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INSTITUTO DE CIÊNCIAS E EDUCAÇÃO A DISTANCIA


DEPARTAMENTO DE ECONOMIA E GESTÃO LICENCIATURA EM
GESTÃO AMBIENTAL

Impacto socioambiental na distribuição de mangal nas zonas urbanas

Horácio Soares de Sousa

Tete, Setembro de 2022


INSTITUTO DE CIÊNCIAS E EDUCAÇÃO A DISTANCIA
DEPARTAMENTO DE ECONOMIA E GESTÃO LICENCIATURA EM
GESTÃO AMBIENTAL

Impacto socioambiental na distribuição de mangal nas zonas urbanas

Trabalho de campo submetido na coordenação de curso de licenciatura em Gestão Ambiental.

Tete, Setembro de 2022

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Índice
1. Introdução.....................................................................................................................................................4

2. OBJECTIVOS..............................................................................................................................................5

2.1. OBJECTIVO GERAL...............................................................................................................................5

2.1. OBJECTIVOS ESPECIFICOS..................................................................................................................5

3. Breve Caracterização do Distrito..................................................................................................................6

3.1. Localização, Superfície e população..........................................................................................................6

3.2. Clima, Relevo e Solos...............................................................................................................................6

3.3. Definição e Características Gerais.............................................................................................................7

3.4. Valor Ecológico e Social-Económico........................................................................................................7

3.5. Principais Ameaças....................................................................................................................................9

3.5.1. Medidas de mitigação e conservação....................................................................................................10

3.5.2. Conservação e recuperação das florestas de mangais...........................................................................11

3.5.3. Degradação dos mangais e os riscos para a estabilidade ambiental......................................................13

4. Degradação Ambiental...............................................................................................................................14

5. Importância Socioeconómica do Mangal....................................................................................................15

5.1. Diminuição de resíduos sólidos no mangal de Angoche..........................................................................16

5.2. Medidas necessárias para redução dos resíduos sólidos no mangal de Angoche.....................................16

6. Conclusão...................................................................................................................................................18

7. Referências Bibliográficas..........................................................................................................................19

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1. Introdução
O presente trabalho é de carácter académico que por sua vez o autor aborda sobre os impactos
socioambiental da destruição de Mangal nas zonas urbanas, visto que os mangais são florestas que
crescem na área entre-marés nas zonas tropical e sub-tropical, ocupando costas abrigadas e lugares
com pouca influência da energia das marés (Kathiresan & Bingham, 2001). Estas plantas possuem
uma série de adaptações que lhes permitem viverb em ambientes com larga variação de níveis de
maré e de salinidade e em solos instáveis e anaeróbios, sendo por isso uma vegetação muito
característica. Os mangais também são importantes como locais para a prática de várias actividades
económicas, incluindo a pesca, a aquacultura, o ecoturismo, a apicultura e outras (Taylor et al.,
2003).

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2. OBJECTIVOS

2.1. OBJECTIVO GERAL


 Estudar o mangal e sua importância;

2.1. OBJECTIVOS ESPECIFICOS


 Identificar Medidas de Conservação e Mitigação;
 Conhecer o valor económico do mangal;

3. Breve Caracterização do Distrito


3.1. Localização, Superfície e população.

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Distrito de Angoche está localizado na zona costeira a sul da Província de Nampula
entre os paralelos 15˚ e 52,9 ‘e 16˚ e 21,8’na latitude Sul e entre os meridianos 39˚ e
54,2’e 39˚ e 45,2’de longitude Este, confinando a Norte com o distrito de Mogincual, a
Sul com o distrito de Moma, a Este com o Oceano Índico e a Oeste com o distrito de
Mogovolas.

Com uma superfície 1 de 3.311 km2 e uma população recenseada em 1997 de 228.526
habitantes e estimada, à data de 1/1/2005, em 273.073 habitantes, este distrito tem uma
densidade populacional de 82.5 hab/km2.

A relação de dependência económica potencial é de aproximadamente 1:1.1, isto é, por


cada 10 crianças ou anciões existem 11 pessoas em idade activa.

A população é jovem (43%, abaixo dos 15 anos de idade), maioritariamente feminina


(taxa de masculinidade de 50%) e de matriz rural (taxa de urbanização de 37%).

3.2. Clima, Relevo e Solos

A região compreendida pela faixa costeira apresenta um clima do tipo sub-húmido seco,
onde a precipitação média anual varia entre 800 e 1000 mm (Mossuril) e, a temperatura
média durante o período de crescimento das culturas excede os 25ºC (24 a 26ºC). A
evapotranspiração potencial é da ordem dos 1400 a 1600 mm.

