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DIREITO CONSTITUCIONAL

DIREITOS POLÍTICOS
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SUMÁRIO

1 CONSTITUIÇÃO FEDERAL.............................................................................................................................3
2 CONCEITO...................................................................................................................................................5
3 ALISTAMENTO ELEITORAL...........................................................................................................................5
4 CONDIÇÕES DE ELEGIBILIDADE...................................................................................................................5
4.1 ABSOLUTAS.........................................................................................................................................5
4.2 RELATIVAS...........................................................................................................................................6
4.3 REFLEXA..............................................................................................................................................7
5 SUSPENSÃO DOS DIREITOS POLÍTICOS......................................................................................................10
5.1 INCAPACIDADE CIVIL ABSOLUTA.......................................................................................................10
5.2 CONDENAÇÃO CRIMINAL TRANSITADA EM JULGADO.......................................................................10
5.3 RECUSA DE CUMPRIR OBRIGAÇÃO A TODOS IMPOSTA OU PRESTAÇÃO ALTERNATIVA.....................10
5.4 CONDENAÇÃO POR IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA......................................................................10
5.5 RECRUTAMENTO PARA O SERVIÇO MILITAR OBRIGATÓRIO..............................................................11
6 PERDA DE DIREITOS POLÍTICOS.................................................................................................................11
7 PLEBISCITO................................................................................................................................................11
8 REFERENDO..............................................................................................................................................11
9 FILIAÇÃO PARTIDÁRIA...............................................................................................................................12
9.1 FILIAÇÃO PARTIDÁRIA.......................................................................................................................12
9.2 INFIDELIDADE PARTIDÁRIA...............................................................................................................12
9.3 RESOLUÇÃO Nº 22.610/2007-TSE......................................................................................................12
9.4 LEI Nº 13.165/2015............................................................................................................................13
9.5 JUSTA CAUSA....................................................................................................................................13
9.6 “JANELA” PARA TROCA DE PARTIDOS PREVISTA NA LEI Nº 13.165/2015..........................................14
10 LEI DA FICHA LIMPA..............................................................................................................................15
11 NATUREZA DO PARECER TÉCNICO DO TRIBUNAL DE CONTAS E DEMORA NA SUA APRECIAÇÃO PELA
CÂMARA DOS VEREADORES.............................................................................................................................19
11.1 DEMORA DA CÂMARA MUNICIPAL PARA APRECIAR O PARECER DO TRIBUNAL DE CONTAS EXARADO
PELA REJEIÇÃO..............................................................................................................................................19
12 DISPOSITIVOS PARA CICLOS DE LEGISLAÇÃO.........................................................................................21
13 BIBLIOGRAFIA UTILIZADA......................................................................................................................21
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ATUALIZADO EM 26/08/2018

DIREITOS POLÍTICOS

1 CONSTITUIÇÃO FEDERAL

CAPÍTULO IV
DOS DIREITO POLÍTICOS
Art. 14. A soberania popular será exercida pelo sufrágio universal e pelo voto direto e secreto, com valor igual
para todos, e, nos termos da lei, mediante:
I - plebiscito;
II - referendo;
III - iniciativa popular.
§ 1º O alistamento eleitoral e o voto são:
I - obrigatórios para os maiores de dezoito anos;
II - facultativos para:
a) os analfabetos;
b) os maiores de setenta anos;
c) os maiores de dezesseis e menores de dezoito anos.
§ 2º Não podem alistar-se como eleitores os estrangeiros e, durante o período do serviço militar obrigatório, os
conscritos.
§ 3º São condições de elegibilidade, na forma da lei:
I - a nacionalidade brasileira;
II - o pleno exercício dos direitos políticos;
III - o alistamento eleitoral;
IV - o domicílio eleitoral na circunscrição;
V - a filiação partidária; Regulamento
VI - a idade mínima de:
a) trinta e cinco anos para Presidente e Vice-Presidente da República e Senador;
b) trinta anos para Governador e Vice-Governador de Estado e do Distrito Federal;
c) vinte e um anos para Deputado Federal, Deputado Estadual ou Distrital, Prefeito, Vice-Prefeito e juiz de paz;
d) dezoito anos para Vereador.

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As FUCS são constantemente atualizadas e aperfeiçoadas pela nossa equipe. Por isso, mantemos um canal aberto de
diálogo (setordematerialciclos@gmail.com) com os alunos da #famíliaciclos, onde críticas, sugestões e equívocos,
porventura identificados no material, são muito bem-vindos. Obs1. Solicitamos que o e-mail enviado contenha o título do
material e o número da página para melhor identificação do assunto tratado. Obs2. O canal não se destina a tirar dúvidas
jurídicas acerca do conteúdo abordado nos materiais, mas tão somente para que o aluno reporte à equipe quaisquer dos
eventos anteriormente citados.
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§ 4º São inelegíveis os inalistáveis e os analfabetos.
§ 5º O Presidente da República, os Governadores de Estado e do Distrito Federal, os Prefeitos e quem os houver
sucedido, ou substituído no curso dos mandatos poderão ser reeleitos para um único período
subseqüente. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 16, de 1997)
§ 6º Para concorrerem a outros cargos, o Presidente da República, os Governadores de Estado e do Distrito
Federal e os Prefeitos devem renunciar aos respectivos mandatos até seis meses antes do pleito.
§ 7º São inelegíveis, no território de jurisdição do titular, o cônjuge e os parentes consangüíneos ou afins, até o
segundo grau ou por adoção, do Presidente da República, de Governador de Estado ou Território, do Distrito
Federal, de Prefeito ou de quem os haja substituído dentro dos seis meses anteriores ao pleito, salvo se já titular
de mandato eletivo e candidato à reeleição.
§ 8º O militar alistável é elegível, atendidas as seguintes condições:
I - se contar menos de dez anos de serviço, deverá afastar-se da atividade;
II - se contar mais de dez anos de serviço, será agregado pela autoridade superior e, se eleito, passará
automaticamente, no ato da diplomação, para a inatividade.
§ 9º  Lei complementar estabelecerá outros casos de inelegibilidade e os prazos de sua cessação, a fim de
proteger a probidade administrativa, a moralidade para exercício de mandato considerada vida pregressa do
candidato, e a normalidade e legitimidade das eleições contra a influência do poder econômico ou o abuso do
exercício de função, cargo ou emprego na administração direta ou indireta. (Redação dada pela Emenda
Constitucional de Revisão nº 4, de 1994)
§ 10. O mandato eletivo poderá ser impugnado ante a Justiça Eleitoral no prazo de quinze dias contados da
diplomação, instruída a ação com provas de abuso do poder econômico, corrupção ou fraude.
§ 11. A ação de impugnação de mandato tramitará em segredo de justiça, respondendo o autor, na forma da lei,
se temerária ou de manifesta má-fé.
Art. 15. É vedada a cassação de direitos políticos, cuja perda ou suspensão só se dará nos casos de:
I - cancelamento da naturalização por sentença transitada em julgado;
II - incapacidade civil absoluta;
III - condenação criminal transitada em julgado, enquanto durarem seus efeitos;
IV - recusa de cumprir obrigação a todos imposta ou prestação alternativa, nos termos do art. 5º, VIII;
V - improbidade administrativa, nos termos do art. 37, § 4º.
Art. 16. A lei que alterar o processo eleitoral entrará em vigor na data de sua publicação, não se aplicando à
eleição que ocorra até um ano da data de sua vigência. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 4, de
1993)

