Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Habitação
na área central
Relatório final
setembro de 2001
Vereadores
Nabil Bonduki, presidente
Ana Martins
José Laurindo de Oliveira
Marcos Zerbini
Ricardo Montoro Câmara Municipal de São Paulo
Apresentação
Este relatório sintetiza os trabalhos desenvol- mos entregá-lo, já impresso, na solenidade de en-
vidos pela Comissão de Estudos sobre Habitação na cerramento.
Área Central, proposta e presidida pelo Vereador A diretriz para produção do relatório foi retra-
Nabil Bonduki (PT) e composta pelos vereadores tar com fidelidade o desenvolvimento dos traba-
Ana Martins (PCdoB), José Laurindo (PT), Marcos lhos da Comissão, preservando a diversidade das
Zerbini (PSDB) e Ricardo Montoro (PSDB). apresentações, colocadas na primeira ou na tercei-
Essa Comissão de Estudos foi constituída com ra pessoa.
o objetivo de analisar a situação da área consolida- O relatório final pretendeu também contribuir
da da cidade, em particular seu esvaziamento eco- para a sistematização de diferentes informações e
nômico, imobiliário e populacional, e propor opiniões sobre o centro, disponibilizando-as aos
medidas para incrementar o uso habitacional na diversos setores da sociedade que nela convivem.
região, em particular no que se refere à moradia de O relatório inicia com um texto elaborado pelo
interesse social. presidente e sua assessoria, base da sua exposição
Esta atividade insere-se numa nova perspectiva na primeira sessão, que apresenta as razões que
de atuação da Câmara Municipal de São Paulo, levaram a propor uma comissão de estudos com
possível a partir da renovação provocada pelo este tema e um diagnóstico da área central, parti-
resultado das eleições do ano passado, como um cularmente no que se refere à sua situação habita-
fórum de debates dos problemas da cidade e da cional.
busca de alternativas para superá-los. A seguir, são apresentadas as sínteses das várias
A programação da Comissão foi elaborada sessões, a partir da transcrição do conteúdo das
num processo amplo de consulta, para garantir um palestras e dos debates, textos que submetemos à
tratamento abrangente do tema, congregando os revisão dos palestrantes. As diversas manifestações
principais interlocutores e segmentos sociais e do publico não foram revistas por eles pelas difi-
políticos envolvidos com a questão. culdades de contatá-los em tempo hábil.
Nesse sentido, convidamos representantes do O relatório apresenta dois documentos elabo-
poder público municipal, estadual e federal, do rados com o objetivo de uma maior aproximação
setor imobiliário, dos movimentos sociais, das com a realidade diária das ocupações. Um, elabo-
organizações não-governamentais e ainda técnicos rado pelo DCE da USP, a partir de entrevistas e
e professores universitários para contribuírem no outro, apresentando fichas-resumo que retratam o
aprofundamento da discussão do tema e na procu- conjunto das ocupações.
ra de alternativas de solução para o problema. Finalmente, reunimos as conclusões e reco-
Após um período preparatório, a Comissão foi mendações apresentadas ao longo dos trabalhos,
instalada em junho de 2001 e desenvolveu seus acrescidas das sugestões dos participantes acolhi-
trabalhos em sete sessões públicas com ampla das pela Comissão. Estão anexados, também, al-
participação, de inúmeras pessoas e entidades. guns dos projetos elaborados para habitação de
Além das sessões realizadas na Câmara Muni- interesse social que foram expostos durante os
cipal, a Comissão realizou reuniões internas entre debates.
vereadores e seus assessores e promoveu, em con- Esperamos que os resultados desta Comissão,
junto com o DCE da Universidade de São Paulo, apresentados neste relatório, possam contribuir para
uma visita a vários prédios ocupados, onde pôde o Plano Reconstruir o Centro apresentado pela
constatar, in loco, as péssimas condições de mora- Administração Municipal e para a revisão da legisla-
dia e, ao mesmo tempo, a grande mobilização e ção, a ser debatida na Câmara Municipal na perspec-
capacidade de organização dos movimentos de tiva de estimular a produção de habitação digna na
moradia, no enfrentamento do problema da habi- área central, construindo uma cidade menos segrega-
tação na área central. da e de um centro sem exclusão social.
