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Maio/Ago 2013 17
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uma enorme capacidade de coordenação para que seja nacional, dando cumprimento a um dos objetivos fun-
bem dirigido. Sob esse prisma, Guy Peters1 defende que damentais da República gravados no art. 3º da Consti-
a boa governança compreende: tuição de 1988.
Este é um dos principais desafios com os quais o
• definição de objetivos coletivos, eleitos de forma TCU pretende se engajar no momento: contribuir para
legítima por uma sociedade; que as instituições públicas tornem-se mais confiáveis e
• coerência entre as políticas públicas e existência capazes de promover o desenvolvimento nacional.
de coordenação entre diferentes atores para sua Que rumos tomar para alcançar esse desenvolvi-
realização; mento? Que ações de governança adotar? “Não há bons
• condições para implementação das políticas pú- ventos para quem não sabe para onde vai”, destacava
blicas, contemplando a capacidade da burocracia Sêneca, ainda no século I. Manter o equilíbrio fiscal, as-
estatal e os arranjos institucionais que propiciam a segurar a estabilidade monetária, investir mais em pes-
atuação conjunta com entes não governamentais; quisa e inovação tecnológica, aumentar substancialmente
• monitoramento e avaliação, que assegurem apren- a qualidade do ensino público, reduzir expressivamente
dizado e aperfeiçoamento contínuos e também as desigualdades sociais e regionais, conferir máxima
criem condições para que haja accountability, en- prioridade ao setor de infraestrutura, com investimentos
volvendo as dimensões de transparência da ação maciços em transporte, energia, telecomunicações, sane-
pública e responsabilização perante a sociedade. amento básico, entre outros, são apenas alguns exemplos
de aspectos-chave para o desenvolvimento e que reque-
Melhorar a governança, com efeito, significa ou- rem especial atenção do controle externo no tocante ao
vir a sociedade, planejar e coordenar melhor e de forma aprimoramento da governança do Estado brasileiro.
coerente, ter estruturas sólidas de controles internos e E como esses objetivos devem ser coordenados
gestão de riscos, além de utilizar indicadores que possam em um ambiente decisório complexo, o qual envolve a
ser mensurados divulgados com total transparência, de gestão de gastos públicos extremamente vultosos, a boa
modo que os resultados alcançados sejam amplamente governança é medida que se impõe. Para que se tenha a
conhecidos e discutidos pela sociedade. dimensão dos gastos públicos que sustentam esses ob-
Ao se ocupar dos aspectos supracitados, as au- jetivos, vale mencionar que, apenas na órbita da União,
ditorias de governança também visam criar condições o orçamento do governo federal brasileiro de 2012, no
para que sejam evitadas ocorrências indesejáveis como montante autorizado de R$ 2,4 trilhões (incluindo rola-
desvios, desperdícios de recursos ou falhas estruturais e gem da dívida), equivale a aproximadamente 50% do
gerenciais que fragilizam a boa e regular aplicação de re- PIB do mesmo ano.
cursos públicos. Busca-se atuar, portanto, no plano das Desse total, foram comprometidos (empenhados),
causas-raízes que dão origem às mais variadas formas de em 2012, R$ 933 bilhões em despesas que financiam a en-
problemas na gestão de recursos públicos, e não apenas trega de bens e serviços à sociedade. Desse valor, R$ 164
no combate a consequências indesejáveis. bilhões (4% do PIB) foram direcionados a investimen-
No Tribunal de Contas da União (TCU), o tema tos, os quais, além de apresentarem valores insuficientes
governança está presente no Plano Estratégico (PET) para às necessidades de crescimento do país, ainda não se
o quinquênio de 2011 a 2015, no qual foi redefinida a mis- materializam no próprio ano da execução orçamentária
são do Tribunal para “Controlar a Administração Pública mediante efetiva entrega de bens e serviços à sociedade
para contribuir com seu aperfeiçoamento em benefício da (liquidação da despesa), dando origem aos chamados
sociedade”. É importante frisar que o PET possibilita que “restos a pagar não processados”, os quais, conforme evi-
todos os servidores da organização passem a “remar no denciados no gráfico a seguir, foram inscritos em valores
mesmo sentido”, gerando forças sinérgicas para o alcance altíssimos em 2012. (Gráfico 1)
dos resultados esperados. Não é por acaso que a existên- Os desafios que cercam os vultosos recursos orça-
cia de um plano estratégico representa uma importante mentários, conforme já assinalado, são múltiplos e de na-
ferramenta de governança. turezas distintas. No que se refere ao ensino público, por
Destaque-se que, ao contribuir para o aprimora- exemplo, é incontestável a urgência de se promover um
mento da governança do Estado, o controle externo tam- salto de qualidade capaz de fomentar não só a igualdade
bém contribui para que a Administração Pública tenha de oportunidades no âmbito nacional como também de
melhores condições de promover o desenvolvimento permitir que os jovens brasileiros tenham condições de
67% 55% 48% 73% 91% 67% 72% 89% 73% 96% 77%
Gráfico 1
Despesas com
investimentos –
52%
liquidadas 2012 X
45%
despesas inscritas 33% 33%
27% 28% 27%
em restos a pagar 23%
não processados 9% 11% 4%
ria
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Se
Or
Despesas Liquidadas Despesas inscritas em restos a pagar não processados
competir com os de outras nações desenvolvidas. Confor- Civil – e Entidades Fiscalizadoras Superiores, no âmbito
me ilustra o Gráfico 1, os desafios nessa área são imensos de um grupo de países selecionados.
