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MINISTÉRIO PÚBLICO DA PARAÍBA

PROMOTORIA DE JUSTIÇA DE CATOLÉ DO ROCHA

PROJETO FAMÍLIA QUE ACOLHE

Procedimento Administrati vo n. 001.2021.002403


Termo de Ajustamento de Conduta nº 1/2° PJ - Catolé do Rocha/2021

TERMO DE COMPROMISSO DE AJUSTAMENTO DE CONDUTA


(art. 5º, § 6º, da Lei n. 7.347/85)

EMENTA: COMPROMISSO DE AJUSTAMENTO DE CONDUTA PARA CRIAÇÃO DO


SERVIÇO DE ACOLHIMENTO EM FAMÍLIA ACOLHEDORA, DESTINADO A
GARANTIR OS DIREITOS FUNDAMENTAIS DE CRIANÇAS/ADOLESCENTES ATÉ
O SEU RETORNO À FAMÍLIA DE ORIGEM OU ATÉ A SUA COLOCAÇÃO EM
FAMÍLIA SUBSTITUTA.

Pelo presente instrumento de COMPROMISSO DE


AJUSTAMENTO DE CONDUTA, o MINISTÉRIO PÚBLICO DA PARAÍBA,
representado pelo Promotor de Justiça signatário, no uso de suas atribuições
legais, e o MUNICÍPIO DE JERICÓ/PB, pessoa jurídica de Direito Público,
inscrito no CNPJ sob o n. 08.931.495/0001-84, com sede na Rua Praça Frei
Damião, S/N Centro, CEP 58830-000 neste ato representado pelo Prefeito(a)
do Município, KADSON VALBERTO LOPES MONTEIRO, e pelo Secretário(a)
de Assistência Social, ELAYNE MARIA LEAL DOS SANTOS LOPES podendo
ser encontrado na Prefeitura Municipal, com esteio no art. 5ª, § 6º, da Lei
n. 7.347/85 (Lei da Ação Civil Pública), alterado pelo art. 113 da Lei n.
8.078/1990, e art. 211, da Lei n. 8.069/1990 (Estatuto da Criança e do
Adolescente),

CONSIDERANDO que a responsabilidade primária pela plena


efetivação dos direitos assegurados à criança e ao adolescente, a partir da
elaboração e implementação de políticas públicas intersetoriais específicas é do
Poder Público (art. 100, parágrafo único, III, da Lei Federal 8.069/1990),
sobretudo em âmbito municipal, haja vista que a municipalização do
atendimento é diretriz basilar para a efetivação de tais direitos, conforme
preconizado no art. 227, §7º, c/c art. 204, I, da Constituição Federal, e do art.
88, I, do ECA; e que por força do disposto no art. 90, § 2º, também do ECA,
os recursos necessários à criação e manutenção dos programas e serviços
correspondentes devem ser contemplados pelo orçamento dos diversos órgãos
públicos encarregados de sua execução;

CONSIDERANDO que o MUNICÍPIO DE JERICÓ/PB ainda


não dispõe de serviço de acolhimento (seja familiar ou institucional) e que a
implementação do serviço de acolhimento em família acolhedora no
âmbito municipal denota custo mais baixo ao se comparar com a
instalação de uma instituição de acolhimento, que demanda
investimentos elevados para sua manutenção;

CONSIDERANDO que a ausência das políticas de acolhimento


(familiar e institucional) no MUNICÍPIO DE JERICÓ/PB tem inviabilizado o
trabalho do Sistema de Justiça e do Conselho Tutelar, impondo maior risco
social às crianças/adolescentes vulneráveis, por omissão do Poder Público;

CONSIDERANDO que a inclusão de criança/adolescente no


serviço de acolhimento familiar terá preferência a seu acolhimento
institucional (artigos 34, § 1º, e 50, § 11, da Lei n. 8.069/1990) e que o
fomento à implantação do Serviço de Acolhimento em Família Acolhedora é
imprescindível, sobretudo após o advento da Lei 12.010/2009, quando teve
reforçada sua natureza de política de atendimento obrigatória a ser
desenvolvida pelos Municípios;

CONSIDERANDO que o acolhimento familiar é qualificado


como um serviço de proteção social especial de alta complexidade e encontra
minuciosa disciplina no documento “Orientações Técnicas: Serviços de
Acolhimento para Crianças e Adolescentes”, aprovado pela Resolução
Conjunta CONANDA/CNAS n. 01, de 18 de junho de 2009, que traça as
linhas gerais de funcionamento do aludido serviço, especificando, entre outros
aspectos, o espaço físico e os recursos materiais mínimos necessários para a
sua regular implementação, bem como a composição da equipe técnica que o
executará;

CONSIDERANDO que o Serviço de Acolhimento em Família


Acolhedora tem natureza provisória e excepcional, como deve ser qualquer
política de acolhimento, propiciando às crianças e adolescentes
acolhimento em ambiente familiar, atendimento individualizado e
preservação dos vínculos comunitários, não objetivando afastar ou
substituir definitivamente a família de origem, mas sim fortalecê-la através da
sua promoção social simultaneamente, de forma a possibilitar a reintegração
familiar da criança/adolescente acolhido, ou, em caso de comprovada
impossibilidade, a sua colocação em família substituta (art. 19, caput, e art.
101, inciso IV, c/c § 1º, todos do ECA);

CONSIDERANDO que a municipalização do atendimento


previsto no artigo 88, inciso I, do ECA, restou também contemplada na
organização dos serviços de assistência social com a implantação, a partir das
diretrizes traçadas pela Política Nacional de Assistência Social (PNAS), do
Sistema Único de Assistência Social – SUAS;