Cumpre esclarecer que, para elaboração deste
relatório, não pudemos contar com as transcrições
que normalmente são feitas pelo Setor de Taqui-
grafia da Câmara, em razão do excesso de trabalho Vereador Nabil Bonduki
gerado pela realização simultânea de cinco Comis- Presidente
sões Parlamentares de Inquérito. Assim, tanto as São Paulo, setembro de 2001
transcrições como as sínteses foram realizadas em
curto espaço de tempo pela assessoria do gabinete
do presidente da Comissão, uma vez que decidi-
O nosso objetivo ao propor esta Comissão foi Desde a intervenção urbana do começo do
repensar a habitação no centro como parte da século XX, quando nos anos 10 a administração
reconstrução da cidade proposta pela atual admi- do Barão de Duprat, sob a coordenação do
nistração municipal. A perspectiva que defende- engenheiro Vítor da Silva Freire, abriu a Praça da
mos busca romper a segregação urbana hoje Sé, o Parque do Anhangabaú e alargou várias ruas
presente na cidade, do ponto de vista social ou na antiga cidade colonial, passando pelas grandes
funcional. A política, ou melhor, a prática urbana obras dos anos 40, quando o prefeito Prestes Maia
implementada em São Paulo, desde o começo do implantou o Plano de Avenidas, até intervenções
século, foi sendo estruturada numa perspectiva de mais recentes, como a criminosa derrubada do
segregar e de criar zonas social e funcionalmente casario da rua Assembléia/Jandaia, realizada pelo
separadas. Isso vem trazendo um conjunto enor- prefeito Jânio Quadros em 1987, sempre a renova-
me de problemas para a cidade. Um deles é a de- ção e o embelezamento do centro se processou
seconomia urbana, ou seja, a excessiva necessidade expulsando a população de baixa renda, que vivia
de deslocamento casa-trabalho, aspecto que se precariamente em cortiços nesta região, sempre
tenta romper quando se propõe habitação nas com o argumento de recuperar áreas deterioradas.
zonas centrais, região fortemente polarizadora de Assim, enfrentar o problema da deterioração do
emprego, mas que nas últimas décadas vem centro sempre se deu sem a preocupação de man-
perdendo população de modo acelerado. ter essa população na região, em condições dignas
As vantagens de uma cidade menos segregada de moradia. A opção sempre foi excluí-los dos
são muitas. Em primeiro lugar, podemos reduzir benefícios de morar perto. Então, habitação popu-
os deslocamentos, portanto, reduzir custos e o lar no centro virou sinônimo de cortiço, de preca-
desgaste da população ao circular da casa para o riedade e de anomalia. No entanto, as pessoas
trabalho, problema quotidiano da maioria da po- pagam, e pagam muito, para viver mal, porque
pulação urbana. Aproximar moradia e trabalho é precisam morar próximo do trabalho e dos equi-
um objetivo fundamental e precisamos romper a pamentos sociais. É por isso que esse ciclo de
tradição de que habitação social tem que estar na precariedade e expulsão se repetiu e se reproduziu
periferia. Ou seja, trabalhar na perspectiva de uma ao longo de todo o século XX.
cidade mais equilibrada, com habitação e trabalho A partir dos anos 80, a tendência já existente de
em todas as regiões. Dessa maneira, uma megaló- desvalorização da área central se agravou. O sur-
pole com 17 milhões de habitantes pode se tornar gimento de novos pólos, caracterizados como
viável e funcionar de uma maneira mais integrada centros de negócios, geraram “novas centralida-
e com melhor qualidade de vida. des” e atraíram empresas e escritórios, que aban-
Portanto, quando falarmos da possibilidade de donam a região central. O resultado foi um
recuperação da área central, ao longo dos traba- processo de esvaziamento imobiliário, gerando
lhos desta Comissão de Estudo, o fundamental é muitos prédios vazios e escritórios ou salas para
recuperar o centro sem repetir processos históri- alugar. Isto não significa que o centro perdeu vi-
cos de exclusão que têm acontecido na cidade de da:. Ele continuou sendo o principal pólo gerador
São Paulo. Isso porque, ao observar a história da de empregos na cidade, apresentando grande ativi-
cidade de São Paulo, vamos constatar que as inter- dade, embora a desvalorização imobiliária tenha
venções urbanas feitas na cidade, em especial nas sido notável. Crescentemente abandonada pelo
áreas centrais, ao longo do século XX, foram, em comércio e serviços mais nobres, a região passou a
geral, renovações que geraram exclusão, ou seja, se caracterizar como uma área popular, fortemente
renovações que se fizeram excluindo a população ocupada pelo comércio ambulante. Apesar desse
de baixa renda como se deterioração fosse sinôni- processo de popularização, o comércio especiali-
mo, ou conseqüência do fato de gente pobre mo- zado continuou presente em setores específicos,
rar nesses lugares. como a 25 de março e a Santa Ifigênia.
Pela tabela acima, percebe-se a relação entre as chamado centro histórico, formado pelos distritos Sé
unidades produzidas pelo poder público no centro e e República, mas com o conjunto de dez distritos
as produzidas em outras regiões da cidade. É impor- que formam a Regional da Sé, os chamados bairros
tante notar que, justamente nas periferias mais dis- centrais, que incluem outros oito distritos: Consola-
tantes, no caso, a chamada Leste 2, está a Cohab ção, Santa Cecília, Bom Retiro, Pari, Brás, Cambuci,
Tiradentes. Nesse modelo de crescimento urbano Liberdade, Bela Vista. Estes distritos formam um
baseado no loteamento clandestino e na autocons- anel de bairros de uso misto que circundam o centro.
trução, a cidade tem deixado para trás centenas de Alguns são antigas áreas de uso misto com predomi-
imóveis e terrenos ociosos em suas áreas consolida- nância industrial; outros apresentam algum comércio
das bem como inúmeras unidades habitacionais ou serviços especializados ou então estão deteriora-
vazias. Áreas atualmente deterioradas que possuem dos, como os bairros do Brás, Pari, Santa Efigênia,
infra-estrutura implantada, amortizada e ociosa, além Barra Funda, Canindé e certos trechos da Moóca,
de se localizarem em regiões providas de equipamen- Cambuci, Bela Vista e Belém.
