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Indice

Introdução
É bastante antigo o conceito de juros, tendo sido amplamente divulgado e utilizado ao longo
da História. Esse conceito surgiu naturalmente quando o homem percebeu existir uma estreita
relação entre o dinheiro e o tempo. Processos de acumulação de capital e a desvalorização da
moeda levariam normalmente a ideia de juros, pois se realizavam basicamente devido ao
valor temporal do dinheiro.

.
A atualização e a capitalização
são dois dos mais importantes conceitos da área económica utilizados na avaliação de
imóveis. São também conceitos um pouco incompreendidos e que pretendemos ajudar a
esclarecer, de uma forma muito ligeira, com exemplos práticos.

A atualização é um processo muito importante, pois permite comparar valores atuais e


valores futuros.

Como funciona

Suponhamos que vamos fazer um investimento de 10.000€ num depósito bancário com uma
taxa de juro anual de 3% (sonhar é fácil!) e que o banco vai capitalizando os juros devidos na
mesma conta, anualmente, durante cinco anos. Isto significa que no final de cada ano o banco
nos dá os juros referentes a esse ano juntando-os ao montante inicial, de tal forma que o
cálculo dos juros para o ano seguinte se faz com base no montante inicial mais os juros
entretanto vencidos.

Tentando realizar os cálculos ano a ano:

No final do primeiro ano, ganhamos 3% sobre o investimento de 10.000€, ou seja, 300€


(10.000€ × 0,03 = 300€). O investimento total que passa para o ano seguinte é de 10.300€
(10.000 € + 300 € = 10.300 €)

No final do segundo ano receberemos 3% sobre 10.300 €, ou seja 309 €. O cálculo é efetuado
multiplicando 10.300€ por 0,03 que é o mesmo que 3%. O investimento total que passa para
o ano seguinte é de 10.000€ + 300€ +309 € = 10.609 €.

(para o leitor menos familiarizado, como treino, fica o desafio de chegar ao quinto ano!)

No final do quinto ano receberemos 3% sobre 11.255 €, ou seja 338 €. Como calculamos?
Multiplicando 11.255 € × 0,03 = 338 €. O nosso investimento de 10.000€, no final do quinto
ano, transforma-se em 11.593 €.

Podemos calcular o valor futuro de qualquer investimento desta forma. Mas em vez de o
fazermos ano a ano, há formasmais práticas de efetuar os cálculos necessários. Por exemplo
através da expressão:

Valor futuro = Valor atual x (1 + taxa de juro de cada período) ^ número de períodos
(^ é o sinal de potência)

Portanto, para o caso do nosso problema teríamos:

Valor futuro = 10.000 x (1 + 0,03) ^5 = 11.593 €

Chamamos a isto capitalização de juros!

A expressão acima apresentada também funciona ao contrário. Dado um qualquer valor


futuro podemos calcular o valor atual:

Valor atual = Valor futuro / (1 + taxa de juro de cada período) ^ número de períodos

Se à anterior operação chamámos de capitalização, a esta operação chamamos atualização!


Para simplificar as contas, vamos supor que alguém nos vai oferecer 11.593 € dentro de cinco
anos. Se a nossa taxa de atualização for de 3%, qual o valor atual?

Valor atual = 11.593€ / (1 + 0,03) ^5 =10.000€

Significa que é indiferente ter 10.000€ hoje ou 11.593€ dentro de 5 anos!

Para já só escrevemos sobre economia. E como transportamos estes conceitos para a


avaliação de imóveis?

Por exemplo, quando fazemos um investimento imobiliário queremos ter rendas e valorização
de capital. Se o meu imóvel vale hoje 100.000€ quanto valerá daqui a 10 anos, se se valorizar
1% ao ano? Esta é uma das formas de estimarmos o valor terminal (valor residual) de um
imóvel.

Se durante os 10 anos deste investimento receber rendas anuais, qual o valor atual dessas
rendas?

Equivalência de Capitais
Considere que temos a necessidade de substituir um título financeiro ou mais por outros com
vencimento diferente, sem prejuízo para ambas as partes do contrato. Esse problema está
ligado à equivalência de capitais.

