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ORGANIZAÇÃO DO ESTADO
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SUMÁRIO
1 DISTINÇÕES PRELIMINARES........................................................................................................................5
1.1 FORMAS DE GOVERNO........................................................................................................................5
1.1.1 Monarquia...................................................................................................................................6
1.1.2 República.....................................................................................................................................7
1.2 SISTEMAS DE GOVERNO......................................................................................................................8
1.2.1 Presidencialismo..........................................................................................................................8
1.2.2 Parlamentarismo.........................................................................................................................8
1.2.3 Semipresidencialismo ou Semiparlamentarismo.........................................................................9
1.3 FORMAS DE ESTADO.........................................................................................................................10
1.3.1 Unitário ou simples....................................................................................................................10
1.3.2 Composto..................................................................................................................................10
1.3.3 Histórico....................................................................................................................................11
1.3.4 Peculiaridades históricas da Federação Brasileira......................................................................11
1.3.5 Principais características do Estado Federal...............................................................................12
1.3.6 Autonomia dos “Entes Federativos”..........................................................................................13
1.3.7 Argumentos favoráveis ao Estado Federal.................................................................................13
1.3.8 Argumentos contrários ao Estado Federal.................................................................................13
1.4 TIPOS DE FEDERALISMO....................................................................................................................15
1.4.1 Quanto ao surgimento (ou origem)...........................................................................................15
1.5 QUANTO À REPARTIÇÃO DE COMPETÊNCIAS....................................................................................15
1.5.1 Federalismo Dualista/Dual........................................................................................................16
1.5.2 Federalismo de Integração........................................................................................................16
1.5.3 Federalismo Cooperativo...........................................................................................................16
1.6 QUANTO À HOMOGENEIDADE NA DISTRIBUIÇÃO DE COMPETÊNCIAS..............................................17
1.6.1 Ponto de vista externo...............................................................................................................17
1.7 CARACTERÍSTICAS ESSENCIAIS DO ESTADO FEDERAL........................................................................18
1.8 REQUISITOS PARA MANUTENÇÃO DA FEDERAÇÃO...........................................................................18
2 SOBERANIA E AUTONOMIA......................................................................................................................19
2.1 SOBERANIA.......................................................................................................................................19
2.2 AUTONOMIA.....................................................................................................................................20
3 REPARTIÇÃO DE COMPETÊNCIAS..............................................................................................................21
3.1 CAMPOS ESPECÍFICOS DE COMPETÊNCIA ADMINISTRATIVA E LEGISLATIVA......................................22
3.2 POSSIBILIDADE DE DELEGAÇÃO.........................................................................................................23
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3.3 COMPETÊNCIA COMUM (ART. 23, CFRB)...........................................................................................24
3.4 COMPETÊNCIA CONCORRENTE (ART. 24, CRFB).................................................................................24
4 ORGANIZAÇÃO POLÍTICO-ADMINISTRATIVA.............................................................................................44
4.1 ESTADOS...........................................................................................................................................45
4.2 DISTRITO FEDERAL............................................................................................................................46
4.3 MUNICÍPIOS......................................................................................................................................46
4.4 TERRITÓRIOS.....................................................................................................................................47
5 CRIAÇÃO DE ESTADOS, TERRITÓRIOS E MUNICÍPIOS................................................................................47
5.1 ESTADOS E TERRITÓRIOS...................................................................................................................47
5.2 MUNICÍPIOS......................................................................................................................................49
6 DISPOSITIVOS PARA CICLOS DE LEGISLAÇÃO............................................................................................50
7 BIBLIOGRAFIA UTILIZADA.........................................................................................................................50
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ATUALIZADO EM 23/07/2018
ORGANIZAÇÃO DO ESTADO
Perspectivas de análise: O tema pode ser tratado a partir de vários ângulos: a) perspectiva histórica e
sociológica, que aprecia o surgimento e a evolução do Estado; b) perspectiva jurídica, que aprecia a organização
e a personificação do Estado; c) perspectiva filosófica, que aprecia os fundamentos e os fins do Estado.
Elementos do Estado:
1) Povo: conjunto dos cidadãos (nacionais) de um Estado. Difere da ideia de população, que é a
expressão numérica dos habitantes de um Estado e difere da ideia de nação, que é uma comunidade histórica,
cultural, étnica, linguística e tradicionalmente homogênea.
2) Poder político (governo): em sentido amplo, pode ser entendido como uma espécie
institucionalizada (organizado e permanente) de poder social: possibilidade de alguém (Estado) impor sua
vontade sobre os outros e exigir o cumprimento de suas ordens (leis). É preciso ressaltar que o poder político
não é exclusivo: permite a existência de outros poderes paralelos (poder econômico, poder social, poder sindical
etc.), mas está acima de todos eles. PRINCIPAL CARACTERÍSTICA: capacidade de editar normas jurídicas e de
fazê-las cumprir. (CELSO BASTOS, cap. II).
3) Soberania: principal teórico: Jean Bodin, séc. XVI. Conceito: Poder de mando de última instância
numa sociedade política. Liga-se, portanto, à ideia de poder político. Características: indivisível, irrevogável,
perpétuo, supremo. Titular: Estado (pessoa jurídica). Efeitos: a) interno: poder superior a todos os demais. b)
independência em seu relacionamento com os outros Estados e com as organizações internacionais. Significado
atual: atualmente o princípio da soberania vem perdendo sua força, seja em razão da hipertrofia e da
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As FUCS são constantemente atualizadas e aperfeiçoadas pela nossa equipe. Por isso, mantemos um canal aberto de
diálogo (setordematerialciclos@gmail.com) com os alunos da #famíliaciclos, onde críticas, sugestões e equívocos,
porventura identificados no material, são muito bem-vindos. Obs1. Solicitamos que o e-mail enviado contenha o título do
material e o número da página para melhor identificação do assunto tratado. Obs2. O canal não se destina a tirar dúvidas
jurídicas acerca do conteúdo abordado nos materiais, mas tão somente para que o aluno reporte à equipe quaisquer dos
eventos anteriormente citados.
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influência exercida por organismos internacionais (ONU, FMI, etc.), seja em razão da influência cada vez maior
dos grandes conglomerados econômicos, estes sim cada vez mais influentes sobre Estados e governos.
4) Território (PAULO BONAVIDES, Ciência política): é o espaço dentro do qual o Estado exercita o
seu poder de mando (soberania). O território está para o Estado assim como o corpo está para a pessoa
humana. PRINCÍPIO DA TERRITORIALIDADE: em regra, a ordem jurídica de um Estado só é aplicável aos fatos
ocorridos no âmbito do seu território. PARTES INTEGRANTES DO TERRITÓRIO: a terra firme localizada dentro dos
limites territoriais, as águas ali compreendidas, o mar territorial (lei 8.617/93), o subsolo, a plataforma
continental e o espaço aéreo.
1 DISTINÇÕES PRELIMINARES
Presidencialismo
(poder baseado na força)
República Federal
E ainda (menos relevante)
Democrático
Monarquia Unitário
Semipresidencialismo
(poder baseado no
consentimento)
Sistema diretorial
1.1.1 Monarquia
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A palavra Monarquia, numa tradução literal, significa “governo de um só”, ou, “ poder de um só”.
Fatos históricos: a) Revolução Gloriosa – 1688; b) limites jurídicos ao poder do Rei – Bill of Rights, 1689,
o Rei passa a ser parte do governo; c) adoção do sistema parlamentar de governo; d) distinção entre chefe de
Estado e chefe de governo: chefe de Estado é o Rei (função simbólica) e chefe de governo passa a ser o primeiro
ministro (chefe do gabinete de ministros escolhidos pelo Parlamento).
Monarca garante a estabilidade das instituições (está à margem das disputas políticas).
A unidade do Estado deve estar fundada num elemento objetivo (ordem jurídica) e não num
elemento pessoal (o rei).
1.1.2 República
Surge, contemporaneamente (Revolução Francesa para cá), como alternativa à monarquia absoluta.