tos e serviços públicos, com oportunidades de traba- Poderíamos ainda ampliar a conceituação da
lho. A valorização imobiliária de outras regiões da área central incluindo um conjunto de bairros
cidade, do chamado vetor de expansão sudoeste, urbanizados e consolidados, que têm infra-
trouxe ganhos ao mercado imobiliário que, concomi- estrutura e polarizam o emprego na cidade, que
tante ao processo de popularização das áreas cen- significa muito mais do que estes dez distritos que
trais, contribuiu para o esvaziamento populacional compõem a Regional da Sé. Por exemplo, pode-
do centro. Como colocam, entre outros autores, mos considerar como integrantes da área central
Flávio Villaça e Ermínia Maricato, a lógica econômi- os distritos que estão ao longo da chamada orla
ca da apropriação da renda fundiária desenha a ex- ferroviária, muito bem servidos de transporte co-
pansão da cidade na direção de novos centros letivo, infra-estrutura e equipamentos e que con-
urbanos, descartando os anteriores. centram grande número de empregos.
De uma certa forma, todos os bairros consoli-
O que se entende por área central dados da cidade são, em algum sentido, objeto de
interesse desta Comissão, uma vez que estamos
É necessário, inicialmente, definir o que esta Co- buscando mecanismos e instrumentos que viabili-
missão está considerando como áreas centrais. Na zem a produção de habitação na área urbanizada
verdade, não estamos nos restringindo apenas ao da cidade, rompendo com a tradição de que habi-
Região População
A perda populacional no Centro, em função da mais a situação da área central: Pari apresenta 53,2
área relativamente pequena, resultou numa drástica habitantes por hectare, Bom Retiro, 69,5 hab/ha e o
queda de densidade populacional na região. Em 1980 Brás, 76,2 hab/ha. Já distritos periféricos, como
a densidade populacional no centro era cerca de três Sapopemba, na zona leste da capital, e Itaim Paulista,
vezes a densidade média do município, caindo para possuem respectivamente 188,8 e 150,6 habitantes
apenas uma vez e meia no ano 2000. A questão da por hectare.
densidade populacional ajuda a exemplificar ainda
A observação do mapa 1 ajuda a visualizar este são os que perderam mais população. Vê-se que
processo de esvaziamento e a evolução da popula- todos os dez distritos centrais perdem moradores,
ção em toda a cidade, no período de 1980 a 2000, mas não só eles: todos os distritos incluídos na
identificando uma realidade concreta: onde a cida- área consolidada da cidade, melhor localizados e
de está consolidada e bem servida de infra- urbanizados, estão perdendo população, destacan-
estrutura, a população decresce; onde predomina a do-se os da zona sudoeste. Já os distritos de cor
precariedade, a população cresce. Os distritos amarela e vermelha estão ganhando população, o
identificados no mapa pela cor verde mais escura que ocorre nas áreas mais periféricas da cidade.
Vereadora Ana Martins (PCdoB); Vereador José Laurindo de Oliveira (PT); Vereador Marcos Zerbini
(PSDB); Vereador Nabil Bonduki (PT); Vereador Ricardo Montoro (PSDB); Paulo Teixeira,
Secretário de Habitação e Desenvolvimento Urbano da Prefeitura do Município de São Paulo –
SEHAB/PMSP; Marco Antonio Ramos de Almeida, Presidente da Diretoria Executiva da Associação
Viva o Centro; Evaniza Rodrigues, Coordenadora da União dos Movimentos de Moradia - UMM;
Ricardo Schumann, Presidente da Companhia Metropolitana de Habitação de São Paulo – COHAB/SP;
Clara Ant, Administradora Regional da Sé; Solange Carvalho, representante do MSTC, Movimento de
Sem Terra do Centro; Luiz Gonzaga da Silva (Gegê), representante do MMC, Movimento de Moradia
do Centro; Sueli Lima, representante do Fórum de Cortiços; Sidnei Antônio Eusébio, representante da
ULC, Unificação das Lutas de Cortiço.
Esta comissão foi proposta com o intuito de Sem dúvida, a questão da revitalização do cen-
analisar o esvaziamento econômico e imobiliário tro passa pela questão da habitação. Nós temos
da área central. Nos últimos anos, a população de muito que aprender com essa comissão.
baixa renda tem procurado colocar a questão da
área central como enfoque principal de suas rei- Vereadora Ana Martins
vindicações. É de conhecimento de todos que, nos
últimos três anos, cerca de 20 edifícios foram ocu- A comissão de estudo sobre habitação é muito
pados nesta região e que a resolução deste pro- importante e será um grande desafio. Ela nos aju-
blema começa apenas a ser resolvida agora pela dará a construir alternativas possíveis e necessárias
administração municipal. para revitalização do centro, sem aumentar o pro-
Para enfocarmos a atual problemática do centro, cesso de exclusão dos mais pobres e dos setores
sete sessões estão programadas. Ao final dos traba- médios, que hoje vêm sentindo cada vez mais o
lhos será apresentado um relatório com propostas e agravamento da crise econômica.
sugestões, tanto no que diz respeito à revisão da Nós não podemos mais tratar as questões pon-
legislação bem como a outras iniciativas. tualmente, precisamos definir qual a política urba-
na que esta cidade deverá elaborar e aplicar. Pensar
Vereador José Laurindo de Oliveira o centro deve ser somado ao que queremos definir
como vocação para a cidade de São Paulo.