Dois ou mais capitais com datas de vencimentos distintas são ditos capitais equivalentes
quando, transportados para uma mesma data, a uma mesma taxa, produzirem valores iguais.
Esta data que é considerada como base para comparação dos capitais é chamada de data focal
ou data de referência.

Observação: para determinar a equação de equivalência de capitais, é preciso saber se a


capitalização é simples ou composta. Além disso, é necessário saber se o desconto que será
utilizado é racional ou comercial. Todas essas condições são estipuladas pelas partes
envolvidas no contrato. Caso o problema não especifique o tipo de capitalização e de
desconto, deverão ser utilizados os juros compostos e o desconto racional, respectivamente.

Equivalência na Capitalizaçã o em Regime de Juros Simples


Considere dois conjuntos de capitais, como na tabela abaixo, referidos a uma mesma taxa de
juros simples , com seus respectivos prazos contados a partir da mesma data de origem.

1o 2o
Conjunto Conjunto
Capit Data de Capit Data de
al Vencimento al Vencimento
C1 n1 C'1 n
'1
C2 n2 C'2 n
'2
...

...

...

...
Cn n3 C'p n
'p

Esses dois conjuntos de capitais são equivalentes considerando a capitalização simples,


desconto racional e fixada uma data focal. No nosso caso, considerando a data zero como
data focal, se

C1 C2 ...
Cn C1 C2 ...
+ + + = +¿ + +
(1+i∗n 1) (1+i∗n 2) (1+i∗nn) (1+i∗n 1) (1+i∗n 2)

Cn
(1+i∗n n)

Já considerando a capitalização simples, o desconto comercial e fixando a data zero como


data focal, obtemos

C1(1- i*n1) + C2(1- i*n2) + . . . + Cn(1- i*nn)


= C’1(1- i*n’1) + C’2(1- i*n’2) + . . . + C’n(1- i*n’n)

Observação: Para resolver os problemas de equivalência de capitais, iremos utilizar a


equação que relaciona o valor nominal de um título e seu valor actual. Isso dependerá do
critério de desconto a ser utilizado, racional ou comercial. Se o capital for deslocado para o
futuro, o problema dará o valor actual e devemos encontrar o valor nominal. Se o capital for
deslocado para o passado, o problema dará o valor nominal e será necessário determinar o
valor actual.

Exemplo: Um título com valor nominal de $7.200,00 vence 120 em dias. Para uma taxa de
31,2% juros linear de ao ano, calcule o valor deste título:

a) hoje;

b) dois meses antes do vencimento;

c) um mês após o seu vencimento.

Resolução:

Como a taxa de juros é linear, estamos diante do regime de capitalização simples. Além
disso, o problema não especifica o tipo de desconto. Logo, usaremos o desconto racional.

a) Para a data de hoje, estamos deslocando o capital para o passado. Assim, o problema
nos dá o valor nominal e vamos encontrar o valor actual.

Co=? 7.200,00

0 1 2 3 4 5 6 n 𝐶0 = $6.521,74
b) Analogamente, para dois meses antes do vencimento, estamos deslocando o capital
para o passado. Então

Co=? 7.200,00

1 1 2
3 4 5 6 n

c) Para um mês depois do vencimento, estamos deslocando o capital para


o futuro. Portanto, o problema nos dá o valor atual e vamos encontrar o
valor nominal.

Co=? 7.200,00

𝐶5 = $7.387,20

0 1 2 3 4 5 6 n

Exemplo: Uma dívida no valor de vence daqui a seis meses. O devedor pretende resgatar a
dívida pagando hoje, de hoje a dois meses, e o restante um mês após a data de venci- mento.
Sendo o momento deste último pagamento definido como a data focal da operação, e
sabendo-se ainda que é de ao ano a taxa linear de juros adoptada nessa operação, determinar
o valor do último pagamento, se for adoptado o critério do:

a) desconto racional;

b)desconto comercial.

Resolução:

$ 48.000,00

$14.400,00 X

No fluxo acima, a seta para cima representa o conjunto do capital da dívida original e as setas
para baixo representam o conjunto de capitais da nova proposta de pagamento. Para que não
ocorra prejuízo para nenhuma das partes, é necessário que os dois conjuntos sejam
equivalentes. Dois ou mais capitais com vencimentos em datas diferentes são equivalentes,
em uma data focal, quando a soma dos seus valores nessa data é o mesmo valor. No exemplo,
a data focal é n = 7.