Tanto na França como nos Estados Unidos, a república foi a forma de governo idealizada para implementar a
soberania popular.
b) Eletividade: a transmissão do poder se dar através da eleição, o poder não é transmitido de pai
para filho e sim através do voto popular.
c) Temporariedade: o poder não é vitalício, e sim, poder temporário, logo teremos eleições a cada
04 anos. A alternância de poder é uma ideia fundamental na república. Na República o poder tem que
ser transitório.
O critério que é utilizado para saber que tipo de Sistema de Governo utilizamos é a articulação entre os
poderes Legislativos e Executivos.
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1.2.1 Presidencialismo
O sistema presidencialista foi criado nos EUA em 1787, para substituir a figura do monarca.
a) Concentração do poder: a função de chefe de estado e chefe de governo reúne-se em uma única
pessoa, ou seja, o Presidente é o chefe de Estado e de Governo, ele representa o país dentro e fora do
país.
O regime presidencialista brasileiro confere aos parlamentares um poder que vai além da elaboração e votação
de lei e outros atos normativos. Os parlamentares possuem intensa participação nas decisões de governo,
inclusive por meio da indicação de cargos no Poder Executivo. Essa dinâmica é própria do sistema
presidencialista brasileiro, que exige uma coalizão para viabilizar a governabilidade. Trata-se do chamado
“presidencialismo de coalizão”.
Não se pode esquecer, contudo, que a Constituição Federal atribui ao Congresso Nacional competência para
fiscalizar e controlar os atos do Poder Executivo, incluídos os da Administração Indireta (art. 49, X, da CF/88).
Vale lembrar, inclusive, que o Congresso Nacional possui poderes próprios de autoridade judicial quando
instituídas comissões parlamentares de inquérito para apuração de fatos determinados (art. 58, § 3º).
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Ademais, para evitar conflitos de interesses, os Deputados e Senadores são proibidos de: a) firmar ou manter
contrato com pessoa jurídica de direito público, autarquia, empresa pública, sociedade de economia mista ou
empresa concessionária de serviço público, salvo quando o contrato obedecer a cláusulas uniformes; e b)
aceitar ou exercer cargo, função ou emprego remunerado, inclusive os de que sejam demissíveis "ad nutum",
nas entidades constantes da alínea anterior.
Isso demonstra que os parlamentares devem manter independência em relação ao Poder Executivo para o
exercício de suas atribuições. Nesse contexto, se um parlamentar recebe vantagens indevidas em troca de
sustentação política a um diretor da Petrobrás, isso significa evidente omissão em sua função de fiscalizar a
lisura dos atos do Poder Executivo.
O exercício ilegítimo da atividade parlamentar, mesmo num governo de coalizão, é apto a caracterizar o crime
de corrupção passiva. Esse tipo penal tutela a moralidade administrativa e tem por finalidade coibir e reprimir a
mercancia da função pública, cujo exercício deve ser pautado exclusivamente pelo interesse público. O STF
afastou o argumento da defesa de que se estaria “criminalizando a atividade político-partidária”. Não é nada
disso. A atividade política continua sendo permitida, sendo lícito que partidos políticos apoiem determinada
pessoa para os cargos de destaque do governo (exs: ministérios, diretorias etc.). O que se está punindo, neste
caso, são atos que transbordaram os limites do exercício legítimo do mandato, ou seja, puniu-se um Deputado
que recebia propina para dar sustentação política a um Diretor de estatal.
Obs: Informação retirada no Informativo Comentado 904 do STF pelo Dizer o Direito2.
1.2.2 Parlamentarismo
O único período da história brasileira que foi adotado o sistema de governo Parlamentarista foi nos anos
de 61 a 63.
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Determinado Deputado Federal integrava a cúpula de um partido de sustentação do governo federal. Como importante
figura partidária, ele exercia pressão política junto à Presidência da República a fim de que Paulo Roberto Costa fosse
mantido como Diretor de Abastecimento da Petrobrás. Como “contraprestação” por esse apoio, o Deputado recebia
dinheiro do referido Diretor, quantia essa oriunda de contratos ilegais celebrados pela Petrobrás. O STF entendeu que esta
conduta se enquadra no crime de corrupção passiva (art. 317 do CP). Obs: foi a primeira condenação do STF envolvendo a
chamada “operação Lava Jato”. STF. 2ª Turma. AP 996/DF, Rel. Min. Edson Fachin, julgado em 29/5/2018 (Info 904).
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Divisão de funções do Executivo: as duas funções exercidas pelo executivo são dividas para duas pessoas
distintas, existe a função de chefe de Estado e a função de chefe de Governo.
Noção de desconfiança, quando ocorrer o primeiro ministro e seu gabinete é todo alterado.
Nesse sistema possui a mesma articulação política do parlamentarismo, ou seja, nele nós também
temos a divisão entre o chefe de estado e o chefe de governo, porem o chefe de estado será sempre o
presidente da república, o presidente da republica é eleito diretamente e exerce funções políticas importantes
(ele não é uma figura meramente simbólica).
É o Presidente da República que escolhe o primeiro ministro, cujo nome deve ser chancelado pelo
parlamento, então não é o parlamento que vai escolher o chefe de governo e sim o presidente.
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Modo de controle no parlamentarismo: a) questão de desconfiança; b) moção de censura.
Modo de controle no presidencialismo brasileiro: a) ação popular (art. 5°, LXXIII, CF/88); b)
questionamento das contas municipais (art. 31, § 3°, CF/88); c) denúncia de irregularidades ao Tribunal de
Contas competente (art. 74, § 2°, CF/88); d) controle exercido por meio do voto nas eleições seguinte.
#OBS: Estado de direito: “Estado em que todos – governantes e governados – estão submetidos à lei e à
jurisdição”. Estado despótico é diferente de Estado de direito: forma de governo que quem detém o poder
mantém, em relação aos súditos, o mesmo tipo de relação que o senhor (em grego, despotes) tem para com os
escravos que lhe pertencem.
Nas formas de estado o critério é distribuição espacial do poder político, ou seja, o que diferencia é a
maneira com a Constituição distribui o poder no Estado.
Nós temos um centro de poder, ou seja, apenas um poder para toda população.
Aqui no Brasil nós adotamos a forma de estado unitário desde a primeira constituição em 1824, até
1889 com a proclamação da república.
A grande maioria dos Estados Unitários possui descentralização (ou administrativa, ou político
administrativa [é a capacidade de elaborar leis, escolher representantes e executar determinados comandos
legais]).
Teremos uma centralização política, que significa pouca autonomia dos entes do Estado.
1.3.2 Composto
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Temos mais de um centro de poder incidindo sobre a mesma população e o mesmo território.
A) União Pessoal
B) União Real
C) Confederação
D) Federação
1.3.3 Histórico
Fenômeno moderno. Primeiro Estado Federal: EUA. Independência em 1776 – 13 colônias se tornam 13
estados independentes e soberanos. 1781 – 13 estados soberanos assinam os Artigos da Confederação, um
tratado para cooperação mútua a fim de preservar a independência. 1787 (ano da constituição dos EUA - 17 de
setembro de 1787) – Revisão dos Artigos da Confederação, na cidade de Filadélfia, em que esteve ausente o
Estado de Rhode Island. Duas correntes: uma pretendia a revisão puramente formal do tratado e a outra
pretendia transformar a confederação em federação. Isto implicaria na perda da independência e da soberania
dos estados. Os representantes não tinham mandato, não tinham autorização para implementar a
transformação. Ficou estabelecido então que a conversão da confederação em federação seria realizada assim
que houvesse a ratificação de 9 entre as 13 ex-colônias. Publica-se em Nova York, a partir de então, uma série
de artigos explicando à população as vantagens da formação de um Estado federal. Posteriormente, estes
artigos foram todos compilados e publicados com o nome de O Federalista (Hamilton, Jay e Madison foram os
autores). 1789 – ano em que ocorreu a ratificação do nono estado, surgindo os Estados Unidos da América
como o primeiro Estado Federal.
b) O Estado federal se forma a partir de uma Constituição ao passo que a Confederação está
baseada num Tratado;
e) No Estado federal não há hierarquia entre a União e os Estados-membros. Cada entidade possui
suas próprias competências delineadas pela Constituição sem possibilidade de alteração (obs.:
tradicionalmente, as constituições delimitam o elenco de poderes da União cabendo aos Estados-
membros as competências remanescentes);
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Essa referência histórica foi cobrada na prova do TRF3/2016, sendo considerada correta a seguinte alternativa: “A forma
federativa de Estado foi prevista na Constituição de 1891, mas ainda assim não foi assegurada autonomia aos Municípios na
condição de entes federados”.