Acredito que esta comissão seja uma oportuni- Eu queria destacar algumas questões importan-
dade para a realização de um estudo aprofundado tes que esta comissão irá abordar.
sobre a potencialidade da área central. São Paulo A primeira questão é que somente com compe-
presenciou um crescimento vertiginoso na perife- tência, capacidade e sensibilidade social enfrenta-
ria. Em contrapartida, esta cidade teve um esvazi- remos as novas realidades que a cidade vive hoje.
amento econômico, financeiro, social e político no O centro vive aspectos de uma realidade que não
centro e nos bairros centrais desde os anos 70. Os existia há 30 ou 40 anos. Nós temos, portanto, que
bairros do centro tiveram um crescente empobre- analisar as razões do esvaziamento do centro, de
cimento, tornando-se desinteressante para as ativi- 20% nos últimos dez anos. Temos, também, que
dades econômicas. Hoje temos um centro analisar como novos fatores ajudam a refletir sobre
esvaziado economicamente que não desperta inte- como repensar o centro.
resse a não ser aos excluídos que lutam para ter A segunda questão que eu queria destacar é a
um espaço para morar. seguinte: se existe um processo de exclusão arbi-
Não se viu nos últimos governos municipais trário do capitalismo, nós queremos algo contrário,
uma perspectiva de recuperação desta área. Esse que inclua os mais pobres e o setor médio. Deve-
momento, é um marco importante para podermos se, portanto, pensar sobretudo em ouvir os movi-
juntos achar as saídas e a perspectiva de revalori- mentos populares. Nossa visão deverá ser humana,
zação do centro. social e politicamente transformadora.
Outra questão que eu gostaria de apresentar é
que estamos aqui na Câmara recuperando o papel
Marco Antonio Ramos de Almeida – Como já Vereador Nabil Bonduki – Acredito que devíamos
apresentei, precisamos crescer para dentro em vez de ter um plano de habitação para a cidade São Paulo,
crescer para fora, para o centro e não para as perife- com a participação da COHAB, do CDHU e da
rias. A área urbana da cidade de São Paulo tem 1.000 Caixa Econômica Federal, para que, desta maneira,
km2, e, ela é uma das cidades menos densas do mun- possamos juntos responder a demanda existente,
do. Há erros estruturais nesta questão. O grande erro garantindo moradia digna a toda população.
é a lei do zoneamento. A maior parte da cidade tem
um coeficiente de zoneamento 1 ou 2. Se a indústria Luiz Gonzaga da Silva (Gegê) – Parceria sem a
da construção planeja-se construir 1 milhão de m2, participação do povo é exclusão. Na parceria ou o
precisar-se-ia meio milhão de m2 de terrenos. É evi- povo esta presente ou ela é excludente. Não adian-
dente que esse fator jogaria o preço de terreno para ta ter parceria com o BID e ele impor o que ele
cima e empurraria as populações para os mananciais. quer para nós. Nós queremos parceria com parti-
O problema é que a lei de zoneamento existe há 23 cipação popular.
anos e até hoje não foi alterada. Se em vez de o coe- Da mesma maneira gestão pública sem partici-
ficiente ser 2 ele fosse 4, em vez de precisar meio pação da população não pode. A população deve
milhão de m2 seriam necessários 250 mil metros. discutir o que necessita ser investido na habitação,
Com esse novo fator a especulação imobiliária seria na saúde, na infra-estrutura. Esta é a política públi-
menor e o preço cairia pela metade. Além disso, na ca que o movimento de moradia quer discutir com
hora de dividir o custo deste terreno no empreendi- o poder público. Se este não tiver coragem de
mento, em vez de dividir por x habitações, este seria discutir conosco ela deixa de ser pública, ela é uma
dividido por 2x, o que faria com que o preço caísse política pública unicamente do poder público.
ainda mais para baixo. Analisando o centro constata-
remos que o coeficiente é muito baixo e que seria
Mesa
Vereadora Ana Martins (PCdoB); Vereador José Laurindo de Oliveira (PT); Vereador Marcos
Zerbini (PSDB); Vereador Nabil Bonduki (PT); Vereador Ricardo Montoro (PSDB); Cláudio
Manetti, Empresa Metropolitana de Urbanização da Prefeitura do Município de São Paulo –
EMURB/PMSP; Sarah Feldman, professora do Departamento de Arquitetura da Escola de Engenharia
de São Carlos da Universidade de São Paulo; Demetre Anastassakis, Invento Espaços; Evaniza
Rodrigues, representante da União dos Movimentos de Moradia – UMM; Maria Cristina Schicchi,
Fórum Centro Vivo; Marta Ferreira Santos Farah, professora da Fundação Getúlio Vargas – FGV.