O norte de Nampula (Memba) apresenta valores médios anuais de precipitação mais


baixos, entre os 600 e 800 mm. A baixa pluviosidade associada à temperatura elevada
resulta numa deficiência de água crítica para a produção agrícola através da ocorrência
de secas frequentes e sub-períodos secos durante o período de crescimento.

aos valores entre 800 e 1000 mm, embora a evapotranspiração potencial seja superior
aos 1500 mm e a temperatura em regra superior a 24ºC.

As planícies costeiras na região são dissecadas por alguns rios que sobem da costa para
o interior, gradualmente passando para um relevo mais dissecado com encostas mais
declivosas intermédias, da zona subplanáltica de transição para a zona litoral. Esta zona
corresponde à área costeira da província.
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Caracteriza-se pelos seus solos arenosos, lavados a moderadamente lavados,
predominantemente amarelos a castanho-acinzentados, quer seja os da cobertura
arenosa do interior (Ferralic Arenosols), quer seja os das dunas arenosas costeiras
(Haplic Arenosols), e ainda pelos solos da faixa do grés costeiro, de textura arenosa a
franco argilo arenosa de cor alanrajada (Ferralic Arenosols). Os solos arenosos
hidromórficos de depressões e baixas ocorrem alternados com as partes de terreno mais
elevadas (Gleyic Arenosols).

3.3. Definição e Características Gerais


Os mangais são florestas que crescem na área entre-marés nas zonas tropical e sub-tropical,
ocupando costas abrigadas e lugares com pouca influência da energia das marés (Kathiresan &
Bingham, 2001). Estas plantas possuem uma série de adaptações que lhes permitem viverb em
ambientes com larga variação de níveis de maré e de salinidade e em solos instáveis e anaeróbios,
sendo por isso uma vegetação muito característica.

3.4. Valor Ecológico e Social-Económico


Os mangais providenciam uma série de serviços ecológicos e socio-económicos importantes para as
comunidades costeiras e não só. Ecologicamente são um local de uma grande biodiversidade,
incluindo plantas, animais, bactérias, fungos e outros grupos tróficos importantes (Hogarth, 2015).
A grande diversidade de fauna abrange mamíferos, aves (incluindo várias espécies protegidas),
peixes (muitos de elevado valor comercial), crustáceos (incluindo os economicamente importantes
camarão e o caranguejo) e moluscos. Os caranguejos de mangal (Figura 3.3), são considerados
como espécies chave pelo facto de desempenharem um papel muito importante na perturbação que
facilita a aeração do solo,
bem como na decomposição da folhagem do mangal, contribuindo desta forma, na formação e
manutenção das propriedades do solo, as quais são a base para a sobrevivência do mangal
(Kathiresan & Bingham, 2001; Macia, 2004; Paula et al., 2014).

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Figura 1. Caranguejo de mangal (Scyla serrata) encontrado numa floresta de Avicennia marina (mangal
branco) e Ceriops tagal (mangal branco)Fonte. Fotografia: Célia Macamo.

A produção de biomassa foliar, que depois é decomposta e disponibilizada na forma de matéria


orgânica constitui um dos papéis importantes dos mangais (Fernando & Bandeira, 2009). Estudos
indicam que a alimentação de muitas espécies comerciais de peixe e camarão é assegurada em
grande medida pelo material produzido nos mangais (Clark, 1996).
Os mangais, com as suas raízes e estrutura complexa, constituem um óptimo habitat para a desova,
alimentação e protecção contra a predação, de muitas espécies marinhas e costeiras (Kathiresan &
Bingham, 2001; Hogarth, 2015). Também protegem a costa contra picos de marés altas, tsunamis e
ciclones (Clark, 1996; Kathiresan & Rajendran, 2005; Das & Vincent, 2009). Como bio-filtro, os
mangais reciclam os nutrientes através da degradação da matéria orgânica, sendo reguladores da
qualidade da água (Wu et al., 2008).

Como qualquer outro tipo de floresta, os mangais são sequestradores de carbono, e no contexto
actual das mudanças climáticas e sua mitigação, ocupam lugar de destaque, dado que sequestram e
retêm maior quantidade de carbono que qualquer outra floresta terrestre (Donato et al., 2011).
Estudos conduzidos em Moçambique na Baía de Sofala (Anjos, 2011; Sitoe, não publicado),
indicam que o carbono contido nos mangais (mesmo não intactos) é
cerca do dobro do carbono contido no miombo e no mopane, as duas comunidades vegetais
predominantes no país.