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A seguinte assertiva foi considerada incorreta (DPE/PR – 2017 – FCC): O pacto federativo é indissolúvel. Excepcionalmente,
é possível a regulamentação da secessão desde que atendidos os seguintes requisitos: edição de Lei Complementar
específica; consulta direta, através de plebiscito, aos moradores do Estado; e comprovação de viabilidade financeira e
orçamentária da proposta.
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Utilizei aqui “entes federativos” por duas razões: a primeira é porque não há uma nomenclatura única
utilizada universalmente para designar as unidades federadas dos Estados Federais: nos Estados Unidos e no
Brasil, a designação utilizada é de Estado-membro, na Argentina as unidades federadas são chamadas de
províncias e na Suíça chamam-se Cantões. Outra razão é que no Brasil, particularmente, também os municípios
fazem parte da federação. Muitos criticam esta peculiaridade brasileira por sua falta de rigor técnico, mas a
verdade é que os municípios no Brasil gozam da mesma autonomia que possuem os Estados-membros. Mas,
afinal, o que vem a ser autonomia? Autonomia, constitucionalmente falando, significa o direito que os “entes
federativos” têm de se reger (de se autogovernar) por leis próprias. Significa a liberdade de ação dentro de um
círculo de competências delimitado pela Constituição, sendo esta liberdade restringida apenas por princípios
da própria Constituição. Em razão de sua autonomia os Estados e Municípios têm o direito de se auto-
organizar, ou seja, de terem Constituições próprias no caso dos Estados-membros ou Leis Orgânicas próprias,
no caso dos municípios; têm ainda o direito de se autogovernar, ou seja, de eleger diretamente os membros
dos seus próprios poderes Legislativo e Executivo (e de organizar o Poder Judiciário, no caso dos Estados-
membros); e por fim, têm o direito de se auto-administrar, ou seja, podem exercer livremente as competências
legislativas, tributárias e executivas delimitadas pela Constituição.
FEDERAÇÃO CONFEDERAÇÃO
É uma pessoa jurídica de direito público, composta
É um Estado para a comunidade internacional.
por vários Estados.
Os membros são unidos, em regra, por um tratado
Os estados membros são unidos por uma
internacional, porém nada impede que haja uma
Constituição.
Constituição unindo os membros.
Os membros possuem autonomia. No estado Federal
quem tem soberania é a República Federativa (Estado
Os membros possuem soberania.
Federal), nenhum ente que compõe a Federação tem
soberania, porém todos os entes possuem autonomia.
É vedado o direito de secessão (é o direito de
abandonar, se separar dos demais Estados). Principio
da indissolubilidade do pacto federativo art. 1º CF Os Estados membros têm direito de secessão, a
Art. 1º A República Federativa do Brasil, formada pela qualquer momento que eles queiram eles podem se
união indissolúvel dos Estados e Municípios e do separar dos demais Estados.
Distrito Federal, constitui-se em Estado Democrático
de Direito e tem como fundamentos:
As decisões dos órgãos centrais são obrigatórias para Os membros possuem o direito de nulificação (esse
todos, numa federação quando o órgão central cria termo, significa que numa confederação como os
uma lei estabelecendo normas gerais, estas normas se estados que o compõe são soberanos se eles não
estiverem dentro da competência da união estas quiserem acatar determinadas normas eles não são
normas gerais são obrigatórias para todos, todos os obrigados). As normas feitas pelo parlamento não são
entes da federação devem respeitá-las. obrigatórias.
Exerce atividades relacionadas a assuntos internos e
Exerce atividades relacionadas ao plano externo, ou
externos, ou seja, numa federação temos a União
seja, em uma confederação quem cuida dos assuntos
exercendo atividades no plano internacional e
internos de cada país são os próprios países.
atividades no plano nacional.
As pessoas não tem apenas uma nacionalidade, as
Os cidadãos possuem a nacionalidade do Estado
pessoas possuem a nacionalidade de seu próprio país.
Federal, ou seja, numa federação só existe uma
Cada cidadão preserva a nacionalidade do seu
nacionalidade. Ex: todos que vivem no Brasil só
respectivo Estado. Ex: no MERCOSUL cada um possui
possuem uma nacionalidade, a brasileira.
sua nacionalidade, brasil – brasileiro, argentina –
A nacionalidade é do país e não dos Estados.
argentino, não existe “mercosunianos”.
O poder central é dividido em Legislativo, Executivo e Há apenas um órgão comum a todos os estados que é
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o Congresso Confederal, ou seja, a confederação em
Judiciário. regra só tem o legislativo. O Judiciário e o Executivo
permanecem sendo restrito a cada país.
Esta classificação baseia-se com o tipo de movimento responsável pelo surgimento da Federação.
A) Por agregação:
Surge quando estados soberanos cedem uma parcela da sua soberania para formar um ente único.
Esse tipo de federalismo também é chamado de Federalismo por Associação, ou por Aglutinação ou por
Estado Perfeito.
Existem vários Estados Soberanos esses estados se unem para formar um ente único que é o estado
federal, quando isso ocorre eles tem que ceder uma parcela da sua soberania para o ente principal∕ central. O
poder que era soberano passa a ser autônomo.
Aqui o poder é deslocado da periferia para o centro (movimento centrípeto). Ex: Estados Unidos.
B) Por segregação
Surge com a descentralização política de um Estado Unitário, ou seja, neste caso o movimento é inverso
(movimento centrífugo), aqui existe um Estado unitário e nele o poder está concentrado no centro, este poder
será dividido entre os Estados Membros. Ex: Brasil.
O critério utilizado é a forma de distribuição de competências entre os entes federativos, ou seja, de que
maneira a CF vai distribuir a competências entre os entes federativos.
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São 03 as espécies de federalismo:
Caracteriza-se por uma repartição horizontal de competências entre a União e os Estados Membros, ou
seja, nessa espécie de federalismo a CF divide de forma equilibrada as competências entre a União e os Estados.
A relação entre a União e Estados é de coordenação, eles se encontram no mesmo plano∕ patamar. A
divisão é feita de maneira rígida, não há interferência de ente com o outro.
Este modelo de Estado Dualista geralmente é dotado pelos Estados Liberais Clássicos, a principal
característica destes é o abstencionismo, ou seja, aquele estado que não intervém nas relações econômicas,
sociais e laborais. Ex: EUA até 1929.
Caracteriza-se pela repartição vertical de competências nas quais há uma relação de sujeição dos
Estados em relação à União, ou seja, nesta repartição vertical de competências a relação entre a União e os
Estados é uma relação de subordinação (e não coordenação∕ equilíbrio). Os Estados Membros estão submetidos
às normas da União. Ex: Brasil durante a CF de 1967 e 1969.
#OUSESABER: Ao contrário do que o nome sugere, o federalismo de integração estabelece uma relação de
subordinação entre as entidades federativas, mediante o fortalecimento do ente central em detrimento dos
entes periféricos. Opõe-se, pois, ao federalismo de equilíbrio que pressupõe a coexistência harmônica e linear
dos entes federados.
Caracteriza-se por possuir tanto uma repartição horizontal quanto uma repartição vertical de
competências, sendo estas tuteladas pela União. Não há hierarquia entre as Leis federais e estaduais. Ex: CF
brasileira de 1988; EUA após 1929; CF Alemã.
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Art. 23. É competência comum da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios:
Parágrafo único. Leis complementares fixarão normas para a cooperação (FEDERALISMO COOPERATIVO) entre a
União e os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, tendo em vista o equilíbrio do desenvolvimento e do
bem-estar em âmbito nacional.