Evaniza Rodrigues, Cláudio Manetti, Anastassakis, Ricardo Montoro, Nabil Bonduki, Sarah Feldman, Marcos Zerbini, José Laurindo
Vereadora Ana Martins (PCdoB); Vereador José Laurindo de Oliveira (PT); Vereador Ricardo
Montoro (PSDB); Vereador Nabil Bonduki (PT); Silvia Maria Schor, professora do Departamento de
Economia da FEA/USP e pesquisadora na FIPE; Verônica Kroll, representante do Fórum de Cortiços;
Maria Jaira Coelho Andrade, representante do MSTC, Movimento de Moradia Sem-Teto do Centro;
Sidnei Antônio Euzébio, representante da ULC, Unificação das Lutas de Cortiços; Luiz Gonzaga da
Silva (Gegê), representante do MMC, Movimento de Moradia do Centro; Penha Elizabeth Pacca,
assessora da vereadora Ana Martins.
na região central
Presidente Wilson
Pirineus (1998)
labhab gfau
Mariana Fix
Paulino Guimarães
Abolição
M. Fix
M. Fix
Brigadeiro Tobias
Ângela Amaral
Ouvidor
21 de Abril
Ana Cintra
Ângela Amaral
M. Fix
Sumário
Introdução 52
Casarão Santos Dumont 56
Pirineus 57
9 de Julho 58
Rua do Ouvidor 59
Floriano Peixoto 60
Ana Cintra 61
Hospital da 21 de abril 62
Paulino Guimarães 63
Abolição 64
Brigadeiro Tobias 65
Celso Garcia (Banespa) 66
Semab 67
Acampamento da Presidente Wilson 68
Alojamento Escola Manchester/Tamaindé 69
Rua Sólon 69
Cortiço do Cinema da Moóca 70
Fábrica da Pompéia 71
Joaquim Murtinho 72
Baronesa 72
Siglas utilizadas
MMC (Movimento de Moradia do Centro)
ULC (Unificação das Lutas de Cortiços)
MSTC (Movimento Sem-Teto do Centro)
UMM (União dos Movimentos de Moradia)
MSTRC (Movimento Sem-Teto da Região Central)
CEF (Caixa Econômica Federal)
PAR (Programa de Arrendamento Residencial)
PAC (Programa de Atuação em Cortiços)
CDHU (Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano do Estado de São Paulo)
SEHAB-PMSP (Secretaria de Habitação e Desenvolvimento Urbano da Prefeitura do Município de São Paulo)
HABI (Superintendência de Habitação Popular da SEHAB-PMSP)
LABHAB (Laboratório de Habitação e Assentamentos Humanos da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da USP)
USP (Universidade de São Paulo)
FAUUSP (Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da USP)
CPOS (Companhia Paulista de Obras e Serviços)
FEPASA (Ferrovia Paulista Sociedade Anônima)
IPTU (Imposto Predial e Territorial Urbano)
INSS (Instituo Nacional de Seguridade Social)
INAMPS (Instituto Nacional de Assistência Médica e Previdência Social)
REFER (Fundação Ferroviária de Seguridade Social)
ADM (Associação em Defesa da Moradia)
M. Luiza L. Martinelli
entrada da ocupação na rua do Ouvidor ocupação na rua 21 de Abril Portaria da ULC
M. Luiza L. Martinelli
ocupação na rua Ana Cintra: debate realizado durante a visita no dia 30 de junho
Rua Sólon
Baronesa
Vereadora Ana Martins (PCdoB); Vereador José Laurindo de Oliveira (PT); Vereador Nabil Bonduki
(PT); Vereador Ricardo Montoro (PSDB); Paulo Galli, Gerente de Apoio ao Desenvolvimento Urbano
no Estado de São Paulo da Caixa Econômica Federal; Helene Afanasieff, Superintendente de Gestão do
Programa de Atuação em Cortiços – PAC, da Companhia do Desenvolvimento Habitacional e Urbano do
Estado de São Paulo – CDHU; Helena Menna Barreto Silva, Vice-Presidente da Coordenadoria de
Programas de Reabilitação da Área Central – PROCENTRO, representando o Secretário de Habitação e
Desenvolvimento Urbano da Prefeitura do Município de São Paulo, Paulo Teixeira; Erminia Maricato,
professora da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo.
Paulo Galli Caixa, tanto que além desse primeiro projeto, en-
tregue agora, já se tem mais duas obras contrata-
Paulo Galli iniciou sua exposição afirmando a das, uma terceira a ser proximamente contratada e
existência de uma determinação, uma vontade mais cinco projetos em andamento, que têm como
política de viabilizar habitação no centro de São objetivo a transformação de imóveis comerciais
Paulo. Apresentou as tentativas da Caixa Econô- em habitação popular.
mica Federal de investir através de produtos de O primeiro projeto entregue é o Fernão Sales,
que já dispõem e a partir de um trabalho conjunto na rua Fernão Sales esquina com a rua 25 de Mar-
com a Prefeitura de São Paulo para identificar ço, na região do Mercado Central, onde foram
investimentos que poderiam ser feitos. utilizados recursos do PAR. O PAR, para muitos,
Foi possível discutir seriamente este processo é a esperança de uma residência melhor, um con-
no seminário realizado em agosto de 2000 “Habi- ceito novo. Com ele, a Caixa pretende fazer a re-
tação no Centro de São Paulo – Como viabilizar cuperação de cortiços e favelas. Nas áreas centrais,
esta idéia?”, proposto por Ermínia Maricato e ele basicamente será conduzido junto com os mo-
Helena M. Barreto Silva. vimentos sem-teto e moradores de cortiços e fave-
Dentro das propostas de revitalização de al- las, com a intenção de não afastar o morador de
guns centros urbanos e de áreas degradadas, en- onde ele está ocupando, para que ele passe a mo-
contram-se Olinda e Salvador/Pelourinho (água, rar na região em que ele vive.
