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CÂMARA LEGISLATIVA DO DISTRITO FEDERAL

Gabinete do Deputado Roosevelt Vilela - Gab 14

PROJETO DE LEI Nº , DE 2021


(Autoria: Deputado Roosevelt Vilela)

Altera a Lei nº 6.976, de 17 de


novembro de 2021, que “institui, no
Distrito Federal, o Programa de
Proteção à Policial Civil, Policial
Militar e Bombeira Militar Gestantes
e Lactantes e dá outras
providências”.

A Câmara Legislativa do Distrito Federal decreta:

Art.1°. Ficam incluídos os §§ 1º, 2º, 3º e 4º ao art. 2º da Lei nº 6.976, de 17 de


novembro de 2021, com as seguintes redações:
"Art. 3º …
§1º O direito à trabalhar próximo à residência perdura até a criança completar 6 anos
de idade.
§2º Durante o período de serviço, a qualquer tempo, é garantido à gestante e à
lactante se deslocar, em casos emergenciais, para residência, creche ou outro local que a
criança se encontre.
§3º A flexibilidade de horários durante o período de gestação ou amamentação pode
ser utilizado no início ou fim da jornada de trabalho, de modo a compatibilizar os horários com
creches ou similares.
§4º A adequação da escala de serviço compreende as atividades fins ou meio das
corporações, de maneira que possibilite a gestante ou lactante condições de acompanhar e
assistir seus filhos ou filhas.
Art. 2°. Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.
Art. 3°. Revogam-se as disposições em contrário.

JUSTIFICAÇÃO

O presente Projeto de Lei visa aperfeiçoar a excelente Lei nº 6.976/2021 aprovada


nessa casa de leis, que instituiu, no Distrito Federal, o Programa de Proteção à Policial Militar,
Policial Civil e Bombeira Militar Gestantes ou Lactantes.
Após a entrada em vigor da lei e as consequentes adequações dos normativos
internos por parte dos órgãos de segurança pública, várias servidoras procuraram este
Deputado sugerindo aperfeiçoamentos à lei, visto que restaram algumas lacunas a serem
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normatizadas, como a questão do período de creche das crianças, que exigem
acompanhamento próximo, adequação dos diversos tipos de escala de serviço, prestação de
socorro em casos emergenciais e outros.
A educação infantil, etapa de ensino que vai de zero a cinco anos de idade, é um
direito fundamental garantido pela Constituição Federal de 1988, direito esse reafirmado na
Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990, que dispõe sobre o Estatuto da Criança e do
Adolescente (ECA) e dá outras providências.
O ECA, em seus arts. 3º e 4º, estabelece que a criança goza de todos os direitos
fundamentais inerentes à pessoa humana, e que é dever da família, da comunidade, da
sociedade em geral e do poder público assegurar, com absoluta prioridade, a efetivação dos
direitos referentes à vida, à saúde, à alimentação, vejamos:
(…) Art. 3º A criança e o adolescente gozam de todos os direitos
fundamentais inerentes à pessoa humana, sem prejuízo da proteção integral
de que trata esta Lei, assegurando-se-lhes, por lei ou por outros meios, todas
as oportunidades e facilidades, a fim de lhes facultar o desenvolvimento
físico, mental, moral, espiritual e social, em condições de liberdade e de
dignidade.
Parágrafo único. Os direitos enunciados nesta Lei aplicam-se a todas as
crianças e adolescentes, sem discriminação de nascimento, situação familiar,
idade, sexo, raça, etnia ou cor, religião ou crença, deficiência, condição
pessoal de desenvolvimento e aprendizagem, condição econômica, ambiente
social, região e local de moradia ou outra condição que diferencie as
pessoas, as famílias ou a comunidade em que vivem. (incluído pela Lei nº
13.257, de 2016)
Art. 4º É dever da família, da comunidade, da sociedade em geral e do poder
público assegurar, com absoluta prioridade, a efetivação dos direitos
referentes à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao esporte, ao lazer,
à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à
convivência familiar e comunitária.
Parágrafo único. A garantia de prioridade compreende:
a) primazia de receber proteção e socorro em quaisquer circunstâncias; (…)
Os dispositivos acima, que praticamente reproduzem a primeira parte do enunciado
do art. 227, caput, da CF, enfatizando que a defesa dos direitos fundamentais assegurados à
criança e ao adolescente não é tarefa de apenas um órgão ou entidade, mas deve ocorrer a
partir de uma ação conjunta e articulada entre família, sociedade e Poder Público.
Nesse sentido, é importante destacar que não foi por acaso que a família foi
relacionada como a primeira das instituições convocadas a atuar na defesa dos direitos de
crianças e adolescentes, isto porque todo o trabalho desenvolvido em benefício destes deve
ocorrer preferencialmente no âmbito familiar.
Além disso, o próprio direito à convivência familiar foi expressamente relacionado
como um dos direitos fundamentais a serem assegurados com absoluta prioridade à criança e
ao adolescente, tendo o legislador estatutário, como resposta ao enunciado do art. 226, caput,
da CF, estabelecido inúmeros mecanismos de proteção à família.
Outro ponto de destaque é que as mencionadas normas do ECA concretizam o
princípio da prioridade absoluta à criança e ao adolescente, que deve nortear a atuação de
todos, em especial do Poder Público, para promoção dos direitos assegurados a crianças e
adolescentes.
A clareza do dispositivo em determinar que crianças e adolescentes não apenas
recebam uma atenção e um tratamento prioritários por parte da família, sociedade e, acima de
tudo, do Poder Público, mas que esta prioridade seja absoluta (ou seja, antes e acima de
qualquer outra), somada à regra básica de hermenêutica, segundo a qual “a lei não contém
palavras inúteis”, não dá margem para qualquer dúvida acerca da área que deve ser atendida
em primeiríssimo lugar pelas políticas públicas e ações de governo.