O Brasil reconhece a autonomia dos MUNICÍPIOS, construindo uma Federação tripartite, um modelo
diferente de federalismo – de 3º grau. O Município tem competência nas matérias de interesse local. Alguns
autores afirmam que os municípios não podem ser equiparados aos Estados, têm autonomia, mas não é a
mesma que os Estados.
Repare que estamos fazendo uma comparação interna dentro da federação brasileira, estamos
analisando se a competência é distribuída de forma simétrica entre os Estados Membros.
É o federalismo típico.
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Pressupõe a adoção de um modelo tradicional com as características dominantes de uma federação
clássica, ou seja, quando um país adota um modelo simétrico ou clássico de federação aquele modelo adotado
pelo país é simétrico ou homogêneo.
#EXEMPLO: São características de uma Federação Clássica: o Poder judiciário com órgãos nacionais e estaduais;
o poder constituinte originário e o poder constituinte decorrente; a organização bicameral do Poder Legislativo.
É o federalismo atípico.
#EXEMPLO: na federação brasileira nós temos algumas características que nenhuma outra federação do mundo
possui: a consagração de um Município ser um ente federativo.
RIGIDEZ CONSTITUCIONAL
AUTONOMIA RECÍPROCA: não há hierarquia entre as entidades federadas, cada uma tem a sua
parcela de autonomia, que é recíproca.
2 SOBERANIA E AUTONOMIA
2.1 SOBERANIA
É um poder supremo, pois internamente a soberania não está limitada por nenhum outro poder, então
o poder soberano dentro de um país é um poder soberano (todos os poderes estão subordinados a ele). Na
ordem interna é um poder supremo, não há nenhum poder acima dele.
Poder Independente porque na ordem internacional não pode ser obrigado a acatar normas que não
sejam voluntariamente aceitas, e, por estar em condição de igualdade com os poderes supremos de outros
países, ou seja, no plano internacional o poder soberano é independente porque ele não é obrigado a aceitar
nenhuma norma de outro país.
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Quem detém a soberania não é a União, esta é um ente federativo como os demais (Estados, Municípios
e DF), estes possuem autonomia. Quem tem o atributo da soberania é a República Federativa do Brasil, ou seja,
o Estado brasileiro, agora quem exerce a soberania em nome do Estado brasileiro é a União.
A União possui “dupla personalidade”, pois assume um papel interno e outro internacionalmente.
Internamente, ela é uma pessoa jurídica de direito público interno, componente da Federação brasileira
e autônoma na medida em que possui capacidade de auto-organização, autogoverno, autolegislação e
autoadministração, configurando, assim, autonomia financeira, administrativa e política (FAP).
Internacionalmente, a União representa a República Federativa do Brasil (vide art. 21, I a IV).
Observe-se que a soberania é da República Federativa do Brasil, representada pela União Federal.
2.2 AUTONOMIA
A palavra autonomia surgiu do grego: auto – próprio; nomia - norma, ou seja, significa a elaboração de
normas próprias.
2) Auto legislação: os entes federativos possuem capacidade de elaborar suas próprias leis.
4) Autoadministração: é a capacidade para execução dos próprios negócios, daquilo que está
previsto em lei. Quadro próprio de servidores.
#OBS: CONSTITUIÇÃO NACIONAL X CONSTITUIÇÃO FEDERAL: a Constituição Nacional é aquela parte da CRFB∕
88 que se refere a todos os entes da federação (U, E, DF e M), ex: art. 19, CF; art. 37, CF. Já a Constituição
Federal é a parte da CRFB que se refere apenas a União, ex: art. 59 e ss., CF.
Art. 19. É vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios:
I - estabelecer cultos religiosos ou igrejas, subvencioná-los, embaraçar-lhes o funcionamento ou manter com
eles ou seus representantes relações de dependência ou aliança, ressalvada, na forma da lei, a colaboração de
interesse público;
II - recusar fé aos documentos públicos;
III - criar distinções entre brasileiros ou preferências entre si.
Toda e qualquer dívida contraída pelos entes políticos depende de aprovação do legislativo federal
(senado). Toda operação externa de natureza financeira de interesse da União, estados, Distrito Federal e
municípios deve ser aprovada previamente pelo plenário do Senado. O mesmo se dá em relação aos limites e
condições para as operações de crédito interno e externo das unidades federadas, bem como de suas dívidas
mobiliárias. O limite total da dívida consolidada de cada membro da federação também tem de passar pelo crivo
do Senado, assim como a concessão de garantia da União para obtenção de créditos (art. 52, incs. V a X).
3 REPARTIÇÃO DE COMPETÊNCIAS
O modelo clássico busca a sua fonte na Constituição norte-americana de 1787, refletindo aspirações do
final do século XVIII.
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Nesse sentido, compete à União exercer os poderes enumerados e aos Estados os poderes não
especificados, em um campo residual.
Conforme bem anota Paulo Branco, o rigorismo da enunciação taxativa é flexibilizado pela doutrina dos
poderes implícitos.
O modelo moderno, por sua vez, passou a ser verificado após a Primeira Guerra Mundial, estando
descritas nas constituições não somente as atribuições exclusivas da União, como, também, as hipóteses de
competência comum ou concorrente entre a União e os Estados.
No modelo horizontal, não se verifica concorrência entre os entes federativos. Cada qual exerce a sua
atribuição nos limites fixados pela Constituição e sem relação de subordinação, nem mesmo hierárquica.
No modelo vertical, por sua vez, a mesma matéria é partilhada entre os diferentes entes federativos,
havendo, contudo, uma certa relação de subordinação no que tange à atuação deles.
Essa repartição não é exclusiva da CRF/88, são critérios estabelecidos nas Constituições mais modernas.
As atribuições são estabelecidas pelo constituinte originário e, em tese, poderiam ser objeto de
modificação (por emenda), desde que a novidade, a ser introduzida, não violasse a forma federativa de Estado,
bem como as demais cláusulas pétreas.
#OBS: EXCEÇÃO - SERVIÇOS LOCAIS DE GÁS CANALIZADO É COMPETENCIA ESTADUAL – art. 25,§2º, CRFB.
Art. 25. Os Estados organizam-se e regem-se pelas Constituições e leis que adotarem, observados os princípios
desta Constituição.
§ 1º - São reservadas aos Estados as competências que não lhes sejam vedadas por esta Constituição.
§ 2º - Cabe aos Estados explorar diretamente, ou mediante concessão, os serviços locais de gás canalizado, na
forma da lei, vedada a edição de medida provisória para a sua regulamentação.
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§ 3º - Os Estados poderão, mediante lei complementar, instituir regiões metropolitanas, aglomerações urbanas
e microrregiões, constituídas por agrupamentos de municípios limítrofes, para integrar a organização, o
planejamento e a execução de funções públicas de interesse comum.
*#OUSESABER: A União pode instituir, mediante lei complementar, microrregiões para integrar a organização, o
planejamento e a execução de funções públicas de interesse comum? A resposta é NÃO. Conforme se extrai do
§3º do art. 25 da Constituição Federal, é da competência dos Estados: (a) a decisão política quanto à
conveniência e a oportunidade de criação de regiões metropolitanas, aglomerações urbanas e microrregiões; (b)
a escolha de municípios a serem agrupados e das funções comuns; (c) a organização da região (forma, órgãos,
competências internas, processo de deliberação e decisão, mecanismos de custeio, etc). Assim, é fato que a
União não pode instituir, através de qualquer lei, tais agrupamentos, mesmo que para integrar a organização, o
planejamento e a execução de funções públicas de interesse comum. Repita- se: essa instituição é de
competência dos Estados e através de LEI COMPLEMENTAR ESTADUAL (e não por lei ordinária). Interessante
lembrar ainda que o STF já definiu que o caráter compulsório da integração metropolitana não esvazia a
autonomia municipal, nos termos do que restou julgado na ADI 1842. Recomendável também a leitura da Lei nº
13.089/2015, denominada Estatuto da Metrópole, que deve ser vista com atenção por quem presta concursos
de procuradorias, já que a matéria envolve diretamente o interesse dos Estados e Municípios.