#OUSESABER: Prefeito "itinerante" é aquele que, após cumprir dois mandatos consecutivos em um
determinado Município, vem a candidatar-se, logo nas eleições seguintes, ao mesmo cargo em outro
Município. O TSE considerou a conduta proibida, tendo sido seguido pelo STF, que corroborou o entendimento
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no RE 637.485. Segundo as Cortes, havia uma burla à vedação constitucional de um terceiro mandato no
âmbito da chefia do Poder Executivo.

*#DEOLHONAJURIS #DIZERODIREITO: É inconstitucional a lei que determina que, na votação eletrônica, o


registro de cada voto deverá ser impresso e depositado, de forma automática e sem contato manual do eleitor,
em local previamente lacrado (art. 59-A da Lei 9.504/97, incluído pela Lei 13.165/2015). Essa previsão acaba
permitindo a identificação de quem votou, ou seja, permite a quebra do sigilo, e, consequentemente, a
diminuição da liberdade do voto, violando o art. 14 e o § 4º do art. 60 da Constituição Federal. Cabe ao
legislador fazer a opção pelo voto impresso, eletrônico ou híbrido, visto que a CF/88 nada dispõe a esse
respeito, observadas, entretanto, as características do voto nela previstas. O modelo híbrido trazido pelo art. 59-
A constitui efetivo retrocesso aos avanços democráticos conquistados pelo Brasil para garantir eleições
realmente livres, em que as pessoas possam escolher os candidatos que preferirem. STF. Plenário. ADI 5889/DF,
rel. orig. Min. Gilmar Mendes, red. p/ o ac. Min. Alexandre de Moraes, julgado em 6/6/2018 (Info 905).
#IMPORTANTE

2 CONCEITO

São direitos fundamentais que disciplinam o exercício da soberania popular no âmbito do regime
democrático.

3 ALISTAMENTO ELEITORAL

O alistamento é:

(a) Obrigatório, para os maiores de dezoito anos; e

(b) Facultativo, para os analfabetos, os maiores de 70 anos, os maiores de 16 anos, mas menores de 18
anos.

Não podem alistar-se, porém:

(i) Os menores de 16 anos;

(ii) Os estrangeiros; e
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(iii) Os conscritos (homens incorporados às Forças Armadas durante o período do serviço militar
obrigatório).

4 CONDIÇÕES DE ELEGIBILIDADE

4.1 ABSOLUTAS

São as condições taxativamente expressas em normas constitucionais cujo descumprimento inviabiliza a


capacidade eleitoral passiva em relação a todo cargo eletivo, o que impede a pessoa de disputar qualquer
eleição, sem que haja prefixação de prazo quanto à cessação do impedimento.

Nesse sentido, são absolutamente inelegíveis (art. 14,§ 4°) apenas os que:

(a) Não podem alistar-se; e

(b) Não são alfabetizados;

4.2 RELATIVAS

As que só obstam a capacidade eleitoral passiva em face de alguns cargos eletivos, o que não impede o
candidato de concorrer a outros cargos eletivos na mesma eleição. Vêm expressas em normas constitucionais
específicas (v.g., art. 14, § 3°, VI, §§ 5° a 7°, com redação da EC 16/97), mas o legislador complementar poderá
ampliá-las, desde que atendida a finalidade de "proteger a probidade administrativa, a moralidade para
exercício· de mandato considerada vida pregressa do candidato, e a normalidade e legitimidade das eleições
contra a influência do poder econômico ou o abuso do exercício de função, cargo ou emprego na administração
direta ou indireta" (§ 9° do art. 14, com redação da ECR 4/94).

#ENTENDIMENTOSUMULADO #SÚMULAVINCULANTE #STF


A Súmula Vinculante 18 prevê: " A dissolução da sociedade ou do vínculo conjugal, no curso do mandato,
não afasta a inelegibilidade prevista no § 7° do artigo 14 da Constituição Federal "2. Contudo, o STF afastou
a aplicação dessa súmula vinculante em caso de morte do Prefeito no curso do mandato.

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A banca CESPE considerou correta, na prova do TJDFT/2016, a seguinte alternativa: “A dissolução da sociedade conjugal
no curso do mandato eletivo de governador de Estado implica a inelegibilidade de sua ex-cônjuge para o cargo de
deputado estadual na mesma unidade da Federação para o pleito subsequente.”
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#DEOLHONAJURISPRUDÊNCIA #STF
As hipóteses de inelegibilidade previstas no art. 14, § 7º, da CF, inclusive quanto ao prazo de seis meses, são
aplicáveis às eleições suplementares. STF. Plenário. RE 843455/DF, Rel. Min. Teori Zavascki, julgado em
7/10/2015 (Info 802).