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Assim, acredita-se que esses artigos da CF em conjunto com o do ECA
estabeleceram um verdadeiro comando normativo dirigido em especial ao poder público, que
em suas metas e ações não tem alternativa outra além de priorizar, de forma absoluta, a
criança e do adolescente.
Portanto, fundado no princípio constitucional da prioridade absoluta à criança e ao
adolescente, o poder público fica obrigado a implementar políticas públicas destinadas à
garantia da plena efetivação dos direitos infanto-juvenis assegurados pela lei e pela
Constituição Federal, não podendo invocar o “poder discricionário” como privilégio.
Somado a isso, a CF em seu art. 7º garante à mãe trabalhadora o direito de, após o
nascimento de seu filho, requerer licença de 120 dias de afastamento do trabalho, sem
prejuízo do seu salário. A mãe trabalhadora ainda tem assegurado o direito a berçário ou a
creche nos locais de trabalho , sempre que a empresa tiver trinta ou mais mulheres
trabalhando ( CLT , art. 400 ).
Contudo, como as gestantes e lactantes protegidas pela lei em referência não são
regidas pela CLT, e sim por regimes próprios, é indispensável que haja algumas adaptações e
aperfeiçoamento no sistema jurídico, para que seja garantido as genitoras continuar em
exercício profissional sem que direitos e garantias fundamentais dos seus filhos sejam
violados.
Isto porque existem diversos fatores que dificultam o acesso das crianças pequenas à
educação infantil, dos quais citamos: a dificuldade de encontrar uma vaga nas escolas
públicas, a distância entre o domicílio e a instituição pleiteada, a qualidade dos serviços
oferecidos pelo município, entre outros.
Até os 6 anos de idade, as crianças demandam muita atenção e tempo das mães,
pois precisam de total apoio na alimentação, higiene, consultas médicas e deslocamentos
para creche ou casa de parentes que auxiliam nessa fase de extrema importância na
formação das crianças e que exigem muito dos responsáveis.
Além disso, os pais têm muita importância na educação dos filhos, pois são
responsáveis por legitimar ou rechaçar conhecimentos e valores adquiridos pelas crianças no
processo civilizatório. Exercem, portanto, importante mediação na relação da criança com o
mundo, exigindo grande tempo e dedicação das mães.
O acompanhamento e o incentivo dos pais , dando o suporte necessário e investindo
em outras atividades fora da escola, também acelera o desenvolvimento cognitivo e motor da
criança e, sobretudo efetiva a prioridade absoluta da criança através de um crescimento
pleno e harmonioso próximo ao seio familiar. Esses são só alguns dos motivos pelos quais é
tão importante que os pais estejam verdadeiramente presentes no desenvolvimento dos
filhos.
Ademais, frisa-se que o presente Projeto de Lei atende aos requisitos constitucionais,
pois versa sobre matéria de competência distrital, atinente aos direitos da família e proteção à
infância, e respeita a harmonia entre os poderes, preceituada no art. 2º da Constituição
Federal.
Outrossim, a iniciativa não gera despesa para o Poder Executivo, sendo ainda
observados os preceitos de juridicidade, legalidade, regimentalidade e técnica legislativa.
Por estas razões, conclamo aos nobres pares para a aprovação desta proposição.

Sala das Sessões,

ROOSEVELT VILELA
Deputado Distrital

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Documento assinado eletronicamente por ROOSEVELT VILELA PIRES - Matr. Nº 00141, Deputado(a)
Distrital, em 04/05/2022, às 14:00:22 , conforme Ato do Vice-Presidente e da Terceira Secretária nº 02,
de 2020, publicado no Diário da Câmara Legislativa do Distrito Federal nº 284, de 27 de novembo de
2020.

A autenticidade do documento pode ser conferida no site


https://ple.cl.df.gov.br/#/autenticidade
Código Verificador: 40411 , Código CRC: b221cdf5

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