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No plano social, os mangais também são importantes como locais para a prática de várias
actividades económicas, incluindo a pesca, a aquacultura, o ecoturismo, a apicultura e outras(Taylor
et al., 2003). Os mangais são também locais de culto em muitas regiões, possuindo um alto valor
cultural. Dos mangais, as comunidades costeiras extraem medicamentos, taninos (um polifenol de
origem vegetal usado como tinta), madeira, estacas e combustível doméstico (Taylor et al., 2003;
Bentjee & Bandeira, 2007, Bosire et al., 2016).

3.5. Principais Ameaças


Os mangais são sistemas globalmente ameaçados, sobretudo por formas de uso não sustentável
(Giri et al., 2011; Bosire et al., 2016). O mangal é um ecossistema sensível aos distúrbios,
particularmente às alterações da hidrologia, às características do substracto e à poluição por óleos e
outros componentes de petróleos (Valiela et al., 2001; Giri et al., 2011; WWF, 2016). As principais
ameaças globais incluem a aquacultura, a conversão para outras formas de uso de terra (ex.: salinas,
cultivo de óleo de palma), expansão urbana, poluição e desmatamento para obtenção de lenha e
madeira (Taylor et al., 2003; Giri et al., 2011; Bosire et al., 2016). Nos países em desenvolvimento,
a degradação dos mangais está intimamente ligada à dependência das comunidades costeiras pelos
recursos naturais (Bosire et al., 2016).
Em Moçambique, as causas de degradação dos mangais estão ligadas a factores antropogénicos e
naturais. Os factores antropogénicos parecem constituir a principal ameaça aos mangais no país, e
estão relacionados em grande medida com as principais formas de uso dos recursos de mangal. De
acordo com Barbosa et al. (2001), as principais formas de uso dos mangais em Moçambique são: o
corte para obtenção de combustível lenhoso, madeira e estacas (para venda e consumo doméstico);
a construção de barcos, de vedações e de vários utensílios domésticos. Algumas áreas de mangal
foram também convertidas em salinas, e por vezes usadas para a pastagem de gado (Taylor et al.,
2003).
Nas zonas remotas e de baixa densidade populacional onde o consumo doméstico de recursos
madeireiros é a forma predominante de uso, os impactos podem ser menos pronunciados (Bandeira
et al., 2009; Macamo et al., 2015), enquanto nas zonas urbanas e suas periferias podem ser

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identificadas outras formas de ameaça (LeMarie et al., 2006; Macamo et al., 2015). Na Baía de
Maputo, por exemplo, os mangais são ameaçados pela expansão urbana [áreas extensas desmatadas
para a construção de infraestruturas (Bandeira et al., 2009; Macamo et al., 2015)], pela poluição por
resíduos sólidos e químicos (Scarlet, 2014), e ainda corte de lenha e madeira para uso doméstico e
revenda (LeMarie et al., 2006; Bandeira et al., 2009; Paula et al., 2014; Macamo et al., 2015).
Embora em Moçambique não sejam concedidas licenças para a exploração de madeira de mangal, é
sabido que tal acontece em muitos locais ao longo do país, existindo inclusive mercados de mangal,
onde este tipo de madeira em particular é vendido. Por exemplo tal pode ser visto nos arredores das
cidades de Quelimane e Pemba.

3.5.1. Medidas de mitigação e conservação

No reconhecimento da pressão existente nos mangais e da importância destes ecossistemas na


provisão de bens e serviços de utilidade pública, várias iniciativas de restauração de mangais tem
sido levadas a cabo em Moçambique concretamente no Distrito de Angoche. Dada a abundante
produção de propágulos e outro material reprodutivo e a facilidade de estabelecimento, diversos
projectos financiados por ONGs e pelo Governo têm sido levados a cabo com participação
comunitária em regiões onde o mangal tem sofrido destruição. Exemplos de projectos de
restauração de mangal podem ser encontrados na Província de Maputo (Costa do Sol), Foz do Rio
Limpopo (Zongoene), Beira (Nhangau, Savane), Delta do Rio Zambeze, Nacala-Mussoril,
Angoche- Moma, Ilha de Moçambique e PNQ.
Apesar do esforço realizado na restauração do mangal, pouco está documento sobre os
resultados destes projectos (Pereira et al., 2014). A falta de documentação destas iniciativas de
replantio, constitui uma grande fraqueza, pois não permite uma acumulação de aprendizados
práticos sobre o processo de reabilitação dos mangais e envolvimento comunitário. Um dos maiores
desafios da maioria destes projectos é garantir a sua sustentabilidade a longo prazo. Na maioria dos
casos, o replantio e a monitoria das áreas replantadas é abandonado com o término do projecto, falta
de financiamento e falta de assistência técnica às comunidades.