A União tem poderes enumerados pela Constituição (no art. 21, CF competências administrativas e art.
22, CF competências legislativas). Além da União, a Constituição enumera os poderes dos Munícipios (possuem
poderes enumerados ou poderes indicativos – art. 30, CF). Em relação aos Estados Membros, a CF, não
enumera, nem indica os poderes que estes possuem, os poderes destes são chamados de poderes residuais∕
remanescentes∕ reservadas (art. 25, §1º, CF). O DF não tem poderes específicos, ele detém as competências
atribuídas aos Municípios e Estados (art. 32, §1º, CF).
Nestes campos específicos não existe hierarquia entre Leis federais, estaduais e municipais, ou seja,
quando a CF estabelece essa repartição horizontal entre os entes federativos, não há qualquer hierarquia entre
eles, todos estão submetidos à Constituição, cada um dos entes tem campos materiais distintos estabelecidos
pela Constituição.
25
Art. 25. Os Estados organizam-se (CAPACIDADE DE AUTO-ORGANIZAÇÃO) e regem-se pelas Constituições e leis
que adotarem (CAPACIDADE DE AUTO-LEGISLAÇÃO), observados os princípios desta Constituição.
§ 1º - São reservadas aos Estados as competências que não lhes sejam vedadas por esta Constituição. (AQUILO
QUE NÃO É VEDADO AOS ESTADOS EXPRESSA OU IMPLICITAMENTE, E NÃO É DE COMPETÊNCIA DA UNIÃO E
DOS MUNICÍPIOS).
A possibilidade de delegação está contida no art. 22, parágrafo único, CF (competência privativa da
União)5. Apenas a União pode delegar esta delegação só pode ser feita para os Estados e DF, devendo delegar a
todos os estados e DF, sem exceção (art.19,III, CF).
A União não pode delegar aos Estados toda matéria, ela só pode delegar aos Estados questões
específicas relacionadas a estas matérias.
As competências comuns são atribuídas a todos os entes da federação sem exceção, ou seja, é uma
competência que pode ser exercida pela U, E, DF e M.
E se ocorrer o conflito entre os entes federativos? Nesse caso, observam Mendes, Coelho e Branco que
“se o critério da colaboração não vingar, há de se cogitar do critério da preponderância de interesses. Mesmo
5
A seguinte assertiva foi considerada correta (DPE/PR – 2017 – FCC): É consagrada a possibilidade de delegação de certas
competências legislativas privativas da União aos Estados, através da edição de lei complementar especificando a matéria,
não podendo ser desigual entre os Estados.
26
não havendo hierarquia entre os entes que compõem a Federação, pode-se falar em hierarquia de interesses,
em que os mais amplos (da União) devem preferir aos mais restritos (dos Estados)”.
As competências concorrentes são competências essencialmente legislativas, porém quem vai legislar
indiretamente acaba administrando, pois nada impede que eles executem estas leis.
Essa repartição é uma repartição vertical de competências não cumulativas, ou seja, ao tratarem da
matéria, cada um tratará de um ponto específico.
A competência da União para estabelecer normas gerais, não exclui a competência suplementar dos
estados, que estabelecem normas específicas, por isso não se fala em competência cumulativa.
Se a União não legislar? Os estados terão a competência legislativa plena = normas gerais e específicas.
Alguns autores fazem a seguinte diferença (André Ramos Tavares e Alexandre de Morais): competência
complementar x supletiva (são espécies da competência suplementar). Complementar seria aquela que
depende da prévia existência de lei federal – art. 24, §2º. Supletiva é aquela que surge em virtude da inércia da
União para estabelecer as normas gerais – art. 24, §3º.
#ATENÇÃO #IMPORTANTE: Atenta-se que essa diferença foi adotada pelo CESPE:
A CF também prevê regras de competência concorrente entre a União, os estados e o Distrito Federal (DF) no
art. 24. Assim, compete à União dispor sobre normas gerais, e aos estados e DF sobre as peculiaridades da
matéria, de acordo com as realidades locais. Trata-se da denominada competência suplementar dos estados e
do DF, fundada no conteúdo do § 2.º do art. 24 da CF.
Não há possibilidade de delegação da União em favor dos Estados e do DF para que estes disponham sobre as
matérias consignadas no art. 24 (só cabe delegação na competência privativa da União do art. 22, par. único,
CF).
O que há é o exercício ou não, pela União, do âmbito de competência que lhe é próprio para a edição de normas
gerais sobre determinada matéria, com os desdobramentos supramencionados. Todavia, cabe ressaltar ainda
que os estados e o DF não dispõem de autorização constitucional para o exercício da competência legislativa
plena em caráter definitivo. Ao contrário, trata-se de competência temporária, de modo que a superveniência
de lei federal sobre normas gerais suspende a eficácia da lei estadual no que lhe for contrária, na forma
expressamente disposta no § 4.º do art. 24 da CF.
#OBS: lei federal pode revogar lei estadual? Em termos técnicos a revogação de um ato só pode ser feita por um
ato de mesma densidade normativa (mesmo hierarquia) e emana do mesmo poder. Dessa, forma a
superveniência de lei federal sobre normas gerais não revoga a lei estadual sobre normas gerais. Ela suspende a
eficácia da norma geral estadual.
#OBS: Se a norma geral feita pela União for revogada por uma nova lei da União geral, haverá o retorno da
norma estadual suspensa = efeito repristinatório tácito.
Será que os municípios podem tratar das matérias do art. 24 já que eles não estão elencados no caput?
Embora não esteja elencado no art. 24, os municípios poderão exercer uma competência suplementar para
28
tratar de assuntos de interesse local (art. 30, I e II). Essa competência suplementar dos Municípios só não pode
ser exercida quando se tratar de competência privativa ou exclusiva da União ou dos estados.
Qual a diferença entre competência privativa e exclusiva? Privativa pode ser objeto de delegação. O
único caso é o art. 22, parágrafo único. Obs. o art. 84 traz ainda uma competência privativa do Presidente da
República. Exclusiva é aquela que não pode ser objeto de delegação. DICA – EXCLUSIVA = EXCLUI a possibilidade
de delegação. A CF/88 não faz distinção entre as duas espécies, razão pela qual alguns autores sustentam que
ela não deve permanecer.
*#DIZERODIREITO #JURISPRUDÊNCIA #STF: É constitucional lei estadual que concede o desconto de 50% no
valor dos ingressos em casas de diversões, praças desportivas e similares aos jovens de até 21 anos de idade.
STF. Plenário. ADI 2163/RJ, rel. orig. Min. Eros Grau, red. p/ o ac. Min. Ricardo Lewandowski, julgado em
12/4/2018 (Info 897)
UNIÃO
EXCLUSIVAS EXCLUSIVAS Cada ente tem a sua, excluindo os demais.
(artigo 21)
PRIVATIVA CONCORRENTE
(União) (União e Estados/DF)
CÓDIGOS “DINHEIRO PÚBLICO”
Eleitoral Tributário
Processual Financeiro
Civil URBANISMO
Marítimo Meio-ambiente
Espacial Saúde
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Lei complementar poderá autorizar os ESTADOS a Municípios têm competência para legislar
legislar sobre QUESTÕES ESPECÍFICAS das matérias sobre assuntos de interesse local.
relacionadas acima.
*#NOVIDADELEGISLATIVA: A Lei nº 13.640, de 26 de Março de 2018 (Lei do Uber) alterou a Lei nº 12.587, de 3
de janeiro de 2012, para regulamentar o transporte remunerado privado individual de passageiros e conferiu
aos Municípios (e ao Distrito Federal) competência exclusiva para regulamentar e fiscalizar o serviço de
transporte remunerado privado individual de passageiros.
#OUSESABER: “O Município não pode legislar sobre direito do consumidor”. A assertiva está ERRADA.