#OBS:
O legislador complementar (art. 1° da LC 64/90, com redação da LC 81/84 e LC 135/2010) estabeleceu uma série
de casos de inelegibilidade, dentre os quais se destacam:

(i) A perda de mandato parlamentar com fundamento nos incisos I e II, do art. 55, da Constituição Federal;

(ii) A condenação, mediante decisão transitada em julgado ou proferida por órgão colegiado da Justiça, em
virtude de abuso do poder econômico ou político, improbidade administrativa ou em razão da prática de algum
dos tipos penais listados no inciso 1, letra "e", do art. 1° da LC 64/90, na redação dada pela LC 135/2010; e

(ii) A renúncia a mandato eletivo posteriormente ao oferecimento de "representação ou petição capaz de


autorizar a abertura de processo por infringência a dispositivo da Constituição Federal, da Constituição Estadual,
da Lei Orgânica do Distrito Federal ou da Lei Orgânica do Município"; além de vários outros casos. As inovações
da LC 135/2010tornaram-se conhecidas como casos de inelegibilidade por motivo de "ficha suja".

4.3 REFLEXA

O art. 14, § 7º, da CF/88 estabelece o seguinte:

§ 7º São inelegíveis, no território de jurisdição do titular, o cônjuge e os parentes consanguíneos ou afins, até o
segundo grau ou por adoção, do Presidente da República, de Governador de Estado ou Território, do Distrito
Federal, de Prefeito ou de quem os haja substituído dentro dos seis meses anteriores ao pleito, salvo se já titular
de mandato eletivo e candidato à reeleição.

A doutrina chama esta hipótese de inelegibilidade em razão do parentesco ou inelegibilidade reflexa. De


acordo com esse caso de inelegibilidade:

O cônjuge, parentes e afins até o 2º grau do... Não poderão candidatar-se a...
PREFEITO Vereador e/ou prefeito do mesmo município3.

3
Foi considerada correta a seguinte alternativa na prova do TRF4/2016: “O cidadão que exerce dois mandatos
consecutivos como Prefeito de determinado Município fica inelegível para o cargo de mesma natureza em qualquer outro
8
Qualquer cargo no mesmo Estado, ou seja:
• vereador ou prefeito de qualquer município do
respectivo Estado;
GOVERNADOR
• deputado estadual e governador do mesmo Estado;
• deputado federal e senador nas vagas do próprio
Estado;
Qualquer cargo eletivo no país (municipal, estadual ou
PRESIDENTE
federal).

Exceção à regra do § 7º: “(...) salvo se já titular de mandato eletivo e candidato à reeleição”. Assim, no
caso do cônjuge, parente ou afim já possuir mandato eletivo, não haverá qualquer impedimento para que
concorra à reeleição (candidatura ao mesmo cargo).

Abrangência do termo “cônjuge”: considera-se cônjuge não somente a mulher/homem que esteja
casada(o), mas também aquela(e) que vive em união estável com o Chefe do Poder Executivo, ou mesmo com
seu irmão (afim de 2º grau). Isso porque a CF/88 amplia o conceito de entidade familiar, nos termos do art. 226,
§ 3º. A vedação incide também no caso de união homoafetiva.

A inelegibilidade persiste, ainda que, no curso do mandato, a relação se extinga: o TSE tem
entendimento de que, se em algum momento do mandato, ocorreu a relação de casamento, união estável ou
parentesco, esta pessoa já está inelegível, ainda que esta relação seja desfeita. Ex: Luciano foi eleito prefeito em
2004. Em 2008, foi reeleito. Logo, em 2012, não poderia concorrer à reeleição porque seria seu terceiro
mandato consecutivo. Em 2010, Luciano separou-se de sua esposa Amélia. Mesmo estando separados, Amélia
não poderá concorrer nas eleições de 2012 porque, durante o mandato do prefeito, houve uma relação entre
eles, não cessando a inelegibilidade pelo fim do vínculo conjugal. Informativo 802-STF (16/10/2015) –
Esquematizado por Márcio André Lopes Cavalcante.

#SÚMULAVINCULANTE #STF
O STF possui o mesmo entendimento. Súmula vinculante nº 18 do STF: A dissolução da sociedade ou do vínculo
conjugal, no curso do mandato, não afasta a inelegibilidade prevista no § 7º do artigo 14 da Constituição
Federal.

Os parentes (ou cônjuge) podem concorrer nas eleições, desde que o titular do cargo tenha direito à
reeleição e não concorra na disputa: Ex: em 1998, Garotinho foi eleito Governador do RJ. No final do seu 1º
mandato (em 2002), ele renunciou ao cargo para se desincompatibilizar e concorrer à Presidência da República.
Sua esposa, Rosinha, candidatou-se ao cargo de Governador na eleição de 2002, tendo sido eleita. O TSE

Município da Federação, para o período subsequente”.


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considerou que Rosinha poderia concorrer e assumir o cargo porque seu marido havia renunciado e ainda
estava no 1º mandato. A lógica utilizada pelo TSE foi a seguinte: ora, se o próprio Garotinho poderia concorrer
novamente ao cargo de Governador, não haveria sentido em se negar à sua esposa o direito de disputar a
eleição. Vale ressaltar, no entanto, que Rosinha, ao ganhar a eleição, é como se estivesse exercendo o 2º
mandato consecutivo. Logo, em 2006 não poderia ela concorrer novamente ao Governo. Em suma, este núcleo
familiar foi eleito Governador em 1998 e reeleito em 2002, não podendo figurar em um terceiro mandato
consecutivo.