Na capitalização simples, as taxas equivalentes são proporcionais. Logo,


34,8 %
34,8% a.a = 12
ao mês = 2,9 % a.m

a) No desconto racional simples, sabemos que

FV = PV(1 + drn)

Assim, a equação de equivalência será dada por

48.000[(1 + 0,029(1)] = 4.800[(1 + 0,029(7)] + 14.000[(1 + 0,029(5)] + x

49.392 = 5.774,40 + 16.030 + x

49.392 = 21.804,40 + x

x = $27.587,60#

b) No desconto comercial simples

PV = FV(1 – dcn)

Portanto, a equação de equivalência será dada por

48.000 48.000 48.000


+ + +X
¿¿ ¿¿ ¿¿

X= $ 27.036,72#

Observação: Na equivalência de capitais a juros simples, o saldo se altera quando a data focal é
modificada. Isso ocorre porque não é aceito o fracionamento dos prazos. Refazendo a letra a) do
exemplo anterior considerando a data focal como n = 0, segue que

48.000 –
4.800 + 14.000 + X
¿¿ ¿¿ ¿¿

48.000 14.000 x
1,174
= 4.800 + 1,058 + 1,203

22.853,35
X= 0,831255
X= $ 27.492,57 #

Exemplo: Um empresário tem os seguintes compromissos a pagar


 $3.000,00 daqui a 4 meses;
 $5.000,00 daqui a 8 meses;
 $12.000,00 daqui a 12 meses.

O empresário propõe trocar esses débitos por dois pagamentos iguais, um para
daqui a 6 meses e outro para daqui a 9 meses. Considerando a taxa de juros
simples de 5% a.m. e a data focal 270º no dia, calcular o valor de cada
pagamento.

Resolução :

Antes
0 4 6 8910 1 n
2
$3.
000,00 $5. 000,
00
$ 12.000,00

Depois

X X

No primeiro fluxo acima, as setas para baixo representam a forma de pagamento do


compromisso do empresário. Já no segundo fluxo, representam como ele se propõe a pagar.
Como a data focal é n = 9, a equação de equivalência será dada por
12.000
3.000[1+0,05(5)] + 5.000[1+0,05(1) + = X[(1+0,05(3)] + X
[1−0,05 ( 3 ) ]
1,15𝑥 + 𝑥 = 3.750 + 5.250 + 10.434,78
2,15𝑥 = 19.434,78

𝑥 = $9.039,43

Equivalências de Capitais a Juros Compostos


Já trabalhamos com os conceitos envolvendo equivalência de capitais, no sistema de capitalização
simples. Estudaremos agora esses mesmos conceitos, mas sob outro enfoque: o do sistema de
capitalização composta. É claro que os conceitos e a maneira de encararmos os problemas serão os
mesmos. Mudaremos apenas o regime de capitalização e o facto de que a escolha da data focal no
sistema composto é irrelevante. Porque, no regime de juros compostos, dois conjuntos de obrigações
que sejam equivalentes em determinada data também o serão em qualquer outra.

Fórmulas:

 Para vencimentos anteriores a data focal: M= C*( 1+i) n


 Para vencimentos posteriores a data focal: C= M/(1+i) n

Ex: Uma pessoa deseja substituir um título de valor nominal de 85.000 u.m com vencimento daqui a
2 meses, por outro título, com vencimento para 5 meses. Qual o valor nominal do novo título,
sabendo-se que o banco em questão adopta, nesse tipo de operação, a taxa composta de 9% a.m. e o
critério do desconto racional?

Dados

C= 85.000,00

I= 9% a.m

N= 5-2= 3 meses

M=?

Resolução

M= C*( 1+i)n

M= 85.000* (1+0,09)3

M= 110.077,47

No Regime de Capitalização Composta, a solução do problema não depende da escolha da data focal.
Desconto na Capitalizaçã o Composta
Desconto Racional Composto
Como a base do desconto racional é o valor atual PV, considerando a taxa de desconto d r,

o prazo de antecipação n e usando a Capitalização Composta, temos que

FV = PV(1+dr)n

D = FV – PV

Observação: Fazendo algumas substituições, podemos encontrar fórmulas para encontrar o valor atual
e o valor nominal a partir do desconto.