Segundo o art. 24, incisos V e VII, da CF88, compete concorrentemente à União, Estados e DF legislar sobre
produção e consumo, além de responsabilidade por danos ao consumidor. No entanto, nada impede que os
municípios possam legislar sobre matéria de defesa dos consumidores, desde que o assunto seja de interesse
local. Exemplos: Tempo de filas em bancos e obrigatoriedade de instalação de bebedouros e sanitários em
agência bancária. Insta registrar que tais exemplos são frutos de julgamentos do STF.
6
A prova do TRF/2016 considerou correta a seguinte alternativa: “Lei estadual não poderá disciplinar a respeito de
validade de crédito de telefone celular pré-pago, projetando-o no tempo, sob pena de violação à competência
exclusiva da União Federal para legislar sobre telecomunicações.”
31
OLHEM A PEGADINHA TRAZIDA PELA FCC NA PROVA DA DPE/BA, EM 2016. A banca considerou INCORRETA a
seguinte alternativa: “Compete privativamente à União legislar sobre organização da Defensoria Pública do
Distrito Federal e dos Territórios”.
#ATENÇÃO: A competência para legislar sobre Defensoria Pública do DF é do próprio DF e não da União. Cabe
à União apenas a competência de legislar sobre Defensoria Pública de Territórios (que sequer existem no
Brasil). Assim, vejamos: Art. 22. Compete privativamente à União legislar sobre: (...) XVII - organização judiciária,
do Ministério Público do Distrito Federal e dos Territórios e da Defensoria Pública dos Territórios, bem como
organização administrativa destes;
#CONCLUSÕESIMPORTANTES:
- Reparem que o Poder Judiciário e o Ministério Público do DF continuam a ser organizados pela União.
- Atualmente, não temos nenhum Território, mas se for criado algum, a Defensoria Pública de lá também será
de competência da União.
#DEOLHONAJURISPRUDÊNCIA #STF
É inconstitucional lei estadual que preveja punições a empresas privadas e a agentes públicos que exijam a
realização de teste de gravidez e a apresentação de atestado de laqueadura para admissão de mulheres ao
trabalho. STF. Plenário. ADI 3165/SP, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 11/11/2015 (Info 807).
Os Municípios com mais de 20 mil habitantes e o Distrito Federal podem legislar sobre programas e projetos
específicos de ordenamento do espaço urbano por meio de leis que sejam compatíveis com as diretrizes fixadas
no plano diretor. Isso significa que nem sempre que o Município for legislar sobre matéria urbanística, ele
precisará fazê-lo por meio do Plano Diretor. O Plano Diretor é o instrumento legal que dita a atuação do
Município ou do Distrito Federal quanto ao ordenamento urbano, traçando suas linhas gerais, porém a sua
execução pode se dar mediante a expedição de outras lei e decretos, desde que guardem conformidade com o
Plano Diretor. STF. Plenário. RE 607940/DF, Rel. Min. Teori Zavascki, julgado em 29/10/2015 (Info 805).
Súmula vinculante 46-STF: A definição dos crimes de responsabilidade e o estabelecimento das respectivas
normas de processo e julgamento são da competência legislativa privativa da União. STF. Plenário. Aprovada em
09/04/2015 - Info 780.
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É INCONSTITUCIONAL lei estadual que crie, como requisito de admissibilidade para a interposição de recurso
inominado no âmbito dos juizados especiais, o depósito prévio de 100% do valor da condenação. Tal norma
viola a competência privativa da União para legislar sobre direito processual, além de vulnerar os princípios do
acesso à jurisdição, do contraditório e da ampla defesa. STF. Plenário. ADI 2699/PE, Rel. Min. Celso de Mello,
julgado em 20/5/2015 (Info 786).
É constitucional lei estadual que preveja a possibilidade de empresas patrocinarem bolsas de estudo para
professores em curso superior, tendo como contrapartida a obrigação de que esses docentes ministrem aula de
alfabetização ou aperfeiçoamento para os empregados da empresa patrocinadora. Essa lei insere-se na
competência legislativa do Estado-Membro para dispor sobre educação e ensino, prevista no art. 24, IX, da
CF/88. STF. Plenário. ADI 2663/RS, Rel. Min. Luiz Fux, julgado em 8/3/2017 (Info 856).
Os Municípios podem legislar sobre Direito Ambiental, desde que o façam fundamentadamente. STF. 2ª Turma.
ARE 748206 AgR/SC, Rel Min. Celso de Mello, julgado em 14/3/2017 (Info 857).
#OUSESABER: É constitucional lei estadual que veda revista íntima praticada por empregadores em seus
estabelecimentos? Segundo o STF, não, por ofender competência privativa da União para legislar sobre Direito
do Trabalho(art. 22, I, CF/88). Vejamos: Matéria concernente a relações de trabalho. Usurpação de competência
privativa da União. Ofensa aos arts. 21, XXIV, e 22, I, da CF. Vício formal caracterizado. (...) É inconstitucional
norma do Estado ou do Distrito Federal que disponha sobre proibição de revista íntima em empregados de
estabelecimentos situados no respectivo território. [ADI 2.947, rel. min. Cezar Peluso, j. 5-5-2010, P, DJE de 10-
9-2010.
É inconstitucional lei estadual que regulamenta a atividade da “vaquejada”. Segundo decidiu o STF, os animais
envolvidos nesta prática sofrem tratamento cruel, razão pela qual esta atividade contraria o art. 225, § 1º, VII,
da CF/88. A crueldade provocada pela “vaquejada” faz com que, mesmo sendo esta uma atividade cultural, não
possa ser permitida. A obrigação de o Estado garantir a todos o pleno exercício de direitos culturais,
incentivando a valorização e a difusão das manifestações, não prescinde da observância do disposto no inciso
VII do § 1º do art. 225 da CF/88, que veda práticas que submetam os animais à crueldade. STF. Plenário. ADI
4983/CE, Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em 06/10/2016 (Info 842).
Houve a chamada reação legislativa com a promulgação da EC 96/2017: Veja a íntegra do § 7º que foi inserido
pela EC 96/2017 no art. 225 da CF/88: Art. 225. (...) § 7º Para fins do disposto na parte final do inciso VII do § 1º
7
Mais informações em: http://www.dizerodireito.com.br/2017/06/breves-comentarios-ec-962017-emenda-da_7.html.
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deste artigo, não se consideram cruéis as práticas desportivas que utilizem animais, desde que sejam
manifestações culturais, conforme o § 1º do art. 215 desta Constituição Federal, registradas como bem de
natureza imaterial integrante do patrimônio cultural brasileiro, devendo ser regulamentadas por lei específica
que assegure o bem-estar dos animais envolvidos.
#RELEMBRAR: Com essa novidade cabe relembrar as conclusões do STF na ADI 5105 (Info 801):
a) O STF não subtrai ex ante a faculdade de correção legislativa pelo constituinte reformador ou legislador
ordinário. Em outras palavras, o STF não proíbe que o Poder Legislativo edite leis ou emendas constitucionais
em sentido contrário ao que a Corte já decidiu. Não existe uma vedação prévia a tais atos normativos. O
legislador pode, por emenda constitucional ou lei ordinária, superar a jurisprudência. Trata-se de uma reação
legislativa à decisão da Corte Constitucional com o objetivo de reversão jurisprudencial.
b) No caso de reversão jurisprudencial (reação legislativa) proposta por meio de emenda constitucional, a
invalidação somente ocorrerá nas restritas hipóteses de violação aos limites previstos no art. 60, e seus §§, da
CF/88. Em suma, se o Congresso editar uma emenda constitucional buscando alterar a interpretação dada pelo
STF para determinado tema, essa emenda somente poderá ser declarada inconstitucional se ofender uma
cláusula pétrea ou o processo legislativo para edição de emendas.
c) No caso de reversão jurisprudencial proposta por lei ordinária, a lei que frontalmente colidir com a
jurisprudência do STF nasce com presunção relativa de inconstitucionalidade, de forma que caberá ao legislador
o ônus de demonstrar, argumentativamente, que a correção do precedente se afigura legítima.
A novel legislação que frontalmente colida com a jurisprudência (leis in your face) se submete a um controle de
constitucionalidade mais rigoroso.