ELEIÇÃO SUPLEMENTAR E AS HIPÓTESES DE INELEGIBILIDADE. Imagine a seguinte situação hipotética:


João foi eleito, em 2012, prefeito de uma cidade do interior. Ocorre que, em 2013, ele e o vice foram cassados.
Diante disso, a Justiça Eleitoral determinou a realização de nova eleição para Prefeito (chamada de "eleição
suplementar"). Maria, mulher de João, inscreveu-se para concorrer na eleição suplementar. No entanto, os
partidos oposicionistas impugnaram a candidatura afirmando que ela seria inelegível com base no art. 14, § 7º
da CF/88: Art. 14 (...) § 7º - São inelegíveis, no território de jurisdição do titular, o cônjuge e os parentes
consanguíneos ou afins, até o segundo grau ou por adoção, do Presidente da República, de Governador de
Estado ou Território, do Distrito Federal, de Prefeito ou de quem os haja substituído dentro dos seis meses
anteriores ao pleito, salvo se já titular de mandato eletivo e candidato à reeleição. Maria defendeu-se afirmando
que as hipóteses de inelegibilidade só se aplicam para eleições gerais, não valendo para o caso de eleições
suplementares.

O argumento defensivo de Maria está correto? As hipóteses de inelegibilidade só se aplicam para as


eleições gerais? NÃO. As hipóteses de inelegibilidade previstas no art. 14, § 7º, da CF/88, inclusive quanto ao
prazo de seis meses, são aplicáveis às eleições suplementares. Assim, incide o art. 14, § 7º, da CF/88. João
estava no seu primeiro mandato. Logo, em tese, ele ainda teria direito de concorrer a uma reeleição (em 2016).
Diante disso, quando o próprio chefe do Poder Executivo ainda pode concorrer à reeleição, a jurisprudência
abre uma exceção ao art. 14, § 7º, da CF/88 e permite que o cônjuge (no caso, sua mulher) concorra no seu
lugar.

Assim, em tese, em 2016, Maria poderia concorrer à Prefeita mesmo existindo a regra do art. 14, § 7º
(vimos essa situação acima no caso da Rosinha Garotinho). Voltando, no entanto, ao caso concreto: Maria não
poderá concorrer nas eleições suplementares porque João, ao ser cassado, tornou-se inelegível, conforme prevê
o art. 1º, I, "c", da LC 64/90: Art. 1º São inelegíveis: I - para qualquer cargo: (...) c) o Governador e o Vice-
Governador de Estado e do Distrito Federal e o Prefeito e o Vice-Prefeito que perderem seus cargos eletivos por
infringência a dispositivo da Constituição Estadual, da Lei Orgânica do Distrito Federal ou da Lei Orgânica do
Município, para as eleições que se realizarem durante o período remanescente e nos 8 (oito) anos subsequentes
ao término do mandato para o qual tenham sido eleitos; (Redação dada pela Lei Complementar nº 135/2010)
Assim, sendo João inelegível, Maria também tornou-se inelegível, não podendo ser aplicada a exceção feita pela
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jurisprudência ao art. 14, § 7º, da CF/88. Em outras palavras, não se pode aplicar aqui a mesma solução dada ao
caso da Rosinha porque lá o Garotinho não estava inelegível (ele ainda poderia concorrer à reeleição, se
quisesse). No presente caso é diferente porque João estava inelegível, fazendo com que essa inelegibilidade se
transmitisse à sua mulher.

O que é mais importante, no entanto, é que você aprenda a tese fixada pelo STF no âmbito da
repercussão geral: As hipóteses de inelegibilidade previstas no art. 14, § 7º, da CF, inclusive quanto ao prazo de
seis meses, são aplicáveis às eleições suplementares.

5 SUSPENSÃO DOS DIREITOS POLÍTICOS

5.1 INCAPACIDADE CIVIL ABSOLUTA

A perda da capacidade civil traz como acessório a suspensão dos direitos políticos.

5.2 CONDENAÇÃO CRIMINAL TRANSITADA EM JULGADO

Enquanto durarem os efeitos da condenação penal com trânsito em julgado, o sentenciado tem seus
direitos políticos suspensos. Para o STF, a hipótese de suspensão abrange também as condenações pela prática
de crimes culposos e contravenções penais. Ainda para o STF (Pleno, RE 179.502/SP), não afastam a suspensão
dos direitos políticos os benefícios penais que só impliquem suspender o cumprimento da pena (tais como o
livramento condicional e o sursis). Ademais, uma vez extinta a pena, a suspensão dos direitos políticos deixa de
vigorar; independentemente de reabilitação ou prova da reparação dos eventuais danos causados (Súmula 9 do
TSE);

5.3 RECUSA DE CUMPRIR OBRIGAÇÃO A TODOS IMPOSTA OU PRESTAÇÃO ALTERNATIVA

Em combinação com a regra prevista no inciso VIII do art. 5°, o inciso IV do art. 15 trata de outra
hipótese de suspensão de direitos políticos.

5.4 CONDENAÇÃO POR IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA


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Nos termos do art. 37, § 4°, os atos de improbidade administrativa importarão na suspensão dos direitos
políticos e na perda da função pública. A ação de improbidade é regulada pela Lei 8.429/92, cujo artigo 20
dispõe que a "perda da função pública e a suspensão dos direitos políticos só se efetivam com o trânsito em
julgado da sentença condenatória". Todavia, no parágrafo único do mesmo artigo, concede-se à autoridade
judicial ou administrativa competente poderes para "determinar o afastamento do agente público do exercício
do cargo, emprego ou função, sem prejuízo da remuneração, quando a medida se fizer necessária à instrução
processual".

5.5 RECRUTAMENTO PARA O SERVIÇO MILITAR OBRIGATÓRIO

Conforme mencionado por NOBRE JÚNIOR, outro caso de suspensão de direitos políticos diz respeito ao
período em que o conscrito presta serviço militar obrigatório (art. 14, § 2°), hipótese que abrange até o que já se
tenha alistado como eleitor anteriormente (art. 14, § 1°, li, "c"). Nesse sentido, a Resolução/TSE n. 20.165/98
prevê o "impedimento ao exercício do voto pelos conscritos anteriormente alistados perante a Justiça Eleitoral,
durante o período da conscrição".

6 PERDA DE DIREITOS POLÍTICOS

Diferentemente da suspensão, a perda de direitos políticos tem caráter definitivo. O único caso em que
a Constituição expressamente prevê a perda de direitos políticos vem previsto no inciso I do art. 15, qual seja, o
caso de "cancelamento da naturalização por sentença transitada em julgado", hipótese regulamentada pela Lei
818/49.