D + PV = PV(1+dr)n

PV[(1+dr )n - 1] = D

𝑃𝑉 = 𝐷 /(1 + 𝑑𝑟)n - 1

FV = (FV - D)(1+dr)n

FV = FV(1+dr)n -D(1+dr)n

Onde: n= tempo

Dr= taxa de desconto

D= desconto racional composto

FV= valor nominal

PV- valor atual

Porém apenas as fórmulas são suficientes para resolver os problemas.

Exemplo: Antecipando em dois meses o pagamento de um título, obteve se um desconto

racional composto que foi calculado com base na taxa de 4% ao mês. Sendo $5.408,00 o

valor nominal do título, quanto se pagara por ele?

Dados

𝐹𝑉 = $5.408

𝑑𝑟 = 0,04 𝑎𝑜 𝑚ê𝑠

𝑛 = 2 𝑚𝑒𝑠𝑒𝑠

𝑃𝑉 = ?

Resolução
𝐹𝑉 = 𝑃𝑉(1 + 𝑑𝑟 )n

5.408 = 𝑃𝑉(1 + 0,04)2

𝑃𝑉 = $5.000,00

Desconto Comercial Composto


Como a base do desconto comercial é o valor nominal FV, considerando a taxa de desconto d, o prazo
de antecipação n e utilizando a Capitalização Composta, temos:

PV = FV(1 - dc)n

D = FV - PV

Observação: Analogamente, fazendo algumas substituições, podemos encontrar fórmulas para


encontrar o valor atual e o valor nominal a partir do desconto.

PV = (D + PV)(1+dc)n

PV[1 - (1 + dc )n] = D(1+dc)n

𝑃𝑉 = 𝐷 1 + 𝑑𝑐n / 1 − 1 + 𝑑𝑐n

Podemos encontrar o valor nominal em função do desconto.

FV - D = FV(1+dc)n

𝐹𝑉 = 𝐷 / 1 − 1 + 𝑑𝑐n

Porém apenas as fórmulas PV = FV(1 - dc) n e D = FV - PV são suficientes para resolver os


problemas.

Exemplo: Uma duplicata de valor nominal de $10.000,00 foi resgatada 3 meses antes do seu
vencimento, pelo regime de desconto comercial composto. Tendo sido contratada à 10% taxa de ao
mês, qual é valor atual do título na época do resgate e qual foi o desconto comercial composto
concedido?

Dados

𝐹𝑉 = $10.000

𝑑𝑐 = 0,1 𝑎𝑜 𝑚ê𝑠

𝑛 = 3 𝑚𝑒𝑠𝑒𝑠

𝑃𝑉 = ?

𝐷=?

Resolução

𝑃𝑉 = 𝐹𝑉 1 − 𝑑𝑐n
𝑃𝑉 = 10.000(1 − 0,1)3

𝑃𝑉 = $7.290,00

𝐷 = 𝐹𝑉 − 𝑃𝑉

𝐷 = 10.000 − 7.290

𝐷 = $2.710,00

Relaçã o entre as taxas de desconto racional e comercial


Duas taxas de descontos são equivalentes se produzirem descontos iguais para um mesmo prazo de
antecipação a um mesmo título. Sendo dr a taxa de desconto racional composto e dc a taxa de
desconto comercial composto, para um mesmo período de capitalização n, teremos que, se elas forem
equivalentes, os descontos serão iguais. Logo, os valores atuais também serão iguais. Assim,

𝐹𝑉/ (1 + 𝑑𝑟)n= 𝐹𝑉 (1 – 𝑑𝑐)n

(1 + dr)n (1 - dc)n = 1

(1 + dr)(1 - dc)

Fatores de Equivalência
Se i é a taxa ao período, n é o número de períodos, definimos o Fator de Acumulação de Capital ou
Fator de P para S, denotado por FAC(i,n) ou FPS(i,n), como:

FAC(i,n)=FPS(i,n)=(1+i)^n

Agora, podemos escrever o montante composto S como o produto do valor Principal P por FAC(i,n):

S=PFAC(i,n)=PFPS(i,n)

Utilidade: O FAC(i,n)=(1+i)n pode ser obtido com uma calculadora simples, dessas que normalmente
não executam potências. Digita-se a taxa i, soma-se 1, aperta-se o sinal × (multiplicação) e a seguir
tecla-se o sinal de igualdade n−1 vezes.