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Para ser considerada válida, o Congresso Nacional deverá comprovar que as premissas fáticas e jurídicas sobre
as quais se fundou a decisão do STF no passado não mais subsistem. O Poder Legislativo promoverá verdadeira
hipótese de mutação constitucional pela via legislativa.
#SELIGANOSINÔNIMO #VAICAIRNASUAPROVA
Reação retrógrada ou reação legislativa ou leis in your face.
#AJUDAMARCINHO: A grande dúvida será a seguinte: a proibição de que os animais sofram tratamento cruel,
prevista no art. 225, § 1º, VII, da CF/88, pode ser considerada como uma garantia individual (art. 60, § 4º, IV)?
Penso que sim. Conforme já explicado, o direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado é um direito
fundamental de terceira geração, não podendo ser abolido nem restringido, ainda que por emenda
constitucional. Resta saber, no entanto, como o STF entenderá o tema após o backlash, considerando que a
primeira decisão foi extremamente apertada.
#DEOLHONAJURISPRUDÊNCIA #STF
O Município tem competência para legislar sobre meio ambiente e controle da poluição, quando se tratar de
interesse local. Ex: é constitucional lei municipal, regulamentada por decreto, que preveja a aplicação de multas
para os proprietários de veículos automotores que emitem fumaça acima de padrões considerados aceitáveis.
STF. Plenário. RE 194704/MG, rel. orig. Min. Carlos Velloso, red. p/ o ac. Min. Edson Fachin, julgado em
29/6/2017 (Info 870).
*#ATENÇÃO #OUSESABER: Para o STF, é cabível que os Municípios, no exercício da competência suplementar,
adotem legislação ambiental mais restritiva em relação aos estados-membros e à União?
Sim. A competência para legislar sobre Direito Ambiental está inscrita no rol do art.24 da CF que veicula as
competências concorrentes. Apesar dos Municípios não constarem expressamente no rol do art. 24, entende-se
que tais entes podem sim suplementar a legislação da União que tenha editado as normas gerais que norteiam
o tema, desde que vinculadas ao interesse local, conforme art. 30, I da CF/88.
Fixadas tais premissas, no exercício da competência suplementar, o STF entendia, em tese fixada em
repercussão geral, que o município seria competente para legislar sobre o meio ambiente com a União e o
35
Estado, vinculado ao seu interesse local e desde que tal regramento esteja limitado pela disciplina
estabelecida pelos demais entes federados (RE 586.224).
Recentemente, entretanto, a 2ª Turma do STF fundada na diretriz de conferir a maior proteção possível ao meio
ambiente, entendeu ser cabível que os municípios, no exercício da competência suplementar, adotem
legislação ambiental mais restritiva em relação aos estados-membros e à União, desde que haja a devida
motivação (ARE 748206/SC, Rel. Min. Celso de Mello, julgamento em 14.3.2017, Segunda Turma).
#DEOLHONAJURISPRUDÊNCIA #STF
Lei estadual que impõe a prestação de serviço de segurança em estacionamento a toda pessoa física ou jurídica
que disponibilize local para estacionamento é inconstitucional, quer por violar a competência privativa da União
para legislar sobre direito civil, quer por violar a livre iniciativa. Lei estadual que impõe a utilização de
empregados próprios na entrada e saída de estacionamento, impedindo a terceirização, viola a competência
privativa da União para legislar sobre Direito do Trabalho. STF. Plenário. ADI 451/RJ, Rel. Min. Roberto Barroso,
julgado em 1º/8/2017 (Info 871).
Lei estadual que torna obrigatória a prestação de serviços de empacotamento nos supermercados é
inconstitucional por afrontar o princípio constitucional da livre inciativa. Lei estadual que exige que o serviço de
empacotamento nos supermercados seja prestado por funcionário do próprio estabelecimento é
inconstitucional por violar a competência privativa da União para legislar sobre Direito do Trabalho. STF.
Plenário. ADI 907/RJ, Rel. Min. Alexandre de Moraes, red. p/ o ac. Min. Roberto Barroso, julgado em 1º/8/2017
(Info 871).
É inconstitucional lei estadual que estabelece a obrigatoriedade de que os rótulos ou embalagens de todos os
produtos alimentícios comercializados no Estado contenham uma série de informações sobre a sua composição,
que não são exigidas pela legislação federal. STF. Plenário. ADI 750/RJ, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em
3/8/2017 (Info 871).
Em tese, o Estado-membro detém competência para legislar sobre controle de resíduos de embarcações,
oleodutos e instalações costeiras. Isso porque o objeto dessa lei é a tutela ao meio ambiente, sendo essa
matéria de competência concorrente, nos termos do art. 24, VI e VIII, da CF/88. STF. Plenário. ADI 2030/SC, Rel.
Min. Gilmar Mendes, julgado em 9/8/2017 (Info 872).
#IMPORTANTE:
As leis estaduais que proíbem o uso do amianto são constitucionais. O art. 2º da Lei federal nº 9.055/95, que
autorizava a utilização da crisotila (espécie de amianto), é inconstitucional. Houve a inconstitucionalidade
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superveniente (sob a óptica material) da Lei nº 9.055/95, por ofensa ao direito à saúde (art. 6º e 196, CF/88); ao
dever estatal de redução dos riscos inerentes ao trabalho por meio de normas de saúde, higiene e segurança
(art. 7º, inciso XXII, CF/88); e à proteção do meio ambiente (art. 225, CF/88). STF. Plenário. ADI 3937/SP, rel.
orig. Min. Marco Aurélio, red. p/ o ac. Min. Dias Toffoli, julgado em 24/8/2017 (Info 874) 8.
É constitucional lei estadual que obrigue os planos de saúde a fornecerem aos consumidores
informações e documentos justificando as razões pelas quais houve recusa de algum procedimento, tratamento
ou internação. O Mato Grosso do Sul editou uma lei estadual prevendo que, se o plano de saúde recusar algum
procedimento, tratamento ou internação, ele deverá fornecer, por escrito, ao usuário, um comprovante
fundamentado expondo as razões da negativa. O STF entendeu que essa norma não viola competência privativa
da União, considerando que ela trata sobre proteção ao consumidor, matéria inserida na competência
concorrente (art. 24, V, da CF/88). STF. Plenário. ADI 4512/MS, Rel. Min. Cármen Lúcia, julgado em 7/2/2018
(Info 890). A lei atacada cumpre a função estatal de proteção ao consumo, não havendo interferência nos
contratos firmados entre as operadoras e os usuários nem representando equilíbrio atuarial das operadoras de
planos e seguros privados de assistência à saúde. Conforme explicou a Min. Cármen Lúcia: “A entrega do
documento informativo expondo as razões pelo qual um determinado tratamento ou procedimento foi negado
não amplia o rol de obrigações contratuais entre a operadora e o usuário. Pelo contrário, o que se tem é apenas
uma transparência maior para cumprimento dos termos legislados” (Min. Cármen Lúcia). Em outras palavras, as
operadoras já tinham esse dever por força do próprio CDC e a lei estadual apenas explicitou o comando. A lei
estadual impugnada não limita a livre iniciativa. Ao contrário, fomenta o desenvolvimento de um mercado mais
sustentável. Além disso, conforme preconiza o inciso V do art. 170, a livre iniciativa deverá ser exercida
observando-se como um dos seus princípios a defesa do consumidor.
#DEOLHONAJURISPRUDÊNCIA #STF: Lei estadual que disponha sobre bloqueadores de sinal de celular em
presídio invade a competência da União para legislar sobre telecomunicações. STF. Plenário. ADI 3835/MS, Rel.
Min. Marco Aurélio, ADI 5356/MS, red. p/ o acórdão Min. Marco Aurélio, ADI 5253/BA, Rel. Min. Dias Toffoli,
ADI 5327/PR, Rel. Min Dias Toffoli, ADI 4861/SC, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgados em 3/8/2016 (Info 833).