CONSIDERANDO, por fim, que, ante demonstrada


necessidade de resguardar o direito de convivência familiar e comunitária, o
Ministério Público tem o dever institucional de defender a efetivação dos
direitos assegurados às crianças e adolescentes, em observância aos princípios
da proteção integral e da prioridade absoluta, inerentes à matéria, podendo,
para tanto, fazer uso das medidas judiciais e extrajudiciais cabíveis,

RESOLVEM
Celebrar o presente TERMO DE AJUSTAMENTO DE
CONDUTA, nos autos do Procedimento Administrativo n. 001.2021.002402,
com fulcro na Lei n. 7.347/85 e com objetivo de definir as OBRIGAÇÕES DO
MUNICÍPIO DE JERICÓ/PB, para criação do Serviço de Acolhimento em
Família Acolhedora e posterior implantação, mediante as metas e prazos
contidos nas cláusulas seguintes:

1 – Encaminhar, no prazo de 30 (trinta) dias, projeto de lei à


CÂMARA MUNICIPAL DE JERICÓ/PB para criação do Serviço de Acolhimento
em Família Acolhedora, observando, no tocante à organização e à execução de
tal serviço, o disposto no art. 90, no art. 92, §§ 2º, 4º, 5º e 6º, no art. 94, §
1º, e no art. 101, caput, inciso VIII, c/c § 1º, §§ 4º a 9º, todos da Lei n.
8.069/1990 – Estatuto da Criança e do Adolescente –, bem como as diretrizes
da Política Nacional de Assistência Social e as diretrizes formuladas pelo
Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente e Conselho
Nacional de Assistência Social, através das “Orientações Técnicas: Serviços de
Acolhimento para Crianças e Adolescentes” (Resolução Conjunta
CONANDA/CNAS n. 01/2009);

2 – Incluir na proposta orçamentária para este exercício e os


seguintes programas de trabalho que contemplem os gastos destinados à
posterior implementação do serviço de acolhimento em família acolhedora;

Da Natureza Jurídica do Termo:

O presente Termo de Compromisso e Ajustamento de


Conduta terá força de título executivo extrajudicial, nos termos do art. 5º, §
6º, da Lei n. 7.347/85, podendo ser executado em caso de descumprimento de
quaisquer das obrigações nele previstas.

Caso não sejam cumpridas as obrigações nos prazos acima


estipulados e confirmado o seu descumprimento pelo MUNICÍPIO DE
JERICÓ/PB, o MINISTÉRIO PÚBLICO, sem prejuízo da responsabilidade
civil e administrativa, procederá ao acionamento judicial, inclusive desde já
cominada multa diária e pessoal, a ser suportada pelo Prefeito Constitucional
ou por quem vier a lhe substituir ou suceder, nos termos do art. 536 c/c art.
814 e seguintes do Código de Processo Civil, do art. 11 da Lei 7.347/85 e art.
216 do Estatuto da Criança e do Adolescente, em valor de parâmetro de R$
1.000,00 (hum mil reais), até o limite de R$ 50.000,00 (cinquenta mil reais),
após notificação pessoal para cumprimento, com juros de 1% ao mês e
corrigida monetariamente até o efetivo cumprimento das obrigações acordadas
no presente termo, observando-se para tanto o procedimento legal
correspondente.

O valor da multa, em caso de descumprimento, será destinado


ao Fundo Especial de Proteção aos Interesses Difusos da Paraíba (FDD-PB),
CNPJ n. 11.887.642/0001-70, Conta Banco do Brasil, Ag. 1618-7, C/C 11.790-
0, não sendo substitutivo das obrigações contraídas neste Termo, nem
substituindo ou impedindo a aplicação de outras medidas previstas em lei.

Do Foro:

As partes elegem o Foro da Comarca de Catolé do Rocha-PB


para dirimirem quaisquer dúvidas acerca do presente Termo de
Compromisso e Ajustamento de Conduta, bem como para os casos de
inadimplência do mesmo.

Das Disposições Finais:

Ao presente Termo de Compromisso e Ajustamento de


Conduta – TAC será dada divulgação ampla à sociedade, através de
publicação no Mensário oficial do Município e no Diário Oficial Eletrônico do
Ministério Público da Paraíba.

E assim, por estarem as partes ajustadas e


compromissadas, firmam o presente TERMO DE COMPROMISSO E
AJUSTAMENTO DE CONDUTA, o qual terá eficácia de título exdcutivo
extrajudicial, nos termos dos artigos 5º, I e § 6º, da Lei n. 7.347/85, e art.
814, caput, do CPC1, e, depois de lido e assinado, será remetido, por cópia,
uma via à Procuradoria-Geral de Justiça (egrégio Conselho Superior do
Ministério Público), ao Centro de Apoio Operacional às Promotorias de Justiça
da Criança, do Adolescente e da Educação (CAOP CAE), à Procuradoria-Geral
do Município de JERICÓ/PB, ao Prefeito do Município e ao CMDCA para fins de
monitoramento e acompanhamento.

Catolé do Rocha, data e assinatura eletrônicas.

Stoessel Wanderley de Sousa Neto


Promotor de Justiça

KADSON VALBERTO LOPES MONTEIRO


Prefeito do Município

ELAYNE MARIA LEAL DOS SANTOS LOPES


Secretário(a) de Assistência Social

1 “Art. 814. Na execução de obrigação de fazer ou de não fazer fundada em título extrajudicial, ao despachar a
inicial, o juiz fixará multa por período de atraso no cumprimento da obrigação e a data a partir da qual será
devida.” (NCPC)

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