Algumas variantes da fórmula do Montante Composto, são:

P=S(1+i)^n

n=(log(S)-log(p))/log(1+i)

P=S(1+i)^(-n)

i=((S/P)^(1/n))-1
Uma variante da fórmula de Montante composto é usada na obtenção do Valor Atual P de um capital
futuro conhecido S.

Fatores de desconto

Se i é a taxa ao período, n é o número de períodos, o Fator de Valor Atual ou Fator de S para P ou


Fator de Desconto, denotado por FVA(i,n) ou FSP(i,n) como o inverso de FAC(i,n)=FPS(i,n):

FV A(i,n)=FSP(i,n)= (1+i)\-n

Utilidade: O FVA(i,n)=(1+i)−n pode ser obtido com uma calculadora simples, dessas que
normalmente não executam potências. Digita-se a taxa i, soma-se 1, aperta-se o sinal ×
(multiplicação) e o sinal = (de igualdade) n−1 vezes para obter FAC(i,n) e a seguir teclamos o sinal de
divisão e finalmente o sinal = (igual) para obter o FVA(i,n), que é o inverso do FAC(i,n).

Equações de Equivalência
Uma vez estudado o quadro geral da equivalência de capitais e deduzidos os seis factores da
equivalência, estamos finalmente em condições de estabelecer equivalência permitem
capitalizar ou actualizar um capital único (isto é, é um capital de cada vez) em cada um dos
regimes (juro simples ou juro composto) e, no caso da actualização, segundo cada uma as
abordagens (comercial ou racional). Por outro lado, recorda se que a necessidade de o fazer
advém do valor temporal do dinheiro que obriga a que, e/ou operar sobre capitais, eles
estejam reportados a um mesmo momento.

Matematicamente, isso consegue-se através da resolução de uma equação (a chamada


equação de equivalência ou equação de valor) que representa todos os capitais envolvidos,
devidamente reportados a esse momento comum (a data focal da operação de
equivalência), de acordo com o regime (juro simples ou juro composto) e, no caso de ser
necessário actualizar capitais, a abordagem (comercial ou racional) adoptados.

Assim, dependendo da data focal definida e dos vencimentos originais dos capitais
envolvidos, pode acontecer que, em determinada operação de equivalência, seja
necessário:

 Actualizar todos os capitais


 Capitalizar todos os capitais
 Actualizar alguns capitais e capitalizar outros
É igualmente possível que um ou mais capitais não necessitem de ser capitalizados nem
actualizados- basta que o seu vencimento coincida com a data focal definida.

A equação pode ser, genericamente, três tipos:

1. Equivalência entre dois capitais


2. Equivalência entre um capital e um conjunto de capitais
3. Equivalência entre dois conjuntos de capitais
Como se compreende, este último tipo acaba por abranger também os dois anteriores.

Antes de nos referirmos a cada um dos tipos, gostaríamos de acentuar que numa equação
de valor estão sempre presentes a três variáveis fundamentais do cálculo financeiro: capital,
tempo e taxa. Como equação que é, a incógnita pode ser qualquer uma delas – um capital,
um prazo ou uma taxa.

É forçoso que qualquer equação de valor, para estar bem elaborada, apresente todos os
capitais envolvidos reportados a um mesmo momento (a data focal definida para a
operação de equivalência). No fundo, qualquer equação de equivalência deve ser elaborada
respondendo sequencialmente a três questões: o quê, quando, como.

1. O quê?
Entre que capital ou capitais, por um lado ( primeiro membro da equação) e que capital
ou capitais, por outro (segundo membro da equação), se pretende estabelecer a
equivalência?

2. Quando?
Para que data se pretende estabelecer a equivalência (isto é, qual é a data focal da
operação de equivalência) ?