4 ORGANIZAÇÃO POLÍTICO-ADMINISTRATIVA
O art. 1º trata da indissolubilidade do pacto federativo, que veda o direito de secessão. Qual o
mecanismo que impede a secessão? A intervenção federal = art. 34, I.
União
Estados
Distrito federal
Municípios
4.1 ESTADOS
A autonomia dos estados possui limites. Limites ao poder constituinte decorrente – normas de
observância obrigatória.
Os princípios constitucionais podem limitar o poder constituinte decorrente. São classificados em:
b) Princípios constitucionais extensíveis = são normas organizatórias da União, que devem ser
estendidas aos estados. Alguns devem ser estendidos por previsão expressa (ex. art. 27, § 1º e 2º -
regime de subsídios dos deputados estaduais segue o dos deputados federais, art. 28 eleição de
Governador, art. 75 que trata do TCU) e outros por previsão implícita (ex. requisitos básicos para a
criação de CPI, princípios básicos do processo legislativo – art. 59, separação dos poderes).
Princípio da simetria.
O §3º do art. 25 da CF/88 estabelece que os Estados Federados poderão instituir regiões
metropolitanas, aglomerações urbanas e microrregiões. Referida instituição dar-se-á por meio de lei
complementar estadual, pelo agrupamento de Municípios limítrofes, para integrar a organização, o
planejamento e a execução de funções públicas de interesse comum.
É um território neutro, ou seja, não faz parte de nenhum estado da federação. Foi criado para ser sede
do Governo Federal.
Qual a natureza do DF? ADI 3756 no STF contra lei de responsabilidade fiscal que determinou o limite de
gastos com Poder Legislativo igual ao limite dos Estados – STF julgou constitucional, por entender que e
estrutura é mais próxima dos estados que dos municípios. STF decidiu que o DF não é estado e nem Município,
mas sim uma unidade federada com competência parcialmente tutelada pela União. É um quarto tipo.
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Como o DF é sede do Governo Federal, a União fica responsável por alguns setores - Poder Judiciário,
MP, Polícia militar, Polícia civil e bombeiro militar. Art. 21, XIII e XIV; Art. 22, XVII.
4.3 MUNICÍPIOS
Doutrina AMPLAMENTE MAJORITÁRIA – Município é ente federativo. Por quê? (1) Art. 1º coloca na
união indissolúvel os municípios. Art. 18 também elege o Município como ente autônomo.
José Afonso da Silva – não é ente federativo. É mera autarquia territorial. Por quê? (1) Não existe
federação de municípios (no mundo), razão pela qual se o município fosse considerado ente federativo, ele teria
a natureza de um estado. (2) Os Municípios não participam da formação da vontade nacional. Os estados têm os
senadores.
4.4 TERRITÓRIOS
Não são entes federativos, mas na CF/69 eles o eram e os municípios não eram. Eles são meras
autarquias territoriais pertencentes à União (natureza jurídica).
A divisão em municípios: ao contrário o que ocorre com o Distrito Federal, o art. 33, §1º, estabelece a
possibilidade de os Territórios, quando criados, serem divididos em Municípios.
Apesar disso, é perfeitamente possível a criação de novos territórios federais, que, com certeza,
continuarão a ser mera autarquia, sem qualquer autonomia capaz de lhes atribuir a característica de entes
federativos. O processo de criação dar-se-á da seguinte forma:
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Lei complementar: a criação de novos territórios dar-se-á mediante lei complementar, conforme
o art. 18, §2º.
1. Plebiscito;
3. Parecer Assembleias;
4. Aprovação – LC.
Não havendo aprovação, nem se passará à próxima fase, na medida em que o plebiscito é condição
prévia, essencial e prejudicial à fase seguinte:
O plebiscito e o referendo são convocados mediante decreto legislativo, por proposta de 1/3, no
mínimo, dos membros que compõem qualquer das Casas do Congresso Nacional.
Cabe lembrar que a competência de autorizar referendo e convocar plebiscito, de acordo com o art. 49,
XV, da CF/88, é exclusiva do Congresso Nacional, materializada por decreto legislativo.
Propositura do projeto de lei complementar: o art. 4º, §1º, da Lei nº 9.709/98 estabelece que, em sendo
favorável o resultado da consulta prévia ao povo mediante plebiscito, o projeto de lei complementar será
proposto perante qualquer das Casas do Congresso Nacional.
Audiência das Assembleias Legislativas: à Casa perante a qual tenha sido apresentado o projeto de lei
complementar referido item anterior compete proceder a audiência das respectivas Assembleias Legislativas
(art. 4º, §2º, da Lei nº 9.709/98, regulamentando o art. 48, VI, da CF/88). Observe-se que o parecer das
Assembleias Legislativas dos Estados não é facultativo, ou seja, mesmo que desfavorável, poderá dar-se
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continuidade ao processo de formação de novos Estados (ao contrário da consulta plebiscitária, como visto
anteriormente).
Cabe alertar que o Congresso Nacional não está obrigado a aprovar o projeto de lei, nem o Presidente
da República está obrigado a sancioná-lo. Ou seja, ambos têm discricionariedade.
1) Incorporação = ocorre uma fusão entre dois ou mais estados, dando origem à formação de um
novo estado ou território federal.
2) Subdivisão = ocorre uma cisão do estado originário, que se transforma em novos estados ou
territórios.
3) Desmembramento = pode ocorrer em duas situações. (1) para anexação em outro estado sem
que haja a criação de um novo ente (2) para a formação de novos estados ou territórios. ex. Pará –
Carajás e Tapajós. Obs. Por ‘população diretamente interessada’ deve ser entendida tanto a da área
desmembrada quanta a da área remanescente – STF ADI 265/2011.
5.2 MUNICÍPIOS
Requisitos:
A) Lei complementar federal estabelecendo o período dentro do qual isso poderá ocorrer;
#ATENÇÃO #IMPORTANTE #DEOLHONAJURISPRUDÊNCIA #STJ #STF: Para que sejam alterados os limites
territoriais de um Município é necessária a realização de consulta prévia, mediante plebiscito, às populações dos
Municípios envolvidos, nos termos do art. 18, § 4º da CF/88. STF. Plenário. ADI 2921/RJ, rel. orig. Min. Ayres
Britto, red. p/ o ac. Min. Dias Toffoli, julgado em 9/8/2017 (Info 872).
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Tema cobrado na primeira fase do MPMG (2016).
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#OLHAOGANCHO: O Ministério Público Federal é parte ilegítima para ajuizar ação civil pública que visa à
anulação da tramitação de Projeto de Lei do Plano Diretor de município, ao argumento da falta de participação
popular nos respectivos trabalhos legislativos. No caso concreto, o MPF ajuizou ACP contra o Município de
Florianópolis e a União argumentando que o Poder Executivo Municipal teria encaminhado à Câmara de
Vereadores o projeto de Lei do Plano Diretor da cidade sem a realização das necessárias audiências públicas, o
que violaria o Estatuto da Cidade. O STJ entendeu que a legitimidade para essa demanda seria do Ministério
Público estadual (e não do MPF). STJ. 1ª Turma. REsp 1.687.821-SC, Rel. Min. Sérgio Kukina, julgado em
07/11/2017 (Info 616)
Por consequência, nas várias ADIs julgadas, o Plenário do STF declarou a inconstitucionalidade das leis
estaduais que criaram Municípios sem a existência da Lei Complementar Federal, mas não pronunciou a
nulidade dos atos, mantendo a vigência por mais 24 meses (efeito prospectivo ou para o futuro).
Apesar desse precedente, devemos alertar que não se extinguiu a necessidade de existência de lei
complementar federal que regularize o processo de formação dos Municípios. A referida emenda apenas
“validou” a criação (inconstitucional – e aí a nossa crítica) dos Municípios anteriormente estabelecidos (sem a
existência da referida Lei Complementar Federal).
DIPLOMA DISPOSITIVOS
Constituição Federal Art. 18 a 33
7 BIBLIOGRAFIA UTILIZADA
- Direito constitucional esquematizado® - Pedro Lenza. – 19. ed. rev., atual. e ampl. – São Paulo: Saraiva,
2015);
- Anotações de aula;