esgoto, drenagem e iluminação pública) na década Foi mostrado também o edifício da rua Maria
de 80, e outros mais recentes. Paula, com 75 unidades que vão ser reformadas
Galli apresentou algumas experiências de reabi- nos próximos meses, mediante contratação com o
litação de centros urbanos: São Luiz, Salvador, Rio movimento de moradia.
de Janeiro e São Paulo: Um projeto importante, em análise, é a requali-
Salvador – transformação “ruínas e cascas”, ficação do quadrilátero da Sé. 90% dos imóveis no
estudo em andamento para reabilitação de imóveis quarteirão são propriedade da Caixa, que está ana-
em moradias, convênio de cooperação técnica lisando e brevemente poderá contemplar parte dos
Caixa, Governo do Estado e IPHAN, e revitaliza- prédios para moradia, no programa PAR, e o res-
ção da área do comércio, em negociação convênio tante das unidades requalificadas para uso da Cai-
Caixa e Prefeitura; xa, e provavelmente um Centro de Cultura. Tudo
São Luiz – em estudo, imóveis desocupados isso tem sido discutido com vários técnicos da
pertencentes ao Estado serão transformados em Prefeitura, com o Procentro e, brevemente, será
habitação popular; viabilizada a proposta de revitalização de todo o
São Paulo – numa primeira experiência realiza- quadrilátero.
da, destacou o fato inédito, para a Caixa, um ban- No programa Monumenta BID, a Caixa foi se-
co público: trabalho com movimentos organizados lecionada como agente financeiro e vai atuar em
de sem-teto, relação direta com o movimento Há três questões cruciais para o entendimento do
como um ator capaz de propor soluções para o problema da moradia na área central da cidade de
próprio problema, relação enriquecedora com a São Paulo. A primeira diz respeito ao número de
participação do movimento e de assessoria técnica. moradias necessárias para atender a população
Descreveu o processo como muito discutido e moradora em cortiços, enfatizando a magnitude da
interessante com um resultado animador para a oferta necessária e os custos envolvidos. O segun-
Vereador José Laurindo de Oliveira (PT); Vereador Nabil Bonduki (PT); Vereador Ricardo Montoro
(PSDB); Eduardo Della Manna, Sindicato das Empresas de Compra, Venda, Locação e Administração
de Imóveis Residenciais e Comerciais de São Paulo – SECOVI –; Ayrton Franco Santiago,
Superintendente da Rede Ferroviária Federal em São Paulo; Joel Felipe, Ação Direta Assessoria Técnica;
Helena Menna Barreto Silva, Vice-Presidente da Coordenadoria de Programas de Reabilitação da Área
Central – PROCENTRO – da Secretaria de Habitação e Desenvolvimento Urbano da Prefeitura do
Município de São Paulo – SEHAB/PMSP; Rosana Miranda, assessora da Federação das Associações
Comunitárias de São Paulo – FACESP; Miguel Reis Afonso, representante da União de Movimentos de
Moradia – UMM; Raquel Rolnik, professora da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da PUC de
Campinas e pesquisadora do Instituto Pólis.
Vereadora Ana Martins (PCdoB); Vereador José Laurindo de Oliveira (PT); Vereador Nabil Bonduki
(PT); Vereador Ricardo Montoro (PSDB); Claudio Bernardes, Conselho Consultivo da Construtora
Ingai Incorporadora S/A, Bruno Sandin; Caixa Econômica Federal; Manoel Rodríguez Alves,
professor da Escola de Engenharia de São Carlos e coordenador da Assessoria Técnica Fábrica Urbana;
Leila Diegoli, Diretora do Departamento de Patrimônio Histórico – DPH – da Secretaria Municipal de
Cultura; Luiz Kohara, Assessor da Superintendência de Habitação Popular – HABI – e Paula Maria
Motta Lara, Diretora de Departamento de Aprovação – APROV – da Secretaria de Habitação e
Desenvolvimento Urbano da Prefeitura do Município de São Paulo – SEHAB/PMSP.