3. Como?
De que forma se pretende estabelecer a equivalência? Através do RJS ou do RJC? No
caso de a equivalência envolver actualização de capitais, esta é feita segundo a Solução
Comercial ou a Solução Racional?

Vejamos, então cada um dos tipos de equação de equivalência referidos:

1- Equivalência entre dois capitais


É a situação mais simples.

2- Equivalência entre um capital e um conjunto de capitais


Um pouco mais complexa (ou melhor, trabalhosa) que a anterior.

Capital comum, vencimento comum e vencimento médio


Antes de passar ao caso mais abrangente (equivalência entre dois conjuntos de capitais)
vamos referir alguns conceitos específicos que se enquadram na situação que estamos a
analisar (equivalência entre um capital e um conjunto de capitais): capital comum,
vencimento comum e vemcimento médio. Comecemos por definir cada um destes
conceitos:
Capital Comum
É o capital único que substitui um conjunto de capuitais.

São conhecidos

 Os valores e as datas de vencimento dos capitais a substituir


 A data de vencimento do capital comum
 A taxa a que será efectuada a equivalência
 A data focal da operação de equivalência
Pretende saber-se

 O valor do capital comum por forma a que haja equivalência entre ele e o conjunto
de capitais a substituir.
Vencimento comum
É a data de vencimento de capital comum.

São conhecidos

 Os valores e as datas de vencimento dos capitais a substituir


 O valor do capital comum
 A taxa a que será efectuada a equivalência
 A data focal da operação de equivalência
Pretende saber-se

 A data de vencimento do capital comum por forma a que haja equivalência entre
ele e o conjunto de capitais a substituir.

Vencimento médio
É a data de vencimento do capital comum no caso particular em que o valor deste é igual à
soma pura e simples dos capitais que pretende substituir (no fundo, é um caso particular do
vencimento comum).

Exercícios práticos

Regime de capitalização simples


1. Durante quantos meses o capital de 4.500,00 meticais, aplicados a 8% ao mês , produz juros
de 1.440,00 meticais?

Dados
C= 4.500,00
J= 1.440,00
I= 8% a.m.

Formula dos juros (j)


J= C*I*n

Formula derivada
n= j/(c*i)
n= 1.440,00 (4.500,00* 0,08)
n= 1.440,00/ 360,00
n= 4 meses

2. Determine os juros e o capital acumulado correspondente a aplicação do capital 40.000,00


meticais a taxa de juros simples 4% ao mês, pelo prazo de três meses.

Dados
C= 40.000,00
n= 3 meses
i= 4% a.m.

formula de juros (J)


J= C *I*n
J= 40.000*0,04*3 = 4.800
Cn= C + J = 44.800,00

Formula do capital acumulado


Cn= Co[ 1+i∗n ]
Cn= 40.000*(1,12)
Cn= 44.800,00

3. Resgataram se 902.850,00 meticais referentes a aplicação efetuada há 63 dias, a taxa de juros


simples de 7% ao mês. Calcule o valor aplicado.

Dados
Cn= 902.850,00
n= 63 dias= 2,14 (mês)
i= 7% a.m.

formula de capital acumulado


Cn= Co*[ 1+i∗n ]

Formula de capital inicial


Co= Cn/ (1+i*n)
Co= 902.850,00/ (1,147)
Co= 787.140,36

4. Calcule os juros produzidos por 100,00 meticais , a taxa de 10% ao mês, apos dois meses.

Dados
Co= 100,00
n= 2 meses
i= 10% a.m

J=C*I*n
J=100*0,10*2= 20,00

Formula de capital inicial

Co= Cn*[ 1+i∗n ]

Co= 100* (1+ 0,10*2)

Co= 100* (1,20)

Co= 120,00

5. Determine a que taxa anual de juros simples devo aplicar 528.000,00 meticais para obter
como juros de importância de 147.312,00 meticais daqui a 93 dias.