Entretanto, como ensina a doutrina majoritária, implicam a perda dos direitos políticos todas as
hipóteses constitucionais a partir das quais o nacional passa a ser considerado estrangeiro, tais como:

(a) A perda da nacionalidade brasileira ante a aquisição de outra (art. 12. § 4°, II); e

(b) Anulação judicial da naturalização de estrangeiro.

7 PLEBISCITO

É a consulta convocada com anterioridade a ato legislativo ou administrativo, cabendo ao povo, pelo
voto, aprovar ou denegar o que lhe tenha sido submetido (art. 2°, § 1°, da Lei 9.709/98). Doutrinariamente, é
conceituado como a manifestação extraordinária e excepcional que exprime a decisão popular sobre medidas
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de base ou de princípio, tais como a forma de Estado ou de governo, modificação das formas políticas ou
territoriais (FERREIRA FILHO).

8 REFERENDO

É a consulta convocada com posterioridade a atos legislativos ou administrativos, a fim de que o povo
decida ratificá-los ou rejeitá-los (art. 2°, § 2°, da Lei 9.709/98). Na forma do art. 11 da Lei 9.709/98, pode ser
convocado no prazo de 30 dias contados a partir da promulgação da lei ou da adoção de medida administrativa
que se relacione de maneira direta com a consulta.

#DEOLHONAJURISPRUDÊNCIA #STF
FINANCIAMENTO DE CAMPANHA ELEITORAL Inconstitucionalidade da norma que permitia doações anônimas a
candidatos – Inf. 807 STF. 2015.

9 FILIAÇÃO PARTIDÁRIA

9.1 FILIAÇÃO PARTIDÁRIA

No Brasil, a pessoa só pode concorrer a um cargo eletivo se ela estiver filiada a um partido político. Essa
exigência está prevista no art. 14, § 3º, V, da CF/88.

#DEOLHONAJURISPRUDÊNCIA #STF
As contribuições de pessoas jurídicas para campanhas eleitorais e partidos políticos são inconstitucionais. As
contribuições de pessoas físicas são válidas e regulam-se de acordo com a lei em vigor. STF. Plenário. ADI
4650/DF, Rel. Min. Luiz Fux, julgado em 16 e 17/9/2015 (Info 799).

9.2 INFIDELIDADE PARTIDÁRIA

Mesmo não havendo uma norma expressa na lei ou na CF/88 dizendo isso, o TSE e o STF, em 2007,
decidiram que a infidelidade partidária era causa de perda do mandato eletivo. Em outras palavras, o TSE e o
STF firmaram a tese de que, se o titular do mandato eletivo, sem justa causa, sair do partido político no qual foi
eleito, ele perderá o cargo que ocupa.
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Vale lembrar que a perda do mandato em razão de mudança de partido somente se aplica para os
cargos eletivos proporcionais (Vereadores e Deputados). Essa sanção não vale para candidatos eleitos pelo
sistema majoritário (Prefeito, Governador, Senador e Presidente). Para maiores informações, vide STF. Plenário.
ADI 5081/DF, Rel. Min. Roberto Barroso, julgado em 27/5/2015 (Info 787).

9.3 RESOLUÇÃO Nº 22.610/2007-TSE

Como não havia lei disciplinando o tema, o TSE editou a Resolução nº 22.610/2007 regulamentando as
hipóteses e a forma como ocorre a perda do mandato eletivo em caso de infidelidade partidária.

O art. 1º da Resolução reafirma a tese da infidelidade e prevê que o partido político pode pedir, perante
a Justiça Eleitoral, a decretação da perda do cargo eletivo caso o ocupante do mandato, sem possuir uma justa
causa, desfilie-se do partido pelo qual foi eleito.

9.4 LEI Nº 13.165/2015

Em 2015, o Congresso Nacional editou a Lei nº 13.165/2015, que alterou a Lei nº 9.096/95 passando a
tratar expressamente sobre o tema "infidelidade partidária". Veja o artigo que foi acrescentado:

Art. 22-A. Perderá o mandato o detentor de cargo eletivo que se desfiliar, sem justa causa, do partido pelo qual
foi eleito.

Parágrafo único. Consideram-se justa causa para a desfiliação partidária somente as seguintes hipóteses:
I - mudança substancial ou desvio reiterado do programa partidário;
II - grave discriminação política pessoal; e
III - mudança de partido efetuada durante o período de trinta dias que antecede o prazo de filiação exigido em
lei para concorrer à eleição, majoritária ou proporcional, ao término do mandato vigente.

#RESUMINDO
REGRA: o detentor de cargo eletivo que, sem justo motivo, se desfiliar do partido político, perderá o mandato.

9.5 JUSTA CAUSA


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Hipóteses de justa causa em que o político poderá sair do partido sem perder o cargo:

1) Se o partido mudar substancialmente ou se desviar reiteradamente do seu programa partidário;

2) Caso o ocupante do cargo sofra grave discriminação política pessoal; e

3) Se a mudança de partido for efetuada durante o período de 30 dias que antecede o prazo de filiação
exigido em lei para concorrer à eleição, majoritária ou proporcional, ao término do mandato
vigente.

9.6 “JANELA” PARA TROCA DE PARTIDOS PREVISTA NA LEI Nº 13.165/2015

Nesta terceira hipótese acima elencada, a Lei nº 13.165/2015 previu uma "janela" para a troca de
partidos.

Se a pessoa quer concorrer a determinado cargo eletivo pelo partido "X", ela precisa estar filiada a esse
partido no mínimo 6 meses antes das eleições. Ex: João, professor, quer se candidatar ao cargo de Vereador nas
eleições de 02/10/2016. Para tanto, ele precisará se filiar ao partido político até, no máximo, 02/04/2016.