Suzi Chispita, Centro do Trabalhador para a De- Joaquim, morador do centro – Perguntou se o
fesa da Terra Paulo Canarim, Guarulhos – Solici- Legislativo e o Executivo não podem intervir no
tou informações sobre o funcionamento das cartas funcionamento dos cortiços, exigindo das pessoas
de crédito da CEF, da proposta de aluguel social que lá usufruem, os locadores, melhorem as con-
da Prefeitura, a quem é destinado e como funcio- dições de vida das pessoas que pagam o aluguel, já
na. A recuperação do Centro não poderia também que este é muito caro. Lembrou que quando Jânio
passar por outros usos e classes? Destacou suas Quadros foi Prefeito, exigia que os bares melho-
preocupações, com a inclusão da população de rassem os banheiros públicos, o que para ele, fun-
baixa renda no centro como moradores da região, cionou devido ao uso de multas e intimações.
mas sem uma “inclusão social” e que poderia Acha que os bancos públicos no Brasil, como a
haver conflitos junto às classes mais abastadas que Caixa Econômica Federal e o Banco do Brasil,
já habitam a região. Falou do preconceito que a devem trabalhar no mercado, mas também com a
população de baixa renda que mora no centro so- parte social.
fre, e perguntou o que a mesa pensava a esse res- Um alerta para a questão da saúde nos corti-
peito, se existia também uma preocupação dos ços. Eu morava em um quartinho na rua Conse-
responsáveis desse projeto no sentido de incluí-los lheiro Carrão, vivia com problemas de saúde,
também socialmente, com maior educação, cultu- pneumonia, problemas respiratórios, devido à u-
ra, conjuntamente com os projetos habitacionais. midade. Quando eu comecei a me esclarecer, sa-
ber que eu poderia cobrar até na justiça aquela
Leonardo Pessina, CAAP (Centro de Apoio à minha doença, aí eu fui para cima. Fui então para
Autogestão Popular) – A Prefeitura tem que ousar uma pensão na rua Almirante Marquês Leão, onde
em matéria de legislação urbana e é preciso haver tinha 22 rapazes numa casa de três quartos em
uma forte intervenção nesse campo. Há exemplos cima e três embaixo e dois banheiros, muito cara e
no mundo inteiro, em várias cidades da América em condições muito ruins. Então eles se organiza-
Latina e espero que dessa Comissão saiam conclu- ram e melhoraram as condições de vida, reduzin-
sões no sentido de se orientar para ZEIS ou a do o atravessador e melhorando a situação para
AEIS na área central e que permitam que nós não todo mundo. Se as pessoas se organizarem acham
façamos Puerto Madeiros ou esses outros tipos de formas de intervir, inclusive se os vereadores se
intervenções que excluem a população pobre. unirem com a Prefeita que tem poder e com os
Sobre a reciclagem, há pouca cultura no Brasil órgãos daria para fazer coisas para contemplar
neste sentido mas, observando-se os casos de Bu- muita gente.
Esta sessão não estava prevista no programa inicial e foi resultado dos desdobramentos dos debates de sessões ante-
riores sobre programas sociais na área central. Além do programa Morar Perto e dos projetos sociais e moradia na
área central, foi feita também uma apresentação e discussão preliminar das conclusões dos trabalhos da Comissão de
Estudos, pelo Vereador Nabil Bonduki, presidente da Comissão. O resultado dessa discussão preliminar compõe as
conclusões do presente relatório.
Vereadora Ana Martins (PCdoB); Vereador José Laurindo de Oliveira (PT); Vereador Nabil Bonduki
(PT); Vereador Ricardo Montoro (PSDB); Ricardo Gaboni, Assessoria Técnica Ambiente; Armelindo
Passoni, assessor do Secretário do Desenvolvimento, Trabalho e Solidariedade da Prefeitura do Municí-
pio de São Paulo; Regina Oliveira, Centro Gaspar Garcia de Direitos Humanos.
Iniciou sua apresentação esclarecendo que o tra- A questão mais importante desse trabalho é a
balho foi feito por diversas assessorias técnicas, enti- proposta conjunta que se conseguiu articular e
dades e movimentos que atuam no centro. São eles: discutir com todos os integrantes estabelecendo
uma posição única entre esses atores. A região da
Assessorias Técnicas Multidisciplinares: proposta compreende os distritos de Freguesia do
AD, Assessoria em Habitação aos Movimentos Ó, Limão, Casa Verde, Belém, Tatuapé, Moóca,
Populares Ipiranga, Vila Mariana, Barra Funda e todos os
Ambiente, Trabalhos para o Meio Habitado distritos compreendidos na Administração Regio-
APROCOHAB, Assessoria Pró-Cooperativas nal da Sé: Sé, República, Santa Cecília, Brás, Bela
Habitacionais Vista, Consolação, Cambuci, Pari, Liberdade e
CAAP, Centro de Assessoria à Autogestão Popular Santa Ifigênia.
Centro Gaspar Garcia de Direitos Humanos A situação da população que mora no centro e
Fábrica Urbana no centro expandido é bastante precária. A situa-
Integra, Cooperativa de Trabalhos Interdisciplinar ção urbana também demonstra certo abandono,
João de Barro Arquitetura com fábricas desativadas, terrenos vazios, imóveis
Norte Assessoria à venda há bastante tempo... Todos os distritos
Passo Assessoria para Ações Sociais objeto da proposta fizeram parte da discussão com
Peabiru, Trabalhos Ambientais e Comunitários os quatro movimentos de moradia e, em um pri-
Projeto Metuia meiro momento, alguns deles não fizeram parte da
Usina, Centro de Trabalhos para o Ambiente Habitado proposta, mas foram incluídos porque existe um
Politécnico di Torino trabalho desses movimentos além de serem distri-
tos com infra-estrutura consolidada. Percebe-se
Promoção e elaboração: também que a densidade habitacional é maior na
UMM – União dos Movimentos de Moradia periferia do que nas áreas centrais.