Dados
Co= 528.000,00
J= 147.312,00
n= 93 dias
i=?

formula de juros (J)


J= Co*i*n

Formula de taxa(i)
i=j/ (Co*n)
i= 147.312/ (528.000,00*93)
i= 0,3% (ao dia) ou 9% ao mês

Regime de capitalização composta


1. Aplicando hoje na caderneta de poupança a quantia de 20.000,00 meticais , qual sera o
montante gerado ao final de 4 anos, sabendo que a rentabilidade mensal e de 0,5% ?
Dados

P=20.000,00
I= 0,5% a.m.= 0,005

n= 4 anos = 48 meses ( observe que o tempo e a taxa devem estar no mesmo período)

S=?

Aplicando a formula:

S= 20.000*(1+0,005)48

S= 20.000*(1+0,005)48

S= 20.000*1,2704891611

S= 25.409,78

O motante produzido sera de 25.409,78 meticais.

2. Determinado capital gerou, apos 24 meses, um montante de 15.000,00 meticais. Sabendo que
a taxa de juros e de 2% ao mês , determine o valor desse capital.

Dados
P =?
n= 24 meses
s= 15.000
i= 2% a.m. = 0.02

aplicando a formula
s= P*(1+i)n

15.000=P*(1+0,02)24

15.000=P*(1,02)24

15.000=P* 1,6084372495

P=15.000/1,6084372495

P= 9.325,82

3. Qual o tempo necessário para que um capital, aplicado a uma taxa efetiva de 3% a.m.,
duplique seu valor?
Dados
P=x
S=2*p=2x
I=3%a.m=0,3
n=?

aplicando a fórmula:
2X = X*(1+0.03)n
Note que a incógnita está no expoente da fórmula.
2x
=(1,03)n
x
2=(1,03)n (aplica-se o logaritmo em ambos os lados da igualdade)
log 2=log ⁡(1,03)n
log2 = n*log(1,03) (propriedade do logaritmo de uma potencia) com o auxilio de uma
calculadora cientifica, encontramos:
0,3010299957 = n*0.0128372247
0.301029957
n=
0.0128372247
n = 23.45 meses
serão necessários 23,45 meses para que o capital dobre o seu valor
4. Um capital de MZN 5.000,00, aplicado durante um ano e meio, produziu um montante de
11.000,00 meticais. Determine a taxa de juros dessa aplicação.
Dados

P=5.000

n=1,5anos= 18meses

S=11.000

I=?

Aplicando a formula

11.000=5.000*(1+i)18

(1+i)18=2,2 (para se resolver a equação precisamos “desaparecer “com o expoente 18)


18
√ a(1+i)18 = 18√2,2
1+i = 1,0447767087

i = 1,0447767087-1

i = 0,0447767087 ou 0,0448

Conclui-se que i= 0,0448 ou i = 4,48% a.m.

5. Quanto terei de aplicar hoje num fundo de renda fixa de 1,3% a.m., haja montante de
100.000,00 meticais?
Dados

P=?

n= 10 anos= 120 meses


i= 1,3% a.m.= 0,013

S=100.000,00

Aplicando a formula:

S=P*(1+i)n

100.000= P*(1+0,013)120

100.000= P*(1,013)120

100.000=P*4,711220632

P=100.000/4,711220632

P= 21.225,92

Portanto, terei de aplicar 21.225,92

Conclusão
Referência bibliográfica
 ASSAF NETO, Alexandre. Matemática financeira e suas aplicações. 5. ed. São
Paulo: Atlas, 2000.
 BELO, Haroldo da Costa. Matemática financeira. Volume I. Rio de Janeiro:
Fundação CEDERJ, 2008
 J. D. V. Sobrinho. Matemática Financeira, 7ª edição. Atlas 2000.
 W. F. Mathias, J. M. Gomes. Matemática Financeira, 3ª edição. Atlas 2002.
 C. H. R. Boaventura. Matemática Financeira – Uma Abordagem Prática. CTRH,
2005.
 Sá, Carlos Alexandre. Matemática Financeira – 1ª, Rio de Janeiro: FGV
Management – Cursos de Educação Continuada. 54p.
 Cálculo financeiro : teoria e prática / Rogério Matias. - 6ª ed. - Lisboa : Escolar
Editora, 2018. - XVII, 749 p. : il. ; 24 cm + formulário ([1] f.). - ISBN 978-972-592-
539-3
 D. V. Sobrinho. Matemática Financeira, 7ª edição. Atlas 2000.

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