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SUPLEMENTO 1 AO BAR Nº 8 BRASÍLIA - DF, QUARTA -FEIRA, 8 DE FEVEREIRO DE DE 2023
Órgão : Comandante-Geral
I RELATÓRIO
Trata-se de recurso disciplinar direcionado a esta Comandante-Geral, nos autos da Sindicância 137/2022 –
COGED/CTROL/CBMDF, instaurada pela Portaria de 19 de julho de 2019, objetivando apurar a prática de transgressão
disciplinar por parte do Cel. QOBM/Comb. ROGÉRIO ALVES DUTRA, matr. 1399990, tendo em vista a participação do militar
em evento político-partidário, no dia 18/07/2022, utilizando uniforme do CBMDF, e que culminou na punição administrativa
de 04 (quatro) dias de detenção disciplinar proferida pelo Controlador, publicada no Boletim de Acesso Restrito nº 49, de 10
de novembro de 2022 – Suplemento 1, e posteriormente mantida, após julgamento recursal, conforme decisão publicada
no Boletim de Acesso Restrito nº 56, de 27 de dezembro de 2022 – Suplemento 1, concluindo-se que o Sindicado praticou a
transgressão disciplinar prevista no item 9 do Anexo I do RDE c/c art. 75, § 1º, alínea “a”, da Lei Federal nº 7.479/1986
(Estatuto dos Bombeiros Militares do CBMDF); TRANSGRESSÃO MÉDIA.
II FUNDAMENTAÇÃO
Preliminarmente, verifica-se que o Recurso Hierárquico é tempestivo e apresenta os pressupostos legais que
possibilitam a sua admissibilidade, motivo pelo qual será feita, por esta Comandante-Geral, a abordagem de mérito dos
fundamentos contidos na Peça Recursal.
ACESSO RESTRITO
ACESSO RESTRITO
Em sede preliminar, o Recorrente requer, em suma, (a) o reconhecimento de que o ato de indiciação constante
nos autos foi genérico, motivo pelo qual eivado de nulidade; (b) o reconhecimento de pré-julgamento por parte do
Controlador, que teria deliberado pela aplicação de punição disciplinar antes do julgamento; (c) o reconhecimento da
nulidade da Sindicância, em face do ato punitivo ter imputado ao Sindicado a conduta de “vulneração de normas
relacionadas ao processo eleitoral”, fato que não foi objeto de apuração em nenhuma fase do procedimento disciplinar.
Quanto às preliminares, não acolho nenhuma, visto que a indiciação se revelou suficientemente específica,
apontando o fato e a correspondente transgressão disciplinar imputada ao Recorrente; não restou evidenciado juízo de
pré-julgamento, visto que, analisando-se detidamente os autos, a instrução probatória foi efetivamente finalizada e os autos
retornaram para a decisão (solução) da autoridade instauradora, momento em que esta, após realizar a leitura dos autos
(ou seja, após a produção das provas), concordou com o relatório final lançado pelo Encarregado e encaminhou para
elaboração do ato; não foi imputado ao Sindicado a conduta de “vulneração de normas relacionadas ao processo eleitoral”,
mas sim considerou-se tal conduta somente na fixação da pena-base, por se tratar de circunstâncias consideradas sobre o
fato supostamente transgressional, nos termos do art. 16 do RDE.
Já no mérito, o Recorrente sustenta, inicialmente, que (a) não lhe foi imputado o escumprimento de qualquer
norma vinculada ao processo eleitoral de 2022, bem como que o termo de indiciação não faz qualquer menção acerca do
citado tema e, por este motivo, a defesa não discutiu tais questões, ofendendo a ampla defesa e o contraditório; que (b) o
ato não fora praticado com dolo ou culpa, já que tal fato representaria algo irrelevante na onfiguração da transgressão
disciplinar e estaria ocorrendo uma responsabilização objetiva; que (c) há insuficiência probatória; que (d) provou que não
esteve presente quando era realizada qualquer tipo de manifestação política, eis que sua presença no local ocorreu após o
encerramento da manifestação; (e) não estava de saída, mas sim se encontrava aguardando o término do evento para
adentrar ao prédio e não ser confundido com um dos participantes do evento; (f) a imposição de punição afronta à
presunção de inocência, pois não consta dos autos nenhuma prova material de que o militar tenha participado de
manifestação política fardado.
Quanto ao mérito, contudo, verifica-se que há que se concordar com o argumento do Recorrente no sentido de
não haver elementos probatórios suficientes para apontar para a prática de transgressão disciplinar. Isso porque, de tudo o
quanto consta nos autos, não é possível afirmar, com a certeza razoável necessária para uma decisão punitiva, que a
presença do militar se deu durante o evento, existindo dúvida efetiva, pelas fotos, imagens e demais mídias constantes nos
autos, se o momento em que se registrou a participação do Recorrente foi durante ou após o evento político-partidário em
análise.
Dessa forma, em razão da inexistência de elementos probatórios suficientes para ensejar a aplicação de uma
punição disciplinar, havendo dúvida razoável acerca do momento da presença do Recorrente em evento político-partidário,
incide no caso concreto o princípio do in dubio pro reo, segundo o qual, na dúvida, decide-se a favor do réu.
III DISPOSITIVO
(NB-CBMDF/GABCG 00053-00026338/2023-25)
ACESSO RESTRITO