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Figura 2. Viveiro de reprodução de plântulas de Rhizophora mucronata para a restauração de mangais na foz
do Rio Angoche. Fonte Fotografia Almeida Sitoe.

3.5.2. Conservação e recuperação das florestas de mangais

O estado de conservação dos mangais em muitos países do mundo é crítico, apesar dos esforços
dos governos para sua conservação e reposição, por meio da aplicação de legislações ambientais,
estratégias de conservação e de recuperação, e projectos e acções.

A conservação e protecção dos mangais em todo o mundo é movida por leis e programas de
acordo com realidades que caracterizam os países. O Programa das Nações Unidas para o Meio
ambiente (PNUMA) é estrutura máxima a nível global que vela pelos sistemas de governação
ambiental, promove cooperações políticas ambientais (Sampaio, 2016). Dentre outros programas
encontramos, a Convenção sobre Terras Húmidas de importância internacional (Ramsar, 2016).

As principais estratégias de conservação do mangal são: Existência de um plano de gestão de


mangal; gestão do mangal baseada na comunidade; quadro legal de gestão do mangal (MITADER,
2015).

Constitui igualmente estratégia de conservação e recuperação de mangal: a atribuição de um valor


financeiro ao ecossistema de mangal com base em actividades comerciais como o ecoturismo, pois

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este representa um conjunto de princípios turísticos sustentáveis, representados pelos serviços de
recreação, turismo e valor espiritual, cuja importância reside na interacção sustentável entre o
homem e meio ambiente, neste caso concreto para unir os mangais e as pessoas (Friess,2017).

Diversos factores são atores importantes para a persecução destas estratégias. Entre estas
destacam-se: projectos de gestão de mangal, o envolvimento comunitário na gestão do mangal,
assistência técnica, monitoria e avaliação das actividades e planos de acção, fiscalização.

A eficácia das acções de conservação e recuperação dos mangais dependem da incorporação de


medidas correctas e o seu respectivo exercício. Para o caso de mangais, as acções incluem; plantio
de mangais para a sua restauração, monitoria entre outras.
É recomendável, obedecer padrões de reflorescimento dos mangais, para que se obtenha resultado
desejado de crescimento. O MITADER (2015) elenca cinco etapas importantes a serem observadas
nos projectos de reflorescimento das áreas dos ecossistemas de mangais. Primeiramente é
importante conhecer as espécies de mangal pertencentes ao local, segundo passo é compreender as
condições do local em termos de padrões hidrológicos e outras condições que permitirão o
crescimento desejado das espécies de mangal, a terceira etapa consiste em encontrar os obstáculos
que impedem a restauração natural do mangal no local, na quarta etapa sugere-se que depois de
descobertos os obstáculos corrija-se as condições do local para que a restauração aconteça com
sucesso, e o quinto e o último passo é recomendado que se plante o mangal depois de cumprir de
forma eficaz as quatro etapas 1-4.

3.5.3. Degradação dos mangais e os riscos para a estabilidade ambiental


Os sinais de degradação dos ecossistemas no mundo estão cada vez mais evidentes, e a
sobrevivência dos seres vivos, em especial do homem, encontra-se em risco. É de fato indiscutível
que o bem-estar das populações humanas do mundo depende directamente dos serviços fornecidos
pelos ecossistemas (TEEB, 2008).
Os serviços ecossistémicos provenientes de ecossistemas húmidos como o Mangal são mais
abrangentes do ponto de vista social, económico e ambiental devido a sua biodiversidade e outros
valores, e consequentemente os mais atractivos para acções antrópicas.

Nas últimas décadas estima-se que 35% dos mangais desapareceram (MEA, 2005). Portanto, a
degradação dos ecossistemas em especial do mangal coloca em risco a estabilidade ambiental,

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económica e social como se indica em seguida.