e ainda requerem, entre outros fatores, mais crescimento Serão contemplados, nesse estudo, sistemas de pla-
econômico que sustente investimentos ainda mais eleva- nejamento e orçamento público, sistemas de administra-
dos no ensino, em valores absolutos. ção financeira, sistemas de controles internos, sistemas de
Oportuno frisar que, em 2013, a arquitetura orga- gestão de riscos, sistemas de monitoramento e avaliação
nizacional do TCU foi remodelada mediante a criação de de políticas públicas e sistemas de prestação de contas.
quatro coordenações temáticas associadas às principais Com esse recorte, pretende-se ter uma visão se-
áreas de atuação do setor público (social, infraestrutura, letiva e sistêmica das áreas determinantes para a con-
desenvolvimento e serviços essenciais ao Estado). Com solidação de uma Administração Pública estratégica,
mais especialização, cada nova secretaria terá melhores responsável, aberta e ágil, que seja efetivamente indutora
condições de identificar as respectivas situações de risco do desenvolvimento nacional.
e relevância, bem como de compreender os modelos e Afinal, mais que buscar o crescimento econômico, o
os instrumentos de governança que as cercam, contri- que a Nação necessita é zelar pela credibilidade das institui-
buindo para seu aprimoramento. Além disso, passaram ções públicas e encontrar o fio de Ariadne que nos conduza
a ter identidade e foco em sua atuação, concentrando-se, de um desafio a outro e nos permita dar passos seguros à
essencialmente, nas áreas sobre as quais poderão ser pro- frente, conquistando patamares de qualidade de vida da
duzidos relatórios setoriais que servirão de subsídio ao população alcançados por países do primeiro mundo.
Congresso Nacional na aprovação dos planos plurianuais É com essa abordagem que as ações de controle
e dos orçamentos anuais, nos quais são previstos e aloca- voltadas à melhoria da governança se propõem a contri-
dos os recursos necessários ao desenvolvimento nacional. buir para o aperfeiçoamento da Administração Pública
Será com esse enfoque, por sinal, que iniciaremos, em benefício da sociedade.
já em 2013, um estudo internacional, a ser realizado com Para tanto é imprescindível a participação de todos
o apoio da OCDE, destinado à identificação de boas prá- - empresários, governantes de todos as esferas da federa-
ticas de governança pública adotadas por órgãos centrais ção, acadêmicos, pensadores e líderes do Brasil – em um
dos governos nacionais – Fazenda, Planejamento e Casa verdadeiro pacto pela governança pública em prol de
um desenvolvimento sustentável e duradouro de nossa
Nação, em beneficio de toda sociedade. E que nossas
Gasto com educação - 2009 ações sirvam de alicerce seguro para as novas gerações de
País Posição no PISA
(em % do PIB) brasileiros que terão como destino a participação efetiva
Brasil 5,7 53º na liderança da renovada governança mundial em curso.
Portugal 5,8 27º Porque o Brasil quer o futuro agora!
Reino Unido 6,0 25º
Estados Unidos 7,3 17º
1 PETERS, B. Guy. Governance and Sustainable Development Policies.
Finlândia 6,8 3º
In: Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento
Fonte: OCDE/Relatório Panorama da Educação, OCDE/Focus in Pisa 2012 Sustentável – Rio+20. Organização das Nações Unidas (ONU) –
PISA (Programme for International Student Assessment): Programa Internacional de Avaliação
de Estudantes Rio de Janeiro, 2012.
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