dar-se-á mediante lei complementar, conforme
o art. 18, §2º.

Plebiscito: deve haver plebiscito aprovando a criação do território.

5 CRIAÇÃO DE ESTADOS, TERRITÓRIOS E MUNICÍPIOS

5.1 ESTADOS E TERRITÓRIOS

Base normativa – art. 18, §3º e Lei 9.709/98.

1. Plebiscito;

2. Projeto de lei complementar;

3. Parecer Assembleias;

4. Aprovação – LC.

Não havendo aprovação, nem se passará à próxima fase, na medida em que o plebiscito é condição
prévia, essencial e prejudicial à fase seguinte:

O plebiscito e o referendo são convocados mediante decreto legislativo, por proposta de 1/3, no
mínimo, dos membros que compõem qualquer das Casas do Congresso Nacional.

Cabe lembrar que a competência de autorizar referendo e convocar plebiscito, de acordo com o art. 49,
XV, da CF/88, é exclusiva do Congresso Nacional, materializada por decreto legislativo.

Propositura do projeto de lei complementar: o art. 4º, §1º, da Lei nº 9.709/98 estabelece que, em sendo
favorável o resultado da consulta prévia ao povo mediante plebiscito, o projeto de lei complementar será
proposto perante qualquer das Casas do Congresso Nacional.

Audiência das Assembleias Legislativas: à Casa perante a qual tenha sido apresentado o projeto de lei
complementar referido item anterior compete proceder a audiência das respectivas Assembleias Legislativas
(art. 4º, §2º, da Lei nº 9.709/98, regulamentando o art. 48, VI, da CF/88). Observe-se que o parecer das
Assembleias Legislativas dos Estados não é facultativo, ou seja, mesmo que desfavorável, poderá dar-se
50
continuidade ao processo de formação de novos Estados (ao contrário da consulta plebiscitária, como visto
anteriormente).

Cabe alertar que o Congresso Nacional não está obrigado a aprovar o projeto de lei, nem o Presidente
da República está obrigado a sancioná-lo. Ou seja, ambos têm discricionariedade.

A Constituição Federal prevê três formas de criação 9:

1) Incorporação = ocorre uma fusão entre dois ou mais estados, dando origem à formação de um
novo estado ou território federal.

2) Subdivisão = ocorre uma cisão do estado originário, que se transforma em novos estados ou
territórios.

3) Desmembramento = pode ocorrer em duas situações. (1) para anexação em outro estado sem
que haja a criação de um novo ente (2) para a formação de novos estados ou territórios. ex. Pará –
Carajás e Tapajós. Obs. Por ‘população diretamente interessada’ deve ser entendida tanto a da área
desmembrada quanta a da área remanescente – STF ADI 265/2011.

5.2 MUNICÍPIOS

Requisitos:

A) Lei complementar federal estabelecendo o período dentro do qual isso poderá ocorrer;

B) Lei ordinária estadual contendo a divulgação dos estudos de viabilidade municipal;

C) Plebiscito realizado com os eleitores da circunscrição do novo município e do município a ser


criado.

#ATENÇÃO #IMPORTANTE #DEOLHONAJURISPRUDÊNCIA #STJ #STF: Para que sejam alterados os limites
territoriais de um Município é necessária a realização de consulta prévia, mediante plebiscito, às populações dos
Municípios envolvidos, nos termos do art. 18, § 4º da CF/88. STF. Plenário. ADI 2921/RJ, rel. orig. Min. Ayres
Britto, red. p/ o ac. Min. Dias Toffoli, julgado em 9/8/2017 (Info 872).

9
Tema cobrado na primeira fase do MPMG (2016).
51
#OLHAOGANCHO: O Ministério Público Federal é parte ilegítima para ajuizar ação civil pública que visa à
anulação da tramitação de Projeto de Lei do Plano Diretor de município, ao argumento da falta de participação
popular nos respectivos trabalhos legislativos. No caso concreto, o MPF ajuizou ACP contra o Município de
Florianópolis e a União argumentando que o Poder Executivo Municipal teria encaminhado à Câmara de
Vereadores o projeto de Lei do Plano Diretor da cidade sem a realização das necessárias audiências públicas, o
que violaria o Estatuto da Cidade. O STJ entendeu que a legitimidade para essa demanda seria do Ministério
Público estadual (e não do MPF). STJ. 1ª Turma. REsp 1.687.821-SC, Rel. Min. Sérgio Kukina, julgado em
07/11/2017 (Info 616)

Por consequência, nas várias ADIs julgadas, o Plenário do STF declarou a inconstitucionalidade das leis
estaduais que criaram Municípios sem a existência da Lei Complementar Federal, mas não pronunciou a
nulidade dos atos, mantendo a vigência por mais 24 meses (efeito prospectivo ou para o futuro).

Buscando regularizar a situação de vários Municípios, o Congresso Nacional promulgou a EC nº 57, de


18.12.2008, acrescentando ao rt. 96 ao ADCT, com a seguinte redação: “ficam convalidados os atos de criação,
fusão, incorporação e desmembramento de Municípios, cuja lei tenha sido publicada até 31.12.2006, atendidos
os requisitos estabelecidos na legislação do respectivo Estado à época de sua criação”.

Apesar desse precedente, devemos alertar que não se extinguiu a necessidade de existência de lei
complementar federal que regularize o processo de formação dos Municípios. A referida emenda apenas
“validou” a criação (inconstitucional – e aí a nossa crítica) dos Municípios anteriormente estabelecidos (sem a
existência da referida Lei Complementar Federal).

6 DISPOSITIVOS PARA CICLOS DE LEGISLAÇÃO

DIPLOMA DISPOSITIVOS
Constituição Federal Art. 18 a 33

7 BIBLIOGRAFIA UTILIZADA

- Direito constitucional esquematizado® - Pedro Lenza. – 19. ed. rev., atual. e ampl. – São Paulo: Saraiva,
2015);

- Anotações de aula;

- Informativos do site Dizer o Direito.

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