A Lei autorizou que a pessoa já titular do mandato eletivo que quiser concorrer nas eleições que serão
realizadas naquele ano poderá deixar o partido e se filiar a outro sem que perca o mandato, bastando que faça
isso no período de 30 dias antes de terminar o prazo final para filiação exigida em lei. Ex: Pedro, que já é
Vereador (eleito pelo partido "X"), deseja concorrer à reeleição nas eleições municipais de 02/10/2016. Ocorre
que ele deseja sair do partido "X" e concorrer pelo partido "Y". A Lei nº 13.165/2015 acrescentou a possibilidade
de que ele saia do partido sem perder seu mandato de Vereador. Basta que faça a troca um mês antes do
término do prazo para filiação partidária, ou seja, no período entre 7 e 6 meses antes das eleições. Em nosso
exemplo, ele teria do dia 02/03/2016 até 02/04/2016 para mudar de partido sem que isso implique a perda do
mandato.

#OBS:
O que fez a EC 91/2016?
Criou mais uma “janela” para que os políticos possam trocar de partido sem perder o cargo que ocupam. Veja o
que diz a emenda:
15
Art. 1º É facultado ao detentor de mandato eletivo desligar-se do partido pelo qual foi eleito nos trinta dias
seguintes à promulgação desta Emenda Constitucional, sem prejuízo do mandato, não sendo essa desfiliação
considerada para fins de distribuição dos recursos do Fundo Partidário e de acesso gratuito ao tempo de rádio
e televisão.

Art. 2º Esta Emenda Constitucional entra em vigor na data de sua publicação.

#ATENÇÃO
Se o titular do mandato eletivo, sem justa causa, decidir sair do partido político no qual foi eleito, ele perderá o
cargo que ocupa?

a) Se for um cargo eletivo MAJORITÁRIO: NÃO


A perda do mandato em razão de mudança de partido não se aplica aos candidatos eleitos pelo sistema
majoritário, sob pena de violação da soberania popular e das escolhas feitas pelo eleitor.

No sistema majoritário, o candidato escolhido é aquele que obteve mais votos, não importando o quociente
eleitoral nem o quociente partidário.

Nos pleitos dessa natureza, os eleitores votam no candidato e não no seu partido político. Desse modo, no
sistema majoritário, a imposição da perda do mandato por infidelidade partidária é antagônica (contrária) à
soberania popular.

b) Se for um cargo eletivo PROPORCIONAL: SIM


O mandato parlamentar conquistado no sistema eleitoral proporcional pertence ao partido político.

Assim, se o parlamentar eleito decidir mudar de partido político, ele sofrerá um processo na Justiça Eleitoral que
poderá resultar na perda do seu mandato. Neste processo, com contraditório e ampla defesa, será analisado se
havia justa causa para essa mudança.

O assunto está disciplinado na Resolução 22.610/2007 do TSE, que elenca, inclusive, as hipóteses consideradas
como “justa causa”.

STF. Plenário. ADI 5081/DF, Rel. Min. Roberto Barroso, julgado em 27/5/2015 (Info 787).

10 LEI DA FICHA LIMPA


16
Em 2010, foi aprovada a Lei da Ficha Limpa (LC 135/2010), que teve como objetivo alterar a LC 64/90,
incluindo novas hipóteses de inelegibilidade para proteger a probidade administrativa e a moralidade no
exercício do mandato.

CASOS DE INELEGIBILIDADE DISCIPLINADOS PELA LEI DA FICHA LIMPA:

Não podem ser eleitas, para nenhum cargo, as pessoas que estiverem nas seguintes situações:
Governador (e Vice-Governador) ou Prefeito (e Vice-Prefeito) que perderam seus cargos eletivos por violação:

1. À Constituição Estadual;

2. À Lei Orgânica do DF; ou

3. À Lei Orgânica do Município

(ex: Governador que sofreu impeachment)


Pessoa que for condenada em representação eleitoral por abuso do poder econômico ou político.
A pessoa que for condenada pelos seguintes crimes:

1. Contra a economia popular, a fé pública, a administração pública e o patrimônio público;

2. Contra o patrimônio privado, o sistema financeiro, o mercado de capitais e os previstos na lei que regula a
falência;

3. Contra o meio ambiente e a saúde pública;

4. Eleitorais, para os quais a lei comine pena privativa de liberdade;

5. De abuso de autoridade, nos casos em que houver condenação à perda do cargo ou à inabilitação para o
exercício de função pública;

6. De lavagem ou ocultação de bens, direitos e valores;

7. De tráfico de entorpecentes e drogas afins, racismo, tortura, terrorismo e hediondos;

8. De redução à condição análoga à de escravo;


17
9. Contra a vida e a dignidade sexual; e

10. Praticados por organização criminosa, quadrilha ou bando.

Esta inelegibilidade não se aplica aos crimes culposos e àqueles definidos em lei como de menor potencial
ofensivo, nem aos crimes de ação penal privada.
A pessoa que for declarada indigna do oficialato, ou com ele incompatível.

OBS: segundo a CF/88, o oficial só perderá o posto e a patente se for julgado indigno do oficialato ou com ele
incompatível, por decisão de tribunal militar de caráter permanente, em tempo de paz, ou de tribunal especial,
em tempo de guerra (art. 142, § 3º, III).
Administrador público que tiver suas contas rejeitadas por irregularidade insanável que configure ato doloso de
improbidade administrativa.

OBS: se a decisão que rejeitou as contas tiver sido suspensa ou anulada pelo Poder Judiciário, não incidirá a
inelegibilidade.
Os detentores de cargo na administração pública direta, indireta ou fundacional, que tiverem sido condenados
por beneficiarem a si ou a terceiros, pelo abuso do poder econômico ou político.
A pessoa condenada por:

1. Corrupção eleitoral;

2. Captação ilícita de sufrágio;

3. Doação, captação ou gastos ilícitos de recursos de campanha; ou

4. por conduta vedada aos agentes públicos em campanhas eleitorais que impliquem cassação do registro
ou do diploma
Presidente da República
Governador
Prefeito
Senadores, Deputados ou Vereadores

... que renunciarem a seus mandatos...

... desde o oferecimento de representação ou petição capaz de autorizar a abertura de processo de perda do
mandato.
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A pessoa que for condenada à suspensão dos direitos políticos por ato doloso de improbidade administrativa
que importe lesão ao patrimônio público e enriquecimento ilícito.
Pessoa que for excluída do exercício da profissão, por decisão sancionatória do órgão profissional competente,
em decorrência de infração ético-profissional.