13
4. Degradação Ambiental

Os valores morais éticos e outros valores humanos, são aspetos que se bem aplicados, podem
proporcionar ganhos significativos na manutenção dos habitats e ecossistemas naturais, como o
mangal, que são descritos como “ecossistemas florestais complexos e dinâmico, mas instáveis
porque são facilmente degradados devido à interferência e de difícil restauro” (Anwar &
Gunawan, 2006 apud Eddy et al.,2016, p.1).

O mangal é tido como um ecossistema, amplamente afectado pela interferência negativa do


homem no meio ambiente. Estima-se que, cerca de um quarto de mangais do mundo foram
perdidos devido à acção humana, e os seus ecossistemas foram convertidos principalmente para as
actividades de aquicultura, agricultura e usos do solo urbano (Barbier & Cox, 2003 Apud Rahman
et al.,2016). Os ecossistemas de mangal são considerados altamente ricos devido às suas condições
adequadas para albergar e permitir a reprodução de variedades de espécies animais e vegetais.
Portanto, a sua fraca conservação tem vindo a contribuir para a extinção de espécies.

Atendendo à enorme potencialidade de serviços por si fornecidos, os danos resultantes da


degradação dos mangais interferem de forma significativa no âmbito ambiental e
socioeconómico. Nesta ordem de ideias, é evidente afirmar que “quando ecossistemas de mangais
desaparecem ou são degradados, haverá menos protecção contra catástrofes naturais com efeitos
imediatos e frequentemente impactos extremos, como inundações e tempestades, bem como
mudanças climáticas de longo prazo com impactos mais graduais, como o aumento do nível do
mar, a intrusão salina e a erosão (Barbier. et al., 2014, apud Barbier, 2016).

Os riscos para a estabilidade ambiental são enormes, portanto as decisões para a sua prevenção
devem ser contidas em várias esferas, com enfoque para a política, sendo esta um instrumento
orientador de vários programas de desenvolvimento das nações no mundo, para que estas decisões
políticas actuais, induzam a acções concretas de protecção ambiental bem como do
desenvolvimento sustentável que tanto se fala.

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5. Importância Socioeconómica do Mangal

Distribuição das espécies vegetais de mangal ao nível de Moçambique e sua


importância socioeconómica (Fonte: Adaptado pela autora, baseado no
MITADER (2015); Alves Sousa (2007)).

Nº Espécies Zonas de ocupação Importância Zonas de maior


ocorrência

Combustível
1 Avicennia Margem terrestre, parte do Lenhoso, Províncias de: Maputo,
marinha mar e no meio da floresta. Medicamentos, Nampula, Gaza,

Apicultura, habitats Inhambane, Cabo


para peixes Delgado.

Bru Encontrada no meio da floresta Províncias de: Nampula,


2 guie do mangal entre as espécies de Combustível Gaza, Inhambane, Cabo
ra Rhizophora mucronata e Lenhoso Delgado.
gym Ceriops tagal
norr
hiza

3 Ceriops tagal Margens interiores dos rios Combustível Província de Nampula


Lenhoso

Zona ribeirinha do mangal,


4 Heritiera cresce em habitats com baixa
littoralis salinidade e restrito em zonas
próximas a montantes dos rios.

Províncias de: Maputo,


5 Lumntzera Apicultura, habitats
Nampula, Sofala
racemosa para peixes

São dominantes em solos Combustível


6 Rhizophra lodosos e muitas vezes formam Lenhoso, Estacas, Província de Nampula e
mucronata uma paisagem homogénea habitats para peixes Maputo

Superfícies onde as águas da


Alimentação, Províncias de:
7 Sonneratia maré inundam diariamente, e
alba onde a salinidade é quase
Combustível Inhambane, Maputo,
constante e aproximada a da
Lenhoso Nampula
água do mar.
Ocorre misturado com
Províncias de: Cabo
8 Xylocarpus Avicennia marina, cresce em
Delgado, Maputo e Sofala
granatum zonas com relevo elevado onde
há inundação da maré, onde há
influência da água doce.

5.1. Diminuição de resíduos sólidos no mangal de Angoche

5.2. Medidas necessárias para redução dos resíduos sólidos no mangal de Angoche
A proliferação de resíduos sólidos exige que se adotem medidas urgentes e corretas.
A prevenção é sempre a palavra de ordem. Na gestão dos resíduos sólidos o termo
prevenção detém um papel significativo. Neste contexto, a prevenção é definida
como grupo de actividades que tenham por finalidade evitar consequências nefastas
para a saúde e para o ambiente, provenientes dos resíduos em si mesmos e de
qualquer operação ou processo do seu tecnossistema de gestão. Refere-se que a
prevenção inclui, também, as intervenções que promovam a reciclagem de materiais
(Martinho & Gonçalves, 2000).