Fórum dos Cortiços e Sem Tetos de São Paulo Os dados de densidade utilizados para orientar
MMC – Movimento de Moradia do Centro o trabalho trazem informações impressionantes. A
MSTC – Movimento Sem Terra do Centro densidade habitacional do Pari é de 53,2 hab/ha, a
ULC – Unificação das Lutas de Cortiços do Brás, 76,2 hab/ha, já a densidade de distritos
periféricos como os de Sapopemba é de 188,8
Redação e apresentação gráfica (na primeira fase): hab/ha e a do Itaim Paulista, 150,6 hab/ha.Já os
AD Assessoria em Habitação aos Movimentos dados de uma pesquisa encomendada pela prefei-
Populares tura sobre Cortiços mostram que a população
Integra Cooperativa de Trabalhos Interdisciplinar encortiçada em São Paulo era de 600 mil habitan-
tes, segundo o levantamento de 1994. É preciso
§ Estatuto da Cidade (referência geral); § Delimitar no Plano Diretor e leis dele decor-
§ Plano Diretor (PD) e leis específicas dele rentes as áreas que não cumpram a função so-
decorrente; cial da propriedade, considerando que na área
§ Lei de Zoneamento; central todo terreno deve ser utilizado, com
§ Zoneamento Industrial Estadual (ZUPI) adensamento compatível com a acessibilidade
§ Operação Urbana Centro; da região e a presença de equipamentos e in-
§ Plano Regional do Centro; fra-estrutura. Neste sentido, devem ser consi-
§ Leis específicas de concessão de áreas públicas. deradas áreas que não cumprem a função
social, ficando, portanto, sujeitas às penalida-
1.2 . Diretrizes: des estipuladas no Estatuto da Cidade, como
edificação e utilização compulsórias, IPTU
§ Incorporar no Plano Diretor e leis dele decor- progressivo no tempo e desapropriação com
rentes, os instrumentos de reforma urbana títulos de dívida pública, os imóveis localiza-
previsto no Estatuto da Cidade para fazer va- dos na área central que apresentem algumas
ler a função social da propriedade, de modo a das seguintes características:
combater a manutenção de terras e imóveis § terrenos ou eventualmente glebas, se
vazios, ociosos e subutilizados, de caráter es- houver, totalmente desocupados;
peculativo ou não, e baratear o preço da terra § terrenos não edificados ocupados por es-
e dos imóveis na região; tacionamentos, em um só nível;
§ Evitar que a recuperação da área central gere § edifícios totalmente desocupados há mais
um processo de valorização imobiliária, de de um ano;
modo a compatibilizá-la com a inclusão soci- § edifícios ou galpões subtilizados;
al e urbana da população de baixa renda que § terrenos ocupados com edifícios ou gal-
habita ou trabalha na região; pões subtilizados.
§ Incrementar o uso habitacional de baixa e
Os imóveis que apresentem interesse cultural ou
média renda na área central e consolidada da
ambiental, a critério dos órgãos responsáveis,
cidade, revertendo o processo de esvaziamen-
devem ser excluídos dessas penalidades. A Sempla,
to populacional e imobiliário da região e cri-
em conjunto com a AR-Sé, num processo que garan-
ando as condições para viabilizar moradia
ta a ampla participação social, deve iniciar imediata-
digna para a população de baixa renda que
mente, a identificação dos imóveis, terrenos e glebas
trabalha na área e que vive em cortiços, ocu-
nestas condições para incluí-los no PD, no Plano
pações ou, ainda, que mora em bairros distan-
Regional do Centro e na lei específica deles decorren-
tes;
tes, conforme determina o Estatuto da Cidade. Esta
§ Aproveitar melhor a infra-estrutura existente
lei deve estimular o prazo de um ano para apresenta-
para diminuir a necessidade de expansão hori-
ção do projeto de ocupação.
zontal da cidade, reduzindo custos e a neces-
sidade de deslocamento na cidade;
§ Alterar a Lei do Zoneamento, objetivando
§ Diminuir diferenças regionais no território
eliminar restrições e ampliar seu coeficiente de
para promover um melhor equilíbrio na loca-
aproveitamento mediante a concessão onerosa
lização das atividades e uma maior equidade
do direito de construir, a ser estabelecida, no
no acesso da população à cidade;
Plano Diretor, Plano Regional ou lei específi-
§ Implementar políticas públicas que democrati-
ca deles decorrentes, como determina o Esta-
zem o acesso aos serviços e equipamentos loca-
tuto da Cidade. A princípio, as zonas que
lizados no centro, em particular os culturais;
prioritariamente devem ser revistas são:
§ Definir uma política de utilização das áreas
§ Z 8-007, que corresponde à zona no en-
públicas, destinando-se algumas áreas de gran-
torno do Metrô Norte-Sul, aproximada-
de dimensão para projetos habitacionais de in-
teresse social; mente entre as estações Luz e Tietê, ao
§ Estimular a criação de empregos na região, longo da Av. Tiradentes entre a Rua
mantendo a função econômica e simbólica do Mauá e a Marginal do Tietê;
centro.