Ex: advogado condenado pelo Tribunal de Ética da OAB;

Ex2: engenheiro condenado pelo CREA.


Pessoa que for condenada por ter desfeito ou simulado desfazer vínculo conjugal ou de união estável para
evitar caracterização de inelegibilidade.

Ex: marido é governador, já reeleito, e simula que se divorcia da sua esposa para que esta se candidate ao
governo do estado, burlando a proibição do § 7º do art. 14 da CF.
Pessoa que for demitida do serviço público em decorrência de processo administrativo ou judicial.

Pessoa física e os dirigentes de pessoas jurídicas responsáveis por doações eleitorais julgadas ilegais pela
Justiça Eleitoral.
Magistrados e membros do Ministério Público que:

1. Foram aposentados compulsoriamente por decisão sancionatória;

2. Tenham perdido o cargo por sentença ou

3. Tenham pedido exoneração ou aposentadoria voluntária na pendência de processo administrativo


disciplinar.

#IMPORTANTE
1) Não é necessário que a decisão condenatória tenha transitado em julgado. Basta que tenha sido proferida por
órgão colegiado (exs: TRE, TJ, TRF).

Assim, por exemplo, se um prefeito for condenado pelo Tribunal de Justiça por peculato, ficará inelegível por 8
anos, ainda que tenha recorrido desta decisão e ainda esteja aguardando o julgamento do recurso.

2) A desnecessidade de trânsito em julgado é a maior inovação e era a maior polêmica da Lei.

Inovação porque o trânsito em julgado de uma decisão condenatória criminal demora muito tempo para
ocorrer, isto quando não acontece antes a extinção do processo pela prescrição.
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Polêmica porque muitos argumentavam que isso violava o princípio da presunção de inocência.

3) Estas inelegibilidades irão perdurar pelo prazo de 8 anos, contados da decisão, do cumprimento da pena (no
caso da condenação criminal) ou do término do mandato.

A LC 64/90, alterada pela LC 135/2010 (Lei da Ficha Limpa), prevê que os administradores que ocuparam
cargos ou funções públicas e tiveram suas contas rejeitadas pelo "órgão competente" ficam inelegíveis pelo
período de 8 anos. Veja:

Art. 1º São inelegíveis: I - para qualquer cargo: (...) g) os que tiverem suas contas relativas ao exercício de cargos
ou funções públicas rejeitadas por irregularidade insanável que configure ato doloso de improbidade
administrativa, e por decisão irrecorrível do órgão competente, salvo se esta houver sido suspensa ou anulada
pelo Poder Judiciário, para as eleições que se realizarem nos 8 (oito) anos seguintes, contados a partir da data
da decisão, aplicando-se o disposto no inciso II do art. 71 da Constituição Federal, a todos os ordenadores de
despesa, sem exclusão de mandatários que houverem agido nessa condição;

Qual é o "órgão competente" para julgar as contas do Prefeito? Em se tratando de um Prefeito, qual
será o "órgão competente" de que trata o art. 1º, I, "g", da LC 64/90? Havia duas correntes sobre o tema:

1ª) Tribunais de Contas: Se o Tribunal de Contas rejeitasse as contas do Prefeito, ele já se tornaria
inelegível, nos termos do art. 1º, I, "g", da LC 64/90. Era a posição defendida pela maioria dos Tribunais de
Contas e do Ministério Público eleitoral. Assim, quando o TCE rejeitava as contas de um Prefeito, a Justiça
Eleitoral, com base nesta decisão, negava registro de candidatura a ele.

2ª) Câmara dos Vereadores A competência para julgar as contas do Prefeito é da Câmara Municipal. O
papel do Tribunal de Contas é apenas o de auxiliar o Poder Legislativo municipal. Ele emite um parecer prévio
sugerindo a aprovação ou rejeição das contas do Prefeito. Após, este parecer é submetido à Câmara, que
poderá afastar as conclusões do Tribunal de Contas, desde que pelo voto de, no mínimo, 2/3 dos Vereadores
(art. 32, § 2º da CF/88). Logo, somente após a decisão da Câmara Municipal rejeitando as contas do Prefeito é
que a Justiça Eleitoral poderá considerá-lo inelegível.

#DEOLHONAJURISPRUDÊNCIA #STF
Qual das correntes foi acolhida pelo STF? A segunda. O STF, ao apreciar o tema, fixou a seguinte tese em sede
de repercussão geral: Para os fins do artigo 1º, inciso I, alínea g, da Lei Complementar 64/1990, a apreciação das
contas de Prefeito, tanto as de governo quanto as de gestão, será exercida pelas Câmaras Municipais, com
auxílio dos Tribunais de Contas competentes, cujo parecer prévio somente deixará de prevalecer por decisão de
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dois terços dos vereadores. STF. Plenário. RE 848826/DF, rel. orig. Min. Roberto Barroso, red. p/ o acórdão Min.
Ricardo Lewandowski, julgado em 10/8/2016 (repercussão geral) (Info 834).

11 NATUREZA DO PARECER TÉCNICO DO TRIBUNAL DE CONTAS E DEMORA NA SUA APRECIAÇÃO PELA


CÂMARA DOS VEREADORES

Conforme se observa pelo § 2º do art. 31 da CF/88, o Prefeito presta suas contas ao Tribunal de Contas e
este, após examiná-las, emite um parecer opinando pela aprovação ou rejeição. Este parecer é enviado ao
Poder Legislativo Municipal (Câmara dos Vereadores), que poderá acolher ou afastar as conclusões do Tribunal
de Contas. Se a Câmara Municipal decidir afastar as conclusões do parecer, ela precisará fazer isso por meio de
um quórum qualificado, exigindo-se o voto de 2/3 dos Vereadores. Em outras palavras, se a Câmara quiser
discordar do Tribunal de Contas, pode fazê-lo, mas desde que por, no mínimo, 2/3 dos Vereadores. Veja
novamente a redação do dispositivo constitucional:

Art. 31. A fiscalização do Município será exercida pelo Poder Legislativo Municipal, mediante controle externo, e
pelos sistemas de controle interno do Poder Executivo Municipal, na forma da lei. (...) § 2º - O parecer prévio,
emitido pelo órgão competente sobre as contas que o Prefeito deve anualmente prestar, só deixará de
prevalecer por decisão de dois terços dos membros da Câmara Municipal.