Dada a proliferação excessiva dos resíduos sólidos no mangal da Costa do Sol, o


estudo propõe as seguintes medidas:

 Formação dos moradores locais em matéria de gestão de resíduos sólidos

Ainda que os moradores do bairro Costa do Sol tenham o conhecimento do


impacto negativo da proliferação dos resíduos sólidos no mangal, carecem de
um treinamento sobre a sua gestão. A formação apresenta-se como uma medida
à redução da proliferação dos resíduos no aspecto em que a consciência sobre
os métodos de gestão dos resíduos far-se-á sentir entre os moradores.

Pretende-se que a formação seja realizada em parceria com as universidades


que operam na cidade de Maputo e que têm nos seus curricula de ensino cursos
ambientais. As parcerias serão estabelecidas entre o sector de ambiente e
salubridade do município da cidade de Maputo e as universidades Eduardo

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Mondlane (UEM) e Universidade Pedagógica (UP).

 Criação de um centro de reciclagem dos resíduos sólidos no bairro da Costa do


Sol

Um dos benefícios mais importantes da reciclagem é a recuperação de recursos


naturais (matéria prima) por meio da reutilização e reprocessamento de
materiais antigamente considerados lixo (Dias, 2015).

Um centro de reciclagem dos resíduos sólidos oferece múltiplos benefícios


sociais, económicos e ambientais. Serão reciclados e comercializados os
objectos para diversos fins. A comercialização dos objectos reciclados irá
permitir a obtenção do lucro e o suprimento de algumas necessidades dos
residentes locais ao mesmo tempo que protege o meio ambiente.

O centro de reciclagem será estabelecido pelo sector de salubridade do


município da cidade de Maputo que através de alguns parceiros ira alocar fundos
para o seu funcionamento. O centro estaria na gestão dos moradores formados em
matéria de gestão dos resíduos sólidos. Depois de estabelecido o centro, pretende-se
que o mesmo seja autossustentável, com base nos fundos alocados a partir da venda
dos produtos reciclados.

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6. Conclusão

Ao concluir o presente trabalho investigativo fiquei a saber que a conservação e protecção


dos mangais em todo o mundo é movida por leis e programas de acordo com
realidades que caracterizam os países. O Programa das Nações Unidas para o Meio
ambiente (PNUMA) é estrutura máxima a nível global que vela pelos sistemas de
governação ambiental, promove cooperações políticas ambientais (Sampaio, 2016).
Dentre outros programas encontramos, a Convenção sobre Terras Húmidas de
importância internacional (Ramsar, 2016). O mangal é tido como um ecossistema,
amplamente afectado pela interferência negativa do homem no meio ambiente. Estima-
se que, cerca de um quarto de mangais do mundo foram perdidos devido à acção
humana, e os seus ecossistemas foram convertidos principalmente para as actividades
de aquicultura, agricultura e usos do solo urbano (Barbier & Cox, 2003 Apud Rahman
et al.,2016).

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7. Referências Bibliográficas

Abdullah, K, Said. A & Omar, D. (2014, Janeiro). Community-Based


Conservation in Managing Mangrove Rehabilitation in Perak and
Selangor. Disponível em http://creativecommons.org/licenses/by-nc-
nd/3.0/.
Ramsar. (2011). Florestas para água e zonas húmidas-Convenção de
Ramsar Sobre Zonas Húmidas, United Nations Forum and
Forests, Mozambique-brochura.

Alves & Caeiro .(1998). Educação Ambiental. Universidade Aberta-Lisboa.

Alves, T & Sousa. C. (2007,Agosto). Relatório da avaliação preliminar da


vegetação costeira e dos mangais existente na área proposta para o
estabelecimento de áreas de conservação no arquipélago das ilhas
primárias (1as) e segundas (2as), IIAM – Instituto de Investigação
Agrária de Moçambique.

Amade F, Chirwab P, Falcao M, Oosthizenc C . (2018, November). Structural


characterization, reproductive phenology and anthropogenic
disturbance of mangroves in Costa do Sol, Bons Sinais Estuary and
Pemba-Metuge from Mozambique, Journal of Sustainable Forestry.
Disponível em https://doi.org/10.1080/10549811.2018.1549501.

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ANEXOS

MAPA DA LOCALIZAÇÃO GEOGRÁFICA DO DISTRITO

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