Você está na página 1de 5

EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA 1ª VARA CÍVEL DA

COMARCA DE ALFA - ESTADO BETA

Associação de Moradores do Município Alfa, associação brasileira, inscrito no CNPJ


sob o nº 12. 345. 678/0001-23, estabelecido no prédio da Associação de Moradores
do município Alfa, por seu advogado subscritor, vem, respeitosamente, a Vossa
Excelência, com fulcro no art. 5º, inc. LXIX e LXX, alínea b, da CRFB, em conformidade
com a Lei nº 12.016/2009, impetrar

MANDADO DE SEGURANÇA

em face do ato praticado pela Prefeitura do Município Alfa, com sede de suas
atividades na rua Central da cidade Alfa, Palácio da Prefeitura, pelos motivos a seguir
expostos.

I – DOS FATOS

O município, de aproximadamente 50 mil habitantes contratou dupla sertaneja para


festa de aniversário de 50 anos da cidade, por um cachê de R$1.500.000,00 (um
milhão e quinhentos mil reais), sendo necessário, ainda, o gasto de mais 1.000.000,00
(um milhão) para investir na infraestrutura necessária para ser comportado o show,
visto que a cidade não dispõe de local adequado para um show de grande público.
Face a isso, o Prefeito licitou em prol das adaptações necessárias a serem realizadas
por uma empreiteira, num imóvel municipal. Dentre as adaptações serão construídos
um grande palco, cercamento do terreno, instalações elétricas compatíveis com os
equipamentos musicais e iluminação necessários, além de banheiros, postos de venda
de bebidas, etc.

Contudo, não se pode olvidar que o orçamento da cidade é muito pequeno, não
havendo vagas de creches suficientes para atender a população, bem como é de se
preocupar a falta remédios nos postos de saúde. Mais correto seria primeiramente ser
empregado todo esse montante nas melhorias que o município necessita, para após
uma estruturação haver gastos com lazer.

II – DO DIREITO

A) DO ATO COATOR:

Não observância ao quanto normatizado na Lei Complementar nº 101, de 04 de maio


de 2000, Lei de Responsabilidade Fiscal, vide:
Art. 15. Serão consideradas não autorizadas, irregulares e lesivas ao patrimônio
público a geração de despesa ou assunção de obrigação que não atendam o
disposto nos arts. 16 e 17.

Art. 16. A criação, expansão ou aperfeiçoamento de ação governamental que


acarrete aumento da despesa será acompanhado de:

I - estimativa do impacto orçamentário-financeiro no exercício em que deva


entrar em vigor e nos dois subsequentes;

II - declaração do ordenador da despesa de que o aumento tem adequação


orçamentária e financeira com a lei orçamentária anual e compatibilidade com o
plano plurianual e com a lei de diretrizes orçamentárias.

§ 1o Para os fins desta Lei Complementar, considera-se:

I - adequada com a lei orçamentária anual, a despesa objeto de dotação


específica e suficiente, ou que esteja abrangida por crédito genérico, de forma
que somadas todas as despesas da mesma espécie, realizadas e a realizar,
previstas no programa de trabalho, não sejam ultrapassados os limites
estabelecidos para o exercício;

II - compatível com o plano plurianual e a lei de diretrizes orçamentárias, a


despesa que se conforme com as diretrizes, objetivos, prioridades e metas
previstos nesses instrumentos e não infrinja qualquer de suas disposições.

Art. 17. Considera-se obrigatória de caráter continuado a despesa corrente


derivada de lei, medida provisória ou ato administrativo normativo que fixem
para o ente a obrigação legal de sua execução por um período superior a dois
exercícios. (Vide ADI 6357)

§ 1o Os atos que criarem ou aumentarem despesa de que trata


o caput deverão ser instruídos com a estimativa prevista no inciso I do art.
16 e demonstrar a origem dos recursos para seu custeio.