11.1 DEMORA DA CÂMARA MUNICIPAL PARA APRECIAR O PARECER DO TRIBUNAL DE


CONTAS EXARADO PELA REJEIÇÃO.

Ocorre que, muitas vezes, o Tribunal de Contas emite o parecer reprovando as contas do Prefeito e o
encaminha à Câmara Municipal, mas esta não julga as contas. Nesse caso, então, chega o período eleitoral e o
Prefeito solicita o registro de sua candidatura, seja para a reeleição, seja para outro cargo (ex: Deputado
Estadual). Ele poderá concorrer mesmo havendo um parecer do Tribunal de Contas rejeitando as suas contas? O
parecer do Tribunal de Contas produz efeitos enquanto não for rejeitado expressamente pela Câmara
Municipal?

Sobre este tema, também surgiram duas correntes:

1ª) O parecer prévio do Tribunal de Contas que rejeita as contas do Prefeito deverá produzir efeitos até
que a Câmara Municipal expressamente o afaste, pelo voto de 2/3 dos Vereadores. Esta corrente se baseia na
redação literal do § 2º do art. 31. Veja: "... só deixará de prevalecer por decisão de dois terços dos membros da
Câmara Municipal". Assim, se há demora no julgamento pela Câmara Municipal e o parecer foi pela reprovação
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das contas, este Prefeito não poderia concorrer por incidir na Lei da Ficha Limpa. Esta era a posição defendida
pela maioria dos Tribunais de Contas e do Ministério Público eleitoral.

2ª) O parecer técnico elaborado pelo Tribunal de Contas tem natureza meramente opinativa. Ele não
tem caráter decisório. Logo, enquanto não houver o julgamento pela Câmara Municipal rejeitando as contas do
Prefeito, não existe nenhum impedimento para que ele concorra às eleições. Mesmo que a Câmara demore a
apreciar o parecer, não se pode considerar que as contas do Prefeito tenham sido rejeitadas. Isso porque não
existe julgamento ficto das contas por demora no prazo da Câmara para apreciá-las.

#DEOLHONAJURISPRUDÊNCIA #STF
Qual foi a corrente adotada pelo STF? A segunda. O STF, ao apreciar o tema, fixou a seguinte tese em sede de
repercussão geral: Parecer técnico elaborado pelo Tribunal de Contas tem natureza meramente opinativa,
competindo exclusivamente à Câmara de Vereadores o julgamento das contas anuais do chefe do Poder
Executivo local, sendo incabível o julgamento ficto das contas por decurso de prazo. STF. Plenário. RE
729744/MG, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 10/8/2016 (repercussão geral) (Info 834).

#DEOLHONAJURISPRUDÊNCIA #STF: STF. CONSTITUCIONAL E ELEITORAL. ART. 28, § 12, DA LEI FEDERAL
9.504/97 (LEI DAS ELEIÇÕES). PRESTAÇÃO DE CONTAS. DOAÇÕES DE PARTIDOS PARA CANDIDATOS. DISPENSA
DA IDENTIFICAÇÃO DOS PARTICULARES RESPONSÁVEIS PELA DOAÇÃO AO PARTIDO. MEDIDA ANTAGÔNICA À
POLÍTICA PÚBLICA DE TRANSPARÊNCIA. APARENTE AFRONTA AO BLOCO DE PRINCÍPIOS DE SUSTENTAÇÃO DO
SISTEMA DEMOCRÁTICO DE REPRESENTAÇÃO POPULAR. CAUTELAR CONCEDIDA.
1. Os dados relativos aos doadores de campanha interessa não apenas às instâncias estatais de controle da
regularidade do processo eleitoral, mas à sociedade como um todo, e sua divulgação é indispensável para
habilitar o eleitor a fazer uma prognose mais realista da
confiabilidade das promessas de campanha de candidatos e partidos.
2. O esclarecimento público da realidade do financiamento de campanhas (a) qualifica o exercício da cidadania,
permitindo uma decisão de voto melhor informada; (b) capacita a sociedade civil, inclusive os partidos e
candidatos que concorrem entre si, a cooperar com as instâncias estatais na verificação da legitimidade do
processo eleitoral, fortalecendo o controle social sobre a atividade político-partidária; e (c) propicia o
aperfeiçoamento da própria política legislativa de combate à corrupção eleitoral, ajudando a denunciar as
fragilidades do modelo e a inspirar propostas de correção futuras.
3. Sem as informações necessárias, dentre elas a identificação dos particulares que contribuíram
originariamente para legendas e candidatos, o processo de prestação de contas perde sua capacidade de
documentar “a real movimentação financeira, os dispêndios e recursos aplicados nas campanhas eleitorais” (art.
34, caput, da Lei 9.096/95), obstruindo o cumprimento, pela Justiça Eleitoral, da relevantíssima competência
estabelecida no art. 17, III, da CF.
22
4. Medida cautelar deferida para suspender, até o julgamento final desta ação, com eficácia ex tunc, a expressão
“sem individualização dos doadores”, constante da parte final do § 12 do art. 28 da Lei federal 9.504/97,
acrescentado pela Lei 13.165/15. (MED. CAUT. EM ADI N. 5.394-DF. RELATOR: MIN. TEORI ZAVASCKI – Info 846).

12 DISPOSITIVOS PARA CICLOS DE LEGISLAÇÃO

DIPLOMA DISPOSITIVOS
Constituição Federal Art. 14 a 16
LC 64/90 Art. 1°

13 BIBLIOGRAFIA UTILIZADA

- Anotações de aula

- Complementação no Direito Constitucional Esquematizado – Pedro Lenza

- Jurisprudência do site Dizer o Direito

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