Como acima relatado, observa-se gasto irregular e lesivo, visto que o município vem
necessitando de outros tipos de investimento por pare da prefeitura, como gastos com
saúde, educação, infância. Não houve relatório de impacto orçamentário-financeiro no
portal da transparência

B) DO DIREITO LÍQUIDO E CERTO:

Tal ato fere o direito de toda a população do município de ter creches para as crianças,
as quais cooperam para a criação de empregos nessas mesmas instituições, o que
gera renda, bem como ajudando aos pais das crianças a poderem trabalhar e dar a
dignidade tanto para as crianças como a si próprios.

Fere também o direito constitucional à saúde. Os postos de saúde estão carecendo de


medicação.
Art. 1º A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos Estados e
Municípios e do Distrito Federal, constitui-se em Estado Democrático de Direito e tem
como fundamentos:

III - a dignidade da pessoa humana;

Art. 6º São direitos sociais a educação, a saúde, a alimentação, o trabalho, a moradia,


o transporte, o lazer, a segurança, a previdência social, a proteção à maternidade e à
infância, a assistência aos desamparados, na forma desta Constituição.

Art. 30. Compete aos Municípios:

VI - manter, com a cooperação técnica e financeira da União e do Estado, programas


de educação infantil e de ensino fundamental; (Redação dada pela Emenda
Constitucional nº 53, de 2006)

VII - prestar, com a cooperação técnica e financeira da União e do Estado, serviços de


atendimento à saúde da população;

III – DA LIMINAR

O art. 7º, III, da Lei nº 12.016/2009, que regulamenta o mandado de segurança, dispõe
que a liminar será concedida, suspendendo-se o ato que deu motivo ao pedido,
quando for relevante o fundamento do pedido e do ato impugnado puder resultar a
ineficácia da medida.

A relevância do fundamento pode ser entendida como a plausividade do direito


invocado, ou, na expressão latina, “fumus boni iuris”.

No presente caso, demonstrada a plausividade do direito do impetrante, já que há não


observância à Lei de Responsabilidade Fiscal e Constituição Federal.

De outra parte, a ineficácia da medida, caso não seja deferida de imediato, refere-se ao
chamado “periculum in mora”.

Também corre risco de a medida se tornar ineficaz, se não deferida de pronto, tendo
em vista que a licitação já encontrou resultado e as obras começam amanhã. Bem
como o show está marcado para daqui a 30 dias.

Desta forma, preenchidos os requisitos legais, cabível o deferimento da liminar.


IV – DOS PEDIDOS E REQUERIMENTOS

Ante o exposto, requer o impetrante que Vossa Excelência:

a) conceda, liminarmente, a segurança pleiteada, com a expedição do competente


ofício, determinando que a autoridade coatora suspenda o ato lesivo e cumpra
as determinações legais (art. 9º da Lei nº 12.016/2009), assegurando ao
impetrante o direito de produzir provas até o julgamento do mérito deste
mandado;

b) determine a notificação da autoridade coatora para prestar informações no prazo


legal de dez dias, conforme art. 7º, I, da Lei nº 12.016/2009;

c) intime pessoalmente o representante legal da pessoa jurídica à qual está vinculada a


autoridade coatora, nos termos do art. 7º, II, da Lei nº 12.016/2009;

d) determine a oitiva do Ministério Público para oferecer parecer, conforme da art. 12,
caput, da Lei nº 12.016/2009;

e) fixe multa para o caso de descumprimento da medida liminar e da segurança


concedida, nos termos do art. 77, IV, §§ 1º e 2º, CPC/15;

f) ao final, pleiteia a concessão definitiva da segurança com a ratificação da liminar


deferida assegurando-se o direito líquido e certo do impetrante.

Dá à causa o valor de R$ 1.500,00.

Termos em que,

Pede deferimento.
Alfa – Estado de Beta, 05 de outubro de 2022.

Maria Clara Sampaio da Silva

OAB/22 nº 123.456

Você também pode gostar